Cemitério De Pretos Novos De Santa Rita: História Social E Arqueologia Da Transição No Complexo Escravagista Do Rio De Janeiro Setecentista

Cemitério De Pretos Novos De Santa Rita: História Social E Arqueologia Da Transição No Complexo Escravagista Do Rio De Janeiro Setecentista

INSTITUTO DE HISTÓRIA UFRJ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA COMPARADA JOÃO CARLOS NARA JÚNIOR O CEMITÉRIO DE PRETOS NOVOS DE SANTA RITA: HISTÓRIA SOCIAL E ARQUEOLOGIA DA TRANSIÇÃO NO COMPLEXO ESCRAVAGISTA DO RIO DE JANEIRO SETECENTISTA Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Comparada do Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Linha de pesquisa: Poder e Instituições Orientadores: Flávio dos Santos Gomes & André Leonardo Chevitarese Rio de Janeiro 2019 Rio de Janeiro Tese defendida a 18 de dezembro de 2019 Copyright © & por AUTOR alguns direitos reservados O CEMITÉRIO DE PRETOS NOVOS DE SANTA RITA: História social e Arqueologia da transição no complexo escravagista do Rio de Janeiro setecentista de JOÃO CARLOS NARA JÚNIOR orcid.org/0000-0002-8632-7105 sócio efetivo do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO DE JANEIRO está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Podem ser disponibilizadas autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em http://santarita.hypotheses.org/. CIP — CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO N218a Nara Júnior, João Carlos O Cemitério de Pretos Novos de Santa Rita: História social e Arqueologia da transição no complexo escravagista do Rio de Janeiro setecentista / João Carlos Nara Júnior. — Rio de Janeiro, 2019. 376 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Flávio dos Santos Gomes. Coorientador: André Leonardo Chevitarese. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de História, Programa de Pós-Graduação em História Comparada, 2019. 1. Cemitério. 2. Escravidão. 3. Diáspora africana. 4. Rio de Janeiro. 5. Escatologia. I. dos Santos Gomes, Flávio, orient. II. Chevitarese, André Leonardo, coorient. III. Título. Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo autor, sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto — CRB-7/6283. João Carlos Nara Júnior O CEMITÉRIO DE PRETOS NOVOS DE SANTA RITA HISTÓRIA SOCIAL & ARQUEOLOGIA DA TRANSIÇÃO NO COMPLEXO ESCRAVAGISTA DO RIO DE JANEIRO SETECENTISTA Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em História Comparada do Instituto de História Linha de pesquisa Poder e Instituições Rio de Janeiro 2019 Prof. Dr. Flávio dos Santos Gomes Prof. Dr. André Leonardo Chevitarese ORIENTADOR COORIENTADOR Profa. Dra. Marcela Marques Abla Profa. Dra. Lucia Helena Pereira da Silva CIAUD/Faculdade de Arquitetura de Lisboa UFRRJ Prof. Dr. Carlos Alberto Ivanir dos Santos Prof. Dr. Wallace dos Santos de Moraes PPGHC/UFRJ PPGHC/UFRJ Suplentes: Daniel Brasil Justi (UNIFESSPA) & Iamara da Silva Viana (PPGHC/UFRJ) À memória dos africanos falecidos por ocasião de sua vinda forçada ao Brasil, e que jazem à espera do Retorno, junto à matriz de Santa Rita. Agradecer é para mim a mais alegre das tarefas, com a qual concluo seis felizes anos de estudo. Em primeiríssimo lugar, devo um tributo àqueles que foram capazes de apostar no trabalho de um arquiteto e urbanista que começava a se aventurar pela Arqueologia e pela História. Pois foi graças à coragem de Flávio Gomes e André Chevitarese que pude me especializar nesses campos. Muitas outras pessoas também depositaram confiança nesse projeto, a ponto de contribuir decisivamente — inclusive com auxílio financeiro — para a sua execução. Re- cordo de maneira particular do grande mestre Carlos Eugênio Líbano Soares e dos amigos José Flávio Ribeiro, Raquel Maciejezack, Patrícia e Isaac Newton Raitz, Daniel Justi, Julia Michaels, Marcela Abla, Marcos Coutinho, Daniel Pêcego, André Perlingeiro, Hélder Viana, Vera Dias, Daniel Curi, Cristina Lodi, Pe. Silmar Alves, Felipe Pouchucq, Daniel Forain, Si- mone Mesquita, José Luiz de Faria Santos, Alejandra Saladino, Gleide Alencar do Nascimento Dias, Reinaldo Tavares, Jandira Neto e Ondemar Dias. Agradeço igualmente a Maurício Ma- rinho de Castilho e a Ivan Carmo, meus diretores no Escritório Técnico da UFRJ, por me darem o apoio institucional necessário, possibilitando minha participação nos eventos acadê- micos, sem faltar aos compromissos profissionais. Quero agradecer também aos amigos da matriz de Santa Rita com quem dividi esses anseios: Pe. Wagner Toledo e Pe. Marcelo Nas- cimento, Toninho, sr. Rogério, Luciana, Josias, Jacira, Zélia, Marcelo e tantos mais. Minha gratidão se estende aos confrades do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, nas pessoas da presidente Neusa Fernandes e do meu colega na editoria da Revista do Instituto, Nelson de Castro Senra. Meus agradecimentos também vão aos queridos Merced e Petrúcio Guima- rães e a nossa turma de pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos. Como é impossível citar nominalmente tanta gente, desejo ao menos levar meus agradecimentos aos colegas do Museu Nacional e do Instituto de História da UFRJ; aos atenciosos servidores dos arquivos públicos nos quais pesquisei; aos jornalistas que se interessaram pelas minhas desco- bertas; e àqueles que, como eu, são amantes do patrimônio cultural, e me acompanharam com incansável vibração. Aos de casa, deixo o meu mais sentido obrigado, tanto pelo afetuoso apoio, quanto pela constante paciência. — E salve Santa Rita de Cássia! Mɛ jɔ̀ gbὲ mɛ kú. (Desde o nascer, o homem começa a morrer.) Bí alẹ́ yó ṣe rí, ọwọ́ ẹlẹ́dàá ló wà. (O ocaso da vida está nas mãos do Criador.) Abre a tua boca em favor de quem não tem voz, e pela causa de todos os que perecem. PROVÉRBIOS 31,8 Tua generosidade atinja todos os viventes: mesmo aos mortos não recuses a tua piedade. SIRÁCIDA 7,37[33] Ele é não Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele. LUCAS 20,38 O tráfico negreiro pressupôs a instalação de um complexo escravagista no Rio de Janeiro colonial, o qual incluía, entre outras instâncias (controle sanitário, aduana, lojas etc.), um cemitério exclusivo para os africanos recém-chegados ao Brasil ( pretos novos ) que não re- sistissem ao translado para a América. Essas pessoas anônimas, cuja história se desconhecia, representam fronteiras étnicas, geográficas e escatológicas. Mas por meio de seus remanes- centes arqueológicos, presentes nos cemitérios da freguesia de Santa Rita, os pretos novos podem alçar a sua voz silenciosa para fazer parte, pela primeira vez, da memória brasileira. Palavras-chaves: Cemitério de pretos novos. Escravidão. Diáspora africana. Rio de Janeiro. Santa Rita. Escatologia. The slave trade depended on an installed slave complex in Rio de Janeiro, which included, among other functions (sanitary control, customs, shops, etc.), a burial ground for African newcomers to Brazil (pretos novos) who ultimately did not resist the transfer to America. These anonymous people of unknown history present ethnic, geographic and eschatological boundaries. But by way of their archaeological remnants located in the Santa Rita parish cemeteries, they raise their silent voices to be part of Brazilian memory, for the first time. Keywords: Newcomer slaves burial ground. Slavery. African diaspora. Rio de Janeiro. Saint Rita. Eschatology. FƆ̀NGBÈ EƲEGBE ÈDÈ YORÙBÁ (LÍNGUA FON) (LÍNGUA EWE) (LÍNGUA IORUBÁ) Letra ou dígrafo AFI Letra ou dígrafo AFI Letra ou dígrafo AFI A a a A a a A a a B b b B b b B b b C c t͡ʃ C c c D d d D d d D d d Ɖ ɖ ɖ Ɖ ɖ ɖ Dz dz ʣ E e e E e e, ə E e e Ɛ ɛ ɛ Ɛ ɛ ɛ Ẹ ẹ ɛ F f f F f f F f f Ƒ ƒ ɸ G g g G g g G g g GB gb ɡ͡b Gb gb ɡ͡b Gb gb ɡ͡b H h ɣ H h h H h h Ɣ ɣ ɣ HW hw ɣw I i i I i i I i i J j ʤ J j ɟ K k k K k k K k k KP kp k͡p Kp kp k͡p L l l L l l L l l M m m M m m M m m N n n N n n N n n NY ny ɲ Ny ny ɲ Ŋ ŋ ŋ O o o O o o O o o Ɔ ɔ ɔ Ɔ ɔ ɔ Ọ ọ ɔ P p p P p p P p p [R] [r] r R r l R r r~ɹ S s s S s s S s s Ṣ ṣ ʃ T t t T t t T t t Ts ts t͡s U u u U u u U u u V v v V v v Ʋ ʋ ʋ W w w W w w W w ʋ X [H] x [h] x X x x XW xw xw Y y j Y y j Y y j Z z z Z z β Pronúncias segundo o Alfabeto Fonético Internacional (AFI). 1ON, 2ON etc. Ofício de Notas (primeiro, segundo etc.), sito no Arquivo Nacional. Disponível em <http://mauricioabreu.com.br/escrituras/>. AAS Acta Apostolicæ Sedis. Disponível em <http://www.vatican.va/archive/aas/index_sp.htm>. ACMRJ Arquivo da Cúria Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro. AGCRJ Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. AHU Arquivo Histórico Ultramarino. AMSBRJ Arquivo do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. AN Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. ANTT Arquivo Nacional da Torre do Tombo. BN Biblioteca Nacional. DH Enchiridion symbolorum, definitionum et declarationum de rebus fidei et morum (DENZINGER & HÜNERMANN, 2007). IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. INEPAC Instituto Estadual do Patrimônio Cultural. IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Gn, Ex etc. Gênesis, Êxodo etc. (para os demais livros bíblicos, vide as siglas empregadas na Edição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). c. cerca cx. caixa doc. documento fl. fólio lin. linha loc. cit. loco citato n. p. não paginado op. cit. opus citatum pct. pacote s seguinte v.g. verbi gratia Figura 1: Marcação de uma mulher escravizada ........................................................................... 61 Figura 2: Barracão de escravos em Daomé ................................................................................... 65 Figura 3: Travessia da arrebentação ..............................................................................................

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