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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CULTURA DA VILA: Complexo Cultural no Antigo Mercado de Oeiras – Piauí

Kelly Karollyni Ferreira Dantas de Sousa

TERESINA – PI 2018.2 Kelly Karollyni Ferreira Dantas de Sousa

CULTURA DA VILA: Complexo Cultural no Antigo Mercado de Oeiras – Piauí

Projeto de Pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, apresentado ao centro universitário UNINOVAFAPI e com a colaboração da prof. ª Pamela Krisna Ribeiro Franco Freire, como requisito para a disciplina de projeto de pesquisa, 10º período.

TERESINA – PI 2018.2

FICHA CATALOGRÁFICA

S725c Sousa, Kelly Karollyni Ferreira Dantas de.

Cultura da vila: complexo cultural no antigo mercado de

Oeiras - Piauí / Kelly Karollyni Ferreira Dantas de Sousa. –

Teresina: Uninovafapi, 2018.

Orientador (a): Prof. Me. Pamela Krishna Ribeiro Franco Freire; Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2018.

84. p.; il. 23cm.

Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, 2018.

1. Patrimônio cultural. 2. Requalificação. 3. Centro cultural. I.Título. II. Freire, Pamela Krishna R. Franco.

CDD 720.9

Catalogação na publicação Antonio Luis Fonseca Silva– CRB/1035 Francisco Renato Sampaio da Silva – CRB/1028

RESUMO

O mercado está inserido em um cenário arquitetônico muito importante para a história do estado do Piauí. Localizado no centro histórico-comercial, da cidade, o antigo mercado público, hoje, desempenha o papel de contar a sua história. O antigo mercado e a sua praça compõem a estrutura urbana da cidade, e por muito tempo proporcionou além da sua função comercial, como a venda de suprimentos, ofereceu também o convívio social, encontros, representando a cultura da cidade. O trabalho tem como premissa básica propor a requalificação do mercado velho da cidade de Oeiras e torna-lo em um complexo cultural, requalificando também o seu calçadão, estabelecendo novos usos e adotando técnicas sustentáveis e ecológicas. Todo esse trabalho será realizado através de revisões bibliográficas, estudos de casos, visitas in loco e um amplo levantamento fotográfico. Esta é uma pesquisa que procura investigar vários aspectos, dentre eles serão utilizados dados econômicos, sociais, sócio espacial e principalmente os aspectos culturais da cidade de Oeiras. Palavras – chaves: Patrimônio Cultural; Requalificação; Centro Cultural.

ABSTRACT

The market is inserted in a very important architectural scenario for the history of the state of Piauí. Located in the historical-commercial center of the city, the old public market today plays the role of telling its history. The old market and its square make up the urban structure of the city, and for a long time provided beyond its commercial function, such as the sale of supplies, also offered social gathering, meetings, representing the city's culture. The basic premise of this work is to propose the requalification of the old market of the city of Oeiras and make it a cultural complex, also requalifying its boardwalk, establishing new uses and adopting sustainable and ecological techniques. All this work will be done through bibliographical reviews, case studies, on-site visits and a large photographic survey. This is a research that seeks to investigate several aspects, among them will be used economic, social, spatial partner and especially the cultural aspects of the city of Oeiras. Key - words: Cultural Heritage; Requalification; Cultural Center.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização – Oeiras / PI...... 11

Figura 2 – Antigo Mercado Público de Oeiras – PI...... 12

Figura 3 – Novo Mercado Público de Oeiras – PI ...... 12

Figura 4 – Biblioteca de Alexandria...... 21

Figura 5 – Centro Cultural de Jabaquara...... 23

Figura 6 – Centro Cultural de São Paulo...... 23

Figura 7 – Teatro 4 de Setembro...... 24

Figura 8 – Clube dos diários...... 24

Figura 9 – Sobrado Major Selemérico...... 25

Figura 10 – Localização do Centro cultural Matadero Madrid...... 27

Figura 11 – Complexa Matadero Madrid no ano de 1926...... 27

Figura 12 – Intermediae Matadero Madrid...... 29

Figura 13 – Intermediae Matadero Madrid...... 30

Figura 14 – Planta de situação do Intermediae Matadero Madrid...... 31

Figura 15 – Planta baixa do Intermediae Matadero Madrid...... 31

Figura 16 – Detalhamento da estrutura de metal...... 32

Figura 17 – Corte Longitudinal do Intermediae Matadero Madrid...... 32

Figura 18 – Estação Red Bull...... 33

Figura 19 – Localização do Centro cultural Estação Red Bull...... 34

Figura 20 – Recepção da Estação Red Bull...... 35

Figura 21 – Área de exposição do Centro cultural Estação Red Bull...... 35

Figura 22 – Implantação do Centro cultural Estação Red Bull...... 36

Figura 23 – Pavimento térreo do Centro cultural Estação Red Bull...... 37

Figura 24 – Mezanino do Centro cultural Estação Red Bull...... 37 Figura 25 – Corte Longitudinal...... 38

Figura 26 – Corte Transversal...... 38

Figura 27 – Localização do Complexo Cultural Clube dos Diários...... 40

Figura 28 – Fachada principal do Teatro 4 de Setembro...... 40

Figura 29 – Fachada principal do Clube dos Diários...... 41

Figura 30 – Detalhe da união do Clube dos Diários com o Teatro 4 de

Setembro...... 42

Figura 31 – Implantação do complexo cultural...... 43

Figura 32 – Planta baixa do térreo do complexo cultural...... 44

Figura 33 – Planta baixa do primeiro pavimento do complexo cultural...... 45

Figura 34 – Corte longitudinal do complexo cultural e fachada principal do Teatro 4 de setembro...... 45

Figura 35 – Localização do terreno do Mercado Velho...... 47

Figuras 36 – Principais vias de acesso ao Mercado Velho...... 48

Figura 37 – Analise do entorno do Mercado Velho...... 49

Figura 38 – Mapa de entorno do Mercado Velho...... 50

Figura 39 – Mercado Velho em 1940...... 51

Figura 40 – Feira em frente ao Mercado Velho...... 52

Figura 41 – Mercado Velho...... 52

Figura 42 – Usos do Mercado Velho...... 53

Figura 43 – Mapa de oportunidade e ameaças...... 54

Figura 44 – Ocupação do terreno...... 55

Figura 45 – Gabarito do entorno...... 56

Figura 45 – Estudo de insolação...... 56

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...... 10 2. JUSTIFICATIVA ...... 13 3. OBJETIVOS ...... 16 3.1 GERAL ...... 16 3.2 ESPECÍFICOS ...... 16 4. METODOLOGIA ...... 16 5. REFERENCIAL TEÓRICO ...... 17 5.1 CONCEITOS ...... 17 5.1.1 PATRIMÔNIOS CULTURAIS ...... 17 5.1.2 PATRIMÔNIOS CULTURAIS IMATERIAIS ...... 18 5.1.3 PATRIMÔNIOS CULTURAIS MATERIAIS ...... 19 5.1.3.1 PATRIMÔNIO CULTURAL EDIFICADO ...... 19 5.1.4 REQUALIFICAÇÃO ...... 19 5.2 CENTRO CULTURAIS ...... 21 5.2.1 NO MUNDO ...... 21 5.2.2 NO BRASIL ...... 22 5.2.3 NO LOCAL ...... 24 5.2.4 SITUAÇÕES ATUAIS ...... 25 6. ANÁLISE DE PROJETOS SEMELHANTES ...... 25 6.1 INTERMEDIAE MATADERO MADRID...... 26 6.1.1 INTERVENÇÃO ...... 28 6.1.2 PROJETO ...... 30 6.2 ESTAÇÕES RED BULL ...... 33 6.2.1 INTERVENÇÃO ...... 34 6.2.2 PROJETO ...... 36 6.3 COMPLEXO CULTURAL CLUBE DOS DIÁRIOS – TEATRO 4 DE SETEMBRO ...... 38 6.3.1 INTERVENÇÃO ...... 40 6.3.2 PROJETO ...... 41 7. LEVANTAMENTOS ...... 44 7.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSOS ...... 44 7.2 USOS E ENTORNO ...... 46 7.3 HISTÓRICO DO PRÉDIO ...... 48 7.4 CARACTERISTICAS DA EDIFICAÇÃO E DO TERRENO ...... 51 7.5 GABARITO ...... 53 7.6 CARACTERÍSTICAS NATURAIS ...... 54 7.7 LEGISLAÇÃO ...... 55 8. PROGRAMA DE NECESSIDADES, PRÉ DIMENSIONAMENTO E FLUXOGRAMA ...... 57 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 60 REFERÊNCIAS ...... 61 APÊNDECE...... 65 1 INTRODUÇÃO

No Século XX, novos tipos de projetos urbanísticos começaram a ser desenvolvidos e adotados, eles passaram a auxiliar o recomeço e o fortalecimento econômico, social e cultural de áreas que caíram na decadência e no esquecimento da população. Segundo Portas (1998) a requalificação urbana busca a ampliação de espaços urbanos, procura dar a esses lugares uma nova cara, atrelando-se de um novo uso. As cidades criam diariamente suas características e identidades, pois a sua população é responsável por aspectos de interesses pessoais, políticos e de sua própria morfologia, conforme seu crescimento populacional e territorial. Ao longo dos tempos essas características se tornam mais explicitas, evidenciando as apropriações que ocorrem por meio da evolução urbana no espaço intra‐urbano (VILLAÇA, 2001). Santos (2009) fala que os conjuntos históricos são importantes não apenas pelos seus grupos arquitetônicos e urbanísticos, mas também, com igual importância, pela união de todos os elementos de identidade da população que ali habita, e também daqueles que interagem de alguma forma com o ambiente, compondo-se do patrimônio imaterial. Dessa forma, a arquitetura, a população, a cultura e a identidade, estão diretamente inseridos no conjunto histórico. Oeiras é um conjunto histórico e paisagístico do estado do Piauí, localizado no centro sul do estado, 315 km da capital Teresina (figura 1), surgiu no ano de 1712, ainda como Vila da Mocha, e é emancipada como cidade no ano de 1761. A forma de colonização do Piauí ocorreu de um sistema diferente em relação a outros estados do Brasil, sendo iniciada pelo seu interior, e não de forma litorânea, do qual normalmente acontecia. A cidade de Oeiras representa a colonização e a expansão territorial que é vinda do interior e da criação de gado dos baianos e pernambucanos (NUNES, 2007).

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Figura 1 – Localização – Oeiras / PI

Fonte: Meio Norte, 2015.

Segundo o IPHAN o conjunto urbano de Oeiras,

[...] Apresenta elementos de várias correntes arquitetônicas (luso-brasileira, arquitetura do imigrante e eclética) que pela sua escala e volumetria configura um conjunto harmonioso e de grande qualidade. A área tombada é composta por 14 quarteirões com 235 imóveis. Apresentam do ponto de vista urbanístico, aspectos comuns às cidades implantadas ao longo do Caminho das Tropas: conformação linear com ruas estruturadas paralelamente ao Caminho das Tropas, interligadas por travessas de largura reduzida.

A paisagem arquitetônica do munícipio é um cenário definido pelas diversas casas, comércios, igrejas e prédios públicos históricos. A cidade também é marcada por suas diversas manifestações culturais, sendo elas de cunho religiosos, literários ou musicais. Diante desse panorama a cidade é conhecida pelo seu rico patrimônio cultural material e imaterial, evidenciado pela fé de seus habitantes, sendo uma característica que marca a história da cidade Oeiras, possuindo o título de ‘’capital da fé’’ (LIMA, 2009). Para a melhor compreensão dos estudos efetuados sobre requalificação, usos, memórias e espaços culturais foram realizados estudos bibliográficos provenientes dos autores como Villaça, Guimaraens e Iwata, Choay, Bauman, Varine e Carsalade, que são alguns nomes de referência das áreas estudadas. 11

A metodologia deste trabalho será realizada através de um estudo sistemático de coletas de dados acerca do tema. Com a utilização de revisões bibliográficas, estudos de casos, visitas in loco e um amplo levantamento fotográfico. Esta pesquisa procura investigar os aspectos econômicos, sociais, sócio espacial e principalmente os aspectos culturais da cidade de Oeiras. Todos esses pontos são necessários para um melhor embasamento do desenvolvimento do projeto de requalificação do Antigo Mercado de Oeiras. Esse estudo tem como tema o antigo mercado público da cidade (figura 2), que hoje se encontra sem uso. Baseando-se nesse abandono, a pesquisa tem como proposta a sua requalificação, com o projeto do complexo cultural da vila, visando à promoção da cultura da cidade.

Figura 2 – Antigo Mercado Público de Oeiras – PI

Fonte: Mural da Vila, 2017.

A necessidade de atribuir uso ao antigo mercado é justificada pelo seu abandono e a necessidade de um espaço na qual a cultura local ganhe evidência. O complexo também tem como premissa básica a junção das manifestações culturais locais, tornando-o o lugar democrático e abrangente a todos os habitantes da cidade. O projeto enfatiza o patrimônio cultural material e imaterial da cidade, proporcionando a população o acesso à cultura e ao lazer. A conscientização e a necessidade de proteção dos prédios são tarefas difíceis, mas a cultura atrelada à informação são dois pontos que proporciona a mudança. Fonseca (2009) enfatiza a necessidade de incorporar a participação da população no desenvolvimento desse processo, criando meios de representatividade da participação popular. Acredita-se 12 que transformações positivas venham acontecer no âmbito da política patrimonial brasileira.

2 JUSTIFICATIVA

O antigo mercado da cidade de Oeiras nasceu em um cenário arquitetônico, muito importante para a história do estado do Piauí. Localizado no centro histórico- comercial, da cidade, o antigo mercado público vem contando a sua história e vivenciando diversas gerações. O mercado e a sua praça compõem a estrutura urbana da cidade, proporcionaram por muito tempo não apenas sua função comercial, mas também o convívio social e encontros, representando ali toda a cultura da cidade. Atualmente o mercado encontra-se abandonado, devido à falta de amparo do poder público e a construção de um novo mercado público (figura 3) que passou a ser o principal ponto de venda da cidade. Esse novo mercado tem como objetivo criar um novo espaço público de convivência da população e, ao mesmo tempo, transferir o desenvolvimento das atividades que já eram realizadas no antigo mercado para a venda variada de mercadorias. Essa troca de espaço proporcionou aos comerciantes um local mais adequado para o desenvolvimento de suas funções, logo que o antigo mercado não comportava mais a quantidade de comerciantes existentes, os quais estavam atuando de maneira informal no calçadão existente em seu entorno. Todas as atividades desenvolvidas no antigo mercado foram transferidas ao novo prédio, ocasionando o fechamento do antigo mercado, devido à perda de seu uso.

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Figura 3 – Novo Mercado Público de Oeiras – PI

Fonte: Meio Norte, 2016.

Segundo Choay (2001) a arquitetura é a única manifestação artística na qual o uso faz parte de sua essência, assim o arquiteto francês Viollet-le-Duc (2000) considerava, já no século XIX, que a forma mais eficiente de conservar uma edificação histórica é encontrar para ela uma destinação. Segundo Afonso (1999) o bem, patrimônio edificado existente nas cidades, são constituídos através de uma herança cultural, sendo assim sua manutenção, valorização ou destruição definida através da maneira como lidamos com este bem. Para Pelegrini (2006), a memória é a responsável por estabelecer um elo entre as gerações e o tempo histórico. É preciso viver o presente, porém não será possível viver o presente sem que se tenha o conhecimento do passado. A memória e a preservação estão atreladas e fazem parte da construção de uma identidade que só será preservada com a proteção dos monumentos históricos, pois ao mesmo tempo em que a cidade histórica se constrói como um monumento passa também a ser um tecido vivo (CHOAY 2006). O estudo tem como premissa básica conceber uma requalificação do Mercado Pública de Oeiras, devido seu estado de degradação e abandono, esse desgaste é em decorrência aos vários anos de uso excessivo e nenhuma manutenção realizada. O prédio apresenta diversas patologias em sua extensão, e problemas com pragas, consequência da venda inadequada de produtos. Esse projeto ressalta a importância do estilo da arquitetura colonial no qual foi construído mercado, mantendo a identidade da população através do espaço, procurando reavivar a reintegração dele com a população. Na busca dessa reintegração, a proposta a ser dada como uso é a de um complexo cultural, do qual 14 visa à inclusão e a união de diferentes manifestações culturais locais, abrangendo diferentes tipos de atividades, assim também em tornar a utilização desse centro comercial atrativa durante todos os turnos, principalmente à noite, devido ser um período ocioso. A requalificação é um modo de resgatar lugares a qual muitas vezes estão degradados, esquecidos e em desuso. Um complexo cultural é ferramenta utilizada para o resgate desse prédio, dando um novo uso, possibilitando a população local o acesso à cultura, a sociabilização, lazer, todos de forma ativa. Conforme o último censo realizado em 2010, Oeiras tem uma população estimada de 35 mil habitantes, sendo 59,7% de jovens com idades entre 14 a 65 anos, vale ressaltar que o nível de escolarização é de 97,9% entre jovens de 6 a 14 anos.

[...] É crucial que todos – crianças e adultos – possam, de um lado, se apropriar dos conhecimentos científicos básicos e, de outro aprender com a história, com os livros, com o cinema, com a música, a dança, o teatro, com a linguagem e a arte, pois a experiência com essas produções constitui a formação cultural e humana necessária para enfrentar desafios da vida contemporânea. (KRAMER apud GERALDO; e CARNEIRO, 1998, p. 22)

São existentes alguns pontos de cultura na cidade, o Sobrado Major Selemérico e o museu de Arte Sacra que, atualmente abrigam parte da história cultural Oeirense. Diversas atividades são realizadas nesses locais, como a escola de bandolins no Major Selemérico e a exposição do acervo acumulado das três principais igrejas da cidade, no Museu de Artes Sacra (SECULT, 2012). Oeiras é uma cidade muita rica em cultura, consequência dos seus 300 anos de existência, porém tem a necessidade da criação de um espaço que permita expor suas culturas, histórias, lendas, contos, poemas, e saberes. Tendo em vista essas necessidade, a proposta visa se beneficiar da capacidade física e histórica do antigo mercado público, por torná-lo palco de grande domínio cultural, oferecendo para a população Oeirense um local digno para a exposição de suas riquezas.

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3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Propor um projeto de requalificação de um prédio histórico onde funcionou o antigo Mercado Público de Oeiras – PI, tornando-o em um complexo cultural.

3.2 ESPECÍFICOS

1 Propor requalificação da praça Orlado de Carvalho, assim estabelecendo novos usos e um novo espaço públicos. 2 Estabelecer a requalificação do antigo prédio e tornar os espaços congruentes com o desenvolvimento das novas atividades culturais do complexo. 3 Adotar técnicas sustentáveis e ecológicas.

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia de pesquisa deste trabalho será feita através de um estudo sistemático de coletas de dados acerca do tema. Revisões bibliográficas, estudos de casos, visitas in loco, e um amplo levantamento fotográfico, esses meios foram importantes para a concepção deste trabalho. O projeto procura investigar diversos aspectos econômicos, sociais, sócio espacial e principalmente os aspectos culturais da cidade de Oeiras. O conteúdo bibliográfico adquirido corresponde à aquisição de referências e informações referentes ao patrimônio, preservação, uso e os aspectos sociais e econômicos de Oeiras. Um levantamento de dados históricos do edifício deverá ser realizado através de documentação da legislação da cidade, assim como dos dados do IPHAN em relação à edificação, sendo levado em conta o entorno na qual o edifício está inserido e as suas características. A segunda etapa do trabalho conta com o desenvolvimento prático do projeto, direcionados ao projeto arquitetônico. A proposta inicia-se com a determinação dos usos e remodelação dos espaços existentes. Ao longo de todo o desenvolvimento a 16 elaboração do projeto será realizada, tais como programa de necessidade, fluxograma, estudo de ventilação e insolação, plantas baixas, cortes, fachadas, planta de cobertura, situação e localização. Toda a segunda etapa será realizada com os auxílios de softwares como o AutoCAD, SketchUp, CorelDraw e V – Ray para o desenvolvimento do projeto em 2D e em 3D.

5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 CONCEITOS

Os conceitos têm como objetivo expor e discutir os principais temas abordados no trabalho, para que assim seja possível uma melhor compreensão do mesmo. Serão apresentados conceitos como o de patrimônio cultural, material, imaterial e edificado, além dos conceitos de requalificação e centros culturais que são elementos que complementam o entendimento do projeto a ser devolvido.

5.1.1 PATRIMÔNIO CULTURAL

Segundo a UNESCO (2014) o patrimônio cultural representa a memória, a identidade e a criatividade de um povo. É um importante meio de preservação das riquezas culturais de uma população. É uma homogênea mistura composta por monumentos arqueológicos, naturais, paisagísticos, científicos, etnográficos e também através dos conjuntos de edifícios ou sítios que tenha valor histórico. Já no final do século XX e no início do século XXI, já era notável que todas essas áreas se relacionam umas com as outras, pois todo o patrimônio se configura e existe através de sua relação como a cultura e com o meio (PELEGRINI, 2006). Segundo o IPHAN (2014) a noção de patrimônio cultural está atrelada automaticamente ao patrimônio material e imaterial, que foi estabelecida pela constituição federal de 1988. O patrimônio cultural tem a sociedade em geral como objeto de interesse, pois é a população que reflete uma carga de cunho material e intelectual, móvel e imóvel.

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A concepção sobre o patrimônio vem ganhando mais visibilidade no mundo. Isso não se aplica somente aos bens determinados tangíveis ou materiais, mas também sobre o patrimônio cultural imaterial ou intangível. O reconhecimento desse bem tem por objetivos visar aspectos de uma vida cultural e social de uma sociedade. O patrimônio cultural imaterial ou intangível é uma variação do patrimônio cultural que se opõe aos conceitos do patrimônio edificado, o que não significa que o patrimônio cultural imaterial não seja uma componente que agrega valor e que não ande junto ao patrimônio cultural edificado (VOLT, 2009). Hoje, se sabe que a o patrimônio cultural é um processo construído historicamente, passado de geração a geração de modo dinâmico e ininterrupto, é constantemente recriado pelas comunidades através do ambiente em que está inserido, através da interação com a natureza e a história, assim gerando um sentimento de identidade e continuidade das gerações (PELEGRINI, 2006).

5.1.2 PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

Segundo o IPHAN (2014) o patrimônio imaterial é um bem cultural que representa as práticas e saberes da vida em uma sociedade, são manifestações que se apresentam em ofícios, celebrações, formas de expressões cênicas, lúdicas e plásticas, assim como também na música. O IPHAN também cita que lugares como mercados e santuários são espaços que acolhem uma grande variação de práticas culturais de cunho coletivo. É construído por canções, crenças, celebrações, ritos e lendas, assim como também por saberes que são aprendizados que passam de uma geração para outra, desse mesmo modo são passadas as formas de cultivar e as maneiras de produzir de um povo. A linguagem para a comunicação também é uma característica adquirida no meio (VOLT, 2009). Segundo a UNESCO (2017) o patrimônio cultural imaterial ou intangível, como também é conhecido, é a representação da vida de uma comunidade, é a representação das expressões, vida e das tradições de um grupo ou de um indivíduo. Essa cultura imaterial é a representação da identidade e continuidade de um povo, assim se sabe que é um patrimônio vulnerável e que passa por múltiplas mutações no decorrer do tempo e das gerações.

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5.1.3 PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL

O patrimônio cultural material segundo o Iphan (2014) é formado por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza arqueológica, paisagística e etnográfica, histórico, belas artes e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis – núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais e móveis – coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.

5.1.4 PATRIMÔNIO CULTURAL EDIFICADO

Segundo Ribeiro et al. (2005) o patrimônio edificado pode ser classificado de duas formas, como monumento histórico e como monumento artístico. É constituído por bens tombados e que estejam escritos no livro de tombo histórico, já o monumento artístico representa aqueles tombados e inseridos no livro. É conceituado como um bem cultural que é desenvolvido para um povo, nação ou civilização. Assim, se pode dizer que o patrimônio histórico edificado são os bens imóveis produzidos pelo homem, pois estes bens representam de melhor maneira o seu passado. A arquitetura é um excelente fomentador da construção da identidade e da memória histórica de uma sociedade dentre todos os bens culturais produzidos por um povo (TRENTIN, 2005). Segundo Chiarotti (2005) o patrimônio edificado é um elemento dinâmico na formação das pessoas, pois é a forma de representação da ideia e dos pensamentos de uma pessoa de uma forma mais tangível. Um edifício expressa uma comunicação não verbal, dotada de vários valores e significados, que são transmitidos mediante um discurso material, concretizado na realização mesma da edificação.

5.1.5 REQUALIFICAÇÃO

Segundo Mendes (2013) o conceito de requalificação surge associado ao conceito de reabilitação, pois através disso, ela visa restituir a qualidade de um determinado espaço a partir de melhoria na estrutura dos edifícios e dos espaços urbanos. Assim

19 esse processo é uma ferramenta que possibilita uma renovação das áreas mais antigas existentes em uma cidade, que geralmente são áreas correspondentes aos centros históricos, e que são áreas que comumente se encontram em risco de decadência e degradação. No entanto, a requalificação urbana não pode e nem está canalizada apenas em centro histórico, mas também está localizada em áreas que se encontram sujeitas às ações interventivas do homem. Neste contexto, o conceito vem evoluído constantemente conforme os atuais problemas encontrados no desenvolvimento do espaço urbano (SILVA, 2011). Silva (2011) ainda fala que a requalificação é um fenômeno que busca a melhoria na vida urbana e ambiental, e para isso é preciso envolver diversos elementos como a habitação, a cultura, a mobilidade e a coesão social. Esse é um fenômeno que vem ocorrendo há alguns anos e corresponde à ocupação de áreas vazias, pois a reconstrução dessas áreas subutilizadas serve para destacar as potencialidades paisagísticas, além de dar ao lugar uma cara nova e uma readequação do seu uso (GROSSO, 2008). A requalificação procura uma maior valorização ambiental e uma melhoria na qualidade dos espaços urbanos, frequentemente é abordada uma dupla perspectiva, que é a da resolução dos problemas ambientais e a criação de fatores que favoreçam a identidade, a habitabilidade, a atratividade e a competitividade das cidades ou áreas urbanas específicas (DGOTDU, 2008). Esse é um processo interventivo que ocorre nas áreas urbanas, e que tem como intenção a manutenção dos elementos simbólicos (históricos e culturais) que remetem para uma sucessão cronológica de acontecimentos, a um contexto e a uma ideologia de um espaço geográfico, tornando-o mais atrativo, mas não o descaracterizando (SILVA, 2011). Assim essas reorganizações urbana, é uma intervenção onde o traço da cidade já está em desenvolvimento, e o patrimônio histórico é um ponto de interesse desse fenômeno, pois geralmente são espaços ociosos localizados no meio da cidade. A preocupação em recuperar esses espaços através da requalificação é a forma que é utilizada para a atuação no plano urbano unido a cultura e a capacidade de atração e desenvolvimento sustentável dos territórios (DUALIBI; E ROSIN, 2013).

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5.2 CENTROS CULTURAIS

Para estabelecer uma melhor compreensão sobre os centros culturais, será apresentada uma evolução histórica que busca trazer uma série de informações a níveis mundial, nacional e local.

5.2.1 NO MUNDO

Segundo Ramos (2017) existe indicativo de que o surgimento dos primeiros espaços culturais pode ter sido na Antiguidade Clássica. A biblioteca de Alexandria (figura 4) pode ter sido o primeiro contato do homem com um espaço que agregava diferentes manifestações culturais em um único espaço. Só se tem registro do surgimento do nome centro cultural em meados do século XIX, quando os ingleses denominaram um espaço de centro de artes.

Figura 4 – Biblioteca de Alexandria

Fonte: Archdaily, 2015.

Na França no ano de 1950, surge os primeiros centros culturais com os parâmetros e bases semelhantes às usadas hoje. Foi lançado como um espaço de lazer para que os operários franceses da época usassem como meio de sociabilização. O objetivo da criação desses espaços, era melhorar as relações interpessoais no trabalho, assim criando espaços de convivência, quadras dedicadas a esportes e

21 centros sociais, que com o tempo passaram a ser nomeados de casas de cultura (NEVES, 2013). O Centro Cultural Georges Pompidou foi à primeira construção a ser desenvolvida para o uso, apenas, de centro cultural. Foi um projeto que atraiu todos os olhares do mundo, pois foi através desse projeto que a França desenvolveu um novo estilo de trabalho cultural. O Centro Cultural Pompidou foi considerado um novo conceito para o desenvolvimento de outros centros, sua estrutura imponente e a qualidade das atividades realizadas lá, inspiraram o desenvolvimento de inúmeros centros culturais no mundo (NEVES, 2013).

5.2.2 NO BRASIL

De acordo com Ramos (2007) os centros culturais só surgiram no Brasil na segunda metade do século XX, na década de 80, mesmo já havendo o interesse desde a década de 60. O primeiro centro cultural do Brasil foi implantado na cidade de São Paulo, durante o governo Médici pelo programa cultural do MEC. Foi então que surgiram os dois primeiros centros culturais do Brasil, o centro cultural do Jabaquara e o Centro Cultural São Paulo. O centro cultural de Jabaquara (figura 5) é o único equipamento público Municipal com características de centro cultural que surge ainda na década de 80. Localizado na cidade de São Paulo, é considerado um núcleo de atividades integradas que engloba a casa de cultura, um teatro e duas bibliotecas. O projeto arquitetônico do centro cultural de Jabaquara serviu de modelo para centro cultural de São Paulo (SP CULTURAL, 2015).

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Figura 5 – Centro Cultural de Jabaquara

Fonte: Archdaily, 2016.

O centro cultural de São Paulo (figura 6) foi inaugurado no ano de 1982, apenas dois anos após a inauguração do centro de Jabaquara. É um centro que tem quatros pavimentos e ocupa uma área de 46500 m², é um centro que oferece espetáculos de teatro, dança e música, mostras de artes visuais, projeções de cinema e vídeo, oficinas, debates e cursos. O prédio se destaca por se integra com a paisagem urbana da cidade.

Figura 6 – Centro Cultural de São Paulo

Fonte: SP Bairros, 2015.

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Neves (2013) destaca que o Brasil teve um grande crescimento na produção de centros culturais desde os primeiros exemplares, destaca também que no Brasil é possível encontrar quatro formas de produção diversificada desses centros culturais, que é a grande produção que exige grandes investimentos e geralmente são grandes produções arquitetônicas modernas, a restauração que é a ocupação de construções mais antigas e de cunho histórico, o remendo que é a intervenção em qualquer espaço disponível sendo feita só algumas alterações e por último a mistura grossa que é quando não se tem um lugar específico para o desenvolvimento das atividades culturais, assim é utilizado espaços que já desenvolvem outros tipos de atividades para a realização das práticas culturais.

5.2.3 NO LOCAL

No Piauí, o primeiro contato do estado com um centro cultural foi bem mais tarde em relação ao Brasil, pois só no ano de 1997 com a união do clube dos diários (figura 7) com o teatro 4 de setembro (figura 8) que se teve o primeiro o primeiro contato do estado do Piauí com centros culturais (SECULT, 2017).

Figura 7 – Teatro 4 de Setembro Figura 8 – Clube dos diários

Fonte: Agenda Cultural, 2012. Fonte: Agenda Cultural, 2012.

Depois do Complexo Cultural Clube dos Diários – Theatro 4 de Setembro, vários outros centros culturais foram feitos no estado. A cada ano que passa, aos poucos, a secretaria de cultura do estado vem trazendo projeto de restauração, requalificação, reforma e construções de novo centros de apoio à cultura (SECULT, 2017).

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5.3 SITUAÇÕES ATUAIS

No tópico situação atual, o objetivo é expor a realidade da cidade de Oeiras – PI em relação a espaços que desempenhem a função de centros culturais ou lugares que realizam atividades voltadas à cultura.

5.3.1 NO LOCAL

Na cidade de Oeiras não existe nenhum centro cultural, existente apenas o sobrado major Selemérico (figura 9) que é um local que desempenha algumas atividades culturais. O local possui uma exposição sobre a cultura da cidade, tem uma sala destinada às aulas de bandolins e show que acontecem esporadicamente. O prédio é datado do ano de 1845, mais só passou a ser usado como ponto cultural no ano de 2016, quando foi inaugurado depois de passar por uma restauração.

Figura 9 – Sobrado Major Selemérico

Fonte: Governo do Estado do Piauí, 2015.

6 ANÁLISE DE PROJETOS SEMELHANTES

A análise dos projetos semelhantes tem como objetivo estabelecer o entendimento acerca do tema abordado no trabalho, assim buscando mostrar os projetos existentes que deram certo. As análises devem incluir o estudo da evolução histórica e o significado social, além de trazer todas as informações que são necessárias para 25 o entendimento dos projetos (localização, partido arquitetônico, relação com o entorno, relação interior - exterior, cortes, fachadas, implantação com seus acessos e aspectos plásticos). Serão apresentados três projetos, eles são a nível internacional, nacional e local para que assim o trabalho apresentar diferentes pontos que possam ser usados como partida para o desenvolvimento do projeto prático. Esta pesquisa é importante na medida em que fornece uma visão ampliada de todas as questões a serem abordadas, assim proporcionado o conhecimento de como estes projetos se insere culturalmente na sociedade, bem como suas modificações e permanências no tempo. Mesmo que os temas sejam aparentemente parecidos uns com os outros, os projetos merecem uma reflexão mais minuciosa, pois cada um tem particularidades projetais que é a justificativa para que sejam utilizadas como estudos de casos. É importante dizer que os estudos foram escolhidos baseados nas soluções encontradas para a adaptação aos novos usos que foram dados às edificações, e ao mesmo tempo pelas medidas, materiais utilizados e os modos de como as intervenções foram feitas. Assim os projetos escolhidos foram o Intermediae Matadero Madrid que fica localizado na Espanha, a Estação Red Bull que fica em São Paulo e o Complexo Cultural Clube Dos Diários – Teatro 4 De Setembro que fica localizado no Piauí.

6.1 INTERMEDIAE MATADERO MADRID

O edifício do complexo Matadero Madrid está localizado (figura 10) no distrito de Legazpi, em Madrid, próximo ao rio Manzanares, que é uma fronteira natural que existe entre o centro e o sul da cidade de Madrid.

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Figura 10 – Localização do Centro cultural Matadero Madrid.

Fonte: google earth, 2016. Com adequação do autor.

O edifício do Intermediae Matadero Madrid faz parte de um conjunto de 48 edificações que compõem o Mercado Matadero Madrid (figura 11). Conforme o site Coam (2016) O acelerado crescimento da cidade de Madrid e os problemas higiênicos existentes, foram os principais motivos pelos quais as autoridades locais começaram a pensar sobre a criação de um matadouro industrial para abastecer toda a cidade. O arquiteto Luís Bellido foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto, que teve o início de sua construção em 1911, mais a obra só foi inaugurada no ano de 1924 (MATADERO MADRID, 2015).

Figura 11 – Complexo Matadero Madrid no ano de 1926.

Fonte: Memorias en Red, 2016.

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Segundo Coam (2016) o complexo possuía 48 edifícios que ficavam localizados em uma área estimada de 165.415 m². Os edifícios foram divididos em cinco setores de produção, que eram a gestão e administração, matadouro, mercado de alimentos, mercado de trabalho e o seu próprio sistema de circulação e trilhos. Durante a guerra civil que aconteceu em Madrid em 1936 os espaços do Mercado do Matadero foram utilizados como ponto de apoio para a defesa da cidade, os espaços foram utilizados para o armazenamento de munições, pois o mercado estava localizado próximo à linha de frente da guerra (MATADERO MADRID, 2015).

Após a guerra civil, algumas intervenções começaram a serem feitas nos edifícios do mercado, mais no ano 1970 essas alterações começaram a se tornar obsoletas, assim, as primeiras intervenções foram iniciadas para fornecer novos usos a alguns navios. No ano 1996, foram encerrados definitivamente os espaços que eram dedicados ao matadouro. Assim em 26 de setembro de 2005, foi feita a aprovação mediante ao plano especial de intervenção, adaptação arquitetônica e controle urbano-ambiental dos usos das instalações do antigo matadouro municipal de Madrid, o que objetiva o aumento do uso do espaço para as atividades culturais, assim gerando um total de 75% dos espaços destinados à cultura (MATADERO MADRID, 2015).

6.1.1 INTERVENÇÃO – INTERMEDIAE MADRID

Os arquitetos Arturo Franco e Fabrice Van Teslaar, são os responsáveis pelo projeto de requalificação do navio 17c (figura 12) do Mercado Matadero Madrid. Essa foi à primeira intervenção realizada em todo o complexo para pôr em prática o novo centro cultural de vanguarda. O projeto de intervenção tem como premissa básica a união do antigo com o novo, buscado um diálogo entre os dois.

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Figura 12 – Intermediae Matadero Madrid

Fonte: Archdaily, 2011.

Os arquitetos optaram pelo mínimo de intervenções possível, buscando o respeito pelas ruínas. Com o objetivo de manter o prédio mais natural possível, manterão os cortes que foram produzidos nas paredes (figura 13) (ARCHDAILY, 2011).

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Figura 13 – Intermediae Matadero Madrid

Fonte: Archdaily, 2011.

Os arquitetos decidiram manter os espaços do navio 17c preservados, optando por uma intervenção menos invasiva e que mantivessem as características originais em destaque (ARCHDAILY, 2011).

6.1.2 PROJETO

Conforme o site Archdaily (2011) O projeto do navio 17c, Intermediae Matadero, fica localizado dentro do Mercado Matadero Madrid (figura 14). Teve um prazo de execução que se estendeu por cinco meses, que foi de janeiro de 2006 a dezembro do mesmo ano. A obra foi desenvolvida pela construtora EXISA S.A, que teve um orçamento equivalente a 700.000 € para a sua construção. O navio 17c possui uma área equivalente a 6.000 m².

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Figura 14 – Planta de situação do Intermediae Matadero Madri

Fonte: Archdaily, 2011.

A edificação apresenta uma planta em formato retangular e com característica de uma planta livre (figura 15), possui espaços abertos que facilitaram a utilização para o desenvolvimento de diferentes atividades. Em todo o edifício são utilizadas placas de gesso no teto que são fixadas à estrutura de tubos de ferro, o que é um bom exemplo de isolamento térmico (ARCHDAILY, 2011).

Figura 15 – Planta baixa do Intermediae Matadero Madrid

Fonte: Archdaily, 2011.

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Os principais materiais utilizados para requalificação foi o vidro e o metal, que são materiais que proporcionam aos visitantes a fácil distinção do que é novo e do que já existia no prédio. Os perfis metálicos (figura 16) foram utilizados em toda a extensão da edificação, eles servem de apoio para os vidros assim como para o piso, rodapé, portas e vigas (ARCHDAILY, 2011).

Figura 16 – Detalhamento da estrutura de metal

Fonte: Archdaily, 2011.

A principal característica que poderá vim a agregar no desenvolvimento prática desse trabalho é essa proposta da conversa entre a estrutura que já existia e a intervenção. Essa ideia dos arquitetos de minimizar as intervenções e utilizar materiais que são facilmente distinguidos através do olhar de qualquer público, é o que se tira de lição desse estudo.

Figura 17 – Corte Longitudinal do Intermediae Matadero Madrid

Fonte: Archdaily, 2011.

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6.2 ESTAÇÕES RED BULL

Figura 18 – Estação Red Bull

FONTE: Archdaily, 2011 . A estação Red Bull (figura 18) está localizada no centro da cidade de São Paulo entre as avenidas 9 de Julho e 23 de Maio, próximo a praça da bandeira (figura 19). O prédio foi construído no ano de 1926 para a companhia de energia Light, hoje conhecida como Eletropaulo. A região onde o prédio está localizado vem sofrendo enumeras modificações desde a década de 50, no ano de 1968 a abertura da Avenida 23 de maio gerou uma série de demolições, deixado assim à estação isolada (SÃO PAULO ANTIGO, 2013).

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Figura 19 – Localização do Centro cultural Estação Red Bull

Fonte: google earth, 2018. Com adequação do autor

Segundo a revista Au (2013) em 2002 a fachada do edifício foi tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) como patrimônio histórico. No ano de 2004 a Estação Riachuelo, como também é conhecida, foi desativada o que gerou a subutilização do espaço durante nove anos. Em 2011 a empresa Red Bull comprou o espaço para fazer um centro cultural, assim destinando um novo uso ao local. Então no ano de 2013 o centro de cultura foi inaugurado, trazendo uma proposta com espaços de sociabilização, lazer e cultura (GALERIA DA ARQUITETURA, 2013).

6.2.1 INTERVENÇÃO

A requalificação da estação Red Bull foi pensada pelo grupo de arquitetos do escritório Triptyque. Segundo o site Archdaily (2013) o prédio adquiriu uma renovação com intervenções contemporâneas que vão da entrada até a cobertura do edifício, a utilização desses elementos ajudou na adaptação dos novos usos.

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Figura 20 – Recepção da Estação Red Bull

Fonte: Archdaily, 2013.

Os arquitetos buscaram fazer o mínimo de intervenção para manter a essência do lugar, usaram os conceitos da preservação do patrimônio arquitetônico edificado. Os principais materiais utilizados na intervenção foi o metal e o concreto. Às paredes foram tratadas com hidrojateamento para que pudessem retirar a pintura existente no espaço (figura 20) (ARCHDAILY, 2013).

Figura 21 – Área de exposição do Centro cultural Estação Red Bull

Fonte: Archdaily, 2013.

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Algumas paredes que não eram estruturais foram retiradas para dar ao espaço uma planta livre, assim aumentado o tamanho das salas (figura 21) para que as exposições pudessem acontecer. Alguns espaços como banheiros, áreas técnicas e a copa foram adicionados ao edifício para servir de apoio aos visitantes (TRIPTYQUE, 2013).

6.2.2 PROJETO

O projeto de requalificação da antiga estação foi desenvolvido entre os anos de 2011 a 2013, possuindo uma área de 748,80 m² (figura 22). O edifício foi completamente renovado para que atendesse as necessidades do novo uso. (ARCHDAILY, 2013).

Figura 22 – Implantação do Centro cultural Estação Red Bull

Fonte: Archdaily, 2013.

No pavimento térreo (figura 23) encontra – se a galeria principal, uma sala monumental que é usada para realização de shows, performances e exposições de artes visuais de um lado, do outro encontra – se o estúdio de gravação de músicas (VITRUVIUS, 2014).

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Figura 23 – Pavimento térreo do Centro cultural Estação Red Bull

Fonte: Archdaily, 2013.

O subsolo foi utilizado para a implantação de um ambiente expositivo e um espaço para ensaios de músicas com camarins. O mezanino (figura 24) existente no prédio é a área que foi usada para os escritórios. O pavimento superior é onde está localizado um espaço como ateliers individuais e coletivos que servem para workshops e palestras. Também encontra – se uma grande galeria transitória que tem exposições temporárias (ARCHDAILY, 2013).

Figura 24 – Mezanino do Centro cultural Estação Red Bull

Fonte: Archdaily, 2013.

O corte longitudinal (figura 25) mostra detalhes como o da estrutura da marquise que fica na cobertura do prédio, esse é um elemento contemporâneo em metal que foi projetado para cobrir mais um espaço expositivo. No corte transversal (figura 26) é mostrado outro elemento contemporâneo que foi projetado para que os visitantes tivessem acesso a toda a edificação, a escada é toda em metal. Tanto a marquise

37 quanto a escada são elementos que podem ser removidos no futuro caso seja necessário (GALERIA DA ARQUITETURA, 2013).

Figura 25 – Corte Longitudinal

Fonte: Archdaily , 2013. Fonte: Archdaily, 2013.

A Estação Red Bull é um projeto que traz um conceito de misturar a estrutura do prédio antigo com elementos novos, utilizado de materiais como o metal e o concreto. Esse conceito e materiais são os principais elementos que irão contribuir para o desenvolvimento do projeto.

6.3 COMPLEXO CULTURAL CLUBE DOS DIÁRIOS – THEATRO 4 DE SETEMBRO

O Complexo Cultural Clube dos Diários – Theatro 4 de Setembro fica localizado (figura 27) no centro da cidade de Teresina – PI, entre as ruas David Caldas, 13 de maio e Paissandu. Os prédios são propriedade do governo do estado do Piauí e foram construídos em datas diferentes.

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Figura 27 – Localização do Complexo Cultural Clube dos Diários

Fonte: google earth, 2018. Com adequação do autor

O Teatro 4 de Setembro (figura 28) foi construído entre os anos de 1889 a 1894, foi uma ideia que partiu de um grupo de senhoras que viam a necessidade de uma sede teatral com espaços que possibilitasse conforto e equipamentos técnicos adequados para a realização das peças de teatro, pois o teatro existente na época não comportava mais a demanda da cidade. O presidente da província era o Dr. Theóphilo dos Santos, no seu governo que foi construído o Teatro 4 de Setembro. A planta do Teatro foi projetada pelo engenheiro civil Alfredo Modrak (PIGMAM, 2016).

Figura 28 – Fachada principal do Teatro 4 de Setembro

Fonte: Pigmum, 2016.

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O edifício sofreu a sua primeira alteração em sua estrutura original, no ano de 1952, ano de seu centenário. Foi retirado o balaústre e as grades de ferro que existiam no interior da edificação. Em 1973, o prédio passou dois anos fechados graças a uma nova reforma. A edificação volta a ser usada exclusivamente como espaço de espetáculos cênicos sendo tombada pelo governo do estado no ano de 1994 (PIGMAM, 2016). Adjacente ao Theatro 04 de Setembro, foi construído o Clube dos Diários (figura 29) que foi o primeiro clube de elite da cidade de Teresina, foi inaugurado no ano de 1927 pelo governador Mathias Olympio de Mello, a obra foi executada pelo mestre de obras paranaense B. Coelho, que no mesmo período realizou outras construções imponentes em Teresina (SECULT, 201?).

Figura 29 – Fachada principal do Clube dos Diários

FONTE: Pigmum, 2016.

O clube dos diários foi palco de enumero bailes e conferências culturais recebendo vários artistas e intelectuais. Nos anos 70 o prédio foi desativado para reforma, pois sua estrutura estava com problemas. Continuou funcionando o bar que fica em sua lateral, agora sem distinção de classe social, pois nesse momento passou a ser um espaço que recebia a todos. No ano de 1985, o prédio do Clube dos diários foi considerado Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Piauí (SECULT, 201?).

Em reforma realizada entre os anos de 1997 e 1998, é realizada a integração entre os prédios do Teatro 4 de Setembro e o clube dos diários, assim juntamente com a praça Pedro II formado o complexo cultural o centro de Teresina (SECULT, 201?).

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6.3.1 INTERVENÇÃO

A intervenção que culminou a junção dos edifícios do Clube dos Diários e o Teatro 4 de Setembro, foi realizada entre os anos de 1997 a 1998. A intervenção fez a união dos edifícios, através de anexos, usado vidro e metal (figura 30). A estrutura utilizada para união é facilmente distinguida da estrutura original, assim facilitando que qualquer pessoa possa perceber o que é original da edificação e as alterações que foram feitas posteriormente (SECULT, 201?).

Figura 30 – Detalhe da união do Clube dos Diários com o Teatro 4 de Setembro

Fonte: Secult, 2016. Com adequação do autor.

O partido que foi adotado, atendeu a um programa simples, salientando-se os dois corpos de maiores dimensões que se interceptam. Dois anexos simétricos se desenvolvem na lateral e no meio dos edifícios. Do prédio do clube dos diários através das varandas saem escadas que levam ao pavimento inferior, construído no nível mais baixa do terreno, que dão acesso ao anexo que fica no meio dos edifícios. Foram feitas poucas alterações na volumetria original dos prédios (SECULT, 201?).

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6.3.2 PROJETO

O projeto de intervenção do complexo cultural clube dos diários – teatro 4 de setembro possuindo uma área total de 2.321 m² (figura 31), o corpo principal tem uma área estimada de 1.257 m², o anexo lateral direito tem área de 625 m² e o anexo que liga os prédios possui uma área de 439 m².

Figura 31 – Implantação do complexo cultural

Fonte: Secult, 2016. Com adequação do autor.

Tanto o prédio do Teatro 4 de Setembro quanto o do Clube dos diários possuem características arquitetônicas do ecletismo, tendência da arquitetura que vigorou a partir do final do século XIX, e incorporam também alguns elementos do estilo Neoclássico (SECULT, 201?). O pavimento térreo (figura 32) é composto pelo palco do teatro, várias salas destinadas à oficina, área administrativa e espaço de sociabilização. O pavimento térreo apresenta várias áreas que foram adequadas aos diferentes tipos de oficinas que passaram a ser realizadas. O pavimento térreo é composto quase todo por

43 espaços do teatro, as partes administrativas e salas de oficinas estão localizadas nas áreas do anexo e do clube dos diários (SECULT, 201?).

Figura 32 – Planta baixa do térreo do complexo cultural

FONTE: Secult, 2016. Com adequação do autor.

No primeiro pavimento (figura 34) existe o teatro , a galeria do clube dos diários, as arquibancadas do teatro 4 de setembro e áreas de uso administrativo como cozinha, despensa, depósitos e estacionamento. Na área externa, encontra – se o espaço do bar e do palco onde acontecem alguns eventos culturais desenvolvidos pelo governo do estado (SECULT, 201?).

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Figura 33 – Planta baixa do primeiro pavimento do complexo cultural

FONTE: Secult, 2016. Com adequação do autor.

No corte longitudinal que passa nos dois edifícios e na fachada principal do Teatro 4 de setembro (figura 34) é perceptível o uso dos materiais e os estilos que foram adotados originalmente nas edificações. A utilização do metal e do vidro foi à escolha do arquiteto para a execução dos anexos.

Figura 34 – Corte longitudinal do complexo cultural e fachada principal do Teatro 4 de setembro

FONTE: Secult, 2016. Com adequação do autor.

O complexo cultural do clube dos diários – teatro 4 de setembro é um exemplar regional que demonstra bem a utilização de espaços públicos para fins culturais,

45 juntamente a isso está atrelado a utilização de intervenções que ajudaram a unificar vários espaços em um só. Vale ressaltar a autenticidade dos anexos, pois são apresentados com sua identidade própria e que não se contrapõem às das edificações existentes no espaço.

7 LEVANTAMENTO

O levantamento tem o propósito de expor informações sobre o seu objeto de estudo, o Mercado Velho da cidade de Oeiras – Piauí. Esse estudo objetiva a apresentação de informações que caracterizam o espaço, assim trazendo a localização, informações do entorno, gabarito predominante no local, condições atuais do edifício em questão e a legislação do município.

7.1 LOCALIZAÇÃO E PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO

O Mercado Velho está localizado (figura 35) no centro da cidade de Oeiras, região central do estado do Piauí. O local onde a edificação se encontra é conhecido por fazer parte dos limites da zona de preservação do patrimônio edificado e cultural da cidade de Oeiras. É uma região também conhecida por ser uma área bastante usada para fins comerciais, pois a maior parte das edificações existentes no entorno são destinadas a diferentes tipos de comércios.

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Figura 35 – Localização do terreno do Mercado Velho

Fonte: Google Earth, 2013. Com adequação do autor.

O edifício está posicionado em um terreno central com testadas voltadas para quatro ruas diferentes, as principais ruas de acesso (figura 36) são a Av. José Tapety e rua Cel. Benedito Nunes que são a testada frontal e lateral direitas respectivamente. A testada posterior está virada para a Igreja Nossa Senhora da Conceição.

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Figuras 36 – Principais vias de acesso ao Antigo Mercado

Fonte: Google Earth, 2013. Com adequação do autor.

7.2 ENTORNO E USOS

A edificação está em uma área da cidade em que é predominante o uso comercial, assim é notório uma ausência quase absoluta de habitações em seu entorno. A Av. José Tapety e rua Cel. Benedito Nunes são as principais ruas de acesso ao objeto de estudo, nelas os usos predominantes são supermercados, restaurantes, escritórios, bancos e diferentes tipos de lojas (figura 37).

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Figura 37 – Análise do entorno do Mercado Velho

Fonte: Do autor, 2018.

Essa é uma área caracterizada por ter um grande fluxo de usuários nos dias de quinta e sexta, pois são os dias em que os habitantes das zonas rurais costumam ir a cidade para fazer as compras da semana. São existentes duas praças próximas ao mercado, uma é onde está localizada a igreja da conceição, uma das principais igrejas da cidade.

O prédio fica localizado em um espaço onde é existente um grande número de oferta de serviços de diferentes tipos (figura 38). Em um raio de 1000 metros é possível encontrar um grande número de escolas públicas e particulares, áreas de lazer como quadras poliesportivas e praças públicas, assim como também vários

49 restaurantes e uma grande quantidade de prédios de diferentes períodos e estilos arquitetônicos, que vão do colonial ao moderno.

Figura 38 – Mapa de entorno do Antigo Mercado

FONTE: Google Earth, 2013. Com adequação do autor.

Todos esses serviços são benefícios que agregam valor ao edifício, pois permite aos usuários do espaço a comodidade de ter diferentes áreas de serviços que podem ser usadas pelos mesmos. As várias escolas que são encontradas próximo ao edifício, facilita a utilização do espaço para os alunos e professores.

7. 3 HISTÓRICO DO PRÉDIO

O Antigo Mercado de Oeiras – PI foi construído entre os anos de 1934 a 1944 (figura 39), logo após a sua inauguração a feira da cidade passou a ser realizada no pátio do edifício. Todos os pontos comerciais do mercado, exceto os que ficavam localizados nas extremidades do prédio, possuíam portas voltadas para o pátio interno. Era de costume dos comerciantes abrir às sete horas da manhã e fechar meio dia para o almoço, reabriam às treze horas e permanecia aberto até às dezessete horas. Aos domingos sempre ficava fechado (SOARES, 2017).

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Figura 39 – Antigo Mercado em 1940

FONTE: Aquarelas de um tempo, 2017.

Os espaços do mercado foram divididos em diferentes tipos de comércios: papelarias, mercearias, bodegas e quitandas. Esses espaços vendiam produtos como querosene jacaré, açúcar, sal, sabão em barra, rapadura e o café de grão que eram produtos cruciais para o sustento da população da cidade e das zonas rurais vizinhas (SOARES, 2017). Na sexta à noite, muitos feirantes vindos do interior do município, começavam a chegar à cidade para a realização de uma grande feira, esses feirantes ocupavam toda a área em frente ao mercado e passavam a noite no local para que no sábado pela manhã fosse possível a realização da feira (figura 41) (SOARES, 2017).

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Figura 40 – Feira em frente ao Antigo Mercado

Fonte: Aquarelas de um tempo, 2017.

O calçadão do mercado velho possuía grandes árvores centenárias, eram espécies como figueiras e oitis. Essas árvores eram usadas pelos usuários do mercado para prender os animais que eram o meio de locomoção na época (figura 42) (SOARES, 2017).

Figura 41 – Antigo Mercado

Fonte: Aquarelas de um tempo, 2017.

O mercado foi chamado de José Lopes da Silva, uma homenagem a um dos comerciantes que permaneceu trabalhando no mercado por cerca de 50 anos. Com o tempo o mercado passou por diversas modificações até chegar à configuração atual, dividido em novos espaços (figura 43), o pátio interno recebeu novos módulos que eram usados como restaurantes, e foi acrescentado espaços em frente ao pátio 52 interno que passaram a ser usados como novas lojas e mercearias (SOARES, 2017).

Figura 42 – Usos do Antigo Mercado

Fonte: Do autor, 2018.

Em março de 2017 o mercado foi desocupado pelos comerciantes para ocuparem o novo mercado da cidade de Oeiras, assim o mercado velho passou por uma limpeza em sua fachada e se encontra desocupado até hoje (SOARES, 2017).

7.4 CARACTERÍSTICAS DA EDIFICAÇÃO E DO TERRENO

Segundo Pereira (2017) o Antigo Mercado de Oeiras é uma das edificações de destaque na expansão urbana que aconteceu na cidade no século XIX, o edifício é térreo e possui características arquitetônicas coloniais. A edificação hoje se encontra com a estrutura bastante degradada pelos anos de uso sem manutenção, tendo

53 assim algumas partes de suas esquadrias modificadas pelos usuários o que acabou acarretando a modificação da fachada (figura 43).

Figura 43 – Mapa de oportunidade e ameaças.

Fonte: Do autor, 2018.

A cobertura da edificação hoje também se encontra bastante degradada, tendo assim a necessidade de uma avaliação para a readequação de seu uso. A planta baixa e as fachadas originais foram alteradas com o decorrer dos anos de uso, partes como esquadrias e áreas que foram construídas com o tempo são modificações que são facilmente percebidas, a falta de referências dessas datas de alterações é algo que dificulta determinar o ano em que foram realizadas. Grande parte do terreno está desocupado (figura 44).

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Figura 44 – Ocupação do terreno

FONTE: Do autor, 2018.

O terreno em que o edifício está localizado possui um leve desnível, praticamente imperceptível, pois é todo pavimentado. Uma grande parte deste terreno é usada o cimentado para a sua pavimentação e em outra é usado o piso hexagonal intertravado de concreto. Hoje em dia o local não possui mais as grandes árvores centenárias, atualmente é uma área limpa que possui em sua toda a sua extensão apenas o edifício do mercado.

7.5 GABARITO

Os prédios do entorno são praticamente edifícios térreos, essa não é uma característica apenas da quadra do edifício, é uma característica de todo o centro histórico da cidade de Oeiras. No entorno da edificação existe alguns sobrados do mesmo período do mercado, assim como também algumas edificações que foram construídas antes do tombamento da área que possuem um pavimento (figura 45).

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Figura 45 – gabarito do entorno

Fonte: Do autor, 2018.

Hoje todo o perímetro tombado pelo o IPHAN é proibida a construção de qualquer edificação que destoe do gabarito predominante do centro histórico, isso conforme Decreto-Lei nº 25/37 do ano de 2010. O gabarito da cidade só muda em áreas que não estejam protegidas pela a zona de preservação.

7.6 CONDICIONANTES NATURAIS

Segundo o site Climate (2017) Oeiras tem um clima predominantemente tropical semiárido, a temperatura média da cidade é de 29.0 °C com máxima de 40.0 °C. Tem uma pluviosidade média anual de 908 mm. É uma cidade que na maior parte do ano é quente, mas que apresenta uma variação na temperatura nos primeiros meses do ano que é quando as temperaturas caem em decorrência do período

56 chuvoso. Entre os meses de setembro a dezembro é característico, não só na cidade de Oeiras mais em todo o estado do Piauí, as temperaturas mais quentes do ano, esse é um período conhecido como B-R-O BRÓ. A fachada Oeste é a que tem a maior incidência solar (figura 46).

Figura 46 – Estudo de insolação

FONTE: Do autor, 2018.

7.7 LEGISLAÇÃO

Através do decreto de Lei 7.745/89 que é datada do ano de 1994, a cidade de Oeiras passa a ser protegida pelo Ministério público do estado do Piauí. O decreto determina a proteção do patrimônio material e imaterial da cidade e o elevou a momento nacional, conforme menciona o art. 137 do decreto.

Os monumentos históricos, artísticos ou naturais, assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza, gozam de proteção e dos cuidados especiais da Nação, do Estado e dos Municípios. Os atentados cometidos serão equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.” (MISTÉRIO PÚBLICO, 1995).

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No ano de 2012, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomba o conjunto histórico de Oeiras, o IPHAN aponta a importância do conjunto por possuir inúmeras correntes arquitetônicas. Foram tombados 14 quarteirões e cerca de 235 imóveis pelo instituto. Baseado no tombamento de 2012, Decreto-Lei nº 25/37 determina que os estudos, projetos, obras ou intervenções em bens culturais tombados devem obedecer a alguns princípios:

I - prevenção, garantindo o caráter prévio e sistemático da apreciação, acompanhamento e ponderação das obras ou intervenções e atos suscetíveis de afetar a integridade de bens culturais de forma a impedir a sua fragmentação, desfiguração, degradação, perda física ou de autenticidade;

II - planejamento, assegurando prévia, adequada e rigorosa programação, por técnicos qualificados, dos trabalhos a desenvolver em bens culturais, respectivas técnicas, metodologias e recursos a empregar na sua execução;

III - proporcionalidade, fazendo corresponder ao nível de exigências e requisitos a complexidade das obras ou intervenções em bens culturais e à forma de proteção de que são objeto; IV - fiscalização, promovendo o controle das obras ou intervenções em bens culturais de acordo com os estudos e projetos aprovados;

V - informação, através da divulgação sistemática e padronizada de dados sobre as obras ou intervenções realizadas em bens culturais para fins histórico-documentais, de investigação e estatísticos. (Decreto-Lei nº 25/37,1999).

A cidade de Oeiras ainda conta com a proteção do estado do Piauí através de lei 4.515/92, que é de dezembro de 1994, e também de um inventário de proteção do acervo cultural da cidade. Em esfera municipal, a cidade conta ainda com lei municipal de nº 1.228 / 82 que estabelece o código de obra e edificações da cidade. A NBR 9050 também é uma ferramenta fundamental na concepção de qualquer projeto, pois é um meio de inclusão a todos. Segundo a NBR 9050 (2015) as pessoas que são consideradas com mobilidade reduzida são aquelas que se encontram, temporariamente ou permanentemente, com capacidade limitada de se relacionar com o meio e o utilizar. Ainda de acordo com esta NBR, acessibilidade é a possibilidade de alcance, percepção e entendimento do meio para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e seus elementos. Ainda de acordo com a ABNT NBR 9050 (2015), as informações presentes nos espaços devem ocorrer através do uso de no mínimo dois sentidos: visual e tátil ou 58 visual e sonoro. Além disso, devem ser autoexplicativas, perceptíveis e legíveis para todos. Recomenda também que as informações com textos sejam complementadas com símbolos.

8 PROGRAMA DE NECESSIDADE, PRÉ DIMENSIONAMENTO E FLUXOGRAMA

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60

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao dar início ao desenvolvimento das pesquisas para a elaboração da monografia, deu-se início as pesquisas mais aprofundadas sobre o estudo do patrimônio histórico. Esse estudo possibilitou a exploração de diversos subtemas existentes relacionados ao patrimônio, para que assim fosse possível um melhor entendimento acerca do tema escolhido. A escolha de estudar e propor uma requalificação ao Mercado Velho de Oeiras aconteceu ao perceber a importância que a edificação tem para a cidade em relação a fatores sociais e culturais, além da importância da salvaguarda da memória da população com o espaço e a própria edificação. A importância da exploração do patrimônio cultural imaterial da cidade também é algo que influenciou e instigou a propor como novo uso um espaço cultural que pudesse abranger as diferentes vertentes culturais da cidade, assim como também trazer um local capaz de dar uma educação patrimonial a população. Com isso, a conclusão é que a cidade de Oeiras é um município que possui inúmeras vantagens culturais que são pouco exploradas e disseminadas por sua e pela a sua população. Foi perceptível também a necessidade de um espaço destinado para a população que trouxesse a importância do patrimônio para a sociedade, seja ele material e imaterial.

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APÊNDICE

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MEMORIAL JUSTIFICATIVO E DESCRITIVO

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1. MEMORIAL DESCRITIVO

O memorial descritivo tem como objetivo detalhar as fases e os matérias que deverão ser seguidos e utilizados na concepção do projeto, sendo assim uma base a ser seguida durante todo o processo.

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Mercado Público de Oeiras foi construído para uso comercial no início do século XX. O edifício passou por enumeras intervenções e reformas no decorrer dos anos, intervenções essas que não seguiam os padrões ideais de intervenção em patrimônio cultural edificado. As mais significativas alterações pelas quais a edificação passou após as reformas são:  Reforma dos pisos e paredes em algumas áreas,  Modificação das esquadrias das fachadas;  Adaptação de novos boxes internos; A partir dos estudos feitos, optou-se, como partido, pela intervenção mínima nos elementos da edificação e pelo aproveitamento máximo de materiais, formas e aspectos que ainda restam em sua arquitetura.

1.2 RELAÇÃO DAS PLANTAS DO PROJETO

Prancha 01/15: Localização – Esc.: 1:500/ 1:2000/ 1:5000 Prancha 02/15: Planta de Situação e Cobertura – Esc.: 1:200 Prancha 03/15: Mapa de Danos (Fachadas) – Esc.: 1:75 Prancha 04/15: Mapa de Danos (Cortes) – Esc.: 1:75 Prancha 05/15: Demolição e Construção – Esc.: 1:75 Prancha 06/15: Situação (Proposta) – Esc.: 1:200 Prancha 07/15: Planta Baixa Técnica e Mezanino – Esc.: 1:100 Prancha 08/15: Planta Baixa Layout e mezanino – Esc.: 1:100 Prancha 09/15: Planta de Cobertura – Esc.: 1:75 Prancha 10/15: Cortes – Esc.: 1:125 Prancha 11/15: Fachadas – Esc.: 1:75 Prancha 12/15: Planta de Paginação de Piso – Esc.: 1:75 69

Prancha 13/15: Planta de Forro – Esc.: 1:75 Prancha 14/15: Detalhamento de Clarabóia – Esc.: 1:75 Prancha 15/15: Detalhamento de Porta – Esc.: 1:20

1.3 TIPOLOGIA E ÁREA

Área Total do Terreno______6785,55 m² Área Total Construída ______1146,53 m² Área de Cobertura ______1083,80 m² Área de Piso ______930,35 m²

1.3.1 ÁREAS ESPECÍFICAS

A edificação terá os seguintes ambientes e áreas de piso indicadas:

ÁREA TOTAL AMBIENTES QUANTIDADE (m²) Hall de entrada 01 01 13,73 Deposito 01 12,60 Sala para Cursos 01 01 24,35 Sala para Cursos 02 01 47,00 Sala para Cursos 03 01 32,76 Hall de entrada 02 01 10,13 Biblioteca 01 80,90 Restauração 01 12,58 Entrada 03 01 13,51 Sala de Exposição 01 121,48 Entrada 04 01 14,31 Auditório 01 86,45 Sala para Funcionários 01 24,35 Diretória 01 12,58 Recepção 01 01 12,60 Banheiro Feminino 02 8,90 Área de Exposição 02 01 89,13 Banheiro Masculino 02 8,90 Recepção 02 01 12,90 Banheiro Acessível 01 3,30 Feminino 70

Loja de Artesanato 08 5,20 Banheiro Acessível 01 3,30 Masculino Espaço de Eventos 01 149,70 Livraria – Café 01 16,90 Palco 01 28,50 Teatro de Arena 01 250,00

1.4 ESTRUTURA

As paredes que compõem as fundações e a estrutura em tijolo maciço, serão mantidas, conforme indicações de projeto; e serão reforçadas apenas se for verificada a existência de lesões. A estrutura a ser feita é toda em aço galvanizado com pintura eletroestática na cor preta, isso se aplica no mezanino, palco, esquadrias da fachada e a claraboia, assim como, nas rampas de acesso, caixões que serão colocados nas aberturas de ligações de salas.

1.5 COBERTURA

A estrutura da cobertura da edificação será mantida. Deverá ser feita uma avaliação, em obra, do estado de degradação dos materiais, visto que a cobertura se encontra bastante degradada. Esta revisão tem como objetivo aferir as condições de segurança, o sistema estrutural e o telhamento para se ter o conhecimento dos danos existentes em tal momento. Deverá ser feita:  Revisão das ligações, pontos de apoios e extremidades de peças estruturais, executado a completa substituição de peças com alto nível de degradação;  Retirada cuidadosa do telhamento para lavagem e o reaproveitamento no retelhamento;  Tratar e imunizar todo o madeiramento antes do retelhamento para evitar futuras pragas;  Retelhamento com telhas existentes e substituição de telhas quebradas pelas telhas dos boxes demolidos conforme planta de demolição e construção.  Observar detalhamento da claraboia;

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 Substituição de todas as calhas metálicas.

1.6 ESQUADRIAS

 P1 – (2,0X2,67m) – Porta de abrir, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta, fechadura tipo cilindro, acabamento preto, maçaneta tipo alavanca na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta.  P2 – (1,67X2,80m) – Porta de abrir, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta, fechadura tipo cilindro, acabamento preto, maçaneta tipo alavanca na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta.  P3 – (0,80X2,10m) – Porta de abrir, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta, fechadura tipo cilindro, acabamento cromado, maçaneta tipo alavanca, cromada. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta.  P4 – (1,30X3,05m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta. Observar detalhamento para execução.  P5 – (1,28X3,05m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta. Observar detalhamento para execução.  P6 – (1,22X3,05m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em

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pintura esmalte sintético fosco cor preta. Observar detalhamento para execução.  P7 – (1,20X3,05m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta. Observar detalhamento para execução.  P8 – (1,19X3,05m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta. Observar detalhamento para execução.  P9 – (1,18X3,05m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Quatro dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta. Observar detalhamento para execução.  P10 – (0,90X2,10m) – Porta de abrir, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Três dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta. Barra Apoio 50Cm Reto Cr 3852 Jackwal.  P11 – (0,65X2,10m) – Porta de abrir, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Três dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta, fechadura tipo cilindro, acabamento na cor preta, maçaneta tipo alavanca, cromada.  P12 – (2,0X2,10m) – Porta de abrir de duas folhas, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta. Três dobradiças assentadas em batente metálico, modelo envolvente com acabamento em pintura esmalte sintético fosco cor preta, fechadura tipo cilindro, acabamento na cor preta. Porta acústica, 35 dB de isolamento.  J1 – (1,09X1,05x0,95) – Janela com abertura horizontal, em aço galvanizado, com acabamento em pintura eletrostática na cor preta.

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1.7 REVESTIMENTO

PISO:  Banheiros: Piso porcelanato portobello linha progetto 60x60, cor branca, superfície natural ou similar.  Espaço de Eventos: Piso solarium, linha drenaggio 50x5, cód. dre100. cor

bege. Obs: demais áreas devem permanecer o piso original, conforme planta de paginação de piso. PAREDE:

 Depósito, sala para cursos, biblioteca, sala de exposição, sala de funcionários, diretoria, loja de artesanato: As Parede devem ser mantidas com pintura original e a estrutura como está, deve ser tratada com hidrojateamento e hidrofugante para a proteção contra umidades. As paredes devem ser descascadas h: 1,50m e tratadas também com hidrojateamento e hidrofugante.  Banheiros: Piso porcelanato portobello linha progetto branca 60x60 h: 2.00m  Fachadas: pintura em tinta suvinil a base de água na cor salmão claro.

FORRO:

 Depósito, sala para cursos, biblioteca, sala de exposição, sala de funcionários, diretoria, loja de artesanato, restauração: forro em drywall, tipo pé solto.

1.8 DIVERSOS

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 Bancadas: Todas as bancadas existentes devem ser mantidas, devem apenas passar por uma limpeza.  Divisórias dos boxes em chapa de aço na cor preta espessura mínima de 2 cm, altura de 1.80m.  Splits: Prever a instalação de splits, conforme os locais sugeridos em planta baixa. Quantidades e capacidades a serem definidas em cálculo específico, de acordo com as necessidades dos ambientes. Os condensadores dos splits deverão ser localizados na laje dos banheiros como definido em plantas e cortes.  Tomadas e interruptores: interruptor simples 4x2 vivace 3 int carbono siemens, tomada 4x2 vivace 2p+t 20a carbono siemens.  Louças sanitárias: Bacia para caixa acoplada Belle Époque P.202.1 ou similar, assento plástico referência Deca, AP01 ou similar.  Pia - banheiros: Cuba de semiencaixe retangular com mesa e válvula oculta cor branca.

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MEMORIAL JUSTIFICATIVO CULTURA DA VILA: COMPLEXO CULTURAL NO ANTIGO MERCADO DE OEIRAS - PI

M E M O R I A L J U S T I F I C A T I V O PATRIMONIO l EDUCAÇÃO l SOCIEDADE

COMPLEXO CULTURAL CULTURA DA VILA

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI | ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO | ORIENTADORA: M.sc PAMELA KRISHNA RIBEIRO FRANCO FREIRE

KELLY KAROLLYNI FERREIRA DANTAS DE SOUSA

TERESINA 2018.2 1 | O LUGAR

A proposta trata de um centro cultural que fica localizado em um lote de área de aproximadamente 6.785,55 m², na zona central da cidade de Oeiras. O acesso direto ao Mercado dá-se através da rua Raimundo de Queiroz tendo como acesso principal a Av. José Tapety. Localizado na zona de preservação do patrimônio edificado da cidade, o mercado desempenho por muito tempo a tarefa de proporcionar a venda de suprimentos, convívio social, encontros, além também de fazer parte do conjunto cultural da primeira capital do estado. | REDERIZAÇÕES 2 | CRITÉRIOS PROJETUAIS ADOTADOS

A proposta de requalificação tem como principal conceito a preservação do patrimônio arquitectônico, assim propondo uma intervenção contemporânea que tem como premissa básica a adaptação da edificação as novas funções. Critérios como a padronização do uso dos materiais, foram aspectos projetuais norteadores para a concepção do projeto. O aço e o vidro estão presentes nas portas, mezanino, palco, clarabóia, envolta das novas aberturas, rampas e containers. O uso desses materiais foi devido a sua melhor adequação as condições locais, sua leveza e principalmente por estabelecer um diálogo interessante e desejável com a construção original, entre o novo e o antigo.

| REDERIZAÇÕES 3 | SOLUÇÕES FUNCIONAIS

O objetivo primordial foi o de adequar os espaços existentes as necessidades técnicas e funcionais do complexo cultural, as aberturas internas feitas entre as salas foram uma solução encontrada para tornar os espaços mais abertos e abrangentes. O mezanino foi uma alternativa usada na biblioteca para as salas de estudo em grupo, assim como a clarabóia que é um elemento que tornou possível a u s a b i l i d a d e d a á re a i n t e r n a e m p e r í o d o s c h u vo s o s, assim também como, o dia a dia pois o vidro usado tem proteção solar e barrar o calor . | REDERIZAÇÕES 4 | SOLUÇÕES PLÁSTICAS

A utilização de novos materiais que conversassem com a estrutura existente, e ao mesmo tempo pudesse passar ao usuário a informação de que era um novo elemento, foi uma solução desejável e ao mesmo tempo pratica. A clarabóia foi pensada para resultar em um espaço dinâmico entre as aéreas de exposição externas, a área de evento, as salas de cursos, a biblioteca, o auditório e a área de exposição prologada.

A área externa é composta por espaços de sociabilização e um teatro de arena, esses elementos são o ponto de inicio da intervenção no mercado. Todas as soluções plásticas foram pensadas para que pudessem conversar entre si. | REDERIZAÇÕES | REDERIZAÇÕES