ANAIS 00 XXX! CONGRESSO BRASILEIRO OS GEOLOGIA, BALNüARIO OE CAMSORIÚ, SAMTA CATAK!."JA, ISSO, VOL. 4

í ^ GEOQUl'lVSICA E GÊNESE DO PEGMATITO LIMOEIRO ;j (VIRGEM DA LAPA- í1)

J. M. Correia Neves * A. C. Pedrosa Soares *

• UFfciG -GEOCIÊNCIAS - C. P. 2608 - EE LO HORIZONTE, MG - JRASIL Cl) TRABALHO REALIZADO COM AUXÍLIOS OG: CNPq, FINEP, ALEXANDER VON HUMBOLOT - SI IFTUNG (60NA - ALEMANHA) E CAPES

ABSTRACT

Tli 4 i i~ fi yi». i- ÍIÍ" * 1 ^ "' i -H» 3-h o structure, mineralogy, geochemistry, and logical setting of the Peymatite Limoeiro (Virgem da Lapa - try rock of this pegmatite As the Precanibrian Macaubas quartz - biotita schist. The pegmatites of this region seem to be genetically related to the Coror.el Hurts granitoids which in the Streckeigen's diagram are scattered between granite and granodiorite.^- /^TÍãe structure of the Pegmatite Limoeiro is well displayed through the quarring work and the following zones have been mappeõ: border zone, wall zone, internieçjia_fcjg_zone, quartz core and the replacement bodies.-gy (Asanple of twenty K,Na-feldspars specimens, collected according to the structure of the pegmatite, have been analysed for major elements and for Kb, Sr and Zr, using X-ray fluorescence spectrometry. Sequences of perthites from different zones, sampled all over the pegmatite, sho- wed enrichment of Kb from the wall zone inward. This pattern supports the assumption that the studied pegmatite from Limoeiro crystallèzed in a restricted system from the contacts inward_j___3 <^ The regiolíãT^'ariãíiõn"pattern""o"f~Eííé^ratios K/Eb and Eb/Ba seems to have metallogenetic implications as in other world pegmatite provinces.

INTRODUÇÃO

A região do Kédio Vale do Rio , MG, ê área de ocorrên - cia de inúmeros corpos pegmatíticos já referidos por PAIVA (1946) coit» pertencentes ã Província Pegmatítica Oriental. Grosso modo, distinguem-se dois grandes conjuntos de pegmatitos.Açjua. les situados entre Areçuaí-, caracterizados pela abundância mar - cante de minerais de lítio (SÃ, 1977), e outros, no eixo Araçuax-Sali - nas, (CORRETA NEVES et ai., 1978), menos enriquecidos em lítio e que são explorados, principalmente, com vistas ãs turmalinas coradas, ãgua-rcari^ nha, industrial, feldspato e peças de coleção.

2134 • Em at&os os casos, os pegmatitos se encaixam em metassedircentos do Grupo Kacaúbas e.nos granitóiães intrusivos nestas litologias, parecen- do associar-se geneticamente a estes plutonitos. Na região de Virgem da Lapa-Barra do Salinas, poucos são os pegmati- tos de porte encontrados e que já foram lavrados, (Pig. 1). O Pegmatito Limoeiro, (P2-Fig. 1), alvo de garimpagem que se iniciou a mais de uma década, encontra-se perfurado por várias galerias de ex- tensão considerável. Este trabalho objetiva demonstrar a origem do Pegmatito Limoeiro com base morfológica e mineralõgica segundo o modelo de CAMERON et ai.{1949), e também com fundamento na análise geoquímica, em especial na distribui ção do K e Rb nos feldspatos pertíticos das zonas primárias do corpo. O mapeamento de galerias permitiu a elaboração de perfis demonstrate vos do sr.odo de encaixamento e da morfologia interna do pegmatito, bem co ir,o a localização sistemática da amostragem. Por espectrografia de Raios-X determinou-se, quantitativamente,a com posição das pertitas. Microscopia, difração e espectrografia de Raios-X e de infravermelhos, foram outros métodos utilizados na caracterização dos minerais presentes.

GEOLOGIA

A área compreendida no mapa geológico da fig. 1, tem 260 km . Nela a_ floram metassedimentos do Pré-Cambriano Superior atribuídos ã Faixa de Dobramentos Araçuaí, (ALMEIDA, 1976), granitóides intrusivos, pegmati - tos e sedimentos terciários semi-consolidados, (HARTT, 1870). Questões pendentes de nomenclatura, subdivisão e posicionamento es- tratigráficos acerca dos metassedimentos Macaúbas persistem e, embora se tenha adotado o termo Grupo Macaúbas, não se considera oportuna tal dis_ cussão neste trabalho, (vide por ex., CPRM, 1978; CETEC, 1979; CORREIA NEVES et ai., 1978; KARFUNKEL et ai., 1979). Brevemente contamos apre - sentar uma revisão destes problemas. Na área considerada, (Fig. 1), os metassedimentos Macaúbas subdivi - dem-se em quartzitos impuros inferiores, (pembq)e quartzo-biotita-musco vita xistos superiores, (pembx). Os quartzitos afloram ao centro de um anticlinal revirado, com ver - gência no sentido NW e caimento SSW, na porção nordeste da área. São gra nulométrica e mineralogicamente heterogêneos contendo, além do quartzo, feldspatos, biotita, sericitae minerais opacos. Os quartzo - biotita-muscovita xistos são em geral granatíferos e/ou caLcíticos, exibindo lentes de quartzito micãcio carbonãtico. Alguns por firoblastos de granada vermelha incluem, em textura helicítica, quartzo, biotita e muscovita e deformam, localment', as superfícies de xistosida de. A estaurolita . aparece no xisto a leste da estrada que leva ã Lavra Toca da Onça, (P4-Fig.l). A cianita associa-se ã zona de falhas do Ribei

2135 rio do Limoeiro, nas vizinhanças do pegraatito aqui estudado. A composi- ção r.odal da amostra de xisto n9 911 coletada na Lavra do Limoeiro é: Quartzo 60,6%; Biotita 26,7%; Muscovita 10,7%; Granada 1,8%.' Granitos pegmatóides, de granulação grossa, a pertita, quartzo,musco vita, biotita, granada vermelha e turmalina negra, são intrusivos nos ir.etassedimentos Macaúbas, que turmalinizam. Xenólitos de quartzo-bioti- ta-Buscovita xisto, como se observa próximo â Lavra do José Caries, (P7- Fig.l), foram apanhados pela intrusão dos granltõides. Estudos pormeno- rizados dos granitõides faneríticos, não pegmatóides, de , a nordeste de Virgem da Lapa, comprovam seu caráter intrusivo e os situ am, cora base nas análises modais, no domínio das composições graniticas a grsnodioríticas da sistemática de STRECKEISEN (1973), (MONTEIRO,1979). Datações radiométricas (Rb/Sr) efetuadas por SÂ, (1977), resultaram em idades de 659^40 m.a. para o metamorfismo dos xistos, 519±6 m.a.para os granitóides e por volta de 500 m.a. (K/Ar) para os pegmatitos. Recobrindo metamorfitos, granitõides e pegmatitos encontram-se sedi- mentos semi-consolidados de atitude horizontal, cujas análises granulo- irsétricas de amostras coletadas era perfil na Chapada São Domingos indicam duas tendências principais a sedimentos síltico-argilo-arenosos e areno- argilosos. A espessura do pacote sedimentar calcula-se por volta de 70m, ã exceção do latossolo que o recobre. Observa-se que nem sempre a morfo logia aplainada, em chapadas, indica a presença dos sedimentos terciã - rios como, por exemplo, na chapada constituida pelos quartzitos Macau - bas a NE da área, (Fig.l).

PEGMATITO LIMOEIRO

Introdução O Pegmatito Limoeiro (P2-Fig.l), encaixa-se em concordância com a xis tosidade do quartzo-biotita-muscovita xisto, segundo o valor médio de 155°/20°NE, causando turmalinização na encaixante. A composição modal de um turmalina-quartzo xisto do contato (amostra 901) é: Turmalina 53,1%; Quartzo 44,3%; Muscovita 2,3%. A espessura média do corpo ê de 7 metros. A amostragem foi localiza- da no mapa de galerias da figura 2.

Horfologia •

0 zonamento interno do pegmatito ê evidente (Figs.3 e 4). Uma zona marginal descontínua e estreita que bordeja o corpo, apre - senta-se constituida por pertita, plagioclásio sõdico, quartzo, muscovji ta e biotita. A zona mural é caracterizada pelo intererescimento gráfico pertita -

2136 /••ti^'^'liilllA^A.V.i^^^&U^^

quartzo, em textura média a fina no sentido de CAMERON et ai- (1949). Os seus minerais acessórios são schorlita, muscovita, biotita e granada ver melha. A composição modal de uma amostra (n9 862) do pegraatito gráfico ê: Hicroclínio 56,0%; Albita venular pertítica 11,0%; Quartzo 33,0%. A zona intermédia, com textura de grão grosso a muito grosso, consti^ tui-se essencialmente de feldspato pertítico e quartzo. Os acessórios principais são schorlita, muscovita, berilo maciço e granada vermelha; em lâmina delgada vê-se albita poicilítica no microclínio. Análises mo- dais de.três pertitas resultaram em: Amostra Microclínio (%) Albita {%) 867 78,9 21,1 873 78,0 22,0 886 84,7 15,3 A amostra 886 encontra-se muito próxima ao núcleo de quartzo, o que poderá explicar a baixa pertitização. Ainda na zona intermédia se observa que o berilo maciço apenas apare ce nas vizinhanças do núcleo, (Fig.4). O núcleo, constituido por quartzo leitoso, tem a sua melhor exposi - ção na galeria G-l, (Fig. 3) e forma um corpo descontínuo. Com relevância para as proximidades do núcleo, encontram-se corpos de substituição de várias formas e tamanhos, posteriores ao zonamento pri- mário do corpo. Cleavelandita, quartzo anédrico e euédrico, muscovitas de grão fino, constituem a base destes corpos em que ocorrem, como aces sõrios, topázio, fluorapatita, herderita, turmalinas coradas e microli- ta. Duas lâminas de material da zona intermédia, em contato com corpos de substituição, indicam o metassomatismo que afeta o zonamento primário por efeito dos fluidos residuais da cristalização do pegmatite Suas com posições modais são:

Amostra 865 Amostra 883 Microclínio 15,0 % 33,5 % Albita 76,0 35,7 Quartzo 8,4 28,0 Topãzio + mica 0,6 - Turmalina + mica _ 2,8

Em ambos os casos, o feldspato alcalino se apresenta corroido cm anos_ tra de mão e as texturas microscópicas refletem a substituição do micro clínio pela albita. Um grande xenõlito de quartzo-biotita-muscovita xisto (Fig.4) rodea- do por pegmatito gráfico, mostra que não só os contatos com a encaixan-

2137 te comportam-se como limites de começo da cristalização do pegmatito, ir.as que outras superfícies (como as do xenõlito), de onde parten gradi- entes âe temperatura e concentração, podem funcionar como tal. Aspectos çeoquímicos acerca desta cristalização serão discutidos adiante.

Hineralcgia

Dos r.inerais encontrados atentou-se mais detalhadamente aos feldspa- tos pertíticos'. Estes são macropertitas distribuidas por todas as zonas primárias, exceto o núcleo. As composições químicas desses feldspatos referem-se nos Quadros I e II e as amostras analisadas localizam-se nas figuras 2,3 e 4. Os componentes Ab, An e Or calculados, (Quadro II), representam-se no

diagrama de YODER et ai. (1957), (Fig. 5). Os componentes RbAlSi3O(} e

SrAl2Si208 incluem-se, respectivamente, em Or e An. A amostra S67 dls - tancia-se da média das percentagens de Or e Ab por se tratar de pertita afetada por metassomatismo sódico, tal como as amostras 865 e 883 já re feridas. Por espectrografia de Raios-X nao se detectam traços de césio em ne- nhuma das pertitas de pegmatito gráfico (Amostras 862, 864, 882e890), mas a presença deste elemento cresce genericamente com o aumento do teor esi rubídio, tal como se observa em diagramas qualitativos. Os microclínios estudados apresentam valores de triclinicidade, na de_ finição de GOLDSMIDTH e LAVES (1954), variando entre 0,85 - 0,98,(Fig.6 e Quadre II). Os nítidos picos de absorção de infravermelhos do microclínio (770 e 728 cm~lj , e que não surgem no espectro doutros feldspatos potássicos , (CORREIA NEVES, 1962), aparecem para todas as amostras referidas no Qua dro I. Os minerais caracterizados no Pegmatito Limoeiro por difração de Raios-X foram, nas zonas primárias: albita, microclínio, quartzo,musco- vita, biotita, schorlita, berilo e granada; nos corpos de substituição: cleavelandita , quartzo, micas claras de grão fino, turmalinas coradas, topázio,fluorapatita, microlita e hidroxi-herderita. Esta última foi ob jeto de estudo por DUNN et ai. (1979). A interpretação das relações paragenéticas observadas e dos dados a- r.alíticos permite a apresentação da seqüência de cristalização da figu- ra 7.

Geoquímica

As características geoquímicas de vinte amostras de feldspatos pertlú ticos coletadas segundo a estrutura do corpo pegmatítico (Figs. 3 e 4 ) estão referidas nos quadros I e II. A coleta de amostras objetivou a obtenção de informação geoquímica

2138 segundo as três dimensões do corpo pegmatítico uma vez que, em regra, devido aos- rudimentares métodos de lavra, a amostragem fica pouco repre sentõtiva do. volume total do corpo (CORREIA NEVES, 1964)-

Quadro I - Composição química de feldspatos pertíticos do Pegmatito Li- moeiro {*. pegraatito gráfico; o pertita afetada por metesso- mati sino sódico).

al Fe Ca0 Na K Amostra %SiO2 TiO2 2°3 2°3 2° 2°

862 *. 63,55 0,031 19,56 0,40 0,17 2,71 12,01 882 *. 63,61 0,004 19,37 0,00 0,15 2,84 11,91 890 *. 65,82 0,004 19,67 0,00 0,15 2,40 12,76 864 *. 64,79 0,082 19,55 0,24 0,18 2,74 12,25 865 F 64,56 0,003 19,39 0,00 0,12 2,83 12,16 867 o 65,52 0,004 19,51 0,00 0,14 4,96 9,30 867 F 64,99 0,051 19,43 0,38 0,15 3,55 11,08 869 F 63,89 0,008 19,36 0,26 0,13 2,78 11,85 870 65,15 0,015 19,50 0,00 0,14 3,45 11,14 872 F 64,55 0,002 19,49 0,00 0,13 2,80 11,84 875 F 64,55 0,003 19,50 0,40 0,13 3,13 11,55 877 F 64,90 0,003 19,57 0,00 0,12 3,38 11,38 879 F 63,71 0,002 19,17 0,00 0,12 3,15 11,58 881 F 64,37 0,003 19,68 0,00 0,12 2,26 12,58 885 64,87 0,003 19,53 0,00 0,13 2,04 12,99 886 F 64,31 0,003 19,43 . 0,00 0,13 2,30 12,71 892 64,17 0,004 19,16 0,00 0,14 3,00 11,79 89 4 F 65,28 0,004 19,62 0,00 0,13 3,10 11,69 896 F 65,62 0,065 19,79 0,00 0,17 2,94 11,83 899 F 65,18 0,004 19,73 0,00 0,14 2,95 12,08

Da análise do quadro II verifica-se que das vinte pertitas analisa- das as do pegmatito gráfico, coletadas em diversos pontos do ocrpo (Figs.3e4), além de mostrarem os mais baixos teores em Rb, estes são da mesma ordem de grandeza (cerca de 1000 ppm ou menos). Tomando em atenção o posicionamento da amostragem (Figs. 3 e 4),ve- rificamos também que o teor em Rb dos feldspatos estudados aumenta ã me dlda que eles se situam mais próximos do núcleo de quartzo. Isto torna- se mais evidente plotando o K em função do Rb no diagrama de AHRENS et ai. (1952) modificado por TAYLOR et ai. (1956) tal como se indica na f:L gura 8. Os feldspatos mais diferenciados correspondem aos que se situam mais ã direita no diagrama anterior. Isto aliás corresponde a uma veri- ficação generalizada (CORREIA NEVES 1964, 1980; CORREIA NEVES et ai. 1966, 19 72; SHMAKIN 1979). Atendendo ãs relações cristaloquímicas existentes entre os eleir.en -

2139 tos K e Kb (MASON, 1966) este esquema de variação do Rb juntamente com as características texturais das zonas mural e intermédia, podem inter- pretar-se como prova da cristalização fracionada do Pegmatito Limoeiro. Conseguimos assim mais uma confirmação, de índole geoquímica, qua apo ia a teoria da cristalização fracionada dos pegmatites graniticos. Nou- tros trabalhos (por exemplo CORREIA NEVES 1964, 1980; CORREIA NEVES et ai. 1966, 1972; SHMAKIN 1979) encontramos também e.-te tipo de confirma- ção.

Quadro II ~ Alguns elementos traços (ppm) de pertitas do Pegmatito Limo eiro e seu conteúdo em Or, Ab e An là - valores da triclini cidade 131; o significado dos outros sinais está no Qua.I).

Amostra A Rb Sr Zr K/Rb Or% Ab% An%

862 * 0,937 967 34 4 103,1 74,0 25,2 0,8 882 0,887 708 45 4 139,7 72,1 27,1 0,8 890 0,862 854 33 4 124,0 77,2 22,0 0,8 864 * ^ 0,975 1047 30 3 97,1 74,1 25,0 0,9 865 F 0,850 2760 25 2 36,6 73,7 25,8 0,5 867 0 0,912 1387 21 6 55,7 55,1 44,2 0,7 867 F 0,912 1623 19 2 56,7 69,9 32,3 0,8 869 F 0,912 1299 29 4 75,7 73,3 26,0 0,7 870 0,937 1777 25 4 52,0 67,7 31,6 0,7 872 F 0,912 2840 27 3 34,6 72,8 26,5 0,7 875 F 0,937 1574 28 5 60,9 70,5 28,8 0,7 877 F 0,950 3295 31 5 28,7 68,8 30,6 0,6 879 F 0,912 2157 28 4 44,6 70,6 28,9 0,5 881 F 0,850 6545 27 1 16,0 78,6 20,8 0,6 885 0,925 4095 21 0 26,3 80,4 18,9 0,7 886 F 0,925 2166 19 2 48,7 78,0 21,3 0,7 892 0,962 1101 18 3 88,9 71,7 27,6 0,7 894 F 0,855 4302 17 0 22,6 71,1 23,2 0,7 896 F 0,850 3157 20 0 31,2 72,5 26,8 0,7 899 F 0,850 1440 21 3 69,6 72,5 26,8 0,7

O fato de o teor em Rb das quatro amostras de pertitas de pegreatito gráfico, ser da mesma ordem de grandeza, deve também significar ã esca- la do corpo pegmatítíco uma composição "homogênea" da fusão silica-ada a partir da qual se formou o Pegmatito Limoeiro. Esta "homogeneidade" im plica a existência de correntes de convecção no interior da camera r.ag- mãtica pegmatítica como LUTH e TUTTLE (1969) admitiram. Os corpos de subs- tituição do Limoeiro, pelo seu pequeno volume, quando comparados com o das zonas primárias do corpo (Pigs. 3 e 4), podem também interpretar- se como tendo-se formado a partir do mesmo sistema do qual originaram -

2140 se as zonas primárias.

ANALISE METALOGENÉTICA

Comparando os teores em Sb dos feldspatos pertíticos do Pegmatito IA moeiro analisados com os de outros feldspatos da área de Coronel Murta (CORREIA NEVES, 1980) e de Itinga (SÃ, 1977), verifica-se que em boa par te os do Limoeiro se situam justamente entre os destas duas últimas á- reas (CORREIA NEVES, 1980). Os feldspatos dos pegmatitos da área de Coronel Murta (CORREIA NEVES, 1980), encaixados nos granitóides ou em metamorfitos vizinhos deles, tal como acontece na Província Pegmatítica do Alto Ligonha em Moçambique (CORREIA NEVES et ai. 1972), são particularmente ricos em Ba (de cerca de 500 até 2000 ppm) e pobres em Rb (ã volta de 500 a 600 ppm) quando comparados com os do Limoeiro ou da região de Itinga (SÃ, 1977) (Fig.8). Muito embora a mineralogia dos pegmatitos destas regiões não esteja completa e sistematicamente investigada pode-se, porém, desde já perce- ber que os minerais acessórios do Pegmatito Limoeiro,além de diferentes, são em maior número do que os dos pegmatitos simples encaixados nos gra nitóides de Coronel Murta. A especialização mineralógica que leva ao aparecimento de minerais mais raros, como por exemplo microlita, herderita, polucita, turmalinas coradas, cleavelandita e outros, sobretudo localizados nos corpos da su bstituição, correlaciona-se, no Limoeiro e em Itinga, com um acentuado aumento nos teores de Rb e Cs nos feldspatos. Este acréscimo ê acorcpa - nhado pela drástica redução no teor em Ba dos mesmos feldspatos. Parece-nos possuirmos já suficiente informação geoquímica (CORREIA NEVES 1964, 1980; CORREIA NEVES et ai. 1966, 1972; LOPES NUNES 1973; SHMAKIN 1979), para se afirmar que a diminuição dos valores das relações K/Rb e Ba/Rb, determinadas em feldspatos e micas, corre paralelamente a uma especialização mineralógica e metalogenética . Deste modo poderemos passar a dispor de critério geoquímico de pros- pecção que nos permitirá prever, a partir da análise das pertitas e mi- cas, sobre a potencialidade econômica dos corpos pegmatíticos mesmoquan do mal aflorados. Para que, porém, possamos tirar todo o proveito deste método, torna- se necessário estabelecer, para cada província pegmatítica, um padrão de variação regional das relações K/Rb e Ba/Rb tal como, com mais detalhe, ê referido noutro trabalho (CORREIA NEVES, 1980). Ê esta uma das metas do programa de pesquisa que temos em execução no Instituto de Geociências da UFMG.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos Profs. Mehnert e Büsch do Instituto de Min£

2141 ralogia da Universidade Livre de Berlim pela sua ajuda durante o está - gio que utn deles realizou recentemente nesta Universidade. Aqui recebe- mos também apoio técnico da Senhora Eichhorst a quem igualmente agrade- cemos. A Fundação Alexander von Humboldt (Bona-Alemanha), o Conselho íía_ cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNP ), a Financiado ra de Estudos e Projetos (FINEP) , a CAPES e o IGC-UFMG forneceram os meios que permitiram escrever o presente trabalho. A estas Instituições os nos sos agradecimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHREIIS, L.H., PINSON, W.H. KEARNS, M.M. - 1952 - Association of rubi - dium and potassium and their abundance in common igneous rocks and meteorites. Geoch. Cosmoch. Acta, 2:229-242. ALMEIDA, F.F. de, HASUI, Y., BRITO NEVES, B.B. - 1976 - The Upper Pre - cambrian of South America. Boi. IG-USP, 7:45-80. CAMERON, E.N., JAHNS, R.H., McNAIR, A.H., PAGE, L.R. - 1949 - Internal Structure of Granitic Pegmatites. Economic Geology, Monograph 2. CETEC - 1979 - Projeto Estudos Integrados do Vale do Jequitinhonha.Rel. Tec. I e II, Geol-Rec.Min., Fund. Centro Tecnológico de Minas Gerais. CORREIA NEVES, J.M. - 1962 - Pegmatitos da Região da Venturinha {Penal- va do Castelo, Viseu). Memórias e Notícias, 54, Coimbra. CORREIA NEVES, J.M. - 1964 - Gênese des zonargebauten Beryllpegmatits von Venturinha (Viseu, Portugal) in geochemischer Sicht. Heid.3eitra ege Min. und Petr. 10:357-373, Correns vol. CORREIA NEVES, J.M., LOPES NUNES, J.E. - 1966 - Geochemistry of the pec matitic field of Alto Ligonha (Mozambique-P.E.A.). Rev. Est. Ger.Uru Moç., Série VI, 3:1-30. CORREIA NEVES, J.M., LOPES NUNES, J.E., LUCAS, D.B. - 1972 - Mineralogy and Geochemistry of Pegmatites from Mozambique (P.E.A.) 24th Int. Geol. Congr., Sect. 10:37-44. CORREIA NEVES, J.M., KARFUNKEL,J., KARFUNKEL,B., SCHMIDT, J.C., QUÊM2 - NEUR, J.J: - 1978 - Geologia da Região Pegmatítica entre Coronel Mur ta e Salinas, Minas Gerais. XXX9 Congresso Brasileiro de Geologia.Inic. CORREIA NEVES, J.M. - 1980 - Composição and Structural state of feldspars from the eastern pegmatite province of Minas Gerais. 26th Int. Geol. Congress. Paris. CPRM - 1978 - Projeto Jequitinhonha. Relatório Final. DNPM. DUNN, P.J., WOLFE, C.W., LEAVENS, P.B., WILSON, W.E. - 1979 - Hydroxyl- herderite from Brazil and a guide to species nomenclature for the her- derite/Hydroxil-herderite series. The Mineralogical Record, 10 (1) :5-ll. GOLDSMIDTH, J.R., LAVES, F. - 1954 - The microcline-sanidine stability relations. Geoch. Cosmoch. Acta, 5:1-19. HARTT, C.F. - 1870 - Geology and physical geography of Brazil. Boston.

2142 KARFUNKEL, J., SCHMIDT,J.C., KARPONKEL, B.S. - 1979 - Contribuição ã Es tratigrafia e Tectõnica da Faixa de Dobramentos Araçuaí. Simpósio do Cráton São Francisco, Salvador. Inéd. LOPES NUNES, J.E. - 1973 - Contribution ã 1'étude minéralogique et géo- chimique des pegmatites du Mozambique. Sciences de Ia Terre, Mém. 26:1-261. LUTH, W.C., and TÜTTLE, O.F. - 1969 - The hydrous vapor phase in equili brium with Granite and Granite magmas. The Geological Society of Arae rica, Memoir 115, Igneous and Metatnorphic Geology:513-548. MASON,B. - 1966 - Principles of Geochemistry. 3th ed. John Wiley S Sons, Inc. MONTEIRO, R.L.B.P. - 1979 - Geologia da Região de Coronel Murta e Estu- | do do Pegmatito da Lavra da Serra. IGC-UFMG, Trabalho de Graduação.Inéd. ! PAIVA, G.- 1946 - Províncias Pegmatíticas do Brasil.DNPM. i SÃ, J.H. da S. - 1977 - Pegmatitos Litiníferos da Região de Itinga-Ara- çuaí , Minas Gerais. IG-USP, Tese de Doutoramento. SHMAKIN, B.M. - 1979 - Composition and Strutural State of K-feldspars from some U.S. pegmatites. Am. Mineral., 64:49-56. STRECKEISEN, A.L. - 1973 - Plutonic Rocks, classification and nomencla- ture recommended by the IUGS subcommission on the systematics of Igneous Rocks. Geotimes vol. 18. n910:26-30. TAYLOR, S.R., EMELEUS, C.H., EXLEY, C.S. - 1956 - Some anomalous K/Rb ratios in igneous rocks and their petrological significance. Geoch. Cosmoch. Acta, 10:224-229. YODER, H.S., STEWART, D.B., SMITH, J.R. - 1957 - Ternary feldspars.Car- negie Inst. Washington, Year Book 56:207-214.

2143 FIG. I. MAPA GEOLÓGICO - VIRGEM OA LAPA - BARRA 00 SALINAS- MINAS GERAIS.

LEGENDA 10CALI2AÇÂ0 HEOIONAL TERCIA'ftIO r=7B SEDIMENTOS SÍLTICO- AR6IL0-ARCN0S0S E ARENO- EsbJ ARGILOSOS. SEMI-CONSOUOADO*. PRÉ-CAMBRIANO SUPERIOR INTRUSIVAS ÁCIDAS

[•%•} ORANITOS PESMATO'lDES. P. PE8MATITOS.

GRUPO MACAÚBAS rr^i 0UARTZ0-8I0TITA-MUSC0VITA XISTO MANATIVERO EA» ™ I CALCÍTICO. ESTAUROLITA E FELDSPATOS OCASIONAIS.

[>5»wl OUARTZITOS IMPUROS. CONTATO DEFINIDO; APROXIMADO SE TRACEJADO. PI .BURITI. FALHA DEFINIDA; INFERIDA SE TRACEJAOA Pi. LIMOEIRO <•? ATITUDE DE CAMADA MEDIOA. ' PS. LIM0EM0 DE BAIXO •*? ATITUDE OE CAMAOA EjfeU XISTOSIDAOC MEDIDA. P4. TOCA OA ONÇA - « - A — EOCO PROVÁVELOE ANTICLINAL REVIRADO 0/ CAIMCNTO PS. LARANJEIRAS. —'—*-* ESTRADAS PRINCIPAIS. Pt. LARANJEIRAS OE BAIXO ESTRAOAS SECUNCA'RIAS. PT. JOSÉ CARIES ESCALA ; ! * ***

2144 J] ;I1! '•I i« i If I i J i J f

214S FIG. 3 . PERFIL A-A1. GALERIA G-l - LAVRA 00 LIMOEIRO - VIRGEM OA LAPtt. MG.

METROS NE

IS à

PERTJTA-QUARTZO PEGMATlTO.TEXTURA GRAFICA FINA LIMITES DAS ZONAS 00 PEGMATlTO. A MEDIA. ZONA MURAL. INFERIDO QUANDO PONTILHAOO. ti.» PERTITA-OUARTZO- MUSCOVITA-SCHORLITA-BERlU) PEGMATlTO. CONTATO PEGMATlTO-QUARTZO MlCAXISTO. TEXT.GROSSA A MUITO GROSSA. ZONA INTERMÉDIA. INFERIDO QUANDO TRACEJADO

QUARTZO MACIÇO. NÚCLEO COTA DE REFERÊNCIA

CLEAVEUMXTA-MICAS CUWAS-OUARTZ0 EUÉDRICOTURMA- UNA8T0PlfelOaü0«AP«nTArHCRDERlTA. CORPOS DE SUBSTI- AMOSTRA DE FELOSPATO ANALISADA TUIÇÃO ' ",'

•>"• •• •

\$$:

2147 g if H•

FIG 7. SEQÜÊNCIA DE CfMSTAUXACiO - PECMATITO LIMOEIRO- VIKCEM D» LAM- MC. ZONEAJtfNTO COKW» DE «MSTITUIcfo mmmmu. KÚCUO «iwocumc

*UITA

QUARTZO WOTIT» MUKCMTA

SCHORUTk

IWMUUWt OCMUS •CTILO 6MNAM TOfliZK) FLUMAMTITA

«(CXOUTA (V)

• /

tf» •// / •• o *> »• °« * •«•

/ / /

/ / / l i • • • • • *

FI6. • . DELAÇÕES K/F» OE FEIDSMTOS ALCW.INOS PEGMATTnoOS M RECliO OE AMOUAl'. MG. («KW«TIT(I «unco •ICM MTtiui»«.M tMocm. wiMn M i»M) Iitumm itnwti mi u. itn. ummf- inn«:»«»i«m wuii» mum w nnun, • KWIHIKM OMeUMiNIOiS K«M*Tiro COH LCPlDOLITAi o KWMTIfO COM VOUIon ).

2148