UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL DANYCELLE PEREIRA DA SILVA “BAILANDO TUMBA FRANCESA”: EMBATES MEMORIAIS E PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO EM CUBA Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Antropologia Social. Orientadora: Profª. Julie Cavignac NATAL/RN 2019 DANYCELLE PEREIRA DA SILVA “BAILANDO TUMBA FRANCESA”: EMBATES MEMORIAIS E PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO EM CUBA BANCA EXAMINADORA Profª Drª Julie Antoinette Cavignac (UFRN) (Orientadora) Prof. Dr. José Glebson Vieira (UFRN) (Examinador Interno) Prof. Dr. Angela Mercedes Facundo Navia (UFRN) (Examinador Interno) Prof. Luiz Meza (Examinador Externo) Prof. Antonio Carlos Mota de Lima (UFPE) (Examinador Externo) Prof. Dr. Paulo Victor Leite Lopes (UFRN) (Suplente) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA Silva, Danycelle Pereira da. "Bailando Tumba Francesa": Embates memoriais e processos de patrimonialização em Cuba / Danycelle Pereira da Silva. - Natal, 2019. 256f.: il. color. Tese (doutorado) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2019. Orientadora: Profa. Dra. Julie Antoinette Cavignac. 1. Tumba Francesa - Tese. 2. Memória - Tese. 3. Patrimônio Imaterial - Tese. 4. Escravidão - Tese. I. Cavignac, Julie Antoinette. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 39(729.1) Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/710 Ao povo cubano, que me ensinou sobre amor, solidariedade e resistência. Aos tumberos, minha gratidão pelo carinho e por me deixarem fazer parte desta família. A Dacira, José, Camila e Sérgio com todo meu amor. Cada país es un universo Dentro del universo Un hervidero de sueños y herencias De quejas y sugerencias Cada país por los pasos que anda Refleja quien manda Cada país por lo que entristece Nos cuenta quien obedece Cada país tiene sus secretos Unos mas rectos otros en círculos Los que merecen dormir en respeto Los que merecen morir por ridículos Pero también tienen sus peligros Los nativos los errantes Los que si dejan crecer les revientan Los que ni "aducen" los que se inventan Cada país lava sus errores A veces horrores Con hombres que siempre saben contestar Que harías tú en mi lugar Cada país tiene historias contadas Empobrecidas o glorificadas Sus manías, sus cinismos Sus huecos de oportunismos Cada país ve a sus sortilegios Como a privilegios Y no se cuentan ni en años ni inviernos Sino en sus hijos eternos... (Música Cada País, do grupo cubano Buena Fe, Cd Catalejo) AGRADECIMENTOS A oportunidade de realizar uma pesquisa em Cuba foi maravilhosa, pois me possibilitou um crescimento pessoal e profissional imensurável. Não se realiza uma pesquisa como esta, sem o auxílio e o acolhimento de entes queridos. Antes de mais nada, agradeço a Deus, que nos momentos que desacreditei que seria possível avançar, fortificou minha fé e não me deixou cair. Agradeço aos meus pais, Dacira e José, que durante toda minha trajetória acadêmica foram incansáveis em me incentivar. Entenderam minhas ausências, meu cansaço, minha falta de sono e o excesso dele. Foram meu suporte emocional quando no meio deste processo me vi sozinha. A vocês devo todo o meu amor, agradeço por terem me ensinado o valor que existe nas coisas simples, nas raízes familiares, nos sabores que marcam nossas vidas. Agradeço ao meu irmão Sérgio, que tornou esta caminhada mais leve com suas brincadeiras e conselhos. A minha irmã Camila e seu filhote Lupin, por serem fortaleza nos dias sombrios e alegria certa a qualquer hora. Irmã, obrigada pela parceria, pela cumplicidade, pela paciência em escutar minhas lamúrias e por aceitar todas as minhas loucuras, obrigada por ficar ao meu lado sempre. Ao meu cunhado Fernando Maciel, minha gratidão pela paciência e cuidado na confecção de alguns dos mapas que ilustram este trabalho. A Welson Aialon, colega de departamento que também me ajudou com os primeiros mapas. As minhas queridas amigas Jardelly, Maria Angela, Ana Beatriz e Cristina Sena, vocês sabem que tem um pedacinho de vocês neste trabalho. Jardelly, obrigada pelas leituras atentas, sugestões e incentivo, suas considerações reais fizeram toda a diferença. Maria Angela, você me mostrou sistematicamente que sempre podemos ir além e aprender com nossos limites. Ana Beatriz, para os íntimos, “Biazinha”, nossa parceria vem dos tempos de jornalismo, sou grata a vida por ter mantido você pertinho de mim. Obrigada por me presentear com a capa linda deste trabalho. Cris, obrigada por ser essa luz e alegria em todos os momentos. A Antônio Carlos (AC Jr.) e Ana, casal incrível que foi para Cuba e me presenteou com fotos e imagens lindas da Tumba Francesa Caridad del Oriente. Obrigada AC Jr. por ceder algumas imagens que ilustram este trabalho. A Ester Correa e ao seu companheiro, Andrey Moraes, por toparem fazer as artes que abrem os capítulos desta tese, o resultado ficou apaixonante e não se preocupem que os desenhos chegarão nas mãos dos tumberos se Deus quiser! A Mayra González, minha química cubana preferida, mulher de fibra que me acolheu desde o início da pesquisa, há registros que atestam seu alto grau de envolvimento e mostram que até você bailou Tumba Francesa! Ao professor Ciro Labrada e Maria Jesus Lojo Mancebo “Susy”, amigos cubanos que no início da pesquisa, foram fundamentais para estabelecer os primeiros contatos em Cuba e a pelo incentivo de sempre. Ao professor José Matos da Fundação Fernando Ortiz, por aceitar minha orientação no período do sanduíche e me fazer sentir em casa. Obrigada professor pelas trocas, conselhos, pela paciência e por me instigar sobre questões deste campo tão fascinante de trabalho. Sou agradecida a todos da fundação, por tornarem a Casa de Fernando Ortiz, minha casa. As professoras Marta Cordiés e Zoe Cremé, que me receberam na Casa da África de Santiago de Cuba para uma curta mobilidade em 2018. Vocês possibilitaram um salto para este trabalho. Zoe, obrigada por fazer feijoada e por compartilhar sua experiência. A todos os amigos cubanos, com vocês aprendi muito sobre amizade e solidariedade, vocês me ajudaram quando as portas fechavam ou quando eu mesma na busca por vivenciar a realidade das tumbas encontrava obstáculos. Quando o desespero batia, me recordavam “Cuba es linda, pero hay que entenderla” e foi assim que aprendi sobre cubanía e sobrevivência. Aos queridos amigos Marilin, Alberto, Tata, Maricela, Diobel, Aleli, Carlito, Haydée Toirac, Yasel Revé, Jorge Guerrero, Gerardo Muñoz e Aracelys Avilés pelo carinho e acolhida constante. Ao professor Manuel Coca que, mesmo sem me conhecer, me acolheu como uma amiga de longa data, abriu as portas de sua casa em Guantánamo assim como as portas da Cátedra de Estudios Afrocaribeños da Universidade de Guantánamo. Agradeço também as inúmeras conversas e discussões sobre a Tumba Francesa, elas me fizeram repensar caminhos de pesquisa. A leitura atenta na qualificação também foi de suma importância para as conclusões que apresento. Aos funcionários do departamento de Antropologia da UFRN, que são meus amigos desde sempre, Gabriela Bento, Adriano Aranha, Thiago e Kayonara, vocês são fundamentais para este departamento, obrigada pelos cafés, pelas conversas, risadas e por partilharem de tantos momentos da minha trajetória no DAN. Ao profesor José Glebson e ao profesor Luiz Meza, pelas contribuições feitas na ocasião da qualificação, os questionamentos levantados me fizeram aguçar meu olhar sobre o material de campo e repensar minhas condições de pesquisa. Aos meus amigos e colegas que compõem o grupo de pesquisa CIRS (Cultura, Identidade e Representações Simbólicas). Vocês acompanharam este processo me dando muito carinho e sendo parceiros em questões de pesquisa, a vocês minha gratidão e o desejo que cada um tenha sucesso em suas empreitadas acadêmicas. A minha querida orientadora Julie Cavignac, francesa que conheci há dez anos, fascinada pelo Seridó e seridoense de coração. Você me ensinou na prática a fazer pesquisa, me desafiou e me fez crescer como profissional. Nossa parceria começou na graduação, e desde então, construímos laços que vão além de professora/orientanda. Admiro muito sua humanidade, sua forma de instigar seus alunos a crescer. Nesta longa parceria, passei por momentos muito difíceis e você sempre soube compreender, apoiar. Agradeço por cada risco nos manuscritos, pelas frases certeiras dizendo: “Vai pra campo”, quando estava perdida e confusa com minhas questões de pesquisa. Gratidão! Este trabalho é fruto desta parceria. Por fim, mas não menos importantes, aos meus queridos tumberos, que já são minha família. Agradeço por vocês terem aberto suas casas, suas sociedades, seus segredos de família para uma completa desconhecida. O acolhimento de todos os grupos foi incrível e espero que as memórias que vocês partilharam comigo, possam trazer mais visibilidade aos grupos de Tumba Francesa. A minha família tumbera de Santiago, em especial a Sara, Gilberto, Rafael, Lasquin e Marlene, vocês me fizeram entender por que Santiago é a cidade de Cuba mais caribenha de todas, o caldeirão caliente. Partilharam comigo perrengues burocráticos, foram brigar com o comitê do carnaval para que eu pudesse desfilar com vocês, dividiram comigo memórias íntimas de família. Cantamos, bebemos e choramos juntos. Obrigada por mesmo estando longe de Cuba, manterem contato e se preocuparem com o andamento deste trabalho, vocês são maravilhosos! A minha família tumbera Guantanamera, na figura de Damaris, Victor, Ernestina e Emiliano “Chichi”, vocês foram incansáveis em me esclarecer todas as dúvidas, em me apoiar e me indicar os melhores caminhos. Vocês, que carinhosamente me chamavam de “Guerrillera del monte”, por ir até o oriente fazer pesquisa com os “guajiros”, foram fundamentais para entender os processos e as memórias tumberas da Pompadour.
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