UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ARMANDO RIBEIRO FILHO A MIDIATIZAÇÃO DA TONALIDADE LOIRA EM CINCO FILMES BRASILEIROS DA PÓS-RETOMADA SÃO PAULO 2011 ARMANDO RIBEIRO FILHO A MIDIATIZAÇÃO DA TONALIDADE LOIRA EM CINCO FILMES BRASILEIROS DA PÓS-RETOMADA Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre do Programa de Mestrado em Comunicação, área de concentração em Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Gelson Santana. SÃO PAULO 2011 R372m Ribeiro Filho, Armando A midiatização da tonalidade loira em cinco filmes brasileiros da pós-retomada / Armando Ribeiro Filho. – 2011. 120f.: Il.; 30 cm. Orientador: Gelson Santana. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2011. Bibliografia: f.96-99. 1. Comunicação. 2. Midiatização. 3. Tonalidade Loira. 4. Pós-Retomada. 5. Cinema Brasileiro. I. Título. CDD 302.2 ARMANDO RIBEIRO FILHO A MIDIATIZAÇÃO DA TONALIDADE LOIRA EM CINCO FILMES BRASILEIROS DA PÓS-RETOMADA Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre do Programa de Mestrado em Comunicação, área de concentração em Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Gelson Santana. Aprovado em 21.OUT.2011 Orientador: Prof. Dr. Gelson Santana Convidado: Prof. Dr. Rogério Ferraraz Convidado: Prof. Dr. Mauricio Reinaldo Ao meu pai, pelos caminhos apontados, meu amor e minha saudade Agradecimentos Aos meus pais, Armando e Clizeida, por me possibilitarem e incentivarem a viver da Arte. A Sérgio Duarte, por sempre me ajudar a construir. Pelo carinho e apoio incondicional: À Universidade Anhembi Morumbi. Ao meu dedicado orientador neste trabalho, Gelson Santana. Ao Coordenador do Curso de Teatro, Acácio Ribeiro Vallim Junior. Aos Coordenadores do Mestrado em Comunicação, Bernardette Lyra e Rogério Ferraraz. À banca examinadora, pela oportunidade de consolidar este trabalho e aprimorá-lo em investigações futuras. Aos professores: André Gatti, Bernardette Lyra, Gelson Santana, Laura Cánepa, Maria Inês e Rogério Ferraraz. Aos colegas: Adriana, Lúcia, Melão, Maurício e Sandro, tão próximos nestes últimos meses. A João Batista de Andrade e Oeste Filmes. A Cida Ferreira, pela entrevista concedida, e Janaina Freire, pela recepção afetuosa, ambas do Studio Glosss São Paulo. Às minhas irmãs, pelo amor e amizade sinceros. Aos diretores, atores e atrizes, roteiristas, produtores, maquiadores maravilhosos que fizeram e fazem a história do cinema. Ao Teatro, que me acolheu desde cedo com possibilidades criativas, antes inimagináveis, e que agora me leva a outros espaços da representação. A Deus, pela vida. “cabelo vem lá de dentro cabelo é como pensamento” Arnaldo Antunes, Cabelo RESUMO Esta dissertação tem por objetivo estudar os efeitos da coloração loira, como elemento narrativo, na composição de personagens ficcionais em cinco produções brasileiras da pós-retomada. O loirismo como representação é observado nesta pesquisa a partir dos efeitos de troca provocados entre a imagem da representação e as sociabilidades que emergem do aparato tecnológico de sua produção. Dessa forma, três escalas de valores se apresentam: a primeira considera os princípios da Maquiagem Cênica, sua importância como instrumento no trabalho de criação do ator; a segunda, faz uma rápida reconstituição do universo do loirismo para um possível levantamento da matriz loira no cinema europeu e norte-americano, mas também verifica os aspectos e funções do loiro no contexto da narrativa ficcional e procura refazer seu percurso no cinema brasileiro; a terceira leva em consideração as sociabilidades criadas através das midiatizações construídas pela indústria do loirismo. Dois conceitos alicerçam este trânsito entre o loiro no cinema brasileiro e as sociabilidades engendradas através da midiatização, o de habitus e o de performance . Os dois conceitos emergem quando se alia o loiro como artifício dramático aos contratos que os personagens dos filmes estudados estabelecem com as sociabilidades modeladas através da coloração. As películas escolhidas para este estudo contam histórias que se passam na periferia dos grandes centros urbanos, onde o loiro aparece como um elemento central da narrativa. Os filmes estudados são: “Amarelo Manga” (Cláudio Assis, 2003), “O Homem do Ano” (José Henrique Fonseca, 2003), “Rua 6, s/nº” (João Batista de Andrade, 2003), “Cidade Baixa” (Sérgio Machado, 2005) e “Falsa Loura” (Carlos Reichenbach, 2008). Palavras-chave: Midiatização, Tonalidade Loira, Cinema Brasileiro, Pós- retomada, Habitus, Performance. ABSTRACT This paper provides a study of blond hair color effects as a narrative element while building fictional characters in five Brazilian films produced during the so- called “pós-retomada” period. The approach to blond hair color usage as a representation tool is based on the interchange factors between the image of representation and the sociabilities that stem from the technological apparatus applied to producing it. Thus, three ranges of value are taken into consideration: (1) the first encompasses the principles of make-up art and its role as a tool for actors/actresses to develop their creative work; (2) the second provides a quick background on blond hair color usage in an attempt to search how it was probably conceived by both European and USA movie making, as well as the features and functions of blond hair color in fictional narrative and its pathway in Brazilian movie production; (3) the third focuses on the sociabilities conceived by the mediatization of blond hair color industry. The pillars of such an interchange between the blond in Brazilian cinema and the sociabilities conceived by mediatization are those referred to as habitus and performance . These concepts arise as blond hair color is used as a performing tool in contracts between the characters in these five selected movies and the sociabilities shaped by hair color usage. The selected films feature their action on the unprivileged metropolitan outskirts wherein the usage of blond plays a key role in the storyline. The selected films are Amarelo Manga , by Cláudio Assis (2003); O Homem do Ano , by José Henrique Fonseca (2003); Rua 6, s/nº , by João Batista de Andrade (2003); Cidade Baixa , by Sérgio Machado (2005); and Falsa Loura , by Carlos Reichenbach (2008). Key words: Mediatization, blond hair color, Brazilian cinema, “pós-retomada”, habitus , performance. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 12 1 A MAQUIAGEM E A PRODUÇÃO DE IMAGEM 18 1.1 A tipificação como figuração 20 1.2 Máscara e tipificação 22 2 A PRODUÇÃO MIDIÁTICA DO LOIRISMO E A INDÚSTRIA COSMÉTICA CONTEMPORÂNEA 28 2.1 O loiro 28 2.2 É bom ser loira(o)? 29 2.3 A ficção prefere as loiras? 32 2.4 As vilãs loiras do cinema 38 2.5 As loiras de King Kong 41 3 OS ARTIFÍCIOS DO LOIRO NO CINEMA 44 4 O LOIRO EM CINCO FILMES DA PÓS-RETOMADA 71 4.1 Contexto histórico da pós-retomada 71 4.2 Traços definidores do loirismo aplicados aos filmes estudados 75 4.3 Percurso organizador da narrativa nos filmes 78 4.3.1 Filme 1 – “Amarelo Manga” 78 4.3.2 Filme 2 – “O Homem do Ano” 81 4.3.3 Filme 3 – “Rua 6, s/nº” 83 4.3.4 Filme 4 – “Cidade Baixa” 86 4.3.5 Filme 5 – “Falsa Loura” 87 CONCLUSÃO 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 96 ANEXOS 100 12 Introdução Esta pesquisa tem por objetivo o estudo do loirismo como um elemento de caracterização, fazendo-se uso do termo como referência à figuração da personagem enquanto imagem construída no cinema. O loiro 1, para nós, é uma entidade pertencente única e exclusivamente à imagem. Nesse sentido, o loiro é pensado como elemento resultante da maquiagem e, portanto, um dos elementos compositores da imagem (ou seja, funciona como uma engrenagem para a tipificação no cinema). A coloração dos cabelos como opção estética de composição dos personagens aparece nos filmes selecionados nesta dissertação como uma possibilidade de “travestimento” do ator em outra persona , o que resulta para o espectador em um mascaramento das características pessoais do ator para o melhor estabelecimento do jogo entre o público e o filme. Dessa maneira, definimos a tipificação como o trabalho de construção do personagem e que, a partir da utilização de elementos externos tais como o uso da máscara para o ator no teatro, resulta ativamente numa performance do ator. A escolha do tema se deve ao fato de, à luz de nossa experiência no mercado profissional de maquiagem, termos verificado que pouco se encontra a respeito da maquiagem na composição estética do personagem. Tendo 1 Neste trabalho, optamos pela variante lexical loiro , mais corrente em São Paulo, em vez da forma louro . Trata-se de termos sinônimos e de mesma etimologia, sendo ambas derivadas do latim laurus , cujos significados são loureiro , coroa de louros e, por extensão, coroa triunfal (no Império Romano, o loureiro era consagrado a Apolo), triunfo, a cor entre o dourado e o castanho-claro . Fontes: HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa . Rio de Janeiro: Objetiva, 2009; e TORRINHA, F. Dicionário Latino Português . Porto: Gráficos Reunidos Ltda. s/d. 13 executado diversos trabalhos de caracterização em espetáculos teatrais, óperas e televisão e, ainda, como vencedor do Prêmio Avon Color de Maquiagem em 1999, pudemos constatar a falta de material especificamente voltado a essa área: na maioria das vezes, profissionais se debruçam no estudo e aplicação de tal artifício com maior ênfase no aspecto aparente de tal composição, deixando uma lacuna para os profissionais da área do visagismo 2. A escassez de uma bibliografia específica também sugere a elaboração do trabalho. Após o recorte do período da cinematografia brasileira a ser pesquisada, procuramos assistir ao maior número possível de filmes, sendo “Amarelo Manga” (Cláudio Assis, 2003) a obra determinante para a demarcação do nosso tema. O filme nos chamou atenção, primeiramente, pela cena final em que uma das personagens pede que seus cabelos sejam cortados e pintados de loiro sem, no entanto, apresentar o resultado pedido em tal transformação.
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