Passos Coelho “Preso” Por 18 Mil Assinaturas

Passos Coelho “Preso” Por 18 Mil Assinaturas

Diretora: Deolinda Almeida • Atelier de Jornalismo: Imprensa nº132117 • 9 de Fevereiro a 10 de Março de 2015 Gazeta do Cenjor Passos Coelho “preso” por 18 mil assinaturas Dívidas do primeiro-ministro à segurança social mobilizam os portugueses no apoio à petição online, motivada pela violação do princípio da igualdade, inscrita no artigo 13 da Constituição, comprometendo futuro político do chefe do Governo. O documento reuniu assinaturas suficientes para subir a plenário da Assembleia da República pág. 3 Cultura País “Doce Pássaro Sacos da Juventude” em baixa chega a ambiente Lisboa em em alta Abril pela mão A taxa de 10 cêntimos em vigor para os sacos de plástico leves tem leva- dos Artistas do os portugueses a reutilizar mais. Unidos pág. 4 pág. 11 Sociedade Sete mulheres, sete histórias com garra págs. 5 a 10 e 16 Desporto País Academia Sem-abrigo de esgrima de Lisboa recria convivem episódios com luxo históricos da vida págs. 14/15 dos outros pág. 2 Lazer O Corpo Nacional de Escutas tem 92 anos e não pára de crescer pág. 17 Gazeta do Cenjor 2|País 9 de Fevereiro a 10 de Março de 2015 Equipas de apoio social garantem esperança diária aos sem-abrigo de Lisboa Aqui também não há “cidadãos perfeitos” A comunidade sem-abrigo na Baixa lisboeta é extensa e fechada, sem rumo para lá do dia-a-dia em que “tudo é um problema” e a solução complexa. Contrastes de uma vida ladeada por lojas de luxo e pessoas apressadas, enquanto outros já caíram antes de morrer FRANCISCO LARANJEIRA Francisco Laranjeira As notícias que marcam a atua- lidade nacional, os eventos que moldam o mundo, passam ao la- do de quem monta residências de cartão, feitas de mantas velhas e sujas, onde se embrulham para esquecer os problemas e prote- ger-se de uma vida sem perspe- tiva. Nas ruas da Baixa, assim co- mo nos corredores do Palácio de São Bento, “não há cidadãos per- feitos”. Essa perseguida perfeição não é uma opção para quem a vi- da se esqueceu de sorrir. Atirados para a rua, os homens e mulheres que constroem “abrigos” diários, forrados com o desperdício dos artigos de luxo das lojas exclusi- vas, fazem da distinta avenida da Liberdade um amplo dormitório, com refeitório, ginásio e escritório. Apesar das janelas ao lado re- velarem tendências com “preços sob consulta”, os sem-abrigo de Lisboa alimentam-se pela mão vigilante das instituições de so- Não é difícil passear pela avenida e encontrar exemplos de pessoas carenciadas e dependentes lidariedade e do que conseguem amealhar durante o dia. Segundo forto’ levanta logo diversas bar- é uma população heterogénea e uma vez que não temos como pro- rias de sucesso é uma tarefa com- o último censo, realizado em 2013, reiras.” as equipas vão traçando os pla- var a veracidade das informações plicada. Afinal, o que é ou até que são 852 pessoas na capital portu- É um outro mundo, “do qual não nos de intervenção de acordo com recolhidas. Mas as doenças men- ponto podemos considerar o su- guesa em situação carenciada, de estão dispostos a sair e a perder as necessidades de quem procu- tais e a toxicodependência estão cesso de um caso? Um ano, cinco, todas as idades, sexo e problemas. a ‘sua’ liberdade”, refere a jovem ra ajuda”, frisa, enquanto aplaude no pódio das causas, certamente”, fora da rua?”, sublinham os cuida- Na Baixa não se consegue calcu- assistente, de 25 anos, que acom- a criação recente da Unidade de lamenta a jovem assistente. dores mais experientes. E surge o lar exatamente quantos fazem da panha há seis meses a comunida- Atendimento à Pessoa Sem-Abri- exemplo de um dos idosos mais zona histórica lisboeta residência de sem-abrigo residente nas zo- go, no Cais do Sodré. Adaptar estratégias carismáticos da Baixa. “Aceitou ir mas a sua presença é impossível nas antigas lisboetas. A equipa de O mundo dos sem-abrigo é fe- e ritmos para um lar, após anos de insistên- de passar despercebida. apoio na qual está integrada tem chado, por proteção própria, des- Enquanto se prepara para mais cia e consequentes recusas. Até ao O apoio prestado pelas institui- mais de uma década de experiên- confiança inata e também alguma uma noite de acompanhamen- momento é um sucesso mas não ções é essencial na vida dos ca- cia, tal como outras instituições vergonha de quem não tem a vida to nas ruas da Baixa pombalina, temos de todo certeza que não o renciados. Mas não é menos do que operam na Baixa. “Todos os nas mãos. É difícil quebrar a bar- a equipa de apoio sabe que não voltaremos a encontrar neste ou que um nó górdio. “A resistência a meses, existe uma reunião com reira que a miséria provoca. A ci- existe uma agenda certa. “O nos- noutro local novamente a pedir uma verdadeira ajuda, para alte- todas as equipas que fazem inter- dadania mostra as garras quando so dia-a-dia é sempre inesperado, esmola”, frisam. rar a situação atual, é a maior di- venção na cidade, aqui é feita dis- o medo da queda do outro a inco- pois estamos aqui para responder “As caras já são conhecidas, ficuldade”, explica uma assistente tribuição de casos para que não moda e até pode passar ao lado. às pessoas. O nosso ritmo é o seu nem mais nem menos. Não se no- social no terreno, que se prefere haja trabalho sobreposto”, lembra. Aqui nesta comunidade nin- ritmo. A nossa zona de interven- ta que tenha aumentado o núme- manter na sombra, como aliás os guém se sente como cidadão e ção é um local privilegiado, de- ro de sem-abrigo. Vão mudando sem-abrigo, que não abdicam da Quem não tem a vida procurar as origens deste círcu- vido ao movimento de serviços e de local, ‘desaparecem’ durante espessa máscara perante estra- nas mãos lo vicioso é uma tarefa complexa. turistas”, refere a assistente social. uns meses mas posteriormente re- nhos. “Em regra, os sem-abrigo Para as diversas equipas “o objeti- “As causas são muitos diferentes. Apesar de algum sentimento de gressam”, lembram, à medida que estão dispostos a satisfazer ape- vo é comum e articulado, melho- Muitos recusam explicar o moti- impotência, as comunidades de so- a noite fria vai caindo e é hora de nas as suas necessidades básicas, rar a qualidade de vida de quem vo que os levou para a rua. Se pu- lidariedade social trabalham nas ir para a rua dar o que se pode a que passam pela alimentação, co- está na rua.” No entanto, todos dermos definir um traço comum zonas históricas de Lisboa com di- quem nada tem. Porque, até ver, bertores, alguma medicação no sabem que não há fórmulas per- a grande parte dos sem-abrigo é o nâmica, embora as recompensas desistir é uma palavra que ficou local de pernoita. Qualquer ação feitas. “O trabalho com pessoas alcoolismo, embora qualquer es- sejam muitas vezes curtas, face aos esquecida no dicionário das as- que envolva sair da ‘zona de con- é extremamente complexo. Esta tudo estatístico seja pouco viável, obstáculos diários. “Falar de histó- sistentes sociais. Gazeta do Cenjor 9 de Fevereiro a 10 de Março de 2015 País|3 Petição online pede contas ao primeiro-ministro Serviço Nacional de Saúde sob o olhar de dois enfermeiros Passos Coelho com “Pensinhos rápidos” futuro tremido numa ferida aberta Indignação popular soma assinaturas e poderá promover dicussão na AR. O escândalo com as Salvam a vida dos outros, são elementos de coesão no todo dívidas à segurança social tem deixado a sua mancha hospitalar, mas a desmotivação e a revolta invadem os no Governo e pode marcar o debate quinzenal de amanhã profissionais de enfermagem que se sentem desvalorizados recolha de dados que apontava pa- face à responsabilidade dos seus longos dias Francisco Laranjeira, ra valores não pagos entre 1999 e DR Luís Neto 2004, dá conta das respostas de Pe- Alexandre de Oliveira e Ricardo Sobral dro Passos Coelho, que afirma nun- ca ter sido notificado e que pagou “Era um café curto, por favor”, pe- O futuro do primeiro-ministro Pe- cerca de quatro mil euros da dívi- de ao empregado de balcão en- dro Passos Coelho pode ir a deba- da de forma voluntária. quanto tira o casaco. Vida de en- te na Assembleia da República, de- “Não sou um cidadão perfeito”, fermeiro é assim, desdramatizar e pois de uma petição online ter reu- reagiu, três dias depois, Passos Coe- recuperar de mais um turno, que nido mais de 18 mil assinaturas, na lho e acaba por envolver o ex-pri- começou às 22h30 e terminou às sequência do escândalo contribu- meiro-ministro José Sócrates na po- 08h30, na Unidade de Cuidados tivo do líder do Governo. lémica ao afirmar “nunca ter usado Intensivos de Gastro e Hepatolo- “Venho pela presente, e na quali- o lugar para enriquecer”, numa alu- gia. Não quer revelar a identida- dade de autor e primeiro signatário são à investigação que levou à de- de “porque não pediu autoriza- da petição, solicitar a V. Exa., aten- tenção preventiva do antigo secre- ção aos superiores hierárquicos dendo à simples expressão numé- tário-geral do PS, que continua no e também porque a matéria é de- rica da indignação que grassa pelo estabelecimento prisional de Évora. licada”, mas os seus sete anos de país, que tome esta petição mere- António Costa, líder da oposição, experiência hospitalar em Lisboa cedora da sua melhor atenção, bem veio a público falar pela primeira deram-lhe grandes desafios diá- como que promova o seu registo e vez sobre o tema referindo que o pri- rios e um desencanto crescente.

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