Boletim Da Sociedade Das Ciências Antigas Publicação Da Sociedade Das Ciências Antigas — Todos Os Direitos Reservados

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Boletim da Sociedade das Ciências Antigas Publicação da Sociedade das Ciências Antigas — Todos os Direitos Reservados Volume 1I, edição XI Março de 2011 Nesta edição: Louis-Claude de Saint-Martin - Extratos de Seus Manuscritos ão podemos obter um lugar lugar. Por isso, somos indesculpáveis Louis-Claude de N num teatro, a menos que te- se não nos provirmos adequadamen- Saint-Martin - nhamos tomado a precaução de ga- te. Este título de admissão tal como Extratos de Seus 1 Manuscritos rantir um bilhete de entrada, que só aquele do teatro é intransferível, é emitido com a autorização de um pois nosso nome está escrito nele; e administrador. Além do mais, a me- quanto a isso, não pode haver dúvi- O Martinismo nos que reservemos um lugar à fren- da, já que os nomes serão chamados. Russo do Século 7 te, corremos o risco de ficarmos Devemos portanto, estar vigilantes XVIII até Nos- oprimidos na mul- contra os impos- sos Dias tidão que se aglo- tores, que ofere- mera na entrada, cem bilhetes falsi- O Defeito da aguardando a ficados, portado- Acídia na Análi- 16 abertura da bilhe- res de nenhum se de São To- teria; há ainda a título, por mais más de Aquino possibilidade de que a frequência nem mesmo con- de sua venda aten- seguirmos um lu- da à sua procura. O Mito de Per- 23 gar afinal. Esta sim- seu e Medusa bologia, embora Nosso Venerável temporal e terres- Mestre Louis- tre, nos ilustra que Claude de Saint- estamos aqui com Martin nasceu em o propósito de Amboise, provín- adquirir um título cia de Lourraine, de admissão para na França; em 18 os festivais divinos. de Janeiro de Se negligenciarmos 1743. Foi uma frá- as precauções pa- gil e sensível crian- ra garantir este título, seguramente ça que desde cedo manifestou agudo não entraremos nesta reunião de intelecto, elevado idealismo e devoto encanto e alegria. Não devemos des- sentimento, que na maturidade en- prezar, até o último momento, a ne- controu completa expressão, como cessária prudência, tendo atenção um grande místico Cristão e Ilumina- para as inconveniências que tal en- do. Filho de nobres e devotos pais, canto possa nos expor; tais precau- perdeu sua mãe poucos dias após ções são muito simples, pois bilhete- seu nascimento; contudo, esta perda rias são encontradas em qualquer foi substituída completamente por Página 2 Boletim da Sociedade das Ciências Antigas uma madrasta que nutriu as nobres ambições cos e práticas místicas. e a alta sensibilidade que ele possuía, mesmo com tão tenra idade. Mais tarde, ele mesmo Foi através de um de seus companheiros ofi- se expressaria eternamente grato pela sua ciais que Saint-Martin encontrou Martinez de amorosa orientação e sensata educação, a Pasqually, na época em que se localizava em qual, segundo ele, o levou a amar a Deus e Bordeaux. Pasqually era Grão-Mestre dos ao homem. Elus-Cohen. Depois de aprender sobre o tra- balho e propósitos desta Ordem, e de uma Destinado por seus pais à magistratura, Saint- devida preparação seguida de comprovado Martin foi para a escola de direito após dei- mérito, Saint-Martin foi iniciado na Ordem xar o colégio de Pontlevoi onde havia sido dos Elus-Cohen em 1768 quando tinha 25 enviado ainda com pouca idade. Na verdade, anos. Nesta ordem, conseguiu alcançar o foi neste colégio que teve seu primeiro vis- mais alto grau: Rosa-Cruz. lumbre dos princípios místicos; lá encontrou um livro de autoria de Abbadie titulado: "A De 1768 a 1771, Saint-Martin foi reconheci- Arte de Conhecer a Si mesmo", o qual leu do como sendo secretário pessoal de Pas- com deleite e pareceu tê-lo compreendido qually e nestes anos, uma ligação muito es- mesmo sendo tão jovem. Posteriormente treita se estabeleceu entre eles. O caráter e atribuiu seus interesses místicos e esotéricos os ensinamentos de Martinez de Pasqually à leitura deste livro. criaram uma profunda impressão em Saint- Martin, impressão esta que permaneceu com Dirigindo-se ao estudo da lei, teve preferên- ele por toda sua vida a qual ele próprio admi- cia, especialmente, pelos escritos de Burla- tiu, mesmo nos últimos anos quando ingres- maqui, harmoniosos como seu próprio gosto sou no seu próprio caminho, criativo e indivi- pelos fundamentos naturais da justiça e razão dual. O Grão-Mestre dos Elus-Cohen, reco- humana. Todavia, encontrou o sistema de nheceu Saint-Martin como um brilhante No- Regras Administrativas e termos técnicos da vo Homem, valoroso discípulo, qualificado lei, repugnantes. Completado seu curso, re- para levar adiante a Obra. cebeu sua toga de Rei dos Advogados da Alta Corte de Tours, e começou a praticar a lei. Em 1772 assuntos pessoais chamaram Pas- Seus interesses filosóficos e esotéricos assim qually à Port-au-Prince, no Haiti, onde passou como suas aspirações interiores, contudo, seus dois últimos anos. As idéias principais de elevaram-se acima de qualquer coisa, não seu trabalho, permaneceram então, com seus permitindo-lhe uma completa dedicação ao dois discípulos mais capazes: Saint-Martin e trabalho, inadequado aos seus talentos singu- Jean Baptiste Willermoz. Saint-Martin e ou- lares. Eventualmente, sentia que seu dever tros Martinistas próximos do último Grão seria o de se dedicar integralmente ao traba- Mestre, compreenderam que este não havia lho de magistrado e portanto, implorou a transmitido a maior parte de seu conheci- permissão de seus pais para retirar-se. mento a nenhum deles, talvez não tivesse encontrado entre eles alguém tão valioso Fez parte de uma comisso nas forças arma- para tal honra e responsabilidade. Por outro das como oficial ligado ao Regimento de Faix, lado, como orientador, Saint-Martin sentiu-se aquartelado em Bourdeaux. Tinha então 22 obrigado a continuar em uma crescente via anos. Evidentemente, naqueles dias de paz, independe-te, envolvendo uma filosofia ca- uma carreira militar proporcionava muitas racterizada pela sua própria compreensão horas livres; a principal finalidade de seu in- oculta, maturidade e visão espiritual. gresso nesta atividade foi realmente a de ob- ter tempo adicional para os estudos esotéri- Publicou sua primeira obra filosófica: "Dos Volume 1I, edição XI Página 3 Erros e da Verdade" aos 32 anos. Esta obra rapidamente nos documentos de seu primei- tem sido considerada como seu maior traba- ro mestre; desde então, respeitou Boheme lho de pesquisa e a mais fecunda contribuição como a maior luz humana que se havia mani- para a literatura esotérica. Foi publicada co- festado na terra desde aquele que era a pró- mo sendo os escritos do "Filósofo Desco- pria luz. nhecido", pseudônimo usado por ele, já que, o nome de Saint-Martin nunca apareceu du- Como Pitágoras, Saint-Martin viajou para es- rante sua vida iniciática, em nenhuma de suas tudar o homem e a natureza, e comparar o obras. Durante vários anos de atividade lite- testemunho de outros com o seu próprio. rária, escreveu numerosas obras, entre elas: Completamente devotado para a pesquisa da "Correspondências que existem entre Deus, verdade que foi o constante objetivo de to- o Homem e o Universo"; "Dos Números"; dos seus estudos e trabalhos, Saint-Martin "O Espírito das Coisas"; "O Homem de De- finalmente desistiu do serviço militar, poden- sejo"; "O Novo Homem"; "O Homem Espíri- do assim se dedicar inteiramente aos seus to"; "Homem: sua verdadeira natureza e mis- estudos na qualidade de Ministro Espiritual. tério". Estes livros tornaram-se bastante po- pulares e muito lidos. Não demorou muito Viajou para a Itália onde, mais uma vez, co- para que vários grupos se denominassem nheceu as mais distintas pessoas. Cardeais, "Sociedade do Filósofo Desconhecido", que Papas, Bispos, Príncipes e altos Oficiais o re- surgiram para estudar suas obras. Saint- ceberam, muitos dos quais tornaram-se seus Martin deixou também para a posteridade amigos. Sobre tudo o Príncipe Galitzin da páginas de esclarecedoras correspondências Rússia que declarara: "Sou realmente um ho- pessoais. mem desde que conheci Saint-Martin". O que fazia Saint-Martin nestas várias viagens? Esta- Depois da publicação de sua segunda obra: belecia Grupos Martinistas. Trataremos desta "Correspondências que existem entre Deus questão mais adiante. Retornando de suas o Homem e o Universo" em 1778, há uma viagens à Itália, Alemanha e Inglaterra, foi lacuna em sua vida, difícil de se preencher. condecorado com a cruz da Ordem de São Este período foi dividido talvez, entre Paris, Luiz, conferida à ele pela nobreza de seus Lyon e uma misteriosa jornada a Rússia. Em sentimentos, uma honra da qual não se con- 1787 suas atividades iniciáticas o levaram siderava merecedor. também a Londres onde foi introduzido nos mais altos círculos através de sua amiga a Saint-Martin respeitava e amava as mulheres. Marquesa de Coislin e do Embaixador Barte- De fato, elas eram muito atraídas por ele, lemy; lá encontrou também William Law que que contudo nunca se casou. As mulheres, foi uma espécie de Saint-Martin na Inglaterra; naqueles dias, não eram usualmente admiti- também encontrou o astrônomo Herschel e das em Ordens Esotéricas, organizadas com Lord Beauchamp que estava de pleno acordo bases maçônicas. Saint-Martin estava preocu- com suas idéias transcendentais. pado com isto; foi favorável à admissão de mulheres aos ensinamentos da Ordem (Elus- Em Estrasburgo, através de outra amiga Ma- Cohen). Escrevendo a Willermoz em 1773 dame Beacklin, Saint-Martin foi apresentado pergunta se a mulher não tem o mesmo tra- às obras e escritos do teósofo alemão Jacob balho a realizar, o mesmo inimigo a comba- Boheme. Ficou tão impressionado com os ter, as mesmas recompensas a esperar, tal trabalhos de Boheme que se submeteu a como o homem; argumenta então, que ela aprender alemão a fim de os ler na língua ori- deve consequentemente ser provida com as ginal.

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