ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ACADEMIA REAL MILITAR (1811) CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES

Danilo Candeo Rodrigues Cordeiro

EMPREGO DE FRAÇÕES DE INFANTARIA EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE DE MONTANHA

Resende 2019 Danilo Candeo Rodrigues Cordeiro

EMPREGO DE FRAÇÕES DE INFANTARIA EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE DE MONTANHA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Militares, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências

Orientador: Raphael Cavalieri Nardi De Souza – Cap

Resende 2019 Danilo Candeo Rodrigues Cordeiro

EMPREGO DE FRAÇÕES DE INFANTARIA EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE DE MONTANHA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Militares, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares.

Aprovado em _____ de ______de 2019.

Banca examinadora:

______Raphael Cavalieri Nardi De Souza - Cap (Presidente/Orientador)

______Cap. Bruno De Almeida Cancio

______Cap. Iuri Melo Tavares

Resende 2019 Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, porque sem a fé eu não teria chegado ao final desta longa caminhada que é se tornar um oficial do Exército Brasileiro, também, não posso deixar de mencionar minha família que sempre foi um grande suporte para mim. AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus que, desde o princípio, foi a base de tudo, graças a Ele tenho uma família brilhante, carinhosa e que me deu o apoio necessário para seguir nessa longa caminhada de cinco anos. Ao meu pai que é o maior exemplo que tenho como homem, militar e Pai. A minha mãe pelo amor incondicional e presença constante nos meus dias, sempre me apoiando, esse amor tem um grande significado para mim e sem dúvidas é um dos motivos por eu ter chegado até aqui. Ao meu irmão que, mesmo com seus afazeres diários, sempre esteve torcendo por mim e me dando todo o apoio para que realizasse o meu sonho. Ao meu sobrinho recém nascido que está sendo mais uma motivação a mais para que eu siga em frente. Ao meu orientador que sempre esteve presente nas horas que precisava de algum auxílio. RESUMO

EMPREGO DE FRAÇÕES DE INFANTARIA EM OPERAÇÕES EM AMBIENTE DE MONTANHA

AUTOR: Danilo Candeo Rodrigues Cordeiro

ORIENTADOR: Raphael Cavalieri Nari De Souza - Cap

Este estudo diz respeito ao emprego de frações de Infantaria em operações em ambiente de montanha, onde, devido às peculiaridades do teatro de operações, há a necessidade de um treinamento e capacitação diferenciados para os militares. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de compor a parte teórica do estudo e posteriormente foi feito um estudo de campo com militares do 11º BIMth, os quais responderam a um questionário virtual, com o objetivo de verificar como se dá a capacitação e treinamento destes militares e as dificuldades em operar em terrenos de montanha.

Palavras-chave: Frações de Infantaria. Operações. Ambiente de montanha. 11º BIMth. Treinamento. ABSTRACT

EMPLOYMENT OF INFANTRY FRACTIONS IN OPERATIONS IN MOUNTAIN ENVIRONMENT

AUTHOR: Danilo Candeo Rodrigues Cordeiro

ORIENTER: Raphael Cavalieri Nari De Souza - Cap

This study concerns the use of fractions of infantry in operations in mountain environment, where, due to the peculiarities of the theater of operations, there is a need for differentiated training and training for the military. A bibliographic research was carried out in order to compose the theoretical part of the study and later a field study was carried out with 11th BIMth military personnel, who answered a virtual questionnaire, with the objective of verifying how the military training and training is given and difficulties in operating in mountainous terrain.

Keywords: Infantry fractions. Operations. Mountain environment. 11th BIMth. Training. SUMÁRIO

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS 1 ACADEMIA REAL MILITAR (1811) 1 Resende 4 RESUMO 9 2.4 HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DE COMBATENTES DE MONTANHA NO EXÉRCITO BRASILEIRO 20 3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 25 4.1 RESULTADOS 26 4.2 DISCUSSÃO29 9

1 INTRODUÇÃO

O Brasil tem em seu território diversos tipos diferentes de relevo e a montanha é um deles. A definição da geomorfologia considera montanha uma elevação cuja altura atinja 300 metros do terreno circuncidante. O Exército Brasileiro é responsável pela defesa nacional e por isso deve se adestrar para atuar nos diversos campos operacionais. As montanhas com suas peculiaridades são um local difícil para se operar e para isso faz-se necessário uma tropa especial para poder desempenhar essa tarefa. Os cursos de especialização do militar para melhor atuar nas montanhas, Guia de Cordada, Guia de Montanha Avançado e Estágio Básico do Combatente de Montanha, adestram seus alunos desde atividades mais simples até as mais avançadas. Diante da necessidade de se defender e se adestrar nesse ambiente tão peculiar nos leva as seguintes questões: quais as peculiaridades apresentadas no ambiente de montanha e como sua tropa adestrada age na infiltração? Após levantar essas questões, este trabalho, busca apresentar as principais peculiaridades de emprego da Companhia de Fuzileiro orgânica do Batalhão de Infantaria de Montanha nas operações de infiltração em ambiente de montanha.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Apresentar as principais peculiaridades de emprego da Companhia de Fuzileiro orgânica do Batalhão de Infantaria de Montanha nas operações de infiltração em ambiente de montanha.

1.1.2 Objetivos específicos

Apresentar as generalidades da infiltração tática no ambiente operacional de montanha;

Apresentar as peculiaridades do ambiente operacional de montanha. 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A PRESENÇA DO RELEVO MONTANHOSO NO BRASIL

Segundo Eustáquio (2015), a paisagem brasileira é imensa e complexa, com rios, pântanos, montanhas e planaltos entremeados, contíguos a outras grandes características e atravessando as fronteiras de estados e regiões. O Brasil é um país predominantemente tropical, famoso por suas extensas terras baixas da Amazônia; no entanto, as terras altas cobrem a maior parte do território nacional. As características físicas do Brasil podem ser agrupadas em cinco principais divisões fisiográficas: as Terras Altas da Guiana no Norte, as terras baixas da Amazônia, o Pantanal no Centro-Oeste, as Terras Altas do Brasil (incluindo as extensas faixas costeiras) e as planícies costeiras (EUSTÁQUIO, 2015).

Figura 1 – Mapa do relevo brasileiro 11

Fonte: IBGE (2019) O Brasil compartilha as terras altas da Guiana com a Venezuela, a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa. Mesas e cadeias de montanhas florestadas, cachoeiras cênicas e rios de água branca caracterizam a área. O ponto mais alto do Brasil é o , que alcança 9.888 pés (3.014 metros) ao longo da fronteira venezuelana na Serra do Imeri. A Serra da Pacaraima, mais ao leste, sobe para 2.792 metros no Monte Roraima, onde as fronteiras da Venezuela, Guiana e Brasil se encontram. As faixas menos acidentadas de Acaraí e Tumucumaque fazem fronteira com as Guianas (EUSTÁQUIO, 2015). As terras altas brasileiras compõem mais da metade da massa terrestre do país e são a principal fonte de riqueza mineral abundante do país. No Brasil, as terras altas são frequentemente chamadas de Planalto Central, mas esse termo pode ser limitado à parte das terras altas ao redor de Brasília e Goiás. Os planaltos escarpados incluem penhascos íngremes, planaltos com topo plano, ravinas, colinas ondulantes e afloramentos rochosos; no entanto, as elevações máximas da região estão abaixo de 10.000 pés (3.000 metros). Suas maiores elevações estão em duas áreas: a primeira ao longo de uma série de cordilheiras a menos de 300 milhas (500 km) da costa leste, e a segunda nos arredores de Brasília e a fronteira que 12

divide o estado da Bahia de Tocantins e Goiás. As terras altas ao norte e oeste de Goiás se estendem por cerca de 600 milhas (mil quilômetros) até chegarem às terras baixas da Amazônia. Uma enorme escarpa marca a borda leste das terras altas brasileiras, estendendo-se ao longo da costa por cerca de 2.600 km e formando cadeias montanhosas com cerca de 800 metros de altitude, com muitos picos individuais subindo acima de 7.000 pés 2.100 metros (EUSTÁQUIO, 2015). As principais faixas das terras altas do nordeste incluem a Serra Grande, que contorna a fronteira do Piauí com o Ceará; o Planalto Araripe (Chapado Araripe) no estado de Pernambuco; e a Planície Diamantina (Chapada Diamantina) na Bahia. A Serra do Espinhaço estende-se do centro de até o sul da Bahia, onde o Pico das Almas alcança 6.070 pés (1.850 metros). A Serra Geral de Goiás separa os estados de Goiás e Tocantins a oeste da Bahia ao leste. O estado de Goiás também inclui algumas das partes mais elevadas do Planalto Central, da Serra dos Pirineus e da Serra Dourada. As faixas e planaltos mais ao norte e ao oeste, que não são nem tão elevados nem tão profundamente dissecados quanto seus equivalentes orientais, incluem a rica Serra Rica de Carajás no leste do Pará, a Serra do Cachimbo, principalmente no sudoeste do Pará, e a Chapada dos Parecis, que se estende entre Rondônia e Mato Grosso. Outras regiões montanhosas do estado de Mato Grosso são algumas vezes designadas coletivamente como o Planalto do Mato Grosso (EUSTÁQUIO, 2015).

Figura 2 – Chapada Diamantina

Fonte: TRILHATREK (2019)

A Serra do Mar, com uma média de 3.000 pés (1.000 metros) acima do nível do mar, é o maior segmento da escarpa ao longo da costa do Atlântico. A faixa estende-se do sudeste de 13

Minas Gerais ao leste do Paraná; nas proximidades do , onde a serra é também conhecida como Serra dos Órgãos, apresenta uma face quase transparente ao mar e cria os afloramentos do Pão de Açúcar e da Gávea e uma série de pequenas ilhas. A Serra da Mantiqueira, localizada ao norte da Serra do Mar, mas ainda um pouco perto da costa, margeia para o sul a partir da Serra do Espinhaço; no sul de Minas Gerais, a Serra da Mantiqueira alcança 9.143 pés (2.787 metros) no Pico das Agulhas Negras, na fronteira do estado do Rio de Janeiro, e 9.482 pés (2.890 metros) no , próximo à Serra dos Aimorés, que se estende ao longo do Estado de Minas Gerais. Fronteira do Santo. Uma série de cordilheiras a sudoeste da Serra do Mar é conhecida como a Serra de Botucatu, no estado de São Paulo, e a Serra Geral, do sul do Paraná. O rio Iguaçu, no sudoeste do Paraná, passa por um rochedo íngreme de rocha de diabásio para formar as espetaculares Cataratas do Iguaçu. As cachoeiras de Guaíra, no rio Paraná, foram uma atração semelhante até 1982, quando a enorme represa hidrelétrica de Itaipu foi concluída e elas foram submersas (EUSTÁQUIO, 2015).

Figura 3 – Pico das Agulhas Negras

Fonte: TRILHATREK (2019)

2.2 OPERAÇÕES EM MONTANHA 14

Segundo Oliveira (2015), a doutrina militar para as operações em montanha não é diferente em sua essência daquela para o terreno convencional. O que ocorre são apenas algumas adaptações que são impostas pelo terreno. Já no século XIX a doutrina alertava que ataques em montanhas deveriam ser evitados, pois eram penosos e desgastantes. A posse de regiões elevadas deve ser instintiva nas montanhas, pois a posse proporciona superioridade moral e tática. O combate decisivo é travado nas partes altas do terreno. A orientação geral das operações é condicionada pelos vales, estes que proporcionam facilidades para o movimento e são imprescindíveis para atende às necessidades de apoio logístico para a tropa (OLIVEIRA, 2015). Nas operações em montanha é buscado operar com a surpresa para se obter êxito. O comando tem como sua maior preocupação a busca pela surpresa e para precaver-se da própria. Utilizando Unidades e frações adequadamente especializadas, estas quais atuam em período de pouca visibilidade para se obter a surpresa mesmo em ações ou operações em terreno considerados passivos para outras tropas e Unidades, favorecendo assim o escalão superior, este que tomará as decisões do local, momento e procedimento a ser adotado na ação ou operação. As manobras que mais se destacam netas ações são as de infiltração (OLIVEIRA, 2015). A infiltração é um movimento que busca penetrar em regiões ocupadas pelo inimigo, quando combinada com qualquer forma de manobra ofensiva, tem o objetivo de desdobrar-se alcançando a retaguarda da posição inimiga e contribuir, diretamente, na missão do escalão no qual está enquadrado. Quando se há uma tropa adestrada para o ambiente de montanha, o comandante deve considerar a possibilidade de utilizar a infiltração tática ao planeja um desbordamento ou uma penetração. As tropas adestradas têm conhecimento e habilidade para enfrentar as peculiaridades encontradas em terreno montanhoso (OLIVEIRA, 2015). O combate em terreno montanhoso normalmente é descentralizado, devido as múltiplas faixas de infiltração. Faz-se necessário a liderança nas mínimas frações. Algumas vezes quando se tem a necessidade de um ataque de força maior emprega-se o efetivo total. Por essa tal característica de dispersão a capacidade do inimigo empregar armas de grande calibre contra a força atacante reduz consideravelmente (OLIVEIRA, 2015). 15

2.3 PECULIARIDADES DO AMBIENTE OPERACIONAL DE MONTANHA

De acordo com Oliveira (2015), o ambiente operacional de montanha é um terreno onde a tropa se depara com diversas dificuldades. Os cursos e estágios preparam o militar para enfrentar as particularidades desse tipo de terreno e então ter pessoal especializado para operar. A utilização de viaturas no ambiente de montanha é marcada pela sua dificuldade de locomoção. Isso se dá pelo fato de estradas serem escassas e também sinuosas nesse tipo de ambiente. Por esse motivo o deslocamento de viaturas é comprometido, muitas vezes, inviável e são facilmente canalizados o que a valoriza os terrenos que possuem dominância sobre as estradas. É exatamente por isso que essas elevações, acidentes capitais, são objetivos a serem conquistados, pois dessa maneira evitam ser engajados por fogos inimigos (OLIVEIRA, 2015). Uma outra característica das operações em montanha é a dificuldade na transitabilidade da tropa a pé. As temperaturas baixas, a inclinação das elevações, o terreno pedregoso e a falta de trilhas dificultam o movimento de tropa a pé. Devido essas peculiaridades a tropa deve ser dotada de equipamento adequado para a escalada e de técnicas de escalada para transpor os obstáculos. O condicionamento dos militares deve ser elevado para manter a impulsão nas atividades. Dessa maneira a tropa estará apta a operar nesse ambiente (OLIVEIRA, 2015). A descentralização das operações é bastante comum na montanha. As tropas são distribuídas pelo terreno e devido a isso a liderança deve ser desenvolvida até nos menores escalões. Devido essas atividades descentralizadas há a necessidade de equipamento rádio para que possa garantir a comunicação em longas distâncias. As medidas de coordenação e controle devem ser muito bem compreendidas pelos militares para que haja uma execução com êxito nas operações. Com o cumprimento das ordens do Comandante, exercendo uma boa liderança nas frações e os meios funcionando perfeitamente as operações serão executadas com êxito (OLIVEIRA, 2015). O apoio de fogo é essencial para uma operação em montanha, porém há grande dificuldade para se empregar. A manobra é prejudicada graças ao terreno e nem sempre pode-se contar com a o apoio de fogo de unidades vizinhas. É difícil encontrar posições de tiro que proporcionem boas condições simultâneas de flanqueamento, rasância e profundidade de fogos. Com relação ao ressuprimento de munição para as peças as tropas se 16

deparam com uma enorme dificuldade devido as condições meteorológicas e peculiaridades do terreno. Em consequência as essas características levantadas as operações em ambiente de montanha são frequentemente manobras limitadas a uma série de assalto sucessivos de grupos de combate ou pelotões isolados (OLIVEIRA, 2015). A dificuldade de ressuprimento vinda da pouca mobilidade das viaturas é uma característica que o Comandante deve sempre levar em consideração para decidir se a missão é exequível ou não. O apoio logístico que decide a sobrevivência e permanência das tropas em combate. Para a realização do ressuprimento se usa diversos meios, como helicópteros, porém estes dependem das condições meteorológicas para serem utilizados. Haverá pontos de ressuprimento, para que a tropa, pois nem sempre possível chegar a posição onde a tropa está em posição (OLIVEIRA, 2015). Para a execução de uma operação em montanha a tropa deve ter domínio de técnicas especiais de Montanha, o que é mais uma de suas características. Para se adestrar o militar tem como fazer os Cursos Básico e Avançado de Montanha e o Estágio Básico do Combatente de Montanha. Nesses cursos e estágio aprendem desde o mais simples até o mais avançado para se poder operar naquele ambiente (OLIVEIRA, 2015).

2.4 HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DE COMBATENTES DE MONTANHA NO EXÉRCITO BRASILEIRO

Segundo Defesanet (2017), a primeira Unidade Especializada em Operações de Montanha no Exército Brasileiro foi criada no ano de 1977, após indicação do Estado Maior do Exército, tendo sido o 11º BI o escolhido. Com isso, o 11º BI desenvolveu doutrina própria para a formação de combatentes em regiões montanhosas, sendo que atualmente, o Regimento Tiradentes ministra 3 estágios de montanhismo militar.

O mais elementar, o Escalador Militar, do qual todos os militares do Batalhão participam, destina-se a qualificar o escalador de combate permitindo-lhe ascender por vias equipadas. O segundo, o Guia de Cordada, objetiva a condução de equipes de escaladores por vias de difícil acesso e de elevado grau de dificuldade, assim como a equipagem das vias de forma possibilitar ao escalador militar ultrapassá-las. Por fim, o Guia de Montanha, requer uma técnica mais apurada, e é realizado por militares selecionados dentre os que mais se destacaram no estágio anterior. Sua 17

finalidade é executar reconhecimentos técnicos em montanha; assessorar o comando na condução da tropa por terreno montanhoso; selecionar as melhores vias; ultrapassar paredões de até 6º grau de dificuldade e realizar busca e salvamento em montanha (DEFESANET, 2017, p. 1).

O currículo inclui: nós e amarrações; técnicas de escalada livre na pista de treinamento de montanhismo - PTM e na Academia de Escalada; técnica de escalada de vias equipadas na PTM; Instruções no próprio Ambiente de Montanha do Campo de Instrução de Montanhismo Militar da Serra da Piedade / 12° BI (CIMM) sobre: 1) Relevo, 2) Perigos da Montanha, 3) Vestuários e Equipamentos em Montanha, 4) Cordas; distúrbios fisiológicos em montanhas; evacuação de feridos; ambiente operacional de montanha; marchas em ambiente de montanha; aclimatação (DEFESANET, 2017).

2.4.1 A importância do preparo físico para os combatentes de montanha

Para atuar em ambiente de montanha, os combatentes precisam estar aptos a tal função, necessitando desenvolver uma série de atributos, os quais são adquiridos com o passar do tempo, principalmente através da prática do Treinamento Físico Militar. Um destes atributos diz respeito ao preparo físico, o qual no meio militar se dá através da prática de exercício físico, que segundo Dao (2010) há uma diferenciação entre atividade física e exercício físico: Atividade física é qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso, destinados para executar uma determinada tarefa, porém sem a finalidade de ganhar condicionamento físico ou manutenção da saúde. O exercício físico é a atividade física planejada, realizada de forma repetida para desenvolver ou manter o condicionamento físico. Para tornar-se e manter-se condicionado, os indivíduos devem exercitar-se regularmente.

De acordo com Brasil (2015), um dos principais atributos que o militar deve adquirir é preparo físico, uma vez que o mesmo é elemento fundamental da ação, sendo imprescindível que tenha saúde e bom condicionamento físico para atuar em cenários diversificados e muitas vezes em condições extremas, como os cenários de montanha.

Adquire-se o condicionamento físico mediante o emprego dos diversos meios de treinamento físico disponíveis nas sessões de TFM e, de forma natural, pelas atividades próprias da instrução e do adestramento (marchas, instrução tática e exercícios de campanha) (BRASIL, 2015, p. 2-1). 18

Já foi constatado através de estudos científicos que pode-se observar os seguintes efeitos na composição corporal com a prática de atividade física:

a) redução da gordura corporal quando associada a uma dieta adequada; b) aumento da massa corporal magra; e c) melhoria na prevenção e reabilitação de doenças crônicas, tais como: a hipertensão arterial e doenças pulmonares obstrutivas, com a normalização do metabolismo da gordura e o sucesso de programas de controle de peso (BRASIL, 2015, p. 2-2).

Isso corrobora para que se veja a real importância do TFM no EB, que segundo Brasil (2015, p. 2-2): a) existem evidências em relatos de diversos exércitos em campanha de que os militares bem preparados fisicamente estão mais aptos para suportarem o estresse debilitante do combate. A atitude tomada diante dos imprevistos e a segurança da própria vida dependem, muitas vezes, das qualidades físicas e morais adquiridas por meio do treinamento físico regular, convenientemente orientado; b) a melhora da aptidão física contribui para o aumento significativo da prontidão dos militares para o combate, influenciando na tomada de decisão. Os indivíduos bem condicionados fisicamente são mais resistentes às doenças e se recuperam mais rapidamente de lesões. Além disso, os mais bem condicionados fisicamente têm maiores níveis de autoconfiança e motivação; e c) estudos comprovam que o treinamento físico pode melhorar o rendimento intelectual e a concentração nas atividades rotineiras, levando a um maior rendimento no desempenho profissional, mesmo em atividades burocráticas

De acordo com Rodrigues (2006) em combatentes de montanha há um desgaste fisiológico muito grande, permanecendo o militar privado total ou parcialmente de períodos de sono e da ingestão adequada de água e alimentos. Em estudo realizado pelo IPCFEx, constatou-se que após 76 horas de operações continuadas os indicadores bioquímicos apontavam para alterações no organismo, que sugerem uma piora no desempenho do militar. O bom condicionamento físico e a saúde são fatores preponderantes para o combatente de montanha:

Um bom condicionamento físico é necessário para suportar grandes marchas; terrenos de difícil transposição, como charcos e montanhas; o pesado equipamento individual; o calor intenso e, até mesmo, para sobrepujar o inimigo com a força física, se assim for necessário. Atividades como assaltos fatigantes, corridas e rastejos demorados sob fogos inimigos, transposição de obstáculos variados, luta pela sobrevivência em casos de naufrágio, marchas intermináveis com cargas excessivas, esforços físicos para desatolar carros de combate em terrenos lamacentos e progressões exaustivas em terrenos difíceis para atingir as áreas de combate, são ações presentes no campo de batalha e que requerem um treinamento físico adequado (BRASIL, 2015, p. 11).

De acordo com Brasil (2015), no que diz respeito à eficiência profissional do militar, tem-se que há vários relatos que dão indícios de que os militares que encontram-se mais 19

preparados fisicamente são os que estão mais aptos a suportarem os problemas e estresse do combate. Tais relatos dizem respeito à campanha do Exército Britânico nas Ilhas Falkland e do Exército Americano em Granada. O treinamento físico feito diariamente proporciona ao militar melhor aptidão física, além de contribuir para um aumento significativo da prontidão para o combate, ficando os mesmos mais resistentes a doenças e recuperando-se mais rapidamente de lesões (BRASIL, 2015). No que diz respeito à área afetiva, os mesmos adquirem autoconfiança e motivação, além de terem seu nível intelectual melhorado, bem como concentração nas atividades do dia a dia, o que acarretará em um melhor rendimento no desempenho profissional (BRASIL, 2015). Segundo Brasil (2015) o dia a dia do combatente de montanha exige que o mesmo suporte diferentes agentes estressores, de cunho físico, psicológico, ambiental, nutricional ou outro qualquer. Estudos recentes revelaram que há um desgaste físico do militar devido ao declínio da capacidade aeróbia e massa corporal e manutenção de força durante algumas operações, principalmente relacionadas ao transporte de cargas. Desta forma tem-se a necessidade de melhorar a capacidade aeróbia antes da missão e manter um programa de treinamento físico durante a mesma. Ainda segundo estes estudos, ficou constatado que os militares que se encontram melhor preparados fisicamente suportam com mais facilidade o estresse do combate, ficando claro que a capacidade física do militar determinará o sucesso da missão (BRASIL, 2015). O militar com bom condicionamento físico aumenta significativamente a prontidão para o combate, possuem maiores níveis de autoconfiança e motivação, melhorando até mesmo o rendimento intelectual e a concentração, o que elevará o rendimento no desempenho profissional, mesmo que o indivíduo exerça atividade burocrática (BRASIL, 2015).

Figura 4 – Simulação de evacuação de ferido 20

Fonte: DEFESANET (2017) 21

3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

Os procedimentos metodológicos utilizados foram os seguintes: leituras preliminares para aprofundamento do tema; definição e elaboração dos instrumentos de coleta de dados e definição das etapas de análise do material. Ao serem estabelecidas as bases práticas para a pesquisa, procurou-se garantir a execução da pesquisa seguindo o cronograma proposto além de propiciar a verificação das etapas de estudo.

3.1 TIPOS DE PESQUISA

Inicialmente foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico, para a produção do referencial teórico. Foram consultados manuais do Exército Brasileiro, livros e bancos de dados eletrônicos que dizem respeito ao tema. Logo após foi feito um estudo de campo com 10 militares do 11º BI, os quais responderam a um questionário virtual, a fim de compor a parte do estudo de campo.

3.2 MÉTODOS

Coleta de dados bibliográficos e resumo dos mesmos para utilização na parte teórica do estudo. Em um segundo momento foram tabulados os questionários virtuais dos 10 militares do 11º BIMth a fim de compor o estudo de campo.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

10 militares do 11º BIMth que responderam a um questionário virtual, o qual encontra-se em anexo a este estudo. 22 23 24 25 26

5 CONCLUSÃO

O ambiente de montanha é um ambiente diferenciado, com suas peculiaridades geográficas, de clima, terreno, dentre outras, que dificulta as operações militares que ali são realizadas. Diante deste quadro, necessário se faz que os militares que ali operam devem ser treinados e capacitados a lidar com este tipo de ambiente, a fim de que realizem suas missões com sucesso e não coloque suas vidas e de seus companheiros em risco. Visando esse tipo de treinamento e capacitação, o 11º BIMth foi o primeiro Batalhão a capacitar militares para o combate em montanha, fato este que ocorreu em 1977 e de lá para cá tem sido modernizado de acordo com as exigências das novas doutrinas. Foi realizado um estudo de campo com 10 militares do 11º BIMth, os quais responderam a um questionário virtual, a fim de verificar como se dá a atuação dos mesmos em operações de montanha, o grau de dificuldade e o treinamento a que são submetidos. Ao final concluiu-se que os treinamentos são diferenciados devido às peculiaridades do ambiente de montanha, encontrando-se todos os militares aptos a realizarem suas missões neste tipo de ambiente. As maiores dificuldades em operar neste tipo de local são os aspectos geográficos e a exigência de estar apto fisicamente para tal. Foi considerado por 100% dos entrevistados que atuar neste tipo de ambiente possui um alto grau de dificuldade. 27

REFERÊNCIAS

BRASIL. Manual de Treinamento Físico Militar. Brasília: Exército Brasileiro, 2015.

DEFESANET. Como formar um combatente de montanha? Disponível em: . Acesso em: 06 jun. 2019.

EUSTÁQUIO, J. C. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2015.

OLIVEIRA, P. F. M. Possibilidades e limitações da brigada de infantaria leve (montanha) do Exército Brasileiro. 2015. 27, 65 p. Trabalho de conclusão de curso (Especialista em ciências Militares)- Escola de comando e estado-maior do Exército, Rio de Janeiro, 2015. 28

ANEXOS 29

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO PARA OS MILITARES DO 11º BIMth

1) Como você classifica o grau de dificuldade das operações em montanha? Alto – Médio – Não há dificuldade. 2) O militar que participa de operações de montanha deverá ter um treinamento diferenciado dos demais militares? 3) Quais as maiores dificuldades em uma operação em montanha? Aspectos geográficos – Clima – Preparo físico - Outros 4) O treinamento recebido por você foi adequado e suficiente para atuar em operações de montanha? 5) As tropas adestradas têm conhecimento e habilidade para enfrentar as peculiaridades encontradas em terreno montanhoso? 30

ANEXO 2 – ESTÁGIO DE COMBATE EM MONTANHA 31

Fonte: EXÉRCITO BRASILEIRO (2019)

ANEXO 2 – 12º BI EM ESTÁGIO DE MONTANHA

Fonte: EXÉRCITO BRASILEIRO (2019)