FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS MESTRADO ACADÊMICO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS Lucas Andrade Sá Corrêa Um nome e um programa: Érico Sachs e a Política Operária Rio de Janeiro, 2014 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS MESTRADO ACADÊMICO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS Lucas Andrade Sá Corrêa Um nome e um programa: Érico Sachs e a Política Operária Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em História, Política e Bens Culturais do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (PPGHPBC-CPDOC) como Requisito para a obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Dulce Chaves Pandolfi Rio de Janeiro, 2014 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV Corrêa, Lucas Andrade Sá Um nome e um programa : Érico Sachs e a Política Operária / Lucas Andrade Sá Corrêa. – 2014. 126 f. Dissertação (mestrado) – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Programa de Pós-Graduação em História Política e Bens Culturais. Orientadora: Dulce Chaves Pandolfi. Inclui bibliografia. 1. Organização Revolucionária Marxista – Política Operária. 2. Comunismo. 3. Socialismo. 4. Sachs, Érico Czaczkes, 1922-1986. 5. Lukács, György, 1885-1971. I. Pandolfi, Dulce Chaves. II. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Programa de Pós-Graduação em História Política e Bens Culturais. III.Título. CDD – 320.5315 Resumo: CORRÊA, Lucas Andrade Sá. Um nome e um programa: Érico Sachs e a Política Operária. Esta dissertação pretende discutir a trajetória do militante marxista Érico Sachs. Austríaco, nascido em 1922, Érico chegaria ao Brasil em 1939, após viver na Áustria, União Soviética e França. Em 1961, Sachs seria um dos fundadores da Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (ORM-POLOP). A ORM-POLOP ocupou um importante papel nos debates e nas lutas da esquerda nas décadas de 1960 e 1970. Apesar da sua influência na direção e formulação das linhas políticas da POLOP, Érico Sachs permanece quase desconhecido de militantes e historiadores. Usando o conceito de “atualidade da revolução” de Lukacs, pretende-se entender a influência causada pela estratégia defendida por Sachs, especialmente nos anos 1960, e o seu isolamento, nos anos 1970 e 1980, assim como o seu posterior “esquecimento”. Palavras chave : Marxismo, Política Operária, POLOP, Érico Sachs, Lukács, movimento comunista. 1 Sumário Introdução..........................................................................................................................4 Capítulo I: De Volta às raízes............................................................................................7 1-A formação do movimento operário na Alemanha........................................................7 2-A III Internacional e a Revolução alemã......................................................................13 3-1923 e a bolchevização................................................................................................24 4-O Partido Comunista Alemão Oposição (KPO) e a Oposição Comunista Internacional (ICO)................................................................................................................................29 Capítulo II- “Luís Carlos Prestes e seus aliados”: A ideologia do PCB e a busca de uma alternativa comunista para o Brasil..........................................................................38 1-A Formação do Comunismo no Brasil.........................................................................39 2-A busca por uma alternativa ao PCB nos anos 40........................................................47 3-PCB dos anos 40 até o XX Congresso do PCUS.........................................................50 4-Érico Sachs e a Nova Esquerda....................................................................................54 5-A revista Movimento Socialista...................................................................................67 Capítulo III: Um nome e um programa: Érico Sachs e a Política Operária – 1960- 1979.................................................................................................................................79 1-Os primeiros passos da Política Operária.....................................................................80 2-Uma organização clandestina (1964-1969)..................................................................92 3-Prisão e exílio.............................................................................................................101 Conclusão......................................................................................................................113 Bibliografia....................................................................................................................116 2 “A filosofia não pode se efetivar sem a suprassunção do proletariado, o proletariado não pode se suprassumir sem a efetivação da filosofia. Quando estiverem realizadas todas as condições internas, o dia da ressureição alemã será anunciado pelo canto do galo gaulês”. (Karl Marx) “Não cabem dúvidas, ou revolução socialista ou caricatura de revolução”. (Ernesto “Che” Guevara) 3 Introdução: A Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (ORM-POLOP, POLOP ou PO) significou uma nova vertente no movimento comunista brasileiro. Criada em 1961, reuniu militantes do Partido Socialista Brasileiro (PSB), do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de agrupamentos luxemburguistas, como a Liga Socialista Independente (LSI), trotskistas, como o Partido Operário Revolucionário Trotskista (POR-T) e de dissidentes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). A POLOP, como ficou conhecida, ocupou um papel singular na história política do Brasil. A Política Operária formulou um programa e uma interpretação inovadores para o Brasil e a América Latina, definindo-os como parte do capitalismo mundial. A partir dessa caracterização, via como objetivo do proletariado brasileiro lutar por uma revolução socialista e não apenas nacional democrática, como defendia a PCB. Traçaram uma estratégia do processo de luta pela independência de classe, da transformação da “classe em si” em “classe para si” e da criação de um partido revolucionário do proletariado. Dessa forma, é considerável o legado deixado pela POLOP de luta militante contra o capitalismo brasileiro e latino americano , legado que partiu da militância para se transformar em relevantes contribuições acadêmicas. Da Política Operária saiu o núcleo da Teoria Marxista da Dependência com Ruy Mauro Marini, Vânia Bambirra e Theotônio dos Santos, além de cientistas sociais como Moniz Bandeira, Paul Singer, Eder Sader, Emir Sader e Michael Löwy. Muitos destes teóricos teriam também importante atuação política na redemocratização dos 1980, participando da construção do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e do Partido dos Trabalhadores (PT). Além disso, dissidências da POLOP formariam outras organizações que tiveram importante papel na luta armada contra a ditadura, como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), o Comando de Libertação Nacional (COLINA) e Vanguarda Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). A história da POLOP é, entretanto, permeada de “silêncios”, “não ditos” e “esquecimentos” (Pollak, 1989) que precisam ser entendidos e trazidos a tona. Para Pollak, a memória é um campo em disputa. Para além da Memória Oficial, existem “memórias subterrâneas que prosseguem seu trabalho de subversão no silêncio e de 4 maneira quase imperceptível afloram em momentos de crise em sobressaltos bruscos e exacerbados” (Idem, p.). No “trabalho de enquadramento” de uma memória e história das esquerdas, especialmente, durante o período da ditadura empresarial-militar (1964- 1985), a POLOP apareceu marginalizada, muitas vezes sua ação e programa foram omitidos ou esquecidos nos relatos de memória e trabalhos acadêmicos 1. Dentro deste enquadramento, talvez o mais impressionante “não dito”, praticamente ausente dos livros de história e memória sobre os períodos em que atuou, é o pensamento e a trajetória do marxista austríaco, naturalizado brasileiro, Érico Czaczkes Sachs. Fundador e dirigente da POLOP durante mais de vinte anos, Érico Sachs é pouco conhecido por militantes e pesquisadores. Um silêncio tenso e controverso recai sobre um personagem que teve influência sobre personalidades políticas e intelectuais de uma geração. Chamado de “mestre de todos nós”, por Moniz Bandeira 2, “o cérebro da POLOP”, por Theotônio dos Santos (Falcão, 2012, p 299), apontado por Ruy Mauro Marini como tendo uma “experiência e cultura política” que o teria influenciado 1 Este silêncio parece estar sendo quebrado, pelo menos no que se refere à produção acadêmica. Até o momento duas dissertações de mestrado foram escritas sobre a Polop: LEAL, Leovegildo P. Política Operária: a quebra do monopólio político, teórico e ideológico do reformismo na esquerda brasileira. Dissertação de mestrado. UFF. Niterói, 1992 (recentemente publicada, Virtualbooks 2011) e OLIVEIRA, Joelma Alves de. POLOP: As origens, a coesão e a cisão de uma organização marxista (1961-1967). 01/09/2007. Dissertação de mestrado. UNESP. Araraquara, 2007. Também foram escritos capítulos sobre a POLOP em livros sobre a história da esquerda e do marxismo
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