Thais Fernandes Sampaio O USO METAFÌRICO DO LÉXICO DA

Thais Fernandes Sampaio O USO METAFÌRICO DO LÉXICO DA

Thais Fernandes Sampaio O USO METAFÓRICO DO LÉXICO DA MORTE Uma Abordagem Sociocognitiva Juiz de Fora 2007 1 Thais Fernandes Sampaio O USO METAFÓRICO DO LÉXICO DA MORTE Uma Abordagem Sociocognitiva Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Lingüística, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Lingüística. Orientadora: Profª. Drª. Neusa Salim Miranda Juiz de Fora 2007 2 À Professora Maria Marta Pereira Scherre que, com a perspicácia e a sensibilidade que lhe são características, viu em mim a Lingüista que eu sequer sonhava existir. Este trabalho é fruto dessa descoberta. 3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, por entenderem minha presença quase ausente e criarem as condições para que eu pudesse me dedicar inteiramente à pesquisa. À Maria Ester, Nívia, demais familiares e amigos, pela confiança na minha capacidade e pelo incentivo permanente. À minha orientadora, Professora Neusa Salim, pelo trabalho competente e paciente, pelo apoio e motivação constantes e por partilhar tão generosamente sua experiência e conhecimento. Aos demais Professores do Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal de Juiz de Fora, pelo empenho em nos oferecer uma formação de extrema qualidade. À Eliane, por me ajudar a criar coragem de enveredar pelos caminhos da Lingüística Sociocognitiva e se revelar, nesse percurso que trilhamos juntas, uma irretocável companheira de viagem. Aos demais colegas de turma, especialmente Carol, por partilharem angústias e vitórias, medos e conquistas. Aos alunos que ingressaram no Curso de Letras no segundo semestre letivo de 2006, por, durante meu estágio docência na disciplina Lingüística I, se envolverem com o meu trabalho e apresentarem pesquisas de extrema qualidade. À CAPES, pelo apoio financeiro. 4 RESUMO Este estudo assume os pressupostos teóricos da Lingüística Cognitiva (LAKOFF, 1987; FAUCONNIER, TURNER, 2002; SILVA, 1997; SALOMÃO,1999; MIRANDA, 2000) e tem como objeto o uso metafórico do léxico da MORTE no Português do Brasil. Seu escopo teórico central é a Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 2002; LAKOFF, 1993) e a Gramática das Construções (LAKOFF, 1987; GOLDEBERG, 1995; SALOMÃO, inédito). Além disso, considera a discussão sobre a Interação entre Metáforas e Metonímias – nos termos de Antonio Barcelona (2003) – e o trabalho de Zoltán Kövecses (2002) sobre o Escopo da Metáfora. Nossa análise do corpus, constituído através de pesquisa na internet (site de revistas da Editora Abril), partiu da sua confrontação com o frame de Morte – disponibilizado pelo Projeto FrameNet, da Universidade de Berkeley, Califórnia – de onde surgiu o critério para a divisão em dois grupos: (1) Protagonista Ser e (2) Protagonista Entidade . No grupo com Protagonista Ser, mais de 90% das ocorrências envolvem o que nomeamos Construções Superlativas Nominais (ela morria de medo que a achassem ridícula) e Verbais (Morri de rir com O Auto da Compadecida). Segundo nossa hipótese analítica, tais construções definem um domínio semântico de gradação de INTENSIDADE na extremidade da escala. No caso do grupo com Protagonista Entidade, nossa análise parte do reconhecimento de três possíveis sentidos para a MORTE ("MORTE como deixar de existir", "MORTE como parar de funcionar", "MORTE como tornar-se ultrapassado"), a partir dos quais são instanciados três novos frames. Como conclusão do trabalho, postulamos uma rede de Construções, radialmente organizada em termos de herança (GOLDEBERG, 1995 apud SALOMÃO, inédito), partindo do frame básico e tendo como Construção-central a Construção Inacusativa (do tipo João morreu). Ainda evocando um frame básico, temos como instanciação dessa Construção-central uma Construção Inacusativa Causal (João morreu de câncer). Tais Construções originam, através de links metafóricos, as Construções Inacusativas de Personificação (o amor morreu; o carro morreu; o álbum de fotografias morreu) e as Construções Superlativas Nominais e Verbais (morrer de medo; morrer de rir, respectivamente). 5 ABSTRACT This study assumes the theoretical constructs of Cognitive Linguistics (LAKOFF, 1987; FAUCONNIER, TURNER, 2002; SILVA, 1997; SALOMÃO, 1999; MIRANDA, 2000) and focuses on the metaphorical use of the lexicon of MORTE/DEATH in Brazilian Portuguese. The work has as central theoretical scope the Conceptual Metaphor Theory (LAKOFF; JOHNSON, 2002; LAKOFF, 1993) and Construction Grammar (LAKOFF, 1987; GOLDEBERG, 1995; SALOMÃO, unknown). It also considers the discussion concerning the Interaction between Metaphor and Metonymy – as defined by Antonio Barcelona (2003) – and the work of Zoltán Kövecses (2002) on the Scope of Metaphor. Our analysis of the corpus, comprising material gathered through research on the Internet (Editora Abril’s website ), was based on its confrontation with the frame of Morte (Death) – as described in the FrameNet Project of the University of California at Berkeley – based on which emerged the criterion for division into two groups: (1) Protagonist ‘Being’ and (2) Protagonist ‘Entity’. In the Protagonist ‘Being’ group more than 90% of the occurrences involve what we call Nominal Superlative Constructions (Ela morria de medo que a achassem ridícula [she was deadly afraid of being thought of as weird.]) and Verbal Superlative Constructions (Morri de rir com O Auto da Compadecida.[I laughed myself to death when I saw “O Auto da Compadecida”]). According to our analytical hypothesis, such constructions are part of a semantic domain that expresses INTENSITY at the highest end of the scale. The Protagonist ‘Entity’ group recognizes three possible meanings of the word DEATH (“DEATH as ceasing to exist”, “DEATH as stopping to function”, “DEATH as becoming outdated”), from which three new frames are instantiated. As a conclusion, we put together a Construction Network , radially organized in terms of inheritance (GOLDEBERG, 1995 apud SALOMÃO, unknown), starting with the basic frame and having as central Construction the Ergative Construction (as in João morreu. [João died]). Still evoking the basic frame, we have as instantiation of this Central Construction a Causal Ergative Construction (João morreu de cancer. [João died of cancer]). Such constructions then, by metaphorical links, lead to the Ergative Construction of Personification (o amor morreu. [the love is dead]; o carro morreu [the engine died]; o álbum de fotografias morreu [the photo album is dead.] and the Nominal and Verbal Superlative Constructions (to die of fear; to laugh to death, respectively). 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................11 2. A PERSPECTIVA SOCIOCOGNITIVA DA LINGUAGEM........................................16 2.1 Os estudos lingüísticos no século XX............................................................................17 2.2 A Lingüística Cognitiva..................................................................................................19 2.2.1.1 Os Processos de Categorização e Os Domínios de Conhecimento...........................23 2.2.1.2 Os Processos de Integração Conceptual....................................................................28 2.2.1.3 A Gramática como uma Rede de Construções..........................................................32 3 PROJEÇÕES FIGURATIVAS: METÁFORAS E METONÍMIAS.................................36 3.1 A Teoria da Metáfora Conceptual...................................................................................40 3.2 A Interação entre Metáfora e Metonímia........................................................................47 3.3 A Questão do Escopo da Metáfora..................................................................................50 4. O USO METAFÓRICO DO LÉXICO DA MORTE........................................................55 4.1 A Constituição do corpus................................................................................................56 4.2 Analisando o Uso Metafórico do Léxico da Morte.........................................................61 4.2.1 O frame de MORTE.....................................................................................................61 4.2.2 A configuração dos dados a partir do Protagonista da Morte......................................66 4.2.2.1 O Uso Metafórico do Léxico da Morte com Protagonista SER................................70 4.2.2.1.1 A construção X MORRER de Y............................................................................72 4.2.2.1.1.1 A Dimensão Semântica das Construções Superlativas.......................................76 4.2.2.1.1.2 A Dimensão do Uso das Construções Superlativas............................................83 4.2.2.2 O Uso Metafórico do Léxico da Morte com Protagonista ENTIDADE...................87 4.2.2.2.1 MORTE como "o fim da existência da Entidade".................................................92 7 4.2.2.2.2 MORTE como "o fim do funcionamento da Entidade".........................................94 4.2.2.2.3 MORTE como "o fim da presença da Entidade" ..................................................96 4.2.2.2.4 A Origem Metafórica dos diferentes sentidos de Morte......................................98 4.2.3 A Rede das Construções com Léxico da Morte.........................................................103 4.2.4 Considerações Finais..................................................................................................106 5 CONCLUSÃO.................................................................................................................109

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