Crise N.º 1 2 2015 issn 1646-1762 issn faculdade de ciências sociais e humanas – nova Crise N.º 12 2015 Instituto de História da Arte Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa Edição Instituto de História da Arte abreviaturas ACSL Arquivo do Cabido da Sé de Lisboa ADP Arquivo Distrital do Porto AHTC Arquivo Histórico do Tribunal de Contas AISS Arquivo da Irmandade do Santíssimo Sacramento AMCB Arxiu Municipal Contemporani de Barcelona AML Arquivo Municipal de Lisboa ANBA Academia Nacional de Belas-Artes ANSL/AHIL Archivio de Nossa Senhora di Loreto AOS Arquivo Oliveira Salazar APL Arquivo do Patriarcado de Lisboa ASV Archivio Segreto Vaticano BNRJ Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro BNUT Biblioteca Nazionale Universitaria di Torino CESEM Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical CML Câmara Municipal de Lisboa CNL Cartórios Notariais de Lisboa DGEMN Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais DGLAB/TT Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas / Torre do Tombo DGPC Direcção Geral do Património Cultural FCSH/UNL Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa FCG Fundação Calouste Gulbenkian FCT Fundação para a Ciência e a Tecnologia Fig. Figura FLUL Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa GEAEM-DIE Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar da Direcção de Infra-Estruturas IHA Instituto de História da Arte IHC Instituto de História Contemporânea IHRU nstituto da Habitação e da Reabilitação Urbana IPPAR Instituto Português do Património Arquitectónico IST Instituto Superior Técnico MC Museu da Cidade MNAA Museu Nacional de Arte Antiga UAb Universidade Aberta · Editorial 7 Margarida Brito Alves, Giulia Lamoni e Katherine Sirois Entrevista com Suzanne Cotter 11 Conduzida por Catarina Rosendo ENSAIOS La série, la crise, le monde 20 Gérard Wajcman Pourquoi nous avons besoin de la critique ? 40 Danièle Cohn Breaking Down and Breaking Out: Beckett’s ‘Absolute Liminality’ 48 in the Third Age of Capitalist Traumas Índice Paulo Domenech Oneto DOSSIER DE ARTISTA 60 Filipa César DOSSIER – CRISE History of Art and Art Criticism: A System in Crisis 79 Maria Giovanna Mancini Breaking the Pattern and Creating New Paths – Feminist Mizrahi 93 Women Artists in Israel Tal Dekel Revolution in Crisis: The Ruptures of Revolution and Ruptured 107 Revolutions Through the Ruptures of Artistic Practice Ana Balona de Oliveira Éléments pour une approche de la philosophie orteguienne de la crise 125 Anne Bardet In Search of the Origins of Modernism: Venice and the Crisis of Classical 135 Architecture in the mid-eighteenth century Louis Cellauro O Elvis de Macau. Relatos de uma distopia na China 149 Jorge Figueira La Cène ou la figure du banquet comme image de 161 crise morale chez Zeng Fanzhi Christine Vial Keyser Sensory turn. Quando o sujeito se torna o centro da História da Arte 177 Inês Afonso Lopes Arshile Gorky: An Armenian in New York 191 Ana Vasconcelos O xadrez como metáfora para pensar a crise nas humanidades 203 Diniz Cayolla Ribeiro Vasco Araujo et ALII. A in-atualidade da identidade contemporânea 217 Bruno Marques e Ivo André Braz De la crisis de experiencia a la experiencia de la crisis. 235 Una aproximación al arte público en Argentina Natalia Taccetta VARIA Conventos em tempos de crise. O Convento do Espírito Santo da Pedreira 250 de Lisboa. Quatro desenhos de projecto de José Joaquim Ludovice Miguel Soromenho e Raquel Henriques da Silva Uma topografia poética e estética em António Dacosta 266 Tomás Castro RECENSÕES Fukuko Ando et « Amaterasu ». Exposition – performance 280 Katherine Sirois Daniel Arasse. Não se vê nada. Descrições 290 Nuno Crespo Claire Bishop. Radical Museology: or What’s ‘Contemporary’ 294 In Museums of Contemporary Art? Maria do Mar Fazenda David Santos: a reinvenção do real – Curadoria e Arte 298 contemporânea no Museu do Neo-realismo Mariana Marin Gaspar NOTÍCIAS 301 ABERTURA Interdépendance, biodiversité et durabilité : 310 De la crise globale au changement de paradigme Katherine Sirois Editorial o longo dos últimos anos, como uma remanência surda dos eventos que decorreram ao longo do século xx, o termo “crise” tem sido exaustiva- Amente repetido, remetendo para um período de instabilidade resultante de um colapso económico – o que lhe atribui uma carga inevitavelmente negativa e dramática. Contudo, desde a sua origem, a palavra “crise” está associada a um juízo, e até mesmo a um diagnóstico, correspondendo assim à apreciação de um momento de transição determinante, e capaz de evoluir de forma diversa. Nas suas diferentes acepções, o termo grego “krisis” corresponde, de certo modo, ao momento crítico, a uma escolha ou a uma acção, que tem por fundo um conflito intenso. A crise designa um desenlace, determinado por um resultado que é decisivo para o indivíduo ou para a sociedade. No quadro médico, a noção de crise – que tem a sua origem na esfera jurídica –, está associada ao ser vivo e às realidades do corpo, equivalendo a um ponto de ruptura, a uma mudança súbita na evolução de uma doença (J. Pigeaud, 2006). Nos domínios cultural, artístico e intelectual, a crise implica colocar em causa, através do questionamento, do confronto ou da rejei- ção, as tradições, as convenções, ou as heranças do passado (E. Husserl, 1976; H. Arendt, 1961; H. Belting, 1983). Com base nesse processo, poderão então surgir novas orientações, novos métodos, novos paradigmas, novos objectos. Em suma, a noção de crise apela inevitavelmente ao novo, rompendo, de forma mais ou menos radical, com o que estava anteriormente estabelecido. A crise, no seu grau paroxís- revista de história da arte n.o 12 – 2015 7 tico, corresponde a uma passagem que não ocorre sem turbulências, sem tensões e sem uma desorganização por vezes convulsiva e angustiante. Evoca os momentos de transição que apelam à urgência de acção e ao sentido de responsabilidade, de modo a chegar a seu termo, em direcção ao desconhecido, ao novo ou ao inédito. Coincide assim com um momento de ebulição e de grande vitalidade criativa, através do qual podem emergir actos de fundação. Enquanto ponto de viragem, a crise pode então equivaler a uma noção de ruptura, mas pode, igualmente, anunciar a afirmação de uma dinâmica produtiva, consti- tuindo-se, nesse sentido, como uma oportunidade, ou um desafio, para a criação e definição de um novo paradigma. Apesar de ultimamente, e nas mais diversas áreas, terem surgido diferentes ini- ciativas que problematizam a noção de “crise”, pensá-la no campo da História da Arte – necessariamente entendido em articulação com o quadro mais alargado das Ciências Sociais e Humanas – constitui-se como um exercício particularmente desafiante. Com efeito, para a História da Arte, a noção de “crise” é amplamente fecunda, podendo aliás ser pensada como um elemento transversal: da Antigui- dade à Contemporaneidade, a História da Arte pode ser perspectivada como um conjunto de narrativas ligadas a diferentes processos de crise, o que torna assim a crise não numa “condição de excepção”, mas numa recorrência, ou mesmo num “estado normal”, prolongando-se indefinidamente no tempo (G. Agamben, 2003). Foi com base nestas coordenadas que nos propusemos a constituir o N.º 12 da Revista de História da Arte como um espaço de problematização da “crise” a partir da História da Arte e da produção artística – incluindo a Arquitectura, a Dança, o Teatro ou o Cinema –, mas também de outras áreas das Ciências Sociais e Humanas. Nesse sentido, em Abril de 2014, foi lançada uma chamada de artigos internacional que obteve um alargado número de respostas, a partir do qual foi seleccionado um conjunto de propostas que nos pareceram particularmente estimulantes e que foram submetidas ao rigoroso processo de revisão de artigos por pares, a que a Revista de História da Arte obedece. Nestes termos, e dando sequência ao traba- lho desenvolvido no seu número anterior, todos os artigos publicados nas secções principais desta revista foram submetidos a dupla arbitragem científica. 8 revista de história da arte n.o 12 – 2015 A Revista de História da Arte Nº 12 – Crise, dá assim continuidade ao formato que tem vindo a ser assumido, mas não deixou contudo de introduzir-lhe algumas va- riações, na medida em que não só inclui um ensaio visual de uma artista – Filipa César –, que muito contribui para o questionamento deste tema na actualidade, como integra uma reflexão de encerramento – aqui apresentada como “abertura” – dado que nos pareceu fundamental abrir o tema a uma perspectiva cultural, mas também política, social, económica e ecológica mais alargada, que determina a nossa presente e continuada crise. Margarida Brito Alves Giulia Lamoni Katherine Sirois Referências AGAMBEN, Giorgio, 2003. Stato di Eccezione, Torino: Bollati Boringhieri. ARENDT, Hannah, 1961. Between Past and Future. Six Exercices in Political Thought. London: Faber & Faber. BELTING, Hans, 1983. Das Ende der Kunstgeschichte? München: Deutscher Kunstverlag. HUSSERL, Edmund, 1954. Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie: Eine Einleitung in die phänomenologische Philosophie. Den Haag: Martinus Nijhoff. PIGEAUD, Jackie, 2006. La crise. Nantes: Editions Cécile Defaut. revista de história da arte n.o 12 – 2015 9 SUZANNE COTTER © ARQ/MIGUEL OLIVEIRA (WWW.PORTO24.PT) uzanne Cotter, directora do Mu- Kounellis, Mike Nelson, Silke Otto-Kna- ward Gallery in London, and as a senior seu de Arte Contemporânea de pp, Fiona Tan, Kelley Walker, Monir Sha- curator and deputy director of the Mu- SSerralves,
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