DOI: 10.5327/Z2176-947820170147 USO DA TERRA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL TIETÊ: PLANEJAMENTO AMBIENTAL E GESTÃO TERRITORIAL LAND USE IN THE ENVIRONMENTAL PROTECTION AREA (APA TIETÊ): ENVIRONMENTAL PLANNING AND LAND MANAGEMENT
Bruna Gabriela de RESUMO Carvalho Pinto Este artigo teve como objetivo identificar os conflitos de uso da terra associados o Mestre em Sustentabilidade na às Áreas de Preservação Permanente (APPs) (Lei Federal n 12.651/2012), de Gestão Ambiental pelo Programa de modo a fornecer subsídios para o planejamento e a gestão territorial da Área Pós-Graduação em Sustentabilidade de Proteção Ambiental (APA) Tietê, localizada na Região Metropolitana de na Gestão Ambiental (PPG-SGA) da Sorocaba. Mapeou-se o uso da terra por meio de classificação automática Universidade Federal de São Carlos supervisionada de imagem do satélite RapidEye e determinou-se os conflitos (UFSCar) – Campus Sorocaba – com o auxílio de Sistemas de Informação Geográfica. Concluiu-se que a APA Sorocaba (SP), Brasil. Tietê possui predominância de usos agropecuários da terra, correspondendo a 78,45% da área total da Unidade de Conservação. A área encontra-se em Rogério Hartung Toppa estado crítico para conservação da biodiversidade, uma vez que 74,40% das Biólogo pela Universidade Federal APPs são compostas por usos da terra conflituosos. de São Carlos. Doutor em Ecologia e Palavras-chave: Unidades de Conservação de Uso Sustentável; legislação Recursos Naturais pela Universidade florestal; Áreas de Preservação Permanente. Federal de São Carlos. Professor adjunto do Departamento de Ciências Ambientais e do PPG-SGA ABSTRACT This paper aimed to identify the land use in Environmental Protection Area da UFSCar – Campus Sorocaba – (APA) Tietê, highlighting the conflict associated with Permanent Preservation Sorocaba (SP), Brasil. Areas (APPs) (Federal law n° 12.651 de 2012), in order to provide subsidies to Endereço para correspondência: the planning and management of land of APA Tietê, located in Metropolitan Rogério Hartung Toppa – Region of Sorocaba. The land use was mapped by means of supervised Universidade Federal de São Carlos – automatic classification of RapidEye satellite image, and the landuse Rodovia João Leme dos Santos, km conflicts were determined with the aid of Geographical Information Systems. 110 – 18052-780 – Sorocaba (SP), As a conclusion, APA Tietê has a predominance of agricultural land uses, Brasil – E-mail: [email protected] corresponding to 78.45% of total protected area. This area is in critical Recebido: 08/04/2016 condition for biodiversity conservation, since 74.40% of APPs consist of Aceito: 21/02/2017 conflicting land uses. Keywords: Protected Areas of Sustainable Use; forestry law; Permanent Preservation Areas.
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INTRODUÇÃO Desde 1930, o Brasil vem instituindo políticas de prote- Para Gama et al. (2013), um mapa de áreas de APPs ção à natureza, sendo algumas influenciadas pelas ex- degradadas ou de uso conflituoso pode por si só ser periências dos parques norte-americanos, que foram usado como guia de ações de áreas que necessitam criados baseando-se em uma perspectiva dicotômica de restauração. entre meio ambiente e sociedade. Essa perspectiva se A análise do uso da terra é essencial ao planejamento fundamentava na visão de que, para a preservação da ambiental, porque retrata as atividades humanas que natureza, as áreas protegidas deveriam ser isoladas do podem impactar negativamente o ecossistema natural contato humano. Como consequência desse modelo, (SANTOS, 2004). Além disso, considerando que a maio- muitos conflitos socioambientais surgiram na imple- ria das decisões em planejamento baseia-se em dados mentação das áreas protegidas (DE SOUZA & MILA- econômicos (especialmente nas prioridades de desti- NEZ, 2015). nação de recursos financeiros), quanto mais comple- Em 2000, instituiu-se o Sistema Nacional de Unida- to for o levantamento de informações sobre os bens e des de Conservação (SNUC), por meio da Lei no 9.985. serviços ambientais, caracterizando a sua importância Essa lei previu, após intensos debates que se desen- econômica no território, melhores serão os fundamen- volveram ao longo de seu processo de criação, duas tos para a elaboração de políticas públicas para alcan- categorias distintas de Unidades de Conservação çar um uso mais sustentável das paisagens (DE GROOT, (UCs): as de proteção integral e as de uso sustentá- 2006). Essa análise torna-se especialmente importan- vel. A criação das UCs de uso sustentável objetivou te em áreas protegidas, pois elas fornecem inúmeros superar a visão preservacionista (DE SOUZA & MILA- serviços ecossistêmicos, incluindo biodiversidade, pro- NEZ, 2015), apoiando os meios de subsistência para teção de recursos hídricos e estoque de carbono (DE- as populações humanas e protegendo seus ecossiste- FRIES et al., 2007). mas naturais (CORTINA-VILLAR et al., 2012), a partir A fim de auxiliar no planejamento e na gestão terri- da oferta de outros modelos de área protegida, como torial, o entendimento dos componentes do ecossis- as categorias semelhantes às Áreas de Proteção Am- tema e das relações naturais é essencial. Para tan- biental (APAs). to, uma das abordagens holísticas mais importantes Dentre as UCs brasileiras, as APAs são maioria em corresponde aos Sistemas de Informação Geográfica número e em área. Elas têm como propósito disci- (SIG) (LANG & BLASCHKE, 2009). Esses sistemas vêm plinar as atividades humanas de forma a propor- sendo incorporados na fase inicial da criação das UCs, auxiliando na escolha das áreas a serem con- cionar o uso sustentável dos recursos naturais e a servadas e na resolução de problemas, assim como qualidade ambiental para as comunidades locais. subsidiando os diagnósticos ambientais, a elabora- Assim, podem ser consideradas mais próximas de ção de zoneamentos e a previsão de cenários fu- um mecanismo de ordenamento do uso da terra do turos (TOPPA et al., 2013). As geotecnologias, que que de uma verdadeira área protegida (RYLANDS englobam desde equipamentos a métodos, contri- & BRANDON, 2005). Considerando que menos de buem para o planejamento e gestão de UCs, até an- 10% das APAs brasileiras possuem Plano de Manejo tes mesmo de sua criação. Ferramentas analíticas, (WWF, 2012) — principal instrumento utilizado para como análise espacial, são instrumentos importan- orientar o ordenamento territorial —, a avaliação tes para apoiar tal abordagem de gestão participati- do conflito no uso da terra em Áreas de Preservação va (DE GROOT, 2006). Permanente (APPs) pode fornecer resultados impor- tantes para a gestão, uma vez que essas áreas foram Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo iden- assim definidas por possuírem função ambiental de tificar os conflitos dos usos da terra em áreas funda- preservar os recursos hídricos, a paisagem, a esta- mentais para a conservação da biodiversidade, adotan- bilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gêni- do-se como referência a legislação florestal brasileira, co de fauna e flora, bem como de proteger o solo de modo a fornecer subsídios para o planejamento e a e assegurar o bem-estar das populações humanas. gestão territorial da APA Tietê.
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MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área de estudo A área de estudo está localizada entre as latitudes 22° A APA Tietê está inserida na Região Metropolitana de 52’ e 23°13’ sul e longitudes 47° 50’ e 47° 34’ oeste Sorocaba e nas Unidades de Gerenciamentos de Recur- (datum WGS84). A APA Tietê possui aproximadamente sos Hídricos (UGRHI – 10 e 5) denominadas Sorocaba/ Médio Tietê e Piracicaba/Capivari/Jundiaí, respectiva- 46 mil hectares, 40 mil habitantes (IBGE, 2010) e foi mente. A drenagem nessa área ocorre por dois gran- criada pelo Decreto Estadual n° 20.959, de 8 de junho des rios: Tietê e Capivari. Segundo a classificação de de 1983. Possui 88% da unidade territorial localizada Köppen, o clima da região é do tipo Cwa, caracterizado no município de Tietê, e o restante localizado no muni- pelo clima subtropical úmido com ocorrência de inver- cípio de Jumirim (Figura 1). no seco e verão quente e chuvoso (CEPAGRI, 2013).
Mapeamento do uso da terra O uso da terra foi determinado por meio da classifica- USA), adotando-se o procedimento Echo Spectral-S- ção automática supervisionada, com auxílio dosoftware patial e o algoritmo classificador Maximum Likelihood MultiSpec Versão 3.3 (2012 Purdue University Lafayette, (BIEHL & LANDGREBE, 2002). A classificação foi gerada
Saltinho Rio das Pedras 22 55 0 S BRASIL Mombuca
23 0 0 S Laranjal Paulista Rafard
TIET 23 5 0 S ESTAD DE S PAUL JUMIRIM
23 10 0 S Cerquilho Porto Feliz Boituva Sistema de Coordenadas Geográficas 47 50 0 W 47 45 0 W 47 40 0 W 47 35 0 W Datum WGS84 Legenda: 0 4 8 16 24 Divisa de Município km Limite da APA Tietê
Figura 1 – Localização da Área de Proteção Ambiental Tietê.
103 RBCIAMB | n.43 | mar 2017 | 101-113 Pinto, B.G.C.; Toppa, R.H. com base em um mosaico de imagens do satélite Rapi- OLIVEIRA et al., 2008; FUSHITA, 2006). A camada de dEye do ano de 2011, com as bandas espectrais R5G4B3, malha viária utilizada nessa etapa foi extraída de car- produzido com auxílio do software ARCGIS 10.2 (2013 tas topográficas do Instituto de Geografia e Estatística ESRI), por equalização (Histogram Match). (IBGE), na escala 1:50.000, folhas: Laras (SF-23-Y-A-IV-3), Capivari (SF-23-Y-A-IV-4), Laranjal Paulista (SF-23-Y-C-I-1) Para obter a concordância entre a verdade terrestre e e Porto Feliz (SF-23-Y-C-I-2). o mapa de uso da terra obtido, realizou-se o cálculo da matriz de erros e do coeficientekappa — k (CONGALTON O mapeamento teve a sua acurácia verificada pela matriz & GREEN, 1998), conforme a fórmula abaixo. Equação 1: de erros e pelo cálculo do índice de concordância kappa, obtidos por meio da amostragem de 146 pontos em r r X X − X X campo. O índice kappa obtido para este trabalho foi de K ∑ i= 1 ii ∑ i= 1 i+ + i k = r = 0,77, indicando que o resultado pode ser considerado X 2 − X X (1) ∑ i= 1 i+ + i excelente, segundo a classificação de Rosner (2006). Foram determinadas nove classes de uso da terra, sen- Em que: do duas classes relacionadas a áreas antrópicas não X = número total de observações da matriz de erros; agrícolas (áreas urbanizadas e áreas de mineração); r = número de categorias presentes na matriz de erros; quatro relacionadas a áreas antrópicas agrícolas (cul- X = elementos da diagonal principal; tura temporária, cultura permanente, pastagem e sil- ii vicultura); uma relacionada a áreas de vegetação flo- Xi+ = total da linha para uma dada categoria; X = total da coluna para uma dada categoria. restal nativa; uma classe relacionada a corpos d’águas +i continentais (IBGE, 2006) e uma relacionada a solo O índice kappa foi calculado com os dados obtidos exposto. Além disso, foram organizados os dados de em checagem em campo, com auxílio de um receptor ocupação para cada classe disponível no censo agrope- GPS Mobile Mapper 6 da Ashtech (MELLO et al., 2014; cuário realizado pelo IBGE (2011).
Análise do conflito no uso da terra nas APPs Para a verificação do conflito de uso da terra, limitamos Para a definição das APPs relacionadas aos cursos a análise às Áreas de Preservação Permanente (APPs) d’águas e nascentes, foi utilizada como referência a definidas pela legislação ambiental brasileira, uma vez rede hidrográfica representada nas cartas topográfi- que são fundamentais para a conservação da biodiver- cas do IBGE na escala 1:50.000. Devido às limitações sidade por possuírem importantes funções ambientais. de escala e georreferenciamento, para essa delimita- A Lei Federal no 12.651, de 25 de maio de 2012, foi uti- ção, foi realizado um ajuste geométrico com a ima- lizada como referência para a delimitação de APPs defi- gem RapidEye, de modo que a hidrografia, e conse- nidas no artigo 4o da referida lei, e as amostradas neste quentemente as APPs, representassem a realidade trabalho para a APA Tietê foram: espacial da imagem satélite. I — as faixas marginais de qualquer curso d’água natu- Das nove classes de uso da terra estipuladas neste ral perene e intermitente, excluídos os efêmeros, des- trabalho, sete foram consideradas conflituosas com de a borda da calha do leito regular, em largura mínima de (Incluído pela Lei no 12.727, de 2012): os objetivos de conservação e preservação, sendo a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos elas: áreas urbanizadas, áreas de mineração, cultu- de 10 (dez) metros de largura; ra temporária, cultura permanente, pastagem, sil- b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que te- nham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; vicultura e solo exposto. Somente a classe relativa c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham a fragmentos florestais de Mata Atlântica foi con- de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; siderada como de uso adequado da terra. A clas- (...) se corpos d’água continental não se a aplica a essa IV — as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no análise, pois representa um dos recursos que se raio mínimo de 50 (cinquenta) metros (BRASIL, 2012). quer preservar.
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O mapa de conflito do uso da terra na APA Tietê foi produ- pas de uso da terra e o de APPs. Todas as análises espaciais zido por meio da sobreposição e interseção entre os ma- foram realizadas com o auxílio do software ArcGIS 10.2.
RESULTADOS Uso da terra da APA Tietê De acordo com os dados censitários do IBGE (2011), pista de pouso de pequenos aviões agrícolas, novos lo- para os municípios de Jumirim e Tietê, encontram-se teamentos residenciais e reforma de talhões de cana- como itens da classe cultura temporária as seguintes -de-açúcar. Já a categoria destinada a áreas florestais culturas: cana-de-açúcar (14.800 ha), milho (1.910 ha), nativas engloba, principalmente, vegetação florestal feijão (40 ha) e tomate (10 ha). Já para a classe cultu- secundária de Mata Atlântica (Figura 2). De acordo ra permanente, encontram-se: laranja (93 ha), banana com o Inventário Florestal do Estado de São Paulo, na (30 ha), café (20 ha) e uva (10 ha). Quanto à classe pas- APA Tietê é possível encontrar fragmentos de floresta tagem, de acordo com o IBGE (2011), são criados na ombrófila, floresta estacional semidecidual e regiões área: bovinos (33.478 cabeças), equinos (659 cabeças), de contato com savana e floresta estacional (KRONKA búfalos (368 cabeças), caprinos (210 cabeças) e muares et al., 2005). (48 cabeças). As classes cultura temporária e pastagem foram as Nas áreas de mineração da APA Tietê, de acordo de maior ocorrência, com 37,01% e 34,50%, res- com o levantamento realizado em 2001 pelo De- pectivamente. A classe áreas de mineração apre- partamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), sentou a menor contribuição na composição da são extraídos: areia, calcário dolomítico e argila paisagem estudada, com 0,14%. As classes relacio- para cerâmica. nadas às áreas antrópicas não agrícolas apresenta- Em checagem realizada em campo, observou-se que ram 11,75%. Já as relacionadas a áreas antrópicas a classe áreas urbanizadas é composta basicamente agrícolas representaram a maior porcentagem, com por rodovias, ferrovias, áreas residenciais, granjas de 78,45%. Quanto aos fragmentos florestais de Mata frango e fábricas, especialmente de ração animal. Para Atlântica, a porcentagem apresentada foi de 6,65%. a classe silvicultura, foi possível encontrar plantações As classes corpos d’água continentais e solo exposto de Pinus spp. e Eucalyptus spp. Quanto à categoria corresponderam respectivamente a 1,19% e 1,95% solo exposto, amostrou-se: pistas de kart e bicicross, (Tabela 1).
Conflito no uso da terra nas APPs As APPs de curso d’água e nascentes abrangeram Cultura temporária (1.355,37 ha; 32,46% do total de 4.039,79 ha (96,72% da área total de APPs) e 137,63 ha APP), pastagem (845,44 ha; 20,24%) e cultura per- (3,28% da área total de APPs), respectivamente. manente (727,31 ha; 17,42%) foram as classes de Vale ressaltar que existem áreas onde ocorre sobrepo- maior conflito, totalizando mais de 70% de uso con- sição de diferentes categorias de APPs — por exemplo, flituoso. Os fragmentos de mata ciliar correspondem a 996,08 ha (23,85%) de cobertura das APPs da APA à jusante de nascentes, é possível encontrar trechos Tietê (Figura 3). Considerando todas as classes ana- que constituem APPs de curso d’água e APPs de nas- lisadas, foi observado que aproximadamente 74% da cente simultaneamente. Essas áreas de sobreposição área de APPs de curso d’água e 72% da área de prote- correspondem a 74,38 ha. Para fins de análise, quan- ção de nascentes apresentam conflito em relação aos do nós avaliamos as APPs como um todo, essas áreas objetivos previstos no Código Florestal. A APA Tietê foram contabilizadas somente uma vez, resultando em possui 74% das suas APPs (corpos d’água e nascentes) uma área total de APPs de 4.176,13 ha, representando com algum tipo de conflito em relação ao uso e cober- 9,04% da APA Tietê. tura da terra (Figura 4).
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205000 210000 215000 220000 225000 230000 235000 240000 245000 APA TIET
SALTINH RI DAS PEDRAS US DA TERRA Legenda 7465000 7465000 APA Tietê Uso da terra em 2011 Municípios Área urbanizada Área de mineração Cultura tempor ria M MBUCA Cultura permanente Pastagem 7460000 7460000 Silvicultura Florestal Corpos d’água continentais Solo exposto 7455000 7455000 INF RMA ES CART GRÁFICAS LARANJAL PAULISTA 0 1 2 4 km Projeção Universal Transversa de Mercator - UTM Datum horizontal: WGS 1 84 Zona: 23 F NTE DE INF RMA ES: RAFARD 7450000 7450000 US DA TERRA — Input: Imagens de satélite RapidEye cedidas pela empresa Santiago & Cintra — Data das imagens: julho, agosto e setembro de 2011 — Método: Classificação Automática Supervisionada — Software: Multispec Versão 3.3 LIMITE APA TIET 7445000 7445000 — Shapefile cedido pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo (FF) LIMITES MUNICIPAIS E ESTADUAL — Shapefile de divisões municipais do Estado de São Paulo cedido pelo Instituto Geográfico Cartográfico do Governo do Estado de São Paulo (IGC)
SALTINHO 7440000 7440000 RIO DAS PEDRAS
MOMBUCA
LARANJAL ESTADO DE PAULISTA SÃO PAULO RAFARD P RT FELIZ TIETÊ JUMIRIM 7435000 7435000 CERQUILHO PORTO CERQUILH FELIZ BOITUVA DATA: ESCALA: L CALIZA : DEZEMBR /2015 1:50.000 JUMIRIM E TIET (SP) B ITU A 7430000 7430000
205000 210000 215000 220000 225000 230000 235000 240000 245000
Figura 2 – Uso e cobertura da terra na Área de Proteção Ambiental Tietê.
Tabela 1 – Classes de uso da terra mapeadas na Área de Proteção Ambiental Tietê. Área Nº Classe de uso da terra (ha) (%) 1 Área Urbanizada 5.367,34 11,62 2 Área de Mineração 63,73 0,14 3 Cultura Temporária 17.103,12 37,01 4 Cultura Permanente 3.046,07 6,59 5 Pastagem 15.940,41 34,50 6 Silvicultura 162,44 0,35 7 Florestal 3.075,02 6,65 8 Corpos d’Água Continentais 548,36 1,19 9 Solo Exposto 902,81 1,95 Total 46.209,31 100
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DISCUSSÃO A expressiva participação de classes agropecuárias, pecuários, é evidente a necessidade de se estudar e totalizando 78,45% do uso da terra da APA Tietê, de- promover programas de conscientização voltados ao monstra os intensos processos de antropização a que manejo e às práticas agrícolas adotadas. Segundo Ber- a área tem sido submetida (OLIVEIRA et al., 2008). tolini e Lombardi Neto (1994), o desgaste e o empo- Além do impacto provocado pela extensão territorial brecimento do solo podem ser evitados com a utili- que essas classes ocupam, há de se considerar os im- zação de práticas que aumentem a cobertura vegetal pactos decorrentes das práticas de manejo adotadas. e a infiltração da água no perfil do solo, reduzindo o Durante os últimos 40 anos, ocorreu um aumento de escoamento superficial. aproximadamente 700% do uso de fertilizantes e um aumento de 70% nas áreas de cultivo irrigadas (MAT- Além disso, considerando que o total de vegetação SON et al., 1997). Essas práticas podem levar à degra- nativa é fundamentalmente importante para os prin- dação da qualidade de água, à salinização e à perda de cipais aspectos do manejo de paisagem (LINDENMA- fertilidade dessas áreas (FOLEY et al., 2005). YER et al., 2008), foi possível observar que apenas 6,65% da área total da APA Tietê é composta por re- Diante disso, além do diagnóstico fornecido neste manescentes de Mata Atlântica. Esse valor correspon- estudo, relacionado à área ocupada pelos usos agro- de a menos da metade da porcentagem encontrada
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