O Jornal De Literatura Do Brasil

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169 DESDE ABRIL DE 2000 O jornal de literatura do Brasil CURITIBA, MAIO DE 2014 | WWW.rascunho.com.br Ê ALMEIDA D ARTE: ARTE: A literatura nos dá o poder de sonhar, especialmente na infância. Existe também a literatura que dói e que faz enxergar a dor do outro. Nada mais necessário do que o exercício da empatia nos dias de hoje, esses tempos de egoísmo.” Socorro Acioli • 4/5 INÉDITO • Limão > Motojiro Kaijii • 28 169 • MAIO_ 2014 2 Eu rECOMENDO quASE-DIárIO : : AFFONSO rOMANO de sant’anna : : LUIZ REBINSKI COLLOr, ItAMAr E FHC uMA 18.5.1991 tou no Itamaraty, na recepção de reabertura do la, relaxada. Dividida em três partes. Peguei-o UEM SOMOS CONTATO ASSINATURA DO JORNAL IMPRESSO CARTAS UEM SOMOS CollorCONTATO esteveASSINATURA na DOBiblioteca JORNAL IMPRESSO Nacional.CARTAS Uma Palácio enquanto Museu. Diplomatas por todo no passeio público quando chegou pontualmen- CONFrArIA semana de grandes emoções, preparações. Há lado. Gente importante. Diário de Minas me te com Ruth, às 11 horas, mostrei-lhe a fachada EDIÇÕES ANTERIORES COLUNISTAS DOM CASMURRO ENSAIOS E RESENHAS ENTREVISTAS PAIOL LITERÁRIO PRATELEIRAEDIÇÕESNOTÍCIAS ANTERIORESOTRO OJOCOLUNISTASuns 15DOM dias, CASMURRO tiveENSAIOS que E RESENHAS enfrentarENTREVISTAS PAIOL uma LITERÁRIO AssembleiaPRATELEIRA NOTÍCIAS OTRO OJOdeu as primeiras ideias sobre o texto jornalísti- refeita, entramos no salão recém-reformado, de centenas de funcionários, que pressionados co. Eu vinha, na ocasião de Juiz de Fora, saben- apresentei-o ao Joaquim Falcão (Fundação DE TOLOS pela CUT queriam entrar em greve de duas ho- do quase nada de jornal. Roberto Marinho) e Ricardo Gribel (Banco ras por dia, mais o sábado. Estão pensando em — Mauro, lhe digo, há uma situação en- Real), que possibilitaram a reforma. Falei-lhe, gnatius J. Reilly, protagonista tumultuar a vinda de Collor. Como a BN se tor- graçada. Depois que o Itamar virou presidente, enquanto caminhava, algo sobre a história da de Uma confraria de tolos, é nou a mais visível das instituições da cultura, não consigo falar com ele. Os ministros morrem biblioteca. Depois fomos ao 4º andar onde o es- um Quixote que ainda espera por isto atrai outros interesses. Foi tensa a reunião, de ciúme. O Antonio Houaiss quase se demitiu perava a minha diretoria para uma conversa de Ireconhecimento. Uma verdadeira mas afastei o perigo de greve e consegui que re- por isto. Com o Collor, que não conhecia, tive quinze minutos, para expor projetos, mostrar- injustiça, porque em certos momentos cebessem o aumento de 75% que estava preso, alguns contatos. -lhe alguns livros. Embora o protocolo mande do livro de John Kennedy Toole, Ignatius relativo ao dissídio de 1989. — Ah é? deixa comigo, disse ele (que é que ele sente na cabeceira, nos sentamos, com parece o neto de Quixote que suplantou A recepção de Collor era delicada. Foi o quem faz os discursos de Itamar). os outros, face a face. Mostrei-lhe o livro que a verve nonsense do antepassado com cenário escolhido para ele anunciar a mudan- Lá pelas tantas se aproxima e me diz: editamos sobre a Feira de Frankfurt; contou que altas doses de cultura e um egocentrismo ça política na área cultural, a primeira visita a — O presidente está na casa. passando pela Alemanha visitou duas das nos- sem limites, o traço mais interessante da um órgão da cultura. Eu havia dito ao Rouanet Saímos andando. Vejo a uns 30 metros sas exposições: de arte primitiva e de arte negra. personalidade do herói em questão. Ig- quando ele assumiu que a única maneira de o o presidente e sua comitiva passando pelos Ruth sempre simpática, autografando natius é glutão, preguiçoso e pesado de- presidente mudar sua imagem era fazer um dis- salões. O cerimonial abrindo passagem para seus livros, ela e FHC e Weffort — para a Se- mais para fazer qualquer coisa além de curso mudando sua política e ir pessoalmente à conduzir o presidente a uma sala para receber ção de Obras Raras. FHC e Ruth (e os paulistas teorizar contra o caos da modernidade, BN dizer isto e dar, por exemplo, um milhão de cumprimentos. Mauro me conduz para a tal em geral) não conheciam a Biblioteca Nacional. a abjeta cultura pop e a desonestidade dólares para reformas. sala. Lá três pessoas: o cardeal D. Eugenio Sal- Depois fomos aos grandes armazéns, vários an- do mundo — sobra até para os beatniks. Lá estavam autoridades várias, Brizola, go- les, o ex-ministro Saraiva Guerreiro e creio que dares de livros, uma visão que deixou a todos É um intelectual incompreendido, que vernador que aguardou Collor na porta, ao meu uma autoridade militar. O presidente chega e encantados, a verdadeira Biblioteca de Babel ainda mora com a mãe e nunca teve PIS. lado, conforme o cerimonial. A segurança passou em vez de se dirigir às autoridades vem a mim sonhada por Borges. Marcelo Alencar (gover- Mas a maré muda e Ignatius é obrigado toda a semana ensaiando exaustivamente tudo. como se a gente se conhecesse desde sempre. nador) perguntando por que não abríamos essa a arranjar emprego. Primeiro como ven- Colocaram do lado de fora uma viatura até com A última vez que falei com ele deve ter mais de parte aos leitores (coisa tecnicamente impossí- dedor de cachorro-quente, depois em CTI, além de Corpo de Bombeiros. Até médico 30 anos, nos tempos de Juiz de Fora. Pois ele vel). FHC perguntando sobre o peso daqueles uma fábrica de calças onde se mete em pessoal do presidente veio para as inspeções. veio, começou a falar sobre o Granbery, Juiz andares todos de livros e eu brincando que ago- um escândalo e acaba procurado pela Foi ótima a presença dele. Estava atento, de Fora, o Cine Central, lembrou-se de Carlos ra temos uma moeda de peso — o real, piada polícia. No final, aos vinte e tantos anos, delicado e seguro. Visitamos os grandes arma- (meu irmão), que era seu colega e fazia alguma que ele repetiu para os demais. foge de casa. Basicamente, é isso. Mas zéns (vários andares de livros) onde pude lhe estripulia trepando nas árvores da avenida Rio Depois de tomar uns sucos, fomos para quando se tem um Ignatius é o suficien- mostrar a beleza da arquitetura e as obras e os Branco (em Juiz de Fora), perguntou por ele , Seção de Obras Raras onde estavam também te. Até para ganhar um Pulitzer. estragos causados pelas chuvas, justificando as- mandou-lhe um abraço, falou que tinha estado “raros” convidados especiais, representan- sim sua visita e a verba de 300 milhões (1 mi- com a Aizinha e Renault, que foram colegas de do áreas diferentes da cultura: Ana Botafogo, lhão de dólares para os consertos). turma com Carlos. Cacá Diegues, Luiz Schwarz, Sérgio Machado, LUIZ REBINSKI Impressionante o carinho e delicadeza de As pessoas olhavam surpresas. Quan- Ênio Silveira, Tonia Carrero, Mario Machado. É jornalista e editor do jornal Cândido. Brizola com Collor. Quem diria? Descendo a do me despedi, várias se acercaram de mim. Dona Ruth logo descobriu Marina que havia escadaria, no final, Brizola ainda lhe disse algo Mauro Durante — secretário da presidência — sido sua colega no Conselho das Mulheres nos sobre a vaia encomendada pela CUT e PCdoB o mais efusivo, falando também sobre o Cine anos 80. O presidente pôde conhecer o projeto no passeio defronte: “Não ligue, sr. presidente, Central, da minha entrevista nem sei onde e me de digitalização da fantástica coleção de ma- tem ali um pessoal da CUT”. prometendo mandar uma cópia… pas antigos, experimentou computadores que E Collor: “Ah, isso é desenho animado, já executa as partituras das músicas que temos CARTAS conheço”. E desceu tranquilo. 21.01.1995 no nosso acervo. Os jornais deram maior destaque. Idem Fernando Henrique foi à BN acompanha- Ficou meia hora mais do que o previsto, : : [email protected] : : TV. Só a Folha no lugar de ressaltar a impor- do de Dona Ruth, Weffort (ministro) e Marcelo tudo tranquilo, ele fazendo um discurso final tância política e cultural do evento, preferiu dar Alencar (governador). É o segundo presidente de agradecimento. Foi importante sua visita. foto da manifestação. que recebemos. O primeiro foi Collor, quando Tem um valor simbólico. Colocar o livro/leitu- começou a fazer as pazes com a cultura e os in- ra/bibliotecas no centro da política do governo UEM SOMOS CONTATO ASSINATURA DO JORNAL IMPRESSO CARTAS IMpOrtANtE 21.05.1994 telectuais, sendo Rouanet então secretário de — essa é minha intenção ao trazer autoridades EDIÇÕES ANTERIORES COLUNISTAS DOM CASMURRO ENSAIOS E RESENHAS ENTREVISTAS PAIOL LITERÁRIO PRATELEIRARascunhoNOTÍCIAS OTRO OJO tem sido um dos Nesta semana, encontro com Itamar. Es- Cultura. Itamar não foi possível. Visita tranqui- federais aqui. mais importantes divulgadores da literatura brasileira atual, ao apresentar novos talentos, abrir campo para a discussão : : do texto literário e para o trANSLAtO EDUARDO FERREIRA debate de idéias entre nós. parabéns a toda a equipe! WANDER MELO MIRANDA • rEMINISCêNCIAS DE uMA LEIturA DE pOMpEIA BELO HORIZONTE — MG tradução não é exatamente exercício A tradução como lava que lava com fogo ao palavra — sondando suas tantas cavidades. vertiginoso. A proliferação de senti- seu redor. A limpeza abrasiva da calcinação, que Transitar pelo texto com donaire. Empe- UEM SOMOS CONTATO ASSINATURA DO JORNAL IMPRESSO CARTAS SÁBIO dos, sim. Mas o ofício — o velho ofício abre todo um campo novo para a nova escritura, nhar a pena com firmeza e elegância — e trans- — mais aposta na observação cuidado- tradução. miti-las ao novo texto. Requisitos do tradutor. EDIÇÕES ANTERIORES COLUNISTASADOM CASMURRO ENSAIOS E RESENHAS ENTREVISTAS PAIOL LITERÁRIO PRATELEIRA NOTÍCIAS OTRO OJO Dica de belo presente: sa, na captação criativa do momento — instantâ- Irrupções, a tradução. Traz lá de baixo os Não deixar nada ao acaso, mesmo quando se opta uma assinatura anual do neo que congela em lâmina singular o leque de sentidos submersos, para fazê-los brilhar sob pelo texto aberto, de linhas grossas.

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