Bernardo Vieira de Melo 32º Mandatário do Rio Grande do Norte 32º (trigésimo segundo) governante da Capitania do Rio Grande do Norte 1695 (Único mandato) 1701 Precedido por Sucedido por Agostinho César de Andrade Antônio de Carvalho e Almeida Nasceu na freguesia de Muribeca-PE, na segunda metade do século XVII, filho do homônimo Capitão de Ordenanças Bernardo Vieira de Melo e d. Maria Camelo de Melo. Militar, consta que de sua folha de serviços prestados à Capitania de Pernambuco resultaram galardões e recompensas, inclusive o foro de Cavaleiro Fidalgo da Casa Real e o posto de Capitão-mor da Vila de Igaraçu (1691). Rico proprietário do Engenho “Pindobas”, na freguesia de Ipojuca-PE, pertencia à nobreza rural pernambucana, e foi importante chefe militar na expedição que destruiu o Quilombo dos Palmares (fev., 1694, na Serra da Barriga, no atual município de União dos Palmares-AL). Em ato de 8 de janeiro de 1695 foi nomeado Capitão-mor da Capitania do Rio Grande mas não se sabe, conforme dito anteriormente (V. verbete AGOSTINHO CÉSAR DE ANDRADE) a data de sua posse, que terá ocorrido, provavelmente, em princípios daquele mesmo ano, segundo informa CÂMARA CASCUDO (1984, p. 443), enquanto TAVARES DE LIRA informa que documentos irrecusáveis provam que em 4 de julho de 1695 já governava Bernardo Vieira de Melo (1982, p. 104). O certo é que permaneceria no cargo por largo período: O Senado da Câmara solicitou, em de 2 de fevereiro de 1697, sua recondução, sendo atendido em Carta Régia de 18 de novembro do mesmo ano. Governou até 14 de agosto de 1701 (CÂMARA CASCUDO, op. cit., p. 443). A decisão da Metrópole fundamentara-se no fato de que, em sua primeira administração, nela se houve com mui zelo e boa disposição. Em sua administração fundou o Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres, em Açu (abr., 24, 1696), designando para o seu comando Teodoro da Rocha, e estimulou a fixação de colonos no âmbito da Capitania, inclusive compelindo os proprietários de vastas sesmarias, mesmo residindo longe da jurisdição – em Pernambuco, às margens do São Francisco e, até na Bahia –, a ocuparem suas concessões, sob pena de delas serem destituídos. Pacifista, defendeu o direito dos nativos, protegendo-os das ciladas do Mestre-de- campo do Terço dos Paulistas, Manuel Álvares de Morais Navarro, que tramava opor os janduís aos paiacus, todos aldeados, a fim de obter presas de guerra. Este – Morais Navarro –, foi preso e processado. Na vigência da gestão de Bernardo Vieira os indígenas tiveram acrescida em suas respectivas missões uma légua em quadra, através de alvará, em forma de lei, de 23 de setembro de 1700. Também foi sua a iniciativa de a guarnição da Fortaleza dos Reis Magos passar a ser constituída apenas por gente da terra, considerando que os pernambucanos costumavam desertar. Apelou ao Rei que, em Carta Régia de 15 de janeiro de 1696, o atendeu prontamente. Concluído o mandato (ago., 1701), tornou a Recife, ali assumindo o comando do Terço de Infantaria de Linha. Anos mais tarde (1709), foi promovido a Sargento-mor do Terço dos Palmares. Em 10 de outubro de 1710 (há autores que mencionam 10 de novembro) terá feito “o primeiro pronunciamento republicano na América” no Senado da Câmara de Olinda, ato do qual resultou sua prisão e deportação para Portugal, junto com o seu filho André Vieira, sendo recolhido ao presídio de Limoeiro, em Lisboa, onde viria a falecer a 10 de janeiro de 1714. Foi sepultado no Mosteiro do Carmo, naquela capital. Informações históricas sobre o período: (1) À singular capacidade de intermediar partes contrárias, somava Bernardo Vieira intenso desejo de pôr fim àquele conflito – a tantos anos se arrastando. Conquistou a confiança dos índios, sem perder a autoridade sobre os seus comandados. Foi ele, enfim, quem concluiu aquela guerra esdrúxula e funesta para ambas as partes. No Dicionário biográfico de pernambucanos célebres, citado por TAVARES DE LIRA (op. cit., p. 104), há o registro: Diz Pereira da Costa que lhe coube a fortuna de reduzir todo o gentio a uma universal paz. (2) Quando a paz estava sendo efetivada, e disto Bernardo Vieira informava o Governador-Geral, Dom João de Lencastre (1646- 1707), deste recebeu correspondência datada de 26 de novembro de 1695, louvando tudo que o leal e valoroso vassalo fizera em serviço de Sua Majestade, diz TAUNAY, em seguida transcrevendo, a propósito da cessação das hostilidades, este trecho: A inconstância dos bárbaros sempre faz escrúpulos à firmeza de sua paz, e muito mais à vontade que mostram de aceitar a luz evangélica. Em uma e outra coisa ponha V. M. particular estudo, porque tanto deseja Sua Majestade conservar a paz com essas nações como introduzir a fé na sua gentilidade e ter segura essa Capitania. O Padre visitador da Companhia me deu conta do bom modo com que V.M. trabalha por acudir a tudo ao que não duvidarei nunca (1995, pp. 182-183). (3) “Mascate” era alusão depreciativa com que brasileiros de Olinda se referiam a portugueses comerciantes radicados em Recife, obstinadamente aferrados ao espírito de corpo, explorando a boa-fé dos menos esclarecidos e monopolizando a produção de açúcar. Daí se originaria o episódio que seria denominado “Guerra dos Mascates”, iniciado por volta de 1710. Protestos e pressões de Olinda irritavam os portugueses, que ansiavam elevar a Povoação do Recife à Vila, com o que aquela seria neutralizada. Já em 1700 o Rei de Portugal, D. Pedro II (1648-1706), indeferira a reivindicação, inclusive rotulando-a de “absurda”; mas seu filho, D. João V (1689-1750), concedeu-a, através de Carta Régia de 19 de novembro de 1709, automaticamente rompendo o vínculo político-administrativo que a sujeitava ao Senado da Câmara de Olinda, fato que precipitaria os acontecimentos, inclusive com sério atentado ao então Governador de Pernambuco, Sebastião de Castro Caldas, que abandonou o posto e fugiu para a Bahia. Bernardo Vieira, líder da ala radical, propõe no Senado de Olinda (10.11.1710), que se declarasse a Capitania de Pernambuco uma república “ad instar” (à semelhança) da de Veneza, ou da Holanda e da de Veneza, como querem outros autores. Prevaleceu a corrente contrária, a moderada, e o poder foi entregue ao Bispo, Frei Manuel Álvares da Costa. Em junho do ano seguinte (1711) há novos conflitos que culminam com novas prisões, dentre as quais as já citadas dos Vieira de Melo – pai e filho. (0BS: sugerimos, para quem queira aprofundar o assunto, acessar a obra Narração Histórica das Calamidades de Pernambuco Sucedidas desde o ano de 1707•1715, do cronista Manuel dos Santos). FONTES TAVARES DE LIRA, Augusto. História do Rio Grande do Norte, 2ª edição, com atualização gráfica do Prof. Waldson Pinheiro. Brasília: Fundação José Augusto / Centro Gráfico do Senado Federal, 1982. CÂMARA CASCUDO, Luis da. História do Rio Grande do Norte, 2ª edição. Rio de Janeiro: Fundação José Augusto / Ed. Achiamé, 1984. _____________________________________________. Govemo do Rio Grande do Norte, 1º Vol. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado / Coleção Mossoroense, Serie “C”, volume DXXVI, 1989. TAUNAY, Affonso de Escragnolle. A Guerra dos Bárbaros, 2ª edição. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado / Coleção Mossoroense, Série “C”, volume 863, 1995. Enciclopédia Barsa (elaborada sob a supervisão dos editores da Encyclopaedia Britannica), Vol. 9. Personalidades Históricas do Rio Grande do Norte (séc. XVI a XIX), Coordenação e redação Tarcisio Rosas. Natal: Fundação José Augusto - Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, 1999. MELO, Bernardo Vieira de - Nasceu na freguesia de Muribeca-PE, na segunda metade do Séc. XVII, filho do Capitão de Ordenanças Bernardo Vieira de Melo e de d. Maria Camelo de Melo. Militar, de sua folha de serviços prestados à Capitania de Pernambuco resultaram galardões e recompensas, inclusive o foro de cavaleiro fidalgo da Casa Real e posto de Capitão-mor da Vila de Igarassu. Foi senhor de engenho de Pindobas, na freguesia de Ipojuca (Capitania de Pernambuco), e participou da campanha para a conquista do Quilombo dos Palmares. Em ato de 08.01.1695 foi nomeado Capitão-mor da Capitania do Rio Grande. Fundou o Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres (Açu, 1696), fortificando toda a região e erguendo, ali, um novo presídio. Concluída sua administração, a Metrópole, considerando que se houve nela com mui zelo e boa disposição..., reconduziu-o ao posto por mais três anos. A 23 de setembro de 1700, Bernardo Vieira consegue um alvará, em forma de lei, concedendo uma légua quadrada de terra a cada missão indígena, estabelecendo assim a pacificação e deixando o governo no ano seguinte. Em 10 de outubro de 1710 fez o primeiro pronunciamento republicano na América (Senado da Câmara de Olinda), ato do qual resultou sua prisão e deportação para Lisboa, junto com o seu filho André Vieira, vindo a falecer no cárcere. Fonte: “Personalidades Históricas do Rio Grande do Norte (séc. XVI a XIX), Coordenação e redação Tarcisio Rosas. Natal: Fundação José Augusto - Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, 1999. Pág. 50. Bernardo Vieira de Melo (1658-1714) foi militar e político brasileiro. Proprietário de terras e rico senhor de engenho. Foi governador e capitão-mor da capitania do Rio Grande do Norte. Um dos principais líderes do Senado da Câmara de Olinda. Foi capitão-mor da província de Igarassu. Bernardo Vieira de Melo (1658-1714) nasceu no engenho de sua família, na freguesia da Muribeca, distrito de Jaboatão, Pernambuco, no ano de 1658. Filho de Bernardo Vieira de Melo, capitão de ordenança, fidalgo e cavaleiro da Casa Real, e neto do português Antônio Vieira de Melo, primeiro nobre português que chegou ao Brasil em 1654. Militar de carreira, enfrentou índios revoltados e negros aquilombados. Lutou contra os indígenas no interior de Pernambuco, na área de Cimbres, onde os proprietários de engenhos vinham recebendo doação de terras para criação de gado.
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