Transcrição Final Juninho 2

Transcrição Final Juninho 2

Transcrição FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL (CPDOC) Proibida a publicação no todo ou em parte; permitida a citação. A citação deve ser textual, com indicação de fonte conforme abaixo. FONSECA JUNIOR, Alcides. Alcides Fonseca Junior (depoimento, 2012). Rio de Janeiro, CPDOC/FGV, 2012. 50 p. ALCIDES FONSECA JUNIOR (depoimento, 2012) Rio de Janeiro 2013 Transcrição Nome do entrevistado: Alcides Fonseca Junior Local da entrevista: São Paulo, SP Data da entrevista: 06 de novembro 2012 Nome do projeto: Futebol, Memória e Patrimônio: Projeto de constituição de um acervo de entrevistas em História Oral. Entrevistadores: Bernardo Buarque, Bruna Gottardo e Felipe dos Santos Câmera: Thomas Dreux Transcrição: Fernanda Antunes Data da transcrição: 26 de novembro de 2012 Conferência da transcrição : Felipe Santos Data da conferência: 27 de novembro de 2012 ** O texto abaixo reproduz na íntegra a entrevista concedida por Alcides Fonseca Junior em 06/11/2012. As partes destacadas em vermelho correspondem aos trechos excluídos da edição disponibilizada no portal CPDOC. A consulta à gravação integral da entrevista pode ser feita na sala de consulta do CPDOC. Alcides Junior – Nós vamos dar sequência, não é? Bernardi Buarque – Isso. A. J. – Dá uma lembrada para mim onde que nós estávamos, 82? Felipe Santos – A gente tinha parado em 82, você estava falando um pouco da Copa, mas não ainda completo. A gente falou com o Falcão semana passada. Transcrição A. J. – O Bernardo me falou. Ele me ligou lá, você sabe o que ele falou para mim? – “Eu não estou jogando de terno não” [risos]. Eu falei: - “Pô, os caras sabem que você está jogando de terno”. Falcão é muito bacana. Falcão... B. B. – Ele fala muito bem. Tem uma desenvoltura... Foi apresentador de programa na Itália... A. J. – Opa, deixa eu arrumar meu microfone aqui, gente. Ficou sobrando aqui. Está bom o microfone aqui? [Voz masculina] - Está. A. J. – Eu posso tomar água durante o processo? B. G. – Pode, claro, à vontade. Se quiser mais café, alguma coisa... A. J. – Não. Depois você traz um outro café, para animar. B. B. – Qual foi a data da primeira? A. J. – Foi 14 dias atrás, não foi? B. G. – Foi quinta-feira, dia 15. A. J. – Ah, foi quinta-feira. Bruna Gottardo – Dia 18. A. J. – Então vamos, manda bala! B. G. – A gente parou na Copa, não é? Transcrição B. B. – Boa tarde, juninho, Alcides Fonseca Junior. Continuação do depoimento do ex jogador da Seleção Brasileira para o projeto Futebol, Memória e Patrimônio. Agradecer ao Juninho mais uma vez pelo seu deslocamento. Tão gentilmente acolher nosso convite para estar aqui. Parece que foi combinado quando encerramos a primeira parte, parece que terminando aqui o intervalo, segundo tempo desse depoimento. Estávamos falando sobre suas origens, cidade de Olímpia, como começou, na sua cidade natal, do futebol amador, escola, clube... A. J. – Família... B. B. – Família. Se afirmando no futebol, os primeiros testes na cidade de Campinas, na Ponte Preta... A. J. – Ponte Preta. B. B. – Depois aquela efervescência do finalzinho dos anos 70, que a própria cidade de Campinas é muito influenciada pelo titulo do Guarani, a rivalidade... A. J. – Isso. B. B. – E paralelamente a isso, sua afirmação no futebol profissional. E encerramos com a rememoração dos fatos da suas lembranças da Copa de 1982, que é um dos focos principais da nossa entrevista. Juninho, foi muito interessante que você encerrou o seu depoimento falando do trajeto de ônibus... A. J. – Isso. B. B. – Para o jogo contra a equipe da Itália, quando o Brasil foi... Transcrição A. J. – É uma das coisas que eu guardo bem, pelo fato de que nós, a turma que fica no fundo do ônibus – sabe a turma que fica no fundo da classe? Fundo do ônibus, aqueles caras lá. E tinha o samba, que os meninos do Rio de Janeiro têm um domínio do samba muito bacana, o Junior, Edevaldo e tal... E o samba cansou. O samba cansou, porque da escolha que, em função da segurança... O trajeto sorteado foi o trajeto, acidentalmente, o mais comprido de todos, e eu acho que isso... Sempre esteve na minha cabeça que é um fator desgastante. Hoje, por exemplo, quando eu trabalho com futebol, eu estou em uma delegação que eu vou dar alguma opinião a respeito de distância, eu digo: “Olha, qualquer coisa mais que 45 minutos poderá mexer com a pessoa. Mexer na concentração, mexer no foco, mexer nas suas próprias lembranças. O que uma pessoa fica pensando uma hora antes do jogo? Pensando nos parentes, no irmão, na mãe, no filho, em tudo isso”. É uma coisa que hoje eu tenho certeza, porque os clubes tratam de chegar no local do jogo uma hora e quinze minutos antes. Por exemplo, jogo no Pacaembu, às cinco horas, você chega três e quarenta e cinco. Só que o trajeto dos clubes aqui em São Paulo... Veja, tem batedor, tudo bonitinho. O cara demora 15 minutos. E lá, mesmo com o batedor, com toda a segurança, foi muito desgastante. É uma coisa que eu acho que pesou no quesito concentração, foco. Que é uma coisa que é muito importante em um jogo de altíssimo nível, um jogo decisivo, que nós tínhamos até a vantagem do empate, mas contra uma seleção também muito forte. Eu não sei se naquele momento eu falei com vocês: sete jogadores que tinham jogado em 78 pela Itália, estavam jogando, estavam em campo, estavam na reserva e não entraram. Eu acho que isso pesa muito também a favor da Itália. A gente também tem que colocar o mérito na Itália, afinal de contas, não só porque foram campeões, não só porque o Paolo Rossi foi artilheiro, mas porque a Itália, naturalmente, ela é bem competitiva. B. B. – E teria algum outro aspecto dessa Copa, extra-campo, como você está trazendo... Se não decidem, influenciam... A. J. – A contusão do Zico, no final do jogo da Argentina, estão lembrados? F. S. – Com uma entrada do Passarella. Transcrição A. J. – Com uma entrada que gerou uma expulsão, qualquer coisa assim. É muito complexo eu dizer, hoje, que eu acho que o Zico poderia ter sido melhor aproveitado naquele jogo. Estou falando em uma época que eram duas substituições, ainda eram duas. Mas o Zico se contundiu muito, o Zico treinou muito pouco. Eu não lembro qual a distância de dias do jogo da Argentina para o jogo do... F. S. – Três dias. A. J. – Três dias? F. S. – O jogo da Argentina foi em uma sexta, o da Itália foi em uma segunda... A. J. – Foi em uma segunda, é. Que aquele jornal que nós fizemos saiu aqui no Brasil no domingo, à noite. E eu acho que o Batista não ter ficado no banco, por contusão... Isso, eu não tenho essa certeza, mas eu não sei porque o Batista não ficou no banco. Eu fiquei no banco porque o Edinho se contundiu nesse período, nessa semana. Mas o Batista não ficar no banco... Porque o Batista era um recurso interessante que a Seleção tinha - e usou várias vezes - quando adotava uma posição mais defensiva, que não era a ideia do Telê, que a ideia do Telê era ter um volume muito grande da parte ofensiva, mas o Batista era categoricamente um ótimo marcador, tanto é que teve ótimas [inaudível]. E o Batista não ficou no banco. Eu acho que poderia ser uma arma o Batista no banco. Eu imagino, dois a dois, apertado como foi dois a dois, um golaço do Falcão, driblou, um passou para lá... Eles faziam uma triangulação pelo lado direito ali muito bonita, muito perfeita. Além de treinamento, era no dom deles. O Sócrates, o Zico e o Falcão faziam aquilo. Então eu imagino que se o Telê tem o Batista no banco, que já era maduro, Batista também vinha de uma Copa do Mundo, e com o desempenho ótimo aqui no Brasil. Nessa época, acho que ele já estava no Grêmio. Eu acho que o Batista poderia entrar nesse um, dois minutos, faz o dois a dois, poderia estar em campo e teoricamente ajudaria? Eu acho que ajudaria. Transcrição B. B. – Então, no seu caso, o fato de estar no banco nesse jogo mudava um pouco a sua própria adrenalina em relação ao jogo, a expectativa de poder vir a entrar em campo? Isso... A. J. – Nossa Senhora! Isso é uma coisa que provoca a gente no aspecto emocional. Eu estou lá, porque eu tinha uma condição bem tranquila. Eu sabia, evidentemente, que nós tínhamos o Luizinho, o Oscar e o Edinho em uma condição acima, é claro. Do mesmo jeito que eu me colocava acima de alguns atletas, tinham outros que eram acima, e realmente com vantagens. Quando possibilitou-se a minha entrada no banco por causa da contusão do Edinho, você fica que nem onça na jaula [risos]. Nossa Senhora, se eu entrar, o que eu tenho que fazer mesmo? Deixa eu lembrar... Tem que fazer isso, fazer aquilo, com quem eu posso entrar... A primeira coisa que eu pensei: - “Bom, se eu entrar no lado direito – que eu podia entrar nos dois lados – se eu entrar do lado direito, é que o Luizinho está desse lado, se eu entrar do lado esquerdo, é porque o Oscar está desse lado”. Pensei comigo: - “Tomara que seja o Luizinho que saia”. Porque eu tinha mais contato com o Oscar, que nós fomos muito tempo juntos na Ponte Preta, jogamos juntos um período interessante. Mas mexe com a gente demais. Você passa o tempo todo... Nossa Senhora! - “Nós estamos perto, eu estou no jogo, estou no campo”.

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