Volume I

Sumário Executivo Ministério do Meio Ambiente Carlos Minc

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Rômulo José Fernandes Barreto de Mello

Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral Ricardo Soavisnki

Macroprocesso de Planejamento de Unidades de Conservação Maria Iolita Bampi

Processo de Elaboração e Revisão de Planos de Manejo Carlos Henrique Velásquez Fernandes

Floresta Nacional de Passa Quatro Edgard de Souza Andrade Júnior Ministério do Meio Ambiente Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Plano de Manejo Floresta Nacional de Passa Quatro

Volume I

Sumário Executivo

Organizadores Ofélia de Fátima Gil Willmersdorf Luciano Lopes Reis

Brasília, 2009 Edição Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama Centro Nacional de Informação Ambiental – Cnia SCEN, Trecho 2, Edifício-Sede do Ibama CEP: 70818-900 – Brasília, DF Telefone: (61) 3316-1294 Fax: (61) 3307-1987 http://www.ibama.gov.br

Diretoria de Qualidade Ambiental - Diqua Sandra Regina Klosovski Chefe do Cnia Vitória Maria Bulbol Coêlho Coordenação Editorial Cleide Passos Revisão Enrique Calaf Calaf Maria José Teixeira Ana Célia Luli Normalização Bibliográfi ca Helionidia Carvalho de Oliveira Capa Paulo Luna Diagramação Paulo Luna Carlos José

Catalogação na Fonte Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

P699 Plano de Manejo Floresta Nacional de Passa Quatro Minas Gerais: Sumário Executivo / Floresta Nacional de Passa Quatro. – Brasília: ICMBio, 2009. 80 p. : il. color. ; cm

Conteúdo: Sumário Executivo. – v. 1. Diagnóstico. – v. 2. Planejamento.– v. 3. Anexos. – v. 4. Zona de Amortecimento – v. 5. Cartografi a. – v. 6.

Inclui Bibliografi a ISBN

1. Plano de Manejo. 2. Floresta Nacional. I. Willmersdorf, Ofélia de Fátima Gil. II. Reis, Luciano Lopes. III. Superintendência Estadual do Ibama em (MG). IV. Instituto Chico de Mendes Conservação da Biodiversidade - ICMBio. V. Floresta Nacional de Passa Quatro. VI. Título.

CDU (2.ed.)630.681(816.4)

Impresso no Brasil Printed in “O mundo em que vivemos não nos foi dado por nossos pais e avós, foi- nos emprestado por nossos fi lhos e netos”. ditado africano Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

Equipe responsável pela elaboração do plano de manejo

Coordenação-geral Edgard de Souza Andrade Júnior, Chefe da Floresta Nacional de Passa Quatro, Analista Administrativo, Administrador de Empresas, Especialista em Ecoturismo.

Coordenação técnica Ofélia de Fátima Gil Willmersdorf, Analista Ambiental/Floresta Nacional de Ipanema/ ICMBio; Eng. Agric./Agrônoma, M.Sc. e Doutora em Agronomia, área de Irrigação e Drenagem, Especialista em Gestão Ambiental.

Supervisão técnica Luciano Lopes Reis, Analista Ambiental/ICMBio, Engenheiro , M.Sc. Agronomia, Ciência do Solo, Doutor em Agronomia, Ciência do Solo. Verusca Maria Pessoa Cavalcante, Analista Ambiental/ICMBio, Engenheira Florestal.

Equipe de elaboração e consolidação Diagnóstico dos fatores abióticos

Clima, hidrologia, hidrografia e hidrogeologia • Paulo Sérgio de Souza Magalhães, Engenheiro Agrôn omo, M.Sc. Hidrologia. • Cláudio de Souza Magalhães, Analista Ambiental do Escritório Regional de / MG/ Ibama, Engenheiro Agrícola, especialista em Engenharia de Saneamento Ambiental. • Reinaldo Francisco Gonçalves, Auxiliar Administrativo Flona de Passa Quatro/ICMBio. • Johney Gonçalves Ferreira, Técnico Ambiental Flona de Passa Quatro/ICMBio, Técnico Agrícola.

Geologia e geomorfologia • Roberto Marques Neto, Geógrafo, Especialista latu sensu em Geografia Física do Brasil, M.Sc. em Geografia (área de concentração: Organização do Espaço), Professor da Faculdade de São Lourenço/MG. • Alunos do Curso de Gestão Ambiental/Fundação Educacional de Machado (campus de São Lourenço): Fábio da Silva Fernandes, Fábio Henrique da Silva Gonçalves, José Ricardo Machado Vieira, Nemo Gomes Simas e Ramiris Moraes da Conceição.

Solos — levantamento e classificação • Cezar Francisco Araújo Júnior, Engenheiro Agrônomo, M.Sc. em Agronomia, área de Concentração de Solos e Nutrição de Plantas, Doutorando em Agronomia, área de Ciência do Solo. • Rose Myriam Alves Ferreira, Analista Ambiental do Escritório Regional de Lavras/MG/ Ibama, Engenheira Agrônoma, M.Sc. Agronomia, área Solos e Nutrição de Plantas. • Colaboração do Doutor Geraldo César de Oliveira.

Histórico da UC • Hermínia Silva Guedes, Geógrafa, M.Sc. Geografia Física, especialista em Sociologia.

Uso público • Johana Rocha Gonçalves, Turismóloga, pós-graduanda em Ecoturismo e Interpretação de Atrativos Naturais (lato sensu). • Josy Sapucaia Gonçalves, Turismóloga, especialista em Gestão Ambiental.

6 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Atividades em desenvolvimento, ocorrência de fogo e fenômenos excepcionais • Fábio Luis Vellozo de Melo, Analista Ambiental Flona de Passa Quatro/ICMBio, Administrador de Empresas. • Vânia Aparecida Maia Pimentel, Analista Administrativa Flona de Passa Quatro/ ICMBio, Assistente Social. • Johney Gonçalves Ferreira, Técnico Ambiental Flona de Passa Quatro/ICMBio, Técnico Agrícola.

Atividades econômicas da área do entorno com potencial de impactos das atividades na área de entorno. • Fábio Luís Vellozo de Mello, Analista Ambiental Flona de Passa Quatro/ICMBio, Administrador de Empresas. • Johney Gonçalves Ferreira, Técnico Ambiental Flona de Passa Quatro/ICMBio, Técnico Agrícola. • Colaboradores: Carlindo Caetano Rodrigues, Geraldo Galvão dos Santos.

Diagnóstico dos fatores bióticos Vegetação nativa e exótica • Luciano Lopes Reis, Analista Ambiental/ICMBio, Engenheiro Florestal, M.Sc. Agronomia, Ciência do Solo, Doutor em Agronomia, Ciência do Solo. • José Nivaldo de Menezes Machado, Analista Ambiental Flona de Ritápolis/MG/ICMBio, Engenheiro Florestal. • Moacir Barbosa, Técnico Ambiental Flona de Ritápolis/MG/ICMBio, Técnico Agropecuário, Administrador de Empresas. • Aloízio Filardi, Analista Administrativo Flona de Ritápolis/MG/ICMBio, Economista. • Colaboradores: estudantes de Engenharia Florestal Tatiana de Magalhães Machado, José Raimundo, Lázaro Inácio da Silva, Fabiano Ribeiro, Valdeci Corrêa da Mota, Clayton Isaias Gonçalves e José Reinaldo Gomes.

Fauna Avifauna • Bruno Grazon Oliveira Câmara, M.Sc. Biologia dos Vertebrados, Professor Adjunto III, PUC/BH. • Mauro Guimarães Diniz, Técnico Ambiental Supes/Ibama/MG, graduando em Biologia. • Estagiários PUC/BH: Thiago Oliveira e Almeida, Helberth José Cardoso Peixoto, Wagner Nogueira Alves, Rodrigo Morais Pessoa.

Mastofauna • Cláudia Guimarães Costa, Bióloga, M.Sc. em Teoria e Pesquisa do Comportamento Animal, Bióloga do Museu de Ciências Naturais PUC/MG e Professora do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. • Edeltrudes M.V.C. Câmara, Bióloga do Museu de Ciências Naturais PUC/MG, Professora da PUC/MG. • Eduardo Pupo, Biólogo, Doutor em Biologia/PUC/BH.

Herpetofauna • Alexandre de Assis Hudson, Analista Ambiental do Escritório Regional de / Ibama/MG, Médico-Veterinário, M.Sc. em Ciências Biológicas, área de Concentração Biologia Animal.

7 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

• Catalina do Nascimento Lopez, Graduanda em Ciências Biológicas/Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora/MG. • Alexandre de Oliveira Barreiro, Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Juiz de Fora/MG.

Ictiofauna • Liana Sisi dos Reis, Bióloga, Pós-Graduanda em Biologia da Ufla/MG. • Cecília Gontijo Leal, Bióloga, Professora.

Interação fauna-flora • Luciano Bonatti Regalado, Analista Ambiental Floresta Nacional de Ipanema/ICMBio, M.Sc. e Doutor em Engenharia Ambiental/USP.

Diagnóstico socioeconômico e ambiental do entorno • Alexandre Carvalho de Andrade, Geógrafo, especialista em Geografia do Turismo, M.Sc. em Geografia: Organização do Espaço, Professor da Faculdade de São Lourenço. • João Ricardo Nogueira, Sociólogo, especialista em Ecoturismo, Professor de Gestão Ambiental da Faculdade de São Lourenço. • Ana Carolina Morita Forastieri da Silva, Economista, especializanda em Ecoturismo. • Johana Rocha Gonçalves, Turismóloga, pós-graduanda em Ecoturismo e Interpretação de Atrativos Naturais. • Josy Sapucaia Gonçalves, Turismóloga, especialista em Gestão Ambiental. • Alunos dos cursos de Serviço Social, Ciências Biológicas, Turismo e Hotelaria e Gestão Ambiental da Faculdade de São Lourenço.

Produção cartográfica • Elisa Toniolo Lorensi, Zootecnista, especialista em Geoprocessamento.

Revisão e sistematização

• Cirineu Jorge Lorensi Analista Ambiental do ICMBio/Coplan, Engenheiro Florestal, M.Sc. em Engenharia Agricola, área de concentração em Fotogrametria.

• Luciano Lopes Reis Analista Ambiental do ICMBio, Engenheiro Florestal, M.Sc. em Agronomia, Ciência do solo, Doutor em Agronomia Ciência do solo.

• Ofélia de Fátima Gil Willmersdorf Analista Ambiental/Flona de Ipanema/ICMBio, Engª Agric/Agrônoma, M.Sc. e Doutora em Agronomia, área de Irrigação e Drenagem, Especialista em Gestão Ambiental.

8 Sumário

1 Apresentação ...... 01

2 As florestas nacionais ...... 02

3 Informações gerais da Flona de Passa Quatro ...... 03

4 Acesso à sede da Flona ...... 04

5 Questões fundiárias ...... 04

6 Análise da Floresta Nacional de Passa Quatro ...... 0 5 6.1 Fatores abióticos ...... 05 6.1.1 Clima ...... 05 6.1.2 Geologia, geomorfologia e relevo ...... 05 6.1.3 Solos ...... 07 6.1.4 Hidrologia e hidrografia ...... 08 6.2 Fatores bióticos ...... 09 6.2.1 Flora ...... 09 6.2.2 Fauna ...... 09 6.3 Fatores antrópicos ...... 11 6.3.1 Caracterização socioeconômica e ambiental da Flona de Passa Quatro .11 6.3.2 Relação da comunidade com a Flona ...... 13

7 Ocorrência de fogo e outros fenômenos excepcionais ...... 13 7.1 Incêndios florestais ...... 13 7.2 Outros fenômenos excepcionais ...... 15 7.2.1 Considerações sobre a dinâmica erosiva ...... 15 7.2.2 Anomalias climáticas ...... 16

8 Aspectos Institucionais ...... 17 8.1 Pessoal ...... 17 8.2 Infra-estrutura e equipamentos ...... 17

9 Zona de amortecimento ...... 19

10 Declaração de significância ...... 20 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

11 Planejamento da Floresta Nacional de Passa Quatro ...... 24 11.1 Objetivos específicos da Floresta Nacional de Passa Quatro ...... 25 11.2 Zoneamento ...... 26 11.2.1 Identificação e conceituação das zonas ...... 33 11.3 Programas de manejo ...... 46 11.3.1 Programa de conhecimento e pesquisa ...... 46 11.3.1.1 Subprograma de pesquisa ...... 47 11.3.1.2 Subprograma de monitoramento ambiental ...... 51 11.3.1.3 Subprograma de geração de tecnologia ...... 53 11.3.2 Programa de manejo dos recursos naturais ...... 54 11.3.2.1 Subprograma de manejo florestal ...... 54 11.3.2.2 Subprograma de manejo de fauna ...... 56 11.3.2.3 Subprograma de recuperação de áreas degradadas ...... 57 11.3.2.4 Subprograma de colheita de sementes e produção de mudas 58 11.3.3 Programa de visitação ...... 58 11.3.3.1 Subprograma de interpretação ambiental ...... 65 11.3.3.2 Subprograma de recreação e lazer ...... 67 11.3.4 Programa de integração com o entorno ...... 67 11.3.4.1 Subprograma de educação ambiental ...... 68 11.3.4.2 Subprograma de incentivo a alternativas de desenvolvimento ...... 69 11.3.5 Programa de administração e gestão da UC ...... 70 11.3.5.1 Subprograma de administração, infra-estrutura e logística .71 11.3.5.2 Subprograma de proteção e fiscalização ...... 75 11.3.5.3 Subprograma de cooperação interinstitucional ...... 77 11.3.5.4 Subprograma de comunicação ...... 78 11.3.5.5 Subprograma de ampliação da área da UC ...... 79 11.3.5.6 Subprograma de acompanhamento, monitoramento e avaliação do plano de manejo ...... 8 0

12 Normas gerais da Flona de Passa Quatro ...... 81 12.1 Normas gerais de manejo da Flona de Passa Quatro ...... 81

13 Cronograma físico-financeiro ...... 84

14 Bibliografia ...... 85

10 Lista de figuras

Figura 1 – Principais acessos à Flona de Passa Quatro...... 04 Figura 2 - Carta de solos da Floresta Nacional de Passa Quatro...... 07 Figura 3 – Bacia hidrográfica do rio Cachoeira...... 08 Figura 4 – Vista parcial de Passa Quatro, tendo ao fundo a Serra Fina (Foto: Mendes, 2006)...... 12 Figura 5 – Proposta de delimitação da Zona de Amortecimento de Passa Quatro ...... 19 Figura 6 – Mapa de zoneamento da Flona de Passa Quatro...... 33

Lista de Quadros

Quadro 1 – Ficha técnica da Floresta Nacional de Passa Quatro...... 03 Quadro 2 - Demonstrativo das ocorrências de incêndio nos anos de 2005 e 2006. .... 14 Quadro 3 – Quadro sinóptico do zoneamento de Passa Quatro...... 27 Quadro 4 - Estimativa de recursos necessários para a implementação do Plano de Manejo (R$) ...... 84

Siglas

CGFLO – Coordenação-Geral de Florestas Nacionais.. CGLIC – Coordenação-Geral de Licenciamento Ambiental Flona – Floresta Nacional Funbio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade Supes (MG) – Superintendência do Ibama em Belo Horizonte Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NEA – Núcleo de Educação Ambiental ONG – Organização Não-Governamental PM – Plano de Manejo POA – Plano Operativo Anual Prad – Programa de Recuperação das Áreas Degradadas Prevfogo – Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais Pronabio – Programa Nacional da Diversidade Biológica Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SIG – Sistema de Informação Geográfica Snuc – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza TAC – Termo de Ajustamento de Conduta TC – Termo de Compromisso UC – Unidade de Conservação ZA – Zona de Amortecimento

1 Apresentação

O Plano de Manejo da Floresta a atualização e o detalhamento das infor- Nacional de Passa Quatro é um documen- mações sobre a cobertura vegetal, fauna, to técnico baseado nos fundamentos dos uso e ocupação do solo, unidades geológicas objetivos da unidade de conservação, que e geomorfológicas, hidrografia, rede viária e estabelece o zoneamento e as normas que infra-estrutura existente na Flona. devem orientar o uso da área, o manejo dos As etapas seguintes englobaram recursos naturais e a implantação das es- análise temática dos principais fatores am- truturas físicas necessárias à sua gestão. bientais condicionantes ao uso e à ocupação Essas orientações são norteadas por ob- da unidade. O diagnóstico integrado dos fa- jetivos específicos definidos com base no tores geológicos, geomorfológicos, pedoló- diagnóstico socioeconômico e ambiental. gicos e fitogeográficos – inter-relacionados A abrangência do plano de manejo é a área – permitiu o estabelecimento de zonas que da unidade de conservação e sua zona de podem estar associadas a uma ou mais for- amortecimento. mas de uso, conforme a vulnerabilidade e/ou Este documento visa atender à Lei potencialidade. nº 9.985/2000, que estabelece em seu art. Além das reuniões técnicas com os 27 que as unidades de conservação devem pesquisadores – para a discussão do diag- dispor de um plano de manejo, abrangendo nóstico e do planejamento – houve uma ofi- a área da unidade, e, sua zona de amor- cina de planejamento participativo com a tecimento e corredores ecológicos, caso participação do conselho consultivo, repre- existam, com a finalidade de promover sua integração à vida econômica e social das co- sentantes das comunidades do entorno, munidades vizinhas. pesquisadores e dos diversos atores que se O Plano de Manejo da Floresta Na- relacionam com a Flona, a fim de garantir cional de Passa Quatro foi elaborado pelas um processo participativo e buscar o envol- equipes técnicas do ICMBio, do Ibama e de vimento da sociedade no planejamento e em universidades parceiras. A condução dos ações específicas na UC e no seu entorno, trabalhos foi norteada pela metodologia pre- tornando-os partícipes e comprometidos conizada no Roteiro Metodológico para Ela- com as estratégias estabelecidas. boração de Plano de Manejo para Florestas Este documento – Sumário Executi- Nacionais com a supervisão da Coordena- vo – apresenta, de forma resumida, o Pla- ção-Geral de Florestas Nacionais (CGFLO). no de Manejo da Floresta Nacional de Passa Foram realizadas reuniões técnicas Quatro e tem como objetivo a divulgação da para a organização do planejamento, a distri- unidade e servir como base para socializar o buição das atividades entre as instituições manejo da área e permitir que os principais envolvidas e a compilação da bibliografia dis- atores relacionados contribuam para a im- ponível. Os trabalhos de campo permitiram plementação de seu planejamento.

2 As florestas nacionais

As Flonas, segundo a Lei nº ticos no território nacional e nas águas juris- 9.985/2000 que institui o Sistema Nacional dicionais; protegem espécies ameaçadas de Unidades de Conservação (Snuc), enqua- de extinção nos âmbitos regional e nacio- dram-se na categoria de Unidade de Con- nal; contribuem para a preservação e a res- servação de Uso Sustentável (art. 7º), tauração da diversidade de ecossistemas sendo definidas como áreas com cobertura naturais; promovem o desenvolvimento, a florestal de espécies predominantemente partir dos recursos naturais; promovem nativas, apresentando como objetivo básico a utilização dos princípios e das práticas a promoção do uso múltiplo sustentável dos de conservação da natureza no processo recursos florestais e a pesquisa científica de desenvolvimento; protegem as carac- (art.17). terísticas relevantes de natureza geológica, Atualmente, existem 65 flores- geomorfológica, espeleológica, arqueológica, tas nacionais, que perfazem área de paleontológica e cultural; recuperam e res- 18.808.448,16 ha, sendo que 32 encon- tauram ecossistemas degradados; propiciam tram-se na Região Norte, 10 na Região Nor- meios e incentivam atividades de pesquisa deste, 3 na Região Centro-Oeste, 10 na Re- científica, estudos e monitoramento am- gião Sudeste e 10 na Região Sul. As flores- biental; valorizam econômica e socialmente tas nacionais ocorrem nos biomas Amazônia, a diversidade biológica; favorecem condições Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga e nas zo- para a promoção de atividades de educação nas de transição. e interpretação ambiental, a recreação e o Essa categoria de unidade de con- contato com a natureza e o turismo ecoló- servação contribui com os objetivos de con- gico; e protegem os recursos naturais neces- servação do País, pois à medida que são sários à subsistência de populações tradi- criadas, implementadas e gerenciadas de cionais, ao respeitar e valorizar seu conhe- forma correta, promovem a manutenção da cimento e sua cultura, promovendo-as so- diversidade biológica e dos recursos gené- cial e economicamente.

3 Informações gerais da Floresta Nacional de Passa Quatro

A Floresta Nacional de Passa No Quadro 1 é apresentada a Quatro está sob administração e gestão do ficha técnica em que constam informações ICMBio. resumidas sobre a unidade.

Quadro 1 – Ficha técnica da Floresta Nacional de Passa Quatro.

Floresta Nacional de Passa Quatro

Endereço: Estrada do Tabuão s/nº, Bairro Tabuão, Passa Quatro (MG) CEP: 37.460-000 Telefone: (35) 3371-2220 Endereço eletrônico: fl [email protected] Área (ha): 335 ha Município abrangido: Passa Quatro Estado: Minas Gerais Coordenadas geográfi cas: Latitude 22º 23’ 08’’ Longitude 44º 56’ 49’’

Data de criação e número do decreto: Portaria nº 562 de 25/10/1968.

Marcos importantes (limites): Ribeirão Carlos Tibúrcio e cercas de arame de quatro fi eiras.

Bioma: Mata Atlântica. A vegetação da área pertence à formação Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófi la Densa e Mista.

Atividades desenvolvidas: Uso público ...... intenso Pesquisa ...... esporádica Produção de mudas ...... intensa Fiscalização e proteção ...... moderada

Atividades confl itantes: estrada municipal no interior da UC

Distância da sede aos centros urbanos mais próximos Flona de Passa Quatro a (MG) - 14 km Flona de Passa Quatro a Cruzeiro (SP) - 30 km Flona de Passa Quatro a São Lourenço (MG) - 55 km Flona de Passa Quatro a Caxambu (MG) - 60 km Acesso à sede: a partir do trevo de Passa Quatro, Rodovia MG-158.

4 Localização e acesso à sede da Flona

A Floresta Nacional de Passa Qua- As rodovias que dão acesso à UC são: BR- tro localiza-se na zona rural do município de 381, BR-267, BR-354 e MG-158. Passa Quatro, no sul de Minas Gerais, ten- O acesso à Flona é feito a partir do como municípios limítrofes Itanhandu, a do trevo de Passa Quatro, Rodovia MG- norte e nordeste, Queluz, e Cru- 158, onde existe uma placa de sinali- zeiro, a sul, Marmelópolis e Virgínia, a oes- zação indicando o Ibama. A partir daí, te, e a leste. percorre-se a Estrada do Tabuão por 2 A Figura 1 ilustra as vias de acesso km de estrada asfaltada até o portão de para se chegar à unidade de conservação. entrada da UC.

Principais vias de acesso a Passa Quatro

Principais vias de acesso a Passa Quatro

5 Questões fundiárias

A Floresta Nacional de Passa Quatro possui situação fundiária regularizada.

6 Análise da Floresta Nacional de Passa Quatro

6.1 Fatores abióticos Geomorfologia e relevo

6.1.1 Clima A área da Flona de Passa Quatro encontra-se parcialmente em relevo monta- Com base nos dados climatológicos nhoso do maciço alcalino de Passa Quatro e, obtidos a partir da Estação Climatológica em outra parte, em morros de topos e ver- tentes predominantemente convexos que Auxiliar, do 5° Distrito de Meteorologia do se conectam abruptamente com a planície INMET, Normas Climatológicas do período do Rio da Cachoeira, que se alarga em dire- 1961-1990, o clima da região é classificado ção à sua foz, no Rio Passa Quatro. Estabe- como Cwa da classificação de Köppen, lece o contato entre o relevo montanhoso e caracterizado por temperaturas moderadas o ambiente amorreado e rebaixado pelo in- com verões quentes e chuvosos e invernos temperismo mais profundo dos gnaisses. secos. O Rio da Cachoeira segue orientação geral SW-NE, adaptado a um sistema de 6.1.2 Geologia, falhamentos mais recentes que controla geomorfologia e relevo parte das tributações nas drenagens principais que, geralmente, alinham-se no Geologia sentido NE-SW, em conformidade com a orientação geral das zonas de cisalhamento Na área correspondente à Floresta dos terrenos cristalinos do Brasil Sudeste, Nacional de Passa Quatro e à Bacia do Rio da maneira que se verifica para o Rio Passa Quatro, do qual o Rio da Cachoeira é da Cachoeira, há a predominância de duas afluente. unidades litoestruturais, morfologicamente Em linhas gerais, a área é caracte- expressas em dois padrões morfoescultu- rizada por altas declividades, exceção para rais bem diferenciados: relevo montanhoso os terraços que se desenvolvem no extre- emoldurado em nefelina-sienitos e conjunto mo norte da Flona, em relevo de planícies, padronizado em morros e morrotes emba- e para trecho de relevo ondulado que marca sados por gnaisses do embasamento Pré- parte da linha divisória entre o Rio da Ca- Cambriano. Ocorrem ainda depósitos bauxí- choeira e o Ribeirão Carlos Tibúrcio, onde as ticos de taludes e sedimentos quaternários declividades moderadas se rebaixam aquém nas baixadas fluviais. de 20%. Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

Os declives mais acentuados apare- a) morros de topos convexos e ver- cem na parte sudeste da Flona, nos primei- tentes retilíneo-côncavas; ros degraus do maciço alcalino, que faz a b) morros de topos convexos a marcação em ruptura de declive entre esse aplai nados e vertentes convexas; compartimento geomorfológico e a área de c) morros de topos convexos e ver- relevo amorreado. A margem esquerda do tentes convexas a retilíneas; Rio da Cachoeira também comporta declivi- d) maciço montanhoso alcalino; dades consideráveis que oscilam nas duas e) terraço alúvio-coluvionar disseca- classes superiores, as quais predominam do. dentro da floresta. Os altos valores de declividade 6.1.3 Solos também são predominantes em toda a Alta Bacia do Rio da Cachoeira, onde as encostas As classes de solos predominantes são excessivamente íngremes, conferindo na área da Flona (Figura 2) foram classifi- alta energia ao relevo do qual a Flona faz cadas de acordo com o Sistema Brasileiro parte. O predomínio do intervalo de classe de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006) extremo é verificado principalmente na como: margem direita do Ribeirão Carlos Tibúrcio, a) Cambissolo Háplico alumínico t í - posicionada além dos limites da floresta, pico (CXa); mas cuja conexão determina a entrada de b) Neossolos Litólicos (RL); material em seu espaço interno, sobretudo c) Latossolo Vermelho-Amarelo nos eventos esporádicos que ocorrem nas alumínico (LVAa); estações chuvosas. d) Argissolo Vermelho-Amarelo alumínico típico (PVAa); Resumidamente, as unidades de re- e) Depósitos Colúvicos ( a l u v i o n a - levo ocorrentes na Flona são: res).

Figura 2 - Carta de solos da Floresta Nacional de Passa Quatro.

26 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Os solos da Flona podem ser classi- resistente à erosão devido, principalmente, ficados como de baixa capacidade de produ- à acentuada declividade e à pouca espessu- ção e, ao mesmo tempo, muito suscetíveis à ra do sólum, duros quando secos e friáveis erosão devido à alta declividade e à pequena quando úmidos. espessura do sólum (horizonte A + B). Isso sugere que esses solos são freqüentemen- 6.1.4 Hidrografia e te erodidos, mesmo com uma vegetação de cobertura constante. Portanto, o uso atual hidrologia desses solos encontra-se adequado, pois vegetações permanentes bastante densas, A Floresta Nacional de Passa Quatro como as florestas, permitem a utilização se insere na Bacia Hidrográfica do Rio Passa econômica das terras inadequadas ao culti- Quatro, tributário formador do Rio Verde, vo, proporcionando-lhes, ao mesmo tempo, afluente do Rio Grande. preservação. A Figura 3 ilustra a delimitação De modo geral, os solos da Flona de da área da Bacia Hidrográfica do Rio Passa Passa Quatro são, na maioria, ácidos, pouco Quatro e de sua sub-bacia, Rio da Cachoeira, profundos, pouco intemperizados, bem dre- que drena a área da Flona e é utilizado nados, pobres em minerais primários forne- como base para a estimativa dos principais cedores de nutrientes, pobres em matéria parâmetros para a caracterização da orgânica, de baixa fertilidade natural, pouco hidrologia local.

Figura 3 – Bacia Hidrográfi ca do Rio da Cachoeira.

27 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

6.2 Fatores bióticos famílias de 17 ordens, ou seja, 19,7% das 780 espécies de aves conhecidas para Mi- 6.2.1 Flora nas Gerais. Do ponto de vista de endemismos, Originalmente, a vegetação predo- entre as 682 espécies de aves ocorrentes minante na área da Flona caracterizava-se na Mata Atlântica, 207 são exclusivas como área de tensão ecológica da Floresta desse bioma e a maioria depende de habitats Atlântica, envolvendo tipologias de Floresta florestais, sendo que pelos estudos recentes foram encontradas 39 espécies na Flona, ou Ombrófila Densa, Floresta Estacional Se- 18,8%, que é um percentual expressivo. midecidual e Floresta Ombrófila Mista nos Os dados de anfíbios e de répteis pontos de maiores altitudes. Atualmente, apresentam pouca diversidade e nos regis- existem dois tipos de cobertura vegetal pre- tros não constam espécies da lista nacional dominantes na Flona, que são as florestas ameaçadas de extinção. Foram identifica- plantadas com araucária, pinus e eucalipto, das uma espécie da herpetofauna Quelônia remanescentes florestais da Mata Atlântica (Phrynops geoffroanus), cinco espécies da em diferentes estádios sucessionais, além herpetofauna Squamata lagartos (Enyalius da regeneração natural da floresta nativa perditus, Hemidactylus mabouia, Hetero- no sub-bosque das florestas plantadas. dactylus imbricatus Spix, Tupinambis meria- Os levantamentos sobre a vegetação nae, Urostrophus vautieri) e oito espécies apontaram a ocorrência de 123 táxons de da herpetofauna Squamata serpentes (Bo- indivíduos arbóreos, pertencentes a 35 throps alternatus, Chironius bicarinatus, famílias botânicas, sendo que, destas, 66 Crotalus durissus Linnaeus, Oxyrhopus cla- foram identificadas em nível de espécie, thratus, Sibynomorphus mikanii, Sibyno- 28 em nível de gênero e 29 não foram morphus neuwiedi, Xenopholis undulatus identificadas. As áreas com floresta nativa e Waglerophis merremii). Com relação aos na Flona encontram-se nos estágios anfíbios, foram identificadas sete espécies médio a avançado de regeneração, e (Chaunus ictericus Spix, Chaunus ornatus apresentam espécies indicadoras para as Spix, Eleutherodactylus guentheri, Hypsiboas tipologias florestais da Floresta Estacional faber, Hypsiboas polytaenius, Procerato- Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e phrys boiei e Scinax flavoguttatus).

Floresta Ombrófila Mista. Fauna rara, ameaçada de extinção e de interesse para a conservação. 6.2.2 Fauna Foram identificadas algumas es- Nos levantamentos de fauna efetu- pécies da fauna consideradas raras, ame- ados, a Flona tem representatividade zoo- açadas de extinção e de interesse para a lógica de 31 espécies de mamíferos, distri- conservação da espécie, que são listadas a buídas em 17 famílias, representando cerca seguir: de 12,7% das espécies de mamíferos regis- tradas para o estado de Minas Gerais, com • Callithnx aurita – mico-de-tufos- uma comunidade dominada por espécies de brancos, espécie constante da lis- roedores, correspondendo a 29%, seguida ta oficial de fauna brasileira ame- de morcegos, 23%, primatas e carnívoros, açada de extinção, sendo consi- 13%, marsupiais, 6%, e cervídeos e lago- derado um dos dez primatas mais morfos com 3% dos registros. ameaçados do Brasil. Os levantamentos de avifauna rea- • Leopardus pardallis – jaguatirica, lizados na Flona indicaram a ocorrência de ameaçada de extinção no estado 191 espécies de aves pertencentes a 45 de Minas Gerais.

28 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

• Chrysocyon brachyurus – lobo- 65,7% da superfície pertencente às terras guará, ameaçado de extinção no passa-quatrenses e o restante ao município estado de Minas Gerais. de Itanhandu. • Alouatta guariba clamitans – bu- Ambos os municípios apresentam ca- gio, endêmico da Mata Atlântica, racterísticas típicas da Serra da Manti- considerado ameaçado de extin- queira. A significativa amplitude topográfica, ção no estado de Minas Gerais e que atinge quase 1.900 m entre o ponto no Brasil. mais elevado, – 2.790 m, e o ponto com menor altitude, a foz do • Campephilus robustus – pica-pau- Ribeirão Itanhandu – 900 m, contribui para rei, em risco de extinção no esta- a diversidade paisagística encontrada no do de Minas Gerais. entorno da Floresta Nacional de Passa Pyroderus scutatus – conhecido • Quatro. como pavó, considerado como es- A influência do relevo no clima e, pécie vulnerável. conseqüentemente, na vegetação, faz haver, • Sicalis flaveola – canário-da-terra, em áreas próximas do ponto de vista geo- considerado como espécie vulne- gráfico, espécies típicas da mata tropical rável. semidecidual, das matas de araucárias e dos campos de altitude. Além das interferências Interação flora-fauna no clima e na vegetação, as formas de relevo, caracterizadas pela alta declividade O exemplo mais claro de interação do terreno e pela amplitude topográfica, flora-fauna são os animais que atuam como colaboram para tornar encachoeirados o vetores na transferência de pólen de uma alto curso do Rio Verde e o de seus afluentes flor a outra, atuando na polinização, ou (Figura 4). dispersam as sementes geradas. O ambiente florestal caracteriza- se pela alta interação entre fauna e flora. Insetos, aves, anfíbios e mamíferos atuam ativamente na polinização e na dispersão de sementes de espécies florestais. Ao mesmo tempo, a floresta fornece alimento e abrigo para inúmeras espécies, revelando a grande interdependência, incluindo indi- víduos da ictiofauna, herpetofauna e ento- mofauna.

6.3 Fatores antrópicos

6.3.1 Caracterização socioeconômica e ambiental da Flona de Passa Quatro

A área de entorno da Flona de Passa Quatro A área de entorno da UC totali- 2 Figura 4 - Vista parcial de Passa Quatro, tendo ao fundo a za aproximadamente 419,02 km , sendo Serra Fina (Foto: Mendes, 2006).

29 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

No entorno contíguo da Flona exis- ainda prevalece no município de Itanhandu tem os bairros rurais que apresentam mé- e em Passa Quatro está mudando para o dia incidência de moradores que ainda con- nome “Ibama”. servam os hábitos culturais da vida rural Os objetivos de criação da Flona de mantendo criações, pomares e hortas em Passa Quatro são desconhecidos da grande suas propriedades, porém boa parte da po- maioria da população, sendo constatado que a pulação rural depende das zonas urbanas maior parte declarou não conhecer os motivos de seus municípios para suprir suas neces- da criação da Flona de Passa Quatro, sendo sidades básicas de alimentação, visto que que a porcentagem de visitantes na população as pessoas que não possuem atividades de pesquisada é relativamente alta e mais intensa subsistência consomem produtos adquiri- na população urbana, cujo objetivo das visitas dos nos centros urbanos ou de pequenos produtores do bairro. é o passeio que se enquadra como turismo. A freqüência de visitação por parte da população 6.3.2 Relação da comunidade do entorno no município de Itanhandu é baixa com a Flona e vem aumentando consideravelmente em Passa Quatro. Dos levantamentos obtidos nas co- De forma geral, não existe visão ne- munidades do entorno, constatou-se que a gativa da população da zona de amorteci- grande maioria da população conhece ou já mento sobre a Flona de Passa Quatro, pelo ouviu falar da Flona, sendo que esse termo contrário, a partir da situação descrita en- é o menos conhecido e que o termo “pinho”, contra-se terreno bastante fértil para a oriundo do antigo Instituto do Pinho, órgão elaboração de projetos de integração com que criou a unidade, na década de 1960, o entorno.

30 7 Ocorrência de fogo e outros fenômenos excepcionais

7.1 Incêndios florestais deráveis e dissecação, sobretudo no que concerne ao entalhe vertical, significati- A Floresta Nacional de Passa Qua- vamente denso, o que confere ao terreno tro, com uma área de 335 ha e 8,5 km de alta susceptibilidade à erosão, propriedade perímetro, está envolvida por unidades de intrínseca às frentes escarpadas, taludes e produção agrícola onde predominam pasta- morros declivosos e de vertentes curtas da gens degradadas e plantio de algumas cul- Serra da Mantiqueira. Dessa forma, a área é turas, tendo atualmente maior relevância a representativa de um quadro geomorfológico cultura de cana-de-açúcar, que é utilizada regional marcado por fragilidade potencial. para a produção de cachaça. A manifestação erosiva que predo­ Não existem registros e nem mesmo mina dentro da Flona é a erosão laminar, relatos de ocorrência de incêndios dentro levada a efeito pelo escoamento em lençol, dos limites da área pertencente à unidade que é tanto mais eficiente quanto maior o de conservação. declive do terreno, ocorrendo também a Não obstante, devido a vários incên- erosão por salpicamento (splash erosion). dios que estavam ocorrendo na região, prin- A intensidade desses processos morfoge­ cipalmente no entorno da Floresta Nacio- nal, antes do ano de 2002, foram realizados néticos na Flona deve ter sido maior em cursos de formação de brigadas de comba- tempos anteriores ao reflorestamento, te a incêndios para contratar brigadistas, sendo registrados setores de solo raso com tendo sido treinadas até o momento 130 bolsões localizados de Neossolo Litólico, pessoas, entre servidores da unidade e a indicando perda recente do manto pedológico população do entorno, e formada a Brigada pelo escoamento superficial em lençol. de Combate a Incêndios Florestais da Flona, Nas vertentes íngremes da margem composta por 14 brigadistas. esquerda do Rio da Cachoeira, há indicativos De 2002 a 2006 foram registrados da existência de diferentes índices erosivos, 44 incêndios em áreas rurais situadas no conforme a cobertura do solo. Nos setores entorno da Flona de Passa Quatro e as bri- cobertos pela mata latifoliada, a perda de gadas participaram de todos os combates. solo por erosão laminar é menor em virtude da maior interceptação das águas pluviais 7.2 Outros fenômenos pelo sistema foliar da vegetação arbórea e excepcionais também por se processar no nível do sub- 7.2.1 Considerações sobre a bosque. Os andares arbustivos e herbáceos dinâmica erosiva também contribuem de maneira decisiva na difusão do escoamento superficial, evi­ O espaço interno da Flona é carac­ tando a concentração dos fluxos hídricos terizado por relevo com declives consi­ e distribuindo mais eqüitativamente a ener­ gia erosiva da água no solo, à medida que costas, assoreamento de cursos d’água, configuram obstáculos que divergem o es­ danificação e destruição de residências e coamento hídrico em variadas direções. arrasamento do sistema de abastecimen- to de água. Em seu baixo curso, o Ribeirão 7.2.2 Anomalias climáticas Carlos Tibúrcio desviou a direção de escoa- mento e escavou rapidamente um novo leito em uma pequena extensão, até se ajeitar Em janeiro de 2000, por efeito das novamente ao seu leito original. Os efeitos chuvas fortes, houve o desencadeamento erosivos decorrentes da grande quantidade de processos erosivos de monta nas altas de chuvas de janeiro de 2000 também se vertentes da Serra da Mantiqueira. Duran- encontram registrados no espaço interno te esse evento, Passa Quatro concentrou, da Flona, onde existe hoje marcas de des- nos 4 primeiros dias do ano, 600,6 mm de lizamento na paisagem. O laboratório de chuvas, tendo sido um dos municípios mais truticultura, que existia à época, foi levado castigados, com desestabilização de en- pela água. 8 Aspectos institucionais

8.1 Pessoal de escolas que são recepcionados pela equipe de educação ambiental. A infra- O quadro funcional da Flona de Pas­ estrutura da UC é composta dos itens sa Quatro conta com 12 servidores que abaixo relacionados: de­­senvolvem atividades administrativas, de • guarita (com sala, cozinha e ba- fiscalização, prevenção e combate a incên- nheiro); dios florestais, projetos e atividades técni- • camping (com prédio contendo cas da unidade, vistoria técnica em obras banheiros, lavabos, lavanderia e e empreendimentos do entorno que possam iluminação); afetar a sua biota e outras demandas de • serraria; rotina, sendo que no período de estiagem • depósitos de ferramentas (para a das chuvas são somados os 14 brigadistas guarda de equipamentos e ferra- contratados temporariamente pelo Ibama/ mentas em geral, e aqueles uti- Prevfogo por um período de 6 meses. lizados no combate a incêndios A Flona conta também com três florestais); vigilantes contratados por empresa ter­ • edificação de atividades gerais ceirizada que atua na proteção do patrimônio (com refeitório, garagem e depó- público; com cinco pessoas contratadas por sito de ferramentas de jardina- empresa terceirizada para serviços gerais, gem); de limpeza e jardinagem; e através de termo • edificação de atividades de educa- de cooperação com a Prefeitura de Passa ção ambiental e integração com o Quatro, quatro pessoas prestam serviços entorno (com auditório, bibliote- no viveiro florestal, na jardinagem e no apoio ca, cozinha, banheiros, salas de administrativo. técnicos e apoio administrativo); • estação de pesquisa de trutas 8.2 Infra-estrutura e (desativada); equipamentos • viveiro de mudas; • pousada (cozinha, banheiros, re- A unidade é dotada de infra- feitório e dormitórios para 16 estrutura que, embora exija atenção quanto pessoas); à constante manutenção e reparo, vem • casa do pesquisador (instalação atendendo à demanda dos serviços e de de apoio aos pesquisadores com atividades ali desenvolvidas, principalmente quartos, cozinhas e banheiros para atendimento ao público, visitantes e alunos uma lotação de nove pessoas); Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

• núcleo residencial, com sete ca- Os seguintes equipamentos com- sas funcionais; põem o patrimônio da Flona: • administração (edificação con- • um veículo de passeio VW, mo- tendo três salas, sala de reunião, delo Gol, ano 2003, placa: GMF cozinha e banheiro); 4324; • Capela Nossa Senhora das Dores • um veículo caminhonete modelo e Santuário São Francisco; Saveiro, ano 1995, placa: GMF • parque infantil, lago de pesca, 1319; quiosques, churrasqueira, fonte • um veículo caminhonete modelo de água mineral, cachoeira com Courier, ano 2002, placa: GMF lago e área de lazer; 4202; • restaurante no lago; • um veículo automotor Mit. L. • aceiros de proteção florestal em 200GL, ano 2002, placa: KEV toda a Flona, acessos internos em 0903; terra com trânsito para veículos • um trator MF 95; automotores para acesso aos lo- • uma linha telefônica; cais de visitação pública; • três computadores PC; • rede elétrica, instalações de te- • um equipamento multimídia – da- lecomunicações, rede de água e tashow; esgoto, e serviço municipal de re- • um notebook; tirada dos detritos sólidos. • uma máquina fotográfica digital.

34 9 Zona de amortecimento

A grande pressão sobre uma unidade critérios são utilizados para a inclusão ou a de conservação vem de fora. Para minimizar exclusão de áreas, e ajuste para a definição os impactos negativos, o Snuc considerou final da zona de amortecimento (Figura 5). que o entorno das unidades de conservação Os limites da zona de amortecimento deve estar sujeito a normas e restrições da Floresta Nacional de Passa Quatro específicas. O limite de 10 km (Resolução foram amplamente discutidos e definidos na Conama nº 13/90) ao redor da unidade foi o Oficina de Planejamento Participativo (OPP), ponto de partida para a definição da zona de ocorrida no período de 12 a 14 de dezembro amortecimento. A partir desse limite, alguns de 2007. Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

Figura 5 – Proposta de delimitação da zona de amortecimento da Flona de Passa Quatro.

36 10 Declaração de significância

A Floresta Nacional de Passa Qua- para o estado de Minas Gerais. Apresen- tro resguarda amostras significativas ta espécies endêmicas da Mata Atlântica e da biodiversidade da Mata Atlântica, espécies ameaçadas de extinção tanto na caracterizando-se como área de contato lista do Ibama quanto na lista do estado de entre a Floresta Ombrófila Densa Montana e Minas Gerais. a Floresta Ombrófila Mista, com ocorrência Possui também áreas reflorestadas da Floresta Estacional Semidecidual nas com araucária, pinus e eucalipto, não explo- áreas de menores altitudes. rados economicamente até então, porém A Flona está localizada no Corre- passíveis de manejo. É de grande importân- dor Ecológico da Serra da Mantiqueira, que cia ecológica regional, possuindo vegetação se estende por 41 municípios do estado de nativa de sub-bosque em regeneração na- Minas Gerais. Nesse corredor localizam- tural, florestas jovens que abrigam signifi- se importantes unidades de conservação, cativa riqueza de espécies, em franco pro- como o Parque Nacional do Itatiaia, o Par- cesso de sucessão natural, com alto índice que Nacional do Papagaio, a APA Serra da de diversidade para os remanescentes de Mantiqueira e a APA Fernão Dias. Além des- floresta nativa pura. sas unidades de conservação públicas, exis- O fragmento florestal protegido tem na região seis reservas particulares do pela Flona de Passa Quatro há mais de patrimônio natural (RPPNs) averbadas e 15 meio século representa enormes ganhos em processo de criação. Esse corredor eco- em termos de biodiversidade e de recursos lógico é importante porque abriga porções naturais, quando comparado a propriedades significativas dos ecossistemas naturais e rurais adjacentes da UC, que apenas atua como instância de mobilização e edu- mantêm pastagens ou desenvolvem usos cação em prol da natureza. Em áreas que agrícolas tradicionais. Nesse contexto, a sofreram intenso processo de fragmenta- área da Flona constitui-se em um dos poucos ção, como a Mata Atlântica, para que os remanescentes florestais da região sul corredores ecológicos desempenhem satis- de Minas Gerais, abrangendo importantes fatoriamente seus objetivos é necessária a espécies da flora regional, como a Araucaria recuperação das áreas de florestas. Assim, angustifolia, o Eremanhus erythropapus, a é possível reconectar áreas permitindo o Nectandra rigida, o Aspidosperma sp., a trânsito de espécies da fauna, o equilíbrio Copaifera langsdorffii, o Prunus selleowii, a dos ecossistemas e o bem-estar humano, e Tabebuia serratifolia e a Cedrela fissilis. nesse contexto, a Flona de Passa Quatro é Nos levantamentos florestais re- considerada área prioritária de conservação, centes efetuados na Flona, as áreas ava- classificada como de extrema importância liadas apresentam comunidades vegetais Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

eqüitativas, mostrando que não há clara do- a Flona, considerando a proximidade do pe- minância de uma espécie sobre as demais, rímetro urbano do município de Passa Qua- e mesmo nos setores com maior densidade tro ser circundado por propriedades rurais de indivíduos de candeia, no trecho de maior com intensa ação antrópica, especialmente altitude, os levantamentos da dominância a formação de pastagens para a agropecu- da espécie não constataram a existência de ária. um “candeial”, constatando haver regene- Nesses três grupos da fauna foram ração natural de mata nativa com grande identificadas espécies constantes das listas diversidade de espécies, sendo área com oficiais da fauna ameaçadas de extinção características ímpares na unidade. Essa tanto em nível de Brasil quanto do estado área merece maior atenção e estudos eco- de Minas Gerais. lógicos adicionais, principalmente, no senti- Em estudos de fauna recentes, a do de permitir um melhor entendimento do revisão da literatura confirmou a ausência estágio sucessional e sua tendência natural de dados sobre a ictiofauna da região, não de evolução. Esses estudos terão como ob- sendo possível citar uma lista de espécies jetivo entender a dinâmica desse sistema, de peixes do Rio Cachoeira e do Ribeirão bem como definir modelos de recuperação Carlos Tibúrcio e nem mesmo avaliar a área ambiental para áreas contíguas e próximas em relação às espécies com algum grau que apresentam as mesmas condições ge- de ameaça de extinção; da possibilidade de ográficas e edafoclimáticas da Floresta Na- encontrar espécies novas, espécies raras, de cional. interesse comercial, endêmicas ou exóticas. Nos levantamentos de fauna efetu- Tal situação, portanto, exige estudos e ados, a Flona tem representatividade zooló- pesquisas que conduzam a um diagnóstico gica de 31 espécies de mamíferos, distri- sobre o quadro atual da ictiofauna da Flona, buídas em 17 famílias, representando para definir ações que possam minimizar os 12,7% das espécies de mamíferos regis- impactos em andamento e as medidas de tradas para o estado de Minas Gerais, com recuperação ambiental. uma comunidade dominada por espécies de Os dados preliminares para anfíbios e répteis indicam que a Floresta Nacional de roedores, correspondendo a 29%, seguida Passa Quatro apresenta baixa diversidade de morcegos, 23%, primatas e carnívoros, de espécies para esses grupos. Uma das 13%, marsupiais, 6%, e cervídeos e lago- prováveis causas para essa baixa diversidade morfos com 3% dos registros. Entre as é a fragmentação e a reduzida área da unidade espécies capturadas, sete foram registros de conservação, por ser cercada por áreas de mamíferos voadores e sete de pequenos de pastagens de Brachiaria decumbens, em mamíferos não-voadores. sua maioria. Outro fator é a proximidade com Os levantamentos de avifauna reali- a área urbana do município de Passa Quatro zados na Flona de Passa Quatro resultaram e a antropização ao seu redor. Não obstante, na identificação de 191 espécies de aves, os fragmentos de mata nativa da Floresta pertencentes a 45 famílias de 17 ordens, Nacional de Passa Quatro, com cerca de ou seja, 19,7% das 780 espécies de aves 67 ha no total, ainda cumprem importante conhecidas para Minas Gerais. papel na conservação de algumas espécies Do ponto de vista de endemismos, de répteis e de anfíbios e é possível que até entre as 682 espécies de aves ocorrentes contribuam na conservação de espécies na Mata Atlântica, 207 são exclusivas deste endêmicas de Mata Atlântica, ou mesmo bioma e a maioria depende de habitats flo- exclusivas da Serra da Mantiqueira, e que restais, sendo que pelos estudos recentes exijam altitudes superiores a 1.000 m em foram encontradas 39 espécies na Flona, termos de habitat. ou 18,8%, que é um percentual expressivo O zoneamento e a ampliação da área pela condição de “ilha” em que se encontra da unidade de conservação constituem-se

38 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

em estratégias para aumentar a contribui- superiores a 1.400 m, em direção ao Pico ção da Floresta Nacional de Passa Quatro do Cotovelo, à Serra Fina e ao Pico da Pedra na conservação da biodiversidade da Mata da Mina (2.797 m). Essa ampliação deverá Atlântica, em consonância com o Projeto aumentar a área protegida de mata nativa Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar, e possibilitar a conservação de espécies do Programa Corredores Ecológicos do Mi- endêmicas da Serra da Mantiqueira e mais nistério do Meio Ambiente. próprias de altitudes superiores a 1.000 A ampliação da área da Flona pro- metros. posta para os setores adjacentes à mata A Flona também apresenta grande nativa com prevalência de candeia, em altitude potencial para o desenvolvimento de ativi- de 1.440 m, abrange prioritariamente dades, tais como pesquisa científica, edu- grande grota com nascente que se localiza cação ambiental, uso público, turismo e próxima da divisa da unidade, a sudeste, e implantação de modelos demonstrativos de também com a incorporação de áreas com produção com sustentabilidade ecológica e declive acentuado em encostas e de altitudes econômica.

39

11 Planejamento da Floresta Nacional de Passa Quatro

A metodologia de planejamento ado- • promover a proteção dos rema- tada na elaboração deste plano de manejo nescentes florestais nativos, me­­­­­ foi participativa, incluindo diversos momen- diante programas de conserva- tos de integração com as comunidades do ção, com ênfase na Floresta Om- entorno, a sociedade civil e o conselho con- brófila Mista e na espécie amea- sultivo. Foram realizadas três reuniões téc- çada Araucaria angustifolia; nicas para a organização do planejamento e • promover a proteção de espécies a distribuição das atividades, e a compila- da fauna silvestre nativa, median- ção da bibliografia disponível, e outras duas te programas de conservação, com o conselho consultivo, e abertas para com ênfase nas raras, endêmi- as comunidades do entorno, e uma oficina cas e ameaçadas de extinção; de planejamento participativo. • proteger os recursos hídricos A partir do diagnóstico da UC, foram garantindo a qualidade e a quan- estabelecidos os objetivos específicos de tidade das águas; manejo e seu zoneamento, estabelecendo • recuperar áreas degradadas; normas e diferentes graus de restrição de • gerar modelos de exploração flo- uso para cada zona. As ações gerenciais restal, com o mínimo de impactos foram reunidas por programas temáticos. no sub-bosque, visando garantir As florestas nacionais têm como a qualidade do solo e da água; objetivo básico o uso múltiplo sustentável • estimular a regeneração natural dos recursos florestais e a pesquisa nos plantios de Pinus e Araucaria científica, com ênfase em métodos para a angustifolia da zona de recupera- exploração sustentável de florestas nativas ção, visando o restabelecimento (SNUC, 2000). da vegetação nativa; • promover a conservação das áreas 11.1 Objetivos específicos com concentração de can­deia, bem como fomentar estudos de da Floresta Nacional de ecologia da espécie; Passa Quatro • produzir sementes e mudas de espécies florestais, ornamentais Os objetivos específicos de manejo e medicinais; da Floresta Nacional foram estabelecidos • promover o uso sustentável dos com base no Snuc, nos Decretos nº recursos florestais; 4.340/2002 e nº 1.298/1994 e baseados • difundir técnicas e métodos ge- no conhecimento resultante das pesquisas rados a partir de pesquisas cien- realizadas para: tíficas; Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

• promover, incentivar e apoiar a e as condições para que todos os objetivos pesquisa científica voltada à con- da unidade possam ser alcançados de forma servação e à utilização sustentá- harmônica e eficaz”. vel dos recursos naturais da uni- O zoneamento da Floresta Nacional dade e de seu entorno; de Passa Quatro foi baseado nas unidades de • possibilitar o monitoramento am- paisagem existentes, no grau de conservação biental da unidade e de seu en- e de fragmentação dos ecossistemas, nas torno; alterações e nos estágios de formação dos • propiciar atividades de educação diferentes ambientes e nas possibilidades e de interpretação ambiental, vi- e adequações de uso. Tem por finalidade sitação e recreação em contato servir como instrumento de gestão da UC, com a natureza. com vistas à conservação e à recuperação de ecossistemas naturais de relevância 11.2 Zoneamento ecológica, e de áreas susceptíveis à erosão, à produção florestal e ao desenvolvimento O zoneamento de uma unidade de de atividades de educação e interpretação conservação é um instrumento de ordena- ambiental, de visitação e delimitação das mento territorial utilizado como ferramenta áreas destinadas à administração. no manejo da UC, estabelecendo zonas com uso diferenciado, de acordo com a fragilida- 11.2.1 Identificação e de e a potencialidade de cada ambiente. De acordo com o art. 2º do Snuc, entende-se conceituação das zonas por zoneamento a “definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com A configuração do zoneamento da objetivos de manejo e normas específicas, Floresta Nacional de Passa Quatro é visuali- com o propósito de proporcionar os meios zada na Figura 6.

Figura 6 - Mapa de zoneamento da Flona de Passa Quatro.

42 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

A seguir, são apresentados os ob- • promoção da conectividade e do jetivos, as características de cada zona e fluxo biológico entre os diversos suas normas específicas. ecossistemas presentes na UC; • proteção dos recursos hídricos Zona intangível e edáficos, com ênfase às nas- centes do Rio da Cachoeira e aos É aquela onde a natureza permane- solos rasos e susceptíveis à ero- ce intacta, não permitindo quaisquer alte- são, presentes nesta zona, com rações humanas, representando o mais alto destaque para os Neossolos Li- grau de preservação. Funciona como matriz tólicos. de repovoamento de outras zonas onde já são permitidas atividades humanas regula- A zona intangível da Floresta Nacio- mentadas. Essa zona é dedicada à proteção nal de Passa Quatro encontra-se em área integral de ecossistemas e dos recursos de maior cota da unidade, em altitude mé- dia superior a 1.400 m, e abriga amostra genéticos, e ao monitoramento ambiental representativa de tipologia florestal da Ma- (IBAMA, 2003). ta Atlântica, bastante ameaçada na região, Para definir a zona da Flona de Passa constituída pela Floresta Estacional Semi- Quatro foram considerados os seguintes cri- decidual, com predominância de candeias térios: média a alta biodiversidade; área de (Eremanthus spp.). Constitui-se na área de endemismo (na Flona) da candeia (Eremanthus maior diversidade de pequenos mamíferos spp.); alto grau de variabilidade; médio grau não-voadores da Flona, apresentando área de conservação da biodiversidade; média de 5,62 ha, que equivale a 1,68% da área a alta representatividade biológica; alta total da unidade. susceptibilidade ambiental. O seu objetivo é a preservação, ga- As normas específicas da zona in- rantindo a evolução natural dos ecossis- tangível são: temas. Essa zona poderá estar disponível para atividades de pesquisa científica, de • as atividades de proteção e fis- forma restritiva, quando houver impossibi- calização serão priorizadas nesta lidade de ser realizada em outras zonas da zona; Flona (IBAMA, 2003). • o sistema de monitoramento am- biental da UC dará prioridade à Os objetivos específicos são: zona; • o manejo e o aproveitamento • preservação de ambiente natural econômico dos recursos naturais da Mata Atlântica, numa tipolo- serão proibidos; gia da Floresta Estacional Se- • a pesquisa científica será auto- midecidual, com predominância rizada em função de sua relevân- de candeias (Eremanthus spp.), cia, quando for impossível sua servindo como área-testemunha realização em outra zona da UC, e de estudos da ecologia desta quando não causar alterações espécie; significativas nos ecossistemas • proteção da biodiversidade, espe- e, preferencialmente, em estudos cialmente das espécies endêmi- relacionados à ecologia de espé- cas, raras, vulneráveis ou amea- cies arbóreas presentes apenas çadas de extinção, com destaque nesta zona – como as candeias a duas espécies de carnívoros (Eremanthus spp.) e espécies as- ameaçadas de extinção; sociadas;

43 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

• a introdução de espécies exóti- Os objetivos específicos são: cas, seja da flora ou da fauna, es- pecialmente animais domésticos, • conservação do ambiente natu- é proibida; ral; • as atividades de educação am- • proteção da biodiversidade, es- biental só serão autorizadas em pecialmente das espécies endê- casos especiais, quando não pu- micas, raras, vulneráveis ou ame- derem ser realizadas em outra açadas de extinção; zona da UC; • fomento às atividades de pesqui- • o uso de veículos automotores só sa científica; será permitido nas atividades es- • fomento à identificação de espé- senciais à proteção e à conserva- cies nativas com potencial para ção desta zona, restringindo-se uso múltiplo; o tráfego às áreas limítrofes; • promoção da conectividade e do fluxo gênico entre os ecossiste- • a instalação de qualquer infra-es- mas; trutura que cause impacto am- • proteção dos recursos hídricos e biental à zona é proibida; edáficos; • é proibida a deposição de qual- • garantia da sucessão ecológica, quer material estranho à zona; permitindo que os ecossistemas • a colheita de sementes dessas atinjam o clímax; espécies em quantidades limita- • promoção da visitação monitora- das e com o objetivo precípuo de da; pesquisa e de conservação das • implantação de áreas de colheita espécies, apenas nessa zona, fica de sementes (ACS); permitida, tendo em vista a ocor- • educação e interpretação am- rência das candeias (Eremanthus biental; spp.) • monitoramento e fiscalização am- biental. Zona de conservação São áreas constituídas de floresta É aquela onde ocorreu pequena ou remanescente do domínio da Mata Atlântica mínima intervenção humana e que ainda em estágio médio a avançado de regenera- contém espécies da flora e da fauna ou mo- ção de Floresta Estacional Semidecidual e numentos naturais de relevante interesse Floresta Ombrófila Mista em maiores alti- científico. Deve possuir características de tudes. Ocupam área de 59,48 ha, ou seja, transição entre a zona intangível e a zona de 17,76% da área total da UC. produção (IBAMA, 2003). Para a definição desta zona na Flo- As normas específicas desta zona na de Passa Quatro foram considerados os são: seguintes critérios de zoneamento: média • fiscalização constante; biodiversidade; baixo grau de variabilidade • projetos de pesquisa autorizados ambiental; médio grau de conservação da se não causarem alterações sig- bio diversidade; média representatividade bio- nificativas nos ecossistemas; lógica; média susceptibilidade ambiental. • proibição do manejo e do aprovei- O objetivo geral é a conservação tamento econômico dos recursos do ambiente natural, pesquisa, a educação naturais desta zona, à exceção ambiental e formas primitivas de recreação de produtos florestais não-ma- (IBAMA, 2003). deireiros, obtidos a partir do seu

44 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

adequado manejo, com ênfase na • geração de tecnologias para o uso colheita de sementes visando à sustentável dos recursos flores- recuperação de áreas alteradas tais; e a conservação genética das es- • geração de tecnologias e de mé- pécies; todos de exploração florestal de • proibição da introdução de espé- baixo impacto sobre o solo e a ve- cies exóticas, seja da flora ou da getação nativa (sub-bosque); fauna, especialmente animais do- • colheita de sementes florestais; mésticos; • implantação de novos povoamen- • proibição da instalação de qual- tos; quer infra-estrutura que cause • implantação de modelos alterna- impacto ambiental à zona; tivos de produção florestal, in- • proibição da deposição de qual- cluindo a implantação de áreas quer material estranho à zona. de produção de sementes (APS) e pomares de sementes (PS); Zona de manejo florestal • implantação de banco ex situ de germoplasma; É aquela que compreende áreas de • monitoramento e fiscalização am- biental; floresta nativa ou plantada com potencial • educação e interpretação am- econômico para o manejo sustentável de re- biental. cursos florestais (IBAMA, 2003). Para a definição desta zona na Flo- A zona de manejo da Floresta Nacio- na de Passa Quatro foram considerados os nal de Passa Quatro compreende as áreas seguintes critérios: média biodiversidade no de floresta plantada com Pinus, Araucaria sub-bosque e baixa diversidade do estrato angustifolia e Eucalyptus, incluindo a regene- emergente; baixo grau de variabilidade am- ração natural no sub-bosque com potencial biental; médio grau de conservação da biodi- econômico para o manejo sustentável dos versidade; média a baixa representatividade produtos florestais. Ocupa área de 180,00 biológica; média susceptibilidade ambiental; ha, equivalente a 53,74% da área total da ambientes manejados para produção flores- Flona, e é constituída por áreas com maior tal; baixa susceptibilidade à erosão. aptidão para a produção e o manejo flores- Seus objetivos gerais são: o uso tal. múltiplo sustentável dos recursos florestais, a geração de tecnologia e de modelos de As normas específicas da zona de manejo florestal. Também são permitidas manejo são: atividades de pesquisa, educação ambiental, interpretação, monitoramento e fiscalização • permitir e incentivar a realização (IBAMA, 2003). de pesquisas científicas e tecno- lógicas, desde que devidamente Os objetivos específicos são: licenciadas; • permitir atividades de colheita de • manejo múltiplo sustentável dos sementes para diversos usos, in- recursos florestais madeireiros e clusive comercialização; não-madeireiros; • permitir atividades a serem de- • pesquisa científica e experimen- senvolvidas no manejo florestal tação florestal; e faunístico, obedecendo aos • geração de recursos pela comer- ins trumentos técnicos e legais cialização de produtos; existentes e previstos no Plano

45 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

de Manejo Florestal Sustentável pécies nativas. As espécies exóticas, quan- (PMFS), ou Plano de Manejo de do utilizadas, deverão ser objeto de manejo Fauna (PMF), previamente apro- específico (IBAMA, 2003). vados para a zona; Para a definição desta zona na Flona • permitir atividades de manejo que de Passa Quatro foram considerados os aumentem ou reduzam a cober- se guintes critérios de zoneamento: média tura vegetal da unidade, inclusive biodiversidade; médio grau de variabilidade em modalidade de “corte raso”, ambiental; médio grau de conservação da com interesse econômico ou bio diversidade; média representatividade ecológico, desde que devidamen- bio lógica; média susceptibilidade ambiental; te previsto e aprovado no PMFS ambiente alterado pelo efeito de borda e para a zona; ações antrópicas. O objetivo geral desta zona é deter • permitir atividades de visitação a degradação dos recursos e recuperar a e educação ambiental nestas área, podendo incluir, ainda, atividades de áreas só quando estiverem sob pesquisa, educação ambiental e interpreta- manejo e desde que cumpridas as ção (IBAMA, 2003). normas internas;

• adotar práticas conservacionis- Os objetivos específicos são: tas e de correção da fertilidade dos solos, visando a proteção • promover a conectividade entre dos recursos edáficos e hídricos fragmentos florestais nativos; e o aumento da produtividade dos • fomentar a colheita de semen- sítios; tes; • permitir a instalação de infra-es- • recuperar áreas de preservação truturas indispensáveis às ativi- permanente, incluindo a retirada dades de colheita, exploração e de espécies exóticas; processamento primário da ma- • recuperar áreas com processos deira, tais como estradas, ramais erosivos; de arraste, pátios de estocagem, • estimular a regeneração natural pátio de desdobro primário, etc., nos plantios de pinus e araucá- devidamente previstas e aprova- ria, visando o restabelecimento das no plano de manejo florestal da vegetação nativa; sustentável da área; • incentivar a pesquisa científica; • proibir a deposição de qualquer • implantar áreas de colheita de material estranho à zona; sementes e áreas de produção • monitorar continuamente as ati- de sementes; vidades de manejo e fiscalizá-las • implantar banco ex situ de ger- de forma a garantir a integridade moplasma; biológica da zona. • desenvolver atividades de inter- pretação e educação ambiental; Zona de recuperação • desenvolver modelos de recu- peração de áreas alteradas, in- É uma zona provisória que contém cluindo a implantação de modelos áreas alteradas. Uma vez recuperada, será produtivos, como sistemas agro- incorporada novamente a uma das zonas florestais; permanentes. A recuperação poderá ser na- • promover a adequação ambiental tural ou induzida, preferencialmente por es- da unidade.

46 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Esta zona contempla áreas com através da polinização, bem como diferentes níveis de intervenção antrópica, a implementação na produção de sendo uma zona provisória que, depois de sementes e o estabelecimento recuperada, deverá ser incorporada a uma de plantas; ou mais zonas permanentes. Apresenta • as atividades de visitação deve- área de 81,68 ha, equivalente a 24,39% da rão estar restritas às de cunho Floresta Nacional de Passa Quatro. Princi- educativo; pais características: • a implementação técnica que fa- cilitem o processo de sucessão • declividades predominantemente ecológica vegetal, tais como o acima de 40%, solos rasos com controle de espécies invasoras, considerável susceptibilidade à a redução do efeito de borda e a erosão (Cambissolos Háplicos + instalação de estruturas atrati- Neossolos Litólicos) e áreas com vas de fauna, como poleiros na- ocorrência de Gleissolos; turais e artificiais, e o plantio de • áreas de florestas plantadas com espécies atrativas da fauna, in- Pinus sp., Araucaria angustifolia dependentemente da execução e Eucalyptus sp. e áreas de pre- específica de projetos de recupe- servação permanente; ração ambiental desta zona. • talhões de florestas plantadas com Pinus sp., Araucaria angus- Zona de uso especial/uso público tifolia e Eucalyptus sp., com re- generação natural abundante no É aquela que contém áreas neces- sub-bosque; sárias à administração, manutenção e servi- • áreas com diferentes usos do ços da Flona. Essas áreas serão escolhidas solo, como gramados, campo de e controladas de forma a não conflitarem futebol, camping, restaurante, com seu caráter natural de floresta (IBA- capela, cachoeira, vias de aces- so, etc.; MA, 2003). • áreas inundáveis. Para a definição desta zona na Flo- na de Passa Quatro foram considerados os As normas específicas da zona são: seguintes critérios: áreas com baixo grau de conservação ou desprovimento de vege- • a fiscalização e o monitoramen- tação; baixo grau de variabilidade ambiental; to deverão ser constantes nesta elevada intervenção antrópica; fácil acesso; zona; existência de infra-estruturas; e compacta- • a priorização de projetos de pes- ção de solo. quisa que favoreçam a sucessão ecológica e a substituição gra- dativa da vegetação exótica pela Objetivos da zona de nativa; uso especial/uso público • a proibição da deposição de qual- quer material estranho à zona; Objetivo geral • a proibição e a instalação de qual- quer infra-estrutura que cause Seu objetivo é compatibilizar a es- impacto ambiental à zona; trutura e as obras necessárias à gestão e à • o incentivo à meliponicultura vi- visitação da unidade com o ambiente natural sando à melhoria no fluxo gêni- da Floresta Nacional, minimizando seus im- co entre as espécies arbóreas, pactos (IBAMA, 2003).

47 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

Objetivos específicos Normas específicas da zona de uso especial/uso público • concentrar prédios administrati- vos, imóveis funcionais e outras • é obrigatório a todo visitante, estruturas necessárias ao fun- para ter acesso à unidade, passar cionamento e ao atendimento ao pelo centro de visitantes, a fim de visitante da unidade; receber as informações necessá- rias sobre a Flona e orientações • concentrar as instalações da sobre os locais de interesse; infra -estrutura de apoio à visi- • é proibido depredar, derrubar e des- tação (centro de visitantes, lan- galhar as espécies arbóreas man- chonete, restaurante, estaciona- tidas nessa zona, exceto onde for mento, loja de souvenirs, sala de necessária a poda e a manuten- monitores ambientais, auditório, ção de áreas verdes; primeiros socorros, guarita, pór- • é proibida a criação de animais tico); domésticos; • criar e proporcionar oportunida- • a água utilizada pelos funcionários des e facilitar a recreação educa- e visitantes deve ser tratada; tiva e a educação ambiental; • deverá ser elaborado e implanta- • propiciar ao visitante infra-estru- do projeto de saneamento básico tura necessária para interpreta- para a UC, com prioridade para a coleta e o tratamento de esgo- ção ambiental; to; • concentrar os visitantes nesta • deverá ser elaborado e imple- zona, de forma a minimizar os im- mentado projeto urbanístico e pactos sobre as zonas mais res- paisagístico da unidade, de forma tritivas; a harmonizar e padronizar infra- • recepcionar e fornecer aos vi- estruturas existentes com as sitantes todas as informações suas potencialidades florestais, sobre a importância da Flona e turísticas e de conservação da as normas de comportamento e biodiversidade, seguindo os prin- possibilidades de recreação, in- cípios da bioconstrução, priorizan- terpretação e educação ambien- do o enfoque natural, devendo ser tal. descaracterizado o paisagismo de parque urbano; • é proibido o uso de espécies exó- Características da zona de uso ticas para o paisagismo desta espe cial/uso público zona, bem como de agroquímicos no tratamento paisagístico; Esta zona apresenta área de • independentemente da imple- 4,39 ha, equivalente a 1,31% da Floresta mentação de projeto urbanístico, Nacional de Passa Quatro, e compreende paisagístico e/ou de recuperação ambiental de áreas alteradas, toda a infra-estrutura de apoio e uso geral deverão ser adotadas continua- destinada a atender às atividades que serão mente práticas de conservação desenvolvidas na unidade de conservação. do solo e recuperação de proces- Está constituída de vias de acesso, prédios, sos erosivos nas áreas com con- imóveis e estruturas de apoio à visitação e centração das infra-estruturas, gestão da unidade, além do viveiro florestal, bem como nas vias de acesso; cachoeira e do setor de processamento do • as atividades de visitação devem mel, quando este for implantado. estar restritas às áreas permi-

48 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

tidas, definidas no programa de tes da criação da unidade, conflitam com os visitação; objetivos de conservação da área protegida. • a fiscalização ambiental e patri- São áreas ocupadas por empreendimentos monial da unidade será intensiva, de utilidade pública, como gasodutos, oleo- principalmente nos finais de se- dutos, linhas de transmissão, antenas, cap- mana e feriados; tação de água, barragens, estradas, cabos • os veículos dos visitantes deve- óticos e outros (IBAMA, 2002). rão se concentrar na área desti- nada ao estacionamento, ficando b) Objetivos da zona de uso confli- proibido o trânsito nas vias inter- tante nas da UC; • as trilhas e as áreas destinadas Objetivo geral à permanência de visitantes de- verão ser devidamente sinaliza- Seu objetivo de manejo é contem- das, com a instalação de sinali- porizar a situação existente estabelecendo zação educativa, interpretativa procedimentos que minimizem os impactos e/ou indicativa; sobre a unidade de conservação (IBAMA, • deverão ser instaladas as lixeiras 2002). nos locais de maior concentração Para a definição desta zona na Flona de visitantes, possibilitando a de Passa Quatro foram considerados os se- separação seletiva do lixo (orgâ- guintes critérios de zoneamento: ambiente nicos, vidros, plásticos, metais, antropizado; existência de empreendimento papéis). Esses resíduos deverão e/ou atividade conflitantes com objetivos de ser entregues no Aterro Sanitá- manejo da UC; e ter fácil acesso. rio da Prefeitura; • as trilhas, caminhos e estradas Objetivos específicos deverão ser conservados em • compatibilizar a presença da es- boas condições de uso, fornecen- trada municipal existente na UC, do segurança ao visitante e aos que serve de acesso aos proprie- funcionários da unidade; tários lindeiros, e que não apre- • a confecção e/ou importação de senta possibilidade de alternati- equipamentos auxiliares (chur- va locacional, num curto espaço rasqueiras portáteis, fogareiro, de tempo, com a conservação do entre outros) para o preparo de ambiente natural da Flona; refeições não é permitida; • controlar o uso da estrada muni- • o uso de buzinas e aparelhos so- cipal existente no interior da UC; noros coletivos ou individuais em • definir normas e critérios para a volume que perturbe o ambiente manutenção da estrada. da Floresta Nacional e seus visi- tantes fica proibido; c) Características da zona de uso • o uso dos espaços destinados à conflitante visitação pública deverá ser regu- lamentado. Esta zona apresenta área de 3,79 ha, equivalente a 1,13% da Floresta Nacional Zona de uso conflitante de Passa Quatro. Abrange a estrada muni- a) Definição legal cipal que margeia o Ribeirão Carlos Tibúrcio, desde a entrada da unidade até a porteira Constituem-se em espaços localiza- da propriedade, conhecida como Sítio Os dos dentro de uma unidade de conservação, Toninhos, e sua área de influência (15 m de cujos usos e finalidades, estabelecidos an- cada lado da estrada).

49 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

d) Normas específicas da zona de 11.3 Programas de manejo uso conflitante O planejamento da Floresta Nacio- • a velocidade máxima permitida de nal de Passa Quatro está estruturado em 40 km/h, podendo ser adotadas programas e subprogramas de manejo que velocidades inferiores em situa- agrupam as atividades-afins e visam propi- ções específicas em que haja ne- ciar o cumprimento dos objetivos específi- cessidade, desde que devidamen- cos de manejo da Floresta Nacional, e cada te sinalizada; um deles apresentará atividades e normas, • é proibido o transporte de mate- tendo abrangência fundamentada no conhe- riais que possam causar impac- cimento e em experiência adquiridos pre- tos negativos aos recursos na- viamente no diagnóstico e nas oficinas téc- turais da Flona, como pesticidas, nicas de pesquisadores e de planejamento efluentes líquidos, excrementos, participativo. sementes de espécies invasoras, O Plano de Manejo da Floresta Na- entre outros; cional de Passa Quatro contempla cinco • as atividades que conflitam com programas temáticos e 17 subprogramas os objetivos de manejo da UC de- de manejo independentes. Os objetivos, as verão ser monitoradas e ser ob- atividades previstas e as normas de execu- jetos de Termo de Ajustamento ção de cada programa e subprograma são de Conduta (TAC), para os impac- descritos a seguir. tos serem mitigados e/ou minimi- zados; 11.3.1 Programa de • é proibido o descarte de qualquer conhecimento e pesquisa resíduo no interior da Flona oriun- do das atividades de manutenção Objetivos: gerar e difundir conheci- da estrada; mentos de interesse para o manejo da Flo- • as atividades de manutenção das na envolvendo aspectos culturais; estudos estradas deverão ser executadas complementares sobre os meios físico, bió- de forma a causar impacto míni- tico e antrópico e suas interações; geração mo nas áreas adjacentes, com de tecnologias e informações que subsidiem especial cuidado no que se refere o manejo sustentável dos recursos natu- à produção de sedimentos e pos- rais, e o monitoramento ambiental da área. sibilidades de assoreamento de cursos d’água; Atividades previstas: • independentemente da implemen- tação de projetos específicos de a) definir e orientar prioridades de pes- recuperação de áreas degrada- quisa para a Flona; das, deverão ser adotadas con- b) aprofundar o conhecimento sobre tinuamente práticas de recupe- o meio físico e os recursos natu- ração de processos erosivos ao rais da Flona; longo da estrada; c) mapear áreas críticas para a ma- • deverão ser realizadas articula- nutenção da biodiversidade; ções entre a chefia da unidade e d) pesquisar o uso dos habitats pela a Prefeitura Municipal de Passa fauna local; Quatro, de forma a garantir a e) selecionar indicadores para facili- adequada manutenção da estra- tar o monitoramento; da, bem como a sua devida ade- f) proporcionar subsídios para ma- quação ambiental, no menor pe- nejo sustentável dos recursos na- ríodo possível. turais;

50 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

g) realizar estudos de caracteriza- citada a unidade de conservação; ção dos usuários da Flona (visi- • os pesquisadores serão convida- tantes); dos a apresentar os resultados h) proporcionar intercâmbio com a dos seus trabalhos às comunida- comunidade científica. des do entorno, sempre que con- veniente. 11.3.1.1 Subprograma de pesquisa 2 Incorporar os resultados de pes- quisa e estudos no banco de dados da Flo- Objetivo: aprofundar o conhecimento resta Nacional. sobre os recursos naturais e culturais da 3 Incentivar o desenvolvimento de Flona e da zona de amortecimento (ZA) pesquisas na unidade, principalmente aque- visando melhorias na gestão e no manejo da las indicadas neste plano de manejo. unidade. 4 Divulgar nas instituições afins de ensino e de pesquisas, e em mídia apropria- Atividades e normas: da, a relação das pesquisas prioritárias e as facilidades oferecidas pela UC. Numeral ordinário (1...) – Ativida- 5 Buscar o estabelecimento de par- des cerias com instituições de ensino e pesquisa Símbolo ( • ) – Normas para a realização de projetos acadêmicos, 1 Implementar sistema de gestão cujos resultados possam ser aproveitados das atividades de pesquisa realizadas na para o controle e o entendimento dos pro- Floresta Nacional. cessos naturais que regem os sistemas bi- ótico e abiótico da Flona. • o ordenamento das atividades 6 As linhas de pesquisa prioritárias de pesquisa na Flona de Pas- para a Floresta Nacional de Passa Quatro sa Quatro será disciplinada pela identificadas durante a elaboração do plano Instrução Normativa Ibama nº de manejo foram: 154/2007; • os pesquisadores poderão contar Meio físico com apoio para o desenvolvimen- to de suas atividades em relação 1 Aprofundamento do conhecimento à diponibilidade de equipamentos do meio físico da Bacia do Rio da Cachoeira; e de infra-estrutura; • as atividades de pesquisa que • os estudos referentes a esta li- necessitarem do envolvimento nha de pesquisa estão detalhados de funcionários e de equipamen- no projeto Diagnóstico Integrado tos da unidade deverão ser pre- do Meio Físico na Bacia do Rio da viamente agendadas, ficando as Cachoeira, Passa Quatro (MG), despesas correlatas a cargo do Anexo 7 do Encarte III – Anexos. projeto de pesquisa, quando não puderem ser cobertas pela UC; 2 Realizar estudos para um melhor • todos os resultados de pesquisa conhecimento da qualidade hídrica dos serão disponibilizados à UC, que corpos de água da Floresta Nacional de deverá divulgar interna e exter- Passa Quatro; namente seus resultados; • os responsáveis pelos projetos • os pontos de amostragem de de pesquisa poderão publicar e/ou água serão definidos em função divulgar os resultados, desde que da configuração da bacia hidro-

51 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

gráfica e de aspectos que pos- genética das espécies e/ou dos indivíduos, sam influenciar na qualidade hí- marcação e seleção de matrizes, estudos drica dos corpos d’água. fenológicos, estudo de capacidade de colhei- ta, estudos sobre melhoramento genético, 3 Desenvolver modelos de uso e etc. ocupação do solo compatíveis com a condi- 6 Realizar pesquisas na área de et- ção topográfica predominante na região (de- nobotânica, direcionada à identificação do clividades acentuadas), visando promover e uso de plantas medicinais e suas potencia- incentivar a adequação ambiental das pro- lidades. priedades rurais. 7 Realizar atividades de pesquisa e extensão, contemplando difusão tecnoló- Flora gica, alternativas de geração de trabalho e renda sustentáveis (incluindo pesquisas 1 Promover estudos necessários sobre espécies que possam trazer retorno para o enriquecimento e a recuperação da econômico), revisão do sistema de produ- vegetação do sub-bosque na zona de recu- ção e incentivo a práticas ambientalmente peração. sustentáveis, sem o uso de técnicas, como 2 Implantar áreas de colheita de queimadas, agrotóxicos, derrubada de árvo- sementes com matrizes identificadas visan- res, etc. do à produção de sementes e contribuindo para a conservação das espécies Araucaria Fauna angustifolia, Eremanthus erythropappus, 1 Invertebrados: Nectandra rigida, Ocotea spp., Schinus te- 1.1 realizar estudos sobre a com- rebinthifolius, Aspidosperma sp., Copaifera posição e a ecologia da taxocenose dos prin- langsdorffii, Prunus sellowii, Tabebuia serra- cipais grupos de invertebrados, como Lepi- tifolia, Cedrella fissilis, entre outras. doptera e Coleoptera, por serem grupos 3 Realizar estudos complementares indicadores de qualidade ambiental; de endemismos da flora na região da Flona 1.2 realizar estudos sobre a de Passa Quatro. composição e a ecologia da taxocenose da classe Arachnida em função do elevado • Esses estudos deverão priorizar número de aranhas-armadeiras Phoneutria a obtenção de informações como: nigriventer encontradas em ambientes alte- área de ocorrência das espécies, rados e áreas de visitação da Flona de Passa presença de barreiras naturais Quatro; à dispersão das espécies, esta- 1.3 fomentar pesquisas para o do de conservação das espécies, controle de espécies invasoras, com ênfase medidas de conservação e prote- no caramujo-africano Achatina fulica. ção das espécies. 2 Vertebrados: 4 Realizar pesquisas sobre o mane- jo florestal da araucaria (Araucaria angus- 2.1 Ictiofauna tifolia), com ênfase ao desenvolvimento de 2.1.1 realizar estudos sobre a estudos sobre ecologia, silvicultura e mane- composição e a ecologia da taxocenose da jo da espécie. fauna de peixes; 5 Realizar estudos necessários à 2.1.2 realizar estudos sobre os implantação de bancos de germoplasma, possíveis impactos negativos da criação áreas de colheita de sementes (ACS), áreas comercial da truta-arco-íris Oncorhynchus de produção de sementes (APS) e pomares mykiss na região nas espécies nativas de de sementes (PS), incluindo: caracterização peixes;

52 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

2.1.3 realizar estudos da viabilidade 2.5.2 realizar pesquisa direcionada econômica, ecológica e ambiental do desen- à detecção de possíveis endemismos de es- volvimento da piscicultura na Flona. pécies de pequenos mamíferos em gradien- tes altitudinais da Serra da Mantiqueira; 2.2 Anurofauna 2.5.3 realizar estudos complemen- tares sobre a composição e ecologia da ta- 2.2.1 realizar estudos complemen- xocenose da ordem Chiroptera, com ênfase tares sobre a composição e a ecologia da no grupo de morcegos hematófagos em fun- taxocenose de anfíbios da Flona de Passa ção do elevado número de Desmodus rotun- Quatro; dus encontrados nos diversos ambientes 2.2.2 realizar pesquisa sobre os amostrados no inventário de mastofauna. possíveis impactos negativos da criação comercial da truta-arco-íris Oncorhynchus 11.3.1.2 Subprograma de mykiss na região sobre anurofauna, com Monitoramento ênfase na predação de girinos; Ambiental 2.2.3 realizar pesquisa direcionada à detecção de possíveis endemismos de es- pécies de anfíbios em gradientes altitudinais Objetivo: registrar, avaliar e monito- da Serra da Mantiqueira. rar fenômenos naturais ou alterações indu- zidas que possam causar impactos negati- 2.3 Herpetofauna vos sobre os recursos da unidade e sua ZA, de forma a subsidiar a tomada de decisão, 2.3.1 realizar estudos complemen- visando minimizar tais impactos e melhorar tares sobre a composição e ecologia da ta- o manejo da unidade. xocenose de répteis da Flona de Passa Qua- tro, com ênfase em quelônios que não foram Atividades previstas e normas: amostrados durante o diagnóstico; 2.3.2 realizar pesquisa direcionada 1 Elaborar e implementar sistema de à detecção de possíveis endemismos de es- monitoramento da unidade que contemple, pécies de répteis em gradientes altitudinais entre outras, as diretrizes apresentadas da Serra da Mantiqueira. abaixo: • sistematizar informações cole- 2.4 Ornitofauna tadas e desenvolver modelo de tomada de decisão em função de 2.4.1 realizar estudos complemen- possíveis impactos identificados; tares sobre a composição e a ecologia da • os indicadores escolhidos deverão taxocenose de aves da Flona de Passa Qua- ser monitorados em longo prazo, tro, com ênfase nas espécies raras, endê- de forma a permitir comparações micas e ameaçadas de extinção; e evoluções ao longo do tempo; 2.4.2 realizar pesquisa direcionada • os indicadores devem ser de fácil à detecção de possíveis endemismos de obtenção, de baixo custo e res- espécies de aves em gradientes altitudinais ponder a questionamentos que da Serra da Mantiqueira. venham contribuir para o manejo 2.5 Mastofauna da Flona; • o monitoramento deve ser realiza- 2.5.1 realizar estudos complemen- do preferencialmente pelos técni- tares sobre a composição e a ecologia da cos da Flona ou no contexto de taxocenose de mamíferos da Flona de Passa projetos de pesquisa em parceria Quatro, com ênfase nas espécies raras, en- com universidades ou centros de dêmicas e ameaçadas de extinção; pesquisa.

53 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

2 Identificar um conjunto de indi- dade e fauna de macroinvertebrados bentô- cadores de desempenho a serem utilizados nicos, nos principais cursos d’água da Flona para monitorar a biodiversidade, as pres- e, quando possível, na ZA. sões exercidas sobre ela, bem como ações 8 Desenvolver e implementar siste- implementadas pelo ICMBio e a comunidade ma de informação geográfica (SIG) para a em geral, para minimizar essas ameaças. Flona. 3 Acompanhar e monitorar, con- tinuamente, o funcionamento e a evolução 11.3.1.3 Subprograma de dos ecossistemas naturais e alterados da Geração de Tecnologia UC, com avaliações periódicas do estado e da integridade dos ecossistemas e das po- Objetivo: desenvolver técnicas e tec- pulações de espécies críticas e indicadoras nologias adequadas à exploração sustentá- presentes na Flona. vel dos recursos naturais e à melhoria da 4 Acompanhar e avaliar a evolução qualidade e da diversificação dos produtos das características socioeconômicas regio- gerados na Flona. nais e seus impactos e riscos sobre a Flo- resta Nacional de Passa Quatro. Atividades previstas e normas: 5 Elaborar e implementar projeto de monitoramento da visitação na unidade: 1 fomentar e realizar pesquisas ino- vadoras em questões relacionadas ao ma- • este projeto deverá ser realizado nejo sustentável da flora e da fauna e às de forma sistêmica, recolhendo estratégias de manejo e conservação da informações que orientem o che- biodiversidade; fe da unidade em relação ao fluxo, 2 transferir resultados das pes- perfil e satisfação de visitantes, quisas através de cursos de treinamento e bem como o controle da qualida- capacitação da sociedade, com ênfase nas de ambiental dos locais abertos à comunidades localizadas na ZA; visitação, especialmente das tri- 3 gerar tecnologias para o melhor lhas; aproveitamento de produtos florestais ma- • monitorar impactos específicos deireiros (pequenos objetos de madeira, desta atividade sobre os meios aproveitamento de resíduos, etc.) e não- físicos e bióticos nos locais des- madeireiros (óleos, resinas, essências, go- tinados à visitação pública; mas, cipós, frutos, sementes, etc.). • monitorar a satisfação do visitan- te na realização das atividades de 11.3.2 Programa de Manejo dos visitação na Flona e quanto à qua- Recursos Naturais lidade dos serviços prestados; Objetivos: viabilizar o uso múltiplo • em função do monitoramento rea- sus tentável dos recursos florestais nas zo- lizado, definir capacidade de car- nas de manejo e de recuperação; a conser- ga das trilhas e equipamentos vação da biodiversidade na zona intangível; a de uso público e adotar medidas recuperação e o manejo de áreas alteradas para minimizar possíveis danos. e das populações da fauna nativa; e a pro- moção da conectividade entre fragmentos 6 Monitorar a dinâmica dos proces- florestais. sos erosivos, bem como a eficiência das me- didas específicas adotadas. Atividades previstas e normas: 7 Realizar ações de monitoramen- to específicas quanto à qualidade da água, 1 realizar estudos e projetos espe- à análise combinada de parâmetros físicos, cíficos para o manejo das florestas planta- químicos, biológicos, microbiológicos, toxici- das da Flona;

54 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

2 viabilizar ações de recuperação são florestal, conforme estabele- das áreas alteradas e APPs da Flona; ce a Lei nº 11.284/2006, nem o 3 implantar bancos de germoplas- emprego de técnicas convencio- ma e áreas produtoras de sementes (ACS, nais de colheita e exploração flo- APS e/ou PS) de espécies nativas; restal, é necessária a adoção de 4 desenvolver e difundir técnicas de práticas que minimizem impactos manejo de espécies nativas da fauna, com sobre a área manejada. ênfase na meliponicultura e a piscicultura; • A alienação dos lotes de produtos 5 manejar áreas plantadas de pinus, decorrentes do manejo florestal araucária e eucalipto existentes na Flona; deverá ser realizada de acordo 6 manejar áreas de vegetação nati- com a Lei nº 8.666/93, através va, existentes na zona de manejo florestal, da modalidade de licitação por com ênfase nos produtos florestais não- técnica e preço, devendo buscar madeireiros. mecanismos que viabilizem o re- torno dos recursos financeiros 11.3.2.1 Subprograma de decorrentes da alienação para a Manejo Florestal unidade, visando a recomposição das áreas na zona de recupera- Objetivo: manejo sustentável das flo - ção e a continuidade do manejo restas nativas e plantadas existentes na na zona de manejo florestal. Flona, através da utilização de produtos • As áreas a serem manejadas de- madeireiros e não-madeireiros nas florestas verão ser divididas em lotes de plantadas, e de não-madeireiros nas flores- tamanho compatível com as de- tas nativas, visando demonstrar a viabilida- mandas comerciais locais, de for- de do uso múltiplo sustentável dos recursos ma a viabilizar o atendimento ao florestais. mercado local de madeira e suas peculiaridades. • Na zona de recuperação deve-se Atividades previstas e normas: prever a substituição progressi- va do pinus e o manejo das arau- 1 Elaborar plano de manejo florestal cárias plantadas nos locais indi- sustentável de uso múltiplo para a Flona, cados para a formação de corre- abrangendo áreas de florestas plantadas e dores ecológicos e nas áreas de nativas nas zonas de manejo e de recupera- preservação permanente, visan- ção. do à conectividade de fragmentos florestais nativos e ao aumento • Tendo em vista as peculiaridades da diversidade e da base genética da área referentes à: existência das espécies nativas. de povoamentos plantados em • Na zona de manejo deverão ser APPs em áreas declivosas e so- elaborados projetos de colheita bre solos com alta susceptibilida- e exploração florestal dos povo- de à erosão; existência de abun- amentos plantados com pinus, dante sub-bosque composto por araucária e eucalipto, prevendo espécies nativas; pequena área como técnica de condução o des- ocupada pela zona de manejo flo- baste seletivo, com mínimo com- restal (180 ha); oportunidade de prometimento do sub-bosque gerar modelos promissores para composto por espécies nativas, o adequado manejo dessas áre- e considerando as recomenda- as, não se mostrando adequado ções técnicas apresentadas no aplicar instrumento de conces- Anexo 11 – Levantamento florís-

55 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

tico de árvores e arbustos e Pro- Atividades previstas e normas: jeto de Manejo Florestal, Encarte III – Anexos. 1 adaptar e aprimorar o manejo de • No manejo dos povoamentos espécies nativas de abelhas (jataí, meliponia plantados, eventualmente, será e outras) com a finalidade de substituir admitida colheita florestal me- gradativamente a criação da espécie exótica diante corte raso, em situações Apis melifera na Flona e na ZA e diversificar pontuais, que caracterizem impo- os produtos decorrentes da meliponicultura sições legais ou condições técni- como mel, cera e própolis; cas adequadas ao emprego des- 2 difundir os resultados de pesqui- sa prática, desde que não haja na sa referentes à piscicultura com espécies área regeneração natural (sub- nativas para as comunidades da ZA e em bosque) significativa ou o mínimo função da sua viabilidade técnica, econômica comprometimento desta, devida- e ambiental implementar essa atividade no mente justificado tecnicamente. interior da Flona; • O acompanhamento, o monitora- 3 estudar e elaborar projetos que mento e a fiscalização das ativi- visem à recuperação de populações em dades de manejo florestal deve- perigo de extinção ou extintas localmente, rão ser realizados pela equipe do e fazer o controle de espécies agressivas; órgão gestor da unidade. • No processo de acompanhamen- • a escolha do local de reintrodução to e de monitoramento do mane- é um dos pontos a ser discutido, jo florestal deverão ser avaliados antes da efetivação da estraté- os possíveis impactos negativos gia de translocação, a fim de as- e os danos das atividades de ma- segurar a ocorrência da espécie nejo sobre o meio físico, a flora no local; (sub-bosque) e a fauna, identifi- • o local para a reintrodução deve cando e mensurando-os, visando conter requisitos essenciais pa- à adoção de medidas mitigado- ra a sobrevivência da espécie (ali- ras ou compensatórias, se for o mento, locais de abrigo e repro- caso. dução); • A instalação de novas infra-es- • os aspectos referentes às con- truturas necessárias à atividade dições climáticas ou microclimá- de manejo florestal não será per- ticas deverão ser verificados e mitida, excetuando-se os casos se são compatíveis com as de que impossibilitem a sua execu- origem dos indivíduos a serem ção, mediante expressa autoriza- reintroduzidos e se as causas do ção do órgão gestor da unidade. declínio anterior da espécie a ser reintroduzida estão controladas 11.3.2.2 Subprograma de ou não, e quais as estratégias Manejo de Fauna para o controle. Objetivo: implementar e difundir sis- temas de produção com meliponicultura e 11.3.2.3 Subprograma de piscicultura com espécies nativas, de acordo Recuperação de Áreas com as diretrizes geradas pelo Subprograma Degradadas de Pesquisa; realizar estudos e projetos para manter e realçar a diversidade biológica, in- Objetivo: promover a recomposição cluindo a recuperação de populações em das áreas alteradas da Flona visando à re- perigo ou extintas localmente (translocação), cuperação das APPs, a conectividade de e o controle de espécies agressivas. fragmentos florestais nativos e ao aumento

56 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

da diversidade e da base genética das espé- mentes (APS) e/ou pomares de sementes cies nativas. (PS) de espécies nativas, incluindo a marca- ção de matrizes e a realização de estudos Atividades previstas e normas: fenológicos; 4 elaborar e implementar um plano 1 elaborar e implementar projeto de colheita de sementes de espécies nativas executivo de recomposição das áreas alte- na Flona e na ZA. radas da Flona, contendo as estratégias ne- cessárias para a sua efetivação; 11.3.3 Programa de Visitação 2 definir em qual zona permanente se rá incorporada a zona de recuperação, após Objetivo: ordenar o processo de concluídos os trabalhos de recuperação; visitação e o uso público da Flona de forma 3 difundir para os proprietários ru- a minimizar os impactos dessas atividades rais da ZA as técnicas de recuperação de sobre a unidade, permitir melhores condições áreas alteradas utilizadas na Flona, através aos visitantes e diversificar os atrativos da aplicação de modelos demonstrativos. oferecidos.

11.3.2.4 Subprograma de Atividades previstas e normas: Colheita de Sementes e Produção de Mudas 1 elaborar e implementar plano de visitação e uso público da Flona; Objetivo: implantar áreas produto- ras de sementes (ACS, APS e/ou PS) e pro- • todo o planejamento das ativida- duzir sementes e mudas para a recuperação des de visitação deve estar de de áreas alteradas, e suprir as demandas acordo com o documento Diretri- dos demais programas de manejo da Flona, zes para Visitação em Unidades incluindo a comercialização da produção ex- de Conservação (MMA, 2007); cedente. 2 capacitar monitores e condutores Atividades previstas e normas: para atendimento aos visitantes da Flona; 3 definir procedimentos de supervi- 1 elaborar e implementar projeto são de monitores e guias ambientais da Flo- de reestruturação e revitalização do vivei- na; ro florestal da Flona, incluindo a construção 4 realizar pesquisas periódicas so- de infra-estruturas e a aquisição de equipa- bre o perfil do visitante; mentos para o manejo e o beneficiamento 5 realizar pesquisas periódicas de de sementes. satisfação e de percepção ambiental do visi- tante; • O viveiro será reestruturado em 6 elaborar e implementar projeto conformidade com as demandas específico para a construção do centro de dos programas de manejo da uni- visitantes; dade; • o projeto do centro de visitantes 2 implantar no viveiro florestal da deverá observar os princípios da Flona áreas específicas para o cultivo e a bioconstrução; propagação de plantas ornamentais, medi- • o centro de visitantes deverá cinais e aromáticas; contemplar as seguintes instala- 3 implantar áreas de colheita de ções: área de recepção, auditório, sementes (ACS), áreas de produção de se- sanitários, bebedouros, almoxari-

57 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

fado, sala de exposições, xiloteca - horários e principais normas de (coleção de madeiras), carpoteca visitação e de segurança; (coleção de frutos e sementes), - as normas de visitação serão herbário (coleção de excicatas), apresentadas com as devidas sala de primeiros socorros, sala justificativas dos procedimen- para monitores, telefone público, tos adotados; ponto de acesso à internet, sala - descrição dos atrativos, rotei- para a venda de souvenirs e arte- ros, tempo de percurso e equi- sanato, centro de documentação pamentos necessários para da memória da unidade; percorrê-los ou acessá-los; - apresentação das diferentes ti- 7 confeccionar filmes, folhetos, do- pologias florestais, com desta- cumentários e demais publicações de divul- que para as espécies endêmicas gação do Programa de Visitação da Floresta acompanhadas de ilustração ou Nacional de Passa Quatro; fotos; - apresentação de espécies notá- • a produção deste material po- veis da fauna, acompanhadas de derá ser viabilizada em parceria ilustrações ou fotos, com des- com as empresas e as institui- taque para as espécies endêmi- ções credenciadas; cas e/ou em extinção; e • a atividade deverá ser estabele- - apresentação sucinta dos prin- cida mediante o estabelecimento cipais aspectos históricos e cul- de contrato; turais da região. • o projeto gráfico para a produção - entre outros aspectos de segu- deste material deverá ser elabo- rança do visitante, deverão ser rado, abrangendo a produção de enfocados os procedimentos a cartazes, folhetos, mapa lúdico serem adotados nas situações e programas audiovisuais, entre de ocorrência de fogo e da proi- outros; bição de alimentação de animais • os técnicos da Floresta Nacional silvestres; deverão participar de todas as fases da elaboração do projeto; 8 disponibilizar gratuitamente todo • o material produzido também po- o material de divulgação no centro de visi- derá ser utilizado nas atividades tantes e nos postos de atendimento ao tu- de sensibilização ambiental pro- rista, ou similar, das cidades de Itanhandu e movidas pela unidade de conser- de Passa Quatro; vação; 9 estimular a produção de guias • o material de divulgação deve tra- ilustrados sobre a flora e a fauna da Flores- zer, na medida do possível, além ta Nacional; de informações gerais sobre a UC, outras relativas às ativida- • o material a ser produzido des de recreação, interpretação deverá ter aprovação prévia do e sensibilização ambiental, como: ICMBIo; • a produção deverá contar com - mapas lúdicos, incluindo a rede assessoria científica; hidrográfica principal; seus limi- • o ICMBio autorizará a produção tes; relevo, referências e cotas e a comercialização dos guias de nível mais significativos, vias mediante acordo a ser estabe- de acesso, atrativos da Flores- lecido; ta Nacional e do entorno; • os guias produzidos poderão ser

58 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

vendidos no centro de visitan- perfil e satisfação de visitantes, tes; eficiência e evolução das ativida- des voltadas à sensibilização am- 10 estabelecer e implementar um biental, bem como qualidade dos sistema de cobrança de taxa de visitação serviços prestados e dos locais para a Floresta Nacional: abertos à visitação; • a satisfação do visitante deverá • estabelecer um modelo para os ser monitorada mediante a reali- comprovantes de pagamento da zação de pesquisas; taxa de visitação; • os comprovantes deverão ser nu- 13 elaborar e implementar um pro- merados para maior controle; jeto de sensibilização ambiental para a Flo- • no verso serão impressas men- resta Nacional de Passa Quatro: sagens educativas e um pequeno • o projeto deverá ser elaborado mapa indicando as áreas abertas pelos técnicos da unidade; à visitação pública; e • os técnicos da unidade deve- • os visitantes deverão ser infor- rão identificar parceiros, como mados que terão que manter em as secretarias de educação e sua posse, durante todo o período de meio ambiente, organizações de visita, o comprovante de pa- não-governamentais (ONG) e uni- gamento, e que funcionários da versidades, para participarem da UC, ou por ela designados, po- elaboração e implementação do derão solicitar vistas a qualquer programa; momento; • o projeto será estruturado para atendimento das necessidades 11 realizar procedimentos para si- da unidade, devendo abordar os tuações de necessidade de fechamento da seguintes temas: unidade à visitação: - o histórico e os objetivos da uni- • os comunicados serão realizados dade; formalmente pela chefia da UC; - a importância dos espaços pro- • os comunicados serão encami- tegidos, em termos ambientais, nhados aos seguintes atores: culturais, históricos e econômi- - Supes/Ibama/MG; cos; - ICMBIo/Sede; - os valores ambientais e cultu- - prefeituras dos municípios do rais protegidos pela Floresta entorno; e Nacional; - rádios dos municípios do entorno; - as normas estabelecidas para a unidade e a zona de amorteci- • a chefia da Floresta Nacional so- mento (ZA); licitará ao ICMBIo a veiculação - os meios de participação da desta informação no site do Ins- comunidade nas atividades de tituto; proteção; e - os benefícios ambientais e eco- 12 elaborar projeto de monitora- nômicos advindos do uso ade- mento de visitação para a unidade; quado dos espaços protegidos. • este projeto deverá ser realizado O programa deverá ser desenvol- de forma sistêmica, recolhendo vido através dos mais variados recursos e informações que orientem o che- atividades, entre eles: fe da unidade em relação ao fluxo, • realização de atividades nas es-

59 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

colas do entorno e demais orga- vido juntamente com as ativida- nizações da sociedade civil orga- des de sensibilização ambiental, nizada, proprietários e empreen- de forma a otimizar custos ope- dedores da área do entorno; racionais e garantir o necessário • utilização principalmente do cen- elo conceitual que une patrimônio tro de visitante e do núcleo de cultural e natural; atividades e demais áreas aber- • desenvolvimento de peças de co- tas à visitação pública para a re- municação, como folhetos, car- alização de atividades interpre- tilhas, cartazes, entre outros, tativas e recreativas, vinculadas julgados apropriados para a con- aos valores naturais e culturais secução do projeto; abrangidos pela UC; e • oficinas temáticas sobre os sí- • desenvolvimento de peças de co- tios históricos da região, onde a municação, como folhetos, car- UC está inserida, deverão ser es- tilhas, cartazes, entre outros, tabelecidas e envolver diferentes julgados apropriados; públicos;

14 capacitar e treinar funcionários, 15 desenvolver campanha perma- voluntários, parceiros e estagiários para nente para sensibilizar a população local e atua rem na implementação do programa; os visitantes a colaborarem com a unida- de, através de denúncias telefônicas, sobre • adoção de procedimentos para a qualquer tipo de contravenção ambiental proteção dos sítios arqueológi- presenciada; cos e históricos, baseados nas leis pertinentes; • os denunciantes poderão utilizar • implementação de políticas de a Linha Verde do Ibama, por meio incentivo à preservação e à va- do telefone (0800 618080) e e- lorização do patrimônio cultural mail: [email protected], sem regional, através do apoio opera- necessidade de identificação; e cional e técnico às iniciativas das • o número do telefone e o meca- comunidades, como, por exem- nismo da Linha Verde serão di- plo, festas populares e religio- vulgados através do sistema de sas, produção de artesanato e comunicação visual da UC e em restauração do patrimônio edifi- todos os meios de divulgação e cado; educação produzidos sobre a Flo- • estabelecimento de relações so- resta Nacional; cioculturais, éticas e estéticas com o patrimônio cultural; 16 elaborar e manter atualizada a • o projeto poderá ser desenvolvido home page da Floresta Nacional de Passa através da realização de cursos, Quatro, na página do ICMBio; oficinas, debates, fóruns sobre 17 definir um sistema de registro temas relativos aos interesses de visitantes; locais e regionais, entre outros; • o projeto será direcionado para • implantar sistema de agendamen- o público em geral e em espe- to de grupos e pesquisadores; cial para educadores, entendidos 18 estabelecer sistema de cobran- como os agentes privilegiados na ça de taxas de visitação, com valor diferen- formação das novas gerações; ciado para visitantes de Passa Quatro; • este projeto poderá ser desenvol- 19 implantar sistema de monitora-

60 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

mento de impactos da visitação nas trilhas, técnica da Flona para o manejo da visitação, atrativos e demais locais abertos à visita- incluindo primeiros socorros; ção pública; 3 realizar pesquisas nas áreas que 20 implantar restaurante e lancho- possuem potencial para interpretação de nete; fenômenos naturais, incluindo os parâmetros 21 elaborar projeto de divulgação e que deverão ser monitorados durante sua inclusão da Flona no circuito turístico Terras utilização; Altas da Mantiqueira e Estrada Real; 4 implantar trilhas interpretativas, 22 elaborar projeto para rede elé- mediante projeto específico, levando em trica, telefônica e encanamentos subterrâ- consideração as peculiaridades do terreno neos e implantá-los em toda a área de visi- e os diferentes perfis dos visitantes; tação da unidade; 5 implantar trilhas interpretativas 23 estudar a viabilidade e tipo de nos locais onde ocorrem diferentes fenôme- transporte coletivo interno a ser implanta- nos ambientais, observando aspectos como do na unidade para atendimento aos visitan- a utilização do ambiente pela fauna, altera- tes; ções na vegetação, mudanças no padrão de 24 implantar sistema de coleta se- circulação de águas, erosões e outros; letiva de lixo nas áreas abertas ao público; • cada trilha implantada deve aten- 25 elaborar projeto de recuperação der a apenas uma função; das áreas alteradas abertas à visitação pú- • as trilhas interpretativas devem blica; ser, preferencialmente, guiadas;

• buscar, sempre que possível, a 6 elaborar matriz de avaliação de separação das atividades de uso impactos decorrentes da visitação nas tri- público, assim como as respecti- lhas interpretativas; vas infra-estruturas das ativida- 7 elaborar normas de visitação nas des administrativas; trilhas; • as atividades de visitação e tu- rismo deverão ser prestadas por • os visitantes devem ser informa- pessoas capacitadas; dos sobre os riscos e possíveis acidentes • o projeto específico de visitação que possam ocorrer em ambientes natu- deverá ser elaborado por técni- rais; cos qualificados, de acordo com 8 criar projeto de interpretação para os pilares do ecoturismo. portadores de necessidades especiais; 9 elaborar material interpretativo, 11.3.3.1 Subprograma de de acordo com os diagnósticos do plano de Interpretação manejo e futuros estudos sobre a UC. Ambiental 10 utilizar o documento Diretrizes Objetivo: proporcionar aos visitan- para Visitação em Unidades de Conservação tes serviços de informação, educação e in- (2007) como referência para a definição e terpretação, para que possam conhecer e as normas das atividades do Subprograma de Interpretação. apreciar os recursos naturais e entender a importância da conservação e do uso sus- 11.3.3.2 Subprograma tentável. de Recreação e Lazer Atividades previstas e normas: Objetivo: proporcionar aos visitan- 1 capacitar monitores e condutores tes atividades lúdicas e educativas de acor- ambientais da zona de amortecimento; do com as aptidões e potencialidades dos 2 promover a capacitação da equipe recursos naturais específicos da Floresta

61 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

Nacional de Passa Quatro. Quatro e proporcionar o desenvolvimento regional; Atividades previstas e normas: 4 divulgar os objetivos da Floresta 1 elaborar e implantar caminhadas Nacional nas comunidades; educativas; 5 mediar possíveis conflitos e dis- putas de interesses entre as comunidades • as caminhadas em trilhas de do entorno e a UC; aprendizagem devem abordar te- 6 elaborar programa em conjunto mas como a história natural de com as comunidades para a produção de diversas espécies animais e ve- artesanato, utilizando recursos da floresta getais ocorrentes na Flona, além e gerando renda; de instruções sobre o uso de ma- • os produtos e serviços produzi- pas, bússolas, receptores GPS, dos na ZA poderão mencionar em binóculos, observação de aves e seus rótulos a procedência: pro- interpretação de pegadas; duzidos na zona de amortecimen- to da Floresta Nacional de Passa 2 elaborar e implantar plano de ati- Quatro, mediante autorização do vidades de recreação e lazer: caminhadas, órgão gestor da Flona. piquenique, observação da vida silvestre, contemplação de belezas cênicas, fotogra- 11.3.4.1 Subprograma fias, recreação infantil e interpretação da de Educação Ambiental natureza; 3 programar e viabilizar palestras Objetivo: formular estratégias de sobre temas ambientais e atividades recre- educação ambiental não formal para a popu- ativas; lação do entorno, enfatizando a importância 4 elaborar estudo para a viabilidade e as vantagens da Floresta Nacional de Pas- de reativação da pesca esportiva; sa Quatro, e apoiar a educação formal; me- 5 elaborar estudo para estimular a diar interesses entre proprietários rurais e atividade de observação e contemplação de comunidades do entorno imediato, na pers- aves; pectiva de diminuir os riscos e impactos de suas atividades sobre a unidade, e demons- 6 elaborar e implantar projeto para trar a importância da UC na agregação de a recreação de portadores de necessidades valores aos seus produtos. especiais. 11.3.4 Programa de Atividades previstas e normas: Integração com o 1 interagir com o Programa de Entorno Visitação, bem como com as secretarias de educação estadual e municipais e instituições Objetivo: incentivar e fomentar o de- de ensino superior, definindo atividades em senvolvimento de atividades no entorno, que parceria; sejam compatíveis com os objetivos da Flo- 2 centralizar ações nas relações resta Nacional de Passa Quatro, e buscar com as populações humanas que residem parcerias para a viabilização dessas ativida- no entorno da Floresta Nacional de Passa des. Quatro; 3 atender as possíveis solicitações Atividades previstas e normas: de caráter educativo e social traduzidas por 1 identificar e avaliar os principais projetos especiais; atores sociais e suas possíveis interações 4 promover integração da comuni- com a Floresta Nacional de Passa Quatro; dade do entorno com a UC; 2 definir estratégias de ação para a 5 manter contato permanente com integração da Flona com o entorno; os moradores e os produtores rurais vizinhos 3 buscar parcerias para atingir os à Floresta Nacional de Passa Quatro, ou objetivos da Floresta Nacional de Passa suas associações, de forma a solucionar

62 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

conflitos de interesse, evitando que atinjam carbono; proporções indesejáveis. 8 buscar apoio junto ao Sebrae para viabilizar cursos aos produtores rurais da ZA, capacitando-os, a fim de obter certificação 11.3.4.2 Subprograma de ambiental e “selo verde” para produtos Incentivo a biodinâmicos – agricultura orgânica, mel Alternativas de e subprodutos de abelhas nativas, entre Desenvolvimento outros; Objetivo: diminuir o impacto da 9 dar conhecimento aos proprietá- utilização dos recursos naturais por meio rios rurais da ZA e às administrações muni- de técnicas mais sustentáveis, que serão cipais sobre os benefícios do ICMS ecológi- transmitidas à população, bem como co, e fomentar criação de áreas protegidas, incrementar a diversificação da produção. Os com ênfase nas RPPNs, no entorno da Flo- projetos terão como diretrizes diversificar resta Nacional de Passa Quatro. a base econômica dos municípios, agregar valor e renda aos produtos, fortalecer a 11.3.5 Programa de organização social e diminuir o impacto Administração e ambiental dos processos produtivos. Gestão da UC Atividades previstas e normas: Objetivos: garantir o funcionamento 1 promover a capacitação da comu- da Flona em relação à: infra-estrutura, uso nidade do entorno a fim de propiciar maior das edificações e equipamentos; organiza- inserção desta no desenvolvimento das ati- ção e controle dos processos administrati- vidades dentro da UC; vos, financeiros, de comunicação e logística; 2 apoiar as atividades das comunida- gestão de pessoas; manutenção da integri- des do entorno, principalmente aquelas que dade dos recursos naturais e patrimoniais, possibilitem alternativas de renda e que não incluindo a necessidade de ampliação da comprometam o ambiente natural da UC; área da Flona; e apoio às atividades de ges- 3 estimular projetos especiais de tão da unidade. pesquisa, fomento e produção que auxiliem a conservação de espécies críticas e a Atividades previstas e normas: recuperação de áreas alteradas no entorno da UC (bacias hidrográficas, matas ciliares, 1 definir, priorizar e prover condi- estabelecimento de corredores ecológicos, ções logísticas para a operacionalização dos recuperação de fragmentos de vegetação demais programas e subprogramas de ma- natural); nejo; 4 promover alternativas para o uso 2 executar e supervisionar ativida- do solo, que devem ser consideradas como des administrativas e de manutenção de ro- projetos especiais no contexto deste sub- tina; programa, privilegiando o entorno imediato; 3 planejar e definir a necessidade 5 contribuir para a elaboração par- e a localização de cada infra-estrutura e ticipativa de projetos voltados ao uso sus- equipamento, e acompanhar sua execução e tentável de recursos naturais; normatizar seus usos; 6 fazer gestão junto aos órgãos e instituições avaliadores do Programa de Cré- 4 propor, solicitar e desenvolver dito de Carbono, para a inclusão da UC e de atividades relativas ao projeto de ampliação propriedades da ZA no referido programa; da área da Flona; 7 viabilizar cursos de capacitação 5 viabilizar apoio logístico para a para servidores do ICMBio e proprietários execução dos projetos de pesquisa de in- da ZA para a comercialização de créditos de teresse da Floresta Nacional de Passa Qua-

63 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

tro; 10 viabilizar estrutura de fiscalização 6 comercializar produtos e subpro- da Flona; dutos gerados pelo manejo da Flona; 11 realizar ações de fiscalização 7 realizar a manutenção e sanar sistemática e periódica para coibir infrações processos erosivos das estradas internas ambientais na área da UC e na zona de da Flona; amortecimento; 8 definir padrão de construção e sinalização para a Flona que seja harmônico 12 viabilizar a prevenção e o combate e integrado com a paisagem; a incêndios na UC e na ZA. 9 manter a vigilância patrimonial; A estrutura proposta, necessária

64 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

ORGANOGRAMA DA FLORESTA NACIONAL DE PASSA QUATRO (aprovado na Oficina de Planejamento Participativo)

à implementação do plano de manejo, deverá restaurante, a capela e o santuário. O plano prever a lotação de no mínimo 16 servidores, de trabalho deverá considerar as limitações dos quais cinco analistas ambientais, para previstas na legislação ambiental, os riscos a execução das atividades referentes ao a que essas edificações estão sujeitas por manejo florestal e faunístico, proteção e situarem-se próximas a áreas inundáveis e fiscalização, pesquisa, monitoramento, uso cursos d’água, bem como a necessidade de público e integração com o entorno. demolição ou realocação para locais mais adequados; 11.3.5.1 Subprograma de Administração, 3 providenciar a alteração do no- Infra-Estrutura e me do prédio, atualmente denominado de Logística “pousada”, para “casa do pesquisador”, con- forme orientações referentes a normas de Objetivo: garantir os meios e a infra- sinalização da Flona, constantes no Encarte estrutura necessária para a execução das III – Anexos; atividades previstas no plano de manejo. 4 elaborar e executar projetos téc- Atividades previstas e normas: nicos de construção, reforma e ampliação de infra-estruturas: 1 prover apoio logístico e material para execução dos programas integrantes a) reforma do atual prédio do do plano de manejo da Flona; almoxarifado e do refeitório para abrigar a administração e a área 2 elaborar e implementar plano de técnica da Flona; trabalho referente à realocação/demolição b) reforma e adaptação do atual de infra-estruturas presentes nas áreas de prédio do auditório para abrigar preservação permanente na Flona. As infra- o centro de capacitação e as ati- estruturas diagnosticadas no plano de manejo vidades do Programa de Integra- nesta situação foram a área de camping, o ção com o entorno, incluindo: au-

65 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

ditório, sala para oficina de arte- dos materiais e equipamentos disponíveis e sanato, biblioteca temática, sala realizar avaliações periódicas da necessida- administrativa, banheiros, copa e de de manutenções e novas aquisições, de cozinha; forma a otimizar o uso de equipamentos e c) reforma do prédio atual do escri- de veículos; tório, para abrigar refeitório de 11 elaborar convênios e acordos funcionários, almoxarifado e sala de cooperação técnica com institutos de de vivência; pesquisa, ONGs, prefeituras, universidades, d) construção de garagem para veí- etc.; culos, com cerca de dez vagas, 12 elaborar plano de manutenção em local situado próximo ao atual anual dos imóveis, equipamentos, mobiliário, prédio do auditório; trilhas, sinalização, etc. e realizar a manu- e) construção do centro de visitan- tenção de benfeitorias, efetuar reparos e tes, na entrada da UC, do lado manutenção de máquinas, motores, ferra- mentas, equipamentos e veículos; esquerdo do pórtico, conforme 13 efetuar a manutenção de vias de descrito no Programa de Uso Pú- acesso, trilhas e aceiros, bem como prever blico; a abertura de novos acessos, em função da 5 elaborar e implantar projeto de demanda dos demais programas do plano de eletrificação da UC com rede subterrânea; manejo; 6 elaborar e implantar projeto de 14 ordenar a coleta de lixo interno, saneamento básico, incluindo rede coletora implantar normas de armazenamento e des- de esgotos, construção de estação de tinação de resíduos, e melhoria da coleta se- tratamento de esgoto, rede de distribuição letiva, conforme preconiza as normas ABNT de água, caixa d’água e estação de NBR 12.980 (coleta, varrição e acondicio- tratamento de água; namento de resíduos sólidos) e NBR 13.463 7 instalar conjuntos de lixeiras nas (coleta de resíduos sólidos), constantes dos áreas de uso público e administrativo. Os Anexos 17 e 18 do Volume IV; visitantes e os servidores da Flona deverão 15 elaborar e executar projeto de ser orientados a realizar a separação e a manutenção de estradas e vias de acesso destinação do lixo gerado adequadamente internas: nas lixeiras; a) nas vias identificadas com baixa 8 adquirir equipamentos de suporte capacidade de carga deverá ha- à gestão da Flona e à implementação do ver sinalização, ou até mesmo plano de manejo: ser fechada; b) as áreas ao longo das vias onde a) uma caminhonete 4 x 4; forem identificados processos b) um veículo leve de passeio; erosivos ou áreas com aberturas c) mobiliários e eletrodomésticos além das necessárias ao tráfe- para aparelhamento da Flona, go deverão ser recuperadas de conforme projeto específico para acordo com projeto técnico es- a administração e o centro de vi- pecífico; sitantes; 16 elaborar e implementar um sis- d) ferramentas e maquinários para tema de comunicação visual com colocação uso e manutenção da UC; de placas informativas e painéis na área da 9 viabilizar a contratação de pes- UC: soal de apoio à implementação do plano de a) o projeto deve considerar as ca- manejo; racterísticas da UC, a padroniza- 10 manter cadastros atualizados ção da identidade visual e a utili-

66 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

zação de materiais existentes na 1 estabelecer um sistema de fisca- região; lização para a área da Floresta Nacional de b) o projeto deve incluir o sistema Passa Quatro e para a ZA; de sinalização indicativa, educati- 2 elaborar um plano de proteção va e de orientação; com definição das áreas prioritárias para c) o projeto de sinalização seguirá fiscalização; os padrões estabelecidos pelo 3 solicitar formalmente autorização guia de chefes de unidades de para a fiscalização e a circulação em pro- conservação (IBAMA, 2000). priedades particulares vizinhas; 4 retirar animais domésticos que 17 elaborar e implementar um pro- oca sionalmente entrem na unidade; jeto de voluntariado na Flona Passa Quatro: 5 coibir a entrada de caçadores, coletores e outros agentes que visem a ex- a) o projeto deverá seguir as dire- ploração/depredação dos recursos naturais trizes gerais definidas na Lei nº da unidade; 9.608/98 (dispõe sobre o serviço 6 colocar placas indicativas em to- voluntário no âmbito da União), dos os acessos possíveis à Floresta Nacio- no Decreto nº 4.519/2002 (dis- nal de Passa Quatro, além de avisos sobre a põe sobre o serviço voluntário proibição de caça, pesca e coleta de plantas em unidades de conservação fe- e/ou animais; derais), bem como em normas 7 estabelecer rotinas de fiscalização específicas do Ministério do Meio da unidade: Ambiente e/ou do órgão gestor da unidade, conforme o Anexo 8 a) as atividades de fiscalização se- do Volume IV; rão previstas em um plano de b) os trabalhos voluntários poderão ação a ser elaborado pela equi- ser aqueles referentes à imple- pe; mentação e ao acompanhamento b) deverão ser adquiridos materiais das atividades da unidade, quan- e equipamentos visando a melho- do julgadas pertinentes e previa- ria na eficiência das atividades de mente autorizadas pelo gestor da fiscalização, como: dois rádios unidade, tais como monitoramen- de comunicação; dois binóculos, to ambiental, pesquisa, recepção duas armas, um GPS, uma câma- de visitantes, entre outras; ra fotográfica;

18 viabilizar com a administração 8 disponibilizar uniformes para to- central do órgão gestor um quadro funcio- dos os funcionários da Flona; nal mínimo adequado à implementação do plano de manejo, conforme o organograma a) todos os funcionários deverão proposto. estar devidamente uniformizados quando estiverem em serviço; 11.3.5.2 Subprograma de b) o padrão do uniforme será o esta- Proteção e belecido pelo ICMBio, segundo as Fiscalização normas vigentes; 9 garantir a participação dos fun- Objetivo: garantir a proteção dos recursos naturais e culturais, a segurança cionários e de colaboradores em cursos e dos visitantes, do patrimônio imobiliário e palestras de atualização e reciclagem, prin- dos equipamentos existentes na Flona. cipalmente nos seguintes temas: fiscaliza- ção, legislação, prevenção e combate a in- Atividades previstas e normas:

67 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

cêndios, primeiros socorros e relações pú- tituição, nome da(s) pessoa(s) a blicas; ser(em) contatada(s), telefone(s) normal(is) e de emergência, fre- 10 realizar ações de fiscalização sis- qüência de rádio e endereço com- temática e periódica para coibir infrações pleto da instituição; ambientais na área da UC e da zona de d) orientar os funcionários e cola- amortecimento; boradores vizinhos para ligarem para todos os participantes da a) até que a equipe de fiscalização lista sempre que forem consta- da Flona seja ampliada, a fiscali- tados incêndios florestais dentro zação será no mínimo de uma vez ou no entorno da Flona; por semana; e) realizar atividades de prevenção b) quando for verificada a necessi- como aceiros, capina, roçada das dade, devido à pressão por caça, coletas, entre outros, a freqüên- margens e manutenção das es- cia de fiscalização será ampliada. tradas, bem como atividades de c) na ZA as ações de fiscalização fo- educação ambiental e vigilância carão prioritariamente nas áreas do entorno, e outras que o chefe contíguas à unidade, bem como da UC julgar pertinente ao traba- nas atividades de desmatamen- lho de prevenção; tos e queimadas não autorizadas f) fazer solicitação ao Prevfogo-Iba- e atividades impactantes não li- ma para o treinamento e a for- cenciadas; mação de bombeiros voluntários, juntamente com os servidores da 11 adquirir imagens de satélite de unidade, para o combate a incên- alta resolução, a cada dois anos, da região dios florestais; do entorno, para o monitoramento das con- g) suprir a unidade de kit de primei- dições ambientais; ros socorros e de equipamen- 12 realizar sobrevôos periódicos so- tos de combate a incêndios, tais bre a área da UC e a zona de amortecimen- como: pás, enxadas, pinga-fogo, to, a fim de monitorar alterações ambien- enxadão, foice, facão, radiocomu- tais com intervalo a ser decidido posterior- nicação, veículos, bombas cos- mente; tais e equipamentos de defesa 13 fomentar atividades de prevenção pessoal; e combate a incêndios na ZA: h) elaborar Relatório de Ocorrência a) realizar cursos, palestras e dis- de Incêndio (ROI), conforme mo- tribuição de material de divulga- delo do Prevfogo; ção visando a prevenção de in- cêndios; 14 implantar sistema de contingên- b) elaborar e manter uma lista de cia de riscos (ocorrência de fogo, enchen- telefones úteis das instituições tes, animais peçonhentos, alimentação de e de empresas com potencial animais silvestres, etc.); de colaboração e que devem ser contatadas caso ocorra incên- 11.3.5.3 Subprograma de dios florestais na UC e na zona Cooperação de amortecimento, tais como Interinstitucional Corpo de Bombeiros, Prevfogo, representação do Ibama nas pro- Objetivo: captar recursos e viabili- ximidades; zar parcerias por meio da cooperação inte- c) a lista deverá conter: nome da ins- rinstitucional e interação com programas de

68 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

desenvolvimento regional, outras iniciativas potencialidades e benefícios ambientais e e entidades existentes. sociais; 2 desenvolver um roteiro mínimo Atividades previstas e normas: referente a procedimentos de recepção dos usuários e apresentação da Flona; 1 estabelecer normas e regras re fe - rentes à execução de atividades em parce- • o primeiro contato do usuário rias ou no contexto de programas de coope- com a unidade deve ocorrer no ração interinstitucional; centro de visitantes, onde serão 2 propor, elaborar e acompanhar repassadas as informações refe- convênios, contratos e acordos de coope- rentes ao serviço de interesse; ração técnica com universidades, institutos 3 promover eventos de divulgação de pesquisa, ONGs, prefeituras, empresas dos trabalhos desenvolvidos na Flona (semi- privadas, etc., visando à implementação do nários, palestras, workshop, etc.); plano de manejo; 4 representar a Flona em eventos de divulgação e desempenhar a função de • a assinatura de convênios, con- assessoria de comunicação da unidade; tratos e acordos de cooperação 5 promover divulgação nas comuni- técnica deverão seguir as dire- dades do entorno e na sociedade, relativa trizes e normas do órgão gestor às normas da zona de amortecimento da da unidade, ouvida a procuradoria Floresta Nacional de Passa Quatro. jurídica; • deverão ser definidos mecanis- 11.3.5.5 Subprograma de mos que garantam a transpa- Ampliação da rência e o controle social na exe- Área da UC cução desses instrumentos de Objetivo: ampliar a Floresta Nacional parceria, tais como: definição do de Passa Quatro de forma a obter uma gestor, elaboração periódica de área mínima viável para a conservação da relatórios de execução, acompa- biodiversidade regional, manter processos nhamento por parte do conselho ecológicos, formar corredores ecológicos, consultivo da Flona, etc.; proteger recursos hídricos e propiciar condições de habitats adequados para as 3 realizar relatórios e prestações comunidades de fauna ocorrentes na Flona. de contas referentes à execução de con- vênios, contratos e acordos de cooperação Atividades previstas e normas: técnica. 1 viabilizar no órgão gestor a aqui- 11.3.5.4 Subprograma sição de glebas vizinhas à Floresta Nacio- de Comunicação nal de Passa Quatro, num total de 978 ha, conforme indicado no projeto: Proposta de Objetivo: divulgar ao público envolvido Áreas para a Ampliação da Floresta Nacio- e à sociedade em geral as potencialidades nal de Passa Quatro (MG), Anexo 6, Volu- da Flona, programas e atividades desen- me IV, elaborado pela equipe da CGFLO e da volvidas. UC e que está em tramitação na Secreta- ria Executiva de Compensação Ambiental do Atividades e normas: ICMBio; 1 elaborar folhetos, vídeos e apre- a) a referida aquisição deverá ser sentações audiovisuais divulgando a Flo- precedida de levantamento topo- resta Nacional de Passa Quatro, suas gráfico, georreferenciamento das

69 Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

áreas, análise da cadeia dominial rais existentes na UC, em decorrência da e titularidade dos imóveis a se- implementação dos programas de manejo; rem adquiridos, e levantamentos e estudos da viabilidade técnica e 3 elaborar e implementar o Sistema socioeconômica da ampliação; de Monitoramento e Avaliação da Implemen- b) realizar consulta pública referen- tação do Plano de Manejo da Flona: te à ampliação da Flona; • o Sistema de Monitoramento e c) elaborar pareceres técnico e jurí- Avaliação deverá assegurar a in- dico, minutas do decreto de am- tegração entre o planejamento e pliação e de exposição de motivos a execução; ministerial; • deverá conter os mecanismos para: documentar sistematica- 2 tendo em vista que a Flona de mente se as atividades planeja- Passa Quatro foi criada através de Portaria das estão sendo executadas de do extinto Instituto Brasileiro de Desenvol- forma satisfatória avaliando os vimento Florestal (IBDF), sugere-se que o desvios; antecipar e prognosticar texto do decreto disponha sobre a ratifica- as possibilidades de alcance dos ção do instrumento de criação, no escopo objetivos; detectar falhas e pon- do seu processo de ampliação. tos críticos; colher informações

para ajuste (ações corretivas), a) encaminhar o processo de am- além de subsidiar as revisões fu- pliação para o Ministério do Meio turas do plano de manejo; Ambiente para as demais provi- • deverá ser criado um grupo de dências; trabalho permanente de monito- b) realizar a regularização fundiária ramento e de avaliação da imple- da área de ampliação (efetuar o mentação do plano de manejo; pagamento referente à aquisição • criar imediatamente após a apro- e, em conjunto com a Secretaria vação do plano de manejo um gru- do Patrimônio da União, transferir po de trabalho permanente (GTP) a área para o domínio da União). para a elaboração da matriz de planejamento para cada progra- 11.3.5.6 Subprograma de ma e subprograma, previsto no Acompanhamento, plano de manejo, incluindo a ela- Monitoramento e boração de cronogramas físico e Avaliação do Plano financeiro para cada atividade; de Manejo • convidar um membro do conselho Objetivo: acompanhar, monitorar e consultivo para participar da ela- avaliar a implementação dos programas, boração do Sistema de Monitoria subprogramas e projetos integrantes do e Avaliação de Implementação do plano de manejo ou decorrentes deste. Plano de Manejo da Flona; • realizar reuniões semestrais de Atividades previstas e normas: planejamento operacional e ava- liação do plano de manejo envol- 1 criar indicadores específicos para vendo o conselho consultivo, as a avaliação de cada programa, subprograma, instituições parceiras e a equipe projeto, ação ou atividade constante do técnica da unidade, para definir e plano d manejo ou decorrente deste; planificar as ações prioritárias e 2 realizar o monitoramento do meio identificar as falhas e os pontos físico (trilhas, estradas, áreas alteradas, críticos a serem revistos; cursos d’água, etc.) e dos recursos natu- • na elaboração dos cronogramas

70 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

deverão ser envolvidas as enti- ponibilizando informações e análises úteis dades que participaram da ela- para os processos de revisão e adequação. boração do plano de manejo e os potenciais colaboradores para a • para a execução desse subpro- sua implementação; grama está anexado no Volume IV o projeto específico no Anexo 4 sistematizar as informações co- 19 – Sistema de Monitoramento letadas durante o processo de acompanha- e Avaliação de Implementação de mento e monitoramento do plano de manejo, Planos de Manejo do Volume IV; gerando bancos de dados relacionais e dis-

71

12 Normas gerais da Flona de Passa Quatro

São apresentadas nesse item • todo o sistema de comunicação as normas de manejo da Flona, que visual, seja ele sinalizações edu- consistem em procedimentos gerais a cativas, informativas, de orienta- serem adotados na unidade e em sua ção e a de localização, para pe- zona de amortecimento, de modo a servir destres e motoristas, utilizado como orientação institucional às ações na Flona seguirá os padrões e as e restrições que se fizerem necessárias especificações estabelecidas no ao manejo da área, além de normas para manual de sinalização do guia do a zona de amortecimento, que segue as chefe (IBAMA, 2000); orientações estabelecidas pelos arts. 25 • a venda e o consumo de bebida al- e 27 da lei que institui o Snuc. As normas coólica não são permitidos, bem da zona de amortecimento estão descritas como a utilização de aparelhos no Volume VI – Zona de Amortecimento da sonoros coletivos ou individuais Floresta Nacional de Passa Quatro. em alto volume; • os equipamentos facilitadores de- verão ser adaptados para porta- 12.1 Normas gerais de manejo dores de necessidades especiais, da Flona de Passa Quatro sempre que possível; • todas as edificações da Flona de- Trata-se de princípios ou preceitos verão contar com extintores de que estabelecem, regulamentam e esclare- incêndios, de acordo com as nor- cem as atividades a serem desenvolvidas na mas de segurança; unidade de conservação: • o ingresso e a permanência na unidade de conservação de pes- • o horário de funcionamento da soas portando armas, materiais Flona é das 8h às 18h, podendo ou instrumentos destinados ao ser ajustado com o horário de corte, caça, pesca, ou quaisquer verão. O horário para visitação outras, são proibidos, exceto as é das 8h às 17h, de terça-feira pessoas que estejam exercendo a domingo. A Flona permanece- atividades de fiscalização e de rá fechada para visitação pública proteção da Flona; nas segundas-feiras, para que se • toda e qualquer atividade de pes- possa realizar trabalhos internos quisa e ensino deverá seguir o de manutenção e administração definido na Instrução Normativa geral; Ibama nº 154/2007; Plano de Manejo – Floresta Nacional de Passa Quatro, Minas Gerais

• a realização de pesquisas que en- mas às florestas, incluindo áreas volvam captura ou coleta só será da zona de amortecimento, que permitida após a licença do Sis- sejam contíguas à Flona, é proibi- bio; do; • todas as publicações e relatórios • a retirada de qualquer recur- oriundos de pesquisas desenvol- so natural da Floresta Nacional, vidas na unidade deverão ter có- exceto nos casos previstos pelo pia encaminhada para o acervo da plano de manejo, é proibida; unidade; • a prática, a coleta e o comércio • não será permitido qualquer tipo de plantas vivas retiradas da flo- de comércio ambulante na área da Flona; resta, sem autorização do ICM- • a Flona poderá comercializar ma- Bio, exceto as mudas de espécies teriais e produtos no centro de florestais produzidas no viveiro da visitantes, visando angariar fun- Flona de Passa Quatro, são proi- dos para sua manutenção e tam- bidos; bém para divulgar sua importân- • a criação de animais domésticos cia; e/ou criações, sobretudo aqueles • os resíduos vegetais oriundos da que não podem ser contidos no poda, roçada e varredura das zo- âmbito dos imóveis funcionais, é nas de uso especial/uso público, proibida; deverão ser utilizados para a re- • a velocidade máxima de 40 km/h cuperação de áreas degradadas fica estabelecida em todas as vias ou para compostagem; de circulação internas da Flona; • as trilhas, caminhos e estradas • o acesso de visitantes ou tran- deverão ser conservados em seuntes à UC, em caso de incên- boas condições de uso, fornecen- dio, fica proibido, exceto em ca- do segurança ao visitante e aos sos de emergência; funcionários; • a circulação de pessoas ou de • a construção de quaisquer obras veí cu los é proibida nas áreas de engenharia que não sejam de onde haja ameaça de derrubada interesse para a Flona, tais como ou queda natural de espécies rodovias, linhas de transmissão, arbóreas, exceto se estiverem entre outros, é vedada; devidamente autorizados; • a reintrodução de qualquer espé- • o trânsito de veículos de visitan- cie da fauna só será permitida tes nas vias de acesso à cachoei- depois de comprovada tecnica- ra é proibido, exceto aqueles que mente sua necessidade. No caso estejam transportando pessoas de se permitir a reintrodução com necessidades especiais; será exigido um plano de monito- • a prática de esportes com veí- ramento do indivíduo reintroduzi- culos motorizados, mesmo que do e, se possível, dos demais re- eventualmente, é proibida; presentantes desta espécie que • a coleta seletiva de lixo deverá se encontram dentro dos limites ser implantada na Flona, ficando da UC; condicionada à disponibilidade de • o uso do fogo, por qualquer modo, destinação ou tratamento final em florestas e demais formas de deste material, de forma total ou vegetação, ou nas áreas próxi- parcial;

74 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

• a coleta e a apanha de espécimes Nacional de Passa Quatro deve- da fauna e da flora são proibidas rão tomar conhecimento do regi- em todas as zonas de manejo, mento interno e das normas da ressalvadas aquelas com finali- unidade; dade científica, desde que devi- • informar e sinalizar os locais de damente autorizada formal e por possíveis ocorrências de animais escrito pela autoridade compe- peçonhentos na UC, tipos de tente; animais e medidas a serem ado- • aos visitantes é proibido sevar e tadas em caso de ocorrência molestar animais silvestres dentro e medidas de prevenção devem ser informados e sinalizados; da Flona; • a fiscalização deverá ser perma- • todos os funcionários, pesqui- nente e sistemática; sadores e visitantes da Floresta

75

13 Cronograma físico-financeiro

O plano de manejo considera um pe- des que possam dar apoio, incluindo a comu- ríodo de 5 anos para a implementação das nidade do entorno, instituições de pesquisa, ações previstas nos programas e subpro- universidades, entidades e instituições pri- gramas. Após esse prazo deverá ser feita vadas, entre outras. Os recursos necessá- uma revisão do documento para atualizar o rios para implementar todas as ações pre- diagnóstico da UC e as normas, e comple- vistas no plano de manejo foram estimados mentar as atividades previstas. A maioria em R$ 3.200.000,00 para 5 anos, o que dá dos projetos de manejo deve ser efetuada em uma média de R$ 640.000,00 por ano, in- parcerias com outras instituições e entida- cluindo custeio e investimentos (Quadro 4).

Quadro 4 - Estimativa de recursos necessários para a implementação do plano de manejo (R$).

Descrição Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Valor Total

Total de investimentos 500.000,00 500.000,00 500.000,00 500.000,00 500.000,00 2 .500.000,00

Total de custeio 140.000,00 140.000,00 140.000,00 140.000,00 140.000,00 700.000,00

Total geral 640.000,00 640.000,00 640.000,00 640.000,00 640.000,00 3.200.000,00

14 Referências bibliográficas

BRASIL. Decreto Federal n. 1.298, de 10 de julho de 1994. Aprova o regulamento das Florestas Nacionais. Diário Oficial da União. Brasília, 1994.

IBAMA. Roteiro metodológico para elaboração de Plano de Manejo para Florestas Nacionais. Brasília, 2003. 56 p.

MMA (Ministério do Meio Ambiente). SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza). Brasília, 2002. 52 p.

MMA. Resolução Conama n. 001 de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Diário Oficial da União.

MMA. Resolução Conama n. 013, de 6 de dezembro de 1986. Dispõe sobre a área circundante, num raio de 10 km das Unidades de Conservação. Diário Oficial da União.

MM. Resolução Conama n. 237, de 19 de dezembro de 1997. Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental. Diário Oficial da União.