Rita Lee Moda Jones Instituto Europeo di Design – São Paulo – 2014 Andrea de H.M.I. Giordano - Juliana Borelli Borella – Juliana Mendes de Oliveira BORELLA, Juliana Borelli Rita Lee Moda Jones/Juliana Borelli Borella GIORDANO, Andrea de Haro Miguel Ippolito, OLIVEIRA, Juliana Mendes de São Paulo, SP, 2014. Nº de folhas.: il.(se houver ilustração); 30 cm. Trabalho de Conclusão de Curso em Design de Interiores Master do Instituto Europeo di Design de São Paulo, 2014 Orientação: Alexandre Salles 1. Introdução. 2. Rita Lee e a Moda. 3. Rita Lee e as tendências. 4. A Moda Palco 5, Estudos de Caso 6. Rita Lee Moda Jones 7, O projeto 8. Consluão I. Borella, Juliana Borelli. II. Giordano, Andrea de Haro Miguel Ippolito. III. Oliveira, Juliana Mendes, Alexandre Salles, (orient.). IV. Instituto Europeo di Design de São Paulo - IED. V. Título. Inclui anexos e bibliografia Ao amor e ao apoio de nossas famílias O objetivo deste trabalho é abordar a vida da Rita Lee através do viés da Moda, pois entendemos que é um tema recorrente tanto na sua carreira artística, como em sua vida pessoal. Através da participação da cantora no mundo fashion, foi traçada uma cronologia que demonstra a evolução e a riqueza de seus figurinos. A estrela do Rock não segue as tendências da moda à risca, mas também não a despreza. Ela faz da Moda uma ferramenta para demonstrar sua personalidade e sua irreverência. Rita Lee possui um jeito único de atrair olhares, de conquistar público, de emitir opiniões, de ser Rita Lee. PALAVRAS-CHAVES: RITA LEE; MODA; ROCK; TENDÊNCIAS; FIGURINOS The objective of this work is to approach Rita Lee´s life through a fashion bias, as we understand that it is a recurrent subject of her carreer, as well as of her personal life. By Rita Lee´s participation in the fashion world, it has been traced achronology that shows the evolvement and richness of her clothing. The rock star does not follow strictly the fashion tendencies, but also does not despise them. She turns the fashion into a tool to show her personality and her irreverence. Rita Lee has an unique way to attract the looks, to conquest the public, to speak her opinions out, to be Rita Lee. KEYWORDS: RITA LEE; FASHION; ROCK; TENDENCIES; CLOTHINGResumo. 1. Introdução______________________________________________________________01 2. Rita Lee e a moda________________________________________________________05 3. Rita Lee e as tendências___________________________________________________21 4. A moda palco___________________________________________________________35 5. Estudos de Caso_________________________________________________________49 6. Rita Lee Moda Jones______________________________________________________61 7. O Projeto_______________________________________________________________77 8. Conclusão_____________________________________________________________107 9. Bibliografia____________________________________________________________109 sumario Rita Lee Moda Jones Introducao 1 2 Rita Lee sempre viveu na moda, mas nunca foi escrava da mesma. Ela não faz questão de seguir as tendências, e consegue atingir esse objetivo, sem mesmo almejá-lo. Como ela mesma disse em uma entrevista: “Gosto de figurino, moda, fantasia. São prazeres para mim. Sempre me preocupei com isso em shows”. Desde o começo de sua carreira, Rita teve cuidado com a sua imagem, uma vez que ela era a tradução dos seus valores, de seus ideais, de seus sentimentos, enfim, de sua personalidade. Por muitas vezes, Dona Romilda, sua mãe, foi quem materializou esses desejos e valores. Com seus cabelos vermelhos e os óculos redondos, Rita Lee conquistou e marcou diversas gerações. Contudo, nem sempre o look da cantora foi este. O intuito deste trabalho é mostrar a irreverência de uma mulher que é única, não apenas na maneira como se veste, mas na maneira como se comporta, como influência e conquista seu espaço. E essa influência não acontece apenas no Universo da Música. 3 4 Rita Lee e a Moda 5 Imagem 1: Momentos da Fenit e a coleção Rhodia 6 Os primeiros contatos que a cantora Rita Lee teve com a moda forma dentro de sua casa, com grande auxílio de Dona Romilda, sua mãe. Afinal, Rita solicitava ajuda da mãe para produzir seus primeiros figurinos de shows. Contudo, a relação com a moda ficou mais estreita quando Rita participou dos eventos da Rhodia. Os desfiles shows promovidos pela Rhodia, nos anos 60, no Brasil, tiveram um impacto e uma importância que vai além do mundo da Moda. Os desfiles aconteciam dentro da FENIT (Feira Nacional da Indústria Têxtil), e tinham como objetivo principal promover os fios e os tecidos sintéticos, contudo, a produção envolvia diversas classes artísticas: artistas plásticos, cantores, músicos, maestros, coreógrafos, bailarinos, técnicos, fotógrafos, desenhistas de moda, manequins, e influenciou, diretamente, a formação cultural brasileira da década de 60. “Por intermédio dos desfiles de Moda dos anos 60 no Auditório de Desfiles da Rhodia - Indústria Química e Têxtil, toda uma geração aprendeu técnicas e a ciência de ser e vender: a surpresa que foi para os artistas plásticos a procura de seus desenhos para serem utilizados em estamparia e depois transformados em tecido para vestidos era inédita na história das artes plásticas no Brasil, quando até então a venda não era para o consumo público mas para as espessas paredes dos museus”. (Cyro del Nero, para a exposição Metamorfose do Consumo, Itaú Cultura, 1999). A FENIT era realizada em São Paulo, nos Pavilhões do Ibirapuera, pela Alcântara Machado, e teve sua primeira edição de15 a 30 de novembro 1958, e foi um fracasso. A partir de 1959, a feira recebeu o financiamento maciço, apoio logístico e criativo da Rhodia, e tornou- se um sucesso. A Rhodia passou a expor na Fenit em 1960, ano em que o total de visitantes saltou da média de 30 mil para 61.380 visitantes. 7 Por trás desse sucesso da Rhodia, estava Lívio Ragan, um italiano radicado no Brasil, que tornou-se gerente de publicidade e promoção da Rhodia. Lívio Ragan chegou a empresa francesa, porque produzia espetáculos de ballet e estava atrás de patrocínio. Entre 1960 e 1970, Livio Ragan transformou os desfiles em eventos principais da feira e contribuiu para o desenvolvimento e transformação da cultura brasileira, não apenas no âmbito da indústria têxtil e da moda, mas ativando questionamentos sobre artes visuais, design, literatura, artes corporais, música. Lívio Rangan tinha a missão de transformar o gosto do brasileiro no que dizia respeito à moda, fazer o país consumir tecidos e fios sintéticos não apenas em roupas íntimas. Simultaneamente, ele inseriu a lógica de consumo de moda em escalda industrial. Para isso, recorria a três ferramentas de marketing e publicidade: publicidade das tecelagens e confecções, financiamento e apoio das manifestações culturais nacionais e organização dos desfiles. “Campanhas demonstrando a versatilidade e a praticidade da roupa com fio sintético não eram propriamente inéditas: o que Lívio fez foi incorporar à estratégia uma produção cuidadosa e profissionalizada, passando a vender “tanto o fio sintético, quanto a identidade de sua marca”. E para dar cara à moda da Rhodia, teve que engendrar uma identidade para a própria moda brasileira, até então, feita à imagem e semelhanças de matrizes europeias. Lívio incursionou inicialmente por um terreno – repetido por muitos – da tradição, do folclore e símbolos típicos: mas fez isso com articulação e bons resultados” (BRAGA;PRADO,2011:328). Os desfiles da Rhodia além de lançar as tendências internacionais da moda por todo o país tornaram-se mega eventos, com espaços de espetáculos, relacionando-se, intimamente, com as artes performáticas. Dentro deste contexto das performances e da música, Lívio que era amigo de André Midani, presidente da Philips, costumava se reunir com ele para sugerir nomes de artistas, sempre que uma nova superprodução da empresa era planejada. Num desses encontros, no início do ano de 1970, sentiu o interesse especial de Lívio em Rita Lee, a então vocalista do grupo Os Mutantes. 8 Imagem 2: Rita Lee com Tonico e Tinoco na 11ª UD. Imagem 3: Rita Lee com os figurinos do show Nhô Look 9 Os Mutantes, que haviam estourado nas paradas com a música “Ando Meio Desligado”, eram os convidados especiais da 10ª UD (Feira de Utilidades Domésticas). A coleção batizada de Moda Mutante, devido à maneira jovem, alegre e irreverente do trio, expressava todos os conceitos que a marca queria transmitir. Seus espetáculos diários foram apresentados durantes três semanas consecutivas. Rita Lee se destacou nessa apresentação e despertou o interesse de Lívio Ragan. Definitivamente, chamou a atenção! Assim, em abril de 1970, é convidada a ser estrela da 11ª UD. Ela era Ritinha Malazarte, garota interiorana que cantava, dançava e desfilava a moda Nhô Look, acompanhada por músicos regionais, dançarinos folclóricos e duplas caipiras, incluindo Tonico e Tinoco. “A moda Nhô Look, porém, observava pouco ou nada das tradições de vestir rurais brasileiras: “A coleção exibida por Rita [...] adaptava para o contexto brasileiro a moda paysan, inspirada no vestuário das camponesas europeias”. Fosse como fosse, Rita agradou em cheio: foi até convidada por uma confecção para lançar uma coleção de roupas com sua marca – que não teve maior repercussão. Mais importante que isso, ela ganhou papel principal do show- desfile da Rhodia na Fenit de agosto daquele 1970.” (BRAGA;PRADO,2011:344). O show BuildUp Eletronic Fashion Show tinha como enredo uma garota que sonhava em ser uma grande estrela e mostrava os bastidores do mundo da comunicação de massa e da propaganda, através de um cenário que reproduzia uma agência de publicidade, cujos clientes eram, na verdade, os 14 patrocinadores do espetáculo, caso dos postos de gasolina Esso, do cigarro Hollywood, do rum Bacardi, do uísque OldEight, da bicicleta Caloi, da revendedora de automóveis Bino-Ford, Bloch Editoras, Maizena, Ford-Bino, Philips Iluminação, Pan American , entre outros. O elenco também era enorme, além das manequins da Rhodia, contavam com um balett, atores como Paulo José e cantores, como Jorge Ben, Juca Chaves e Tim Maia. 10 Imagem 4: Show Build Up Mais uma vez, Rita saiu-se bem.
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