86

Imagem 6 – Algumas Gavetas no Campo dos Mortos. Fonte: A autora, 2011.

Em contrapartida, existem, ainda, áreas específicas para o sepultamento de determinados grupos sociais, revelando uma segregação espacial relacionada não somente ao poder econômico, mas também à religião, cultura e prestígio social. Este é o caso da quadra reservada para as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, bem como a edificação do mausoléu para os membros da Academia Brasileira de Letras. Este último apresenta uma sala- de-estar e um mirante, entretanto, raramente é aberto para a visitação. Neste, encontram-se as sepulturas de extraordinários literatos brasileiros, como: Machado de Assis, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Barbosa Lima Sobrinho, , Dias Gomes, entre outros.

Isto posto, o campo santo em processo de elucidação, servindo, desde a sua inauguração como um local de sepultamento de indivíduos pertencentes às classes mais abastadas, é imbuído, até os dias de hoje, de status. Ou seja, trata-se de um símbolo de status, uma vez que a sua importância é revelada pelo fato que estão enterradas, em seu interior, as mesmas pessoas cujos nomes são as toponímias encontradas nos logradouros da cidade. Na verdade, o próprio Polidoro Jordão, ou melhor, General Polidoro (falecido em 1879) está sepultado no Cemitério São João Batista, necrópole localizada na rua que teve a sua toponímia modificada (anteriormente denominada de Rua Berquó) em homenagem a este combatente da Guerra do Paraguai, quando de sua morte. Neste quesito, algumas personalidades homenageadas com a toponímia das ruas do bairro de Botafogo, da mesma 87

forma, estão enterradas na necrópole em questão, como é o caso do Barão de Lucena7 (falecimento em 1913), do diplomata, ministro e antigo Presidente de Santa Catarina Lauro Müller (óbito datado de 1926), além da presença do jazigo da família Guinle, possuidora de palacetes no bairro e cujo alguns integrantes do clã foram reverenciados a partir da nomeação de importantes logradouros em Botafogo. Mais do que isso, nota-se toda uma sorte de figuras históricas, políticas e artísticas sepultadas neste campo dos mortos. Citam-se, como exemplos, os antigos Presidentes da República brasileira: Floriano Peixoto, Afonso Pena (exumado em 2009), Artur Bernardes, Nilo Peçanha, Café Filho, bem como os chefes militares, Marechal Costa e Silva, General Figueiredo, Marechal Castelo Branco (exumado em 1973), Marechal Gaspar Dutra, General Geisel e General Médici. Também estão enterrados o primeiro- ministro do Império João Alfredo, o Primeiro-ministro de Portugal Marcelo Caetano, os prefeitos da cidade do Bento Ribeiro, Joaquim Xavier da Silveira Júnior, Henrique Dodsworth, além de ministros, como Ruy Barbosa, Oswaldo Aranha, Gustavo Capanema, governadores, como Carlos Lacerda, militantes políticos, como Luís Carlos Prestes, diplomatas, assim como Condes, Viscondes, Baronesas e Marqueses do período Imperial. No ramo artístico, destacam-se: os artistas plásticos Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Henrique e Rodolfo Bernadelli e Barão de Taunay; os atores Sérgio Cardoso, Ziembinski, Paulo Gracindo, , Oscarito e Mário Lago; os literatos José de Alencar, Vinícius de Moraes, Lima Barreto, , , Euclides da Cunha, João do Rio, , Raul Pompéia, Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac, Cecília Meireles, Osório Duque-Estrada; e os expoentes da música Heitor Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Tom Jobim, Maysa, Nelson Gonçalves, Clara Nunes, Linda e Dircinha Batista, Francisco Alves, , , , , Carmén e Aurora Miranda. Ressaltam-se, ainda, as diversas personalidades públicas, como por exemplo, a Miss Universo Iolanda Pereira, o aviador Alberto Santos Dumont, o sanitarista Oswaldo Cruz, o animador de auditório , o fotógrafo Marc Ferrez, o renomado arquiteto Lúcio Costa, a brava estilista , além dos empresários e os jornalistas Irineu e . Destarte, fica claro que o campo dos mortos reflete a história política e cultural tanto do Rio de Janeiro quanto do Brasil.

No Cemitério São João Batista, neste sentido, convergem heranças individuais, religiosas, sociais e até mesmo nacionais, na medida em que o Estado também participa da manipulação dos significados atribuídos à necrópole com o objetivo de afirmar e controlar

7 Foi Presidente das Províncias da Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul no governo de D. Pedro II. E, no período republicano foi o Presidente de Pernambuco e Ministro da Fazenda, dos Transportes, da Justiça e da Agricultura. 88

narrativas e identidades históricas. Os túmulos e mausoléus dos homens representativos e heróis da pátria são venerados pelo Estado nesta necrópole carioca até os dias de hoje. Em 1936, neste local foi edificado um monumento em deferência aos militares mortos na Intentona Comunista de 1935, contendo seus restos mortais. Durante o período do Estado Novo (1937-1945), cerimônias cívicas eram realizadas com a participação do Presidente da época Getúlio Vargas, bem como membros dos gabinetes civil e militar, ministros de estado, o arcebispo metropolitano, magistrados, a alta cúpula da Marinha, Exército e Aeronáutica, e de populares. Vale informar, tal monumento não se encontra mais no cemitério, na medida em que foi transferido para o bairro da Urca.

Neste bojo, é válido salientar sobre as construções, em 1983, do Mausoléu da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que abriga os túmulos dos pracinhas mortos após o regresso da Itália (Segunda Guerra Mundial), do Mausoléu aos Mortos da Divisão Nacional em Operações de Guerra (uma maneira de agradecimento da Pátria aos seus heróis de guerra), no qual ocorrem cerimônias realizadas pela Marinha brasileira no dia alusivo da assinatura do Armistício da Primeira Guerra Mundial (11 de novembro), do mausoléu em homenagem aos fuzileiros navais mortos na Intentona Integralista de 1938, do Mausoléu aos mortos do Movimento Tenentista de 1924 e dois Mausoléus dos Aviadores um erguido em 1941 e o outro de 1957. Evidencia-se, igualmente, não é somente o Estado brasileiro que utiliza o campo santo para reverenciar e enaltecer os sacrifícios de seus valentes combatentes que morreram pela e para a pátria. Foi erigida pela Association Française des Anciens Combattants do Rio de Janeiro um monumento dedicado aos militares mortos que lutaram pela França nas duas Guerras Mundiais (ver imagem 7, página 89). Em homenagem a estes heróis, todos os anos, são lidos os nomes dos 57 falecidos entre 1914-1918 e dos 7 fenecidos durante 1939-1945 em um evento com a participação do Cônsul francês.

89

Imagem 7 – Monumento da Association Française des Anciens Combattants Fonte: A autora, 2011.

Particularmente, a necrópole compreende, em seu interior, túmulos de personagens tão significativos e, simultaneamente, conjuga esculturas e monumentos de diversas temporalidades, materiais e estilos (imagem 8, página 90), obtendo o título de maior exposição de Art Nouveau a céu aberto na América Latina, apresentando, ainda, uma réplica da Pietà de Michelangelo. Por estes motivos, a necrópole São João Batista é apelidada pelos meios de comunicação de „cemitério das estrelas‟ ou „o nosso Père-Lachaise‟. Devido a tal fato, desde o ano de 2004 a Prefeitura da cidade vem promovendo o tombamento de específicas esculturas e monumentos no cemitério, como o caso do monumento em homenagem a Santos Dumont. Tratam-se de iniciativas com a finalidade de elaborar um guia de informação ao público e de enaltecer estas obras de artes, ratificando o valor arquitetônico, histórico e cultural contidos no campo santo em questão, reconhecendo-os como patrimônios do município do Rio de Janeiro. Todavia, hoje, não há notícias se este projeto será concluído.

90

Imagem 8 – Exemplos de Monumentos, Esculturas e Mausoléus na Necrópole São João Batista. Fonte: A autora (Acervo pessoal).

91

Mesmo não entendido como um local turístico pela Secretaria Especial de Turismo da cidade, na necrópole são efetivadas visitas guiadas realizadas por particulares, sem nenhum vínculo com a concessionária e nem a Prefeitura. Com preços que podem chegar a R$150 por grupo, os organizadores afirmam que o público interessado em deslumbrar estas obras de artes e conhecer os jazigos de ilustres famosos cresce a partir da divulgação nos meios de comunicação. Neste contexto, somente no mês de fevereiro de 2004, a visita guiada atraiu 600 pessoas com este propósito. Mais atualmente, no mês de novembro de 2011, a Revista Veja Rio elaborou um guia, elegendo os principais pontos a serem visitados no campo dos mortos. Cabe lembrar, a mesma reportagem citada afirma que, por ano, cinco mil pessoas visitam o cemitério. Contudo, não se discrimina quantos vão com o objetivo específico de recreação e lazer. A este respeito, é fundamental referir acerca da utilização do campo santo para outras finalidades, afora dos sepultamentos. O mesmo é aproveitado para a produção de ensaios fotográficos, filmagens televisivas, passeios. E, em algumas datas especiais (particularmente no dia dos finados), o cemitério é palco de performances teatrais, poéticas e musicais. Há, da mesma sorte, fãs que prestam homenagens nos túmulos de seus ídolos com a execução de suas músicas. Neste sentido, observa-se que o Cemitério São João Batista, uma forma material presente no espaço urbano, interage com a sociedade carioca, seja através do uso de seu espaço cemiterial (para o sepultamento ou lazer, turismo), formas monumentais, significados e signos. O campo santo representa um papel importante tanto no conjunto do bairro de Botafogo, quanto do município, revelando-se como uma marca espacial e simbólica materializada no espaço urbano carioca.

92

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No passado, consoante com Ariès (1977, p. 20), a morte era “esperada no leito”, ou seja, o momento do falecimento era “uma cerimônia pública” com a presença dos parentes, crianças, amigos e vizinhos no quarto do moribundo. Esperava-se pela morte, seguindo determinados rituais, entre os familiares e conhecidos e, algumas vezes, até desconhecidos. Os velórios, realizados em ambiente privado, tinham a família do morto como responsável em efetivar os preparativos para o funeral, no qual era executado o cortejo fúnebre do local do velório até o cemitério, além de missas e ofícios de corpo presente. Hodiernamente, este ritual encontra-se modificado, principalmente nos grandes centros urbanos.

Mais tarde, a partir de 1930, desloca-se o local do óbito. “Já não se morre em casa, em meio aos seus, mas sim no hospital, sozinho” (ARIÈS, 1977, p. 54). Agora, a morte é um fenômeno técnico, declarada por decisão de uma equipe médica. Autores como Kastenbaum e Aisenberg (1983) e Van Steen e Pellenbarg (2006) sustentam que os processos de secularização e do individualismo causaram a diminuição dos ritos fúnebres, sendo que as pessoas não desejam mais se confrontar diretamente com a morte. Neste sentido, delega-se a tarefa de preparação mortuária a uma empresa especializada – uma agência funerária. Há a possibilidade de cada pessoa planejar o seu próprio funeral, ao participar de planos ou associações funerárias, sem deixar preocupação aos que ficam. Podem ser escolhidos quais tipos de flores serão utilizadas como ornamentação, modelos de urnas e, ainda, em qual cemitério deseja ser enterrado, mesmo que este não se localize no mesmo país que incidiu o falecimento. O velório, geralmente, acontece na capela do cemitério e o cortejo fúnebre ocorre por conta do carro da empresa que transporta os restos mortais, sem a presença e participação dos entes queridos. Não obstante, em certas ocasiões, velórios e cortejos de ilustres personalidades artísticas ou políticas são televisionados. Rezende (2006) constata que, em algumas áreas específicas, narcotraficantes impõem aos comerciantes o fechamento dos seus respectivos comércios durante poucos dias quando do falecimento de algum chefe criminoso. Para o autor, mesmo de forma ilegal, trata-se de uma restauração, hoje em dia, do luto.

Diante do exposto, a transformação da morte em mercadoria é cada vez mais recorrente, na qual a atividade funerária transformou-se em um negócio promissor e cada vez mais especializado, empregando modernas técnicas de marketing para atrair compradores e 93

adotando tecnologias para agilizar operações, desenvolvendo, desta maneira, economias de escala e formando grupos comerciais (BASMAJIAN e COUTTS, 2010). Este setor oferece serviços que podem incluir caixões acionados por controle remoto, velórios personalizados, podendo ser transmitidos pela rede mundial de computadores ao vivo, apoio psicológico aos familiares e embalsamentos. Além disto, este ramo proporcionou a emergência de novas carreiras, como é o caso do tanatólogo ou tanatopraxista. Implementada no Brasil em 1994, a tanatopraxia é uma moderna técnica de injeção arterial e drenagem venosa que visa o retardamento do processo biológico de decomposição, prevenindo o extravasamento de líquidos, odores e alterações anatômicas. Diferente de um embalsamento, a tanatopraxia permite uma conservação temporária por até três semanas, não utilizando formol ou retirando algum órgão. O profissional especializado também pode exercer a atividade de necromaquiagem.

O avanço dos meios informacionais, principalmente da Internet, criaram alternativos espaços, neste particular, virtuais, em que indivíduos podem expressar seus lamentos, tristezas e pesares pelos seus mortos. Em outras palavras, existem diversos sítios eletrônicos com a finalidade de gerar perfis (contendo fotos e uma pequena biografia) de pessoas falecidas, nas quais se podem enviar mensagens de saudade e „flores ou velas virtuais‟ (gifts animados) gratuitas ou pagas. Um dos iniciantes desta idéia foi o portal francês Le Cimetière (www.lecimetiere.net), que conta com dez mil perfis. Redes sociais como o Facebook e o MySpace já planejam contar com ferramentas possíveis para que os indivíduos possam guardar e compartilhar lembranças dos usuários já falecidos. Outro cemitério virtual (assim denominado pelo próprio) na rede mundial de computadores é o americano Find a Grave (www.fidagrave.com) que auxilia o internauta a localizar os túmulos de ídolos e ancestrais em necrópoles de diferentes partes do mundo. Com 73 milhões de túmulos cadastrados, localizados em 250 mil campos santos de 170 países, neste sítio eletrônico os jazigos são fotografados, sendo informados em quais cemitérios estão situados. Gratuitamente, podem-se criar memórias virtuais através da adição de „flores e comentários virtuais‟ nas páginas, contendo biografias e fotos dos entes fenecidos. Na verdade, nota-se que não é mais imperativo ir ao um cemitério, ao local do túmulo para prestar homenagens e deferências aos mortos. Agora, com a ascensão destes espaços virtuais (ou ciberespaços), pode-se realizar tais ritos fúnebres sem sair de casa. Neste ponto, apropria-se da pergunta elaborada por Van Steen e Pellenbarg (2006) que se questionam se o que foi exposto anteriormente irá “diminuir a demanda por túmulos e funerais no mundo real”? Trata-se de um tema que requer futuras 94

investigações. Neste contexto, é exposta a questão de Samson (2007, p. 8) quer seja, “nós temos a tecnologia para fazer [os corpos mortos] desaparecerem. Então por que nós ainda os enterramos e marcamos onde estão dispostos”? A própria autora traz como resposta o desejo da sociedade de mantê-los vivos na comunidade, de lembrá-los.

Na realidade, a dissertação buscou abordar e analisar os usos que ocorrem no espaço interno do Cemitério São João Batista, situado no município do Rio de Janeiro, revelando-se através destes os conteúdos das práticas espaciais, sociais e simbólicas. Para tal intento, alguns paralelos foram traçados com outros campos dos mortos brasileiros e internacionais, assim como ponderações referentes às transformações sócioespaciais ocorridas no bairro de Botafogo constituíram-se em caminhos para se tentar depreender o papel exercido pela necrópole em tela no contexto da cidade. Partindo-se do pressuposto que os cemitérios são construídos em uma escala particular e inerentes, ao mesmo tempo, a um contexto tanto local quanto mais amplo, a pesquisa procurou inserir a edificação da necrópole São João Batista dentro do processo de transição dos sepultamentos nas igrejas para o estabelecimento dos cemitérios municipais, provocado pela emergência dos discursos da medicina social dos séculos XVIII/XIX. Por tal motivo, um capítulo foi destinado a esta apreciação a fim de se compreender a razão da edificação e composição destes campos santos. Pode-se verificar como foi este processo na Europa e como o mesmo se sucedeu no Brasil. Em seguida, um capítulo conceitual referente ao que o estudo depreende como espaço geográfico foi realizado. Compreendeu-se este conceito como o resultado de toda uma produção humana contínua, que através do seu trabalho acumulado tem agido sobre o espaço. A partir desta investigação, tornou-se evidente o que a dissertação entende sobre algumas categorias analíticas espaciais, demonstrando nos dois últimos capítulos como estas atuam e podem ser aplicadas nos enfoques geográficos acerca dos cemitérios.

Pautado na lógica da descoberta, procurou-se responder à questão central referente aos papéis espacial, social e simbólico exercido pelo campo santo São João Batista tanto no contexto do bairro de Botafogo quanto do município. Algumas respostas foram encontradas, na medida em que se ressaltou, ao longo da pesquisa, a função dos campos dos mortos nos grandes centros urbanos. Ou melhor, observou-se como o uso dos solos pelos cemitérios é único, desviando-se dos padrões notados em outros tipos de utilização da terra. A este respeito, os cemitérios desempenham um papel fundamental na utilização e na dinâmica do espaço urbano. Constituem espaços significativos, na medida em que, a partir do discurso higienista, influenciaram a concepção de infra-estrutura e usos do solo da cidade. Ou seja, 95

fundamentaram-se como um espaço específico para a prática funerária, manifestando mais um item de ordenamento e funcionalidade do espaço urbano (COSTA, 2003). Como já explorado, os campos santos eram localizados nos limites da cidade, pois eram compreendidos como um risco à saúde pública. Outro motivo pelo qual os antigos campos dos mortos eram situados em tais áreas deve-se ao fato da existência de acessibilidade a terras, fixados próximos a linhas públicas de trânsito, ligados a vetores de crescimento da cidade (HARVEY, T., 2006; PATTISON, 1955). No entanto, com a expansão da cidade, as necrópoles iniciais foram incorporadas pelo espaço urbano e, algumas vezes estão incrustadas em vastos terrenos valorizados ou situados ao longo de corredores de trânsitos, tornando-se obstáculos e impedimentos para a expansão da urbe, causando problemas de ampliação de infra-estrutura (como a construção de viadutos ou logradouros e redes de saneamento), não condizendo com a ótica capitalista no espaço.

Nesta direção, ao contrário de outras localidades, no Rio de Janeiro, ficou claro que os agentes espaciais atuantes compreendem as necrópoles como objetos indesejáveis que degradam e desvalorizam o espaço urbano. Deste modo, reflete-se que a alocação ou ampliação de uma necrópole perpassa por conflitos e negociações políticas entre a administração municipal, planejadores urbanos e o público. Todavia, examina-se a proliferação na urbe dos cemitérios do tipo jardim e dos cemitérios de animais. Mesmo relegados a espaços periféricos na metrópole carioca, os espaços internos de seus campos dos mortos, são mais valorizados (acrescidos de um valor econômico) que os próprios bairros onde estão inseridos, uma vez que o metro quadrado no cemitério é mais dispendioso do que em muitos bairros de alta renda da cidade. Outro ponto de destaque é sobre a acepção que os espaços cemiteriais são arenas onde são expressados um poder político e econômico. Em outras palavras, refletem a estrutura social registrada entre os vivos, perpetuam e confirmam valores dominantes, afora segregarem internamente. Trata-se de um espaço inerentemente hierárquico. Afora isto, estão imbuídos de sentidos e símbolos diversos, convergindo heranças individuais, sociais e nacionais, servindo como um testemunho do passado. Finalmente, o último capítulo teve o objetivo de revelar como tudo isto, exposto anteriormente, ocorre na necrópole explorada.

Desde a instituição dos cemitérios modernos até os dias de hoje, os campos dos mortos são apropriados por diferentes grupos, assim como são utilizados para a realização de diversas práticas (religiosa, de contemplação, lazer, turismo e recreação), mesmo que para poucas pessoas. De acordo com Thomas Harvey (2006), em alguns países europeus e nos Estados 96

Unidos, existem organizações não-governamentais para a conservação das necrópoles que realizam eventos sociais, programas de treinamento ao público a respeito dos significados históricos, culturais e arquitetônicos dos seculares campos dos mortos. Consoante com Thompson (2007), hodiernamente, empresas privadas e o governo (municipal ou federal) cada vez mais estão reconhecendo o potencial econômico dos campos santos como patrimônios individual, social e nacional consumíveis. Isto acarreta a adoção, pela administração cemiterial, de técnicas publicitárias e de gestão focada no processo comercial. Novos horizontes se descortinam acerca da visão do campo santo como um local apropriado pelo mercado turístico.

Dito isso, em suma, cabe frisar, o Cemitério São João Batista, fixado na confluência de dois importantes logradouros do bairro de Botafogo, apresenta uma geografia interna múltipla e preciosa. Suas quadras numeradas, conectadas por caminhos, estão repletas de túmulos e monumentos de diversos estilos e diferentes temporalidades. Nesta questão, justamente, próximo as principais vias de acesso e dos portões, encontram-se as sepulturas dos mortos de famílias mais abonadas, conjugadas com arquiteturas e os monumentos mais suntuosos, enquanto que na encosta do Morro São João, observam-se as gavetas e as covas rasas, algumas vezes sem apresentar marcas, símbolos e identificações, contendo apenas um número (registro do cemitério). A necrópole contempla, ainda, duas agências funerárias concessionadas situadas nas duas entradas – General Polidoro e Real Grandeza –, nesta última, também se localizam, a sala para a realização de velórios, bem como a estação terminal do plano inclinado que leva os familiares e amigos dos mortos para os pontos mais elevados do morro, onde se encontram algumas gavetas.

Diante do exposto, segundo Silverman (2002, p. 188), a necrópole “é uma paisagem cultural que interage com a sociedade em torno”. Logo, a “concepção, construção e uso dos cemitérios fornecem uma perspectiva muito especial do grau de isomorfismo entre a prática social e a ideologia”. Como um sítio multivocal que reverbera interpretações variadas, símbolos nacionais e significados individuais e coletivos, o Cemitério São João Batista repercute modos culturais, espaciais, comerciais, afora significados diversos. Ou seja, a necrópole configura-se como uma materialização das relações da sociedade, sendo imbuída de símbolos e signos, contendo identidades e memórias de trajetórias individuais e coletivas, ocorrendo manifestações religiosas relativas aos enterros e, da mesma maneira, práticas não- religiosas, como as imobiliárias, as sociais, as recreativas e as de lazer de determinados segmentos da sociedade, compondo um rico quadro cultural e de experiências. 97

REFERÊNCIAS

ABEL, Ernest L. Changes in gender discrimination after death: evidence from a cemetery. OMEGA - Journal of Death and Dying, [S.l.], v. 58, n. 2, 2008, p. 147-152.

ABREU, Maurício de Almeida. Evolução urbana do Rio de Janeiro. 3. ed. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1997.

AGUIAR, Valéria Trevizani Burla de. Cognição e representação geográfica do espaço. Sociedade e Natureza, Uberlândia, v.11, n. 21 e 22, 1999, p. 57-65.

AMBROS, Barbara. The Necrogeography of pet memorial spaces: pets as liminal family members in contemporary Japan. Material Religion, Londres, v. 6, n. 3, 2010, p. 304-335.

AQUINO, Jeronimo; CRUZ, Manoel Moreira. Os riscos ambientais do Cemitério do Campo Santo, Salvador, Bahia, Brasil. Caderno de Geociências, Salvador: IGEO/UFBA, v. 7, 2010.

ARIÈS, Philippe. História da morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1977.

______. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, v. 1, 1981.

______. O homem perante a morte. Lisboa: Publicações Europa-América, v. 2, 1988.

BASMAJIAN, Carlton; COUTTS, Christopher. Planning for the disposal of the dead. Journal of the American Planning Association, [S.l.] v. 76, n. 3, 2010, p. 305-317.

BETTANINI, Tonino. Espaço e ciências humanas. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1982.

BITTAR, William Seba Mallmann. Da morte, de velórios e cemitérios ou VIXIT. Revista Vivência, Natal: UFRN/CCHLA , n. 33, 2008, p. 197-214. 98

BUCKHAM, Susan. Commemoration as an expression of personal relationships and group identities: a case study of York Cemetery. Mortality, Londres, v. 8, n. 2, 2003, p. 160-175.

CAMPANA, Felipe Ramos. Transferência de titularidade de sepulturas no município do Rio de Janeiro. Jus Navigandi, v. 12, n. 1456, 2007. Disponível em: . Acesso em: 12 de agosto de 2011.

______. A cobrança de tarifas dos serviços funerários na cidade do Rio de Janeiro. Quem pode regular a cobrança do que não é tabelado pelo poder concedente?. Jus Navigandi, v. 14, n. 2039, 2009. Disponível em: . Acesso em: 12 de agosto de 2011.

CARLOS, Ana Fani Alessandri e. A cidade. São Paulo: Editora Contexto, 1992.

______. O consumo do espaço. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri e (Org.). Novos caminhos da Geografia. São Paulo: Editora Contexto, 1999, p. 173-186.

______. Espaço-tempo na metrópole. São Paulo: Editora Contexto, 2001.

______. A reprodução da cidade como “negócio”. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; CARRERAS, Carlos (Org.). Urbanização e mundialização - estudos sobre a metrópole. São Paulo: Editora Contexto, v. 4, 2004, p. 29-37.

______. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Labur Edições, 2007.

______. A urbanização da sociedade: questões para o debate. In: OLIVEIRA, M. P. de; COELHO, M. C. N.; CORRÊA, A. de M. (Org.). Brasil, a América Latina e o Mundo: espacialidades contemporâneas. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, v. 2, 2008, p. 49-61.

______. Da „organização‟ à „produção‟ do espaço no movimento do pensamento geográfico. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; SOUZA, Marcelo Lopes de; SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (Org.). A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2011, p. 53-73.

99

CIMETIÈRE Virtuel sur internet. Cemitério virtual francês. Disponível em Acesso em: 4 de janeiro de 2012

COE, Agostinho Júnior Holanda. “Nós os ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”: a higiene e o fim dos sepultamentos eclesiástico em São Luís (1828-1855). Mestrado (História Social) – Departamento de História, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.

COLLIER, C. D. Abby. Tradition, modernity, and postmodernity in symbolism of death. The Sociological Quarterly, [S.l.] v. 44, n. 4, 2003, p. 727-749.

COSGROVE, Denis E. Em direção a uma Geografia Cultural Radical: problemas da teoria. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (Org.). Introdução à Geografia Cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 103-134.

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 3. ed. São Paulo: Editora Ática, 1995.

______. Trajetórias geográficas. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

______. Formas simbólicas e espaço – algumas considerações. Aurora – Geography Journal, Guimarães, v. 1, p. 11-19, 2007,

______. Processo, forma e significado: uma breve consideração. 2009, p. 1-13. Disponível em:. Acesso em: 12 de agosto de 2009.

______. Sobre agentes sociais, escala e produção do espaço: um texto para discussão. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; SOUZA, Marcelo Lopes de; SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (Org.). A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2011, p. 41-51.

COSTA, Maria Clélia Lustosa. Os cemitérios e a espacialização da morte. In: RATTS, A.; ALMEIDA, M. G. de. (Org.). Geografia: Leituras Culturais. Goiânia: Editora Alternativa, 2003, p. 237-260.

100

COSTA, Otávio. Memória e paisagem: em busca do simbólico dos lugares. Espaço e Cultura, Rio de Janeiro: UERJ/NEPEC, 2008, p. 149-156. Edição comemorativa.

ERIKSSON, Pontus. Land for the dead: access to and evolvement of necral land in Dar es Salaam, Tanzania. Thesis (Master in Human Geography) – Department of Human Geography, Stockholms Universitet, Estocolmo, 2010.

FERREIRA E SILVA, Mauro Gil. A praia e o imaginário social: discurso médico e mudança de significados na cidade. In: ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA, Roberto Lobato (Org.). Paisagem, Imaginário e Espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001, p. 183-206.

FIGUEIREDO, Olga Maíra. Uma contribuição geográfica para o entendimento do Cemitério dos Ingleses na urbe carioca. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

FIREY, Walter. Sentimentos e simbolismo como variáveis ecológicas. In: ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA, Roberto Lobato (org.). Cultura, Espaço e o Urbano. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2006, p. 47-73.

FOLHA Online. Reportagem sobre cemitério em Cingapura que cedeu lugar a prédios. Disponível em: Acesso em: 20 de setembro de 2011

FRANCAVIGLIA, Richard V. The cemetery as an evolving cultural landscape. Annals of the Association of American Geographers, [S.l.], v. 61, n. 3, 1971, p. 501-509.

GRAVE Search. Cemitério virtual. Disponível em Acesso em: 4 de janeiro de 2012

HAESBAERT, Rogério. Identidades territoriais. In: ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA, Roberto Lobato (Org.). Manifestações da Cultura no Espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999, p.169-190.

101

HARTIG, Kate V.; DUNN, Kevin M. Roadside memorials: interpreting new deathscapes in Newcastle, New South Wales. Australian Geographical Studies, [S.l.], v. 36, n. 1, 1998, p. 5- 20.

HARVEY, Thomas. Sacred spaces, common places: the cemetery in the contemporary american city. Geographical Review, [S.l.], v. 96, n. 2, 2006, p. 295-312.

HECKEL, David E. Necrogeography – a geographic analysis of the cemeteries of Coles County, Illinois. Thesis (Master of Arts). Charleston: Eastern Illinois University, 1972.

HUI, Tan Boon e YEOH, Brenda. The living and the dead: changing geographies of death in post-war Singapore. Malaysian Journal of Tropical Geography, [S.l.], v. 26, 1995, p. 77-88.

JARDIM, Antonio de Ponte. Considerações sobre a segregação sócio-espacial: refletindo algumas orientações disciplinares. Revista Redes, v. 1, n.2. Rio de Janeiro, 1997, p. 5-20.

______. Pensando o espaço e o território na metrópole do Rio de Janeiro: refletindo possibilidades sobre migrações intrametropolitanas. Rio de Janeiro: [s.n.], 2007.

JENNER, Mark. Death, decomposition and dechristianisation? Public health and church burial in Eighteenth-century England. English Historical Review, [S.l.], v. 120, n. 487, 2005, p. 615-632.

JOHNSON, Peter. The modern cemetery: a design for life. Social e Cultural Geography, [S.l.],v. 9, n. 7, 2008, p. 777-790.

JORDAN, Terry G. Texas graveyards: a cultural legacy. Austin: University of Texas Press, 1982.

KASTENBAUM, Robert; AISENBERG, Ruth. Psicologia da morte. São Paulo: EdUSP, 1983.

102

KONG, Lily. Cemeteries and columbaria, memorial and mausoleums: narrative and interpretation in the study of deathscapes in Geography. Australian Geographical Studies, [S.l.], v. 37, n. 1, 1999, p. 1-10.

KUSHNIR, Beatriz. Baile de Máscaras – Mulheres Judias e Prostituição. Rio de Janeiro: IMAGO Editora, 1996.

MAIA, Rosemere. Reencontrando a cidade: um ensaio sobre a configuração das metrópoles na contemporaneidade – seus dilemas e perspectivas. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v. 23, n. 1, 2003, p. 23-40.

MAIRIE 20e. Prefeitura do 20º quarteirão de Paris. Disponível em Acesso em: 21 de novembro de 2011

MARTIN, Susan K. Monuments in the garden: the garden cemetery in Australia. Postcolonial Studies, [S.l.], v. 7, n.3, 2004, p. 333-352.

MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

MATERO, Frank G.; PETERS, Judy. Survey methodology for the preservation of historic burial grounds and cemeteries. APT Bulletin, [S.l.], v. 34, n. 213, 2003, p. 37-45.

MELLO, João Baptista Ferreira de. O Rio dos símbolos oficiais e vernaculares. In: ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA, Roberto Lobato (Org.). Espaço e Cultura: Pluralidade Temática. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2008a, p. 173-186.

______. Símbolos dos lugares, dos espaços e dos “deslugares”. Espaço e Cultura. Rio de Janeiro: UERJ/NEPEC, 2008b, p. 167-174. Edição comemorativa.

MEMORIAL Necrópole ecumênica. Cemitério particular e vertical em Santos (SP). Disponível em:< http://www.memorialsantos.com.br> Acesso em: 11 de maio de 2011

103

MERCADO Livre. Compra e venda de jazigos. Disponível em< http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-199024169> Acesso em: 27 de dezembro de 2011

MESQUITA, Carlos Eduardo Braga de. A dinâmica dos espaços de cultura e lazer em Botafogo. Mestrado (Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

MEYER, Lancer; PETERS, Judy. Tourism – A conservation tool for St.Louis Cemetery Nº1. In: DEAD Space Studio, University of Pennsylvania, 2001. Disponível em: . Acesso em: 6 de novembro de 2011.

MILLER, DeMond Shondell; RIVERA, Jason David. Hallowed ground, place, and culture - the cemetery and the creation of place. Space and Culture, [S.l.], v. 9, n. 4, 2006, p. 334-350.

MONUMENTALE Museo a cielo aperto. Cemitério Monumental de Milão. Disponível em Acesso em: 19 de novembro de 2011

MORAES, Antonio Carlos Robert. Ideologias geográficas – espaço, cultura e política no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1996.

MORAES, Antonio Carlos Robert; COSTA, Wanderley Messias da. Geografia Crítica: a valorização do espaço. 4ª ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1999.

MUNIZ, Paulo Henrique. O estudo da morte e suas representações socioculturais, simbólicas e espaciais. Revista Varia Scientia, [S.l.], v. 6, n. 12, 2006, p. 159-169.

MURRAY, Lisa. „Modern innovations?‟ Ideal vs. reality in colonial cemeteries of nineteenth- century New South Wales. Mortality, Londres, v. 8, n. 2, 2003, p. 129-143.

OLIVEIRA, Lívia de. Que é Geografia. Sociedade e Natureza. Uberlândia, v. 11, n. 21 e 22, 1999, p. 89-95.

OLX. Venda de jazigos no cemitério de Morumby (SP). 104

Disponível em: Acesso em: 10 de novembro de 2011

PARASKEVAS, Cornelia. The geography of the cemetery: a sociolinguistic approach. Studies in the Literary Imagination, [S.l.], v. 39, n.1, 2006, p. 143-168.

PARQUE Renascer cemitério e crematório. Cemitério particular localizado no município de Contagem (MG). Disponível em Acesso em: 28 de dezembro de 2011

PATTISON, William D. The cemeteries of Chicago: a phase of land utilization. Annals of the Association of American Geographers, [S.l.],v. 45, n. 3, 1955, p. 245-257.

PITTE, Jean-Robert. A short cultural geography of death and the dead. GeoJournal, [S.l.], v. 60, 2004, p. 345-351.

QUEIROZ, Francisco. Os cemitérios históricos e o seu potencial turístico em Portugal. Anuário 21 Gramas, [S.l.], n.1, 2008, p. 7-12.

QUEIROZ, Francisco; RUGG, Julie. The development of cemeteries in Portugal c.1755 – c.1870. Mortality, Londres, v. 8, n. 2, 2003, p. 113-128.

REIS, João José. A Morte é uma festa – ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. 4. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

REZENDE, Eduardo Coelho Morgado. Metrópole da morte: necrópole da vida – um estudo geográfico do Cemitério de Vila Formosa. 2. ed. São Paulo: Carthago Editorial, 2000.

______. O Céu aberto na terra: uma leitura dos cemitérios na geografia urbana de São Paulo. São Paulo: Necrópolis, 2006.

______. Cemitérios. São Paulo: Necrópolis, 2008.

105

RODRIGUES, Cláudia. Lugares dos mortos na cidade dos vivos: tradição e transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Divisão de Editoração, 1997.

______. A cidade e a morte: a febre amarela e seu impacto sobre os costumes fúnebres no Rio de Janeiro (1849-50). Disponível em: , Acesso em: 3 de novembro de 2011

RUGG, Julie. „A few remarks on modern sepulture‟: current trends and new directions in cemetery research. Mortality, Londres,v. 3, n. 2, 1998, p. 111-128.

______. Defining the place of burial: what makes a cemetery a cemetery?. Mortality, Londres, v. 5, n. 3, 2000, p. 259-275.

______. Introduction: cemeteries. Mortality, Londres, v. 8, n. 2, 2003, p. 107-112.

______. Lawn cemeteries: the emergence of a new landscape of death. Urban History. Cambridge: Cambridge University Press, v. 33, n. 2, 2006, p. 213-233.

SAMSON, Holly. The American cemetery: a dying resting place?. History B. A. Theses, [S.l.], v. 489, 2007, p. 1-13.

SANTOS, Milton. Manual de Geografia Urbana. 2. ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1989.

______. Por uma Geografia nova. 4. ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1996.

______. Espaço e método. 4. ed. São Paulo: Editora Nobel, 1997a.

______. A natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção. 2. ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1997b.

______. Metamorfose do espaço habitado. 5. ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1997c.

______. O papel ativo da geografia: um manifesto. Território. Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, 2000, p. 103-109. 106

_____. Economia espacial. 2. ed. São Paulo: EdUSP, 2007.

SAWAYA, Sylvio Barros. O espaço como objeto de trabalho. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia de. (Org.). O espaço interdisciplinar. São Paulo: Editora Nobel, 1986, p. 87- 103.

SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

SILVA, Armando Corrêa da. As categorias como fundamentos do conhecimento geográfico. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia de. (Org.). O espaço interdisciplinar. São Paulo: Editora Nobel, 1986, p. 25-37.

SILVERMAN, Helaine. Narratives of identity and history in modern cemeteries of Lima, Peru. Archeological Papers of the American Anthropological Association, [S.l.], v. 11, 2002, p. 167–190.

SINGH, Yash Pal. Geography. Nova Délhi: VK Publications, 2009.

SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. A produção do espaço urbano: escalas, diferenças e desigualdades sócioespaciais. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; SOUZA, Marcelo Lopes de; SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (Org.). A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2011, p. 123-145.

TEATHER, Elizabeth Kenworthy. Themes from complex landscapes: Chinese cemeteries and columbaria in Urban Hong Kong. Australian Geographical Studies, [S.l.], v. 36, n. 1, 1998, p. 21-36.

THOMPSON, Sara Kathleen. From sacred space to commercial place – a landscape interpretation of Mount Pleasant Cemetery. Thesis of Geography (Master of Arts). Kingston: Queen‟s University, 2007.

107

TITUS, Christine Ann. Preserving our past for the future: designing a geographic information system for archiving historical cemetery information. Thesis of Geography (Master of Arts) - Department of Geology and Geography, West Virginia University , Morgantown, 2008.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia – um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.

______. Espaço e lugar – a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.

VAN STEEN, Paul J.M.; PELLENBARG, Piet H. Death and space in the Netherlands. Tijdschrift voor Economische en Sociale Geografie, [S.l.], v. 97, n. 5, 2006, p. 623–635.

VERDI, Laura. The garden and the scene of power. Space and Culture, [S.l.], v. 7, n. 4, 2004, p. 360-385.

ZARUR, Dahas. A vida dos mortos. Rio de Janeiro: [s.n.], 1989.

ZELINSKY, Wilbur. Gathering places for american‟s dead: how many, where, and why? Professional Geographer, [S.l.],v. 46, n. 1, 1994, p. 29-38.

ZIEGLER, Jean. Os vivos e a morte: uma “sociologia da morte” no Ocidente e na diáspora africana no Brasil, e nos seus mecanismos culturais. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.

GRAPPELLI S. © 417 violoniste (jazz) 75 1 OUSSEKINE Malik étudiant CIMETIERE DE PERE-LACHAISE CIMETIÈRE DU PÈRE LACHAISE 43 1 GREFFULHE (fam.) chapelle (monument) 36 2PANHARD Paul industriel (automobile) PERE LACHAISE CEMETERY GUESDE Jules © 6323 homme plitique 39 1PARMENTIER Antoine agronome (p. de terre) CEMENTERIO DEL PERE LACHAISE SÉPULTURES PARMI LES PLUS DEMANDÉES 19 6 GUET Georges architecte (mon. classé) 11 6 PETRUCCIANI Michel pianiste (jazz) 16, RUE DU REPOS • 75020 PARIS 19 1HAHNEMANN C. S. créateur de l’homéopathie 13 CP PERIER Casimir homme politique • © Batavia TÉL : 01 55 25 82 10 FAX : 01 43 70 42 16 - www.paris.fr 4 5 HAUSSMANN Georges préfet de la Seine 97 8 PIAF Edith chanteuse

85 2 HÉDAYAT Sadegh écrivain iranien 97 7 PINEAU Christian homme politique, déporté HORAIRES D’OUVERTURE – OPENING HOURS – HORARIOS DE APERTURA

7 7 HÉLOISE & ABÉLARD (classé) amants légendaires 7 5 PISSARRO Camille peintre DU 6 NOVEMBRE AU 15 MARS DU 16 MARS AU 5 NOVEMBRE FROM NOVEMBER, 6 TO MARCH, 15 FROM MARCH, 16 TO NOVEMBER, 5 27 1 HUGO* (général) père de l’écrivain 13 1PLEYEL Ignace musicien (pianos) DEL 6 DE NOVIEMBRE AL 15 DE MARZO DEL 16 DE MARZO AL 5 DE NOVIEMBRE 23 1 INGRES Dominique peintre 85 1 POPESCO Elvire actrice (théâtre) DU LUNDI AU VENDREDI - MONDAY TO FRIDAY - DEL LUNES AL VIERNES DU LUNDI AU VENDREDI - MONDAY TO FRIDAY - DEL LUNES AL VIERNES 8h00 – 17h30 8h00 – 18h00 88 1 JOUHAUX Léon syndicaliste, prix Nobel 5 1 POULENC Francis musicien SAMEDI - SATURDAY - SÁBADO SAMEDI - SATURDAY – SÁBADO 44 2 KARDEC Allan spirite 85 3PROUST Marcel écrivain 8h30 – 17h30 8h30 – 18h00 DIMANCHE ET JOURS FÉRIÉS DIMANCHE ET JOURS FÉRIÉS 30 1 KELLERMANN François maréchal 7 1RACHEL Mademoiselle actrice (tragédie) SUNDAY AND HOLIDAYS SUNDAY AND HOLIDAYS 25 1LA FONTAINE (de) Jean écrivain (fables) 18 2 RASPAIL* François homme politique DOMINGO Y DÍAS FERIADOS DOMINGO Y DÍAS FERIADOS 9h00 – 17h30 9h00 – 18h00 29 3LAGRANGE (de) A. dragon (mon. classé) 8 2ROBERTSON physicien et magicien

88 2LAURENCIN Marie peintre 7 4ROBLÈS Jacob négociant («le silence») • LE PUBLIC N’EST PLUS ADMIS DANS LE SITE UN QUART D’HEURE AVANT LA FERMETURE. 7 2LAZAREFF P. et Hélène journalistes 3 1ROMAIN Jules écrivain •VISITORS ARE NOT ADMITTED FIFTEEN MINUTES BEFORE CLOSING TIME. • EL ACCESO DEL PÚBLICO SE TERMINA 15 MINUTOS ANTES DE LA HORA DE CIERRE. 52LEBRUN Charles homme politique 4 3ROSSINI* Gioacchino musicien (Barbier de Sév.)

4 8 LEDRU-ROLLIN Alexandre homme politique 7 3ROTHSCHILD (de) James banquier et industriel • LES BUREAUX DE LA CONSERVATION SONT OUVERTS DU LUNDI AU VENDREDI DE 8H30 À 12H30 ET DE 14H00 À 17H00.

•ADMINISTRATION OFFICE IS OPEN FROM MONDAY TO FRIDAY, FROM 8H30 TO 12H30 AND 14H00 TO 17H00. végétales - Edition 2005 encres bel européen, 28 2 SAINT-SIMON (de) Claude écrivain économiste 6 3 LESSEPS (de) Ferdinand créat. du canal de Suez •LAS OFICINAS DE LA ADMINISTRACIÓN ESTAN ABIERTAS DEL LUNES AL VIERNES DE 8H30 A 12H30 Y DE 14H00 A 17H00. 6 2LYOTARD Jean-François philosophe 28 3 «SANT GÊNE Madame» épouse du maréchal Lefebvre • Vous entrez dans un cimetière. Par respect des morts, de leurs proches et des autres visiteurs, veuillez faire silence et adopter 28 4 MASSENA André maréchal (monument) 50 1SCHOELCHER* Victor h. politique (abol. de l’esclavage) une attitude décente. 64 1 MÉLIÈS Georges cinéaste 66 1 SEURAT Georges peintre • You penetrate in a cemetery. Be respectful to the dead, their relatives and other visitors. Please, adopt a decent attitude and keep silent. 52 2 MERLEAU-PONTY Maurice philosophe 30 2 SIEYÈS (abbé E.) homme politique • Usted entra en un cementerio. Por respeto hacia los difuntos, sus allegados y los demás visitantes, se le ruega guardar silencio y adoptar una actitud decente. 52 1 MICHELET Jules historien 44 1 SIGNORET Simone actrice (cinéma)

96 1 MODIGLIANI Amedeo peintre 7 6 SINTZHEIM David grand rabbin (1808) •Pique nique, introduction et consommation d’alcool strictement interdits. Seuls les véhicules munis d’une autorisation peuvent accéder aux cimetières intra muros. PLAN 94 2STEIN Gertrude femme de lettres 25 1 MOLIÈRE auteur et acteur Des poubelles sont à votre disposition, merci de respecter les lieux en les utilisant. DÉLIVRÉ Pour l’agrément de tous, veuillez respectez les plantations et les pelouses. 93 1 MONFORT Silvia comédienne 39 5 SUCHET Louis maréchal (monument) Les animaux sont interdits dans le cimetière, à l’exception des animaux d’assistance. GRATUITEMENT/ Les enfants doivent être accompagnés. FREE MAP/ 18 1 MONGE* Gaspard mathématicien 55 1 THIERS Adolphe h. politique et historien • Picnic, introduction and consumption of alcohol are forbidden. PLANO GRATUITO Only authorised vehicles are allowed in cemeteries. 44 1 MONTAND Yves chanteur et comédien 97 5 THOREZ Maurice homme politique Litter baskets are available, please respect the cemetery and use them 6 1 MORRISON Jim chanteur 91 1VAILLANT-COUTURIER Paul journaliste politique For the enjoyment of all, please respect plantations and lawns. Animals are not admitted within the cemetery, except assistance animals. 42 1 MOULOUDJI Marcel chanteur 66 2VALLÈS Jules écrivain (Commune) Children must be accompanied. • Se prohibe estrictamente comer, introducir y consumir alcohol en el cementerio. 39 4MURAT (famille) maréchal, roi de Naples 84 1 VERNEUIL Louis auteur dramatique Sólo los vehículos con permiso pueden tenrer acceso a los cementerios intramuros. Estan a su disposición cubos de basura. Gracias por respetar este lugar utilizándolos. 4 4 MUSSET (de) Alfred écrivain romantique 4 2 VISCONTI Louis architecte du Louvre Para el agrado de todos, se les ruega respetar las plantaciones y los céspedes. Los animales no son autorizados en el cementerio, salvo los animales de acompañamiento. 36 1 NADAR Félix photographe 28 5WALLACE Richard philanthrope Los niños tienen que ser acompañados. 49 1 NERVAL (de) Gérard écrivain 89 4WILDE Oscar écrivain (mon. classé)

29 2 NEY Michel maréchal (monument) ZAVATTA Achille © 1918 artiste (clown)

28 11 NOAILLES (de) Anna poètesse © Numéro de Columbarium MAIRIE DE PARIS DIRECTION GÉNÉRALE 89 2 NOHAIN Jean animateur (radio-télé) * Les corps de Bellini et Rossini ont été transférés en Italie, les cendres DE L'INFORMATION ET DE LA COMMUNICATION 92 1 NOIR Victor journaliste assassiné de Maria Callas répandues en mer Égée et les dépouilles de Monge, de Raspail et de Schoelcher reposent désormais au Panthéon DIRECTION DES PARCS, JARDINS ET ESPACES VERTS Ecola certifié 100% recyclé : Imprimerie Moderne de l'Est - Papier : © DPEJV - Impression couverture - Photo Batavia nception

OPHÜLS Max © 6219 cinéaste (Lola Montes) aux côtés de Victor Hugo. Co PLAN DU CIMETIÈRE DU PÈRE LACHAISE (1804) 43,20 ha 25 2 ABOVILLE (d’) généraux 76 1 CLEMENT Jean-Bapiste auteur de chansons 94 1 ALAIN philosophe 4 1COLETTE femme de lettres

66 3 ALPHAND Jean Charles ingénieur urbaniste 17 1COMTE Auguste philosophe positiviste

94 3 ANTRANIK (général) héros de l’Arménie 29 1CONSTANT Benjamin écrivain et h. politique

86 1 APOLLINAIRE Guillaume poète 96 2COQUATRIX Bruno entrepreneur de spectacles

4 8 ARAGO François savant et homme politique 24 2COROT Jean-Bapt. Camille peintre

10 1ASTIER (d’) (famille) résistants 89 1COURTELINE Georges écrivain humoriste

10 5ASTURIAS Miguel Angel écrivain, prix Nobel 8 1CUVIER Georges savant (biologie)

48 1BALZAC (de) Honoré écrivain (romans) DAC Pierre © 4462 humoriste

28 7BARRAS Paul homme politique 72 1DALADIER Edouard homme politique

45 1BAUDELOCQUE Jean-Louis médecin accoucheur 26 2DAUDET Alphonse écrivain

48 2BEAUJOUR (de) F. diplomate (monument) 24 1DAUMIER Honoré caricaturiste

28 9BEAUMARCHAIS Pierre écrivain (théâtre) 56 1DAVID Jacques Louis peintre

45 2 BÉCAUD Gilbert chanteur 39 2DAVID d’ANGERS Pierre sculpteur

11 3 BELLINI* Vincenzo musicien (opéras) 53 1 DEL DUCA Cino éditeur

20 1BERNARD Claude savant (médecine) 49 2 DELACROIX Eugène peintre

11 2 BERNARDIN de S.PIERRE écrivain (P. er Virginie) 19 3 DEMIDOFF Elisabeth princesse (monument)

44 3BERNHARDT Sarah actrice (tragédie) 10 3 DENON Vivant archéologue (Louvre)

82 1 BIENVENÜE Fulgence père du métro 10 4 DESPROGES Pierre humoriste

68 1 BIZET Georges musicien (Carmen) 28 6 DODU Juliette héroïne (guerre 1870)

67 1BLANC Louis historien et h. politique 19 2DU MANOIR Yves aviateur et rugbyman

91 1BLANQUI Auguste homme politique 97 4 DUCLOS Jacques homme politique

28 8 BOISSY D’ANGLAIS (famille) hommes politiques DUCAN Isadora © 6796 danseuse

94 5 «BONNE MAMAN» spirite 38 1 DUPUYTREN Guillaume chirurgien

10 2 BRANLY Edouard savant (inv. TSF) 97 2ELUARD Paul poète

59 1 BRASSEUR Pierre comédien (cinéma) 68 2 ENESCO Georges musicien (violoniste)

11 1BRONGNIART Alexandre architecte du P. Lachaise ERNST Max © 2102 peintre CIMETIÈRE DU PÈRE LACHAISE 28 1 BRILLAT-SAVARIN A. gastronome 97 6FABIEN (colonel) résistant

97 3CACHIN Marcel homme politique 4 6FALGUIÈRE Alexandre scultpeur

70 1 CAILLEBOTE Gustave peintre 4 7FAURE Félix homme politique CALLAS* Maria © 16258 cantatrice (opéra) 28 10 FOY Maximilien S. général (monument) 39 3 CAMBACÉRÈS (de) J.J. homme politique 26 1GAY-LUSSAC Louis savant (phys. et chimie)

53 2 CARTELLIER Pierre sculpteur 19 5 GARNIER-PAGÈS L.A. homme politique

18 3 CHAMPOLLION Jean-Fr. égyptologue 19 4 GEOFFROY SAINT-HILAIRE savant (naturaliste)

29 4CHAPPE Claude inventeur du télégraphe 12 1 GÉRICAULT Théodore peintre

89 3 CHAPTAL Jean savant et homme politique 37 2 GOBERT Jacques N. général (monument)

11 4 CHERUBINI Luigi musicien (compositeur) 94 4 GOBETTI Pietro écrivain et h. politique

11 5 CHOPIN Fédéric musicien (piano) 37 1 GOUVION SAINT-CYR (de) maréchal