Para Além Do Silêncio: O Sistema De Conforto E O Papel Dos Movimentos Feministas Na Questão Das Mulheres De Conforto Na Coreia Do Sul (1905-2015)
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PARA ALÉM DO SILÊNCIO: O SISTEMA DE CONFORTO E O PAPEL DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS NA QUESTÃO DAS MULHERES DE CONFORTO NA COREIA DO SUL (1905-2015) Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre em Estudos Asiáticos Por Tatiana Sofia Fonseca Azenha Sob Orientação de Prof. Doutor Luís Mah Co-orientado por Profª. Doutora Tânia Ganito Faculdade de Ciências Humanas Setembro 2017 PARA ALÉM DO SILÊNCIO: O SISTEMA DE CONFORTO E O PAPEL DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS NA QUESTÃO DAS MULHERES DE CONFORTO NA COREIA DO SUL (1905-2015) Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre em Estudos Asiáticos Por Tatiana Sofia Fonseca Azenha Sob Orientação de Prof. Doutor Luís Mah Co-orientado por Profª. Doutora Tânia Ganito Faculdade de Ciências Humanas Setembro 2017 2 RESUMO A presente investigação tem como objetivo analisar os motivos que influenciaram o silêncio das Mulheres de Conforto de nacionalidade coreana, sobre o prisma dos movimentos feministas coreanos que estudaram as atrocidades cometidas pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Através do estudo do período colonial japonês na península coreana (1905-1945) e da emergência do sistema de conforto, procedemos à análise dos fatores que motivaram os movimentos feministas sul-coreanas na mobilização de recursos para a defesa e apoio das Mulheres de Conforto após a democratização do país a partir dos finais de 1980s. Para o efeito, recorremos à análise de fontes secundárias e a uma visita a Seul para contacto direto com movimentos feministas que apoiam as Mulheres Conforto bem como para uma entrevista com uma sobrevivente do Sistema de Conforto estabelecido pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Esta investigação permite concluir que a mobilização dos movimentos feministas sul- coreanos influenciou positivamente a quebra do silêncio das mulheres que sobreviveram ao Sistema de Conforto e que têm conseguido conquistar atenção e espaço junto da sociedade coreana e internacional, utilizando as suas experiências como argumento de defesa dos direitos das mulheres no mundo. Palavras-Chave: Coreia do Sul, Mulheres de Conforto, Movimentos Feministas 3 ABSTRACT This research aims at explaining the reasons behind the silence of Korean Comfort Women by looking at the role played by the country´s feminist movements in studying and denouncing the atrocities committed by Japan during the Second World War (1939-1945). Through the study of the Japanese colonial period in Korea (1905-1945) and emergence of the Comfort Women System, we proceed to the analysis of the factors that motivated the influence of the feminist movements for the Korean Comfort Women to mobilize the necessary resources in order to break these women’s silence following the country´s democratization by the end of the 1980s. Therefore, we have proceeded to the analysis of secondary resources as well as a visit to Seoul for direct contact with feminist movements working with Comfort Women and an interview with a survivor of the Comfort System set by Japan in Asia during the Second World War. This investigation allowed us to conclude that the mobilization of the South Korean feminist movements has contribute to provide a positive influence in the end of the silence by women survivors of the Comfort System who have been able to conquer the attention and space in the domestic and international arena and use their testimonies to argue in favor of women rights in the world. Keywords: South Korea, Comfort Women, Feminist Movements 4 AGRADECIMENTOS A realização desta dissertação representou um passo importante no meu crescimento pessoal e profissional. Gerir a vida profissional e pessoal com o investimento académico não se demonstrou tarefa fácil. Com a conclusão da Licenciatura em Turismo e após uma breve abordagem à língua e cultura coreana, o Mestrado em Estudos Asiáticos, surgiu como um novo desafio, um novo percurso, uma nova oportunidade. As minhas primeiras palavras de agradecimento são dirigidas à Universidade Católica de Lisboa que me proporcionou a oportunidade de iniciar um novo capítulo na minha vida académica e, em particular, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde tive o prazer de travar conhecimentos com alunos, docentes, investigadores e colegas nas diversas áreas das Ciências Sociais e Humanas que contribuíram para o enriquecimento do presente trabalho. Gostaria de endereçar uma nota de agradecimento muito especial ao meu orientador Professor Doutor Luís Mah no qual admiro a paciência, a excelência, exigência e clareza de pensamento, reconhecendo que graças à sua perseverança que me foi possível terminar esta dissertação. À Professora Tânia Ganito, com quem partilho a minha paixão pelos estudos feministas, a mais profunda gratidão por ter aceitado o convite para ser minha coorientadora e pela sugestão do tema deste trabalho numa aula de Culturas Visuais da Ásia do Mestrado de Estudos Asiáticos. Um agradecimento particular ao Professor Doutor Jorge Santos Alves. Agradeço a disponibilidade com que avaliou o meu projeto e sempre acreditou que seria possível realizar o sonho de conhecer a Coreia do Sul e fazer este trabalho. Agradeço também o apoio insubstituível prestado ao longo deste trabalho e o acolhimento das instituições que me receberam com cordialidade, simpatia e disponibilidade, possibilitando a realização da pesquisa bibliográfica e fotográfica: Embaixada da República da Coreia em Portugal, Museu do Oriente em Lisboa, Embaixada 5 dos Estados Unidos em Portugal, Centro de Documentação da Fundação Oriente e Embaixada do Japão em Lisboa. À House of Sharing, e em particular ao Professor Doutor Shin Kwon Ahn, diretor da instituição, que me proporcionou a visita e entrevista a uma das vítimas, o que permitiu enriquecer esta dissertação. Aos meus pais, que acreditaram nas minhas capacidades e que durante todo o processo me motivaram sempre com novas ideias e formas de inspiração. Ao meu pai, Miguel, a minha inspiração de perseverança e paciência. Estou grata pela sua atenção e curiosidade. À minha mãe, Hermínia, pelo amor incondicional e força espiritual de que necessitei na fase mais importante da minha vida profissional e pessoal. Ao Carlos Aponte e Sangwon Park, pela amizade, ajuda e apoio moral durante todos os momentos difíceis deste trabalho. Ao Ju Hyun Jung pela disponibilidade de tradução e longas horas de discussão política e histórica sobre a Coreia que provaram ser verdadeiramente desafiantes. À Inês Gonçalves e Mi Sun Jeon, por me incutirem a paixão pelo Feminismo e pela Coreia. Sem elas, esta tarefa ter-se-ia revelado bem mais árdua do que a devoção com que foi realizada. Por último, mas não menos importante, aos restantes membros da minha família, aos meus amigos e colegas de Mestrado em Estudos Asiáticos por complementarem o meu crescimento e estimularem a vontade de descoberta e infindável sede de conhecimento. A todos, o meu profundo e sincero agradecimento. 6 ACRÓNIMOS AWF – Fundo das Mulheres Asiáticas (Asian Women’s Fund) EC – Estação/ões de Conforto JWEA – Associação Educacional das Mulheres de Joseon (Joseon Women’s Educational Association) MC – Mulheres de Conforto NFNDM – Federação Nacional dos Movimentos Nacionais e Democráticos (National Federation of Nationalistic and Democratic Movements) ONU – Organização das Nações Unidas ONG – Organização Não-Governamental UMMDU – Movimento Minjung Unido pela Democracia e Unificação (United Minjung Movement for Democracy and Unification) USAMGIK – Governo Militar dos Estados Unidos da América na Coreia (United States Army Military Government in Korea) KWAU – Associações das Mulheres Coreanas Unidas (Korean Women’s Associations United) KC – Concelho Coreano pelas Mulheres Destacadas pelo Exército Militar do Japão (Korean Council for the Women Drafted for the Military Sexual Slavery by Japan) KCWU – Igrejas e Mulheres Coreana Unidas (Korean Church Women’s United) KWCA – Associação das Mulheres Coreanas Cristãs (Korean Women’s Christian Association) KCTU – União pela Temperança Cristã Coreana (Korean Christian Temperace Union) KWAC – Associação Concelho das Mulheres Coreanas (Korean Women’s Association Council) 7 KWWA – Associação das Mulheres Trabalhadoras Coreanas (Korean Women’s Workers Association) NFNDM – Federação Nacional dos Movimentos Democráticos e Nacionalistas (National Federation of Nationalistic and Democratic Movements) RAA – Associação de Recreação e Divertimento (Recreation and Amusement Association) RC – República da Coreia (Coreia do Sul) RPDC – República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte) SC – Sistema de Conforto SALP – Sociedade para Abolir a Prostituição Licenciada (Society to Abolish Licensed Prostitution) WEP – Mulheres pela Equalidade e Paz (Women for Equality and Peace) WHU – Linha de Apoio à Mulher (Women’s Hotline United) YWCA – Associação Cristã das Jovens Mulheres Coreanas (Korean Young Women’s Christian Association) - Traduzido para inglês do coreano: Chosŏn kidokkyo yŏja ch’ŏngnyŏnhoe yŏnhaphoe) 8 ÍNDICE DE CONTEÚDOS Introdução .............................................................................................................. 11 Fontes e Metodologia ................................................................................... 15 Estrutura da dissertação ............................................................................... 17 I. O Sistema de Conforto na Ocupação Japonesa na Coreia (1910-1945) .............. 18 1.1. A Emergência do Sistema de Conforto na Coreia ...............................