UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Luciana Silva Wolf DIÁLOGO

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Luciana Silva Wolf DIÁLOGO CONCRETO design gráfico e construtivismo no Brasil na década de 1950 São Paulo, 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Luciana Silva Wolf DIÁLOGO CONCRETO: design gráfico e construtivismo no Brasil na década de 1950 Dissertação apresentada ao Programa Interunidades de Pós-Graduação em Estética e História da Arte dentro da linha de pesquisa História e Historiografia da Arte para a obtenção do título de mestre Orientador: Prof. Dr. José Eduardo de Assis Lefèvre São Paulo, 2009 FOLHA DE APROVAÇÃO Luciana Silva Wolf DIÁLOGO CONCRETO: design gráfico e construtivismo no Brasil na década de 1950 Dissertação apresentada ao Programa Interunidades de Pós-Graduação em Es- tética e História da Arte da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre. Linha de Pesquisa: História e Historiografia da Arte Aprovado em: BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. José Eduardo de Assis Lefèvre Instituição: FAU-USP Assinatura: _________________________________________________ Prof.(a) Dr(a): Instituição: Assinatura:___________________________________________________ Prof.(a) Dr(a). Instituição: Assinatura:___________________________________________________ DEDICATÓRIA Aos meus pais, Adroaldo Wolf e Helenice Silva Wolf, pelo apoio que sempre me proporcionaram, e que foi fundamental para a realização deste projeto. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. José Eduardo de Assis Lefèvre, pelo reconhecimento ao meu trabalho. Ao MAC-USP por tornar possível a realização deste projeto e aos profes- sores, do Programa Interunidades de Pós-Graduação em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo, pela dignidade de ensinar. RESUMO A pesquisa aborda um grupo de artistas/designers gráficos na década de 1950 no Brasil, mais precisamente no eixo Rio–São Paulo, que trabalhou os pressupostos da arte concreta, importando modelos europeus construtivistas e funcionalistas e adaptando-os e inserindo-os à realidade brasileira da época. O trabalho investiga as principais correntes estéticas que dialogaram com a arte concreta brasileira e percorre os eventos culturais que estiveram diretamente ligados ao movimento de arte concreta no Brasil. A partir de análises de obras e projetos gráficos de cinco artistas – Antônio Maluf, Alexandre Wollner, Geraldo de Barros, Amilcar de Castro e Willys de Castro – que estiveram direta ou indire- tamente ligados ao movimento de arte concreta, o trabalho apresenta o diálogo entre arte, design gráfico e o construtivismo brasileiro, o que possibitou maior acesso à arte por meio de veículos de comunicação de massa. PALAVRAS CHAVES: construtivismo; arte concreta; design gráfico; proje- to industrial; funcionalismo; Brasil; Antônio Maluf; Alexandre Wollner; Geraldo de Barros; Amilcar de Castro; Willys de Castro. ABSTRACT This project presents a group of Brazilian’s artists/ graphic designers, in the 1950 decade, more precisely in São Paulo and Rio de Janeiro, where they worked out the purposes of the concrete art, importing constructives and func- tionals European models and adjusting them to Brazilian reality at that time. The project investigates the main esthetic ideas in connection to the Brazilian concre- te art and analyses the cultural events directly linked to such movement. Based on the analysis of works of art and graphic projects from five artists – Antônio Maluf, Alexandre Wollner, Geraldo de Barros, Amilcar de Castro and Willys de Castro – that were directly or indirectly connected to the Brazilian concrete art movement, the project shows the dialogue between art, graphic design and the Brazilian constructivism, which made art more popular by using art on the mass printed medias. KEY WORDS: constructivism; concrete art; graphic design; industrial pro- ject; functionalism; Brazil; Antônio Maluf; Alexandre Wollner; Geraldo de Barros; Amilcar de Castro; Willys de Castro. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 1. ANTECEDENTES IMEDIATOS 5 1.1. DESIGN VISUAL: CONFLUÊNCIA DE IDÉIAS ENTRE 6 CONSTRUTIVISMO, DE STIJL E BAUHAUS 1.2. A INDÚSTRIA GRÁFICA E O DESIGN VISUAL 25 BRASILEIRO ATÉ 1950 2. ACONTECIMENTOS CULTURAIS RELEVANTES PARA O 40 DESENVOLVIMENTO DO DESIGN VISUAL BRASILEIRO NA DÉCADA DE 1950 2.1. CONTEXTO HISTÓRICO: A DÉCADA DE 1950 NO BRASIL 41 2.2. RUPTURA E ARTE CONCRETA 44 2.3. IAC, BIENAIS E HfG 50 3. DIÁLOGO CONCRETO: DESIGN GRÁFICO E 60 CONSTRUTIVISMO NO BRASIL 3.1. ARTISTAS CONCRETOS PIONEIROS DO 61 DESIGN VISUAL BRASILEIRO 3.1.1. ANTÔNIO MALUF (1926-2005) 64 3.1.2. O DIÁLOGO DE ANTÔNIO MALUF 67 3.2.1. ALEXANDRE WOLLNER (1928- ) 76 3.2.2. O DIÁLOGO DE WOLLNER 81 3.3.1. GERALDO DE BARROS (1923-1998) 88 3.3.2. O DIÁLOGO DE GERALDO 93 3.4.1. AMILCAR DE CASTRO (1920-2002) 99 3.4.2. O DIÁLOGO DE AMILCAR 103 3.5.1. WILLYS DE CASTRO (1926-1988) 112 3.5.2. O DIÁLOGO DE WILLYS 117 CONSIDERAÇÕES FINAIS 127 INTRODUÇÃO • 1 INTRODUÇÃO No início da década de 1950, no Brasil – mais precisamente no eixo Rio–São Paulo –, artistas/designers trabalharam os pressupostos da arte concreta impor- tando modelos europeus construtivistas e funcionalistas. O presente trabalho per- corre esse momento da história e apresenta as principais correntes estéticas que dialogaram com a arte concreta brasileira e com os artistas e designers gráficos concretistas brasileiros. Serão abordados, então, os movimentos vanguardistas de caráter cons- trutivo que surgiram no início do século XX na Europa. Apesar do termo “cons- trutivismo” remeter diretamente ao construtivismo russo, outros movimentos de vanguarda também trabalharam de formas diferentes os conceitos de cons- trução concreta, a partir da geometria e da precisão da funcionalidade. Dentre esses movimentos, será destacado o De Stijl, e dentre as escolas de design, a Bauhaus, na Alemanha. Com a expansão industrial, conceitos de padronização, serialização e racio- nalização começaram a ser aplicados em objetos utilitários1. Porém, os ideais fun- cionalistas que estiveram em evidência na arte européia durante as décadas de 1920 e 1930 só chegaram ao Brasil e foram sistematicamente discutidos a partir de 1950, por intermédio do suíço Max Bill. Entretanto, antes de 1950 já havia no Brasil uma indústria gráfica consoli- dada, com artistas/designers atuantes no mercado de livros, periódicos e outros impressos. Optou-se, aqui, por atribuir o mérito de pioneirismo àqueles que esti- veram ligados ao movimento concreto, não somente pela riqueza de sua produção e pela importância para o repertório gráfico do nosso país, mas pela consciência com que aplicaram as artes às necessidades da indústria e da realidade do país à época. 1 HESKETT, John. Desenho industrial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. INTRODUÇÃO • 2 A década de 1950, em destaque neste trabalho, foi de renovação de valores artísticos, morais, políticos e econômicos. Na admirável busca por expressar os sentimentos desse novo mundo, alguns artistas ligados direta ou indiretamente ao movimento concreto optaram por uma busca estética que aliou elementos construtivos à cultura popular brasileira. Com um cenário político favorável e com os acontecimentos culturais da dé- cada de 1950, os artistas concretos atuantes no Brasil encontraram um terreno fértil para aplicar os postulados concretos recém-chegados da Europa ao país e uniram a arte à indústria por meio do design gráfico. Naquele momento, o Brasil passava por um período de transição no qual se desejava criar condições para que a indústria nacional firmasse uma posi- ção de suma importância na economia. O projeto governamental para o desen- volvimento da indústria envolvia a importação de tecnologias e a entrada de investimentos estrangeiros. Para atender à demanda por profissionais, o go- verno incentivou o sistema educacional com o intuito de proporcionar um aper- feiçoamento tecnológico2. No governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), foi elaborado o Plano de Metas, que buscava alcançar o desenvolvimento global do Brasil. Sua política intensificou o processo de importação de tecnologia e teve ampla participação do Estado. No âmbito do design gráfico, destacaram-se algumas iniciativas para o seu ensino, embora este fosse ainda muito incipiente. Iniciaram-se no Museu de Arte de São Paulo (Masp) as primeiras atividades envolvendo o design, sendo inau- gurado em 1951 o Instituto de Arte Contemporânea (IAC). A escola foi a primeira experiência do ensino do design, de nível profissionalizante, no Brasil. Após apresentar os movimentos europeus que refletiram e dialogaram com o meio artístico brasileiro na década de 1950, serão apresentadas a entra- da dos ideais concretistas no Brasil e sua repercussão no meio artístico, com 2 NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalação. Rio de Janeiro: 2AB, 1997. INTRODUÇÃO • 3 relevância aos eventos culturais que impactaram diretamente na arte concreta e na emergência do design gráfico construtivo no Brasil. Esses ideais funcio- nalistas passaram pela Bauhaus e explodiram na Hochschüle für Gestaltung, (HfG – Escola da Forma de Ulm), ambas na Alemanha. Focavam a arte apli- cada ao cotidiano e chegaram ao Brasil no início da década de 1950. Max Bill, artista e arquiteto suíço – e primeiro diretor da HfG – divulgou e trabalhou os postulados da arte concreta no Brasil. A Escola Superior da Forma de Ulm, se- gundo Rogério Câmara, buscava o caráter específico próprio da linguagem do design, tendo como ponto de partida a racionalização da produção3. Por meio da escola de Ulm, Bill “delinearia o conceito de design como ponto de conver- gência ente arte e técnica, pelo qual seria

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