Catálogo Virtual CCBB BH

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2 – – 3 – 1 Ministério da Cidadania apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina CURADORIA – CURATORSHIP EMMANUELLE DE L’ECOTAIS CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL SÃO PAULO 21.08.2019 – 28.10.2019 BELO HORIZONTE 11.12.2019 – 17.02.2020 EDITORA ARTEPADILLA Produção Apoio Realização 2 – O Ministério da Cidadania e o Banco do Brasil apresentam Man Ray em Paris, que traz um importante recorte cronológico da carreira deste fotógrafo, pintor, cineasta, criador de objetos e escultor. A exposição reúne, pela primeira vez no Brasil, quase 250 obras desenvolvidas no período em que viveu em Paris, em uma época de grande ebulição criativa. A mostra acontece nas unidades do CCBB de São Paulo e Belo Horizonte e apresenta o trabalho de um dos mais importantes artistas vanguardistas do século XX. Com ligações que passam pelo Dadaísmo e o Surrealismo, sua arte encontra grande repercussão na Paris dos anos 1920, onde diversas formas de arte floresceram e consolidaram a capital francesa como um dos maiores centros culturais do mundo à época. Ao realizar esta exposição, o Banco do Brasil reforça seu compromisso com a formação de público e a promoção de um acesso amplo à cultura, e traz ao público a oportunidade de conhecer de perto o trabalho deste artista multidisciplinar. 4 – – 5 SUMÁRIO – CONTENTS INTRODUÇÃO 9 1 _ DADA PHOTO 10 2 _ MAN RAY, INVENTOR DA FOTOGRAFIA SURREALISTA 32 3 _ A ARTE DO RETRATO 62 4 _ MAN RAY, FOTÓGRAFO DE MODA 98 5 _ FOTOGRAFAR PARIS E A NATUREZA 132 6 _ RAYOGRAFIAS 15 8 7 _ A MULHER 17 8 8 _ MAN RAY, “DIRETOR DE FILMES RUINS” 206 9 _ MAN RAY E OS OBJETOS DE SUA AFEIÇÃO 216 BIOGRAFIA 240 ENGLISH TRANSLATION | TEXTOS EM INGLÊS 248 BIBLIOGRAFIA SELECIONADA 268 FICHA TÉCNICA 270 6 – – 7 Primeira retrospectiva de Man Ray no Brasil, esta exposição procura abranger sua imensa e multiforme obra. Conhecido principalmente por sua fotografia, Man Ray também foi criador de objetos, realizador de filmes e faz-tudo genial. Ele chega a Paris em 1921, onde permanece até a Segunda Guerra Mundial e para onde retorna definitivamente em 1951. Foi nessa cidade que sua arte original se desenvolveu e mais repercutiu. Após tornar-se rapidamente fotógrafo profissional, sua obra oscila, de maneira contínua, entre o trabalho de encomenda (o retrato, a moda), de um lado, e o desejo de realizar uma “obra artística”, do outro. Integrante do grupo Dadá desde seus primeiros trabalhos em Nova York e, em seguida, figura central do Surrealismo, Man Ray manifesta, ao longo de toda a sua vida, uma atitude de diletante entretido, cultivando o acaso como algo vivaz e apaixonante, a fim de ocultar a parte atarefada de seu trabalho. Em suas palavras, “o artista é um ser privilegiado capaz de livrar-se de todas as restrições sociais, cujo objetivo deveria ser alcançar a liberdade e o prazer”. Esta exposição, por meio de quase 250 obras, entre as quais se destacam os contatos originais, não apenas elucida a lenta maturação da obra de Man Ray, como também apresenta um panorama completo de sua criatividade. Das primeiras obras dadaístas ao retrato e à paisagem, da moda às imagens surrealistas, de seus trabalhos comerciais a uma seleção de seus objetos e filmes, e à sua vontade de revelar outra realidade, reúnem-se aqui a complexidade e a riqueza do que ele nos legou. Emmanuelle de l’Ecotais Curadora 8 – – 9 1 – DADA PHOTO Em Zurique, em 1916, num país neutro no centro de uma Europa devastada, um pequeno grupo de jovens artistas se rebela contra o massacre geral e cria o movimento Dadá. Unidos pela vontade de fazer tábula rasa do que estruturava a sociedade moderna – sua organização social, seus valores (como a religião, a cultura, a arte), seus usos e seus costumes –, estabelecem o próprio governo, publicam revistas, se expõem para e contra todos, e principalmente causam escândalo. Dadá designa, portanto, um estado de espírito insolente, irônico e combativo, essencialmente antiartístico, que se reconhece em Man Ray desde 1915, e que ele mantém ao longo de toda a sua vida. Com Marcel Duchamp, então exilado em Nova York, ele decide afastar-se de técnicas pictóricas clássicas, primeiro com a colagem e a aerografia, depois com a fotografia. Juntos, inventam, em 1920, uma nova identidade para Marcel Duchamp, seu duplo feminino: maquiado, vestido de mulher diante da objetiva de Man Ray, Duchamp se torna Rrose Sélavy (que se pronuncia “Eros, isso é a vida”). Criação de pó também é fruto da colaboração entre eles, e muitas fotografias de tal época feitas por Man Ray são impressões da lógica dos ready-made de Duchamp (Integração de Sombras, Abajur etc.). Em abril de 1921, eles publicam o único número da revista New York Dada, no entanto, como Man Ray escreveria alguns anos depois para Tristan Tzara, “Dadá não pode viver em Nova York”. No verão seguinte, Marcel Duchamp encoraja Man Ray a seguir para Paris. Nova York nos envia um dos seus dedos de amor, que em breve fará cócegas na suscetibilidade dos artistas franceses. Esperemos que essas cócegas sensibilizem, uma vez mais, a ferida, já famosa, característica da sonolência cicatrizada da arte. – TRISTAN TZARA 10 – – 11 Marcel Duchamp – 1922 Impressão em gelatina e prata de época, contato original Vintage gelatin-silver print, original contact 11 x 8,5 cm Duchamp em Nova York | in New York – 1920 – 1921 Impressão em gelatina e prata de época Vintage gelatin-silver print 12 x 9 cm Marcel Duchamp com sua obra Placas de vidro rotativas | Marcel Duchamp with his work Rotary Glass Plates – 1922 Impressão em gelatina e prata de época, contato original | Vintage gelatin-silver print, original contact 12 x 9,5 cm 12 – – 13 Marcel Duchamp, Tonsura | Tonsure – 1921 Marcel Duchamp, Tonsura | Tonsure – 1921 Impressão em gelatina e prata de época, contato original Impressão em gelatina e prata de época, contato original Vintage gelatin-silver print, original contact Vintage gelatin-silver print, original contact 10 x 8,5 cm 12.7 x 10.2 cm 14 – – 15 Criação de pó | Dust Breeding – 1920 Impressão em gelatina e prata de época, contato original reenquadrado Vintage gelatin-silver print, original contact reframed 6 x 9 cm Criação de pó, detalhe | Dust Breeding, detail – 1920 Impressão em gelatina e prata dos anos 1940 Gelatin-silver print from the 1940’s 21 x 26,7 cm CRIAÇÃO DE PÓ, 1920 Man Ray conhece Marcel Duchamp (1887– de papel e chumaços de algodão que tinham 1968) em Nova York em 1915. Este, reformado, sido usados para limpar as partes concluídas, chegara havia pouco e logo se integrou ao grupo tornando-a mais misteriosa” (Boston: Little, de jovens artistas modernistas a que Man Ray Brown and Company, 1963, p. 90–1). pertencia e que gravitava em torno de Alfred A fotografia foi publicada em outubro de 1922 Stieglitz e sua Little Gallery. em Littérature, revista fundada por André Breton Pouco depois de estabelecer-se na cidade, e Louis Aragon, com o título: “Vista tomada do Duchamp começa O Grande Vidro, cuja alto por Man Ray”. E como legenda: elaboração duraria vários anos. Em torno de outubro de 1920, ele escreve para sua irmã Eis o domínio de Rrose Sélavy. Suzanne Croti, dizendo que Man Ray acabara Como ele é árido. Como ele é fértil. de fazer “uma vista aérea da criação de pó”, Como ele é alegre. Como ele é triste! resultado do acúmulo de detritos na parte inferior de O Grande Vidro, assentado em seu ateliê, Apenas mais tarde, Marcel Duchamp lhe dá antes de ser fixada com verniz. seu título definitivo. Man Ray narra o ocorrido, sem datá-lo, em A fotografia, forma instantânea de apropriação Autorretrato: “Propus a Duchamp levar minha do real, torna-se o meio ideal para explorar outra câmera, que jamais havia saído de onde morava realidade. A fraca luminosidade que obriga Man [...]. Como eu já notara, havia apenas uma única Ray a abrir ao máximo o diafragma e a ampliar a lâmpada, sem quebra-luz, pendendo sobre a sua profundidade de campo, a mudança de escala obra. [...] com a câmera firmemente fixada no e a oscilação do plano transformam o que teria tripé e uma longa exposição, o resultado seria sido apenas a reprodução banal de uma obra em satisfatório. Ao olhar a obra de cima para baixo, processo de elaboração numa estranha paisagem enquanto focava a câmera, ela se assemelhou em que o pó e os chumaços de algodão simulam a uma estranha paisagem vista por um pássaro. uma vasta extensão enevoada, ocultando Estava empoeirada e havia pedaços de lenços parcialmente vestígios arquitetônicos ininteligíveis. 16 – – 17 Marcel Duchamp, Belle Haleine Eau de Voilette [Belo Hálito Água de Veuzinho] – 1921 Marcel Duchamp como | as Rrose Sélavy – 1922 Impressão em gelatina e prata de época, contato original Impressão em gelatina e prata de época, contato original Vintage gelatin-silver print, original contact Vintage gelatin-silver print, original contact 12 x 9.5 cm 12 x 8.8 cm 18 – – 19 Marcel Duchamp – 1925 Impressões em gelatina e prata de época, contatos originais Vintage gelatin-silver prints, original contacts 9 x 6 cm (aprox., cada | approx. each) Marcel Duchamp – 1922 Impressão em gelatina e prata de época, contato original Vintage gelatin-silver print, original contact 12 x 9 cm 20 – – 21 O enigma de Isidore Ducasse | The Enigma of Isidore Ducasse – 1920 Integração de sombras | Integration of Shadows – 1919 Impressão em gelatina e prata dos anos 1980 Impressão em gelatina e prata de época, contato original Gelatin-silver print from the 1980’s Vintage gelatin-silver print, original contact 23,5 x 29 cm 9 x 12 cm Abajur | Lampshade – 1922 Impressão em gelatina e prata de época Vintage gelatin-silver print 22,8 x 19 cm 22 – – 23 COAT STAND, 1920 Há três versões diferentes desta fotografia: a primeira, sobre a qual está colado um selo branco ocultando o sexo da mulher, intitula-se Dadaphoto; a segunda, sem o selo, tem o título de Model e a terceira, em que se vê uma alteração da obra provocada pelo arrancamento do selo, intitula-se Coat Stand, que se pode traduzir por cabide.

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