1 PUBLICADA NO DPL DO DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2015. QUINQUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA LEGISLATURA, REALIZADA EM 04 DE DEZEMBRO DE 2015. ÀS DEZENOVE HORAS E QUARENTA MINUTOS, O SENHOR DEPUTADO MARCOS BRUNO OCUPA A CADEIRA DA PRESIDÊNCIA. O SR. CERIMONIALISTA – (SÉRGIO SARKIS FILHO) – Senhoras e senhores, deputados presentes, telespectadores da TV Ales, boa noite. É com satisfação que a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo recebe todos para a sessão solene em homenagem ao Dia Nacional do Samba. Neste momento é convidado à Mesa o deputado idealizador desta sessão, o Senhor Deputado Marcos Bruno, que fará a abertura dos trabalhos conforme é regimental. O SR. PRESIDENTE – (MARCOS BRUNO – REDE) – Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão e procederei à leitura de um versículo da Bíblia. (O Senhor Deputado Marcos Bruno lê Provérbios, 12:10) O SR. PRESIDENTE – (MARCOS BRUNO – REDE) – Dispenso a leitura da ata da sessão anterior e informo aos Senhores Deputados e demais presentes que esta sessão é solene em homenagem ao Dia Nacional do Samba, conforme requerimento de autoria da Mesa Diretora, aprovado em Plenário. Concedo a palavra ao cerimonialista para conduzir a próxima fase desta sessão. O SR. CERIMONIALISTA - (SÉRGIO SARKIS FILHO) – Convido para compor a Mesa os senhores José Roberto Santos Neves, subsecretário de Estado da Cultura; e Flávio Campos de Oliveira, representando todos os homenageados desta noite. (Tomam assento à Mesa os referidos convidados) O SR. CERIMONIALISTA - (SÉRGIO SARKIS FILHO) – Convido todos para, de pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional e a do Espírito Santo. (Pausa) (É executado o Hino Nacional e o do Espírito Santo) O SR. CERIMONIALISTA – (SÉRGIO SARKIS FILHO) – Neste momento, fará uso da palavra o Senhor Presidente Marcos Bruno. O SR. PRESIDENTE – (MARCOS BRUNO - REDE – Sem revisão do orador) – Boa-noite a todos, ao público presente no plenário da Assembleia Legislativa e aos amigos da TVAles. Cumprimento também o senhor José Roberto Santos Neves, subsecretário de Cultura, músico e amigo que se faz presente; e o senhor Flávio Campos de Oliveira, representando os homenageados. Sejam bem-vindos! Inicialmente, agradeço àqueles que procuraram a Assembleia Legislativa do Espírito Santo, a Fernanda Pereira e o Leonardo de Oliveira Nunes. Eles estiveram nesta Casa procurando a Mesa Diretora e a Comissão de Cultura para que chegássemos a este momento tão importante nesta noite, em que comemoramos o Dia Nacional do Samba. E por que o Senhor Deputado Marcos Bruno, enquanto presidente da Comissão de Cultura, resolveu abraçar e atender a esse chamado? Por dois motivos. O primeiro, José Roberto, é que há duas semanas estava em um evento, em um jantar, onde algumas pessoas de outros estados brasileiros participavam de uma roda de discussão. Na ocasião, uma mulher de Brasília disse assim: Qual é o sotaque do povo capixaba? E um senhor do Rio Grande do Sul disse: O capixaba não tem sotaque, ele é muito brasileiro. É um dos povos mais brasileiros deste país. E o samba está intimamente ligado, enraizado à cultura brasileira e, consequentemente ao povo do Espírito Santo. Em qualquer cidade, em qualquer bairro, tanto na periferia, quanto no asfalto, em todos os espaços, o samba e a música capixaba são tocados e valorizados, independentemente de época. Vocês sobrevivem aos modismos, ao 2 sertanejo, ao funk. O samba no Espírito Santo sempre continua forte e vivo. Enquanto presidente da Comissão de Cultura, estamos tomando algumas iniciativas no sentido de fortalecer e valorizar o músico e o artista capixaba. Queria citar duas ações, que aparentemente são simples, mas que em médio prazo, tenho certeza de que iremos colher alguns frutos. Dia 24 de abril deste ano, fizemos uma grande audiência pública com os músicos do Espírito Santo. Estiveram presentes músicos do movimento hip hop, do sertanejo, do samba, do funk, do rock e do pop rock, que discutiram a questão da identidade da música capixaba. O subsecretário esteve presente, foi um movimento lindo, com todas as expressões musicais do Espírito Santo reunidas, discutindo a valorização da nossa música, e nasceu a ideia de celebrarmos, no dia 24 de abril, o Dia da Música Capixaba. Isso virou a Lei n.º 10.404/2015, que transforma a data no Dia da Música Capixaba. Agora, não adianta ter uma data se as pessoas não entendem, não podem discutir o que é essa música, quais as suas influências, qual a identidade da nossa música. Para dar mais um passo no sentido da construção e da organização dessa identidade cultural, destinamos uma emenda parlamentar para a Secretaria de Cultura para que, no próximo ano, seja produzido um livro no nosso estado, uma obra bem didática com o tema Música Capixaba, para que, na semana da Música Capixaba, os professores, as escolas municipais, estaduais e particulares e, quiçá as faculdades e universidades, possam ter uma referência para explicar aos estudantes o que é a nossa música e o quanto é grande a música produzida no Espírito Santo. Então, subsecretário, a partir de janeiro do ano que vem, já pode procurar essa emenda, já tem rubrica, já será aprovada no orçamento pela Assembleia Legislativa, para que vocês possam trabalhar e convidar, para que nessa obra o samba tenha uma página de destaque, um espaço especial par o Espírito Santo. Quando digo página, não me refiro a uma folha, mas a um espaço que consiga abranger a grandeza e a importância de vocês para a cultura e para a história do Estado do Espírito Santo. Esses dias vazou um vídeo meu tocando cavaquinho e chegou aos funcionários da Assembleia Legislativa, que brincaram comigo: Ué, Marcos Bruno, é você que vai tocar? Falei: se eu ousasse pegar um cavaquinho na frente de tantos sambistas e músicos, seria o fim. Tem que deixar para quem sabe, para vocês, profissionais, que vivem do samba. Uma coisa é dizer que é músico; outra coisa é não assumir, é dizer que faz por esporte. Tem que falar: sou músico, queria mais condições, mais espaço, para que eu pudesse viver da música capixaba. Mas assumir essa identidade, porque vocês fazem o bem para o nosso povo, não só trazem alegria e diversão, mas trazem cultura, conhecimento e informação para o povo do Espírito Santo. Viva o samba do Brasil! Viva o samba capixaba! Uma ótima noite e parabéns a todos vocês. Obrigado. (Muito bem!) O SR. CERIMONIALISTA – (SÉRGIO SARKIS FILHO) – Ouviremos agora a saudação do senhor José Roberto Santos Neves, subsecretário de Cultura do Estado do Espírito Santo. O SR. JOSÉ ROBERTO SANTOS NEVES – (Sem revisão do orador) - Boa-noite a todos. Falo em nome do secretário de Estado da Cultura, João Gualberto, e de toda a equipe da Secult do Governo do Estado. Cumprimento às autoridades presentes, especialmente o Senhor Deputado Marcos Bruno, proponente desta sessão solene em homenagem ao Dia Nacional do Samba. Cumprimento também o senhor Flávio Campos de Oliveira, que está representando os homenageados, os músicos, os ritmistas, os instrumentistas, os compositores, enfim todos os presentes a esta sessão. Parabenizo o Senhor Deputado Marcos Bruno pela iniciativa da emenda parlamentar voltada para a produção de um livro sobre a história da música do Espírito Santo. Sou pesquisador da música popular, tenho quatro livros publicados. Sei que tem muita história para desvendarmos, existem grandes personagens da nossa música. A música no Brasil começa no Espírito Santo com a chegada de Francisco de La Vacas, de Portugal, isso lá por volta de 1500 e pouco. A nossa tradição musical é gloriosa, passa por Maurício de Oliveira, Hélio Mendes, por grandes compositores, toda a geração dos anos 80; e Carlos Bona, Lula d’Vitória, Carlos Papel, João Pimenta, os grupos de reggae e de pop. O Espírito Santo é um estado muito musical e o nosso samba merece todo apoio e toda a visibilidade. Temos grandes compositores de samba, temos grandes músicos aqui, sempre acompanhei. Vejo o Josué Ramos, o Rogerinho do Cavaco, vários conhecidos presentes, amigos. Sempre acompanhei o movimento musical, trabalhando no jornal. Vejo que a gravação do CD e do DVD da escola de samba está cada vez melhor. Passamos por momento de dificuldade, mas hoje vejo que o nível sobe a cada ano, e temos que ter muito orgulho do samba produzido em nosso estado. Queria fazer uma breve reflexão histórica sobre o Dia Nacional do Samba. Na realidade essa data foi instituída na Bahia, quando Ary Barroso pisou pela primeira vez em Salvador, no dia 2 de dezembro de 1940. Mas, a história do samba, a gente sabe que remonta há muito mais tempo, isso no século XIX quando os 3 escravos chegaram na Bahia vindos da África, trazendo o batuque africano. Quando esses escravos chegaram ao Rio de janeiro, já no início do século XX no terreiro de Tia Ciata - nosso companheiro está rindo ali porque conhece a história. Então, no terreiro de Tia Ciata, naquele movimento do início do século XX, quando Donga compôs por telefone, que foi o primeiro samba gravado em 1917. Então, aconteceu um movimento curioso: na década de 20, li o livro de Hermano Vianna, irmão do Herbert Vianna, explica que é mistério do samba: Como que o samba se tornou um símbolo da identidade nacional? Houve uma reunião naquele momento, entre músicos eruditos como Heitor Villa-Lobos, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, com o Donga, o Pixinguinha, toda essa geração. Buscavam naquele momento, um elemento que fosse unificador da identidade do Brasil. Chegaram à conclusão que o gênero, a expressão cultural que nos traduz enquanto povo, enquanto nação, é o samba. Vivíamos no país, um momento muito delicado, porque havia os conservadores que não aceitavam a miscigenação racial do país, como elemento de identidade.
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