CAMPOS, CRISTIANE. Anastácias Sem Máscaras Beleza Negra E
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO MÍDIA, CULTURA E PRODUÇÃO DE SENTIDO CRISTIANE CARDOSO CAMPOS Anastácias sem máscaras: Beleza negra e antirracismo no YouTube Brasil Niterói 2020 CRISTIANE CARDOSO CAMPOS Anastácias sem máscaras: Beleza negra e antirracismo no YouTube Brasil Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do Mestrado em Comunicação. Área de Concentração: Mídia, Cultura e Produção de Sentido. Orientadora: Profa. Dra. Ariane Holzbach Niterói 2020 À minha amada mãe, à minha apaixonante avó Serafina e a todas as mulheres negras que me antecederam espiritualmente. À minha irmã Josiane e minhas primas Silvanna, Marianna e Fernanda porque o mundo é todo nosso! Ao meu pai e meu irmão Leandro e toda minha família para que saibam que também são amados e não fiquem com ciúmes. Aos meus sobrinhos Leandrinho, Felipinho, Miguel, Lucas, Arthur e Murilo e sobrinhas Maitê, Yasmim, Maria Flor, Maria Júlia e Anthonella para que vocês sempre saibam que são lindos e que podem chegar onde quiserem. Para todos que lutaram e ainda lutam para que o Brasil seja um país de todos. AGRADECIMENTOS Agradeço a meu pai Ogum, a minha mãe Iansã, às falanges das crianças, dos pretos velhos e do povo de rua, à minha ancestralidade. À minha querida orientadora Ariane Holzbach e a todos os professores que passaram pela minha vida escolar e acadêmica acreditando na minha capacidade e, particularmente, na importância desta pesquisa. Às maravilhosas “Minas do PPGCOM”, companheiras essenciais no compartilhamento de dúvidas, textos, emoções e drinks, sem os quais tudo teria sido mais difícil. Aos pesquisadores Wagner Dornelles, Erly Guedes, Joana D’Arc Nantes, Pedro da Conceição e Caio Mello que compartilharam comigo seu tempo, profissionalismo e produção. Às inspiradoras amigas Adriana Sampaio, Vanessa Rocha, Mariana Pettersen e Mariana Sacramento que me estimularam a encarar este desafio da pós-graduação. À amiga Mariana Pietrobon pela permanente acolhida no aconchego do lar e dos abraços. Às “Super Produtoras” e às “Pretas De Sucesso”, pela amizade, apoio, compreensão e paciência com as minhas ausências. Princesa que se fez Deusa, que fizeram Escrava, Escrava que era Princesa, Dai-nos a beleza do teu corpo e a serenidade da tua Alma, Escrava que fizeram Deusa, Deusa que nasceu livre, dai-nos a melancolia do teu olhar e a altivez do teu porte e livrai-nos da mordaça que ainda hoje nos ameaça. Reza Milagrosa de Anastácia,de Araken Vaz Galvão Eu era ao mesmo tempo responsável pelo meu corpo, responsável pela minha raça, pelos meu ancestrais. Frantz Fanon RESUMO O principal objetivo desta pesquisa é entender de que forma as ações antirracistas relacionadas à beleza negra estão acontecendo na cultura digital, com ênfase no YouTube. Para tanto, propomos uma análise interpretativa dos vídeos dos canais das youtubers negras – Camila Nunes e Gabi de Oliveira – e dos comentários de suas seguidoras a partir dos conceitos de empoderamento (BERTH, 2018) e lugar de fala (RIBEIRO, 2018). Como hipótese central, entendemos que a plataforma tem papel essencial nas dinâmicas de (re)construção antirracista da beleza negra. Nossa proposta é de extrema relevância considerando que a população negra representa mais da metade da população do Brasil, mas esta proporcionalidade não se reflete nas representações da mulher negra nas mídias hegemônicas. Quando essas mulheres aparecem midiaticamente, em geral a representação hegemônica é repleta de estereótipos que refletem, em sua maioria, a estrutura racista do nosso país. Essa representação propaga um padrão de beleza negra remediado (BOLTER; GRUSIN, 1999) que além de ajustado ao padrão de beleza branco, propaga preconceitos e auto-ódio desde os tempos a escravidão. Em certa medida, na contramão desse fenômeno, o YouTube tornou-se uma possibilidade não só de representatividade como, também, de uma nova etapa no processo histórico de elaboração do que é a beleza negra. Demonstramos que, apesar das formas diferentes de tratar do tema, ambas as influenciadoras apresentam, no YouTube, importantes expressões contemporâneas de reconhecimento, empoderamento e conscientização antirracista. Palavras-chave: YouTube; Influenciadoras; Beleza Negra; Mulher Negra; Antirracismo. ABSTRACT The main objective of this research is understanding how anti-racist actions related to black beauty are happening in digital culture, with an emphasis on YouTube. To this end, we propose an interpretative analysis of the videos of the channels of black youtubers – Camila Nunes and Gabi de Oliveira – and the comments of their followers. As a central hypothesis, we understand that the platform plays an essential role in the dynamics of anti-racist (re) construction of black beauty. Our proposal is extremely relevant considering that the black population represents more than half of the population in Brazil, but this proportionality is not reflected in the representations of black women in hegemonic media. When these women appear in the media, in general the hegemonic representation is full of stereotypes that mostly reflect the racist structure of our country. This representation propagates a remedied pattern of black beauty (BOLTER; GRUSIN, 1999) which, in addition to being adjusted to the pattern of white beauty, has also propagated prejudices and self-hatred since slavery. To a certain extent, against this phenomenon, YouTube has become a possibility not only for representativeness, but also for a new stage in the historical process of elaborating what black beauty is. We demonstrate that, despite the different ways of dealing with the theme, both influencers present, on YouTube, important contemporary expressions of recognition, empowerment and anti-racist awareness. Keywords: Youtube; Influencers; Black Beauty; Black woman; Anti-racism. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Anastácia Livre, de Yhuri Cruz (2019), frente e verso ......................................... 25 Figura 2 – Comentários no perfil da atriz Thaís Araújo ......................................................... 27 Figura 3 – Bloco da Nega Maluca, Rio de Janeiro, 2011 ....................................................... 28 Figura 4 – Mercado de escravos em Pernambuco (Gate & Slave Market at Pernambuco, Augustus Earle e Edward Francis Finden, 1824) .................................................................... 31 Figura 5 – Detalhe da mãe salvando o bebê ............................................................................ 32 Figura 6 – Detalhe da mulher que tem sua mão sobre um homem negro com costelas marcadas................................................................................................................................... 33 Figura 7 – Anúncio de fuga ..................................................................................................... 34 Figura 8 – Detalhe da mulher negra sendo examinada………………………...…..................35 Figura 9 – Desenho de Étienne Victor Arago representando uma pessoa escravizada e torturada no século XVIII e que cultuada por devotos da Escrava Anastácia .........................37 Figura 10 – Anúncio de fuga ................................................................................................... 40 Figura 11 – Anúncio de recompensa por captura .................................................................... 40 Figura 12 – Concurso de beleza do jornal “O Menelick” ....................................................... 44 Figura 13 – Vice vencedora do concurso de beleza ................................................................ 45 Figura 14 – Anúncios de salões de beleza .............................................................................. 46 Figura 15 – A voz da raça ....................................................................................................... 47 Figura 16 – Matéria sobre o concurso “Glamour Negro Girl” e o 1º Baile da Boneca de Pixe (1948) e foto da Rainha das Mulatas 1947 ............................................................................. 49 Figura 17 – As únicas vencedoras negras em mais de 120 anos do evento: Deise Nunes (1986), Raissa Santana (2016) e Monalysa Alcântara (2017) ................................................ 50 Figura 18 – Luana de Noilles .................................................................................................. 52 Figura 19 – Capa da primeira edição da revista “Raça Brasil” ............................................... 53 Figura 20 – Diversidade de raça e gênero no cinema brasileiro de 2002 a 2014 .................... 57 Figura 21 – Protagonistas negros nas novelas do horário nobre da TV Globo de 1995 a 2014………………………………………………………………………………….............. 57 Figura 22 – Personagem Adelaide .......................................................................................... 62 Figura 23 – Comentários de seguidoras da Camila Nunes ..................................................... 62 Figura 24 – Comentários de seguidoras da Gabi Oliveira ...................................................... 63 Figura 25 – Como o conteúdo influencia as mulheres ............................................................ 67 Figura 26 – Frame do Vídeo “#YouTubeBlackBrasil|EU SOU Camila Nunes” .................... 79 Figura 27 – Comentários de seguidoras da Camila Nunes ..................................................... 80 Figura 28 – Frame do vídeo Estética é menos