Universidade Federal Do Ceará Instituto De Cultura E Arte Curso De Comunicação Social

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ INSTITUTO DE CULTURA E ARTE CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CAMINHOS E RESISTÊNCIAS DO DEVIR-MENOR EM CÂNCER ÉRICO OLIVEIRA DE ARAÚJO LIMA FORTALEZA 2011 1 ÉRICO OLIVEIRA DE ARAÚJO LIMA CAMINHOS E RESISTÊNCIAS DO DEVIR-MENOR EM CÂNCER Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sylvia Beatriz Bezerra Furtado. Fortaleza 2011 2 ÉRICO OLIVEIRA DE ARAÚJO LIMA CAMINHOS E RESISTÊNCIAS DO DEVIR-MENOR EM CÂNCER Esta monografia foi submetida ao Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida desde que feita de acordo com as normas da ética científica. Monografia apresentada à Banca Examinadora: ______________________________________________ Prof.ª Dr.ª Sylvia Beatriz Bezerra Furtado (Orientadora) ICA/UFC ______________________________________________ Prof.ª Dr.ª Deisimer Gorczevski (Membro) ICA/UFC ______________________________________________ Prof. Dr. Osmar Gonçalves dos Reis Filho (Membro) ICA/UFC 3 Agradecimentos A Glauber Rocha, por proliferar os caminhos do cinema. A Beatriz Furtado, querida orientadora, por todo o apoio nesse processo e ao longo da formação no curso. Pelas conversas, encontros, trocas. Pelo olhar atento e por me fazer acreditar nas possibilidades da pesquisa, dos caminhos que tento traçar, das questões que tento formular. Por compartilhar a crença nas políticas das imagens e nas potências da arte e do pensamento. Obrigado por me acompanhar desde o início do projeto, quando ainda formulava algumas perguntas e por todos os afetos vividos desde antes, nos encontros do LEEA (Laboratório de Estudos e Experimentações em Audiovisual). A Deisimer Gorczevski, por aceitar o convite em participar da banca e por todas as contribuições dadas durante a disciplina de Pesquisa em Comunicação e nos encontros que pudemos ter em alguns momentos seguintes. Pela generosidade nas considerações e no estímulo aos movimentos que tento ensaiar na pesquisa. A Osmar Gonçalves, também por aceitar o convite em participar da banca e pelas contribuições que deu durante a apresentação do projeto na disciplina de Pesquisa em Comunicação. Agradeço também todas as trocas e conversas em vários outros momentos, nem sempre para discutir a pesquisa, mas para pensar o sensível, desde a disciplina de Cinema e Pensamento até os encontros nos grupos Vilém Flusser e Narrativas Sensoriais. A Luiz Saldanha, Odete Lara, Antonio Pitanga, Hugo Carvana, Eduardo Coutinho e Zelito Viana, pela atenção em conversar comigo para nos instalarmos no acontecimento das imagens de Câncer. A Ruy Gardnier e Luciana Operti, por toda a disponibilidade que tiveram comigo durante a pesquisa no Tempo Glauber. Agradeço, ainda, a todos do Tempo Glauber e a dona Lúcia Rocha, pelo grande carinho que tem na divulgação da obra do filho. A Joel Pizzini, de grande importância nesse processo, generoso, disposto a conversas e a me indicar contatos para a pesquisa. A Priscila Rosário, pela atenção e pelo contato de Odete Lara. A Michelline Helena, Patrícia Baía e Danielle Ellery, pela intermediação com Eduardo Coutinho. A Marcel Vieira, por me indicar Elizabeth Real, pesquisadora na UFF (Universidade Federal Fluminense), que estudou aspectos de Câncer no mestrado. A Elizabeth Real, por toda a interlocução, pelos textos que me disponibilizou e pelo trabalho desenvolvido no mestrado. A Lenildo e a Bianca, por O Leão de Sete Cabeças. 4 A todos os amigos do LEEA, do LICCA (Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte), do Grupo de Narrativas Sensoriais e do Grupo de Estudos Vilém Flusser, espaços de extrema importância para os caminhos da pesquisa e do pensamento. A Lara e Jana, amigas e companheiras nas pesquisas e nos percursos para pensar a arte e a vida. A Riverson Rios, por sempre estar disposto a ajudar e a facilitar o trabalho de todos nós que estudamos no curso de Comunicação Social da UFC. Aos servidores da UFC, Cléber, Heveline, Gilvan, Regina, pela atenção. Aos amigos de turma, pelas vivências e trocas. A minha tia Lucinha, por toda a atenção e carinho e pela acolhida no Rio de Janeiro, na semana em que realizei conversas e pesquisei no Tempo Glauber. A meus pais e a Amanda, irmã querida – por tudo. 5 RESUMO Que podem as imagens? Como pensar a experiência estética do audiovisual, de modo a pôr em relevo suas potências de resistência? São possibilidades de se pôr em movimento com as imagens do filme Câncer (1968-1972), de Glauber Rocha, proliferador de caminhos e de sensibilidades. O foco são as políticas das imagens, os possíveis encontros do cinema com a política, não tanto pela dimensão dos temas ou das mensagens que se possam transmitir, mas pela experiência estética desencadeada, numa perspectiva de imbricamento da estética com a política. As potências das imagens como composto sensível capaz de produzir fissuras nas ordenações dos modos de ver, dizer e sentir são elementos que movimentam a análise. Falo em resistências, maneiras de tensionar com os consensos e instaurar outros pensamentos em torno dos possíveis do espaço e do tempo. Como hipótese central percorrida, a noção de que Câncer seria um filme menor, que traria tensões com uma língua maior e com os fatos majoritários, nas dimensões políticas de uma minoração. O filme nos convoca a uma análise que parte das possibilidades dissensuais do visível e do dizível, numa reflexão que não busque a mera aplicação de conceitos ou temáticas exteriores e anteriores à materialidade imagética. É preciso abrir-se ao pensamento com imagens do realizador, que reúne estética e política pela dimensão sensível da arte, mais do que numa colocação discursiva. Há, nessa reflexão, que imerge nas imagens como compostos de sensações, de perceptos e de afectos, um tensionamento, a um só tempo, teórico e metodológico, com as perspectivas semiológicas de análise, que buscam uma interpretação e uma significação nas imagens. A problemática do devir-menor associa-se a questões que seriam suscitadas pelas próprias imagens do filme de Glauber Rocha, o risco, o acaso, a produção de dissenso, a invenção de um povo, a criação de cenas políticas na pólis. Tento propor, ainda, a possibilidade de ser contemporâneo das imagens dissensuais e do acontecimento fílmico em Câncer, processado entre amigos e no limiar entre arte e vida. O devir-menor como possibilidade de inventar outras formas de vida, outras maneiras de estar junto e de pensar o comum, para formular uma comunidade estética por vir. Compondo com estudos a partir do cinema, do sensível e da arte, em Rancière, Deleuze, Comolli, Agamben, Migliorin, Brasil, Guimarães, proponho uma entrada nas sensibilidades de Câncer com ênfase na experiência estética e no caráter a-significante e não-linguístico da matéria plástica e sonora do cinema. Tentativas de ensaiar caminhos com as imagens glauberianas, como uma demanda do próprio objeto, capaz de deslocar e vibrar pela potência que lhe é própria. Palavras-chave: Glauber Rocha; devir-menor; resistência; estética; política 6 Sumário Introdução........................................................................................................................08 Capítulo 1 – Das potências estético-políticas de um filme menor..................................16 Aspectos e passagens de uma estética.............................................................................30 Por um cinema menor......................................................................................................44 Capítulo 2 – Dos encontros entre estética e política em imagens dissensuais................55 Produzir dissenso.............................................................................................................56 Inventar um povo.............................................................................................................68 Arriscar............................................................................................................................86 Capítulo 3 – Da contemporaneidade de um acontecimento estético-político.................94 O contemporâneo como outra relação entre arte e política...........................................100 Câncer como acontecimento: comunidade estética por vir...........................................108 Considerações finais......................................................................................................122 Referências bibliográficas.............................................................................................126 Referências das conversas.............................................................................................131 Referências documentais...............................................................................................131 Referências filmográficas..............................................................................................131 7 Introdução Que vibrações a obra de arte nos provoca? Que faz da experiência estética uma operação política no mundo? Talvez esteja a todo o momento falando disso nas páginas que seguem. A preocupação não seria tanto responder às questões, mas se deixar arrastar por elas, deixar-se encaminhar para os problemas que elas fazem proliferar, do ponto de vista conceitual, estético, metodológico e político. Não se trata de solucionar, então, mas de tentar instalar-se

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