UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA FABIANA PRUDENTE CORREIA O DESABROCHAR DE UMA FLOR EM TEMPOS DE REPRESSÃO: EDIÇÃO E CRÍTICA FILOLÓGICA DE APARECEU A MARGARIDA DE ROBERTO ATHAYDE Salvador 2013 FABIANA PRUDENTE CORREIA O DESABROCHAR DE UMA FLOR EM TEMPOS DE REPRESSÃO: EDIÇÃO E CRÍTICA FILOLÓGICADE APARECEU A MARGARIDA, DE ROBERTO ATHAYDE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Rosa Borges dos Santos Salvador 2013 Para minha mãe. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois é graças à força a mim concedida que pude realizar este trabalho, e pela Sua presença constante em minha vida. Agradeço também a todos os que, de alguma forma, são coautores desta obra: A minha mãe, Clese Prudente, mestre e parceira de todas as horas, minha guardiã, colega de trabalho, revisora e principal motivadora de todas as realizações e conquistas de minha vida, pelo apoio sobrehumano e pela sua participação em tudo o que faço; A Hilvan Santos, minha família, por suportar minhas variações de humor e pela companhia e parceria mesmo em noites insones, pelo carinho e dedicação nesta pesquisa, sobretudo, por abrir mão de seus trabalhos para que este pudesse ser realizado; A Rafaella Viana, sobrinha, irmã, filha, amiga e afilhada, pela colaboração em todas as etapas da pesquisa e por ser sempre uma pessoa com quem posso contar; A meu pai, Luiz Lopez Correia, meus irmãos, Ilana Prudente Correia e Ricardo Prudente Correia, e minha vovó Nalda Fagundes Prudente, por existirem em minha vida e por acreditarem sempre em mim; Aos amigos que colaboraram gratuitamente no trabalho de edição, na madrugada de um sábado ou em um domingo de sol: Míriam Lopes, Augusto Nery, Thiago Lisboa, Misael Carvalho, Sandro Servilho, Rodrigo Almeida e Marcelo Martinho; Às amigas Ane, Nara e Claudinha, pelo sentimento que nos une há tantos anos; Às colegas do grupo de pesquisa Isabela Almeida e Ludmila Antunes, que me auxiliaram no ingresso ao curso de mestrado; Ao professor, colega de pesquisa e amigo Ari Sacramento, pela amizade sincera e pela orientação constante que se manifesta em todos os frutos da minha pesquisa; A Mabel Mota, pela revisão da edição e pelo carinho com que me socorreu em horas de necessidade; Ao meu primo, Mateus Prudente, pelo suporte tecnológico, pela longa noite insone e pela paciência; À minha orientadora, Rosa Borges, pelos seis anos de paciência e dedicação, por acreditar muito mais em mim do que eu mesma, por celebrar minhas conquistas como se fossem suas e, principalmente, por ter sido a minha inspiração pelos caminhos maravilhosos da Filologia. Não há agradecimento que se compare ao tamanho de minha gratidão por todos vocês. Muito obrigada! Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Carlos Drummond de Andrade (A flor e a Náusea, 1945) CORREIA, Fabiana Prudente. O desabrochar de uma flor em tempos de repressão: edição e crítica filológica de Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde. f. 229. Il. 2013. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Letras, Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013. Acompanha DVD. RESUMO No contexto de repressão política e cultural imposta pelo regime ditatorial militar, entre os anos 1968 e 1978, surge no Rio de Janeiro um jovem intelectual dramaturgo: Roberto Athayde, que contava vinte e um anos de idade quando escreveu Apareceu a Margarida, seu quarto texto teatral, considerado hoje uma das obras dramáticas de maior repercussão internacional. Este trabalho põe em foco a transmissão da obra de Athayde, que atravessa a história e a censura, materializada em um conjunto de versões produzidas em diferentes períodos e Estados. No esforço de estabelecer um recorte para a viabilização deste trabalho, escolheram-se os três primeiros testemunhos produzidos de próprio punho pelo autor ou sob sua supervisão, no Rio de Janeiro, os três datiloscritos localizados nos arquivos da Bahia, e a última publicação da obra, realizada em 2003. Através do exercício da crítica filológica, fez- se o estudo da tradição da obra inserida na história, enfocando, principalmente, seu processo de transmissão e sua divulgação no Estado da Bahia. Por compreender os testemunhos de uma obra como indivíduos históricos, inseridos em uma determinada configuração sociocultural, propõe-se, no campo da Crítica Textual em perspectiva sociológica, um modelo editorial que considere, na complexidade da tradição da obra a ser estudada, os diferentes momentos/estados do texto e sua história. Assim, apresentam-se os textos em edição sinóptica (em suporte papel e eletrônico) e fac-similar, em meio digital, buscando evidenciar as diferentes versões de Apareceu a Margarida em confronto e cada testemunho tomado em sua especificidade. Realizou-se ainda uma leitura crítico-filológica do texto, considerando as metáforas utilizadas na linguagem cênica em seu contexto sócio-histórico. PALAVRAS-CHAVE: Apareceu a Margarida. Crítica Textual. Crítica Filológica. CORREIA, Fabiana Prudente. The blossoming ofa flower in times of repression: philological and critical edition of Apareceu a Margarida, of Roberto Athayde. f. 229. Il. 2003. Thesis (MA) – Instituto de Letras, Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013. ABSTRACT In political and cultural repression context imposed by Brazilian military dictatorship, years 1968-1978, a young intellectual playwright Roberto Athayde appeared in Rio de Janeiro. He was twenty-one years old when wrote Apareceu a Margarida, his fourth theatrical text, currently considered as one of the greatest dramatic works of international repercussion. This study spotlights the transmission of Athayde’s work, which goes through history and censorship, materialized in a set of versions produced in different periods and in different Brazilian states. In an effort to establish a cut for this work feasibility, it was picked up the first three testimonies produced by the author's own hand or under his supervision, in Rio de Janeiro, the three typewritten versions of files in Bahia, and the 2003 final published version. Through the philological criticism exercise, it was studied the work tradition inserted in the history scenery, specially focusing its transmission process and dissemination in the State of Bahia. By understanding the testimonies of a work as historical individuals, embedded in a particular sociocultural setting, it is proposed, in the field of Textual Criticism in a sociological perspective, an editorial model that considers, in the complexity of the work to be studied tradition, the different times/states of the text and its history. So the texts are presented in synoptic edition (paper and electronic) and facsimile, in digital media, seeking to highlight the different versions of Apareceu a Margarida in confrontation, and taking each testimony in its specificity. It was still carried out a critical-philological reading of the text, considering the metaphors used in scenic language in its socio-historical context. KEY-WORDS: Apareceu a Margarida. Textual Criticism. Philological Criticism LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Imagem de um mapa mental aplicado a uma empresa 37 FIGURA 2 – Fac-símiles da edição sinóptica em Prezi 39 FIGURA 3 – Fac-símiles da edição fac-similar em Prezi, ressaltando o recurso de 40 zoom FIGURA 4 – Fac-símiles dos Arquivos da Censura em Prezi 40 FIGURA 5 – Fac-símile do Arquivo Apareceu a Margarida, com fotos, jornais e 41 revistas em Prezi . FIGURA 6 – Recorte do Jornal do Brasil, 27 de outubro de 1971 43 FIGURA 7 – O escritor em seu apartamento, ao lado do retrato de seu pai 44 FIGURA 8 – RA, aos 23 anos, quando AM ganhou os palcos cariocas e foi 45 solicitada a ser encenada na França FIGURA 9 – Capa de D71RJ, com endereço e assinatura do autor 47 FIGURA 10 – Textos e excertos de jornais cariocas sobre RA 49 FIGURA 11 – Dona Margarida e o Esqueleto em cena 53 FIGURA 12 – Recorte da F.2 de D71RJ (superior) e da F.2 de D73RJ (inferior) 53 FIGURA 13 – Crítico julga texto de Athayde e direção de Aderbal Júnior como 54 indignas da atriz Marília Pêra FIGURA 14 – Ator e diretor Luís de Lima 55 FIGURA 15 – Atriz Leila Diniz, na novela O Sheik de Agadir (Rede Globo, 1966) 55 FIGURA 16 – Nelson Mota, Aderbal Júnior e Marília Pêra, e capa de A Esquizofazia 56 Didática ou Do que a terra, Margarida (D73RJ) FIGURA 17 – Crítica de Roberto de Cleto sobre o tempo do espetáculo (destaque) e 57 nota anuncia corte ao texto proposto pela atriz FIGURA 18 – Notícia de estreia do espetáculo divulgada no jornal O GLOBO, em 57 30 de agosto de 1973 FIGURA 19 – Textos e excertos de jornais e revistas sobre a atuação de Marília Pêra 58 em AM FIGURA 20 – Folder de divulgação do lançamento da obra e capa de OP73 59 FIGURA 21 – Cartaz e Programa da peça Señorita Gloria, encenada na Argentina, 60 1973 FIGURA 22 – A atriz Yumara Rodrigues no papel de Dona Margarida 61 FIGURA 23 – Manoel Lopes Pontes, diretor da montagem de AM na Bahia, em 62 1977 FIGURA 24 – Capa de D75SA, localizado no Acervo do Espaço Xisto Bahia 63 FIGURA 25 – F.1 de D80FS e capa de D83SA, ambas sem identificação de ano e 65 local FIGURA 26 – Capa de OP03, da Editora Nova Fronteira, 2003 67 FIGURA 27 – Genealogia das versões de AM 68 FIGURA 28 – Excerto da capa de D75SA, carimbo do D.P.F. (destaque) indica 161 submissão do texto à censura FIGURA 29 – Autorização assinada por RA relativa à mudança de título do 162 espetáculo (à esquerda) e solicitação formal de mudança de título encaminhada à censura (à direita) FIGURA 30 – Texto de Austregésilo de Athayde sobre a censura à AM 164 FIGURA 31 – Recorte de parecer produzido por S.M.M.
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