B. O. I Série Nº 19

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B. O. I Série Nº 19 486 I SÉRIE — NO 19 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 10 DE ABRIL DE 2013 ASSEMBLEIA NACIONAL EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS –––––– I A Constituição da República d e Cabo Verde, no artigo Lei n.º 28/VIII/2013 71 parágrafo 2, alínea a), defi ne como responsabilidade de 10 de Abril das autoridades públicas promover a criação de políticas económicas, jurídicas, institucionais e de infra-estruturas Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, adequadas, aliada a uma política de ordenamento do nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição território e urbanismo. Por sua vez, o artigo 72 da lei o seguinte: suprema estabelece que, para garantir o direito ao ambiente, é responsabilidade das autoridades públicas, Artigo 1.º desenvolver e implementar políticas adequadas para o Objecto ordenamento do território, à defesa e à preservação do meio ambiente e à promoção do uso racional de todos os 1. É aprovada a Directiva Nacional de Ordenamento recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de do Território, abreviadamente designada por DNOT. renovação e a estabilidade ecológica. 2. Nos termos do artigo 40º do Decreto-lei nº 43/2010, Nesta linha, a Lei de Bases do Ordenamento do Terri- de 27 de Setembro, são publicados e fazem parte integran- tório e Planeamento Urbanístico, aprovada pelo Decreto te da DNOT o relatório e as peças gráfi cas ilustrativas, Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro, com as altera- em anexo à presente lei. ções introduzidas pelo Decreto Legislativo nº 6/2010, de 21 de Junho, defi ne os instrumentos de ordenamento e Artigo 2.º desenvolvimento do território de natureza estratégica, Âmbito Territorial como aqueles que articulam as grandes opções relevantes para a organização do território, e estabelece directrizes A DNOT abrange a totalidade do território cabo- genéricas sobre o uso do mesmo, consubstanciando o verdiano, conforme o defi nido na lei e nas Convenções quadro de referência a considerar na elaboração dos internacionais. instrumentos de planeamento territorial. No mesmo sentido, o Regulamento da Lei de Bases, aprovado pelo Artigo 3.º Decreto-Lei n º 43/2010, de 27 de Setembro, contempla Hierarquia no artigo nº 25 a regulação e o conteúdo da Directiva Nacional do Ordenamento do Território. A DNOT prevalece sobre todos os demais instrumentos de gestão territorial em vigor. II Artigo 4.º A preservação da identidade natural e cultural do arquipélago de Cabo Verde constitui um dos funda- Vigência e Revisão mentos mais sólidos da sustentabilidade do seu desen- volvimento económico e social. Havendo coerência dos A DNOT tem um prazo de vigência de 15 (quinze) anos. objectivos territoriais, ambientais e económicos, novas Até o fi m do prazo previsto no número anterior, a DNOT áreas de oportunidade para as actividades produtivas deve ser avaliada e, caso se revelar necessário, revista. e residenciais serão planeadas, assentes no princípio da sustentabilidade e com o máximo respeito pelo meio Artigo 5.º ambiente. A protecção da paisagem e do património cultural será o suporte básico da política territorial, com Entrada em vigor objectivos compatíveis e complementares de crescimento A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da e de conservação. sua publicação. Intimamente relacionado com a sua beleza e recursos Aprovada em 30 de Janeiro de 2013. naturais, para além das tradicionais atracções de ordem cultural e as relativas às actividades de lazer, o fenómeno O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso do turismo em Cabo Verde tem um elevado potencial Ramos. de crescimento, trazendo benefícios para a recuperação económica. Num contexto internacional de forte abran- Promulgada em 6 de Março de 2013. damento económico e do aumento esperado nos preços do petróleo, resultando no encarecimento dos transportes Publique-se. aéreos, é preciso diferenciar ainda mais os valores que Cabo Verde pode oferecer para reforçar as vantagens O Presidente da República, JORGE CARLOS DE comparativas neste mercado competitivo, programando ALMEIDA FONSECA. o seu posicionamento no mercado turístico com perspec- Assinada em 11 de Março de 2013. tivas realistas. Por razões diferentes, mas com resultados semelhantes, o desenvolvimento de um produto turístico es- O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso pecífi co baseado na apropriação e transformação contínua Ramos. dos aspectos naturais, nomeadamente na orla costeira, I SÉRIE — NO 19 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 10 DE ABRIL DE 2013 487 podem comprometer a médio prazo, o que o mesmo pro- do futuro, tanto pelas condições física, social e de infra- cesso poderia gerar. É por esta razão que a DNOT aposta estrutura, como por sua vocação no contexto do sistema num turismo responsável, entendido como um processo económico internacional. No entanto, os desequilíbrios de evolução conjunta e conjugada entre os factores eco- regionais que criam esta situação de desequilíbrio actual nómicos, ambientais e qualidade de vida da população. É podem e devem ser compensados por medidas que visem imposible estabelecer uma poderosa indústria do turismo o pleno aproveitamento do potencial territorial e uma sem, ao mesmo tempo, criar as infra-estruturas de trans- apropriada distribuição de usos, equipamentos e infra- portes, energia, água ou resíduos, sem que a população estruturas no território, procurando o melhor equilíbrio seja provida de alojamento, escolas e saúde; sem que a entre as diferentes partes do território nacional de acordo pesca, a agricultura e a pecuária locais forneçam o grosso com critérios de equidade. de produtos alimentares básicos de facto à população, ou sem formação profi ssional para atender a demanda do A Directiva Nacional do Ordenamento do Território emprego gerado. tem como objectivo fi nal o fortalecimento das respectivas potencialidades económicas das ilhas de maneira que a Visualizando todo este cenário, o factor energético está soma dos esforços promova sinergias, complementaridade presente nestes momentos, como um dos factores limita- e intercâmbios mutuamente vantajosas para toda a nação. tivos mais decisivos e neste particular os problemas de Torna-se assim na ferramenta superior de progresso Cabo Verde não são diferentes dos do resto do mundo. para alcançar um modelo territorial mais equilibrado e Sem energia barata e acessível é impossível obter água atractivo, em consonância com a nova etapa de desenvol- sufi ciente para beber ou cobrir o custo da iluminação ou vimento voltado para o povo de Cabo Verde. de depuração. Portanto, os modelos energéticos do mundo III estão sendo redireccionados para as energias renováveis. Neste sentido, Cabo Verde, aproveitando o seu enorme A presente Directiva Nacional do Ordenamento do Ter- potencial de vento e sol, pode oferecer uma quantidade ritório de Cabo Verde é composta das seguintes partes: signifi cativa de poupança canalizada para outros inves- a) Relatório: Onde se apresenta a análise e o timentos públicos. diagnóstico dos problemas, as oportunidades e as perspectivas do território de Cabo Verde. Por conseguinte, é necessário responder ao objectivo prioritário de desenvolvimento e bem-estar para toda b) A identifi cação dos grandes desafi os e prioridades a população, procurando ao mesmo tempo alcançar um supra-insulares, formulando uma visão território competitivo no novo contexto internacional dos para o desenvolvimento do país a médio e espaços económicos em competição para atrair investi- longo prazos. Estas prioridades territoriais mentos inovadores; um território atractivo para vida quo- são desenvolvidas através de três Opções tidiana das pessoas; e um território solidário na divisão Estratégicas, que por sua vez são implantados dos benefícios do desenvolvimento económico sobre toda através de sete Linhas Estratégicas. Estas a população e as diferentes partes do nosso país. Linhas Estratégicas são: I. Valorização da identidade natural, cultural e Fornecer a base para a transformação territorial, assi- paisagística de Cabo Verde como um factor de nalando a compatibilidade das políticas governamentais e desenvolvimento. municipais num esforço comum e defi nindo a base comum do modelo territorial que Cabo Verde escolhe, totalmente II. Posicionar Cabo Verde como referência de integrada com a política de desenvolvimento económico, qualidade turística. exige a formulação de umas directivas claras e concretas, III. Avançar para a auto-sufi ciência energética e expressão de um Modelo Nacional de Ordenamento do para a gestão integrada de resíduos. Território, cujas directrizes e critérios se subordinam ao exercício dos vários poderes administrativos. IV. Reforçar o sistema de comunicação como um factor de coesão e desenvolvimento socioeconómico. Esta Directiva Nacional do Ordenamento do Território V. Fomento do sector primário. tem que ser o instrumento adequado para alcançar os objectivos estabelecidos pela Lei de Bases, constituindo VI. Transformar os aglomerados urbanos em a base comum de referência para o desenvolvimento har- cidades modernas. monioso e coordenado do nosso país e são baseadas em VII. Fortalecer a coordenação sectorial e critérios de interconexão e integração, para que os progra- ambiental no contexto do planeamento mas e actividades, bem como o planeamento municipal e territorial e urbanístico. detalhado, não sejam processados de forma independente entre si, mas que tenham objectivos coerentes com uma Por sua vez, os objectivos e critérios contidos nestas visão global que abrange todos os territórios do Estado. Linhas Estratégicas são especifi cados por 33 directivas, que
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