Agildo Ribeiro O Capitão do Riso Agildo Ribeiro miolo.indd 1 3/9/2007 21:05:15 Agildo Ribeiro miolo.indd 2 3/9/2007 21:05:15 Agildo Ribeiro O Capitão do Riso Wagner de Assis São Paulo, 2007 Agildo Ribeiro miolo.indd 3 3/9/2007 21:05:15 Governador José Serra Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Diretor-presidente Hubert Alquéres Diretor Vice-presidente Paulo Moreira Leite Diretor Industrial Teiji Tomioka Diretor Financeiro Clodoaldo Pelissioni Diretora de Gestão Corporativa Lucia Maria Dal Medico Chefe de Gabinete Vera Lúcia Wey Coleção Aplauso Série Especial Coordenador Geral Rubens Ewald Filho Coordenador Operacional e Pesquisa Iconográfica Marcelo Pestana Projeto Gráfico Carlos Cirne Editoração Aline Navarro Assistente Operacional Felipe Goulart Tratamento de Imagens José Carlos da Silva Carlos Leandro Alves Branco Revisão Dante Pascoal Corradini Sarvio Nogueira Holanda Agildo Ribeiro miolo.indd 4 3/9/2007 21:05:16 Apresentação “O que lembro, tenho.” Guimarães Rosa A Coleção Aplauso, concebida pela Imprensa Oficial, tem como atributo prin- cipal reabilitar e resgatar a memória da cultura nacional, biogra fando atores, atrizes e diretores que compõem a cena brasileira nas áreas do cinema, do teatro e da televisão. Essa importante historiografia cênica e audio visual brasileiras vem sendo re- constituída de maneira singular. O coordenador de nossa cole ção, o crítico Rubens Ewald Filho, selecionou, criteriosamente, um conjunto de jornalistas espe cializados para realizar esse trabalho de aproximação junto a nossos bio- grafados. Em entre vistas e encontros sucessivos foi-se estrei tando o contato com todos. Preciosos arquivos de documentos e imagens foram aber tos e, na maioria dos casos, deu-se a conhecer o universo que compõe seus cotidianos. A decisão em trazer o relato de cada um para a primeira pessoa permitiu manter o aspecto de tradição oral dos fatos, fazendo com que a memória e toda a sua conotação idiossincrásica aflorasse de maneira coloquial, como se o biografado estivesse falando diretamente ao leitor. Gostaria de ressaltar, no entanto, um fator importante na Coleção, pois os re- sultados obti dos ultrapassam simples registros biográ ficos, revelando ao leitor facetas que caracteri zam também o artista e seu ofício. Tantas vezes o biógrafo e o biografado foram tomados desse envolvimento, cúmplices dessa simbiose, que essas condições dotaram os livros de novos instrumentos. Assim, ambos se colocaram em sendas onde a reflexão se estendeu sobre a formação intelectual e ideológica do artista e, supostamente, continuada naquilo que caracterizava o meio, o ambiente e a história brasileira naquele contexto e momento. Muitos discutiram o importante papel que tiveram os livros e a leitura em sua vida. Deixaram transparecer a firmeza do pensamento crítico, denunciaram precon- ceitos seculares que atrasaram e conti nuam atrasando o nosso país, mostraram o que representou a formação de cada biografado e sua atuação em ofícios de linguagens diferen ciadas como o teatro, o cinema e a televisão – e o que cada um desses veículos lhes exigiu ou lhes deu. Foram analisadas as distintas lingua- gens desses ofícios. Cada obra extrapola, portanto, os simples relatos biográficos, explorando o uni- verso íntimo e psicológico do artista, revelando sua autodeterminação e quase nunca a casualidade em ter se tornado artista, seus princípios, a formação de sua personalidade, a persona e a complexidade de seus personagens. Agildo Ribeiro miolo.indd 5 3/9/2007 21:05:16 São livros que irão atrair o grande público, mas que – certamente – interessarão igualmente aos nossos estudantes, pois na Coleção Aplauso foi discutido o in- trincado processo de criação que envolve as linguagens do teatro e do cinema. Foram desenvolvidos temas como a construção dos personagens interpretados, bem como a análise, a história, a importância e a atualidade de alguns dos per- sonagens vividos pelos biogra fados. Foram examinados o relaciona mento dos artistas com seus pares e diretores, os processos e as possibilidades de correção de erros no exercício do teatro e do cinema, a diferenciação fundamental desses dois veículos e a expressão de suas linguagens. A amplitude desses recursos de recuperação da memória por meio dos títulos da Coleção Aplauso, aliada à possibilidade de discussão de instru mentos profissio- nais, fez com que a Imprensa Oficial passasse a distribuir em todas as biblio tecas importantes do país, bem como em bibliotecas especializadas, esses livros, de gratificante aceitação. Gostaria de ressaltar seu adequado projeto gráfico, em formato de bolso, do- cumentado com iconografia farta e registro cronológico completo para cada biografado, em cada setor de sua atuação. A Coleção Aplauso, que tende a ultrapassar os cem títulos, se afirma progressi- vamente, e espe ra contemplar o público de língua portuguesa com o espectro mais completo possível dos artistas, atores e diretores, que escreveram a rica e diversificada história do cinema, do teatro e da televisão em nosso país, mesmo sujeitos a percalços de naturezas várias, mas com seus protagonistas sempre rea- gindo com criati vidade, mesmo nos anos mais obscuros pelos quais passamos. Além dos perfis biográficos, que são a marca da Coleção Aplauso, ela inclui ainda outras séries: Projetos Especiais, com formatos e carac terísticas distintos, em que já foram publicadas excep cionais pesquisas iconográficas, que se ori gi naram de teses universitárias ou de arquivos documentais pré-existentes que sugeriram sua edição em outro formato. Temos a série constituída de roteiros cinemato gráficos, denominada Cinema Brasil, que publi cou o roteiro histórico de O Caçador de Dia mantes, de Vittorio Ca- pellaro, de 1933, considerado o primeiro roteiro completo escrito no Brasil com a intenção de ser efetivamente filmado. Parale lamente, roteiros mais recentes, como o clássico O Caso dos Irmãos Naves, de Luis Sérgio Person, Dois Córregos, de Carlos Reichenbach, Narrado res de Javé, de Eliane Caffé, e Como Fazer um Filme de Amor, de José Roberto Torero, que deverão se tornar bibliografia básica obrigatória para as escolas de cinema, ao mesmo tempo em que documentam essa importante produção da cinematografia nacional. Agildo Ribeiro miolo.indd 6 3/9/2007 21:05:16 Gostaria de destacar a obra Gloria in Excelsior, da série TV Brasil, sobre a ascen- são, o apogeu e a queda da TV Excelsior, que inovou os proce dimentos e formas de se fazer televisão no Brasil. Muitos leitores se surpreenderão ao descobrirem que vários diretores, autores e atores, que na década de 70 promoveram o cres- cimento da TV Globo, foram forjados nos estúdios da TV Excelsior, que sucumbiu juntamente com o Gru po Simonsen, perseguido pelo regime militar. Se algum fator de sucesso da Coleção Aplauso merece ser mais destacado do que outros, é o interesse do leitor brasileiro em conhecer o percurso cultural de seu país. De nossa parte coube reunir um bom time de jornalistas, organizar com eficácia a pesquisa documental e iconográfica, contar com a boa vontade, o entusiasmo e a generosidade de nossos artistas, diretores e roteiristas. Depois, apenas, com igual entusiasmo, colocar à dispo sição todas essas informações, atraentes e aces- síveis, em um projeto bem cuidado. Também a nós sensibilizaram as questões sobre nossa cultura que a Coleção Aplauso suscita e apre senta – os sortilégios que envolvem palco, cena, coxias, set de filmagens, cenários, câmeras – e, com refe rência a esses seres especiais que ali transi tam e se transmutam, é deles que todo esse material de vida e reflexão poderá ser extraído e disse minado como interesse que magnetizará o leitor. A Imprensa Oficial se sente orgulhosa de ter criado a Coleção Aplauso, pois tem consciência de que nossa história cultural não pode ser negli genciada, e é a partir dela que se forja e se constrói a identidade brasileira. Hubert Alquéres Diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Agildo Ribeiro miolo.indd 7 3/9/2007 21:05:16 Agildo Ribeiro miolo.indd 8 3/9/2007 21:05:16 Dedico este livro aos meus pais, Agildo e Maria, e a Didi, fiel companheira. Agildo Ribeiro Agildo Ribeiro miolo.indd 9 3/9/2007 21:05:16 Agildo, o capitão do riso Agildo Ribeiro miolo.indd 10 3/9/2007 21:05:16 Introdução Antes de qualquer coisa, aqui vale um aviso aos leitores: este livro está cheio de um conteúdo altamente contagiante – riso. Motivos e histórias não faltam na vida deste que é um dos maiores humoristas brasileiros. Seria até bobagem chamá-lo de o maior. Ele faria piada disso, certamente. Mas, nesse momento de homenagens, eis que se faça justiça. Se não for o maior, está no pódio. É, portanto, um livro de risos e palmas. Agildo Barata Ribeiro Filho, carioca da gema, brasileiro d’alma, português de outras encarnações provavelmente, é figura tão marcante e importante na vida cultural brasileira – e, de certa forma, no país de Camões pelas últimas décadas – que este relato pode ser perfeitamente interativo e acompanhado da memória do pú- blico que o assiste por mais de meio século, completado em abril de 2004. Por isso, não é difícil ouvir sua voz quando dá palhinhas de personagens; também pode-se facilmente imaginar as reações do rosto, os gestos, os movimentos das mãos, que sempre pertenceram aos inúmeros tipos que ele protagonizou – e provocam a mesma reação: uma deliciosa, quem sabe divina?, gargalhada. Quem não se lembra do Coisa horrorosa! Posso esclarecer? Todos inesquecíveis. Dos bonecos do Cabaré do Barata, com a mais completa e inusitada reunião de políticos brasileiros; ou, mais longe ainda, as memórias vão resgatar o maravi- lhoso ratinho Topo Giggio. Quem não recorda, não viveu no Brasil na época. 11 Não viu televisão. Não riu com Agildo. Não é um livro de piadas. Tem papo sério. Tem emoção. Mas, impregnado, tem humor em todos os níveis.
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