Lusófona Quis Salvar Relvas Mas Não Convenceu Crato

Lusófona Quis Salvar Relvas Mas Não Convenceu Crato

Tiragem: 44021 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,21 x 30,54 cm² ID: 46996933 05-04-2013 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 9 DEMISSÃO DE RELVAS Lusófona quis salvar Relvas mas não convenceu Crato Cinco anos após Relvas ter obtido a sua licenciatura, a Lusófona voltou a aprová- lo, refere o relatório da Inspecção-Geral da Educação e Ciência. Não convenceu Nuno Crato que enviou o caso para o Ministério Público com vista à declaração de nulidade do grau académico do agora ex-ministro tanto nos Estatutos da ULHT, como guel Relvas “encontra-se inquinado Ontem, numa entrevista à SIC Notí- Andreia Sanches, Clara no Regulamento de Avaliação de Co- de violação de lei, por não terem sido cias, Nuno Crato garantiu que nunca Viana e Sofia Rodrigues nhecimentos daquela universidade, observadas as disposições legais apli- falou com Relvas sobre o processo frisa-se no relatório da IGEC. Na ver- cáveis, na matéria, à data da prática da licenciatura mas que manteve o uando no ano lectivo de dade, acrescenta-se, este tipo de pro- dos factos”. Sendo assim, defende, primeiro-ministro informado “dos 2006/2007 era aluno da va surgia associado à “avaliação fi nal este acto é “gerador de nulidade, por contornos gerais do processo”. Há Universidade Lusófona de por exame” no Regulamento Peda- falta de elementos substanciais à sua “alguns dias” disse a Passos Coelho Humanidades e Tecnologias gógico do curso de Ciência Política, prática”. A ULHT alegou que o acto que enviaria o caso para o tribunal. (ULHT), em Lisboa, Miguel que fora aprovado apenas por Santos de avaliação de Relvas agora con- Relvas requereu admissão à licen- QRelvas não fez exame es- Neves, na sua qualidade de reitor, e testado é “constitutivo de direitos”, ciatura de Ciência Política e Relações crito à cadeira de Introdução ao por isso padecia de invalidade. pelo que, mesmo que fosse inválido, Internacionais em Setembro de Pensamento Contemporâneo, que Esta foi a única “irregularidade não poderia agora ser revogado” pe- 2006. Foi a Fernando dos Santos Ne- concluiu, ainda assim, com 18 valo- formal” admitida pela ULHT no ca- la universidade. A IGEC contrapõe, ves, então reitor da Lusófona, que se res. E é por essa razão que o ministro so de Miguel Relvas, já que aquele lembrando que nos termos do Có- dirigiu para pedir uma eventual atri- da Educação Nuno Crato requer ago- regulamento não foi elaborado pelo digo do Processo Adminsitrativo os buição de equivalências com base na ra que o tribunal analise a anulação Conselho Pedagógico do Curso de actos nulos “não produzem efeitos sua experiência profi ssional. Santos da licenciatura de Relvas. A decisão Ciência Política, a quem competia nem são constitutivos de direitos” Neves foi também um dos dois pro- ofi cial de Crato foi conhecida ontem, a esta atribuição. Para ultrapassar pelo que a Relvas continuam a faltar fessores que analisaram o currículo em comunicado, cerca de duas horas esta inconveniência, a ULHT optou cinco créditos, os correspondentes à do candidato e que acharam que ele e meia depois do ministro-Adjunto e por tentar resolver o caso retroacti- cadeira em causa, para obter o grau valia 160 dos 180 créditos necessários dos Assuntos Parlamentares ter apre- vamente: em Dezembro de 2012, cin- de licenciado. para obter o grau de licenciado. E foi, sentado ao país a demissão. co anos depois de Relvas ter obtido Um dia depois de uma moção de igualmente, o homem que assinou No relatório que a Inspecção-Geral o seu grau académico, o Conselho censura ao Governo, e em vésperas o despacho a defi nir as disciplinas a de Educação e Ciência (IGEC) fez so- Pedagógico da Faculdade de Ciência de uma decisão do Tribunal Constitu- que Relvas deveria ter equivalência. bre o modo como Relvas obteve a Política, Lusofonia e Relações Inter- cional sobre o Orçamento do Estado, Por fi m, leccionou uma das quatro sua licenciatura, a que o PÚBLICO nacionais, em que está integrado o o braço-direito do primeiro-ministro cadeiras semestrais que Relvas teve teve acesso, descreve-se o que o ex- curso de Relvas, ratifi cou o regula- sai de cena — até à hora de fecho des- que fazer: Introdução ao Pensamen- ministro fez para obter 18 valores na mento aprovado por Santos Neves ta edição não era conhecido o seu to Contemporâneo, precisamente. A cadeira de Introdução ao Pensamen- em 2006. substituto. cadeira onde o aluno melhor se saiu: to Contemporâneo: uma “discussão Na mesma reunião de Dezembro 18 valores. E que agora está no centro oral de sete artigos de jornal” da sua de 2012, o Conselho Pedagógico Passos foi informado da decisão de Crato. autoria “publicados em diferentes confi rmou e ratifi cou a avaliação de O despacho de Nuno Crato diz que o Apesar de o anúncio da demissão órgãos de comunicação social, entre Relvas na cadeira de Introdução ao relatório da IGEC relativo ao proces- do ministro-Adjunto ter surpreen- 2003 e 2006”. Pensamento Contemporâneo. Ava- so de licenciatura de Miguel Relvas dido até o CDS, Miguel Relvas deu E esclarece-se que isto foi feito “em liação que foi também confi rmada, será enviado ao Ministério Público, nota de que já tinha combinado a sua fase de exame, sem que [o aluno] ti- no mesmo dia, pelo Conselho Peda- para que posteriormente o Tribunal saída “há semanas” com o primeiro- vesse realizado prova escrita”. Facto gógico da universidade. A 7 de De- Administrativo do Círculo de Lisboa ministro. “Saio por vontade própria. que, acrescenta-se, foi confi rmado à zembro, era emitido um despacho “possa extrair os devidos efeitos le- É uma decisão tomada há várias se- IGEC em Setembro passado pelo ex- do reitor dando conta que, com estas gais” das irregularidades detectadas. manas conjuntamente com o senhor reitor da ULHT, Fernando dos Santos decisões, se procedera à sanação de- E abre a porta a que mais diplomas, primeiro-ministro. Saio apenas e só Neves, que foi também o responsável fi nitiva das irregularidades detecta- de outros alunos da Lusófona, pos- por entender que já não tenho con- pela nota obtida por Relvas na ca- das pela IGEC. sam ser anulados. É que a IGEC de- dições anímicas para continuar”, deira de Introdução ao Pensamento Os procedimentos adoptados pela tectou mais “defi ciências e aparentes afi rmou o ministro numa declara- Contemporâneo. ULHT não convenceram a IGEC: con- incoerências”. Entre Jneiro e Feve- ção aos jornalistas, na Presidência Esta forma de “exame” contraria o trariamente ao exposto pela ULHT, reiro foram analisados “398 casos do Conselho de Ministros. que se encontrava então estipulado afi rma que o acto avaliativo de Mi- individuais”. Com o pin da bandeira de Portugal Tiragem: 44021 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,48 x 30,26 cm² ID: 46996933 05-04-2013 Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 9 DANIEL ROCHA Miguel Relvas disse que sai do Governo mas continua a acreditar no projecto político de Passos Coelho na lapela – a imagem de marca do ac- tual Governo – o ainda ministro leu a declaração devagar e emocionou-se Governo admite crise se TC algumas vezes. Não disse claramente qual a razão da sua saída do Governo, inviabilizar 600 milhões afi rmando apenas que irá iniciar uma “nova etapa” na sua vida — “Inicio agora uma etapa na minha vida, fo- ra da actividade governativa”. Para ceita que cabe dentro desse limite, acrescentar de seguida: “Mas conti- Leonete Botelho pois está calculada no próprio OE em nuo a participar e, mais do que tudo, e Sofia Rodrigues 420 milhões de euros. A devolução a acreditar na validade e no acerto do subsídio de férias aos funcionários político do projecto político pelo dr. não substituição, ontem públicos aumentaria a despesa em Pedro Passos Coelho”. mesmo, de Miguel Relvas 800 milhões e a reposição de 90% enquanto ministro ad- do 13.º mês aos pensionistas cerca Sem perguntas junto e dos Assuntos Par- de 700 milhões. “Este é o tempo de decisões pesso- lamentares está a ser vista O problema colocado por um ais importantes, tanto na minha vida Anos meios políticos, inclu- eventual chumbo a algumas medi- como na vida da minha família, creio sive no próprio PSD, como mais um das terá de ser apresentado à troika, ser o momento certo para fazer uma sinal de que o Governo mantém em uma vez que poderá pôr em causa interrupção e para iniciar uma nova aberto o cenário de demissão caso a o cumprimento do limite do défi ce, etapa”, afi rmou numa declaração em decisão do Tribunal Constitucional ainda que este tenha já sido estica- que não respondeu a perguntas. sobre o Orçamento do Estado ultra- do de 4,5% para 5,5%. O problema Sem desvendar que outra fase irá passar determinados limites. Se as é que o aumento de 1% do PIB não é viver, Relvas mostrou disponibilida- medidas chumbadas atingirem até sufi ciente para acomodar, ao mesmo de para “agora em funções diferen- 600 milhões de euros, o executivo tempo, as derrapagens da execução tes continuar a lutar por um futuro conseguirá acomodar esse montante. orçamental e o chumbo de medidas melhor para Portugal”. Mas, se implicar um buraco fi nancei- de peso, como o corte do subsídio de Relvas foi o homem forte de Pe- ro maior, a solução é uma incógnita. E férias aos funcionários públicos. E no dro Passos Coelho quando este avan- recoloca em cima da mesa o cenário PSD já há a convicção de que não é çou para a liderança do partido em de uma crise política.

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