Caroline Nogueira Accioly.Pdf

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Caroline Nogueira Accioly A autonomia desportiva na Constituição da República de 1988 Mestrado em Direito São Paulo 2016 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Caroline Nogueira Accioly A autonomia desportiva na Constituição da República de 1988 Mestrado em Direito Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Direito Desportivo, vinculado à área de concentração Efetividade do Direito sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Sérgio Feuz. São Paulo 2016 Folha de aprovação BANCA EXAMINADORA: 1. ____________________________________ 2. ____________________________________ 3. ____________________________________ “As leis do jogo são as únicas que em toda parte são justas, claras, invioláveis e executadas.” Voltaire Aluna bolsista do CNPq no período de dezembro de 2015 a agosto de 2016. Dedico este trabalho a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a conclusão do meu curso de mestrado, em especial: Marcelo Costa, Cristina Nogueira, Ricardo Pinto, Claudia Hartje, Jorge Cruz, Prof. Dr. Angelo Vargas e Prof. Dr. Aurelio Wander Bastos. Agradecimentos &HUWDYH]OLXPDIUDVHTXHPHLQWULJRXSURIXQGDPHQWH³ Estudar é a melhor forma de se rebelar contra o sistema. ´$FKHLWmRLQWHUHVVDQWHTXHGHFLGLQDTXHOH momento que tal assertiva encontraria espaço nesta dissertação. Isso porque o caminho do estudo não é dos mais fáceis, mas certamente é dos mais gratificantes. Meu pai costumava dizer que a melhor herança que podemos dar a um filho é o conhecimento. Ele estava certo. Com estudo vamos a qualquer lugar e as barreiras geográficas, sociais, culturais ficam em segundo plano quando o objetivo maior é o aprendizado. Traçar um caminho e segui-lo, mesmo quando este caminho não é dos mais tradicionais, cria nas pessoas próximas um misto de curiosidade e objeção. O Direito Desportivo ainda é disciplina insipiente no meio jurídico e a pouca informação somada ao mercado fechado, causa certamente desconfiança até nos próprios profissionais do meio jurídico. Iniciativas que objetivem a expansão do ramo são bem-vindas e nesta empreitada eu embarquei confiante. Durante essa jornada e esse desafio que foi cursar a primeira turma do primeiro mestrado em Direito Desportivo no país, promovido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo ± PUC SP, pude contar com a torcida de muitas pessoas, que não só me aconselharam como também, de forma ou outra, viabilizaram a continuidade dos meus estudos. Ocorre que, vez ou outra, nossas vidas se tornam tão caóticas e mecanizadas que nos esquecemos de aperceber daqueles que atuam como verdadeiros anjos da guarda. A trajetória não foi simples. Muitas vezes a desistência vinha como uma ideia quase sem oposição no meu coração, mas o sofrimento com a imagem da derrota me fez seguir em frente. Ainda assim nada seria possível sem o incansável e incondicional apoio do meu orientador, Professor Dr. Paulo Sérgio Feuz, que de forma paternal me trouxe apoio, conforto e motivação. A paixão pelo Direito Desportivo é o que nos une e permitiu que o curso se tornasse o sucesso que é. Professor, obrigada por guiar a mim e seus demais alunos apaixonados pelo Direito Desportivo pelo caminho da ciência, pesquisa e aprendizado contínuo. CAROLINE NOGUEIRA ACCIOLY A autonomia desportiva na Constituição da República de 1988 RESUMO: Após a Constituição de 1988 o esporte obteve lugar de maior destaque em nossa sociedade, através de sua inserção na Carta Magna na forma de um capítulo. Essa inovação trouxe consigo aquele que representa a mola central de todo o sistema desportivo pátrio: o principio da autonomia desportiva. O objetivo deste trabalho é caracterizá-lo, entendê-lo e delimitá-lo para que sua aplicabilidade não seja menosprezada nem alargada, fornecendo ao Direito Desportivo a proteção de que este necessita para seu contínuo desenvolvimento em nosso país. Palavras-chave: direito desportivo, esporte, autonomia, Constituição de 1988. ABSTRACT: After the 1988 Constitution sports received a more prominent place in our society, through its inclusion as a chapter in our Lex Mater. This innovation created the backbone of our sports system: the principle of autonomy of sport. The purpose of this study is to characterize, understand and delimit it so that its applicability is neither overlooked or enlarged, providing the necessary protection to the Sports Law and for its continued development in our country. Keywords: sports law, sports, autonomy, Constitution of 1988. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................12 1. O QUE É ESPORTE................................................................................13 1.1 Origens ..............................................................................................13 1.2 Esporte ou Desporto? .......................................................................19 1.3 Uma proposta de conceituação do esporte hoje ...............................20 2. DIREITO DESPORTIVO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988........................24 3. DA AUTONOMIA DESPORTIVA.............................................................32 3.1 O que é um princípio .........................................................................32 3.2 O que é autonomia ............................................................................36 3.3 Do princípio da autonomia desportiva ...............................................38 3.4 Do limite da autonomia no esporte ....................................................41 3.5 Do fomento estatal ............................................................................46 3.6 Das decisões dos tribunais acerca da autonomia desportiva ...........49 CONCLUSÃO................................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................53 ANEXOS........................................................................................................58 12 INTRODUÇÃO Ousar perante as novas ideias que inquietam a sociedade na qual estamos inseridos é o desafio dos pesquisadores do Direito, que para isso lutam contra atitudes limitadas, combatendo a tendência jurídica de concentrar esforços nas normas e não na realidade social. O acelerado progresso de questões ligadas ao esporte exigiu respostas jurídicas imediatas, haja vista a mudança em torno de tudo que envolve o desporto, hoje ocupando um lugar de destaque nas sociedades modernas, onde empresta seu clamor para contribuir com a manutenção da paz e a congregação entre os povos. Não obstante, o conceito clássico de esporte que girava em torno de saúde e bem-estar já resta superado pela definição que engloba um movimento multidisciplinar e altamente rentável, que suscita a atenção de todos os povos, se firmando como aspecto imprescindível da vida contemporânea e atraindo a atenção do Estado enquanto agente fomentador. O prazer e ludicidade da prática desportiva deram lugar a grandes espetáculos que fazem do esporte um negócio que cresce em ritmo acelerado. Essa mudança de paradigma trouxe com ela a sanha arrecadatória dos governos, assim como uma maior necessidade de regulamentação e controle. Considerando o aperfeiçoamento dos conceitos que envolvem o desporto e sua organização, não poderíamos deixar de antever que tais remates chegariam à seara jurídica algum dia, fortalecendo e direcionando as entidades que compõem o cenário esportivo recente. Com base nisso a presente dissertação tem por escopo tecer considerações a respeito daquele que representa o maior dogma da legislação desportiva: a autonomia. Por ser a mola central de todo o ordenamento jurídico-constitucional desportivo e também o tema de maior repercussão nos círculos daqueles que militam na área, o princípio em comento merece uma análise aprofundada e que 13 destaque suas origens, aplicabilidade e limites, que quase sempre são traduzidos de forma apaixonada e por vezes imprecisas na seara desportiva. O estudo se revela de suma importância para aqueles que militam na área e os demais que estudam o tema, posto que estabelecer um conceito objetivo da autonomia desportiva e fincar seus limites ajuda a compreender a importância do instituto, suas vantagens e limitar assim interferências estatais que prejudicariam o bom andamento das competições. O trabalho em comento, longe de esgotar o tema, tem a missão de ser mais um a perfilhar os (ainda) pouco conhecidos caminhos que encampam o Direito Desportivo. 1. O QUE É ESPORTE 1.1 Origens O esporte, numa visão contemporânea, é fruto da lenta evolução da sociedade na qual estamos inseridos. Até pouco tempo atrás seria impensável um trabalho que abordasse tal temática haja vista o caráter meramente lúdico que acompanhava a prática desportiva. As mais longínquas origens do que podemos chamar de legislação desportiva rudimentar está nos povos primitivos que praticavam atividade física atrelada a cultos religiosos que tinham por finalidade exaltar um Deus ou herói. Os povos antigos cumpriam fielmente as regras do que podemos chamar de rascunho de uma legislação desportiva. Isso porque os exercícios sempre finalizavam com cultos às divindades, o que deixava bem claro a estreita relação entre o misticismo e a atividade física. Nesse sentido preleciona Álvaro de Melo Filho: “(...) já há 4.000 anos a.C. os egípcios faziam exercícios físicos e as Leis de Manu emprestavam à ginástica um sentido

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