Ação Civil De Improbidade Administrativa

Ação Civil De Improbidade Administrativa

Justiça Federal da 1ª Região PJe - Processo Judicial Eletrônico 31/03/2020 Número: 1009850-85.2017.4.01.3400 Classe: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Órgão julgador: 5ª Vara Federal Cível da SJDF Última distribuição : 15/08/2017 Valor da causa: R$ 2.600.000,00 Assuntos: Improbidade Administrativa Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Partes Procurador/Terceiro vinculado Ministério Público Federal (Procuradoria) (AUTOR) Diretor do Complexo Penitenciário da Papuda (TERCEIRO INTERESSADO) Juiz de Direito da Vara de Execução Penais do TJDFT (TERCEIRO INTERESSADO) SUPERINTENDENTE REGIONAL DA POLÍCIA FEDERAL NO DF (TERCEIRO INTERESSADO) GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA (RÉU) GAMIL FOPPEL EL HIRECHE (ADVOGADO) GISELA BORGES DE ARAUJO (ADVOGADO) Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI) Documentos Id. Data da Documento Tipo Assinatura 19824 31/03/2020 14:19 Sentença Tipo A Sentença Tipo A 3879 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Distrito Federal 5ª Vara Federal Cível da SJDF SENTENÇA TIPO "A" PROCESSO: 1009850-85.2017.4.01.3400 CLASSE: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (64) AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCURADORIA) RÉU: GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA TERCEIRO INTERESSADO: DIRETOR DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DA PAPUDA, JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAIS DO TJDFT, SUPERINTENDENTE REGIONAL DA POLÍCIA FEDERAL NO DF Advogados do(a) RÉU: GAMIL FOPPEL EL HIRECHE - BA17828, GISELA BORGES DE ARAUJO - BA27221 SENTENÇA 1. RELATÓRIO Trata-se de ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face de GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA, requerendo sua condenação nas sanções previstas no art. 12, da Lei nº 8.429/92, pela prática dos atos de improbidade administrativa descritos no art. 11, caput, do mesmo diploma legal, por entender que o requerido, enquanto Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, exigiu do então Ministro do Estado da Cultura, MARCELO CALERO FARIA GARCIA, a produção de parecer técnico favorável aos seus interesses particulares. Alega que, em junho de 2016, GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA, então Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, na condição de agente público pressionou o então Ministro de Estado da Cultura, MARCELO CALERO FARIA GARCIA, para intervir em decisão a ser proferida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Assinado eletronicamente por: DIANA MARIA WANDERLEI DA SILVA - 31/03/2020 14:19:54 Num. 198243879 - Pág. 1 http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20033114195454100000194782937 Número do documento: 20033114195454100000194782937 Aduz que GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA intencionava a liberação da construção de empreendimento imobiliário de alto padrão na cidade de Salvador/BA, pois havia comprado uma unidade habitacional no 23º andar do Edifício “La Vue”, cujo projeto inicial não foi aprovado pelo IPHAN/BA, de acordo com o Parecer Técnico nº 0087/14, de 25/02/2014. Atribuiu à causa o valor de R$ 2.600.000,00 (dois milhões e seiscentos mil reais). Notificado, o requerido sustentou, em suma, a rejeição liminar da petição inicial e argumentou, em resumo, que: a) a construção do empreendimento imobiliário não está revestida de qualquer ilicitude; b) a liberação da obra não depende de ato isolado da Superintendência Regional do IPHAN nacional, e que o Presidente do IPHAN nacional não detém atribuição para revogar o ato do IPHAN/BA; c) não influenciou politicamente a manifestação dos órgãos competentes; d) não existe indicação precisa das datas em que se sucederam as etapas do procedimento de investidas indevidas que guardem alguma relação com sua atuação no cargo de Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República; e) sua posse é posterior aos fatos narrados na inicial referentes a não liberação do empreendimento imobiliário pelo IPHAN. Decisão recebeu a inicial e determinou a citação do réu GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA (id 6598479). Embargos de declaração da defesa (id 6910497) não conhecidos (id 8537446). Citado, o réu apresentou contestação, suscitando, preliminarmente, a inépcia da inicial. No mérito, reiterou as alegações da defesa prévia (id 10834587). Réplica do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL na qual se valeu dos fundamentos da inicial para rebater a defesa (id 12395955). Arrolou testemunhas. A defesa requereu prova testemunhal (id 20611972). Foi deferida prova documental requerida pela defesa (id 24375485). Decisão proferida, em 30/01/2019, deferiu a produção de prova testemunhal. Determinou, ainda, que independente de intimação pelo juízo, os advogados da parte deveriam providenciar a intimação das testemunhas arroladas, nos termos do art. 455 do CPC (id 31463993). Em 05/02/2019, a defesa indicou o endereço das testemunhas MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER LULIA e GUSTAVO DO VALE ROCHA (id 32894027). Foi realizada audiência de instrução na qual foi ouvida a testemunha de defesa GUSTAVO DO VALE ROCHA. Na oportunidade, a defesa arguiu a preclusão da oitiva das testemunhas de acusação, não acatada pelo juízo (id 43574451). Foi designada nova audiência para oitiva das testemunhas faltantes e do réu (id 88578731). Assinado eletronicamente por: DIANA MARIA WANDERLEI DA SILVA - 31/03/2020 14:19:54 Num. 198243879 - Pág. 2 http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20033114195454100000194782937 Número do documento: 20033114195454100000194782937 A testemunha MICHEL TEMER, já não mais na condição de Presidente da República, informou impossibilidade de comparecer à audiência e apresentou relato escrito de seu testemunho (id. 114095349). Decisão indeferiu o pedido de dispensa e determinou o comparecimento da testemunha (id 114095394). A defesa requereu a desistência da oitiva da testemunha. MICHEL TEMER, pedido indeferido pelo juízo, que determinou o comparecimento da testemunha como informante do juízo (id 114564445). Realizada audiência de instrução, foram ouvidas as testemunhas ELISEU DOS SANTOS PADILHA, MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER LULIA, KATIA DOS SANTOS BORGÉA, MARCELO CALERO e o réu GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA (id 116688389). Alegações finais do MPF pugnando pela improcedência da demanda (id 136450386), sob a alegação de que a lei de improbidade é muito gravosa. Alegações finais da defesa pela improcedência dos pedidos da ação (id 194829847). Alegou, em síntese: a) que o pedido de improcedência feito pelo MPF tem efeitos vinculantes; b) nulidade da oitiva das testemunhas de acusação em razão da preclusão da informação dos novos endereços pelo MPF; c) ausência de isenção da testemunha MARCELO CALERO; d) ilicitude das gravações apresentadas por MARCELO CALERO, e; e) provas produzidas em juízo comprovam que o réu não praticou ato de improbidade. 2. FUNDAMENTAÇÃO 2.1. QUESTÕES PRELIMINARES Inépcia da inicial A preliminar suscitada pela defesa não merece guarida. A simples leitura da inicial permite concluir que não é inepta a petição, vez que o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL narrou de modo claro as condutas imputadas ao réu de forma a permitir o exercício pleno do contraditório e o da ampla defesa. Rejeito a preliminar. Nulidade da oitiva das testemunhas de acusação Quanto a preliminar de nulidade da oitiva das testemunhas de acusação, tampouco merece prosperar a defesa. A decisão que designou audiência e determinou prazo de 3 (três) dias para que as partes fornecessem endereço atualizado das testemunhas, sob pena de preclusão, foi proferida em 30 de janeiro de 2019 (id 31463993), quarta-feira, da qual as partes foram intimadas no mesmo dia (id 31506450 e 31506451). Assinado eletronicamente por: DIANA MARIA WANDERLEI DA SILVA - 31/03/2020 14:19:54 Num. 198243879 - Pág. 3 http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20033114195454100000194782937 Número do documento: 20033114195454100000194782937 Portanto, seguindo as regras de contagem de prazos do CPC, o prazo se findaria na segunda-feira, dia 04/02/2019. Por sua vez, a defesa apenas se manifestou em 06/02/2019 (id 32894027), ou seja, após o término do prazo; e o MPF não informou novo endereço, apenas se deu por ciente da audiência, em 08/02/2019 (id 33338977). Ou seja, se houvesse a preclusão alegada pela defesa, esta se daria para ambas as partes, e não só para a acusação, o que não é o caso. Ratifico que a decisão consignada pelo juízo não foi expressa em determinar a preclusão do direito de oitiva das testemunhas, mencionando apenas a eventual preclusão de modo genérico e aberto quanto ao endereço das testemunhas a ser informado. Pondero que o próprio juízo em audiência reiterou a necessidade da busca à verdade real prevalecer sobre as formalidades. Estando, pois, no espectro de atuação judicial, a possibilidade de o julgador revogar e/ou reapreciar a qualquer momento os seus despachos ou decisões anteriores, diante do princípio da livre persuasão racional motivada. Ademais, a própria decisão mencionou que às partes caberia a intimação de suas testemunhas, independente de intimação pelo juízo: “Independente da intimação das testemunhas pelo juízo, caberá aos advogados da parte providenciar a intimação das respectivas testemunhas arroladas, para que compareçam ao ato, na data e lugar designados, nos termos do art. 455 do novo CPC e seguintes. Apenas as intimações amparadas por hipótese de exceção legal serão arroladas pelo juízo, com fundamento nos artigos 454 CPC e 455, § 4º do CPC.” Outrossim, ressalto ainda que, conforme decisão proferida em audiência,

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