Universidade Federal de Minas Gerais

CURSO: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS/DIURNO DISCIPLINA: TAXONOMIA DE CRIPTOGAMAS (DIG BOT012) PROF: MARIA RITA SCOTTI MUZZI MARQUES LEITÃO ALUNAS: BRUNA SILVA, CAROLINE MIRANDA, DALIANE REGIS, FLÁVIA FERREIRA e GABRIELA VIANA.

Filo

Este artigo tem como objetivo estudar um pouco a fundo sobre o “Filo Basidiodiomycota” e sua distribuição em biomas brasieliros. Suas estruturas popularmente conhecidas são os corpos de frutificação, estrutura reprodutiva, dos fungos da classe Basidiomycetes do filo Basidiomycota. Tais fungos se distinguem dos demais por produzirem basidiósporos como esporos oriundos de sua reprodução sexuada, que nascem fora de uma estrutura produtora de esporos, basídio. As hifas dos Basidiomycotas são sempre septadas, quase sempre apresentando, em seu septo, uma margem inflada chamada doliporo, que por sua vez formam os cogumelos dicarióticos.

Em relação à formação dos basidiomas, os cogumelos podem requerer luz e baixa concentração de dióxido de carbono. Um basidioma em geral, consiste em um píleo, ou chapéu, que assenta sob um pedúnculo ou estipe. A massa de hifas no basidioma comumente formam camadas distintas. No início de seu desenvolvimento o cogumelo pode ter um envoltório membranoso, o qual se rompe com o seu crescimento, restos remanescentes desse envoltório, em alguns gêneros são visíveis na superfície superior do píleo e como uma bainha protetora, volva, na base do estipe. Em sua parte inferior encontra-se uma estrutura denominada himênio, de onde saem os esporos, muitos formam camadas lamelares.

Estrutura de um basidioma.

Os cogumelos apresentam grande importância ecológica possuem um dos papéis mais fundamentais na eliminação de resíduos, a matéria morta e reincorporando-a no ciclo da vida. Os basidiomycetos em geral, tem uma função preponderante na decomposição de substratos decompondo vegetais, frequentemente constituem dois terços da biomassa viva (não incluindo os animais) do solo.

Cerca de duzentos tipos de cogumelos são cultivados e utilizados na alimentação humana. O cultivo de fungos para alimentação é uma prática bastante rentável devido a sua alta taxa de crescimento e plasticidade em relação ao substrato.

Várias pesquisas demonstraram que alguns polissacarídeos, glicoproteínas e proteoglicanas presentes em cogumelos podem modular as respostas do sistema imunológico e inibir o crescimento tumoral. Alguns também têm promissor efeito cardiovascular, anticâncer, antiviral, antibacteriana, antiparasitária, propriedades anti-inflamatórias e anti-diabéticos. Alguns basidiomycetos produzem substâncias que podem ser usadas como medicamentos como, por exemplo, extratos de cogumelo do sol, Agaricus brasilienses, estão sendo estudados para uso no tratamento de leishmaniose. Em se tratando dos Basidiomycotas, analisaremos a distribuição desses fungos nos seguintes biomas.

Temos a Amazônia que é uma região de grande biodiversidade. Seu clima tropical com altas temperaturas e taxas elevadas de precipitação justificam essa pluralidade ecológica que abriga uma enorme quantidade de espécies, muitas ainda desconhecidas. Toda essa variedade atrai pesquisadores de todo o mundo. Porém grande parte dos estudos feitos nessa área é referente à fauna e a flora, não abrangendo toda a biota amazônica.

O estudo de fungos neste bioma é ainda muito restrito não havendo uma lista com citação de todas as espécies já descritas (Waldinete C. do S. O. da Costa, 2004). As informações coletadas sobre este assunto são referentes aos estudos individuais, o que restringe o levantamento de dados quantitativos na região.

Em um desses estudos foi divulgado o Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil (FORZZA, RC, org. et al), que descreveu para o Brasil cerca de 3.068 espécies de Fungos, sendo 523 endêmicas. Este mesmo estudo revela que há 519 espécies conhecidas, na Amazônia, um número inferior ao registrado na Mata Atlântica, 1664 espécies, e na Caatinga, 734 espécies. Esses números refletem o baixo conhecimento que se tem sobre uma região tão diversa como é a Amazônia.

O Filo Basidiomycota, possui, no Brasil, 1.730 espécies divididas entre 376 gêneros. Esses são bons indicadores ecológicos, referentes à degradação florestais, devido ao fato de desenvolverem seus micélios nos troncos das madeiras ao abrigo do sol (WILLERDING, A.L, 2005).

Aqui estão os nomes de algumas ordens e uma espécie representante, com fotos:

Ordem Espécies Locais encontrados Acaricales Cheimonophyllum Acre, candidis Amazonas, simum Amapá, Pará e Rondônia

Auriculariales Auricularia delicata Amazonas, Amapá, Rondônia e Roraima

Boletales Boletellus ananas Amazonas

Cantharellales Clavulina sprucei Amazonas

Hyphodontia gossypina Hymenochaetales

Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins

Fonte: Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013 in http://floradobrasil.jbrj.gov.br/

Em se tratando da Mata das Araucárias, também conhecida como Mata dos Pinhais, ocorre em clima tropical tipicamente no sul do Brasil, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esta floresta pode ser dividida em três regiões, sendo elas a mata nativa, Floresta de Eucalyptus sp e Pinus sp. Representando a mata nativa temos a Araucária, uma árvore frequente na paisagem do Brasil, caracterizando-se por ser alta, imponente e de formato peculiar, muito utilizada para fabricação de madeiras. Por isso os Basidiomycotas encontrados em grande maioria neste tipo de mata são os decompositores de madeira, sendo representados principalmente pela família Stronphariacea Singer & A. H. Sm (SINGER 1953). Abaixo representa-se alguns indivíduos, com fotos, desta família:

Hypholoma fasciculare

Pholiosa spumosa

Psilocybe mexicana

Existe também uma família que faz associação formando os liquens, Dictyonemataceae, foto abaixo:

Dictyonema glabratum

Um grupo também bastante recorrente são os fungos de odor característicos, que são capazes de atrair insetos, como os da família Phallaceae, foto abaixo:

Lysurus cruciatus

Já na Floresta de Eucalyptus sp. foram observados associações de ectomicorrizas com a planta Eucalyptus sp. E Pisolithus sp. foto abaixo:

No Brasil encontramos o bioma Mata Atlântica, com a maior biodiversidade mundial. Com o tempo, foi diminuída significativamente por atividades humanas que quase causou sua destruição completa (Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 1998; Ranta et al 1998). A Mata Atlântica é a segunda floresta neotropical em tamanho, depois da Floresta Amazônica. Localiza-se sobre uma antiga cadeia de montanhas, que se estende ao longo da costa brasileira.

No chão da floresta, misturados à serrapilheira, vivem inúmeras espécies de fungos, como os fungos Basidiomycota. Poucos estudos micológicos foram realizados na Mata Atlântica no Brasil (Loguercio-Leite & Gerber 1997; Soares & Gugliotta 1998; Gugliotta & Bononi 1999; Gerber & Loguercio-Leite 2000; Góes-Neto et al 2000;. Gibertoni & Cavalcanti 2000 , 2003). Os fungos foram estudados por hydnoid Bononi (1979), e espécies de Lachnocladiaceae Schizophyllaceae e foram relatados por Burt (1919), de canto (1950), Talbot (1951), Bononi et al. (1981), Bononi (1984), e Hjortstam & Bononi (1986), Capelari & Maziero (1988), Sotão et al. (1991), Jesus (1993, 1996), Silva & Minter (1995), Gugliotta (1997) e Gibertoni & Cavalcanti (2003).

As formas são curiosas. Um cogumelo lembra a arte japonesa de fazer dobraduras em papel. Outro parece um abajur em miniatura. De longe, dois parecem velas decorativas. De perto, o inesperado: nasceram cobertos por uma espécie de renda.

Muitas espécies têm vida curtíssima: duram 24 horas apenas.

Coleções de espécies da ordem Aphyllophorales foram feitos de setembro/2000 a junho/2002 em 13 reservas de Mata Atlântica nos Estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Quatro espécies de Hydnaceae, dois dos Lachnocladiaceae e um dos Schizophyllaceae foram registrados nas regiões pesquisadas. Auriscalpium villipes, Climacodon pulcherrimus, Gloeodontia descolorir, Irpex lacteus e Scytinostroma duriusculum são novos registros para o Nordeste do Brasil.

Um representante da família Hydnaceae Um representante da família Schizophyllaceae

Climacodon pulcherrimus Irpex lacteus

Já no cerrado, que constitui o segundo maior bioma do Brasil e da América do Sul, superado apenas pela Floresta Amazônica, ocupando originalmente mais de dois milhões de Km² (23% de toda a área do país) e abrangendo uma área contínua do Distrito Federal e dos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins; uma parte dos estados de Rondônia, Bahia, Ceará, sul do Maranhão e do Piauí, áreas isoladas ao norte do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, apresentando ainda pontos isolados no Paraná (Ribeiro & Walter, 1998).

De acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil, no cerrado existem em torno de 38 famílias de fungos no Cerrado, com 186 gêneros e 426 espécies.

Referentes ao filo Basidiomycota serão representadas abaixo algumas ordens que ocorrem nesse bioma: Ordem: com 47 espécies distribuídas em 27 gêneros.

Bovista pila Callistosporium luteoolivaceum Exemplares de fungos basidiomycotas da ordem Agaricales encontrados no Cerrado

Ordem: Boletales com 4 espécies distribuídas em 2 gêneros.

Boletus edulis

Exemplar de fungo basidiomycota da ordem Boletales encontrado no Cerrado.

Ordem: Hymenochaetales com 23 espécies distribuídas em 10 gêneros.

Phylloporia pectinata

Exemplar de fungo basidiomycota da ordem Hymenochaetales encontrado no Cerrado.

Ordem: Atheliales com 2 espécies distribuídas em 2 gêneros.

Byssoporia terrestris

Exemplar de fungo basidiomycota da ordem Atheliales encontrado no Cerrado.

E por último o campo rupestre que é um tipo de vegetação predominantemente herbáceo-arbustiva, com a presença eventual de arvoretas pouco desenvolvidas de até dois metros de altura. Abrange um complexo de vegetação que agrupa paisagens de microrrelevos com espécies típicas, ocupando trechos superiores a 900 metros, ocasionalmente a partir de 700 metros, em áreas onde há ventos constantes e variações extremas de temperatura, com dias quentes e noites frias.

De acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil no campo rupestre, existem 2 famílias de fungos, com 9 gêneros e 10 famílias. Referente a filo Basidiomycota existe apenas uma espécie Lactarius rupestres que é encontrada em Pernambuco.

Lactarius rupestris

Após uma leitura exaustiva das referências usadas, podemos concluir que durante a pesquisa, as informações dadas sobre os assuntos são de suma importância, visto que, acrescentam muito em nossa bagagem de conhecimento, uma vez que, com isso, podemos passar nosso aprendizado para os demais. REFERÊNCIAS

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Pesquisas feitas no dia 07/04/2013.

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