Crack Assusta E Revela Um Brasil Despreparado

Crack Assusta E Revela Um Brasil Despreparado

Revista de audiências públicas do Senado Federal Ano 2 – Nº 8 – agosto de 2011 DEPENDÊNCIA QUÍMICA Crack assusta e revela um Brasil despreparado Proliferação de cracolândias mobiliza Senado a buscar melhorias na assistência prestada pelo Estado e pela sociedade aos usuários de drogas Crack assusta e revela um Brasil despreparado Em discussão! traz nesta edição a cobertura do ciclo de debates sobre o enfrentamento ao crack e a outras drogas, promovido, no Senado, pela Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outros Carta ao Leitor epois de edições sobre infraestru- viços dessas entidades não obedecem Dtura (aviação e banda larga), Em a padrões e, por isso, ficam sem apoio discussão! enveredou pela área social. público. No número anterior, abordou o traba- A escolha da subcomissão de lançar lho escravo e, agora, a dependência sua atenção sobre as vítimas das dro- química e a ameaça do crack. gas coincide com a tendência mundial Este ano, os senadores da Comissão de repensar a política de combate a en- de Assuntos Sociais (CAS) criaram uma torpecentes. A repressão já provou não subcomissão que, em vez dos fóruns ser suficiente. Pior, custa caro aos con- que analisam a questão sob a ótica da tribuintes, discrimina os dependentes e repressão, tem foco na oferta de trata- ainda abastece a violência do tráfico. mento aos usuários. Essa análise também leva em con- A falta de dados atualizados sobre sideração que é impossível afastar por dependência química no Brasil, espe- completo as pessoas das drogas. “Por cialmente do crack (uma pesquisa pro- motivos de cura, religiosos, recreativos metida para abril teve sua divulgação ou até existenciais, as drogas acompa- adiada muitas vezes), não embaraçou a nham a história da Humanidade”, re- subcomissão, que ouviu representantes conhece o Escritório das Nações Unidas do governo e da sociedade. sobre Drogas e Crime (Unodc). “Todos As avaliações, feitas em sete reu- somos pré-dependentes químicos por niões (veja a lista na pág. 5), demons- natureza, seja do dinheiro, do poder, tram que a rede pública de atendimen- do sexo, da droga, da bebida”, resume to a dependentes químicos é mínima, o médico Aloísio Freitas. está desarticulada e, via de regra, não Para acabar com a sensação de que oferece possibilidade de internação. governo e sociedade estão “carregan- Assim, fica ainda mais difícil a recupe- do água na peneira” a cada vez que ração de quem está aprisionado pelas uma cracolândia esvaziada pela polícia drogas, entre elas o álcool, cujos ris- volta a funcionar, é que os senadores cos para os usuários e disseminação elaboram projetos para melhorar o sis- são superiores aos de qualquer outra tema de atendimento aos cidadãos pre- substância. sos na cilada das drogas. Na ausência do Estado, comunida- Em discussão!, além da radiografia des terapêuticas, geralmente ligadas que confirma a deficiência no trata- a religiosos, oferecem alternativas às mento, apresenta essas possíveis saídas L/EBC famílias para o tratamento dos seus para minorar o problema. ASA dependentes químicos. Porém, os ser- Boa leitura! C O LL CE R A M SUMÁRIO Nos cinco painéis promovidos pela subcomissão Mesa do Senado Federal Contexto MARCELLO CASAL/EBC Atuação do Estado da CAS, entre abril e julho de 2011, participaram: Presidente: José Sarney 1ª vice-presidente: Marta Suplicy 7 de abril de 2011 | 1º painel – Ações 2º vice-presidente: Wilson Santiago Crack chama a Faltam verbas e coordenação sociais e prevenção 1º secretário: Cícero Lucena atenção para nas iniciativas do governo • Denise Colin, secretária nacional de Assistência Social do 2º secretário: João Ribeiro* Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 3º secretário: João Vicente Claudino dependência química página • Juliana Maria Fernandes Pereira, coordenadora do 4º secretário: Ciro Nogueira 48 Departamento de Proteção Social e Especial do Ministério Suplentes de secretário: Gilvam Borges*, João página do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Durval, Maria do Carmo Alves e 7 Senad só aplicou dois • Marta Klumb Oliveira Rabelo, do Programa Saúde na Escola Vanessa Grazziotin Subcomissão prioriza vítimas terços do que estava • Maria de Fátima Simas Malheiros, do Programa Saúde na Escola • Manoel Soares, coordenador da Central Única da droga página previsto página Diretora-geral: Doris Peixoto 10 51 das Favelas do Rio Grande do Sul Secretária-geral da Mesa: Claudia Lyra • Célio Luiz Barbosa, coordenador-geral dos centros de Da guerra ao tratamento: Atendimento e Apoio às Famílias da Fazenda da Paz uma história de como *Licenciados Guerra contra as drogas fracassou, 14 de abril de 2011 | 2º painel – afirma comissão da ONU página o Brasil enfrenta as Segurança pública e legislação Expediente 18 drogas página MES 58 • Paulina Duarte, secretária nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça Y FIL A R P • Oslain Campos Santana, diretor de Combate ao Realidade brasileira S Sociedade Crime Organizado da Polícia Federal • Doralice Nunes Alcântara, secretária de Assistência Social e do Trabalho de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul Droga já teria chegado a Comunidades oferecem 80% das • Zilmara David de Alencar, secretária de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho Diretor: Fernando Cesar Mesquita 1,2% da população Diretor de Jornalismo: Davi Emerich vagas e querem ajuda do Estado 20 de abril | 3º painel – Saúde pública e tratamento página 22 página • Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, vice-presidente A revista Em discussão! é editada pela 60 do Conselho Federal de Medicina Secretaria Jornal do Senado Universitários têm consumo Fazendas dizem recuperar entre 40% e 80% dos viciados • José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Médica Brasileira • Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, representante Diretor: Eduardo Leão (61) 3303-3333 mais intenso e frequente página 63 da Associação Brasileira de Psiquiatria Editores: João Carlos Teixeira e Thâmara Brasil página • Frei Hans Stapel, representante da Rede Fazenda da Esperança Reportagem: João Carlos Teixeira, Juliana Steck e 27 Anvisa ameniza regras para comunidades terapêuticas • Padre Haroldo Rahm, representante da Fazenda Thâmara Brasil página Associação Promocional Oração e Trabalho Diagramação: Bruno Bazílio e Priscilla Paz Álcool é problema muito 67 mais grave, dizem médicos • Carlos Alberto Salgado, presidente da Associação Arte: Cássio Costa, Diego Jimenez e Priscilla Paz Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas Revisão: André Falcão, Fernanda Vidigal, página 30 • Marcelo Machado, membro da Federação Pernambucana Juliana Rebelo, Pedro Pincer e Silvio Burle Propostas de Comunidades Terapêuticas e responsável técnico da Pesquisa de fotos: Braz Félix, Leonardo Sá e Natasha comunidade terapêutica Clínica Recanto Paz Machado • Deputado Givaldo Carimbão, relator da Comissão Especial de Produção: Mauro Vergne Combate ao Crack e Outras Drogas da Câmara dos Deputados ZANONE FRAIssat Apertar o cerco ou Tratamento de imagem: Edmilson Figueiredo e Tratamento Roberto Suguino descriminalizar? 26 de abril | Complementação do 3º painel Circulação e atendimento ao leitor: • Roberto Tykanori Kinoshita, coordenador de Saúde Mental, Shirley Velloso (61) 3303-3333 Reabilitação desafia página 70 Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde Capa: Priscilla Paz sobre foto de Marcello 17 de maio | 4º painel – Experiências Casal/EBC a sociedade Oposta à política atual, legalização é de organismos internacionais página L/EBC • Bo Mathiasen, representante regional do Escritório da 1ª impressão: 2.500 exemplares 32 polêmica página ASA Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 2ª impressão: 12 mil exemplares C 74 O • Bernardino Vitoy, técnico da Unidade de Saúde Familiar Brasil adota redução de danos, LL CE da Organização Pan-Americana da Saúde R Subcomissão busca mas não há consenso A M referência em outros Site: www.senado.gov.br/emdiscussao Veja e ouça mais em: página 12 de julho | Complementação do 4º painel página E-mail: [email protected] 36 países • Annika Markovic, embaixadora da Suécia Tel.: 0800 61-2211 78 Fax: (61) 3303-3137 País oferece 0,34% dos leitos 26 de maio | 5º painel – Experiências de especialistas Praça dos Três Poderes, Ed. Anexo 1 do Para saber mais • Esdras Cabus Moreira, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Senado Federal, 20º andar – que seriam necessários do Centro de Estudos e Terapias do Abuso de Drogas da Bahia página 70165-920 – Brasília (DF) página 81 • Aloísio Antônio Andrade de Freitas, presidente do Conselho 39 Estadual de Políticas sobre Drogas de Minas Gerais Impresso pela Secretaria Especial de • Ricardo Albuquerque Paiva, coordenador-geral do I Fórum Editoração e Publicações – Seep Nacional sobre Aspectos Médicos e Sociais do Uso do Crack CONTEXTO Crack chama a atenção para dependência química Especialistas estimam que mais de consumo de substâncias psicoativas, líci- tas e ilícitas, é um dos mais preocupantes 2 milhões de brasileiros usem a droga, problemas de saúde pública no mundo. A cujo poder destrutivo é superior ao da Organização das Nações Unidas (ONU) maioria das substâncias ilícitas, devido ao Oestima em até 270 milhões os usuários de drogas ile- fácil acesso, alta letalidade e precocidade gais (6,1% da população mundial entre 15 e 64 anos de idade). Desse total, pouco menos de 10% podem do primeiro uso. Segundo cálculos da ser classificados como dependentes ou “usuários de ONU, o mercado do crack movimentou drogas problemáticos” e calcula-se que até 263 mil cerca de US$ 100 bilhões em 2009 deles, principalmente jovens, morram anualmente, a metade por overdose. As estimativas dão conta ainda de que a cocaína foi consumida no último ano por até 20,5 milhões de pessoas. Na América Latina, apesar de o número de mortes estar bem abaixo da média global, essa é a droga mais letal, em razão do grande número de consumidores, seja da própria cocaína ou de seus subprodutos, entre eles o crack. Dados escassos Recente publicação da Associação Médica do Rio OCK.XCHNG Grande do Sul confirma que, no Brasil, “ainda são T /S poucos os dados disponíveis, insuficientes tanto para TTER o atendimento eficaz de usuários como para nortear VID RI políticas públicas de prevenção.

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