CARTA DOS EDITORES “Toda ideia de país resulta de uma construção ideológica”. São com essas provocadoras pa- lavras que o Embaixador Rubens Ricupero, em seu livro “A diplomacia na construção do Brasil”, discute a formação da identidade nacional. Se as bases de nossa atuação externa foram, em grande medida, consolidadas pelo Barão do Rio Branco, nossa mais recente “ideia de país” é em muito influenciada pela Constituição Federal de 1988. Fruto de uma euforia advinda do fim de um longo regime autoritário, a Constituição é a imagem de uma sociedade que se pretende democrática, pacífica e promotora da equidade social. Ao dialogar com a função simbólica da Carta, a décima edição da Revista Juca propôs-se a discutir os avanços reais da Constituição na esteira das comemoração de seus trinta anos de exis- tência. Além de entrevistarmos atores políticos relevantes nesse processo e discorrermos sobre ele, questionamos a nós mesmos: consideramos que os alunos-diplomatas, espraiados por páginas e páginas da Juca, são consequência inexorável da Constituição de 1988. Refletir sobre ela é, por- tanto, ruminar sobre política externa brasileira, sobre os rumos da política interna e sobre nosso papel numa democracia que, embora adulta, enfrenta uma luta cotidiana para consolidar-se. Es- crever sobre a Constituição de 1988 acaba por ser autorreferente: trata-se de entender um pouco mais sobre nós. Tal como em suas edições anteriores, a Revista Juca continua a ser um esforço de representa- ção dos novos integrantes da carreira diplomática. Ela acaba, igualmente, por refletir as mudan- ças institucionais na formação dos novos diplomatas brasileiros. Com a redução da extensão do curso, os esforços para a publicação da Revista Juca principiam no intervalo das primeiras lições de “Política Internacional I”, mas apenas terminam ao longo de nossa primeira lotação. Isso aca- ba por refletir nos temas abordados na revista: artigos como “Cooperação em saúde no BRICS: símbolo de um novo ciclo de atuação do agrupamento” e “A Plataforma para o Biofuturo e a nova diplomacia brasileira da bioenergia” são fruto de uma inquietação intelectual que tem como base o trabalho cotidiano dos novos diplomatas nas respectivas divisões. Há, igualmente, artigos que exibem a vida profissional pregressa de seus autores, tais como “Relações Brasil-URSS, Primeiro Ato” e “O início dos Amores”. De certo modo, a Juca é a soma do que fomos, do que somos e do que almejamos ser. A publicação, sem nenhum descontinuidade, da décima edição da Revista Juca é motivo de celebração. Muitas publicações não sobreviveram aos dez anos de existência. A Juca, por sua vez, perseverou. Ano após ano, uma equipe de diplomatas aprende as bases da editoração, muitas ve- zes sem experiência prévia, para exercer uma das maiores conquistas da Constituição de 1998: a liberdade de expressão. O resultado soma-se aos esforços de suas antecessoras e, esperamos, estimula as próximas turmas a seguir adiante. A todos, desejamos uma boa leitura! Expediente Agradecimentos JUCA Ministro de Estado das Relações Exteriores, Senhor Aloysio Nunes Edição 10 / 2018 Ferreira, Secretário-Geral das Relações Exteriores, Embaixador Instituto Rio Branco Marcos Bezerra Abbott Galvão, Diretor-Geral do Instituto Rio Branco Impressa em Brasília (2016-2018), Embaixador José Estanislau do Amaral Souza Neto, atual Brasil Diretora-Geral do Instituto Rio Branco, Embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan. EDITORES HONORÁRIOS Embaixador José Estanislau do Amaral Deputada Benedita Souza da Silva Sampaio. Souza Neto Embaixadora Gisela Maria Figueiredo Embaixador Eduardo Paes Saboia, Embaixadora Eugênia Barthelmess, Padovan Embaixador Norberto Moretti, Embaixador Sílvio José Albuquerque e EDITORA-CHEFE Silva. Maria Eduarda Paiva Ministro Felipe Hees, Ministro Sérgio Barreiros de Santana Azevedo. EDITORA-EXECUTIVA Isadora Loreto da Silveira Conselheiro Bruno de Lacerda Carrilho, Conselheiro Cícero Tobias de EDITORES DE ARTE Oliveira Freitas, Conselheiro Francisco Eduardo Novello, Conselheiro Mariana Marshall Parra Pedro Barreto da Rocha Paranhos George de Oliveira Marques, Conselheiro João Mauricio Cabral de Mello, Conselheiro Ronaldo Alexandre do Amaral e Silva, Conselheira EDITORES DE DOSSIÊ Ellen Cristina Borges Londe Mello Viviane Rios Balbino. Arthur Cesar Lima Naylor Secretário Danilo Vilela Bandeira, Secretário Diogo Ramos Coelho, EDITORES DE ENTREVISTAS João Soares Viana Neto Secretário Felipe Krause Dornelles, Secretário Felipe Neves Caetano Ramiro Januário dos Santos Neto Ribeiro, Secretário Filipe Correa Nasser Silva, Secretário Henrique EDITOR DE DIPLOMACIA E POLÍTICA Choer Moraes, Secretária Laís de Souza Garcia, Secretário Luiz de INTERNACIONAL Andrade Filho, Secretário Pedro Mendonça Cavalcante, Secretário Wallace Medeiros de Melo Alves Vismar Ravagnani Duarte Silva, Secretária Yukie Watanabe. EDITOR DE CULTURA E ARTE Guilherme Fernando Rennó Kisteumacher Senhor Adriano César Santos Ribeiro, Senhor Carlos Alexandre Fernandes Considera, Senhora Dieime Simões de Souza Madureira, EDITOR DE MEMÓRIA DIPLOMÁTICA Adriano Bonotto Senhora Giovanna Cerqueira Lombardo, Senhor Iuri Medeiros de Jezus, Senhora Natanni Fernandes Santiago, Senhor Rafael Lima Barbosa. EDITORA DE ENSAIOS E RESENHAS Mariana Marshall Parra EDITORA DE TRADUÇÕES Camilla Corá DIAGRAMAÇÃO Helkton Gomes CAPA Arquivo da Câmara dos Deputados Sumário DIPLOMACIA E MEMÓRIA DIPLOMÁTICA DOSSIÊ POLÍTICA INTERNACIONAL Quem foi Bertha Lutz? – 78 Camilla Corá e Sarah Venites Apresentação do A plataforma para o biofuturo e a nova Dossiê – 04 diplomacia brasileira da bioenergia – 58 Os Editores 3006 Massachusetts Avenue: Adriano Bonotto A relação Brasil-EUA nas memórias de diplomatas Os impactos da Constituição de 1988 nas Cooperação em saúde no BRICS: Políticas Sociais – 06 brasileiros – 88 símbolo de um novo ciclo de atuação do Filipe Nasser e Wallace Alves Camilla Corá, Isadora Loreto e Maria agrupamento – 62 Eduarda Paiva Ramiro Januário dos Santos Neto e Isadora Diplomacia, soberania e estratégia: a Loreto da Silveira Contrato Social Antieconômico? A relação atuação do Barão do Rio Branco na ambígua entre a Constituição Federal e a Questão do Acre (1902-1903) – 98 Mercosul e Venezuela: Direito e Guilherme Fernando Rennó Kisteumacher economia – 14 Democracia – 68 Arthur Cesar Lima Naylor Riane Laís Tarnovski Relações Brasil-URSS, Primeiro Ato: A Chancelaria Brasileira Frente à Dupla Da Discriminação Racial no Direito Brasil e os países do Conselho de Internacional e na Constituição Federal Revolução de 1917 – 108 Cooperação do Golfo – uma análise das Marcelo Laraburu de 1988 – 18 relações históricas e perspectivas – 72 Ramiro Januário dos Santos Neto Al-Anoud Al-Sabah CULTURA E ARTE Muitos tons de verde: o longo e acidentado caminho do meio ambiente até a RESENHAS Constituição – 22 Athos Bulcão e Arthur Cesar Lima Naylor “Eu cruzaria a cidade em bicicleta só para o mundo ao te ver dançar”: resenha de “Jóquei”, de seu redor – 126 Matilde Campilho – 114 Vismar Ravagnani Isadora Loreto da Silveira ESPECIAL 10 ANOS Um estadista brasileiroo no DE JUCA Resenha: “Madame President – The país do sol nascente: um pioneiro extraordinary journey off EEllenllen da diplomacia pública – 130 Celebrando as “ficções da memória”: Johnson Sirleaf” – 118 Daiki Inaba lembranças afetivas dos dez anos da Mariana Marshall Parra JUCA – 26 “Os Embaixadores” de Camilla Corá, Maria Eduarda Paiva e “Lima Barreto – Hans Holbein e a Wallace Medeiros de Melo Alves triste visionário” desordem mundial – 134 Lilia Moritz Schwarczcz – 122122 Guilherme Fernando Rennó Kisteumacher Maria Eduarda Paiva O início dos amores: Império e ENTREVISTAS militarismo na poesia – 138 Hudson Caldeira Brant Sandy “Ser ministro das Relações Exteriores é Benedita da Silva estar no lugar onde a atividade política, “Eu nunca vi, no Brasil, um momento tão em sua acepção mais elevada, é exercida. rico quanto o da Assembleia Nacional É uma enorme fonte de satisfação”: Constituinte[...]. DIVERSOS Entrevista com o ministro Aloysio Nunes Eu passei por um momento de grande Ferreira – 36 emoção.” – 44 Na Itaipu, Isadora Loreto da Silveira, João Soares Elaine Cristina Pereira Gomes; Igor Goulart o traço todo Viana Neto, Maria Eduarda Paiva e Ramiro Teixeira; Rafaela Seixas Fontes; Ramiro da diplomacia – 144 Januário dos Santos Neto Januário dos Santos Neto; Rodrigo Cruvinel Maria Eduarda Paiva Barenho e Rodrigo Ponciano Guedes Bastos dos Santos. A OMC em águas turbulentas – 152 “Você conhece algum diplomata brasileiro Pedro Gazzinelli Colares negro?”: Entrevista do embaixador Silvio José Albuquerque e Silva à revista JUCA – 50 João Soares Viana Neto DOSSIÊ 5 Apresentação Escolher a Constituição como tema do Dossiê desta JUCA foi até certo ponto fácil. Não é apenas que as efemérides se consolidaram, ao longo dos dez anos da revista, como critério preferencial na hora de esco- lher o assunto de sua seção mais importante. É também que, embora 2018 seja um ano pródigo em celebrações relevantes, como provam o centenário do fim da 1a Guerra e os 50 anos das revoltas juvenis que abalaram o mundo, os 30 anos da Constituição são um tema que muito de perto diz respeito a nós, jovens diplomatas, por afinidade tanto geográfica quanto geracional. Não é exagero dizer que somos os filhos da Constituição, do Brasil que ela refletiu e do Brasil que ela sonhou, passa- do e futuro entrelaçando-se nas múltiplas possibilida- des de um presente que estamos permanentemente a construir. Contudo, além de homenagear uma tradição edi- torial já enraizada, a escolha
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