DIVAS POP O corpo-som das cantoras na cultura midiática Thiago Soares Mariana Lins Alan Mangabeira (Organizadores) s i a s r e v s n a r { olhares t DIVAS POP O corpo-som das cantoras na cultura midiática Thiago Soares Mariana Lins Alan Mangabeira (Organizadores) s i a s r e v s n a r { olhares t UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Reitora: Sandra Regina Goulart Almeida Vice-Reitor: Alessandro Fernandes Moreira FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS Diretor: Bruno Pinheiro Wanderley Reis Vice-Diretora: Thais Porlan de Oliveira PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Coordenador: Bruno Souza Leal Sub-Coordenador: Carlos Frederico de Brito D’Andréa SELO EDITORIAL PPGCOM Carlos Magno Camargos Mendonça Nísio Teixeira CONSELHO CIENTÍFICO Ana Carolina Escosteguy (PUC-RS) Kati Caetano (UTP) Benjamim Picado (UFF) Luis Mauro Sá Martino (Casper Líbero) Cezar Migliorin (UFF) Marcel Vieira (UFPB) Elizabeth Duarte (UFSM) Mariana Baltar (UFF) Eneus Trindade (USP) Mônica Ferrari Nunes (ESPM) Fátima Regis (UERJ) Mozahir Salomão (PUC-MG) Fernando Gonçalves (UERJ) Nilda Jacks (UFRGS) Frederico Tavares (UFOP) Renato Pucci (UAM) Iluska Coutinho (UFJF) Rosana Soares (USP) Itania Gomes (UFBA) Rudimar Baldissera (UFRGS) Jorge Cardoso (UFRB | UFBA) www.seloppgcom.fafich.ufmg.br Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627, sala 4234, 4º andar Pampulha, Belo Horizonte - MG. CEP: 31270-901 Telefone: (31) 3409-5072 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) Divas Pop [recurso eletrônico] : o corpo-som das cantoras na cultura midiática / Organizadores: Thiago Soares, Mariana Lins, D618 Alan Mangabeira. – Belo Horizonte, MG: Fafich/Selo PPGCOM/ UFMG, 2020. 266p. Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-65-86963-20-5 1. Comunicação Social. 2. Celebridades. 3. Cultura pop. I. Soares, Thiago. II. Lins, Mariana. III. Mangabeira, Alan. CDD 306 Elaborado por Maurício Armormino Júnior – CRB6/2422 CRÉDITOS DO E-BOOK © PPGCOM/UFMG, 2021. CAPA E PROJETO GRÁFICO Atelier de Publicidade UFMG Bruno Guimarães Martins COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Bruno Guimarães Martins Daniel Melo Ribeiro DIAGRAMAÇÃO Rafael Mello O acesso e a leitura deste livro estão condicionados ao aceite dos termos de uso do Selo do PPGCOM/UFMG, disponíveis em: https://seloppgcom.fafich.ufmg.br/novo/termos-de-uso/ Sumário Prefácio Por uma gramática feminina da música pop 11 Gabriela Almeida Apresentação 15 I. Tropicalizando Divas Capítulo 1 Divas pop: o corpo-som das cantoras na cultura midiática 25 Thiago Soares Capítulo 2 Carmen Miranda, uma diva tropicamp 43 Suzana Mateus Capítulo 3 Anitta no Rock in Rio: negociações de corpos e territórios em performances de divas pop-periféricas 65 Simone Pereira de Sá Capítulo 4 A fabulosa aventura de uma diva: Pabllo Vittar, top-drag brasileira 81 Rose de Melo Rocha II. Deusas da Voz Capítulo 5 Divatização: A deificação das mulheres popstars modernas 111 Linda Lister Capítulo 6 Maria Callas, uma casta chamada Diva 127 Fernando Gonzalez Capítulo 7 Autoconstrução, canonicidade e exagero: Lady Gaga no Oscar 2015 143 Daniel de Andrade Lima III. Vidas, mercados, afetos Capítulo 8 This is show business: A cultura dos megaespetáculos pop e a invenção do “padrão Madonna” 165 Mariana Lins Capítulo 9 Devir diva: experiência estética na peregrinação de fãs de Britney Spears a Las Vegas 181 Alan Mangabeira Capítulo 10 The Carters: performances, roteiros e dramas de um casal em crise 201 Leonam Della Vecchia Capítulo 11 “The Realest”?: Performance de uma autenticidade pop-rap em “Fancy” 221 Mário Augusto Rolim Capítulo 12 “Hoy lo intentaré”: as relações performáticas na “Convivência Dulce Amargo” 241 Rafael Chagas Sobre as autoras e os autores 261 Prefácio Por uma gramática feminina da música pop Gabriela Almeida Os estudos sobre Música e Entretenimento desenvolvidos no campo da Comunicação no Brasil têm se mostrado relevantes por inúmeras razões: é possível apontar, por exemplo, que a abordagem dos processos de produção, circulação e consumo da música popular massiva permite pensar na centralidade da experiência estética e do afeto para a compre- ensão dos fenômenos do mundo histórico no presente. Esses trabalhos também têm permitido discutir a cultura pop, de forma ampla, tomando sua importância social como algo dado, sem que seja mais necessário justificar a análise de objetos dela oriundos a partir de critérios como um valor “objetivo” qualquer que validaria o seu estudo. E quando a pesquisa avança, tomando pontos de partida mais complexos e percorrendo caminhos mais ricos e verdadeiramente inter- disciplinares, produzindo cruzamentos com áreas como a Sociologia, a História, as Artes, a Estética, a Etnografia e a Performance, os estudos de Música e Entretenimento passam a produzir inovação e arejar o campo da Comunicação não apenas em função da atualidade de seus objetos, mas também da originalidade de suas propostas teóricas e metodoló- gicas. 12 DIVAS POP Os artigos reunidos no livro Divas Pop: O corpo-som das cantoras na cultura midiática de alguma forma refletem o processo de amadureci- mento desses estudos nos últimos quinze anos, ao mesmo tempo em que produzem um gesto político no seu próprio desvio, ao colocar em cena a figura dadiva pop e assumir a centralidade de um recorte de gênero que materializa uma série de tensões e disputas colocadas não apenas no campo da produção e do consumo da música, mas também da crítica e da pesquisa. Seja em termos empíricos, teóricos ou políticos, esse livro guarda uma gramática feminina. Num processo genealógico que remonta ao início do século 19 e à figura de Maria Malibrán e chega no pop contemporâneo, o livro percorre um caminho que vai de Maria Callas (apontada como a primeira e provavelmente maior diva da música do século 20) e Carmen Miranda até Anitta e Iggy Azalea. Os capítulos do livro costuram um caminho que mapeia: 1) a importância de uma compreensão expandida da noção de performance, fundamental para analisar aspectos centrais das traje- tórias das cantoras analisadas; 2) a relação entre o sistema de crenças e afetos dos fãs e a dimensão essencialmente comercial da trajetória dessas artistas; 3) as relações de gênero e as ambiguidades envolvidas nos papeis desempenhados por cantoras mulheres e drags no mains- tream; 4) os valores que norteiam diferentes noções de autenticidade na música popular massiva e que estão intimamente ligados às rela- ções de gênero mencionadas acima, no caso das divas pop; 5) as formas de reivindicar autenticidade convocadas por essas artistas de quem a autenticidade é frequentemente colocada em suspeita pela crítica, pelos fãs de gêneros musicais que se creem mais autênticos e eventualmente pelos seus próprios fãs; 6) elementos acionados pelas cantoras pop para a construção de uma materialidade visível tanto no seu corpo quanto, de forma mais ampla, no universo estético que constroem para si, e que Thiago Soares denomina de“ corpo camp” e, por fim, 7) as constantes disputas e negociações de diversas ordens que marcam a carreira das divas pop como uma relação permanentemente pendular entre a segu- rança e o risco, o clichê e a renovação. É fundamental que o livro aponte, por exemplo, que a ideia de música pop como banal e efêmera – ou seja, desimportante porque perecível – PREFÁCIO 13 surge em um contexto de crítica e pesquisa sobre música produzidas por homens, predominantemente fãs de rock. Isso faz com que, ao longo das últimas quatro décadas, o pop tenha se consolidado como música de mulher e de LGBTQIA+, voltada a segmentos sociais que manifestam uma abertura maior a expressões que lidam com o exagero e a afetação, com o kitsch, com o espalhafatoso, eventualmente com alguma fragili- dade e delicadeza, ou seja, com aquilo que é considerado tipicamente feminino ou queer. Não por acaso, o rock – justamente o gênero musical que costuma ser colocado como contraponto do pop – alijou as artistas mulheres, com exceção daquelas que conseguiram jogar com a sua própria beleza física para transitar e ocupar os espaços que desejaram, como aconteceu com Nico e Debbie Harry. Ou ainda, de outras raras mulheres que tiveram seu trabalho considerado pelas instâncias de consagração da crítica musical (em geral bastante masculinistas) como bom ou sério o sufi- ciente para que pudessem integrar como autoras um certo do cânone do rock, como Patti Smith, Joni Mitchell ou Janis Joplin. Esse cenário se desenhou de modo que o reconhecimento artístico das cantoras mulheres fosse proporcional às suas aparentes qualidades intelectuais e ao domínio autoral que demonstrassem em relação à sua própria obra. Aos homens é designado o mundo sério e intelectualizado do rock e o fã típico de rock ainda hoje em muitos casos se constroi discursivamente com base na distinção, por mais anacrônico que isso possa parecer. Às mulheres e pessoas queer, o colorido, a afetação, o exagero, a dança e a banalidade do pop. Essa própria diferenciação nos diz da dimensão política dos afetos e dos gostos e da competição imagi- nária entre valor artístico e uso do corpo, atributos com pesos bastante desiguais nos contextos de produção e consumo da música popular massiva. Cada capítulo do livro é dedicado a uma cantora, mas, longe de uma abordagem excessivamente descritiva de suas carreiras, os olhares empregados são múltiplos, ainda que alguns autores e perspectivas teóricas apareçam em vários artigos, conferindo unidade à proposta da coletânea. As noções de performance em Diana Taylor e Simon Frith são bastante centrais para as argumentações de alguns dos textos, bem como 14 DIVAS POP a apropriação das contribuições de Victor Turner sobre peregrinação e ritual para pensar a dinâmica das relações entre fãs e divas e os escritos de Hans Ulrich Gumbrecht sobre experiência estética e produção de presença. Não menos importante, o livro traz uma tradução inédita do texto “Divatização: A deificação das mulheres popstars modernas”, de Linda Lister, publicado originalmente em 2001, que fornece impor- tantes elementos para pensar na constituição das cantoras pop do século 21 como divas e inclusive para questionar, como acontece no livro, por que, de repente, quase qualquer cantora pop é considerada uma diva.
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