Diretrizes Gerais Para Programa De Governo Nas Eleições De 2014 9 Eixo 1 – Política Econômica E Modelo De Desenvolvimento

Diretrizes Gerais Para Programa De Governo Nas Eleições De 2014 9 Eixo 1 – Política Econômica E Modelo De Desenvolvimento

3 Expediente • Coordenação de programa: Maurício Costa de Carvalho • Comissão de programa: Juliano Medeiros, Rogério Ferreira, Silvia Santos • Coordenação de campanha: André Ferrari, Fernando Silva, Francisvaldo Mendes, Israel Dutra, Juliano Medeiros, Laura Cymbalista, Leandro Martins Costa, Luiz Araújo, Mariana Riscali, Rodolfo Mohr, Ro- gério Ferreira, Sandino Patriota, Silvia Santos • Arte da capa: Adria Meira • Diagramação: Tiago Madeira • Revisão: Raquel Maldonado SUMÁRIO 5 Sumário Apresentação: Um programa para além das eleições 7 Diretrizes Gerais para Programa de Governo nas Eleições de 2014 9 Eixo 1 – Política Econômica e Modelo de Desenvolvimento . 10 Eixo 2 – Sistema Político e Democracia . 12 Eixo 3 – Mais e Melhores Direitos . 13 1 Economia 16 2 Trabalho, emprego e renda 22 3 Sistema previdenciário e aposentadorias 24 4 Educação 26 5 Ciência e tecnologia 30 6 Saúde 31 7 Meio Ambiente 34 8 Energia 37 9 Reforma agrária 40 10 Habitação e Reforma Urbana 44 11 Mobilidade e Transportes 47 12 Segurança Pública 50 13 Reforma Política 54 14 Relações exteriores 57 15 Direitos Humanos 59 16 LGBT 62 17 Mulheres 65 18 Comunicação 70 19 Cultura 73 20 Esporte e atividade física 76 Contribuição do movimento negro 80 Educação e mobilização para o combate ao racismo . 80 Sobre a violência racista . 81 Política Internacional . 82 6 SUMÁRIO Contribuição da juventude 83 Educação . 84 Juventude e Trabalho . 87 Violência e Desmilitarização da Polícia . 87 Direito à Cidade . 88 Democratização da Comunicação, da Informação e da Cultura . 90 Direitos Democráticos . 92 A luta das mulheres . 92 Negras e Negros . 93 Direitos LGBTs . 93 Política de Drogas . 94 Memória, Justiça e Verdade . 95 Por uma reforma política radical . 95 Agradecimentos 97 APRESENTAÇÃO 7 Um programa para além das eleições Em uma das inúmeras conversas que Luciana Genro teve com colaboradores para a elaboração deste pro- grama de governo, fomos lembrados por um importante apoiador, figura proeminente do pensamento crítico brasileiro, de uma impecável fábula do escritor francês Phillippe Sollers: “Dois e dois são seis, diz o tirano. Dois e dois são cinco, diz o tirano moderado. O cidadão corajoso que, mesmo expondo-se a todos os riscos, lembra que dois e dois são quatro, ouve dos policiais a seguinte advertência: ‘você quer que voltemos aos tempos em que dois e dois eram seis?’” Não poderia haver retrato melhor das atuais eleições presidenciais. Marcada por diferenças apenas pon- tuais entre os partidos da ordem, a política brasileira está estruturada como um sistema viciado onde os ne- gócios das grandes empresas determinam as ações dos políticos e governantes. Neste sistema não importa quem ganhe, desde que os interesses dos bancos, das empreiteiras, das multinacionais, dos grandes grupos de comunicação e das elites estejam preservados. Financiados por esses grupos de poder, os políticos, por sua vez, contratam a peso de ouro os melhores marqueteiros para tentar mostrar que tudo isso é “natural” e para dizer ao povo que seus interesses são iguais aos interesses desses grupos, isto é, dizer que dois mais dois são cinco. Ou seis. Ou algo entre cinco e seis. É justamente essa velha política que está sendo questionada pelos milhares de protestos que se seguiram às grandes manifestações de junho de 2013. De formas muitas vezes não tradicionais, sem elaborações estraté- gicas, espontâneas, desorganizadas ou voluntaristas, as jornadas de junho tiveram o grande mérito de romper o dique que continha a indignação de milhões de brasileiros que voltaram a fazer das ruas um espaço privi- legiado da política verdadeira, da luta por direitos, da criatividade e do protagonismo popular na construção de um novo futuro. Representaram a denúncia desse sistema falido e a negação das velhas formas sem que as novas ainda tivessem ganhado corpo e substância para tomar seu devido lugar. Contudo, após mais de um ano daquelas grandes manifestações, nenhuma das promessas de mudanças estruturais com as quais os governos de plantão se comprometeram para tentar estancar os protestos foi de fato adiante. A situação da economia, que já apresentava sinais de esgotamento de modelo, se agravou e tem levado os candidatos do sistema a defender nestas eleições – mais ou menos abertamente, de acordo com o interesse de seus financiadores – a cantilena neoliberal de que a principal tarefa de quem presidir o país no ano que vem será a promoção de “ajustes”, o que na prática significa que para defender os interesses do grande capital é preciso, em contrapartida, promover “medidas impopulares” como arrocho salarial, desemprego e cortes de recursos dos serviços públicos. Nosso programa tem o compromisso de ser fiel ao sentimento de mudanças profundas que emergiu das lutas ano passado. Como tem reafirmado Luciana Genro, ser fiel a junho não significa que queremos nos apro- priar ou representar aquelas bandeiras. Mas, sabendo que não precisamos de novos gerentes para o velho projeto, nos dispomos a elaborar e organizar conjuntamente um novo projeto de país livre, soberano, iguali- tário e verdadeiramente justo. Nesse sentido, entendemos que é preciso dar um passo adiante avançando na necessidade de organizar essa plataforma de reivindicações em torno de um debate estratégico, pavimentando os caminhos para esta “utopia concreta”, para então transformar aquelas demandas em realidade. Este é o sentido deste programa. Para confeccioná-lo, tivemos como ponto de partida a atuação permanente e engajada do PSOL nas mais diversas lutas — nos movimentos sociais, nas universidades e escolas, nos sindicatos e no parlamento — onde tivemos contato e incorporamos às nossas elaborações o que de melhor e mais atual se produz pelo movimento vivo da sociedade por mudanças efetivas para o país. Ao mesmo tempo, incorporamos aportes de intelectuais, quadros técnicos e militantes das mais diversas áreas, que encontraram na candidatura de Luciana Genro um megafone para expor formulações que, na maioria das vezes, não encontram eco no deserto de ideias da política brasileira. Mais do que denunciar este programa tem, portanto, o objetivo de ser um anúncio. Na contramão à lógica das promessas demagógicas que são regra nas eleições mas nunca se efetivam porque não são compatíveis com os interesses das classes dominantes e do poder econômico, aqui reunimos demandas reais e apontamos 8 APRESENTAÇÃO os caminhos necessários para que se efetivem. Essas demandas estão organizadas em um sistema de propostas concretas divididas em 20 áreas diferentes, além das contribuições realizadas por movimentos de juventude e de negros e negras que incorporamos de bom grado, tais quais foram redigidas e apresentadas a nós. Por fim, dois destaques são necessários. Em primeiro lugar, é sabido que este programa parte do princípio de que para governar para a maioria é preciso contrariar interesses de uma minoria privilegiada. Não é possí- vel concretizar as propostas que o povo reclama sem contrariar interesses do capital financeiro, dos negócios imobiliários, do agronegócio e dos grandes latifundiários, dos monopólios e oligopólios da comunicação, das oligarquias regionais e dos poucos milionários que sustentam seus lucros exorbitantes a partir da manutenção da desigualdade social e das condições degradantes de acesso aos serviços públicos da maioria da população. Cientes de que esta proposta enfrenta uma oposição minoritária na sociedade, mas extremamente poderosa política e economicamente, propomos uma inversão de prioridades, colocando quem mais precisa como centro das políticas públicas e fazendo com que paguem a conta os que mais se aproveitaram dessa situação. Em segundo lugar, sabemos que as propostas concretas aqui apresentadas são perfeitamente possíveis e encontram amparo em experiências realizadas em muitos países no mundo, mas justamente por enfrentar in- teresses poderosos das elites tiveram que ser alvo de mobilização permanente e de muita luta organizada da população. Esse programa é assim, um guia para a ação de governo e, ao mesmo tempo, um desafio ao povo que lutou e venceu em junho de 2013: continuar nas ruas por mais direitos. Nelas encontrou-se o verdadeiro caminho das mudanças. Independentemente dos resultados dessas eleições, executar um programa que trans- forme o Brasil em uma democracia real dependerá sempre de que os maiores interessados busquem tomar as rédeas do próprio destino. Maurício Costa de Carvalho Coordenação de programa Luciana Genro Presidenta DIRETRIZES GERAIS 9 Diretrizes Gerais para Programa de Governo nas Eleições de 2014 Apresentação O Brasil vive um momento singular em sua histó- Frente à pressão das ruas, o governo Dilma e sua ria recente. Passados vinte e cinco anos desde a pro- maioria no Congresso Nacional não realizaram qual- mulgação da Constituição Federal de 1988 e do Fora quer mudança de rota, mantendo intactos o atual Collor vemos uma importante retomada das mobi- modelo de desenvolvimento e a política econômica lizações populares, que coloca em xeque os limites em curso que beneficia o grande capital. O que se do atual modelo político e econômico, um modelo constata claramente é um processo de desindustri- construído para preservar a dominação da maioria alização, maior dependência tecnológica, crescente por uma minoria de privilegiados. Em junho de 2013 vulnerabilidade externa, reprimarização da econo- nosso país viveu um novo despertar das manifesta- mia, maior concentração de capital e crescente do- ções de rua, as maiores desde a chegada do projeto minação financeira. Além disso, continuam as pri- petista ao governo federal. vatizações das estradas, portos e aeroportos; as arti- As manifestações que tiveram como ponto de culações para ampliar o repasse de recursos públicos partida a luta contra o aumento das tarifas expres- para os planos de saúde privados por meio de finan- saram um descontentamento mais amplo do povo ciamento do BNDES, aprofundando o subfinancia- contra as péssimas condições de vida nos grandes mento e o sucateamento do Sistema Único de Saúde centros urbanos brasileiros e insatisfação com a su- (SUS); bloqueio ao aumento do gasto público em po- bordinação do interesse público aos negócios priva- líticas sociais e na valorização do funcionalismo pú- dos.

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