Exibem Andebol De Angola Ao Mundo

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QUA11NOV Quarta-feira 11 de Novembro de 2020 Ano 45 • N.º 16171 Director: VÍCTOR SILVA Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR www.jornaldeangola.co.ao EDIÇÕES NOVEMBRO 45 ANOS DE ANGOLA INDEPENDENTE Um país forjado na resistência Angola assinala hoje 45 anos de País livre e soberano. A 11 de Novembro de 1975, o Presidente Agostinho Neto declarava, perante África e o Mundo, a Independência, forjada em longos anos de resistência ao domínio colonial português. A Luta Armada de Libertação Nacional, que culminaria com o solene acto que consagrou a Nação, iniciou a 4 de Fevereiro de 1961 e custou a vida de milhares de filhos da pátria. A jornada para a liberdade significou dor e sofrimento. A história sobre acções, gestos, atitudes, interve- nientes e protagonistas estende-se nas 15 páginas que se seguem. São trazidas, igualmente, outras conquistas de Angola e de angolanos no período a seguir ao evento maior. Quarta-feira 2 ESPECIAL 11 de Novembro 2020 O 11 DE NOVEMBRO E A HISTÓRIA Da Luta de Libertação Nacional à proclamação da Independência Na segunda metade do século passado, intensificaram- se os movimentos em prol da independência, com incidência nos círculos urbanos e estudantis. Daí para a Luta Armada de Libertação Nacional foi um passo. A chamada Guerra da Independência de Angola projectou três movimentos de libertação nacional, nomeadamente, a UPA/FNLA, o MPLA e a UNITA. Coube a Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi conduzir o processo de ascensão à Independência Nacional. Luísa Rogério como hoje o conhecemos. Na segunda metade do tada em muitos círculos so- Convocada pela França e século passado, intensifica- ciais e políticos, além da A Luta de Libertação de An- Grã-Bretanha, com vista ram-se os movimentos em forte pressão internacional, gola é tão antiga quanto a com vista a regular, entre prol da independência, com acentuada com o florescer colonização dos territórios outros propósitos, o Direito incidência nos círculos ur- da independência da maior Novo amanhecer que deram origem ao país Internacional Colonial, a banos e estudantis. Daí para parte dos países africanos, actual. Praticamente, os focos conferência é considerada a Luta Armada de Libertação na década de 1960. A Re- As estatísticas sugerem em políticas públicas e in- de resistência iniciaram em uma das mais importantes Nacional foi um passo. A cha- volução dos Cravos, con- que a maioria dos cidadãos vestimentos centrados no 1482, ano em que caravelas do século XIX. mada Guerra da Indepen- substanciada no golpe de angolanos nasceu depois capital humano. O sonho portuguesas comandadas Angola passou a ser ter- dência de Angola projectou Estado militar de 25 de Abril da independência, por- de todos angolanos serem pelo navegador Diogo Cão ritório ultramarino portu- três movimentos de libertação de 1974, terá favorecido os tanto, com símbolos na- detentores de iguais di- atracaram no Reino do Con- guês. Na verdade, o maior e nacional, nomeadamente, a acontecimentos. No final cionais. Participam desde reitos e deveres na própria go. Reza a história que, em mais rico após a emancipação UPA/FNLA, o MPLA e a UNI- desse ano e no início do se- à nascença no processo de terra motivou nacionalistas troca de armas de fogo, uma do Brasil. Dados oficiais, in- TA. Coube a Holden Roberto, guinte, os três movimentos construção da própria de diversas gerações a da- nova religião, vinho e tec- dicam que, em 1960, dos Agostinho Neto e Jonas Sa- de libertação de Angola em- identidade. Ainda assim, rem o melhor de si para nologia ocidental, os portu- cerca de 126 mil colonos re- vimbi conduzir o processo penharam-se em conver- é imensurável o caminho combaterem pela liberdade gueses levaram marfim, es- sidentes em Angola, 116 eram de ascensão à Independên- sações, que culminaram a percorrer. Como se diz, desde o longínquo ano de peciarias, minerais e escra- originários de Portugal. Mas cia Nacional. com a rubrica, durante um a Independência não foi 1482. Pelo empenho de in- vos. Um século depois, em os angolanos nunca se ren- Os movimentos confron- encontro realizado em Mom- um fim em si. Representa contáveis heróis exaltados 1575, Paulo Dias de Novais deram ao conformismo. Ao taram as forças armadas por- baça, no Quénia, dos acordos um meio conducente à e anónimos, celebrarmos funda aquela que seria a ca- longo de cinco séculos, várias tuguesas em várias frentes, que viabilizaram a nego- concretização de projectos hoje o novo amanhecer, pital do país com a designação figuras se notabilizaram na envolvendo-as numa guerra ciação da independência multidimensionais, que iniciado a 11 de Novembro de São Paulo de Assunção de resistência contra a coloni- não convencional. Diferentes com Portugal. devem privilegiar a aposta de 1975. Loanda. Fazia-se acompa- zação. A mítica rainha Njinga fontes dão conta que, apesar Assim, a 15 de Janeiro de nhar de cem famílias e qua- Mbandi, Ngola Kiluanje, Bula de superiores, em termos 1975, depois de Portugal trocentos soldados. Matadi, Ekukui II, Ndundu- logísticos e de efectivos, es- reconhecer os líderes dos meiro-Ministro e Presidente de Alvor falhou em deter- Em 1587, o forte de Ben- ma I, Kimpa Vita e Mandume timados em 65 mil homens, três movimentos de liber- de Portugal. minado momento. Ainda guela, instalado numa loca- são alguns nomes incontor- distribuídos pelos três ramos tação, MPLA, FNLA e UNI- O consenso para a versão que não se tivesse questio- lização estratégica no litoral, náveis da História de Angola. militares, no final da guerra, TA, como únicos e legítimos final do documento foi al- nado a data da independên- passou a ser administrado Oriundos de reinos diferen- as tropas portuguesas não representantes do povo an- cançado ao fim de seis dias cia, a materialização dos por Portugal. Entre guerras, tes, protagonizaram, em fases estavam preparadas para en- golano, estes reuniram-se de intensas discussões. O entendimentos alcançados conquistas territoriais e con- distintas, epopeias que jus- frentar a guerrilha organizada com representantes da co- Acordo de Alvor, com 60 em Alvor fica suspensa a cessões para outras potências tificam o estatuto de heróis em pequenos grupos, que lónia no Algarve. Agostinho artigos, definiu os meca- partir de Setembro de 1975. europeias, Portugal acordou, da luta contra a colonização contava com o apoio das po- Neto, Holden Roberto e Jo- nismos de partilha do poder, Antes, porém, a 21 de Junho na Conferência de Berlim, dos povos africanos. Em co- pulações locais. nas Savimbi assinaram, pe- até Angola tornar-se um Es- de 1975, foi rubricado, em realizada entre 15 de No- mum, tinham a noção de los seus partidos, os Acordos tado independente, tendo Nakuru, no Quénia, o Acordo vembro de 1884 e 26 de Fe- pertença e determinação Porquê 11 de Novembro? de Alvor, na presença de o acto sido marcada para 11 que ganhou o nome da lo- vereiro de 1885, a delimitação para defender as terras dos Entretanto, nessa altura, a Vasco Martins e Costa Go- de Novembro de 1975. O calidade. Em suma, preten- do território de Angola, tal seus ancestrais. guerra colonial era contes- mes, respectivamente Pri- modelo de transferências deu salvar o espírito de Alvor. dos poderes e os instrumen- “Os movimentos de li- tos base para que a inde- bertação de Angola - Frente Nakuru apelava à tole- jada sociedade nova, ba- Em 45 anos de indepen- pendência fosse proclamada Nacional de Libertação de rância, reconhecendo os seada na igualdade, justiça dência, o país transitou de na data estabelecida ficaram Angola (FNLA), Movimento esforços dos três movi- social, liberdade e o direito regime de partido único, bem detalhados. A eleição Popular de Libertação de mentos no sentido de res- Independência de conduzir o próprio des- com matriz socialista, para de uma assembleia consti- Angola (MPLA) e União Na- peitar os Acordos de Alvor. tino, constituiu a tónica o multipartidarismo. Desde tuinte, a seguir a retirada cional para a Independência Tratou-se de uma derra- dominante dos anos se- 2008, vem realizando re- das tropas portuguesas de Total de Angola (UNITA), deira tentativa de evitar o Não obstante o reco- guintes. Volvidos alguns gularmente o ciclo de elei- Angola, seria um dos pontos reunidos em Nakuru, de 16 descalabro. O facto de as nhecimento pela comuni- anos desde o dia da Inde- ções, interrompido na se- altos do processo. a 21 de Junho de 1975, re- negociações terem sido bem dade internacional, a antiga pendência, o conflito ar- quência do conflito pós- Convém realçar que Alvor presentados pelos respec- sucedidas não impediu que potencia colonizadora re- mado reacendeu. O vo- eleitoral de 1992. Com fa- foi antecedido de inúmeros tivos presidentes, Holden a trégua vigorasse apenas conheceu a República Po- cábulo “guerra” foi rein- lhas e incidências típicas encontros secretos, iniciados Roberto, Agostinho Neto e até 9 de Julho de 1975. A pular de Angola a 22 de troduzido nos discursos de percursos, às vezes do- três meses antes, tendo o Jonas Savimbi, conscientes concertação política falhou. Fevereiro de 1976, após políticos. Mais do que isso, lorosos, é imperioso edi- texto final resultado da citada da gravidade da situação que Já não havia clima para o mais de oitenta países o foi prática que dividiu, ficar a democracia e con- pré-cimeira realizada em o país atravessa e de que o retorno à mesa de negocia- terem feito. A Indepen- transformou irmãos em solidar as instituições re- Mombaça, no Quénia. Os interesse nacional deve ne- ções. Na véspera do dia mar- dência de Angola pôs fim inimigos e deixou profun- publicanas. Ao comemo- nacionalistas já haviam de- cessariamente sobrepor-se cado para a Independência, ao império colonial por- das cicatrizes psicológicas rarmos 45 anos de sobera- terminado as modalidades a quaisquer divergências Angola encontrava-se li- tuguês de África, uma vez e físicas.

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