Realização Observatório da Discriminação Racial no Futebol Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/PROREXT

Título Relatório da Discriminação Racial no Futebol 2018

Edição 1º Edição - Relatório da Discriminação Racial no Futebol 2018

Criação Setembro/2019

Organizadores Débora Macedo da Silveira Manera Diego Speggiorin Devincenzi Marcelo Medeiros Carvalho

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Reitor Rui Vicente Oppermann Vice-Reitora e Pró-Reitora de Coordenação Acadêmica Jane Fraga Tutikian Pró-Reitora de Extensão Sandra de Deus Vice-Pró-Reitora de Extensão Claudia Porcellis Aristimunha

Museu da UFRGS Diretora: Claudia Porcellis Aristimunha Cidara Loguercio Souza Diego Speggiorin Devincenzi Eliane Muratore José Francisco Flores Lígia Ketzer Fagundes Maura Bombardelli Rafaela Silva Thomaz Roberta Fernandes Fajer Simone Borsatto

Grupo de Estudos e Pesquisa Museu da UFRGS e Observatório da Discriminação Racial no Futebol Claudia Porcellis Aristimunha Clarice Sena Panizzon Diego Speggiorin Devincenzi Edison Luis Silva dos Santos Estácio Pereira Silveira Fabrício Locatelli Ribeiro Gabriela Mundstock Göcks Gustavo Andrada Bandeira João Cauê Benedeti Morales Julia Kras Soares do Amaral Lueci da Silva Silveira Marcelo Medeiros Carvalho Paulo Eliéger Santos Vaz “Os clubes devem se sentir responsáveis pelo que acontece, porque certos episódios ocorrem dentro de um espaço fechado ou de um estádio. E quando digo “responsável”, não quero dizer “culpado”. As pessoas devem dizer: “Somos responsáveis. O que podemos fazer?” Se você admitir ser responsável, é um bom começo, porque não acontece novamente. Se, em vez disso, ninguém se sente responsável… nada muda”.

Lilian Thuram 5º Relatório da Discriminação Racial no Futebol

Diagramação Paulo Eliéger Santos Vaz

Arte da capa Paulo Eliéger Santos Vaz

Arte Final Paulo Eliéger Santos Vaz

Gráfi cos Gabriela Mundstock Göcks

Publicação Outubro/2019

Tiragem 1000 exemplares

Site htt p://www.observatorioracialfutebol.com.br

Contato [email protected]

Redes Sociais

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/ObRacialFutebol /ObservatorioFutebol OBSERVATÓRIO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO FUTEBOL

O Observatório da Discriminação Racial no Futebol é um projeto que acredita no futebol como um importante instrumento de inclusão social e de luta contra a violência e a discriminação racial. Com base nisso, visamos utilizar a força do esporte mais popular do Brasil, para debater, alertar e conscientizar sobre a discriminação racial no futebol brasileiro.

O Observatório foi idealizado com o objetivo de monitorar, acompanhar e noticiar os casos de racismo no futebol brasileiro, assim como divulgar e desenvolver ações informativas e educacio- nais que visem erradicar essa praga que tanto macula a sociedade nacional.

Entretanto, com o passar do tempo e o crescente número de casos de racismo decidimos tam- bém compartilhar os acontecimentos ao redor do mundo, assim como as campanhas e as boas práticas que utilizam o esporte como ferramenta para conscientizar e combater o racismo, para que pudéssemos ter uma referência do que acontece ao redor do mundo. Desta forma, nosso site se tornou um “banco de dados” que unifica e organiza informações sobre os casos noti- ciados pela mídia, mantendo um histórico e servindo como fonte de consulta para pesquisas e análise de fatos.

Atualmente o Observatório da Discriminação Racial no Futebol é a principal fonte de pesquisa nacional e internacional sobre a questão de discriminação e preconceito no esporte brasileiro, não só no que tange racismo e futebol, mas também outros tipos de preconceitos e em todos os esportes praticados no país.

Dos dados monitorados, apresentados e investigados nasceu o Relatório Anual da Discrimi- nação Racial no Futebol, um estudo sistêmico dos casos de preconceito e discriminação no esporte brasileiro que se tornou a principal referência utilizada por veículos de comunicação e pesquisadores para discorrer da questão racial no Brasil.

4 RELATÓRIO ANUAL DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO FUTEBOL 2018

O Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol 2018 é a quinta análise sistêmica sobre os incidentes raciais no futebol brasileiro. Neste documento serão apresentados os casos de pre- conceito e discriminação ocorridos no esporte brasileiro, correspondentes ao período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2018. A análise de dados e informações sobre os desdobramentos dos casos, assim como suas respectivas punições aos envolvidos, serão feitas apenas em relação aos incidentes classificados como os de “racismo no futebol”.

O Relatório também expõe os casos de preconceito e discriminação com atletas brasileiros no exterior.

Nosso objetivo com esse documento, assim como nos anteriores, é identificar e informarà sociedade brasileira sobre os casos de discriminação que ocorrem no esporte nacional e, as- severar que os mesmos não acontecem de forma esporádica, que são comuns, que em sua maioria falta punição aos envolvidos, um maior comprometimento das vítimas na cobrança das punições e comprometimento dos clubes, entidades, federações e da sociedade como um todo no combate ao racismo.

5 INTRODUÇÃO

Pelo quinto ano consecutivo produzimos o Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol e acreditamos que ainda exista um longo caminho a trilhar para que os casos de preconceito e discriminação deixem de existir, afinal eles são reflexos de uma sociedade preconceituosa e racista, sendo os estádios de futebol e a internet apenas mais um palco no qual é possível ver todo o tipo de ódio e violência ser disparado contra atletas, diri- gentes, torcedores e outras tantas pessoas envolvidas no mundo esportivo. No entanto, é importante salientar que os constantes casos de racismo nos estádios, na internet e demais espaços derrubam o antigo mito da democracia racial que durante muitos anos existiu no Brasil e que teve no futebol um falso exemplo de como as diversas raças viviam em harmonia no nosso país.

Um olhar descompromissado pela “fotografia” da seleção brasileira é capaz de nos fazer acreditar que atletas negros e não negros, assim como torcedores, vivem uma relação sem conflitos nos estádios brasileiros, mas os inúmeros casos já denunciados nos anos anteriores em nossos Relatórios (2014 – 2015 – 2016 e 2017) comprovam que essa harmonia não é plena e que no momento de derrota o culpado tem uma cor, seja na seleção, seja nos clubes.

Outro ponto importante que será apresentado no Relatório 2018 é o crescente número de incidentes machistas, LGBTfóbicos e xenofóbicos no futebol brasileiro. Não que seja possível afirmar que os incidentes aumentaram, afinal os estádios de futebol sempre foram ambientes machistas e hostis para mulheres. O que fica comprovado no crescente número de denúncias é que as vítimas não calam mais ao sofrer com a violência dos torcedores que acreditam ser “o homem o dono do campinho”.

A intolerância demonstrada das formas mais diversas não está mais restrita aos estádios e a internet, como visualizado ano a ano em nossos Relatórios. Agora as denúncias envolvem programas esportivos de rádio e te- levisão e em um dos casos apresentados o incidente aconteceu dentro da sede de uma Federação de Futebol.

A luta por espaços das chamadas minorias (negros, homossexuais, mulheres, transgêneros, entre outros) tem seu reflexo no futebol, seja no aumento dos incidentes ou no crescimento das denúncias.

A partir do Relatório 2017, passamos a utilizar o termo LGBTfobia no lugar de homofobia. Decidimos por essa alteração porque homofobia diz respeito à homossexualidade, sendo “fobia”, a aversão, e o “homo”, igual; portanto diz respeito especificamente a relações entre pessoas da mesma orientação sexual: gays e lésbicas. Invibializando, dessa maneira, bissexuais, transsexuais e pessoas não-binárias, por exemplo. Sendo assim, a uti- lização de LGBTfobia é no sentido de trazer também essas questões de identidade de gênero que extrapolam a questão da sexualidade, para que se fale também sobre outras vivências.

“O racismo não desapareceu nem vai desaparecer. Mas a lei pegou, sim. Há hoje na sociedade uma consciên- cia de que racismo é um crime. A sociedade passou a ser menos tolerante, a exigir igualdade e a não aceitar a discriminação. O que faz a lei pegar é a punição”. Carlos Alberto Caó de Oliveira

6 METODOLOGIA

Para a produção deste relatório utilizamos a mídia nacional e internacional para a coleta de da- dos. Através de sistemas de monitoramento foram acompanhados e sistematizados os inciden- tes racistas e discriminatórios noticiados nos veículos de comunicação. Estes números podem, portanto, ser apenas um indicativo de um problema ainda mais amplo, afinal, suspeitamos que há um grande número de casos os quais não são denunciados pelas vítimas e/ou pela imprensa.

Os resultados apresentados são referentes ao ano de 2018, de 1° de janeiro a 31 de dezembro, e são descritos como “supostos casos de racismo” sem a distinção entre racismo e injúria racial, definições presentes na legislação brasileira, sendo assim, partimos da premissa da maneira pela qual os casos são julgados pela Justiça Desportiva, por meio do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), o qual não faz distinção entre injúria racial e racismo, utilizando-se somente do termo “ato discriminatório”, conforme dispõe o Art.243-G do referido diploma legal: “Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

7 MONITORAMENTO DOS CASOS

Este relatório irá apresentar casos discriminatórios sucedidos no Brasil, durante o ano de 2018, no futebol e em alguns outros esportes, além dos que aconteceram com atletas brasileiros no exterior. Desta forma, estão aqui descritos 88 (oitenta e oito casos, dos quais 79 (setenta e nove) dizem respeito ao futebol e 09 (nove) a outros esportes.

(Número de casos ocorridos com atletas brasileiros entre futebol e outros esportes, 2018)

Dos 79 (setenta e nove) casos que envolvem o futebol; 52 (cinquenta e dois) dizem respeito a discrimi- nação racial; 04 (quatro) envolvem LGBTfobia; 16 (dezesseis) machismo; 07 (sete) xenofobia. Destes 71 (setenta e um) ocorreram em solo brasileiro; 08 (oito) em outros países envolvendo atletas brasileiros.

8 Em relação as víti mas das ofensas: Dos 52 (cinquenta e dois) casos que dizem respeito a discri- minação racial: em 33 (trinta e três) deles as víti mas são atletas; em 03 (três) as víti mas fazem parte do quatro de arbitragem da parti da; em 01 (um) caso a víti ma é um policial que prestava serviço no jogo; em 03 (três) o agressor faz referência a uma coleti vidade (no caso de pessoas negras); em 12 (doze) deles as víti mas são torcedores de clubes de futebol.

(Quem são as víti mas das ofensas, 2018)

Os casos aqui apresentados estão separados em dois tópicos e subdivididos da seguinte forma:

1. Casos ocorridos com atletas, árbitros, dirigentes, torcedores e funcionários dos clubes e etc., em território nacional (Ocorrências no Brasil);

• Incidentes Raciais • Incidentes LGBTfóbicos • Incidentes Xenofóbicos • Incidentes Machistas • Outros Esportes

2. Casos ocorridos com atletas brasileiros no exterior (Ocorrências no Exterior).

OBS: Os casos ocorridos com atletas que atuam em clubes do Brasil, que são de responsabi- lidade da CONMEBOL, mesmo ocorridos no exterior estão classifi cados como “Ocorrência no Brasil”, uma vez que a cobrança por punição passa por dirigentes e clubes brasileiros. 9 Ocorrências no Brasil

1. INCIDENTES RACIAIS Campeonato: Amazonense 1.1. Estádios Onde: Estádio Municipal Carlos Zamith (AM) 1.Caso: C. D. S. F. Fato: O assistente Uesclei Regison Pereira dos Data: 14/01/2018 Santos afirmou que foi chamado de “macaco”, Jogo: Noticia não identificou as equipes entre outras ofensas racistas por torcedores Campeonato: Amador do Fast. Onde: CE Desdobramentos: O caso foi relatado na Fato: C. D. S. F., 19 anos informou que esta- súmula da partida acusando parte da torcida va em uma partida de futebol, quando em do Fast de proferir uma série de insultos um determinado momento, a pessoa até o após marcação de um impedimento no final momento identificada como “BEL” o ofendeu da partida. Entre as injúrias, palavras como chamando-o de “macaco”. ‘macaco’ e ‘senzala’ foram ouvidas pela víti- Como terminou: Não encontramos informa- ma, Uesclei Regison Pereira dos Santos, e, em ções sobre o incidente. Inclusive mesmo a no- seguida, pelo árbitro, Weden Cardoso Gomes. tícia é possível de ser encontrada novamente. O presidente da Asaf (Arbitros Profissionais do Estado do Amazonas) articulou um ato de 2. Caso: Ilha do Urubu apoio ao bandeira em jogo futuro. Um dire- Data: 24/01/2018 tor do Fast lamentou o fato ocorrido com o Jogo: CR Flamengo X Bangu AC bandeirinha, mas questionou a afirmação do Campeonato: Carioca assistente de que o autor da ofensa tenha sido Onde: Estádio Luso-Brasileiro (RJ) realmente um torcedor do Fast, baseado-se Fato: Foi encontrado em um dos banheiros do no próprio relato da súmula, alegando que estádio insultos racistas. ninguém identificou realmente quem proferiu Desdobramentos: O Flamengo era o respon- os insultos já que todos estavam virados para sável pela manutenção da Ilha do Urubu nos o campo. dias em que mandava as suas partidas de fu- Como terminou: Inicialmente, por dois votos tebol. No entanto, como o estádio também é a um, o TJD-AM condenou o Fast à perda de usado pela Portuguesa, proprietária do local, três pontos, pagamento de multa de mil reais não é possível dizer que o ato foi cometido e perda de dois mandos de campo. O clube numa partida do Rubro-negro. O presidente recorreu da decisão e em novo julgamento Eduardo Bandeira de Mello lamentou o o Pleno alterou a decisão inicial. O clube foi episódio e afirmou que o clube removerá a declarado culpado, por cinco votos a quatro, inscrição. mas acabou isento da perda de pontos e Como terminou: Sem identificação de quem mando de campo. Por outro lado, a multa escreveu e parede foi repintada. foi acrescida de R$ 1 mil para R$ 3 mil. Seis julgadores votaram na sessão. 3. Caso: Uesclei Regison Pereira dos Santos, árbitro assistente 4. Caso: Weslen Aparecido Mendes dos Reis, Data: 27/01/2018 atleta do Rolândia Esporte Clube Jogo: Nacional Fast Clube X Penarol Atlético Data: 14/02/2018 Clube Jogo: AC Paranavaí X REC 10 Campeonato: Divisão de Acesso do Campeo- Como terminou: Não encontramos informa- nato Paranaense ções de advertência ou punição por parte da Onde: Estádio Mun. Dr. Waldemiro Wagner CONMEBOL. (PR) Fato: O árbitro Cleber de Jesus Ausec Ludwing, 6. Caso: Hélio Júnio Nunes de Castro, Heli- foi informado durante a partida que o late- nho, atleta do São Paulo ral-direito Weslen, do Rolândia, teria sofrido Data: 21/02/2018 ofensas racistas de um torcedor do Paranavaí. Jogo: Nacional-URU x São Paulo Desdobramentos: Após o apito final o juiz Campeonato: Sub-20 confirmou o fato com um de seus assistentes, Onde: Estádio Centenário (Uruguai) que identificaram o homem em questão, Fato: O atacante Helinho, do time sub-20 do sendo reportado a Polícia Militar que, por sua São Paulo, foi alvo de injúrias raciais durante o vez, efetuou a prisão. Segundo a Polícia Civil, duelo com o Nacional-URU, no Estádio Cente- o homem em questão tinha 57 anos de idade nário, em Montevidéu, pela semifinal da Copa e ele usou palavras como “macaco” e “haitia- Libertadores. Enquanto o garoto de 17 anos no” para ofender o atleta do time visitante. caminhava para cobrar um escanteio, aos 20 Ele pagou fiança de um salário mínimo e vai minutos do primeiro tempo, um torcedor o responder pelo crime em liberdade. A pena chamou de “macaco” duas vezes. para tal infração pode render até três anos de Desdobramentos: São Paulo divulga “Nota de prisão. Repúdio” e informou que “buscará as medidas Como terminou: Por ser um processo que judiciais cabíveis”. se tramita em segredo de justiça, não temos Como terminou: Não encontramos informa- informação se o processo em questão já foi ções de advertência ou punição da CONME- concluído e definida a sentença final ou se BOL. ainda está em andamento. Não encontramos informações de julgamento por parte do TJD 7. Caso: Jogadores reservas do Vasco da – PR. Gama Data: 21/02/2018 5. Caso: Torcida do Independiente é flagrada Jogo: Jorge Wilstermann x Vasco da Gama em ato racistas contra gremistas – Club Campeonato: Copa Libertadores Atlético Independiente Onde: Estádio Olímpico Pátria (Bolívia) Data: 14/02/2018 Fato: Enquanto os jogadores reservas do Vas- Jogo: Independiente x Grêmio co da Gama estavam no aquecimento, gritos Campeonato: Recopa Sul-Americana por parte da torcida boliviana chamando-os Onde: Estádio de Avellanaeda (Argentina) de “macacos” ecoaram nas arquibancadas do Fato: Registro publicado por torcedor gre- Olímpico Pátria. Ouvindo os insultos racistas, mista no Twitter mostra torcedor do clube os atletas se dirigiram a policiais presentes no argentino imitando macaco em direção a área estádio e denunciaram. Os repórteres que re- ocupada pelos brasileiros no estádio. lataram as ofensas na transmissão da partida, Desdobramentos: Após analisar as imagens também conseguiram perceber os sons que a Comissão Disciplinar se pronunciou da pos- partiam das arquibancadas. sibilidade de abrir expediente sobre o caso, Como terminou: Não encontramos informa- com envio de ofício ao Independiente. ções de advertência ou punição da CONME- 11 BOL. Campeonato: Rondoniense Onde: Estádio Arnaldo Lopes Martins - Portal 8. Caso: Vinicius Jr., atleta do Clube de Rega- da Amazônia (RO) tas do Flamengo Fato: O atacante Henrique Teixeira, conhecido Data: 03/03/2018 como , acusa um torcedor do time Jogo: Flamengo x Botafogo rival, o Vilhenense, de chamá-lo de ‘macaco’ Campeonato: e mandá-lo ‘comer banana’. Onde: Estádio Nilton Santos (RJ) Desdobramentos: A Federação de Futebol do Fato: No momento em que Vinicius Jr. deixava Estado de Rondônia (FFER) publicou manifes- o gramado do Nilton Santos, vários alvinegros tação de repudio ao ato de racismo. O VEC xingaram, cuspiram e fizeram gestos obscenos publicou nota de repúdio ao ato e apoio ao para o camisa 10. Uma senhora cometeu ra- atleta dizendo que buscaria as medidas judi- cismo contra o atleta, chamando-o de “viado, ciais cabíveis. O presidente Dalanhol e o dire- neguinho safado”. tor executivo Diego Talim comentaram o caso Desdobramentos: Na súmula da partida, o e afirmaram em entrevista de que registro de árbitro disse que Vinícius Jr ‘saiu de campo ocorrência foi feito e que estavam juntando sem problemas’, não havendo menção às pos- provas para seguir com esse processo. A de- síveis ofensas raciais recebidas pelo atacante núncia seria de racismo e com agressão. Em do Flamengo. As imagens da TV captaram as manifestação pela internet, o atleta explicou palavras racistas “Neguinho safado” proferi- o caso e disse que gostaria de esquecer tudo das por uma torcedora do Botafogo. Após os que aconteceu, que a rivalidade entre equi- xingamentos em campo, o atleta deixou uma pem deveria ficar apenas em campo. mensagem na web. TJD-RJ abre inquérito para Como terminou: Não foram encontrados apurar racismo contra Vinícius Jr em clássico. registro sobre o andamento do caso e mesmo Como terminou: O Tribunal de Justiça Des- se realmente um processo foi aberto. portiva do (TJD-RJ) absolveu o Botafogo por maioria de votos em processo 10. Caso: Eduardo Viana da Silva, árbitro sobre supostas injúrias raciais proferidas por Data: 24/03/2018 torcedores alvinegros contra Vinicius Júnior, Jogo: VS-47 x VP-20 atacante do Flamengo. O Tribunal se baseou Campeonato: Rural 2018, de Canaã dos Cara- no primeiro depoimento do atacante, que dis- jás (sudeste do Pará) se não ter conseguido identificar as ofensas. Onde: Estádio Local de Canaã dos Carajas (PA) Ele foi convocado a prestar mais esclareci- Fato: Árbitro sofreu injúria racial, além de mentos, mas não compareceu devido à par- ameaça de morte, durante partida do Cam- tida contra a Ponte Preta, em Campinas, pela peonato Rural (Amador), sendo chamado de . O clube pediu o adiamento da ‘macaco’, ‘nego-urubu’ e ‘nego safado’ por sessão, o que não ocorreu. torcedor da VS. Desdobramentos: Eduardo Viana da Silva, 9. Caso: Atleta Henrique Teixeira, Robinho suspendeu a partida temporariamente e só (Vilhena Esporte Clube) voltou a apitar quando a situação foi resolvi- Data: 18/03/2018 da. A Liga Esportiva de Canaã dos Carajás se Jogo: Vilhena Esporte Clube X Vilhenense manifestou através de nota de repúdio e tam- Esportivo Clube bém pediu para as autoridades exigirem do 12 agressor uma retratação pública e a punição A diretoria do Araguaína prometeu entrar prevista na lei. Eduardo informou após a parti- com uma faixa em campo na próxima partida da que faria um Boletim de Ocorrência (B.O.). em apoio ao atacante. Como terminou: Não foram encontrados re- Como terminou: Não foram encontradas gistros de que o caso foi levado adiante tanto informações se o agressor foi identificado, se na justiça desportiva, tão pouco na justiça ocorreu registro de Boletim de Ocorrência, se comum. a Federação local tomou alguma medida de punição ou mesmo se o próprio Araguaína 11. Caso: Torcedor do Guarani ofende torce- entrou em campo com a faixa de apoio. dores do XV de Data: 04/04/2018 13. Caso: Torcedores argentinos foram fla- Jogo: Guarani x XV de Piracicaba grados chamando os torcedores brasileiros Campeonato: Paulista (A2) de macacos – Club Atlético Rosário Central Onde: Estádio Brinco de Ouro da Princesa (SP) Data: 12/04/2018 Fato: Um torcedor que estava nas vitalícias Jogo: Rosário Central x São Paulo do Brinco de Ouro fez gestos imitando um Campeonato: Copa Sul-Americana macaco e esfregou a mão sobre o braço, em Onde: Estádio Gigante de Arroyito (Argentina) alusão à cor negra. Fato: Torcedores do Rosário Central foram Desdobramentos: O Guarani publicou nota flagrados chamando os torcedores brasileiros repudiando o gesto do torcedor e informou de macacos. As imagens foram capturadas que ajudaria no que fosse possível para iden- pelo SporTv. tificar o responsável pelo ato. Desdobramentos: A diretoria do São Paulo Como terminou: Não foram encontrados re- analisará as imagens e estuda a possibilidade gistros de manifestação da Federação Paulista de intervenção junto a Conmebol ou ao pró- de Futebol ou de que o caso tenha sido levado prio Rosário Central nos próximos dias. Em adiante. sua conta oficial no Twitter, o clube lamentou o episódio. Torcedores do São Paulo e Rosário 12. Caso: Atleta Marcelo Kênia (Araguaína Central fazem faixa contra o racismo. Futebol e Regatas) Como terminou: Sem informações de adver- Data: 07/04/2018 tência ou punição pela CONMEBOL. Jogo: Interporto x Araguaína Campeonato: Tocantinense 14. Caso: Torcedores do Corinthians são Onde: Estádio General Sampaio (TO) alvos de injúria racial na Argentina - Club Fato: Jogador alegou que foi xingado pela Atlético Independiente torcida me xingou, ‘me chamou de macaco Data: 18/04/2018 e de sem cor’. Marcelo disse que chegou a Jogo: Independiente x Corinthians reclamar da situação para os policiais que Campeonato: Copa Libertadores faziam a segurança no estádio, mas a parti- Onde: Estádio Libertadores da América (Ar- da não foi interrompida. O árbitro do jogo, gentina) Modesto, que afirmou não ter Fato: Um torcedor do Independiente foi percebido as injúrias e por isso não paralisou flagrado cometendo atos de injúria racial a partida e que por não ter conhecimento do contra a torcida do Corinthians. Em vídeo acontecimento, nada foi relatado na súmula. compartilhado por corintianos, um torcedor 13 do Independiente aparece imitando um ma- Fato: Durante a partida em São Januário al- caco na direção dos rivais. guns torcedores do Racing atiraram bananas Como terminou: Sem informações de adver- para o lado dos vascaínos. tência ou punição pela CONMEBOL. Desdobramentos: Nem segurança do Vasco, nem Gepe registraram ofensas raciais com 15. Caso: Torcedores do Racing imitam ma- cascas de banana em São Januário. cacos para vascaínos na Argentina – Racing Como terminou: Sem informações de adver- Club de Avellaneda tência ou punição pela CONMEBOL. Data: 19/04/2018 Jogo: Racing x Corinthians 18. Caso: Silvio Romero, atacante do Inde- Campeonato: Copa Libertadores pendiente é acusado pela Policia Militar de Onde: Estádio Presidente Perón (Argentina) odfender racialmente o cabo J. Carlos. Fato: Após a goleada por 4 a 0 do Racing sobre Data: 02/05/2018 o Vasco, torcedores do clube argentino imita- Jogo: Corinthians x Independiente ram macacos para os vascaínos que estavam Campeonato: Copa Libertadores no setor visitante. Onde: (Brasil) Desdobramentos: Racing diz não ao racismo Fato: A princípio, a Polícia Militar de São Paulo e promete identificar os torcedores que imita- havia denunciado supostas ofensas racistas ram macaco para vascaínos. de Romero ao policial. No entanto, posterior- Como terminou: Sem informações de adver- mente, a organização voltou atrás e disse que tência ou punição pela CONMEBOL. não era possível identificar se houve racismo. Desdobramentos: Em resposta à imprensa, 16. Caso: Torcedores do Palmeiras são víti- Romero se desculpou várias vezes. “Se ele mas de racismo em partida diante do Boca se sentiu ofendido, peço desculpa aqui. Isso Juniors – Club Atlético [racismo] não aconteceu, não quis ofender. Data: 25/04/2018 Pedi desculpa normalmente, não disse nada. Jogo: Boca Juniors x Palmeiras Disseram que eu tinha dito uma palavra meio Campeonato: Copa Libertadores racista, mas eu não disse nada. O árbitro da Onde: Estádio Bombonera (Argentina) partida corrobora o que eu disse. Estou tran- Fato: Torcedores do Palmeiras são vítimas de quilo quanto a isso”, afirmou. racismo em partida diante do Boca Juniors. Como terminou: Sem informações de adver- Durante a partida foram vistas imitações de tência ou punição pela CONMEBOL. Macaco direcionadas aos brasileiros Como terminou: Sem informações de adver- 19. Caso: Marcos Moreira de Souza, Marqui- tência ou punição pela CONMEBOL. nhos, atleta do Macaé Esporte Futebol Clube Data: 06/05/2018 17. Caso: Torcedores do Racing jogam cascas Jogo: URT x Macaé de bananas para vascaínos em São Januário Campeonato: Brasileirão Série D – Racing Club de Avellaneda Onde: Estádio Zama Maciel (MG) Data: 26/04/2018 Fato: O árbitro Vinicius Gomes do Amaral Jogo: Vasco da Gama x Racing registrou que o camisa 10 do Macaé, Marqui- Campeonato: Copa Libertadores nhos, foi chamado de “macaco” por um tor- Onde: Estádio São Januário (Brasil) cedor identificado do URT. O atleta, segundo 14 relato do juiz, não registrou boletim de ocor- Onde: Estádio Ernesto Parise – Veranópolis rência. “Aos 48 minutos do segundo tempo, (RS) o quarto árbitro da partida, Murilo Francisco Fato: Conforme o relato feito no registro de Misson Júnior, foi informado pelo atleta da ocorrência, um homem estava atrás da goleira equipe do Macaé, Marcos Moreira de Souza, e teria o chamado Douglas Cabral (o Bóia) de que o mesmo foi chamado de “macaco” por “nego macaco” e, ainda, teria dito que ele um torcedor da União Recreativa dos Traba- não sairia vivo de campo. Colegas de equipe lhadores, no qual o torcedor foi identificado serviram de testemunhas, no registro policial. pelo policiamento da partida. Após o término Como terminou: Não conseguimos informa- da partida, o atleta supostamente ofendido ções sobre a ocorrência e se houve denúncia relatou ao tenente lucas que não iria fazer o para abertura de processo. Sem informações boletim de ocorrência policial”. de punição no âmbito esportivo. Como terminou: O caso gerou denúncia e foi julgado no STJD. O URT foi absolvido em 22. Caso: Ederson Batptista de Souza, Robi- primeira instância na Quarta Comissão Dis- nho, atleta do Corumbaense ciplinar. A Procuradoria recorreu e o Pleno Data: 20/05/2018 manteve a absolvição, por maioria dos votos. Jogo: Dom Bosco x Corumbaense Campeonato: Brasileirão Série D 20. Caso: Lucas Mauro, do Bandeirante de Onde: Estádio Arena Pantanal (MT) Birigui Fato: O jogador do Corumbaense, Ederson Data: 12/05/2018 Batptista de Souza, de 29 anos, conhecido Jogo: América x Bandeirante como ‘Robinho’, prestou queixa na delegacia Campeonato: – Segun- depois de ser chamado de ‘macaco’, logo após da Divisão a partida. Ele acusou o jogador do Dom Bosco, Onde: Estádio Benedito Teixeira, Teixeirão, Bruno Felipe Pereira dos Santos, de 21 anos, (SP) de ter feito as ofensas. Segundo a PM, houve Fato: O árbitro José de Araujo Ribeiro Junior um tumulto logo depois do término do jogo relatou que o jogador Lucas Mauro, do Ban- e os atletas foram encaminhados à delegacia, deirante, disse a ele que Detto Pereira, trei- um boletim de ocorrência foi registrado pela nador do América, teria dito “Olha a sua cor”. Polícia Militar. Árbitro registrou as ofensas em Como terminou: O processo no TJD recebeu súmula. o número n. 529/18 e no caso, foi denunciado Desdobramentos: O procedimento investiga- o treinador Carlos Donizete Pereira que, pelas tivo ficará por conta da 2ª Delegacia dePo- suas atitudes no jogo em referência, recebeu lícia da Capital para apurar as circunstâncias duas partidas de punição mais uma advertên- relatadas pelo jogador e que configurariam o cia. crime de injúria racial. O atleta Robinho postou um desabafo em sua 21. Caso: Douglas Cabral de Barros, Bóia, rede social: “Venho com muita tristeza, com atleta do Colorado de Santa Helena muita raiva, indignado, pois você ser chamado Data: 13/05/2018 de macaco e relatar para as autoridades e eles Jogo: Colorado x Planalto nem ligarem e ainda darem risada fazendo Campeonato: Copa Libertadores do Nordeste deboche da sua cara sendo que você sofre (Futebol Amador) racismo e ao ir fazer o boletim de ocorrência, 15 e não dar em nada, quando então se ouvi que uruguaia, “ficou me chamando de macaco os isso é normal e o cara que me chamou de 90 minutos”. Atleta revelou os insultos que macaco estava de cabeça quente. Mais quero sofreu durante o programa “Jogo Sagrado”, da falar que isso só me fortalece, sou negro com Fox Sports. muito orgulho. Sai com racismo da minha Como terminou: Sem informações de adver- frente que eu quero passar com a minha cor. tência ou punição pela CONMEBOL. Esse é o Brasil, triste e indignado. Sabia que não ia dar em nada”. 25. Caso: , atleta do Palmeiras Como terminou: De acordo com a diretoria Data: 06/08/2018 do Corumbaense, o boletim de ocorrência foi Jogo: Cerro Porteño x Palmeiras registrado como injúria. Na delegacia, foi assi- Campeonato: Copa Libertadores nado por ambos os atletas termo de renúncia Onde: Estádio General Pablo Rojas em que eles manifestavam, por hora, que não Fato: Felipe Melo é chamado de macaco e faz desejavam representar criminalmente contra gesto obsceno para torcedor no Paraguai. O o outro. Sem informação de punição ao clube volante alegou ter sofrido ofensas racistas en- ou o atleta envolvido. quanto entrava em campo para aquecer antes da partida. Câmeras da TV seu flagraram gesto 23. Caso: Torcedores do relataram obsceno. racismo de torcedores do Club Atlético Cerro Como terminou: Sem informações de adver- Data: 25/07/2018 tência ou punição pela CONMEBOL. Jogo: Bahia x Cerro Campeonato: Copa Sul-Americana. 26. Caso: Matheus Henrique, atleta da Asso- Onde: Estádio de Pituaçu (Brasil) ciação Atlética Ponte Preta Fato: Torcedores do Cerro, do Uruguai, foram Data: 18/08/2018 flagrados em atos de injúria racial, durante Jogo: São Bernardo X Ponte Preta a partida contra o Bahia, em Pituaçu, pela Campeonato: Paulista Sub-17 segunda fase da Copa Sul-Americana. Um Onde: Estádio Municipal Leonardo Barbieri vídeo em que um homem com a camisa da (SP) equipe uruguaia imita um macaco foi feito por Fato: Jogador do São Bernardo imita macaco um torcedor do Bahia e divulgado em redes para o jogador Matheus Henrique da Ponte sociais. Preta. O árbitro Leonardo de Jesus Sampaio Como terminou: Sem informações de adver- registrou em súmula que o lateral-esquerdo tência ou punição pela CONMEBOL. Ryan, do São Bernardo, foi expulso por imitar um macaco, “com sons e gestos”, para o vo- 24. Caso: Rodrigo Junior Paula Silva, Digão, lante Matheus Henrique, da Ponte Preta. atleta do Fluminense Desdobramentos: A direção da Ponte Preta Data: 02/08/2018 disse que levaria o caso adiante para análise Jogo: Fluminense x Defensor da Federação Paulista de Futebol (FPF) por Campeonato: Copa Sul-Americana considerar que o contexto foi de racismo. Já o Onde: Estádio Jornalista Mário Filho, Mara- São Bernardo afirmou por intermédio da sua canã (Brasil) assessoria de imprensa que não há qualquer Fato: Digão, zagueiro do Fluminense, revelou cabimento na acusação de racismo em virtude que sofreu racismo de um atleta da equipe Ryan ser negro. Para o São Bernardo as ima- 16 gens deixam bem claro o que aconteceu no tência ou punição pela CONMEBOL. final do jogo, e a comemoração de brincadeira com o mascote da Ponte foi vista de um jeito 28. Caso: A.G., atleta e usada de outra forma. Data: 23/09/2018 Como terminou: O processo recebeu o n. Jogo: Não Identificado 1082/18 e o atleta Ryan da Silva Rodrigues Campeonato: Campeonato de Futebol Varze- Cardoso foi absolvido. ano de Barretos Onde: Campo do Frigorífico (SP) 27. Caso: Torcedor do Independiente imita Fato: Um homem de 26 anos, identificado macaco para santistas - Club Atlético Inde- como A.G., estava jogando futebol no campo pendiente do Frigorifico, disse que no transcorrer da Data: 21/08/2018 partida uma pessoa do sexo feminino, que Jogo: Independiente x Santos estava identificada como diretora da equipe Campeonato: Copa Libertadores adversária por diversas vezes lhe chamou de Onde: Estádio Libertadores da América (Ar- “macaco”, “preto fedido” e “galinha de ma- gentina) cumba”, o que o fez se sentir ofendido. Fato: Um torcedor do Santos presente no Desdobramentos: O atleta que é morador o estádio Libertadores de América flagrou a bairro América, esteve na delegacia informan- cena de um torcedor imitando um macaco do o acontecido e registrando o caso. em direção à torcida do Peixe e publicou nas Como terminou: Não foram encontradas redes sociais. O clube analisa a situação para informações sobre o andamento do caso, ape- tomar medidas cabíveis. nas dois jornais da região repercutiram o caso. Desdobramentos: Torcedores registram Bole- Não há informações sobre andamento do tim de Ocorrência por racismo no estádio do processo na justiça comum, por ter registrado Independiente. Boletim de Ocorrência (B.O.) o caso corre em OBS: Antes do jogo da volta em Santos, em sigilo de justiça. 28/08/2018 o Independiente publicou em seu site oficial, na véspera da partida, uma cartilha 29. Caso: Everaldo, árbitro de recomendações para os torcedores que Data: 14/10/2018 virão ao Brasil acompanhar o duelo no Paca- Jogo: MEC X União embu. No entanto, o que chama a atenção na Campeonato: Municipal de Futebol Amador cartilha são os motivos para que os torcedores Onde: Estádio Passo das Emas (MT) não sejam racistas e não a condenação aos Fato: O juiz da partida, Everaldo, disse que o atos. De acordo com o Independiente, é “alta- atleta Elaerte do União lhe chamou de “Preto mente recomendável” evitar os gestos de ma- Safado” e “Vagabundo”. caco para que o clube não seja punido, nem Desdobramentos: O atleta envolvido na su- para que os torcedores sejam presos. O clube posta injúria racial foi expulso da partida. argentino cita que no Brasil é crime assimilar Como terminou: Não foram encontrados a pessoa ao animal e que a polícia age por ini- registros de manifestações pós partida, do ciativa própria quando vê atos dessa natureA. envolvidos no caso (atleta, juiz ou clubes), tão Gza e prende os torcedores. Eles lembraram pouco alguma manifestação da organização ainda que em jogos anteriores, houve prisões. do campeonato. Não há informação se ocor- Como terminou: Sem informações de adver- reu registro de B.O. por parte do juiz agredido. 17 dirigidas a Paulão. 1.2. Internet Como terminou: Não encontramos informa- 1. Caso: Luciana Santos Almeida ções de ações do atleta Paulão, do clube ou Data: 15/02/2018 da justiça para punir os responsáveis pelas Onde: Internet – Facebook ofensas. Fato: Torcedora do ES tira foto com Vinicius Jr. do Flamengo e é alvo de comentário racista. 4. Caso: Vinicius Junior, atleta do Flamengo “Dois Macaco”, disse o autor do comentário Data: 10/06/2018 racista, após vítima publicar foto em rede Onde: Internet – Facebook social. Ela prestou queixa na polícia e disse Fato: Em um post dentro de um grupo no que vai processar o agressor. O crime também Facebook, um dos usuários usou uma foto em é cometido contra o atleta Vinicius Jr., pois o que o jogador aparece chorando, após a vitó- comentário racista diz: “Dois macacos”. ria de dois a zero contra o time paranaense, e Desdobramentos: Luciana denunciou as ofen- escreveu: “Primeira vez que vejo um macaco sas na Delegacia de Crime Eletrônicos, no dia chorar”. 16/02/2018. Desdobramentos: O Flamengo enviou um Como terminou: Não encontramos informa- ofício ao Ministério Público, no qual solicita a ções sobre o processo judicial contra o autor apuração do crime de injúria racial. Presidente das ofensas racistas. Eduardo Bandeira de Mello condena atitude: É uma coisa inadmissível, quem faz uma coisa 2. Caso: Antônio Eduardo Pereira dos San- dessas deve ser uma pessoa desprezível e tos, Kanu, atleta do Vitória merece todo o nosso repúdio”. Data: 18/02/2018 Como terminou: Sem informações sobre se Onde: Internet – Instagram foi aberto processo e seu andamento. Fato: Em uma publicação no instagram oficial do Vitória, um internauta, que se diz torcedor 5. Caso: Ofensa racista contra negros – João do São Paulo, usou um emoji de macaco Garcia acompanhado de uma bola da cor preta ao Data: 24/06/2018 lado do nome do defensor rubro negro. Onde: Internet – Twitter Como terminou: Sem informações de qual- Fato: O radialista gaúcho João Garcia postou quer pronunciamento ou atitude tanto do comentário racista sobre o jogo Japão x Sene- atleta como do clube. gal, que acabou empatado em 2 x 2 em parti- da válida pela Copa da Rússia. Pouco depois 3. Caso: Paulo Marcos de Jesus Ribeiro, Pau- do jogo, Garcia escreveu: “DUAS Culturas em lão, do Club de Regatas Vasco da Gama campo: japoneses éticos, corretos, senegale- Data: 01/04/2019 ses sujos, malandros: deu empate!” (Sic). Onde: Internet – Twitter Como terminou: Sem informações de registro Fato: Torcedores do Vasco da Gama indigna- de B.O., processo ou punição. dos com a atuação do zagueiro, na decisão do Campeonato Carioca contra o Botafogo, 6. Caso: Júlio Cocielo acusado racismo com ofenderam o atleta de forma racista. Mbappé Desdobramentos: O Vasco através das suas Data: 30/06/2018 redes sociais condenou as ofensas racistas Onde: Internet – Twitter 18 Fato: Cocielo é acusado de racismo após piada Fato: Perfil ‘Canal do Leão’ é acusado de fazer com jogador francês. YouTuber disse que com piada racista com Lucas Ribeiro. “Roubava a velocidade de Mbappé ele poderia fazer um carteiras na Barra e agora rouba bolas na Série “arrastão top na praia”. A”, postou página do torcedor no Instagram. Desdobramentos: Cocielo apagou o texto Como terminou: Sem informações de registro de sua rede social e se defendeu depois que de B.O., de abertura de processo ou manifes- internautas afirmaram que a postagem foi tação do clube. racista. “Apaguei porque meu negócio não é ofender. Não citei nada além da velocidade 9. Caso: Luiz Ricardo Alves, Sassá, atleta do dele devido ao lance do jogo, não quero treta, só deixei pra lá porque não era esse o sentido Data: 28/09/2018 e não quero levar isso além. É isso. Não quero Onde: Internet – Twitter que confundam as coisas”, explicou Júlio Co- Fato: O atacante do Cruzeiro Sassá vem rece- cielo. Esse mesmo comentário de explicação bendo ofensas e ameaças nas redes sociais acabou sendo apagado. MP-SP cobra R$ 7 desde o fim do jogo entre o time mineiro e milhões de youtuber por tweet racista sobre o Palmeiras, pela semifinal da Copa do Brasil. Mbappé. Publicação feita por Júlio Cocielo no Várias mensagens têm cunho racista, como final de junho é uma “notória manifestação de “escravo maldito” e “isso tudo é culpa da racismo”, segundo a Promotoria de Direitos princesa Isabel, não era nem para estar na rua Humanos. esse marginal”. Como terminou: Não foram encontradas Como terminou: Sem informações de registro informações sobre julgamento da ação do de B.O., de abertura de processo ou manifes- Ministério Público. tação do clube.

7. Caso: Fernando Luiz Rosa, Fernandinho, 10. Caso: Argentinos respondem provoca- atleta da Seleção Brasileira ções de torcedores brasileiros com racismo Data: 06/07/2018 Data: 16/10/2018 Onde: Internet – Redes Sociais Onde: Internet – Twitter Fato: Fernandinho é alvo de ofensas racistas Fato: O twitter oficial da AFA, Associação na web após eliminação do Brasil. Argentina de Futebol, foi alvo de provocações Desdobramentos: Internautas fazem onda de de torcedores brasileiros, mas os argentinos apoio a Fernandinho após ofensas racistas. não gostaram e responderam com ofensas A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) racistas, com posts de imagens de macacos. emitiu um comunicado repudiando as mani- Como terminou: Sem informações de qual- festações racistas contra Fernandinho, após a quer punição aos envolvidos. derrota do Brasil por 2 a 1 para a Bélgica, pelas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia. 11. Caso: Felipe Melo, do Palmeiras Como terminou: Sem informações de abertu- Data: 21/10/2018 ra de processo ou punição aos envolvidos. Onde: Internet – Twitter Fato: Quadro de Felipe Melo repercute e 8. Caso: Lucas Ribeiro, do Vitória argentinos respondem com racismo, alguns Data: 27/08/2018 responderam xingamentos racistas. “Negro Onde: Internet – Instagram fracassado” e “Esse cara negro pediu uma 19 foto com a ‘Pulga’ e como foi ignorado teve racismo por internautas. de fazer uma foto gigantesca com a única que Desdobramentos: Acusado de declaração encontrou”, “Quando se aposentar, vai trocar racista sobre Jailson, Edilson se defende e diz: tiro com alguém em uma favela”, escreveram. “É em tom de piada”. Como terminou: Sem informações de qual- Como terminou: Edilson revelou que as quer punição aos envolvidos. declarações que geraram tanta polêmica foram responsáveis por ele não ter assinado 12. Caso: Reforço Olaria Atlético Clube contrato com a Fox, após o acerto de todos os Data: 19/12/2018 detalhes contratuais. Onde: Internet – Twitter, Facebook, WhatsApp Fato: A foto de um rapaz negro à frente de um 2. Caso: Fox é acusada de ato racista após painel do Olaria Atlético Clube viralizou com humorista imitar Roger com “blackface” uma piada de conotação racista. O meme, Data: 21/05/2018 que circulou no Twitter, em páginas populares Onde: Programa de Tv do Facebook e no WhatsApp, brinca com Programa: Jogo Sagrado – Emissora: Fox a aparência do retratado e o compara com Fato: O humorista Rudy Landucci, conhecido prisioneiros em operações policiais. “Parece por fazer imitações de jogadores e técnicos que está sendo preso, mas é só o novo reforço de futebol, fez uma paródia de Roger Macha- do Olaria”. do, técnico do Palmeiras. Porém, inúmeros Desdobramentos: o vice-presidente de fute- internautas acusaram o programa de fazer bol do Olaria, que está na segunda divisão do a chamado “blackface”, prática considerada Campeonato Carioca, afirma que o viral é fake. racista no teatro. O “blackface” se populari- “Não sei quem é esse garoto, nunca vi na vida. zou, principalmente, no século 19 e início do Nem jogadores contratados nós temos”, disse século 20. Roberto Gaúcho, irritado com a repercussão Desdobramentos: Humorista pede desculpas da foto. “Já recebi umas 50 mil mensagens por imitação considerada racista no Fox hoje. Provavelmente esse menino é vítima de Sports. Na mensagem, Rudy explica que uma brincadeira de muito mau gosto”, disse. não teve intenção discriminatória e pediu Uma das páginas (Manual do Jogador Ruim) desculpas a quem se sentiu ofendido pela que viralizou a imagem, no Facebook, disse brincadeira. que o responsável pela postagem foi afastado. Como terminou: Sem informações de punição Como terminou: Sem informações de proces- por parte da emissora ou de qualquer órgão so ou punição aos envolvidos. de justiça contra Rudy Landucci.

1.3. Outros Espaços 3. Caso: Anderson Vital da Silva, Dedé, atle- 1. Caso: Jailson Marcelino dos Santos, atleta ta do Cruzeiro do Palmeiras Data: 05/10/2018 Data: 16/02/2018 Onde: Programa Tv Onde: Programa de Televisão Emissora: TyC Sports, da Argentina Programa: Programa Foz Sports Rádio Fato: Durante entrevista ao canal TyC Sports, Fato: Edílson Capetinha causou revolta de da Argentina, o lateral direito Buffarini, do diferentes torcidas ao opinar sobre o goleiro Boca Juniors, critica Dedé por força excessiva Jailson na televisão. Ex-jogador foi acusado de e concorda com repórter que o comparou ao 20 ‘King Kong’. Data: 02/10/2018 Como terminou: Sem informações de punição Jogo: Goiás x Londrina aos envolvidos. Campeonato: Brasileirão – Série B Onde: Estádio Olímpico Pedro Ludovico Tei- 2 INCIDENTES LGBTFOBIA xeira 2.1. Estádios Fato: O árbitro do confronto entre Goiás x 1. Caso: Torcida Brasil de Pelotas Londrina, Antônio Dib Morais-PI, relatou Data: 31/03/2018 gritos homofóbicos contra Vagner, goleiro do Onde: Estádio Bento Freitas Londrina. Relato na Súmula: “Aos 35 minutos Campeonato: Gaúcho do 1º tempo, no momento em que era mos- Fato: A rivalidade provoca algumas grosserias. trado um cartão amarelo ao goleiro da equipe Um cartaz colado por torcedores na entrada do Londrina EC sr. Vagner Antonio Brandalise, do Bento Freitas anuncia a excursão para o e a partida sendo reiniciada, a torcida do jogo da Arena, mas não trata o Grêmio por Goiás EC. começou a gritar “goleiro viado, Grêmio, e, sim, um provocativo “Gaymio”. goleiro viado” isso ocorreu no período de 36 Como terminou: Sem informações de punição a 39 minutos do 1º tempo. Cabe informar que aos envolvidos. no intervalo da partida, o telão no estádio so- licitou aos torcedores que não mais fizessem 2. Caso: Torcida do Atlético entoa cânticos esse tipo de ação. O 2º tempo transcorreu homofóbicos sem mais nenhuma atitude hostil da torcida”. Data: 16/09/2018 Como terminou: Não encontramos informa- Jogo: Atlético x Cruzeiro ções de julgamento por parte do STJD. Campeonato: Brasileirão Onde: Estádio Governador Magalhães Pinto - 2.2. Internet Mineirão 1. Caso: Nikão, Atlético-PR Fato: Parte da torcida do Atlético-MG que Data: 08/05/2018 compareceu ao Mineirão, pela 25ª rodada Onde: Internet – Instagram do Campeonato Brasileiro, tentou provocar o Fato: Post de Nikão, meia do Atlético-PR, que arquirrival Cruzeiro com um grito homofóbi- defende que relações homossexuais “nunca co: “Cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro serão aceitas por Deus”, é considerada homo- vai matar veado”. O cântico faz menção a Jair fóbica. “Com homem não te deitarás, como Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL. se fosse mulher, isso é abominação”, dizia a Desdobramentos: O clube se manifestou e postagem. repudiou o fato. Desdobramentos: A Aliança Nacional LGBTI Como terminou: STJD multa Atlético-MG por encaminhou uma notificação ao jogador onde canto discriminatório. pede por meios legais a retratação pública do Punição: Por maioria dos votos, os Auditores jogador com relação a postagem. multaram a equipe do Atlético em R$ 5 mil por Como terminou: Nikão enviou resposta a noti- infração ao artigo 191, inciso III, por descum- ficação extra-judicial feita pelos advogados da prir o Regulamento Geral das Competições. Aliança Nacional LGBTI onde respondeu que está exercendo seu direito de liberdade de ex- 3. Caso: Vagner, goleiro do Londrina Esporte pressão. “Ele invoca ainda a sua liberdade de Clube expressão religiosa, uma vez que é evangélico. 21 time do Ferroviário pela justa classificação.” 3 INCIDENTES XENOFÓBICOS Como terminou: Não encontramos informa- 3.1. Estádios ções de inquérito ou julgamento. 1. Caso: Rômulo Otero, do Clube Atlético Mineiro 3.2. Internet Data: 08/04/2018 1. Caso: André Gallindo, repórter da Rede Jogo: Cruzeiro x Atlético-MG Globo Campeonato: Data: 08/01/2018 Onde: Estádio Governador Magalhães Pinto - Onde: Internet – Twitter Mineirão Fato: Seguidor posta comentário preconceitu- Fato: O presidente do Atlético-MG, Sérgio oso com o uso pejorativo do termo “paraíba”. Sette Câmara, disse que as declarações de “Tem mal gosto, hein, paraíba” escreveu o Edilson, do Cruzeiro) podem ser classificadas internauta. como xenofobia. Desdobramentos: Jornalista rebate seguidor Desdobramentos: Edilson pediu desculpas e escreveu que “Em tempo, sou NORDESTINO ao povo venezuelano pela declaração dada de pai, mãe e parteira. Com um orgulho do ao canal Sportv, logo depois do clássico, na tamanho do Rio São Francisco. Isso jamais me qual se refere à seleção nacional do país com será uma ofensa. Mas combaterei qualquer menosprezo. tipo de preconceito com todas as minhas Como terminou: Sem informações de apura- forças”. ção e punição do incidente. Como terminou: Sem informação de abertura de inquérito ou punição ao agressor. 2. Caso: Jogadores do Ferroviário Atlético Clube 2. Caso: , comentaris- Data: 22/07/2018 ta da Globo Jogo: São José x Ferroviário Data: 17/02/2018 Campeonato: Brasileirão, Série D Onde: Internet – Twitter Onde: Estádio Passo da Areia (RS) Fato: Juninho Pernambucano se tornou alvo Fato: Edson Cariús e Esquerdinha usam redes de ataques de alguns torcedores do Flamen- sociais para relatar xingamentos e ofensas que go, com xingamentos xenofóbicos (por conta teriam sido vítimas no jogo contra o São José, de sua origem nordestina) e até ameaças de no Rio Grande do Sul. Os atletas relataram morte. xingamentos como: “comedores de farinha, Desdobramentos: No programa Bem Amigos, de nordestinos malditos. do SporTv fez um desabafo contra a intole- Desdobramentos: O Ferroviário e o São José rância no futebol e no Brasil. Por conta das se manifestaram nas redes sociais. O Ferrovi- ameaças Juninho Pernambucano pediu para ário postou que “O Nordeste é maior do que não ser escalado na final da Taça Guanabara, qualquer preconceito”. E o São José emitiu entre Flamengo e Boa Vista e informou que as nota de esclarecimento que entre outras ameaças serão levadas à delegacia. coisas diz: “Não compactuamos com qualquer Como terminou: Sem informações de inquéri- ato de preconceito, de toda a ordem e em to e punição aos envolvidos. qualquer lugar. Respeitamos e admiramos o povo do Nordeste e parabenizamos ao grande 3. Caso: Os jogadores Elyeser e Léo Sena, do 22 Goiás, criticam nordestinos. contra o Botafogo, em Ribeirão Preto, pelo Data: 08/10/2018 Campeonato Paulista, o clube colocou a inscri- Onde: Internet – Instagram ção #XenofobiaAquiNão no espaço destinado Fato: Os jogadores Elyeser e Léo Sena, do ao patrocínio master da camisa. Goiás, foram responsáveis pelo post nas Como terminou: As declarações de Romero redes sociais onde criticam nordestinos. “O geraram um longo debate em Nordeste vota no Haddad e depois muda programas esportivo sobre a xenofobia, mas pra SP procurando emprego”, publicaram os não houve a ninguém. jogadores no Instagram. Desdobramentos: O Goiás informou que não 4 INCIDENTES MACHISTAS vai punir os atletas e publicou em suas redes 4.1. Estádios uma homenagem, com uma montagem com 1. Caso: Renata de Medeiros, jornalista da os jogadores Caíque Sá, Victor Ramos, Gilber- Rádio Gaúcha to Júnior e Maranhão. Eles estão usando o Data: 11/03/2018 chapéu de cangaceiro, um símbolo da região. Jogo: Internacional x Grêmio Como terminou: Sem informações de inquéri- Campeonato: Campeonato Gaúcho to e punição aos envolvidos. Onde: Estádio Beira- Rio Fato: A jornalista Renata de Medeiros, da Rá- 4. Caso: Torcedores do Club Athletico Para- dio Gaúcha, registrou boletim de ocorrência naense na polícia por conta de um incidente antes do Data: 24/10/2018 Gre-Nal no Beira-Rio. Após receber insultos de Onde: Internet – Facebook um torcedor do Inter na arquibancada supe- Fato: Uma página de torcedores do Atlético- rior do estádio, a jornalista acabou agredida. PR, no Facebook, fez uma publicação com co- Desdobramentos: Após análise das imagens mentário xenofóbico, onde postou a seguinte a 20ª Delegacia de Polícia de frase “Dia de bater em baiano preguiçoso”. abriu inquérito contra o agressor da repórter Como terminou: Horas depois a página exclui Renata de Medeiros, da Rádio Gaúcha. a publicação. Sem informações de inquérito e Como terminou: A Justiça do Rio Grande do punição aos envolvidos. Sul decidiu pela condenação do torcedor Ra- fael Vinicius Lopes, a quatro meses de deten- 3.3. Outros Espaços ção em regime aberto por ofender e agredir a 1. Caso: Ángel Romero, atleta do Corinthians jornalista Renata de Medeiros. Data: 06/03/2018 Onde: Programas esportivos 2. Caso: Torcedoras Gremistas – Grêmio Fato: Ángel Romero desabafou sobre as Foot-Ball Porto Alegrense críticas que recebe desde a sua chegada ao Data: 11/03/2018 Corinthians e acusou de xenofobia boa parte Jogo: Internacional x Grêmio delas citarem seu país de origem, o Paraguai, Campeonato: Campeonato Gaúcho de forma pejorativa. Onde: Estádio Beira-Rio Desdobramentos: O zagueiro Balbuena, do Fato: Um torcedor do Internacional foi filma- Corinthians, saiu em defesa do compatriota do fazendo um gesto que remete ao sexo oral e disse que podem falar da forma de jogador dentro do estádio Beira-Rio momentos antes de um atleta, mas não de seu país. No jogo do clássico entre Grêmio e Internacional. Na 23 imagem, o colorado aparece com as mãos em nota para lamentar as agressões verbais direção a boca e na região genital, provocando sofridas pela repórter Kelly Costa na partida pessoas que estão em um nível acima. entre São José e Brasil-Pel no Passo D’Areia Como terminou: Sem informação de punição pela semifinal do Gauchão. ao agressor. Como terminou: Sem informação de punição ao agressor. 3. Caso: Bruna Dealtry, repórter do Esporte Interativo 5. Caso: Bianca Machado, assessora de Data: 13/03/2018 comunicação do Operário Ferroviário Jogo: Vasco x Universidade do Chile Data: 01/04/2018 Campeonato: Copa Libertadores Jogo: Iraty x Operário Onde: Estádio São Januário Campeonato: Fato: A repórter do Esporte Interativo, foi as- Onde: Estádio Coronel Emílio Gomes sediada ao vivo durante a cobertura da partida Fato: Bianca estava acompanhando as entre- do Vasco contra o Universidade do Chile pela vistas e cerca de 20 torcedores, encostados na Libertadores. Bruna Dealtry relatava o clima grade, começaram com xingamentos, entre de festa da torcida no Estádio São Januário, as ofensas diziam: “puta e biscate”. No jogo no Rio, quando um homem a beijou na boca já estava acontecendo, mas na coletiva se de surpresa e saiu. “Isso não foi legal, né? Isso agravou. “O que me deixou mais intimidada não precisava, aconteceu, e vamos seguir o e com medo foi que eles me chamaram pelo baile por aqui”, disse, constrangida. nome”, relatou a profissional que está há dois Desdobramentos: Horas depois de a repórter anos trabalhando no Operário. do Esporter Interativo Bruna Dealtry desaba- Desdobramentos: Os dois clubes notas do far sobre o assédio sofrido em São Januário, ocorrido. O advogado Paulo Pereira, que antes do jogo entre Vasco x Universidad do voluntariamente assumiu a representação da Chile, o torcedor responsável pelo ato usou as jornalista, abriu inquérito junto a Polícia Civil redes sociais para pedir desculpas. para apurar as responsabilidades em relação Como terminou: Sem informação de punição ao assédio e à hostilização cometidos contra a ao agressor. jornalista. O então delegado-chefe da Subdivi- são Policial, Danilo Cesto, acolheu o pedido e 4. Caso: Kelly Costa, repórter da RBS Tv remeteu o caso à Delegacia de Irati. Data: 25/03/2018 Como terminou: Investigação em andamento. Jogo: São José x Brasil de Pelotas Os autores dos ataques contra a profissional já Campeonato: Campeonato Gaúcho estão identificados, mas conforme o delegado Onde: Estádio Passo d´Areia Paulo César Eugênio Ribeiro ainda existem Fato: Torcedor ofendeu a repórter Kelly Costa questões pendentes. “Parte das pessoas com xingamentos sexistas e acabou expulso envolvidas já foram ouvidas. Mas, precisamos do estádio. De acordo com informações passa- dar continuidade para poder apurar estes das pelo São José, o torcedor foi rapidamente fatos e poder encaminhar o inquérito para o identificado pelo clube e expulso do estádio. Ministério Público”, explica. O agressor acabou levado pela Brigada Militar para a delegacia próxima ao local da partida. 6. Caso: Sarah Borborema, assessora do Desdobramentos: O Grupo RBS emitiu uma Club de Regatas Vasco da Gama 24 Data: 28/04/2018 nada da Arena quando um grupo de torce- Jogo: Fluminense x Botafogo dores interrompeu o caminho. Enquanto era Campeonato: Campeonato Carioca Sub-20 assediada verbalmente por quatro homens, Onde: Estádio das Laranjeiras um deles passou a mão em sua bunda. Pela Fato: A assessora da base cruz-maltina, Sarah leitura fria da lei, um estupro. Borborema, relatou assédio e xingamentos de Desdobramentos: Homem foi identificado torcedores durante toda a manhã, ao ponto e levado a delegacia instalada no interior do de não conseguir trabalhar. estádio. A vítima registrou a ocorrência como Desdobramentos: Após o jogo, o diretor geral importunação sensível ao pudor. Segundo do Fluminense, Marcus Vinicius Freire, ligou agentes da Polícia Civil que atuam desde a para Sarah pedindo desculpas em nome do inauguração da Arena, há mais de cinco anos, clube. Tanto Vasco como Fluminense emiti- foi o primeiro registro de assédio sexual no ram Nota Oficial sobre o incidente. complexo. Como terminou: Sem informações de punição Como terminou: O agressor foi condenado aos envolvidos pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim). Como punição, terá de se apresentar a uma delega- 7. Caso: Mari Rios, repórter da Vozão Tv – cia de Passo Fundo durante os próximos 12 Ceará Sporting Club jogos do clube. A decisão foi publicada pelo Data: 29/04/2019 site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Jogo: Ceará x Flamengo Sul, que destaca que o ato se enquadra como Campeonato: Brasileirão “importunação ofensiva ao pudor”, uma con- Onde: Arena Castelão travenção penal contra a dignidade sexual. Fato: Repórter Mari Rios, do Vozão Tv, que trabalhava na partida entre Ceará e Flamengo 9. Caso: Márcia Bezerra Lopes Caetano, relata agressões físicas e verbais no Castelão: assistente arbitragem (bandeirinha) “Ato machista e covarde” Data: 12/05/2018 Desdobramentos: O Clube se solidarizou com Jogo: Ceilândia x Novoperário-MS a funcionária e colocou à disposição aparato Campeonato: Brasileirão – Série D jurídico neste caso. Informou que será feito Onde: Estádio Maria de Lourdes Abadia Boletim de Ocorrência para que seja aberto Fato: A assistente Márcia Bezerra relatou que inquérito sobre o fato. Fortaleza, Federação o presidente do Ceilândia, Ari de Almeida, e Sindicato dos Jornalistas se solidarizam com invadiu o campo próximo da entrada dos ves- repórter do Ceará que foi agredida. tiários da arbitragem e disse: “lugar de mulher Como terminou: Sem informações de inquéri- é na cozinha”, além de “vagabunda, safada”. to e punição aos envolvidos. Caso foi relatado em súmula. Como terminou: Sem informações de julga- 8. Caso: Torcedora gremista - Grêmio Foot- mento do caso. -Ball Porto Alegrense Data: 01/05/2018 10. Caso: Pâmela Joras, árbitra Jogo: Grêmio x Cerro Porteño Data: 05/08/2018 Campeonato: Copa Libertadores Jogo: Praia Azul x Milionários Onde: Arena do Grêmio Campeonato: Campeonato Municipal de Fato: Uma mulher de 28 anos subia a espla- Arroio do Sal 25 Onde: Arroio do Sal “em um clássico contra o Vila, se o juiz põe pra Fato: Próximo do final do primeiro tempo, o fora, você mete a boca?” e “para uma musa capitão do Milionários foi advertido com o não sofrer dores localizadas, é importante o cartão amarelo por uma falta. Ele não aceitou. médico colocar compressa?”. Foi então que passou a xingar Pamela com os Desdobramentos: O Goiás usou as redes seguintes absurdos: “Teu lugar não é aqui. sociais para repudiar os atos e informou Garanto que não sabem nem lavar uma louça. que “está tomando as devidas atitudes em Tu é um lixo”. Além disso, o jogador agrediu represália a essa situação deplorável”. O apre- Pamela com um pisão no pé, um tapa no peito sentador Beto Brasil pediu desculpa, durante e empurrões. Ele precisou ser contido por a exibição do último programa, a todos que companheiros de time e adversários. se sentiram ofendidos pela polêmica machista Como terminou: O homem foi punido com em que se viu envolvido, em especial as mu- dois anos de suspensão pela organização do lheres. campeonato. Como terminou: O coordenador artístico da emissora, Leandro Vieira, foi desligado do 4.2 Internet cargo. E o programa foi encerrado. O Goiás 1. Caso: Bibiana Bolson, jornalista da ESPN prometeu acionar a emissora judicialmente Data: 09/01/2018 junto com o Vila Nova, mas não encontramos Onde: Internet – Twitter informações de processo em andamento. Fato: Internauta atacou a Bibiana Bolson com comentário machista onde disse: ““Essa aí só 2. Caso: Eduarda Streb tem a favor a idade. Cabeça de camarão total. Data: 26/04/2018 Só chegou aonde chegou com muito sofá”. Onde: Programa de rádio Desdobramentos: Bibiana respondeu ao Programa: Sala de Redação ataque machista e sua resposta teve grande Emissora: Rádio Gaúcha repercussão e total apoio à jornalista. Fato: Durante o programa Sala de Redação, da Como terminou: Sem informação de punição Rádio Gaúcha a jornalista Eduarda Streb ouviu ao agressor. comentários machistas do historiador Eduar- do Bueno, o Peninha. “Quem é que convidou 4.3. Outros espaços essa menina? Volta para a cozinha, da onde 1. Caso: Karol Barbosa, musa do Goiás não devia ter saído”, disse Peninha. Data: 21/02/2018 Desdobramentos: O Sindicato dos Jornalistas Onde: Programa Tv Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJors) Programa: Os donos da bola Emissora: Tv repudiou “com veemência e indignação” a Goiânia afiliada da Bandeirantes declaração feita por peninha. O comentário Fato: O apresentador revoltou os telespecta- foi classificado pela entidade como “ofensivo, dores com perguntas com teor sexual feitas a machista e preconceituoso”. Peninha pediu Karol Barbosa, musa do Goiás, que participava desculpa a Eduarda. do programa. Algumas das perguntas foram: Como terminou: Sem informação de punição “Se o seu nutricionista mandar você chupar ao agressor. uma laranja porque faz muito bem para a saú- de, você chuparia um saco por dia?”, “você é 3. Caso: Torcedora da Sociedade Esportiva uma musa aberta às colocações dos outros?”, Palmeiras 26 Data: 26/09/2018 a concessionária pela forma como conduziu Onde: Metrô uma denúncia de assédio sexual ocorrido Fato: Torcedora do Palmeiras é agredida e no estádio. De acordo com a vítima, o caso expulsa de metrô por corintianos. Confusão ocorreu numa cabine de fotos durante uma iniciou quando grupo ficou dando ordens para festa de fim de ano entre empregados. Foi a mulher tirar a blusa do Alviverde. registrado Boletim de Ocorrência. Desdobramentos: Os dois clubes, Corinthians Desdobramentos: Em nota, o Mineirão afir- e Palmeiras) se manifestaram sobre o inci- mou que “repudia qualquer tipo de assédio dente e repudiaram as atitudes que são ainda e, desde que o caso foi comunicado à gestão mais condenáveis quando acontecem contra da empresa, o assunto foi conduzido por mulheres. meio de comitê interno e assessoria técnica Como terminou: A torcedora do Corinthians especializada no assunto, para resguardar os que aparece no vídeo mandando a palmei- envolvidos, dentro dos limites éticos e legais”. rense “tirar a farda” foi demitida da empresa, Como terminou: Sem informações do anda- Dasa, em que trabalhava após a repercussão mento do inquérito. do caso.

4. Caso: Gabriela Ribeiro, repórter da Globo 5 OUTROS ESPORTES Data: 03/12/2018 5.1. Internet Onde: Aeroporto 1. Caso: Daniele “Cherna”, ciberatleta Fato: Gabriela Ribeiro estava cobrindo o Data: 09/11/2018 desembarque do Atlético-PR, que viajou para Onde: Internet – Twitter enfrentar o Junior Barranquilla – COL, pela fi- Fato: A ciberatleta Daniele “Cherna” sofreu nal da Copa SUl-Americana. Na aglomeração, vários ataques preconceituosos após ser in- um torcedor beijou Gabriela na bochecha, dicada como melhor jogadora de Rainbow Six que denunciou o assédio no Twitter. Siege no Prêmio eSports Brasil. Como terminou: Sem informações de inquéri- Desdobramentos: “A organização do Prêmio to e punição ao agressor. Brasil 2018 repudia as ofensas sofridas pela jogadora Danielle “Cherna” Andrade, uma 5. Caso: Karina Rezende, ex-funcionária da das indicadas à categoria “Melhor Atleta de Mina Arenas (Mineirão) Rainbow Six: Siege”. mas o crescimento das Data: 19/12/2018 mulheres na modalidade é uma realidade e Onde: Mineirão uma tendência global. Fato: Karina Rezende, ex-funcionária da Minas Como terminou: Sem informação de punição Arena (administradora do Mineirão), criticou aos envolvidos.

27 Ocorrências no Exterior

1. Caso: , e Fernan- multado em R$ 4 mil por causa do compor- do, atletas do Spartk Moscou tamento racista de alguns de seus torcedores Data: 13/01/2018 contra o brasileiro Vitinho, do CSKA, em par- Onde: Internet – Twitter tida válida pela Supercopa da Rússia contra o Fato: Vídeo da página oficial do Spartk Mos- CSKA. cou no Twitter mostrava os jogadores brasilei- ros Luiz Adriano, Pedro Rocha e Fernando se 4. Caso: Amarildo de Jesus Santos, atleta do aquecendo, antes do treinamento, e tinha a Club Destroyers mensagem: “Vejam como chocolate derrete Data: 01/08/2018 ao sol”. Jogo: The Strongest x Club Destroyers Como terminou: O chefe de comunicação Campeonato: Campeonato Boliviano do Spartk Moscou, Leonid Takhtenberg, foi Onde: Estádio Rafael Mendoza Castellón multado pela Federação Russa por causa de (Bolívia) vídeo considerado racista, com multa de 20 Fato: Amarildo, do Destroyers, relatou ter sido mil rubros. alvo de gestos de cunho racista supostamente feitos pela torcida do The Strongest em parti- 2. Caso: Iury Lírio Freitas de Castilhos, atleta da válida pelo Campeonato Boliviano. Torce- do Zorya da Ucrânia dores imitavam de macaco, na arquibancada Data: 25/02/2018 do estádio Rafael Mendoza Castellón. Jogo: Zorya x Vorskla Como terminou: Sem informações de punição Campeonato: Campeonato Ucraniano ao clube. Onde: Estádio Slavutych Arena (Ucrânia) Fato: Iury revelou que os torcedores do 5. Caso: Sergio Henrique Francisco – Sergi- Vorskla, minutos antes do gol, imitam sons nho, do Jorge Wilstermann de macaco e fizeram gestos racistas para o Data: 04/08/2018 brasileiro quando ele foi cobrar um escanteio. Jogo: Club Destroyers x Jorge Wilstermann O jogador avisou para o juiz que, segundo ele, Campeonato: Campeonato Boliviano colocou na súmula o acontecido. Onde: Estádio Samuel Vaca Jimenez (Bolívia) Como terminou: Sem informações de punição Fato: O atacante Serginho, do Jorge Wilster- ao clube Vorskla Poltava. mann, denunciou que foi vítima de insultos racistas feitos por torcedores e um jogador do 3. Caso: Victor Vinícius Coelho dos Santos - Destroyers pelo Campeonato Boliviano. Em Vitinho, atleta do Lokomotiv Moscou mensagem publicada no Facebook, o brasilei- Data: 27/07/2018 ro de 33 anos lamentou que, ao longo do jogo, Jogo: Lokomotiv Moscou x CSKA “grande parte da torcida adversária começou Campeonato: Supercopa da Rússia a insultar em alto e bom som, com palavras Onde: Estádio de Níjni Novgorod (Rússia) racistas como ‘macaco’ e tantas outras”. Fato: Em ao menos três oportunidades cânti- Desdobramentos: O elenco do Jorge Wils- cos racistas foram entoados contra o brasileiro termann expressou apoio ao brasileiro em Vitinho, do Lokomotiv Moscou. relação ao fato, que “ultrapassou os limites”, Como terminou: O Lokomotiv Moscou foi segundo contou à imprensa o meia Fernando 28 Saucedo. “Viemos de uma raça misturada, eu tus me sinto orgulhoso de ser índio. Então penso Data: 17/09/2018 que não temos o direito de insultar nem Onde: Internet – Redes Sociais agredir nenhuma pessoa”, afirmou o técnico Fato: Carmelo Innocente Furina, político da equipe, o boliviano Álvaro Peña. membro do partido Civica Trentina, chamou o Como terminou: Sem informações de punição brasileiro de ‘macaco’ em uma publicação nas aos envolvidos. redes sociais e gerou polêmica na Itália. Desdobramentos: Após a repercussão negati- 6. Caso: Douglas Costas de Souza, da Juven- va da postagem, Carmelo se desculpou e ale- tus gou que ‘não queria insultar ninguém’ e que a Data: 16/09/2018 publicação foi apenas uma ‘piada dirigida aos Jogo: Juventus x Sassuolo ultras da Juventus’. Campeonato: Campeonato Italiano Como terminou: Sem informações de punição Onde: Juventus Stadium (Itália) ao agressor. Fato: Douglas Costas escreveu em suas redes sociais “se desculpou com quem tinha que 8. Caso: Guilherme Alvim Marinato, atleta se desculpar”, (por cusparada que deu em Di do Lokomotiv Francesco), mas afirmou que “as pessoas não Data: 02/12/2018 sabem” o que Di Francesco teria dito a ele Jogo: Spartak Moscou x Lokomotiv Moscou momentos antes do ocorrido, o que deixou Campeonato: Campeonato no ar a possibilidade de racismo. A suspeita Onde: Estádio Spartak (Rússia) de racismo foi muito especulada pela mídia Fato: O goleiro brasileiro naturalizado russo italiana. Guilherme Marinato voltou a ser alvo de Desdobramentos: Frederico Di Francesco ofensas racistas e xenófobas por parte dos convocou uma coletiva para pedir respeito. torcedores do Spartak. Ao fim do primeiro Segundo o atleta, as notícias publicadas a seu tempo, os ultras (torcedores mais fanáticos), respeito não passam de “invenções”. que estavam atrás de seu gol, entoaram por Como terminou: Douglas Costas foi suspenso menos de um minuto uma canção chamando por quatro partidas pela cusparada. Sobre a Guilherme de macaco e questionando sua suspeita de racismo não encontramos infor- presença na seleção russa. mações de apuração do caso. Como terminou: Sem informações de punição aos envolvidos 7. Caso: Douglas Costas de Souza, da Juven-

29 ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS OCORRÊNCIAS NO BRASIL

ANÁLISE GERAL: Dos 88 (oitenta e oito) casos discriminatórios monitorados ao longo de 2018: 80 (oitenta) ocorreram em território nacional e 08 (oito) com atletas brasileiros no exterior. Dos 80 (oitenta) casos que ocorreram no Brasil: 71 (setenta e um) estão relacionados ao futebol e 09 (nove) a outros esportes.

(Número de casos ocorridos com atletas brasileiros entre território nacional e no exterior, 2018)

(Número de incidentes divididos por categoria, 2018)

Dos 71 (setenta e um) casos relacionados com o futebol, 44 (quarenta e quatro) ocorrências estão atreladas a discriminação racial; 04 (quatro) a LGBTfobia; 16 (dezesseis) com machismo; 07 (sete) com xenofobia. 30 LOCAIS DOS INCIDENTES: Das 44 (quarenta e quatro) ocorrências relacionadas como “suposto caso de racismo” ou “denúncia de racismo”, no futebol, 29 (vinte e nove) ocorreram dentro dos estádios, 12 (doze) casos ocorreram pela internet e 03 (três) em outros espaços.

(Espaços onde ocorreram os incidentes de discriminação, 2018)

ESTADOS: Dos 29 (vinte e nove) casos que ocorreram em estádios, ao todo 11 (onze) estados ti veram algum incidente racial. Dos incidentes apresentados 04 (quatro) ocorreram emSão Paulo; 02 (dois) no Mato Grosso; 02 (dois) no Rio de Janeiro; 01 (um) no Amazonas; 01 (um) no Ceará; 01 (um) em ); 01 (um) no Pará; 01 (um) no Paraná; 01 (um) em Rondônia; 01 (um) no Rio Grande do Sul; 01 (um) no Tocanti ns.

(Número de casos de discriminação por estados, 2018)

OBS: Em 13 (treze) casos, do total de 29 (vinte e nove), ocorreram em competi ções de respon- sabilidade da CONMEBOL, sendo que 04 (quatro) deles ocorreram no Brasil, mas prati cados pela torcida visitantes (não brasileiros) e 09 (nove) ocorreram em território estrangeiro: 06 (seis) na Argenti na, 01 (um) na Bolívia, 01 (um no Paraguai, 01 (um) no Uruguai. No entanto, como são 31 casos que envolveram atletas e/ou equipes brasileiras que estavam jogando por competições Sul-Americanas (Copa Libertadores da América ou Copa Sul-Americana), foram classificados como “outros” no gráfico em questão, se enquadrando na nossa métrica de análise.

INTERNET: Os casos identificados como ocorrências via internet não foram classificados neste item de identificação entre estados, pois a ofensa pode ter origem em qualquer lugar da rede mundial de computadores. Sendo assim, a análise em questão está relacionada aos incidentes que ocorreram dentro dos estádios ou seus arredores em dias de jogos.

SITUAÇÃO DOS CASOS: A situação dos 44 (quarenta e quatro) casos classificados como de “su- posto caso de racismo” (denúncias de racismo), até o fechamento deste relatório, tiveram as seguintes apurações:

Casos que ocorreram na internet: Dos 12 (doze) casos que ocorreram via internet, em 01 (um) houve registro de Boletim de Ocor- rência. A ocorrência foi registrada no artigo 140 do Código Penal, como injúria, mas não foram encontradas informações sobre o andamento do processo na justiça comum. Nas demais 11 (onze) ocorrências não foram encontradas informações de qualquer procedimento por parte das vítimas, clubes ou autoridades.

Casos que ocorreram em outros espaços: Em relação aos 03 (três) casos que ocorreram fora dos estádios e da internet, em 02 (dois) não foram encontradas informações sobre alguma punição aos envolvidos. Em 01 (um) caso o Ministério Público, de São Paulo, entrou com uma ação e pediu que o agressor seja condenado a pagar R$ 7,4 milhões de multa, por dano social e coletivo.

Casos que ocorreram nos estádios: Em relação aos 29 (vinte e nome) casos que correspondem a incidentes raciais nos estádios de futebol eles podem ser julgados pela Justiça Desportiva (que possui prazo de até sessenta dias para tomar uma decisão) se houver denúncia, e/ou pela Justiça Comum (Cível e/ou Criminal). O mesmo caso pode ser julgado nas duas esferas da Justiça, sendo que na Justiça Penal a vítima deve entrar com processo Cível e/ou Criminal.

JUSTIÇA DESPORTIVA: Dos incidentes os quais encontramos informações de julgamento pela Justiça Desportiva, temos os seguintes resultados:

32 • Casos julgados e punidos pelo TJD (Tribunal Justiça Desportiva) ou pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva): 02 (dois) casos.

CASO RESPONSÁVEL DECISÃO QUEM FOI PUNIDO Uesclei Regison (atleta) TJD-AM Multa de R$ 3 mil Nacional Fast Clube Duas partidas de punição e Lucas Mauro (atleta) TJD-SP Carlos Donizete (treinador) advertência

• Casos julgados e absolvidos pelo TJD ou STJD: 03 (três) casos.

CASO RESPONSÁVEL DECISÃO QUEM FOI ABSOLVIDO Botafogo de Futebol e Vinicius Junior (atleta) TJD-RJ Clube absolvido Regatas União Recreativa dos Marquinhos (Atleta) STJD Clube absolvido Trabalhadores

Matheus Henrique (atleta) TJD-SP Atleta absolvido Ryan da Silva (atleta)

A Justiça Desportiva passou a julgar os casos de racismo de acordo com o Art. 243-G, a partir de 2009, quando uma alteração revogou a previsão de infrações individuais físicas e morais, criando outras condutas puníveis, incluídos pela resolução CNE nº 29 de 2009.

Os casos são encaminhados à Justiça Desportiva (TJD e STJD) através de denúncias dos Procu- radores, geralmente são baseados nas súmulas das partidas. Entretanto identificamos 02 (dois) casos os quais existem a informação de que os incidentes constam em súmula, mas não foram encontradas informações de julgamentos dos incidentes raciais.

OBS: Em um caso não encontramos informação que o incidente conste em súmula, porém en- contramos a publicação de uma “Manifestação de Repúdio”, da Federação o que comprova que a mesma teve ciência do fato, contudo não encontramos informação de julgamento pelo TJD. Dos 04 (quatro) casos em 01 (um) por se tratar de uma competição nacional a responsabilidade é do STJD – Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

CONMEBOL: Casos de responsabilidade de julgamento pela CONMEBOL (Confederação Sul-A- mericana de Futebol)

Os casos que ocorreram durante a Copa Libertadores da América, Copa Sul-Americana e Recopa Sul-Americana são julgados conforme o Artigo 12 da entidade, com punições em casos de dis- criminação e comportamentos similares. No segundo parágrafo, diz que “qualquer associação, membro ou clube cujos torcedores realizem comportamentos discriminatórios (qualquer tipo de discriminação)”, será sancionado com uma multa de ao menos US$ 3 mil (três mil dólares).

33 No presente Relatório temos 13 (treze) caso que ocorreram em competições de responsabilida- de da CONMEBOL. Destes, não temos a informação de punição aos envolvidos ou mesmo se o caso foi para análise.

CASO RESPONSÁVEL FATO Torcedor imita macaco para os Torcida do Independiente – Grêmio CONMEBOL brasileiros Helinho foi chamado de macaco pela Helinho, do São Paulo CONMEBOL torcida Jogadores reservas do Vasco da Torcedores chamaram atletas que CONMEBOL Gama aqueciam de macaco Torcida do Rosário Central – São Torcedores brasileiros são chamados CONMEBOL Paulo de macaco Torcida do Independiente - Corin- Torcedor imita macaco em direção CONMEBOL thians aos brasileiros Torcedores imitam macaco em dire- Torcida do Racing – Vasco da Gama CONMEBOL ção aos brasileiros Torcida do Boca Juniors – Palmeiras CONMEBOL Torcida do Independiente – Santos Torcedores do Racing atiram cascas Torcida do Racing – Vasco da Gama CONMEBOL de bananas nos torcedores vascaínos Silvio Romero é acusado de proferir J. Carlos, policial militar CONMEBOL ofensas racistas contra policial militar Torcedor do Cerro imita macaco em Torcida do Cerro – Bahia CONMEBOL direção aos torcedores do Bahia Digão revelou que foi chamado de Rodrigo Junior, Digão, do Fluminense CONMEBOL macaco durante toda a partida, pelo atleta do Defensor Felipe Melo informou ter sofrido in- Felipe Melo, do Palmeiras CONMEBOL sultos racistas durante o aquecimento Torcedor do Independiente é flagrado Torcida do Independiente – Santos CONMEBOL imitando macaco para os santistas

JUSTIÇA COMUM: Em 06 (seis) casos encontramos informações sobre registro de Boletim de Ocorrência: em 01 (um) o agressor foi preso e liberado após o pagamento de fiança e em 05 (cinco) casos não obtivemos informações se houve abertura de processo na justiça.

Importante destacar que nos casos em que ocorre o registro de Boletim de Ocorrência (B.O.) o delito de injúria racial depende da representação da vítima.

FUTEBOL AMADOR: Nos casos que ocorrem em jogos de Futebol Amador não foram encontra- das informações de punição aos envolvidos.

34 ANÁLISE RETROSPECTIVA DOS CASOS DE DISCRIMINAÇÃO

O aumento da violência como estratégia para combatê-la

Gustavo Andrada Bandeira¹

Em 2018, chegamos ao quinto relatório produzido pelo Observatório da discriminação racial no futebol. Quando de seu surgimento, em 2014, a iniciativa pretendia monitorar e divulgar casos de racismo no futebol, além de promover diferentes espaços de diálogo entre diversos atores do espaço futebolístico, buscando formas de enfrentar esse preconceito. A partir da lógica do Observatório, os xingamentos, em um primeiro momento exclusivamente, de cunho étnico/ raciais presentes nos estádios eram e são, sim, entendidos como atos de violência.

No levantamento de 2014, o Observatório registrou vinte casos de racismo e/ou injúria racial no Brasil, sendo dezenove praticados nos estádios contra dezessete atletas, um árbitro e um treina- dor. O relatório de 2015 apresentou outras formas de preconceito e discriminação, além de não ter ficado restrito aos episódios que aconteceram no futebol, mas, também, em outras práticas esportivas. Foram monitorados trinta e sete episódios, incluindo incidentes raciais, homofóbi- cos e xenofóbicos. O trabalho apontou um único episódio de homofobia nos estádios a partir dos gritos de “bicha” da torcida do Palmeiras para o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, cada vez que este cobrava um tiro de meta. Em 2016, o monitoramento incluiu os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Foram mapeados trinta e cinco casos no Brasil. Desses vinte e cinco foram casos de discriminação racial no futebol, cinco em outros esportes, quatro casos de homofobia e um de xenofobia. O número de episódios de discriminação deu um grande salto em 2017. Setenta e sete casos foram catalogados. Desses sessenta e nove aconteceram no Brasil e sessenta e um deles foram relacionados ao futebol. Os casos de racismo ainda superam os dois terços das ocorrências, mas os casos de LGBTfobia, machismo e xenofobia também cresceram no último período. Apesar do aumento das denúncias, o índice dos julgamentos diminuiu e as absolvições aumentaram. Neste quinto relatório, sobre os casos que orbitam a centena de incidências em 2018, os “outros casos” voltaram a aparecer com força. Diferentes assédios de torcedores contra mulheres nos estádios durante a Copa do Mundo da Rússia, jogadores brasileiros acu- sados de preconceito na Europa, representações preconceituosas contra torcedores populares vinculando-os a violência, deboche sobre a tragédia que vitimou o time da Chapecoense em 2016, violência sexual nas categorias de base de diferentes esportes envolvendo treinadores e agressão realizada por torcedores organizadas por divergência político-partidária.

¹ Doutor em educação. Autor do livro Uma história do torcer no presente: elitização, racismo e heterossexismo no currícu- lo de masculinidade dos torcedores de futebol. Curitiba: Appris, 2019.

35 O aumento dos “outros casos”, incluindo alguns inéditos nos permite colocar em questão se esses episódios efetivamente tiveram uma incidência maior (ou inédita) no ano de 2018 ou se, dados os diferentes enfrentamentos no circuito mais amplo da cultura, episódios até então corriqueiros e naturalizados passaram a ser colocados em questão.

A violência é um dos temas mais presentes nas discussões sobre o futebol. O que alguns pode- rão chamar de violência, outros poderão ler como parte do jogo. As tensões entre legítimo e não legítimo, violento ou não violento acabam ampliando o entendimento sobre a emergência das interdições que tem acontecido nesse momento específico que nos permitem mapear episódios que até então estavam invisibilizados ou naturalizados.

O legítimo e o ilegítimo, assim como a violência, são produzidos na cultura e seus diferentes significados são construídos em um terreno de lutas por significação. Os anos de trabalho como pesquisador nos estádios de futebol somados aos anos como torcedor de estádio me permitiriam apostar, sem desconsiderar o reforço atual aos discursos de ódio, que casos antes tolerados agora são apontados como violência. Curiosamente, esse aumento de episódios violentos é o que poderia permitir o enfrentamento a diferentes formas de discriminação.

36 TEXTOS

Este negro não precisa de autorização para entrar aqui!!!

Márcio Chagas da Silva1

Em 1993 escutei essa pergunta enquanto entrava na casa de uma pessoa: “este negro está autorizado a entrar aqui” ?

Eu tinha 16 anos, um período importante de auto afirmação para um adolescente, ali ficou escancarado o quanto esse racismo estrutural está entranhado na nossa sociedade que insiste em negar até hoje.

Durante a carreira como árbitro de futebol da Federação Gaúcha de Futebol, passei por vários ataques racistas, os mais marcantes foram em 2005/2006/2014.

Em 2014 foi o caso mais absurdo de racismo que pude vivenciar. Já não aquecia em campo para evitar os xingamentos racistas que costumava ouvir, como: “volta para África; negro sujo; escória; negro de merda; morto de fome”, e a frase que mais mexia comigo: “matar negro não é crime, é adubar a terra”.

Abri mão de aquecer no gramado enquanto meus colegas brancos foram aquecer, fiquei no vestiário para me preparar psicologicamente para assimilar o ambiente hostil que me esperava. Fui ofendido ao sair do vestiário para iniciar a partida, ao voltar para intervalo, ao retornar para o segundo tempo e ao término da partida. Já imaginaram passar por isso no ambiente de trabalho?

O pior de tudo, sempre acompanhado com o policiamento, que presenciou dois crimes, racismo e injúria racial, mas mesmo assim não fizeram menção alguma de conter e prender os crimino- sos.

Mas o pior estava por vir, quando fui pegar meu veículo que estava no estacionamento de acesso único e exclusivo da arbitragem, e de dirigentes e funcionários do clube, me deparei com o meu veículo com as portas amassadas à pontapés, cascas de bananas sobre o capô do carro , e quando fui dar a partida do veículo, o mesmo engasgou por 2 vezes e na terceira caíram 2 bananas do cano de escapamento.

Essa normalização do absurdo ficou clara durante o julgamento no TJD da Federação Gaúcha de Futebol, quando o advogado de defesa do Esportivo de Bento Gonçalves durante a defesa do clube, disse o seguinte: “Chamar um negro de macaco e colocar bananas no carro não é ofen-

¹ Ex-árbitro de futebol. Comentarista de arbitragem do Grupo RBSTv.

37 sivo, mas se deparar com as portas amassadas isso sim é doloroso, pois brasileiro é apaixonado por carros, como diz na propaganda dos postos Ipiranga”.

No judiciário, hegemonicamente constituído por pessoas brancas, todos riram e acharam nor- mal a colocação do advogado.

De 2014 pra cá , as denúncias de casos de racismo no futebol brasileiro só crescem. Minha pergunta é: vocês acham que o racismo aumentou ou quem passa por isso está tendo maior consciência de denunciar?

Conforme a última normativa da FIFA, os árbitros têm autonomia e dever de combater manifes- tações racistas e homofóbicas nos estádios, mas porque os clubes e federações nunca tiveram essa iniciativa anteriormente?

A estrutura racista do futebol não quer ser mexida, pois não há representantes negros nos clubes, nas federações, na arbitragem e na CBF.

Para avançarmos nessa temática de desconstrução do pensamento meritocrático, temos que colocar em pauta o racismo estrutural que divide bem quem manda de quem obedece.

Durante 5 anos lutei na justiça contra o clube Esportivo de Bento Gonçalves, ganhei a ação. O valor não paga e nem apaga o desgaste emocional durante esses anos, mas há o alívio de ter feito enfrentamento certo na esperança que meus filhos não sejam vítimas desse crime tão cruel e covarde.

Este negro, assim como outros negros, não precisa de autorização para entrar em lugar algum, precisamos de oportunidades e respeito para sermos reconhecidos como qualquer outra pes- soa.

38 O valor atribuído à palavra “macaco” e outras injúrias no contexto do futebol brasileiro

Liz Feré¹

Vem da filosofia da linguagem a noção de valor, referindo-se à construção ideológica da cons- ciência. Na medida em que o sujeito sempre valora seu dizer em relação com outros dizeres e assim marca uma posição ideológica (Bakhtin, 2017), não há neutralidade nos discursos e tampouco no uso da linguagem, pois as palavras só ganham sentido se contextualizadas e so- cialmente apreciadas.

Contudo, as palavras moldam nossos sentimentos e o emprego de algumas não só potencializa tensões vividas no cotidiano como interfere diretamente na autoestima e na construção identi- tária das pessoas ou de grupos discriminados.

Nos anos 1960, o psicanalista Jacques Lacan, a partir das ideias de Freud, desenvolveu a teoria de que o mundo das palavras condiciona o mundo das coisas. O homem é pois um um “ser simbólico”, atravessado pela linguagem e a ela subjugado. O inconsciente torna-se, então, uma estrutura perceptível à flor das palavras. Lacan considerava a estrutura dialética do discurso e para ele, a entrada do sujeito na linguagem é anterior à sua entrada na sociedade, pelo fato de que a história já está presente na fala de quem rodeia o sujeito, mesmo antes dele nascer. Já o filósofo da linguagem, Mikhail Bakhtin (2017) condenava, de certa forma, o que chamava de “individualismo” da ciência psicanalítica e privilegiou a multiplicidade de vozes, dos lugares de fala que habitam cada um dos sujeitos em um atravessamento de discursos. Em síntese, nossas representações mentais são determinadas pela linguagem e afetam a maneira com a qual construímos a realidade. (Bourdieu, 1982)

No Ocidente, e no caso especifico do Brasil, a forma como a dominação branca foi construída como visão do mundo é um exemplo da violência simbólica que se estabelece em todos os níveis das relações sociais.

A discriminação racial, entre outras, é um exemplo dessa construção enraizada na sociedade brasileira. Revela-se desde a infância, nos mais variados contextos. Tem como pilares a superva- lorização da branquitude e uma suposta inferioridade que é relegada aos negros. A sociedade brasileira alimenta a quimera da democracia racial para dissimular práticas linguageiras racistas, que se perpetuam durante séculos, construindo identidades subalternas para os negros.

¹ Liz Feré é jornalista, escritora, Dra. Prof.a (no campo da Análise do discurso) e membro do Laboratório de Pesquisa - Centre d’études sur les médias, technologies et internalisation (CEMTI), na Universidade Paris VIII.

39 Para a produção deste trabalho, pessoas que frequentam estádios de futebol responderam, pelas redes sociais, a um questionário² divulgado pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol. A proposta era saber que palavras essas pessoas julgavam ter conotação racista e eram mais repetidas durante uma partida de futebol. Em suas respostas, os entrevistados designaram a si mesmos como negro (preto, preto de pele clara), pardo ou (caucasiano). Os percentuais alcançados nas respostas às questões postas foram de 70% de negras(os), 19% de brancas(os) e de 9% pardas(os), todos brasileiros, com idades variando entre 15 e 60 anos, originários de vários estados do país. A palavra que aparece de forma unânime, em referência aos jogadores, é macaco; além desta, as palavras que apresentaram o maior número de ocor- rências foram macacada e tição, seguidas da expressão nêgo burro.

Nesse campo semântico, o emprego dos termos macaco e macacada ou nêgo burro condicio- nam as pessoas negras a um estado semelhante ao de espécies primitivas, subumanas. Res- salte-se que as opiniões emitidas pelos indivíduos são sociais e não se dirigem somente a um interlocutor direto. Deste modo, as narrativas evidenciam, sobretudo, a influência, enraizada e sorrateira, das teorias racistas na linguagem.

Nesse sentido, a animalização do negro traduz a resistência, consciente ou não, de muitos bran- cos para considerar o negro como seu igual. Tanto isso é verdadeiro que, durante uma partida de futebol, a palavra macaco não apenas é a mais proferida como insulto, mas também o gesto mais comum é o de jogar bananas, ou cascas dessa fruta, no campo.

Quando questionados a respeito do que pensam sobre a “aceitação” destes discursos insultan- tes no meio do futebol, alguns comentam como diz essa pesquisadora, de 31 anos, preta: “Sim. Esse dizer, em especial, não somente é aceito por ser muito utilizado, como somente há pouco tempo que entrou em litígio com os sentidos racistas no meio futebolístico”.

Outro torcedor avalia a questão da “aceitação” dos insultos, da seguinte forma: “Não diria aceitos, mas em certa medida, tolerados; até que a interpretação, em conjunto com o contexto, ultrapasse essa condição e resolva criminalizar. Ao longo da história afro-brasileira esse termo acabou sendo tratado de maneira ambígua: ora como xingamento, ora como brincadeira”; professor paulista de 42 anos, negro.

É bem verdade que muitos casos de racismo, humilhação, insultos e injúrias são relatados dia- riamente, mas poucos são julgados e punidos. A maioria deles sequer são denunciados. A legis- lação, no entanto, é clara. O crime de injúria racial, previsto no Parágrafo 3º da Lei nº 9.615/98, é uma forma de injúria qualificada. Para que seja caracterizado como tal, é necessário que exista ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos referentes à sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. Também pela Lei nº 7.716/1989 a pena pelo crime de racismo é passível de punição com acréscimo de multa e, como no caso de injúria, a pena pode variar de um até três anos de reclusão.

² No periodo de 06/12/2018 à 06/02/2019.

40 Um outro torcedor evoca a questão “cultural” : “Sim, infelizmente. Estão enraizados na cultura. Até mesmo os elogios são disfarçadamente racistas, tal como pretinho bom de bola” ; advogado de 24 anos, branco.

Os relatos traduzem o racismo materializado na linguagem e constitutivo da cultura brasileira. A grande maioria dos brancos, no Brasil, como em vários países do mundo e, sobretudo, os descendentes de europeus, veem-se como normais. E tal como essa normalidade foi construída, ela implica, de acordo com Michel Foucault, uma relação de poder. Esse poder controla, classi- fica e impõe como diretriz o que é correto ou não e em que momento, além de punir toda(o) aquela(e) a quem essa norma não se aplica.

É através da linguagem que o inconsciente pode ser apreendido e isto vai depender da elaboração e de como são administrados os elementos simbólicos recebidos. Como vimos, os comentários mais comumente direcionados aos jogadores sempre os remetem a um estado de animalização. Em expressões com sentido similar, esta forma primitiva de linguagem faz referência direta a termos originários do período da escravidão, tais como “volta para a senzala”, mas também à desvalorização étnico-social e à sujeira, “como tinha de ser negro/preto, nêgo fedido/sujo”, ou ainda, remetendo a uma responsabilização dos jogadores negros por uma possível derrota, seja qual for a equipe e a que estado brasileiro ela pertença, como, por exemplo, “se a gente perder, você tá f..., preto filho da puta”.

Neste contexto esportivo, percebe-se uma forma de expressão primitiva da linguagem, em que locutores (torcedores) não negros permitem-se tais insultos, sob a forma de brincadeira e di- versão, nos momentos de emoção vividos durante a partida. O uso destas figuras de linguagem como piadas, ironias e outras tem a finalidade de camuflar os mecanismos do inconsciente (Lacan, 1979).

As justificativas para o uso destes termos discriminatórios, como foram relatadas -pelos en trevistados, a liberdade que os torcedores sentem durante a partida, nada mais é do que a exteriorização de um preconceito bem internalizado no inconsciente individual e coletivo, o qual é, muitas vezes, velado (exceto na linguagem sem palavras) na vida cotidiana.

A falta de empatia para entender a dimensão do problema racial dá lugar ao uso livre de termos à conotação insultante. Esses dizeres têm origem na construção da suposta inferiorização dos negros e de uma falta de um letramento (desenvolvimento do uso da leitura/escrita nas práticas sociais) racial, desde a infância. Tal letramento permitiria, desde cedo, uma melhor compreen- são do valor que as palavras têm, bem como o contexto onde elas estão inseridas.

Referencias bibliográficas :

BAKHTIN, Mikhail. [VOLOCHINOV] (Círculo de Bakhtin) Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem (1929). Trad. Michel Lahud e Yara Vieira. São Paulo: Editora Hucitec, 2017. 41 BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas. São Paulo: Edusp, 2008.

BOURDIEU, Pierre. Langage et pouvoir symbolique. Paris: Ed. Seuil, 2001, p. 156-157.

FOUCAULT, Michel. Os anormais - Cursos do Collège de France 1974-75 (E. Brandão, Trad). São Paulo: Martins Fontes, (2001)

PIRARD, Régnier. Si l’inconscient est structuré comme un langage.... In: Revue Philosophique de Louvain. Quatrième série, tome 77, n°36, 1979. pp. 528-568

TAGUIEFF, Pierre-André. Dictionnaire historique et critique du racisme. Paris : Ed. PUF, 2013, p. 238-239.

“A palavra na vida, com toda evidência, não se centra em si mesma. Surge da situação extra verbal da vida e conserva com ela o vínculo mais estreito. E mais, a vida completa diretamente a palavra, que não pode ser separada da vida sem que perca seu sentido”. (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2013, p. 73)

42 Futebol e as questões étnico-raciais: reflexões e algumas proposições

Luciano Jorge de Jesus¹

No momento em que eu esquecia, perdoava e desejava apenas amar, devolviam-me, como uma bofetada em pleno rosto, minha mensagem! O mundo branco, o único honesto, rejeitava minha participação. De um ho- mem exige-se uma conduta de homem; de mim, uma conduta de homem negro - ou pelo menos uma conduta de preto. Eu acenava para o mundo e o mundo amputava meu entusiasmo. Exigiam que eu me confinasse, que envolvesse.

Frantz Fanon, Peles negras, máscaras brancas

Apresentação

Aprendemos com a cultura brasileira que o espaço do futebol é livre do racismo e que o futebol é o único espaço em que há igualdade racial, que os clubes lutam contra as desigualdades sen- do uma contracorrente da realidade brasileira. Em alguma medida, pelo discurso do jornalista Mário Filho, fomos educados a notar que o futebol é o único espaço acolhedor das diferenças, eminentemente igualitário às pessoas de diferentes raças (todos homens, obviamente…) e que esforço individual é princípio e fim para o sucesso. Mas, seria o futebol uma ilha de democracia racial?

O professor Sílvio Luís de Almeida, nos ensina que é impossível pensar no futebol sem levar em consideração todos os caminhos das relações raciais no Brasil. E nesse sentido é interessante construir as reflexões sobre o racismo no futebol levando em consideração todas as contribui- ções que esse e outras tantas pessoas realizaram para romper com a fina camada do racismo e buscando entender que o futebol não foge das contradições raciais e que essas dialogam com as diferentes dinâmicas da vida brasileira. Assim, o texto busca construir algumas reflexões para notarmos a forma como o racismo se expressa no espaço do futebol, para facilitar a criação de dispositivos de seu enfrentamento nas diferentes camadas do esporte mais popular do país.

Pensando inicialmente: Mas, existe raça?

Vivemos no país que festeja o “cadinho de raças” a “diversidade racial”, ou seja, é amplamente popular a ideia de que vivemos em um país harmônico em nossas relações raciais. O futebol é um dos espaços em que notamos a existência dessa noção, afinal é nele em que supostamente as desigualdades são suprimidas pela possibilidade do sucesso de qualquer pessoa, indepen- dentemente da cor da sua pele, origem social (nunca se fala de orientação sexual, mas isso precisa ficar para outra conversa). ¹ Professor da rede pública em Minas Gerais, colaborador do Jornal Empoderado, escrevendo sobre futebol e mundo nerd.

43 Contudo, isso nunca esteve colocado na ordem do dia do cotidiano brasileiro, seja por todas as reflexões construídas no início do século XX por nomes como Silvio Romero e Raimundo Nina Rodrigues que construíram ideias que hierarquizaram pessoas pela cor de sua pele, ou ainda pelas reflexões de Gilberto Freyre e Mário Filho que apesar de romperem com a ideia de que não existia uma hierarquia biológica entre negros e brancos, reafirmavam essas noções em outros campos da vida, como cultura, aspectos psicológicos e outros elementos.

Nesse sentido a militância negra brasileira entende a necessidade de reconstruir os debates étnico raciais em nosso país, com objetivo de romper com a ideia de que os elementos bio- lógicos e culturais da população negra (religião, música, arte, literatura) não poderiam ser hierarquizados. Se não temos dúvidas da inexistência da hierarquia de raças, de culturas, ainda notamos em nosso país a diferença entre negros e brancos, seja nas expressões religiosas de matriz africana que ainda são marginalizadas, que a população negra é amplamente vitimizada pela violência, exposta pelas desigualdades sociais e econômicas do país. Obviamente, o fute- bol consegue expressar essas contradições estruturais que afetam essa parcela da população, dentro e fora de campo.

(re)conhecendo e extrapolando a noção de racismo no futebol

O futebol sempre foi notado como um espaço ímpar, amplamente democrático. Lugar de reco- nhecimento, de afeto, de paixão. Ou seja, diferentes atores ligados ao futebol, atletas, torcidas, cartolas, imprensa, federações e confederações, não conseguem notar o racismo para além da sua expressão imediata: a discriminação em campo, ou em função dele. Nesse sentido em todas as oportunidades em que os casos ocorrem temos uma comoção imediata de todos e todas: notas de repúdio, reportagens especiais, mesas redondas, mas nenhuma proposição ou encaminhamento.

O racismo, assim, é tratado em seu espasmo, mas pior do que isso como doença, como algo que não poderia caber ao espaço do futebol, e consequentemente na sociedade brasileira. O racis- mo não é visto como algo alicerçado na história do país e o que sempre ocorre é que os casos caem rapidamente no esquecimento, vítimas são negligenciadas e silenciadas, agressores não são responsabilizados, clubes e federações se responsabilizam meramente pelo uso de camisas, ou cartazes com os dizeres “somos todos iguais”, “diga não ao racismo”. As ações mais extremas já realizadas no âmbito do futebol nacional são algumas multas, ou eliminações que não servem para o enfrentamento ao racismo.

Todas essas ações superficiais podem possuir várias justificativas. Primeiramente a ideia de que o racismo não é algo que está presente no cotidiano do país e consequentemente no futebol. Existe ainda uma resistência dos diferentes atores que constroem o futebol brasileiro em enten- der que os casos de discriminação racial são um sinal de uma sociedade que sempre estruturou hierarquizando, mesmo que de forma inconsciente, diferentes grupos raciais. Os clubes tratam os casos como algo que não combina com suas histórias, existe uma grande preocupação em distanciar os casos de suas trajetórias em suas notas institucionais, com termos como “a ação 44 dos torcedores em nada corrobora com a trajetória do clube”, ou “repudiamos todo tipo de discriminação”.

O grande problema dessa repercussão superficial é que os clubes não pautam, do ponto de vista institucional, o enfrentamento do racismo, quando muito, entendem que o capitão do seu time lendo uma mensagem sobre o tema terá um efeito para o enfrentamento do racismo, algo que estruturado na cultura brasileira.

Outro ponto que pode explicar a fraca participação dos diferentes atores ligados ao futebol está no desconhecimento do racismo institucional. Os clubes não reconhecem que são instituições que dão pouco ou nenhum espaço para pessoas negras nas diferentes esferas. Ou seja, hegemo- nicamente o jornalismo esportivo, em seu dia a dia constrói noções racistas dos corpos negros em suas mesas redondas e em suas reportagens e ainda possuem uma leitura rasa do racismo. Durante a Copa do Mundo, jogadores das nações do continente africano são lidos de forma rasa, notabilizando a ideia de que as seleções são compostas por jogadores de “grande vigor físico”, ou por “jogadores pouco compromissados com o resultado”. Além disso as redações possuem poucos jornalistas negros e negras. Nesse sentido, como esses e outros atores vão conseguir entender e enfrentar o racismo, se estamos falando de instituições amplamente racistas?

Quando pensamos em clubes notamos algo ainda mais complexo. Afinal, como a Confederação Brasileira de Futebol vai enfrentar com seriedade o racismo brasileiro se nunca teve em seu quadro administrativo pessoas negras cuidando da gestão e organização de suas seleções? Como as federações vão enfrentar o racismo de forma séria se seus quadros não abrem espaço para homens e mulheres negras? Como os clubes de futebol vão criar dispositivos antirracistas se o corpo negro é notado meramente como pé de obra?

Dessa forma, tanto a imprensa esportiva, federações e clubes possuem instituições organizadas de forma racista. A grande questão passa a ser a seguinte: como enfrentar essas contradições?

Finalmente: o que fazer?

Passando de forma superficial, foi possível notar que o racismo não é algo limitado aoxin- gamento. Notamos que outras esferas da vida influenciam a estrutura racista brasileira e que notas de repúdio, camisas com inscrições e mesas redondas não são capazes de enfrentar as contradições raciais do país.

A primeira lição precisa ser o entendimento de que outras instâncias da vida social brasileira precisam participar do debate. Possuímos instituições que podem monitorar, julgar e responsa- bilizar clubes, pessoas e federações.

Outro ponto está na construção de discursos e narrativas mais eficientes no enfrentamento do racismo. A imprensa esportiva corrobora grandemente com a manutenção do racismo institu- cional quando não consegue abordar o tema com maior profundidade, quando não abordam de 45 forma responsável o futebol para além dos campeonatos europeus. Então existe a necessidade de uma maior interlocução com os movimentos sociais para um maior aprendizado, espaços de formação de seus funcionários, assim como oportunizar a presença de jornalistas negros em suas redações.

Clubes, federações e confederações precisam compreender que somente com oportunidade, formação e responsabilidade, será possível enfrentar o racismo no futebol. O foi pioneiro nesta prática, justamente por institucionalizar ações, assim, criaram grupos de estudo para entender o que é o racismo brasileiro, dialogam com diferentes grupos e pessoas que já construíram espaços de denúncia e enfrentamento ao racismo, além de cuidar da me- mória do povo negro, e consequentemente criam ferramentas para formação de seus atletas, dirigentes, além do debate chegar na arquibancada. O clube citado tomou o problema para si e está criando parcerias que podem render frutos importantes na luta antirracista não só no futebol, mas também na sociedade brasileira.

Não será possível enfrentar o racismo de outra forma. Incluir políticas públicas, incentivar boas ações de clubes, entidades e pessoas, além de responsabilizar pessoas envolvidas passa a ser prioridade. E o futebol pode ser um exemplo para outras instâncias da vida.

46 Meu guri continua sem proteção

Roberta Pereira da Silva¹

Um dia de calor e uma sala de cinema fresquinha na Zona Leste de São Paulo. Fomos assistir “Aquaman”², logo nas primeiras cenas nos são apresentados os vilões (piratas de alto mar). Os comandantes dos ladrões são dois homens negros. Pai e filho amargurados pela morte de seus antepassados, na cena há uma certa dramaticidade e a apresentação de uma história de injustiça social que envolve meritocracia, reconhecimento aos serviços prestados à pátria mis- turado a ausência de reconhecimento, à primeira vista tais acontecimentos poderiam ter gerado a “maldade” no coração dos vilões.

Mas espere, eles estão lutando contra o mocinho do filme, então o relato comovente da injus- tiça ocorrida com o antepassado possivelmente serviu apenas como drama e não foi elaborado para nos sensibilizar. Em contrapartida temos a bela fotografia do filme, que expõe a bondade branca, na cena um “humilde” cuidador de um farol salva a rainha de Atlantis, uma mistura de mulher com sereia que hipnotiza com sua beleza reluzente a noite de chuva. A sublime rainha é envolvida pela bondade do desconhecido e assim darão à “luz” ao nosso homem do mar.

Já nas primeiras esquetes nosso herói salva um pelotão de militares frágeis, quase todos bran- cos. Ao final da cena o pai-vilão fica preso entre as ferragens e o filho implora ao herói que o salve, porém não houve qualquer tipo piedade, até porque segundo a narrativa ele havia executado inocentes durante sua jornada de pirata. O filho é incapaz de salvar o pai uma vez que não possui os atributos de força do herói. Restou ao filho a vingança e a manutenção das funções pré-estabelecida por gerações, ou seja, ser VILÃO.

Já posso ouvir neste momento o tremulejar das línguas ansiosas a dizer: “Ah, mas o filme tem vilões brancos também”! E eu respondo, com a mais plena paciência possível: “Sim tem mes- mo”! E para minha surpresa os primeiros vilões são apenas fantoches e meros coadjuvantes pois o principal vilão é o irmão branco do herói. Mil perdões pelos spoilers. E alerto ainda que o texto que segue não se trata de uma análise crítica do filme “Aquaman” tão pouco reivindica o “Pantera Negra” , ou um Aquaman negro que o valha. O prelúdio que cita o filme é tão somente uma metáfora. Poderia ter mencionado várias, pois o racismo é cotidiano, e bate a nossa porta sem que seja convidado, ele está presente no miúdo do viver.

No caso específico destaco o “destino” geracional atribuído aos homens negros do filme, in- clusive há uma passagem simbólica do “mal” quando o pai entrega ao filho a faca do avô. É justamente neste ponto que pretendo continuar meus escritos. Não somente ao que se refere a reprodução de uma ideia que a violência está diretamente atribuída a população negra, mas ¹ Assistente Social – Mestre pela PUC – SP – torcedora santista. O presente artigo é um extrato da dissertação de mestra- do: Campo de Terra, Campo da Vida: Interfaces das expressões cotidianas, e as alternativas de Resistência e o Negritude Futebol Clube, defendido em 2017 na Pontifícia Universidade Católica – PUC – SP. ² Aquaman, produzido em 2018 – Estados Unidos, produzido por James Wan.

47 também aos papeis previamente estabelecidos a esta população, aqui em especial às crianças e aos adolescentes negros e negras.

Se é fato que a maioria dos meninos brasileiros desejam tornarem-se jogadores de futebol, quando se trata de crianças e adolescentes pobres e negros este “desejo” deve ser observado de forma mais atenta e apurada. Os jogadores negros sempre estiveram presentes no futebol brasileiro, contrariando de certo modo as produções acadêmicas e jornalísticas que fazem uma separação estanque entre o período em que os negros eram proibidos de jogar futebol e um segundo momento que os negros foram “aceitos”. Se observarmos com mais atenção, os negros estão presentes na formação do futebol de várzea em São Paulo, de ligas como “canelas pretas” no Rio Grande do Sul, ou a Copa das Favelas no Rio de Janeiro, todas estas formadas conco- mitantemente com o futebol amador que logo tornou-se o futebol profissional. Os jogadores negros estiveram nas ligas profissionais disfarçando sua cor para serem aceitos. É fato que hou- ve legislações, decretos e proibições formais da atuação dos jogadores negros nas ligas oficiais, contudo considero um equívoco fazer uma separação do antes e depois.

Não se trata aqui de mera retórica acadêmica. Tal afirmação pode nos levar a um engano de aná- lise fundamental, o de compreender que após a “aceitação” do negro no futebol o racismo teria sido eliminado do esporte dos pés. Não foi à toa que o futebol foi considerado o maior exemplo de democracia racial no Brasil. Tal retórica foi “arranhada” na copa de 1950, mas reestabelecida com a consagração de Garrincha e Pelé campeões da Copa de 1958, desde então causa-nos certa estranheza afirmar que no futebol há racismo. E este debate ficou alijado inclusive entre os movimentos negros e entre a as diversas esquerdas que ainda resistem ao debate racial.

Portanto, afirmo que não só há racismo no futebol como ele representa o “destino” dos homens negros. Os negros “bem-sucedidos” são frequentemente “confundidos” com jogadores. Afinal, a conquista da ascensão social no Brasil não se dá pela bola? Quantos autores não afirmam que há uma habilidade nata do homem negro e, depois, do homem brasileiro, em jogar bola? A roda da capoeira e seus passos gingados, mesclados ao samba não deram o tempero que faltava ao esporte formal dos ingleses? Tais afirmações acrescidas das condições socioeconômicas da população negra, que em sua maioria tem os direitos básicos de sobrevivência negados, e que lutam cotidianamente para sobreviver à fome e à morte violenta orquestrada pelo Estado, compõe a fórmula perfeita para quem tem como destino ser “pirata”, mas se nega a aceitá-lo. Se um menino de classe média geralmente branco tem o futebol como deslumbre, este será apenas uma opção de seu futuro. Em se tratando do menino negro e pobre, o futebol aparece como talvez a única possibilidade de garantir o seu futuro e de seus familiares.

Neste sentido, os tornam extremamente vulneráveis as diversas situações de violação de direi- tos fundamentais, entre eles o racismo, pois não se mede esforço para alcançar o “sonho”. O Observatório da Discriminação Racial no Futebol vem divulgando situações de racismo ocorri- das nesse esporte com relatórios anuais desde 2014, os números só aumentam. Essas situações são estruturais ao futebol brasileiro, sendo assim as categorias de base não estão alheias a tais determinações. Tanto no que se refere ao racismo (ofensas, xingamentos, expectativas de 48 rendimento) como na institucionalização da infância.

O futebol é responsável pela institucionalização de dezenas de crianças anualmente, seja em clubes da “elite” do futebol, seja por via de agenciadores que retiram das famílias as crianças e adolescentes. Os clubes mais estruturados contam com alojamentos e equipe técnica (assisten- tes sociais, psicólogas, educadores, etc.) que acompanham diariamente os futuros jogadores, entretanto as situações de racismo se mantém. E como se não bastasse, há situações que são alusivas à lógica manicomial e/ou carcerária, com frequentes abusos sexuais, trabalho infantil, crianças e adolescentes residindo no mesmo alojamento que adultos, ausência de alimentação e recursos básicos, negação da convivência familiar e comunitária e alguns casos a morte .

É fundamental ressaltar que os locais onde se desenvolvem as categorias de base nos serão apresentados diariamente como espaços de proteção, livres de situações violentas, vexatórias ou que violem direitos. As famílias, portanto, confiam aos clubes os cuidados de seus filhos, em troca os meninos terão alimentação e demais direitos negados no seu cotidiano, acrescida a oportunidade de “ser” alguém na vida.

Basta ao menino as seguintes pré-condições (esforço, dedicação, talento). A afirmação estará evidenciada nos discursos do senso comum, na fala dos jogadores profissionais e na grande mí- dia, seja direta ou indiretamente. O que interlaça perfeitamente com o discurso dominante, que reconhece as conquistas, sejam elas econômicas e/ou sociais, como resultado de características individuais e trabalho duro, desvinculando qualquer tipo de relação com as condições objetivas históricas e sociais.

Como qualquer outra atividade profissional as características individuais são valoradas em detrimento das reais condições postas para o “sucesso” na profissão. No caso do futebol esta condição é acirrada, pois não só quem o pratica defende este discurso, mas também os veículos de comunicação reforçam o discurso do esforço e da superação.

Os meios de comunicação financiados por empresas nacionais e multinacionais reproduzem uma narrativa de valorização do seu produto (o futebol). Os clubes por sua vez necessitam de “pé de obra” para manterem-se, portanto a reprodução da ideologia da ascensão social via futebol, e de que esta ascensão requer esforço e dedicação desde a primeira infância, cumpre uma função social bem delimitada. Se aprofundarmos o discurso em tela para além das aparên- cias, apreendendo criticamente seus fundamentos, será possível encontrar vários indicadores ocultos na relação infância, adolescência e futebol.

Um primeiro indicador é a negação das características que compõem a infância e a adolescên- cia. Lhes é exigido esforço, responsabilidade, dedicação, cumprimento de várias horas de treino, cumprimento de contrato de trabalho, entre outras condicionalidades incompatíveis com sua condição de sujeito de direitos e pessoa em situação peculiar de desenvolvimento.

O Brasil conta com uma história um tanto significativa no que se refere aos direitos da criança e 49 do adolescente. Somente na década de 1990, a partir da mobilização de diversos segmentos da sociedade, temos promulgada a Lei n. 8069/90, doravante nominada Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Anterior ao Estatuto, a infância era regida pelo Código de Menores “Melo Mattos”, instituído em 1927, com reformulações em 1979. O instrumento legal considerava a criança e o adolescente (pobres) como “menores”, passíveis de ações do Estado, representado pela força pública (polícia) e pelo Juizado de Menores. Ancorado na filosofia higienista, os “me- nores” deveriam estar apartados da sociedade, ou seja, a política de atendimento, instaurada a partir da década de 1940, resumia-se à institucionalização.

Em 1942 é criado o Serviço de Atendimento ao Menor (SAM), primeira política pública no trato da infância, e em 1964 a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (FUNABEM). Em São Paulo a responsável pelo atendimento dos “menores” era a Fundação do Bem-Estar do Menor (FE- BEM), que em seus complexos abrigava todos os tipos de situações que envolvessem a infância/ adolescência. Os “menores” eram considerados pessoas em “situação irregular”, ou seja, a sociedade, o Estado e a família não eram responsabilizados pela situação em que se encontrava esta população, uma vez que a lógica desenvolvida era considerar os “menores” como desvian- tes. Movimentos sociais, profissionais de diversas áreas, pastorais do menor, e principalmente, crianças e adolescentes sem direitos básicos garantidos, alheios a qualquer tipo de proteção, formaram movimentos sociais, entre eles o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, (MNMMR) e iniciaram ações que problematizavam a situação dessa população.

Em 13 de julho de 1990 é promulgado o ECA. A trajetória brevemente apresentada explicita que é extremamente recente a forma como compreendemos a infância. O que não quer dizer necessariamente que as práticas exercidas ao longo de quase 68 anos foram abolidas, seja no âmbito da elaboração das políticas públicas, seja no ideário da sociedade.

O futebol é um exemplo secular de como opera a continuidade da lógica da “situação irregular”, onde as determinações postas no ECA não se inter-relacionam com as práticas desenvolvidas, o resultado disto é o não reconhecimento destas práticas como violações de direitos. Peguemos como exemplo as relações de trabalho. A Lei n. 8069/90 determina que somente poderão tra- balhar os adolescentes com mais de 16 anos, salvo na condição de aprendiz aos 14 anos. Pois bem, não é raro ouvir que é melhor estar trabalhando do que estar nas ruas. Lembrando que o adolescente que deve estar no trabalho, não é o adolescente branco, de classe média, e sim os filhos e filhas da classe trabalhadora.

Pensando estritamente neste ponto, como questionar a inserção da criança/adolescente nos times profissionais a partir de contratos de trabalho? E com idades inferiores a 14 anos? Possuí- mos um arcabouço jurídico que não se efetiva quando pensamos em futebol, uma vez que além da reprodução da ideologia de ascensão via trabalho duro, consolidada na heterogeneidade da vida cotidiana, os órgãos que regem o futebol nacional (CBF) e internacional (FIFA), compreen- dem a criança/adolescente como uma das partes presentes na relação contratual necessária ao esporte de alto rendimento, o que destoa, no caso brasileiro, da doutrina de proteção integral:

50 Assim, ao analisar a legislação disponível hoje, é possível afirmar que a manutenção das categorias de base e as constantes convocatórias para testes e prática nos centros de treinamento evidenciam a modalidade desporto de rendimento. Desse modo, contar com crianças – isto é, pes- soas com até 12 anos incompletos – e adolescentes menores de 14 anos em categorias de base implica exploração do trabalho infantil.³

Os impactos na infância e adolescência nesse sentido são destruidores, pautar o trabalho in- fantil no futebol é urgente, e nos coloca na condição de responsáveis para o enfrentamento dessa demanda. A mercantilização da infância e as possibilidades lucrativas que um garoto pode apresentar a um clube são tão evidentes, que foi apresentado em março/2017 um relatório assi- nado pelos deputados Andrés Sanchez (PT) e Rogério Marinho (PSDB), o primeiro presidente do Corinthians, o segundo relator da “Reforma Trabalhista”, propondo a redução da idade mínima de 14 para 12 anos para a contratação de jogadores.

Os clubes, os centros de treinamentos e as escolinhas são considerados pelas instituições oficiais que regem o futebol como espaços formadores. Nesse sentido, é perceptível o desloca- mento da caracterização do trabalho para o caráter educacional, como uma estratégia de burlar a legislação e/ou atenuar os impactos presentes nas categorias de base:

Em 2012, a CBF se dispôs a fiscalizar as equipes e dar um selo às que atendem a uma série de requisitos. A Confederação, porém, não possui um registro do número de jogadores nas categorias de base e, dos 650 times profissionais do País, apenas seis conquistaram o título de Clube Formador. (A infância entra em campo – 2013).

Para ter acesso ao selo o clube deve cumprir as seguintes determinações:

1. Apresentar relação dos técnicos e preparadores físicos responsáveis pela orientação e pelo monitoramento das respectivas categorias de base, com habilitação para o exercício da função; 2. Comprovar a participação em competição oficial da categoria; 3. Apresentar programa de treinamento, detalhando responsáveis, objetivos, horários e ativi- dades, compatíveis com a faixa etária, atividade escolar dos atletas e período de competição; 4. Proporcionar assistência educacional que permita ao atleta frequentar curso em horários compatíveis com as atividades de formação, em qualquer nível (alfabetização, ensinofun- damental, médio, superior, ou ainda curso técnico, profissionalizante, de capacitação ou de idiomas) mediante matrícula em estabelecimento de ensino regular ou através de professores contratados, mantendo controle sobre a frequência e o aproveitamento escolar do atleta; 5. Proporcionar assistência médica aos atletas, através de profissional especializado contratado, terceirizado ou mediante celebração comprovada de convênio com instituições públicas ou privadas. ³ CENTRO DE DEFFESA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE YVES DE ROUSSAN. A infância entra em campo: riscos e oportuni- dades para crianças e adolescentes no futebol. Salvador, 2013.

51 Mesmo representando um engodo a titulação de “formador”, nem os requisitos mínimos apresentados acima são cumpridos, uma vez que dos 650 times profissionais do país apenas 6 conseguiram o selo. O Estado e os clubes, entendidos neste texto como empresas, se desres- ponsabilizam no que se refere ao trato com a infância e à adolescência.

Se pensarmos especificamente quanto à exploração e o abuso sexual, foi realizado em 2013 pelo jornalista Breiller Pires um levantamento dos casos cometidos contra crianças e adolescen- tes inseridos no futebol. O artigo, publicado na revista Placar, proporcionou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que segundo o jornalista, em artigo publicado em setembro de 2017, não avançou no que se refere à criminalização dos abusadores, tampouco no que se refere à fiscalização dos órgãos competentes, das escolinhas, dos clubes, dos centros esportivos, etc.

Realizamos buscas na internet entre 2015 e 2017 das notícias sobre situações que caracteri- zassem violações de direitos fundamentais relacionados ao futebol. Foram encontradas treze reportagens, entre abusos sexuais e maus tratos, além de uma morte e um acidente ocorrido com o ônibus que levava adolescentes entre 16 e 17 anos componentes da base do Clube de Regatas Vasco da Gama. No ano de 2016, ex-jogadores ingleses relataram sobre os abusos se- xuais sofridos no período em que pertenciam às categorias de base. Como medida de combate aos abusos, a Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade às Crianças (NSPCC), com apoio financeiro da Federação Inglesa de Futebol (FA), ativou um canal de teleatendimento 24h para denúncias de abusos sexuais no futebol. Em uma semana foram recebidas cerca de 900 chamadas. Revelador pensar que as condições de violência sofridas por crianças e adolescentes que atuam no futebol não é exclusividade brasileira. Contudo, o número ínfimo de reportagens encontradas, e a ausência de estudos sobre a situação da infância no futebol, demonstram que os interesses rentáveis são superiores ao desenvolvimento pleno das crianças e adolescentes.

Os abusos sexuais têm ligação direta com as condições sociais vividas pelos garotos, se em suas famílias são escassos os recursos básicos, acredita-se que nos clubes tais necessidades serão su- pridas. Não raro, tal afirmação não se confirma. E em troca de alimentação e alojamentos mais confortáveis adolescentes submetem-se às situações de abuso sexual. Muitos alojamentos, onde residem as crianças/adolescentes que tem suas residências em outros Estados, Municí- pios e/ou países, não apresentam condições mínimas de salubridade, são camas sem colchão, número de garotos excedente à capacidade do quarto, ausência de alimentação em quantidade e qualidade adequadas:

Em 2012, um atleta de 14 anos morreu em campo durante peneira na base vascaína, em Itaguaí. Seis meses depois, a Justiça interditou o alo- jamento em São Januário, que abrigava cerca de 50 adolescentes e tinha até camas sem colchão. O clube não foi condenado pela morte do garoto. Atlético Mineiro e Portuguesa Santista: os dois times foram sentenciados pela Justiça em 2012 por manterem jovens em pensões com más condi- ções de higiene e sem comida. O Galo chegou a abrigar menores de 14

52 anos, o que é vedado pelo Ministério Público do Trabalho, enquanto a Portuguesa confinava meninos de outros estados. (PIRES, 2013)

Os clubes não possuem alojamentos que permitam a presença integral dos familiares, como também não custeiam qualquer despesa no que se refere a visitas dos responsáveis. Configu- rando-se violação grave, prevista no Capítulo III: “Do direito à convivência familiar e comunitá- ria”, da lei 8069/90 já citada. A ausência dos familiares tornam as crianças e os adolescentes completamente vulneráveis aos abusadores que se utilizam desta “ausência” e do fornecimento de “regalias”, para consumar o abuso. São camas, alimentação, chuteiras, folgas nos treinos, entre outras ofertas. Foram listados, na reportagem de 2013, 103 casos de violações de direitos, envolvendo crianças e adolescentes, sendo 34 casos de abusos sexuais.

Infelizmente esta prática não é a única no que se refere aos abusos sexuais e tráfico de seres humanos. É comum aparecerem pessoas que se denominam como empresários/agenciadores e levam os adolescentes para outros Munícipios e/ou Estados com a promessa de inseri-los em clubes profissionais. A família, por sua vez, paga em média R$ 900,00 para a manutenção dos filhos. Os adolescentes permanecem em cárcere privado e são constantemente submetidos a todo tipo de abuso. A reportagem realizada por (Pires, 2016) apresenta novos números em relação aos abusos sexuais:

Nos últimos cinco anos, foram 82 registros, sendo que 41 deles aconte- ceram depois do pacto entre CBF e Congresso – 11 na primeira metade de 2016. A maioria das vítimas tem entre 8 e 15 anos e sofreu abusos de treinadores, preparadores físicos, dirigentes, empresários, olheiros e até árbitros. Como o apanhado da reportagem considera somente ocorrências que resultaram em inquérito policial ou processos judiciais, o número de abusos sexuais em clubes e escolinhas no Brasil pode ser bem maior.

Portanto, além de estar presente a reificação onde transforma a infância em mercadoria des- cartável, que por si só já significaria a violação direitos, o futebol está imerso em uma série de situações perversas que submetem diariamente crianças e adolescentes às condições de subalternidade e violência.

A subalternidade e a violência, por sua vez, acompanharão a trajetória profissional e se farão presentes nas categorias profissionais. Os jogadores estão submetidos a diversas violações de direitos, as mais comuns referem-se aos direitos trabalhistas e ao preconceito, à discriminação e ao racismo, como já desenvolvido anteriormente.

Estima-se que existam entre 10 e 15 mil postos de trabalho para jogado- res de futebol no Brasil e que boa parte dessas vagas sejam sazonais – na terceira ou quarta divisão, por exemplo, é possível contratar jogadores por apenas alguns meses. Considerando que 20 clubes – dos 800 creden-

53 ciados às subsidiárias da FIFA em 2007 – detêm 90% dos torcedores e que cada clube conta com cerca de 26 jogadores em sua equipe principal, são apenas 520 postos de trabalho nas principais “empresas” desse mercado. Em 2009, segundo dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), 84% dos jogadores, de todas as divisões do futebol profissional no Brasil, recebiam salários de até R$ 1.000,00, 13% recebiam entre R$ 1.000,00 e R$ 9.000,00, 3% recebiam acima de R$ 9.000,00 por mês. Dez anos antes, informações da mesma CBF indicavam que 51,6% dos jogadores rece- biam até um salário mínimo e 33,2% até dois salários mínimos. Apenas 5,2% recebiam mais de dez salários mínimos. Esses dados, somados à es- timativa de que menos de 1% dos candidatos passam pelas peneiras das divisões de base dos clubes, deveriam ser suficientes para demonstrar que a carreira no futebol não é uma aposta segura. (CEDECA BA, 2013)

O que nos permite dizer que a ascensão social está longe de ser para todos. Haja vista que uma das estratégias do modelo capitalista é a mistificação dos vitoriosos, a vitória está alcançada como mérito individual, no caso do futebol (esforço e talento), o discurso é: tornar-te jogador, que rico serás. Redundante falar que tal afirmação é falsa, uma vez que excluindo um seleto grupo de jogadores pertencentes aos principais clubes das grandes capitais, são raros os joga- dores que têm os salários considerados astronômicos frente à massa que vive do seu trabalho. O que confirma, portanto, que a profissionalização não necessariamente irá garantir a ascensão financeira e o fim das violações.

Nunca será demasiado afirmar que as crianças e os adolescentes submetidos às violações de direito ora apresentadas, têm cor e classe social. A discussão a ser feita, portanto, quanto à inclusão da criança/adolescente na prática do futebol requer a reflexão de sua subalternização e reificação presente tanto nas categorias de base como na profissionalização. É necessário problematizar que o futebol está longe de ser um espaço protegido, e mesmo que o garoto se torne um jogador profissional as garantias sonhadas dificilmente serão acessadas. Cabe sim compreender a infância e a adolescência como prioridade absoluta, passível do conjunto de garantias de direitos, sujeitos de sua história e em condição peculiar de desenvolvimento.

54 Um pensar sobre o árbitro de futebol negro: o racismo no contexto do futebol gaúcho

Fabrício Locatelli Ribeiro1

O presente texto é um ensaio sobre a projeção de uma dissertação de mestrado a qual tem por objetivo promover o diálogo interdisciplinar sobre o tema da discriminação racial no futebol. E especificamente apresentar situações de racismo com árbitros de futebol no Rio Grande do Sul, por meio de um estudo de caso do ex árbitro de futebol, o gaúcho Márcio Chagas da Silva, vítima de injúria racial em dois casos dentro de campo, dos quais temos registrados nos anos de 2005 e posteriormente em 2014, período em que atuava como árbitro profissional de futebol representado pela Federação Gaúcha de Futebol.

Após o episódio de 2014, o mesmo se aposentou precocemente dos gramados, e em seguida adentrou o campo da comunicação esportiva como comentarista de arbitragem da RBS/TV, filiada da Rede Globo. Já fora dos gramados sofreu novamente atos de injúria racial via mídias sociais, assim como, nos estádios dos quais participa das transmissões dos jogos no Estado do Rio Grande do Sul. Ele vem expondo esses acontecimentos na mídia e se afirmando como uma voz ativa no combate ao racismo que impera na nossa sociedade e transborda nos espaços que abarcam o futebol.

Buscamos transitar dentre instituições e áreas científicas que abordam o tema, possibilitando fomentar caminhos e possibilidades na defesa da democracia e da igualdade com respeito às di- ferenças. E principalmente atuando como pesquisador junto ao Observatório da Discriminação Racial no Futebol. A seguir vamos pensar na nossa história.

O Brasil carrega o estigma de ser um país que a abolir a escravidão não desenvolveu nenhuma política pública de inserção do povo negro na sociedade brasileira civil organizada. Apesar dos discursos promovidos a partir do início do século XX, do qual historiadores brasileiros conside- raram o país como um local da ‘’democracia racial’’, sendo o paraíso das raças, discurso esse de mestiçagem e harmonia racial, o qual foi desmistificado pelos próprios historiadores ao decorrer do tempo.

O futebol é nosso pretexto para contextualizar que o racismo não acabou na simbólica data de treze de maio de mil oitocentos e oitenta e oito. Pelo contrário e na contramão do código penal e da lei do crime racial, o mesmo se encontra velado no cotidiano e surge de maneira explicita quando se trata do futebol, pois ali no campo os ‘’encorajados’’ torcedores, dirigentes, técnicos, jogadores e sujeitos que de alguma forma participam do espetáculo, acabam se utilizando de discursos racistas, mas justificados como ocorridos pelo ‘’calor da hora’’, ou porque são ‘’coisas do futebol’’.

¹ Historiador. Formado pela Universidade FEEVALE, mestrando do curso de pós-graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social. Professor da Rede Pública Estadual de Ensino no Estado do Rio Grande do Sul.

55 O árbitro é arbitrário por si só, é assim que (Galeano, 2004), descreve o árbitro de futebol como um cumpridor das regras no campo sagrado de jogo, seja no campo de várzea ou nos verdejan- tes gramados da elite futebolística, ali está o ‘’homem do apito’’, que é sempre lembrado com ares de acusação, seja na derrota e, mesmo na vitória, é considerado como um adversário a ser vencido.

Não interessa o lado, o árbitro de futebol sempre será visto com olhares de acusação, mas quan- to mais o odeiam, mais precisam dele. Dentre vaias e a emoção do torcedor temos o racismo nisso tudo, então o profissional de arbitragem que além de encarar o cenário crítico e folclórico da profissão acaba por sofrer com a discriminação racial, que aqui se faz valer o pensar desse texto. Assim concluo que é importante diferenciar o folclore em torno da figura do árbitro de futebol com práticas racistas.

É por constatar a importância do tema que estamos desenvolvendo uma dissertação de mestra- do no âmbito da Diversidade Cultural e Inclusão Social, por um viés interdisciplinar possibilitan- do enriquecer as pesquisas sobre as questões que envolvem a discriminação racial no futebol brasileiro. E potencializar caminhos de enfretamento a esses atos discriminatórios devolvendo a sociedade possibilidades de ações efetivas.

56 Mulheres e futebol: discriminação e inequidade de gênero

Silvana Vilodre Goellner1

A presença das mulheres no futebol brasileiro data dos primórdios da modalidade. Inicialmente como torcedoras e assistentes, gradativamente elas foram ocupando diferentes espaços na mo- dalidade, dentro e fora do campo. Se hoje podemos identificar jogadoras, treinadoras, árbitras, torcedoras, jornalistas, gestoras, entre outras tantas ocupações que circulam no entorno desse esporte, é porque uma infinidade de mulheres lutou – e muito – para que o futebol pudesse figurar no horizonte de possibilidades do exercer-se mulher.

Tal afirmação não pressupõe afirmar que a permanência delas nesse espaço tão marcado como deles fosse fácil, tranquilo ou esperado. Ao contrário: para nele adentrar e permanecer as mulheres historicamente vêm enfrentando muitos desafios produzidos pelo preconceito, sobretudo, aqueles relacionados às questões de gênero.

Por ser culturalmente representado como um esporte de homens, urge tematizar a iniquidade de gênero que habita nesse esporte, visto que ainda há muitas assimetrias entre mulheres e homens em relação a essa prática cultural. Tal exercício é fundamental para evitarmos a propa- gação de discursos que deslocam para as sombras as dificuldades cotidianas enfrentadas pelas mulheres que desejam viver o futebol.

Um primeiro movimento nessa direção requer entender que o futebol não se reduz àquele de matriz espetacularizada e mercadológica, cuja visibilidade e reconhecimento são representa- dos simbolicamente como um dos elementos que constitui a identidade nacional. O futebol é plural e mostra-se de diferentes modos. Traduz-se como uma prática de lazer, de sociabilidade e de saúde, além de figurar como um conteúdo pedagogizado na escola, fundamentalmente, nas aulas de Educação Física. Enfim, há de se registrar que nas inúmeras possibilidades de ser desfrutado e vivenciado, há uma singularidade: a diferenciação de gênero.

O futebol de espetáculo, por exemplo, é atravessado por desigualdades como a enorme dife- rença em termos de salários, patrocínios, incentivos e premiações. Soma-se a isso um cenário cuja existência restringe a participação das mulheres devido a menor oferta de campeonatos e competições, pouca visibilidade nos diferentes meios midiáticos, quase inexistente participação de mulheres em órgãos dirigentes e de gestão, além da ínfima presença nas funções técnicas, como treinadoras e árbitras. Há ainda o descaso de federações, clubes e associações esportivas sobre dados que registrem sua presença, especialmente no que se refere a aspectos históricos.

1 Doutora em Educação (UNICAMP). Pós-Doutora em Desportos (Universidade do Porto). Professora do Departamento de Educação Física da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEFID- -UFRGS).

57 Em relação ao futebol como um espaço de lazer, também há muito a ser conquistado. A divisão sexual do trabalho é um fator que limita a participação das mulheres em termos de tempo e disponibilidade, afinal, é sobre ela que recai a responsabilização pelo trabalho doméstico e pelo cuidado da família. Acrescido a isso, há uma representação historicamente produzida que naturaliza a ideia de que a apropriação dos espaços e equipamentos públicos é privilégio dos homens. Tal assertiva pode ser reconhecida quando observamos que grande parte dos projetos sociais de esporte e lazer são direcionados para homens, sejam eles crianças, jovens ou adultos. O temor da participação das mulheres nos espaços onde acontece o futebol as deixarem em situação de vulnerabilidade em função da violência, é um dos argumentos que legitima essa diferenciação, como se isso também não acontecesse com os homens e como se também não os colocasse em situação de vulnerabilidade.

Na educação escolar, o cenário também se mostra pouco favorável, visto serem frequentes situações como a não oferta do futebol como uma modalidade esportiva a ser praticada por meninas/jovens. Além disso, o maior uso pelos meninos/jovens dos espaços e tempos esco- lares, sobretudo aqueles destinados à prática esportiva, indicam que a elas resta um tempo menor e a utilização de espaços e equipamentos improvisados. A ausência de equipes e de competições de futebol para as alunas, assim como o incentivo à adesão às práticas corporais e esportivas voltadas para a aquisição de atributos estéticos que conformam uma feminilidade hegemônica, também provocam restrições ao futebol como uma possibilidade de vivência esportiva no ambiente escolar.

Além dessas assimetrias, originárias de representações historicamente construídas, existem outros temas ainda pouco abordados em análises relacionadas à presença das mulheres no futebol e que merecem maior atenção e cuidado. São elas: a crença de que esse esporte as masculiniza e, portanto, as afasta de uma representação normatizada de feminilidade; o assédio e o abuso moral e sexual presente tanto nas instituições esportivas quanto fora delas; o pouco reconhecimento à diversidade sexual e de gênero; a erotização no modo de se referir às atletas, destacando seus atributos físicos e estéticos (ou a ausência deles) e não seus méritos esportivos e a subvalorização do futebol como profissão, entre tantas outras.

Enfim, pensar o futebol de mulheres merece observação, atenção e vigilância. Não há dúvidas de que a desigualdade de gênero existe e que as prejudica e discrimina! Enfrentar essa realida- de também é tarefa nossa. Não nos acovardemos!

58 O futebol como utopia

José Antônio dos Santos1

O racismo no futebol reflete o que vemos diariamente na relação da sociedade brasileira com a população negra: o genocídio da juventude negra; o encarceramento em massa dos homens negros; o crescimento do feminicídio das mulheres negras, dentre tantas outras perseguições e desigualdades sociorraciais que assolam o país.

Pelo nível de abrangência que o futebol tomou no mundo, em que se constituiu como o princi- pal esporte, com a maior circulação de renda e número de audiência, poderíamos fazer deste um meio de educação para as relações étnico-raciais. Antes disso, talvez, devêssemos recontar a história deste esporte como consequência do esforço e da colaboração de toda a humanidade e não apenas como iniciativa das elites. Também é necessário fundar um novo paradigma que defina o futebol como um modelo de convivência pacífica entre pessoas de diferentes origens, cores, credos e culturas.

Ao contrário do que em geral sabemos, as origens do futebol são mais antigas do que imagina- mos e estão espalhadas por toda a humanidade. Várias civilizações desenvolveram diferentes formas do jogo. Na América Central e no Amazonas, os indígenas praticavam o jogo de bola em 1500 a.C; na Grécia antiga, havia a prática do epyskiros, que já era disputado com os pés, por duas equipes de nove jogadores e em campo retangular.

Era costume de alguns povos orientais, desde 3.000 anos a.C., chutar bolas nos exercícios mili- tares, prática que era executada também na antiga Pérsia e na África Ocidental. Os japoneses, por exemplo, tinham o kemari que era praticado entre oito jogadores com bolas feitas de fibras de bambu. Assim como os maias, no atual México, entre os anos 900 e 200 a.C., praticavam um jogo com o objetivo de arremessar uma bola de borracha maciça no furo de uma pedra.

Durante a Idade Média, o harpastum romano teve uma versão desenvolvida na região onde atualmente é a França que ficou conhecido como soule e na Itália assumiu o nome de calcio. O jogo também era conhecido entre os ingleses que saíam às ruas para chutar uma bola de couro durante os festejos cívicos. Sendo em 1710 que as escolas passaram a adotá-lo como atividade física para os estudantes. O valor educativo do futebol começou a ser considerado quando os ingleses tiveram a brilhante ideia de limitar o número de jogadores e colocar um professor como árbitro.

¹ Doutor em História, trabalha no Departamento de Educação e Desenvolvimento Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DEDS-UFRGS). É autor do livro Liga da Canela Preta: a história do negro no futebol. Porto Alegre: Diadorim Editora, 2018.

59 No início dos séculos XIX e XX, o futebol se alastrava de forma massiva tomando as ruas, campos e terrenos baldios de todas as cidades. No caso do Brasil, desde os idos de 1880, o futebol era conhecido, não apenas nos clubes de imigrantes e seus descendentes. Ele era praticado nas periferias entre os operários negros que trabalhavam nas ferrovias e nas fábricas; junto aos marinheiros estrangeiros e nacionais que treinavam próximos aos portos; e como prática desportiva realizada nos colégios.

Considerando o mundo que vivemos, repleto de práticas racistas e homofóbicas, e de políticas que se voltam à perseguição e à criminalização de grupos sociais que são tidos como ameaça- dores, mais do que nunca é necessário refletir no sentido da construção de uma utopia que se dê por meio do futebol. Embora definido por limites e regras, mas revestido de brincadeira, de ludicidade e alegria, o jogo alimenta-se da fantasia e permite a fuga, mesmo que seja por pouco tempo, para um mundo de respeito e harmonia entre todos e todas.

Toda a sociedade com o mesmo objetivo pode transformar o ambiente do futebol. Dirigentes, jogadores e torcedores podem se envolver na tarefa de ter o esporte como exemplo! Os está- dios podem se constituir como um dos espaços para o desenvolvimento de uma utopia possível. Utopia é aqui considerada como um lugar de transformação de uma realidade que rejeitamos e um ideal que se deseja e constrói.

60 Protagonismo das mulheres X machismo: um jogo em andamento

Gustavo Andrada Bandeira1

Durante a Copa do Mundo de futebol masculino disputada na Rússia, em 2018, diferentes grupos de turistas/torcedores brasileiros realizaram diferentes assédios a mulheres russas. Os brasileiros faziam as russas falarem em português que desejariam ter relações sexuais com eles e termos obscenos. Anteriormente a ida dos turistas brasileiros para acompanharem o mundial, o Itamaraty e o Ministério do Esporte produziram um guia com recomendações para que os torcedores homossexuais evitassem demonstrar afeto em território russo dado o preconceito e a legislação vigente naquele país. Nenhuma referência ao comportamento dos homens hete- rossexuais foi colocada.

Jornalistas de diferentes nacionalidades foram assediadas ao longo do Mundial. Dado o grande número de países de origem dos agressores é possível, infelizmente, inferir que esse machismo no futebol seja um fenômeno global. Ao todo a Fifa registrou 45 casos de assédio durante a Copa, sendo que 15 deles foram realizados contra jornalistas que estavam trabalhando. A re- pórter Júlia Guimarães do Grupo Globo foi alvo de duas tentativas de beijos forçados durante o torneio.

Esses são apenas alguns casos que explicitam o machismo e a misoginia existentes nas práticas futebolísticas. Para os que acompanham o futebol de espetáculo para além da Copa do Mundo, essas manifestações não são novas. Em março de 2018, a jornalista do canal Esporte Interativo, Bruna Dealtry, foi beijada a força por um torcedor do Vasco da Gama antes de uma partida pela Libertadores. Em Porto Alegre, a repórter Renata Medeiros, da Rádio Gaúcha, foi insultada e agredida por um torcedor do Internacional, antes de um Gre-Nal. Após esses episódios, um grupo de aproximadamente 50 jornalistas brasileiras criaram o movimento #Deixaelatrabalhar. Na campanha, as jornalistas reclamavam do machismo de torcedores, jogadores, dirigentes e, também, de colegas de profissão.

Poucos dias após a criação do movimento, a repórter da RBS TV, Kelly Costa, foi, novamente, vítima de machismo durante a transmissão de São José e Brasil de Pelotas pelo Campeonato Gaúcho. Um torcedor ofendeu a jornalista no intervalo da partida. Em 2017, o, então, treinador do Internacional, Guto , respondeu uma pergunta da mesma jornalista de maneira machista. Ele presumiu que, por ser mulher, a jornalista teria menor capacidade de entendi- mento sobre a prática futebolística. É interessante que nessa ocasião, o treinador não buscou a hierarquia comumente acionada entre treinadores e jornalistas, mas entre homens e mulheres.

Ao diminuir a capacidade de entendimento de Kelly Costa, ele acabou naturalizando o domínio dos conteúdos futebolísticos aos homens como se todos os jornalistas homens dominassem os mesmos códigos que os profissionais, sejam eles treinadores ou jogadores. O futebol no ¹ Doutor em educação. Autor do livro Uma história do torcer no presente: elitização, racismo e heterossexismo no currícu- lo de masculinidade dos torcedores de futebol. Curitiba: Appris, 2019.

61 Brasil possui diferentes artifícios que acabam por naturalizar o protagonismo masculino em suas representações. A falta de adjetivo já marca o local de naturalização ocupado por determinados corpos em detrimento de outros. Se as mulheres, com muito esforço praticam futebol feminino, os homens praticam somente futebol. O lugar da normatividade quase nunca é evidenciado ou destacado. Para muito além da prática esportiva, os conteúdos a ela associados também reforçam quem teria o domínio de conhecimento e quem não, permitindo lugares comuns e manifestações agressivas que, de tão recorrentes, separam os que entendem dos que não entendem, entre os “de dentro” e os “de fora”, muitas vezes usando o marcador sexo/gênero para essa hierarquização.

Naturalizadas no meio futebolístico, manifestações como essas, por vezes, solicitam a alcunha de “piadas” para manter seu status quo. Foi essa lógica que autorizou o jornalista Eduardo Bueno a recomendar que sua colega no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, Eduarda Streb, “voltasse para cozinha” em meio a uma divergência de opiniões.

Voltando à Rússia, em suas defesas, os agressores afirmaram que estavam bêbados ou brin- cando, ao mesmo tempo que lamentaram a repercussão dos episódios (note-se que os sujeitos não estavam lamentando exatamente o que eles fizeram, mas a maneira como essas ações aca- baram repercutindo). Os torcedores brasileiros receberam a defesa do Ministro do Turismo do Brasil que minimizou os episódios, afirmando que os atos seriam menores ou desimportantes, uma vez que, segundo ele, “ninguém morreu”.

Neste relatório temos 16 casos de violências contra mulheres sejam elas torcedoras, jornalistas ou árbitras. A metodologia de trabalho utilizada para essa catalogação busca somente os casos midiatizados. Lamentavelmente, esse número de 16 pode ser muito maior.

Ao mesmo tempo que eclodem esses casos de violência, também é possível visualizar um gran- de protagonismo das mulheres. Coletivos de torcedoras e profissionais exigem o preceito básico do feminismo que é considerar que mulheres são seres humanos que devem ter os mesmos direitos e acessos. Que possam trabalhar ou frequentar os estádios sem serem importunadas ou assediadas. É curioso que esse número alto de violência contra as mulheres nesse espaço apareça justamente neste momento em que elas conquistam protagonismo. E aqui é onde o jogo e o enfrentamento ficam mais explícitos.

O conceito de gênero é relacional, masculinidades e feminilidades são produzidos de forma con- comitante. Esse número expressivo de casos contra as mulheres que variam de “simples” frases machistas e chegam ao assédio sexual podem ser lidos de duas formas distintas. Na primeira ele poderia ser uma resposta conservadora às grandes conquistas de espaços das mulheres com diferentes atuações no futebol. Na segunda, pode ser apenas a visibilização de um processo histórico até então não problematizado que agora escuta um estrondoso grito de basta!

O jogo está acontecendo, ele não acontecerá depois. E aqui há que ser protagonista e nunca esquecer que um gol ou uma vitória não garantem nada. O importante é estar sempre disposto a jogar! 62 Até onde um gesto pode reverberar? João C. B. Morales1

O punho cerrado erguido para o alto tem sido uma expressão de distintas manifestações. Nos campos de futebol brasileiros, além das coreografias das torcidas, dribles e jogadas ensaiadas, estas formas de exibição também se fizeram presente – principalmente nos anos 70 e 80. Nem sempre impunemente, como atesta a história do jogador José Reinaldo de Lima, mais conhecido como Reinaldo, que brilhou com a camiseta do Atlético Mineiro neste período. Ao marcar os seus gols, o centroavante costumava se utilizar do gesto (inspirado na saudação do grupo pan- teras-negras) para se posicionar contra o racismo e o autoritarismo do regime que governava o país na época. Sentia a necessidade de questionar a ideia em voga de que os jogadores eram alienados e de que o futebol era um mero entretenimento que passava ao largo das grandes questões.

Em diversas entrevistas concedidas,² o jogador atestou que, por ocasião de uma de suas convo- cações para a seleção brasileira, às vésperas da Copa do Mundo de 1978, havia sido orientado pelo general Ernesto Geisel a se focar apenas em jogar futebol e deixar a política para os políti- cos. Ou seja, se fizesse o gol, nada de punho para o alto na comemoração. Porém, na primeira partida da competição, empate em 1 x 1 contra a Suécia, Reinaldo marcou o gol brasileiro e ergueu o punho em riste como de praxe. O movimento foi rápido,³ mas significativo o bastante para que o centroavante não voltasse mais a jogar pela seleção brasileira depois daquela copa.

Na preparação para a disputa do torneio mundial de 1982, quando foi aclamadamente consi- derado o melhor centroavante em atividade no país, Reinaldo não foi convocado pelo então treinador Telê Santana, com a alegação de que o ídolo atleticano não se encontrava em boas condições físicas para a disputa do torneio. Está justificativa até os dias atuais ainda é motivo de polêmica, pois alguns torcedores e profissionais que acompanharam os bastidores da seleção no período acreditam que Reinaldo já estava barrado pelos seus posicionamentos políticos. Além do mais, o jogador alega que sofreu uma campanha de difamação, que lhe impetrou a fama de boêmio, usuário de drogas e de ter um caso homossexual (Reinaldo era amigo próximo do radialista Tutti Maravilha, assumidamente gay), algo considerado um tabu no futebol até o presente momento.

¹ Mestrando em Antropologia Social pela UFRGS – Graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela UFRGS. ² Como exemplos, ver: https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/reinaldo-a-copa-de-1982-e-a-ditadura-mili- tar/. https://www.uol/copadomundo/especiais/entrevista---reinaldo.htm#o-pedido-do-general-geisel-apenas-jogue-futebol. http://youtu.be/qJUPPntLzA0. ³ O gol de Reinaldo contra Suiça pode ser visto no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=8Qqff67ehFI.

63 Mais do que sintetizar um relato sobre a sua carreira, o gesto de celebração de Reinaldo pode ser visto como sua marca (árdua no caso dele, imagina-se) de uma outra história, que abrangen- te às trajetórias de profissionais envolvidos com o esporte. Trata-se do Brasil e o silenciamento de suas contradições. Desta forma, a ilustração de seu punho erguido na capa da 5ª edição do Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol 2018, ratifica e atualiza o compromisso firmado pelo Observatório e seus parceiros de não fazer com que o racismo e outras discrimina- ções presentes entre as pessoas sejam compreendidos desde o ambiente do futebol enquanto “atos isolados”.

A “estória” diz que atletas brasileiros não se manifestam contra o racismo, mas a história de Reinaldo, e seu punho cerrado, nos levam a refletir que o silenciamento e desejo de ocultar as vozes que se levantam contra as injustiças foi e ainda é muito presente no futebol brasileiro.

Que nos tornemos mais atentos e acolhedores aos que ousarem levantar a voz contra o racismo!

64 HISTÓRICO DOS RELATÓRIOS (2014 – 2018)

O Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol foi a primeira análise sistemáti ca sobre os incidentes raciais no futebol brasileiro. A análise correspondeu ao ano de 2014 e teve sua primeira edição lançada em 21 de março de 2015, o qual apresentou três pontos de divisão: ocorrências no Brasil (relacionando os casos de racismo no futebol brasileiro); ocorrências no exterior (relacionando os casos de discriminação com atletas brasileiros no exterior) e os inci- dentes de preconceito e discriminação que aconteceram durante a Copa do Mundo 2014, no Brasil, além de apresentar uma série de recomendações que consideramos importantes na luta contra a discriminação racial.

Ao longo dos anos o “Relatório” apresentou diversas novidades como a ampliação dos casos apresentados nas suas diversas formas de preconceito e discriminação (incidentes classifi cados como raciais, LGBTfóbicos, machistas, xenofóbicos), em outros esportes e as ocorrências no ex- terior (incidentes com atletas brasileiros que atuam no exterior), além de apresentar exemplos de boas práti cas aplicadas pelo mundo afora no combate a discriminação. Outro importante acréscimo são textos e análises de personalidades ligadas ao esporte ou as questões raciais.

Neste tópico vamos apresentar um resumo dos dados de Relatórios anteriores (2014 – 2015 – 2016 – 2017), histórico dos incidentes racistas com análise sistêmica que incluem os do Rela- tório 2018.

(Número de casos de racismo no futebol brasileiro histórico 2014 a 2018)

65 Dos casos denunciados observamos que 21 (vinte e um) estados brasileiros já apresentaram, pelo menos, um incidente de discriminação, classifi cado como “suposto caso de racismo”.

Foram totalizados 102 (cento e dois) incidentes em território nacional no período. Do total de estados que correspondem aos dados acima apresentados, apenas os seis primeiros, com maior número de casos, representam 72% (setenta e dois) das ocorrências. São eles: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro.

(Os estados brasileiros com casos de racismo de 2014 a 2018)

Somente os dois primeiros estados da relação acima, Rio Grande do Sul e de São Paulo, corres- pondem a 43% (quarenta e três) dos casos ocorridos ao logo desses cinco anos de observações. Além disso, apenas três estados apresentam incidentes em todos os anos: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. 66 Sobre os locais que originam as ocorrências relacionadas como “suposto caso de racismo” os estádios de futebol são onde acontecem a maior quanti dade dos atos. Ao todo já foram regis- trados (cento e vinte e três) incidentes entre estádios, internet e outros espaços.

(Os três estados brasileiros que mais apresentam casos de discriminação de 2014 a 2018)

(Espaços de ocorrências dos incidentes de 2014 a 2018)

67 Dos 32 (trinta e dois) casos julgados pela Justi ça Desporti va (TJD – STJD), em 17 (dezessete) existi u punição e em 17 (quinze) casos absolvição.

Em relação às punições, as penas variaram entre multas de R$ 500,00 (quinhentos) a R$

50.000,00 (cinquenta mil); perda de pontos; perda de mando de campo; suspensão por prazo indeterminado e proibição do torcedor de ingressar na praça desporti va.

(Punições e absolvições dos casos julgados pela Justi ça Desporti va de 2014 a 2018)

OBS: Desde 2009 o Art. 243-G é o único que prevê punição individual ao torcedor. O que é uma exceção à regra, pois, conforme o dispositi vo no arti go 1º, do parágrafo 1º, o torcedor não consta no rol de pessoas sujeitas ao Código Brasileiro de Justi ça Desporti va. O prazo de 720 dias é o mínimo esti pulado no parágrafo 2 do Art. 243-G.

68 Casos julgados e punidos pela Justiça Desportiva – TJD e STJD:

CASO ANO RESPONSÁVEL DECISÃO QUEM FOI PUNIDO Lúcio (Atleta) – Sport 2014 TJD-RS O torcedor ficou Torcedor do E.C. Pelo- Club São Paulo (RS) proibido de ingressar tas (RS) na praça desportiva por 720 dias. Dida (Atleta) – Amé- 2014 TJD-RN Clube punido com Alecrim F.C. (RN) rica Futebol Clube perda de dois (02) (RN) mandos de campos e multa R$ 20 mil. Márcio Chagas – 2014 STJD Clube punido com C.E. Bento Gonçalves Árbitro (RS) perda de três (03) (RS) pontos e multa. (Atleta) – 2014 TJD-SP Clube punido com Mogi Mirim E.C. (SP) Santos F.C. multa de R$ 50 mil. Paulão (Atleta) – S.C. 2014 STJD Clube punido com Grêmio FBPA (RS) Internacional multa de R$ 15 mil Marino (Atleta) - São 2014 STJD Clube punido com Paraná Clube (PR) Bernado F.C. multa de R$ 15 mil. Antônio Carlos (Téc- 2014 TJD-SP Clube punido com Bandeirante E.C. (SP) nico) – Vocem (SP) multa de R$ 2 mil. (Atleta) – 2014 STJD Clube punido com Grêmio FBPA (RS) Santos F.C. perda de três (03) pontos - Multa de R$ 50 mil. Francis (Atleta) – Boa 2014 STJD Jogador punido com Antônio Carlos, Atle- E.C. cinco (05) jogos ta, Avaí F.C. (SC) suspensão e multa de R$ 10 mil. Alberto (Atleta) – 2015 TJD-TO Clube punido com Sport Club Guaraí Interporto F.C. multa de R$ 500,00. Tchê Tchê (Atleta) – 2016 STJD Clube punido com C.A. Paranaense (PR) S.E. Palmeiras multa de R$ 20 mil. Jeff Silva (Atleta) - 2016 STJD Clube punido com Clube Atlético Tuba- Hercílio Luz F.C. multa de R$ 5 mil rão (SC) Anderson Campos – 2016 TJD-PR Suspensão de 255 Presidente Imperial Árbitro dias e multa de R$ 1 F.C. (hum) mil. Evanildo Natalino – 2016 TJD-Sorocaba Atleta punido com Everton Gonçalves, Árbitro suspensão de 2 anos Atleta da A. S. Soro- caba (SP) Wender (Atleta) - 2017 TJD-MS Multa de R$ 3 mil URSO – União Recre- Operário Futebol ativo Social Olimpo Clube (MS) Uesclei Regison - 2018 TJD-AM Multa de R$ 3 mil Nacional Fast Clube Árbitro

69 Casos julgados e absolvidos pela Justiça Desportiva – TJD e STJD:

CASO ANO RESPONSÁVEL DECISÃO ACUSADO Jefferson (Atleta) – 2014 TJD-ES Treinador da Despor- Vevé, técnico da Atlético Itapemi- tiva foi absolvido por Desportiva (ADFVRD/ rim-ES falta de provas. ES) Bruno Alves (Atleta) - 2014 TJD-RJ Pleno do Tribunal de Friburguense A.C. Macaé E.C.F. Justiça Desportiva (RJ) (TJD-RJ) decidiu livrar o Friburguense da pena. Junior Paraíba 2015 TJD-MG Árbitro foi absolvido. Ronei Cândido Alves, (Atleta) – URT (União Atleta pegou um (01) Árbitro Recreativa dos jogo de suspensão Trabalhadores) com base no artigo 221 do CBJD, “dar causa por erro gros- seiro ou sentimento pessoal, à instaura- ção de inquérito ou processo na Justiça Desportiva”. Robinho (Atleta) – 2015 TJD-MT Clube absolvido por Corumbaense F.C. C.E. Naviraiense falta de provas. (MS) Fabrício (Atleta) – 2015 TJD-RS Encerrado por falta S.C. Internacional S.C. Interncional de provas. Jogador (RS) afirmou não ter escutado ofensas. Torcedor Londrina 2015 STJD Arquivado por falta Londrina E.C. (PR) de provas. Sergio Luiz (Massa- 2016 STJD Clube absolvido por ACF - Chapecoense gista) - Chapecoense falta de provas. (SC) Wágner (Atleta) - E.C. 2017 TJD-RS Clube absolvido E.C. Novo Hamburgo São José (RS) Família Vinicius Jr. - 2017 STJD Clube absolvido Botafogo FR (RJ) CR Flamengo Funcionário Mara- 2017 STJD Clube absolvido CR Flamengo (RJ) canã (Atleta) - 2017 STJD Atleta absolvido Atleta Rodolfo, do América F.C. Oeste F.C. (SP) Renê Júnior (Atleta) - 2017 STJD Atleta absolvido Atleta Tréllez, do E.C. E.C. Bahia Vitória (BA) Vinicius Junior 2018 TJD-RJ Clube absolvido Botafogo de Futebol e Regatas Marquinhos (Atleta) 2018 STJD Clube absolvido União Recreativa dos – Macaé E. F. C. Trabalhadores

70 Devido a CONMEBOL adotar procedimentos diferentes para o julgamento dos casos de “Discri- minação e comportamentos similares” - (Art. 12) vamos apresentar apenas os casos julgados e punidos pela entidade máxima do futebol Sul-Americano (envolvendo atletas e/ou clubes brasileiros):

CASO ANO RESPONSÁVEL DECISÃO QUEM FOI PUNIDO (Atleta) – Cru- 2014 CONMEBOL Multa de US$ 12 mil Real Garcilaso (PER) zeiro E.C. (Atleta) 2016 CONMEBOL Multa de US$ 10 mil Nacional (URU) – S.E. Palmeiras Torcida do Indepen- 2017 CONMEBOL Multa de US$ 15 mil Independiente (ARG) diente imita macaco - Club Atlético Independiente

71 GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA MUSEU DA UFRGS

Continuar o trabalho do Grupo de Pesquisa “Futebol e Discriminação”, que nasceu em 2018 por meio de uma parceria entre o Museu da UFRGS e o Observatório da Discriminação Racial no Futebol constituem-se em uma tarefa desafiadora, tanto pelo nosso senso crítico, sempre buscando o aperfeiçoamento, como pela responsabilidade em aprimorar uma ação que teve receptividade entre o público. Contudo, inspirados pelo espírito esportivo, nosso time continua competindo e lutando, o que para nós significa sermos vitoriosos contra todas as formas de preconceito.

Em 2019 nosso time está reforçado de novos integrantes, com formações e vivências diferentes, como jornalismo, pedagogia, história e design visual, com ideias pretensões e desejos de con- tribuir com habilidades e competências. Nossas reuniões semanais ou quinzenais, continuam com a mesma mecânica, com todo o escrete sempre a vontade para expor ideias e opiniões. Nossas discussões táticas são diversificadas, acerca de casos diários de discriminação que estão ocorrendo ou sendo divulgados no país como novas jogadas ensaiadas para derrota-la.

Neste ano já estão ocorrendo novidades, como as campanhas organizadas pelo Observatório em parceria com times de futebol brasileiros para se envolverem em ações práticas em dias de jogos na luta contra ao preconceito, usando das camisetas que são utilizadas pelos principais técnicos do brasil e jogadores, com a possibilidade essa ação se estender ao longo de todo o ano.

Mas a equipe quer mais, ambiciona mais. E vamos partir agora para uma bela jogada ensaiada! A produção de uma cartilha, para ser utilizada por educadores em espaços de aprendizagem. Empolgados com essa nova tarefa, estamos focando nos treinamentos para adaptar o texto para uma linguagem acessível às crianças, provê-las de subsídios e suporte para auxiliá-los na sua formação e assim fazermos mais um gol de placa contra preconceito. Nesse campeonato, vamos lugar contra a vitória até o fim, que e o propósito de um mundo mais democrático, igualitário e fraterno.

72 BONS EXEMPLOS

O esporte segue como uma grande ferramenta de inclusão, de promoção da igualdade e de conscientização, pois é possível unir, educar e transformar pessoas através dele. Em 2018 o esporte mostrou novamente a sua importância e contribuição para algumas mudanças, sejam essas sociais, culturais, comportamentais ou legais.

O Esporte Clube Bahia deu exemplo para todos os clubes no Brasil, sendo pioneiro em ações afirmativas no futebol. No último ano o Bahia aderiu a causa LGBT; combateu a intolerância religiosa; incentivou as mulheres na sua torcida; criou a Ronda Especial Maria da Penhana Fonte, com maioria de policiais femininas, voltada para a segurança das mulheres no estádio; reverenciou ídolos negros no dia da Consciência Negra e trouxe o seu torcedor para mais perto do clube. A escolha dos novos modelos de camisas, por exemplo, foi feita pelos próprios torce- dores através de uma votação no site oficial do clube e no lançamento delas o clube escolheu como modelos um representante da comunidade indígena, um sócio com síndrome de Down, mulheres e um amputado. Sem falar que existe desde 2014 a Lindona da Bahêa, uma mascote crida para representar a mulher negra.

Outro tema abortado ao longo do ano foi o machismo dentro do universo do jornalismo esporti- vo. A campanha #DeixaElaTrabalhar foi encabeçada por repórteres esportivas e jogou luz sobre a questão do assédio e machismo nos estádios e fora deles. A ação buscou chamar a atenção para as agressões que as profissionais sofrem e pedir respeito a todas elas.

Além disso, 2018 apresentou o primeiro registro de assédio sexual na Arena do Grêmio. Na chegada no estádio uma torcedora foi assediada verbalmente e fisicamente por outro torcedor. Com a identificação do indivíduo, o caso foi registrado pela Brigada Militar na delegacia insta- lada no interior do estádio, levando o agressor a ser condenado pelo Juizado Especial Criminal (Jecrim), com punição de se apresentar a uma delegacia de Passo Fundo durante os próximos 12 jogos do clube. Um grupo de torcedores queria pedir pela exclusão do quadro social de homem que assediou torcedora na Arena.

Percebemos atletas cada vez mais não se calando, falando de abusos ou agressões que sofrem. A judoca Rafaela Silva, publicou em suas redes sociais uma abordagem policial alegando ter sido vítima de preconceito racial por parte dos policiais.

Em todos esses exemplos o que vemos é que não há mais espaço para a intolerância, o desres- peito e a discriminação. O estádio está cada vez mais sem espaço para essas atitudes, não há mais motivos para o silêncio e as pessoas sentem-se empoderadas a falar em busca de respeito e justiça. A sociedade atual condena ações que em um passado, não tão distante, parecia ser ‘normal’, ofender a mulher, fazer piada com o negro ou mesmo insultar o homossexual. Para isso o E.C. Bahia dá e é um exemplo que o futebol pode ajudar, e muito, a educar, a transformar e a conscientizar pessoas.

73 FONTES

Todos os casos citados no Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol podem ser aces- sados em nosso site www.observatorioracialfutebol.com.br

Fontes originais das notícias publicadas:

Ocorrências no Brasil

1.INCIDENTES RACIAIS Gazeta Esportiva: http://ow.ly/6vcm30puB9s Lance!: http://ow.ly/MQsw30puBaq » Estádios GaúchaZH: http://ow.ly/rZ0G30puBbG

1. C. D. S. F. 7. Jogadores reservas do Vasco da Gama Virou Manchete: http://ow.ly/1Qgk30puANK Vasco Notícias: http://ow.ly/fnV930puBcY Uol: http://ow.ly/LzuL30puBfV 2. Ilha do Urubu O Globo: http://ow.ly/RJv930puAOG 8. Vinicius Jr., atleta do Clube de Regatas do Flamengo Extra: http://ow.ly/fPJj30puBjX 3. Uesclei Regison Pereira dos Santos, árbitro assistente Veja: http://ow.ly/wyU130puBkn A Crítica: http://ow.ly/Rrhc30puASq O Globo: http://ow.ly/HpOO30puBmb Jornal do Povo: http://ow.ly/EYU430puATe Uol: http://ow.ly/dfk130puBmp Globo Esporte: http://ow.ly/B9o030puAU0 Futebol do Norte: http://ow.ly/2S3W30puAUk 9. Henrique Teixeira – Robinho, atleta do Vilhena Esporte Clube 4. Weslen Aparecido Mendes dos Reis, atleta do Rolândia Uol: http://ow.ly/Hacz30puBmY Esporte Clube FFER: http://ow.ly/vKP530puBny Futebol Interior: http://ow.ly/u4e830puAW9 Manchete do Povo: http://ow.ly/jmp930puAZy 10. Eduardo Viana da Silva, árbitro Globo Esporte: http://ow.ly/WQzP30puB0c ZeDudU: http://ow.ly/ZdmH30puBIZ Jornal de Rolândia: http://ow.ly/A4Mk30puB0y EsporteMais: http://ow.ly/nW2c30puBJb Folha de Londrina: http://ow.ly/Zwnd30puB0P 11. Torcedor do Guarani ofende torcedores do XV de 5. Torcida do Independiente é flagrada em ato racistas Piracicaba contra gremistas – Club Atlético Independiente A Cidade On: http://ow.ly/N48I30puBLD Globo Esporte: http://ow.ly/OBtC30puB1o Globo Esporte: http://ow.ly/bIQJ30puBQD Gazeta Esportiva: http://ow.ly/G1Ka30puB1A Globo Esporte: http://ow.ly/btdu30puB25 12. Marcelo Kênia, atleta do Araguaína Futebol e Regatas GaúchaZH: http://ow.ly/MNHf30puB2l Globo Esporte: http://ow.ly/md7I30puCLH

6. Hélio Júnio Nunes de Castro, Helinho, atleta do São 13. Torcedores argentinos foram flagrados chamando os Paulo Futebol Clube torcedores brasileiros de macacos – Club Atlético Rosário Estadão: http://ow.ly/cDSp30puB8x Central

74 Uol: http://ow.ly/XIWf30puCNf Jornal Semanário: http://ow.ly/fx9J30puDka Uol: http://ow.ly/dWsE30puD7J Lance!: http://ow.ly/8WV730puD8d 22. Ederson Batptista de Souza, Robinho, atleta do Corum- #Fera: http://ow.ly/iCJ030puD9a baense G1: http://ow.ly/id3s30puDkI 14. Torcedores do Corinthians são alvos de injúria racial Circuito Mato Grosso: http://ow.ly/Okbd30puDkT na Argentina - Club Atlético Independiente Campo Grande News: http://ow.ly/Yuk330puDli Globo esporte: http://ow.ly/4enV30puD9u Meu Timão: http://ow.ly/Omxb30puDb1 23. Torcedores do Bahia relataram racismo de torcedores Meu Timão: http://ow.ly/TLBC30puDe6 do Club Atlético Cerro Correio: http://ow.ly/WJpD30puFsg 15. Torcedores do Racing imitam macacos para vascaínos Globo Esporte: http://ow.ly/zptO30puFu5 na Argentina – Racing Club de Avellaneda Uol: http://ow.ly/UyoX30puDfi 24. Rodrigo Junior Paula Silva, Digão, atleta do Fluminen- Fox: http://ow.ly/ImK230puDg6 se Football Club Extra: http://ow.ly/JHIu30puDgp O Dia: http://ow.ly/NOp130puFDe R7: http://ow.ly/Fb9Y30puFDw 16. Torcedores do Palmeiras são vítimas de racismo em partida diante do Boca Juniors – Club Atlético Boca Juniors 25. Felipe Melo, atleta do Sociedade Esportiva Palmeiras ESPN: http://ow.ly/IdPC30puDhh Estadão: http://ow.ly/M1BZ30puFFU iG: http://ow.ly/UFIS30puFGq 17. Torcedores do Racing jogam cascas de bananas para vascaínos em São Januário – Racing Club de Avellaneda 26. Matheus Henrique, atleta da Associação Atlética O Dia: http://ow.ly/t3cd30puDhF Ponte Preta Uol: http://ow.ly/LT5430puDhO Globo Esporte: http://ow.ly/nNNg30puFH0 Net Vasco: http://ow.ly/5gKD30puDi6 27. Torcedor do Independiente imita macaco para santis- 18. Silvio Romero, atacante do Independiente é acusado tas - Club Atlético Independiente pela Policia Militar de odfender racialmente o cabo J. Globo Esporte: http://ow.ly/1o2e30puFHF Carlos. Lance!: http://ow.ly/w08X30puFIb Uol: http://ow.ly/zafi30puDiq Santista Roxo: http://ow.ly/p7GB30puFJw OneFootball: http://ow.ly/wMTy30puDiy Jovem Pan: http://ow.ly/UEy330puFKU MSN: http://ow.ly/dunz30puDj7 28. A.G., atleta 19. Marcos Moreira de Souza, Marquinhos, atleta do A Gazeta de Barretos: http://ow.ly/1dTI30puFQ7 Macaé Esporte Futebol Clube Jornal de Barretos: http://ow.ly/rAmO30puFS0 Globo Esporte: http://ow.ly/Lb4930puDjq 29. Everaldo, árbitro 20. Lucas Mauro, do Bandeirante de Birigui Portal da Cidade: http://ow.ly/kPJZ30puG1a Diário da Região: http://ow.ly/yuHM30puDjH MT Jornal: http://ow.ly/KELA30puG2v

21. Douglas Cabral de Barros, Bóia, atleta do Colorado de » Internet Santa Helena

75 30. Luciana Santos Almeida 38. Luiz Ricardo Alves - Sassá, atleta do Cruzeiro Esporte Globo Esporte: http://ow.ly/X45n30puB6W Clube Hoje em Dia: http://ow.ly/yRWb30puFT5 31. Antônio Eduardo Pereira dos Santos, Kanu, atleta do Vitória 39. Argentinos respondem provocações de torcedores Galáticos on Line: http://ow.ly/Ua4D30puB7q brasileiros com racismo BNews: http://ow.ly/tEYN30puB7L #Fera: http://ow.ly/bzd930puG4M EBC: http://ow.ly/pZ8Q30puG5j 32. Paulo Marcos de Jesus Ribeiro, Paulão, do Club de Regatas Vasco da Gama 40. Felipe Melo, do Sociedade Esportiva Palmeiras SporTv: http://ow.ly/exxp30puBKX #Fera: http://ow.ly/Yrab30puG7j Band: http://ow.ly/M2Xs30puBL6 Uol: http://ow.ly/5e8Z30puBLl 41. Reforço Olaria Atlético Clube #Fera: http://ow.ly/REQy30puG9i 33. Vinicius Junior, atleta do Clube de Regatas do Flamen- Uol: http://ow.ly/Fukm30puGb1 go Globo Esporte: http://ow.ly/fGQH30puF0S » Outros Espaços Geledés: http://ow.ly/5RyF30puF39 Extra: http://ow.ly/K1Ge30puF40 42. Jailson Marcelino dos Santos, atleta do Palmeiras O Dia: http://ow.ly/By5130puF4g Uol: http://ow.ly/7EDY30puB2T #Fera: http://ow.ly/ho7v30puB3a 34. Ofensa racista contra negros – João Garcia Bahia.ba: http://ow.ly/Zwp130puB3h Revista Fórum: http://ow.ly/QsGu30puF4O Globo Esporte: http://ow.ly/cDdw30puB4S DCM: http://ow.ly/Yfs330puF5f Torcedores.com: http://ow.ly/us3730puB5Z

35. Júlio Cocielo acusado racismo com Mbappé 43. Roger Machado, treinador do Palmeiras Uol: http://ow.ly/slzH30puFjc Uol: http://ow.ly/CWyq30puDmk G1: http://ow.ly/sZ6X30puFnZ #Fera: http://ow.ly/ZBNV30puDsb Exame: http://ow.ly/vYF630puFoV Yahoo: http://ow.ly/txio30puDsu R7: http://ow.ly/6DAF30puFph Yahoo: http://ow.ly/MXOq30puDsI

36. Fernando Luiz Rosa, Fernandinho, atleta da Seleção 44. Anderson Vital da Silva, Dedé, atleta do Cruzeiro Brasileira Esporte Clube Globo Esporte: http://ow.ly/bmLy30puFqy ESPN: http://ow.ly/FNq930puFXn Uol: http://ow.ly/xyZo30puFrd Yahoo: http://ow.ly/nPA730puFYh Folha: http://ow.ly/8AoL30puFrB Extra: http://ow.ly/un5T30puFrI Gazeta Esportiva: http://ow.ly/przk30puFrN 2. INCIDENTES LGBTfobia

37. Lucas Ribeiro, do Esporte Clube Vitória » Estádios Metro1: http://ow.ly/dL2E30puFNy Correio: http://ow.ly/e5b330puFPm 45. Torcida xavante organiza excursão e chama rival de “Gaymio”

76 GaúchaZH: http://ow.ly/8tE230puHoT 52. Juninho Pernambucano, comentarista da Globo Tv Foco: http://ow.ly/FXFD30puLy9 46. Caso: Torcida do Atlético entoa cânticos homofóbicos O Tempo: http://ow.ly/HqH930puHqN 53. Os jogadores Elyeser e Léo Sena, do Goiás, criticam Uol: http://ow.ly/zIFV30puHrr nordestinos Globo Esporte: http://ow.ly/iAst30puHsh Sagres: http://ow.ly/av3s30puLyS STJD: http://ow.ly/nQDt30puHt3 Futebol Interior: http://ow.ly/ZvRq30puLyY O Tempo: http://ow.ly/ZW8x30puHtl Futebol Interior: http://ow.ly/wHNR30puLzd

47. Caso: Vagner, goleiro do 54. Torcedores do Club Athletico Paranaense Futebol Interior: http://ow.ly/XzgB30puHIW Bahia Notícias: http://ow.ly/BxwV30puLzo Sagres: http://ow.ly/QYHL30puHJc Gazeta do Povo: http://ow.ly/Jxp030puLzA

» Internet » Outros Espaços

48. Maycon Vinicius Ferreira da Cruz - Nikão, Atlético 55. Ángel Romero, atleta do Corinthians Paranaense Gazeta Esportiva: http://ow.ly/T5Uw30puLzW O Dia: http://ow.ly/qlvI30puHMA Terra: http://ow.ly/V4f430puLA1 Bem paraná: http://ow.ly/zIqz30puHMZ R7: http://ow.ly/7uB130puLAh Lado A: http://ow.ly/ZDYf30puHNv Lado A: http://ow.ly/QIYU30puHOb 4. INCIDENTES MACHISTAS

3. INCIDENTES XENOFÓBICOS » Estádios

» Estádios 56. Renata de Medeiros, jornalista da Rádio Gaúcha Globo Esporte: http://ow.ly/9zLr30puLB3 49. Caso: Rômulo Otero, do Clube Atlético Mineiro Revista Fórum: http://ow.ly/Ztjg30puLBh O Tempo: http://ow.ly/3Hvy30puI1J Uol: http://ow.ly/RRkA30puLBl Torcedores.com: http://ow.ly/tVoI30puI1Q Uol: http://ow.ly/tFoI30puLBp Super Esportes: http://ow.ly/5r6830puI23 O Dia: http://ow.ly/PAOw30puLBu

50. Caso: Jogadores do Ferroviário Atlético Clube 57. Torcedoras Gremistas – Grêmio Foot-Ball Porto Ale- Correio do Povo: http://ow.ly/KMhb30puLtz grense Globo Esporte: http://ow.ly/lCX530puLtI GaúchaZH: http://ow.ly/iU2o30puLBM Nota São José: http://ow.ly/TpOO30puLx5 Revista Fórum: http://ow.ly/SdLr30puLBS

» Internet 58. Bruna Dealtry, repórter do Esporte Interativo Torcedores.com: http://ow.ly/61xd30puLCG 51. André Gallindo, repórter da Rede Globo Comunique-se: http://ow.ly/V8uE30puLCO Extra: http://ow.ly/fOBx30puLxz Bol: http://ow.ly/Ladt30puLD6 Diário de Pernambuco: http://ow.ly/LJHJ30puLxD 59. Kelly Costa, repórter da RBS Tv

77 Torcedores.com: http://ow.ly/H1xP30puM4E LeiaJa: http://ow.ly/w89030puMgq Uol: http://ow.ly/dT7f30puM4L Uol: http://ow.ly/GC7W30puMgx Observatório da Tv: http://ow.ly/QKQs30puMgC 60. Bianca Machado, assessora de comunicação do Ope- rário Ferroviário 68. Eduarda Streb, jornalista Tribuna: http://ow.ly/ws4330puM5k Portal Imprensa: http://ow.ly/yU7930puMgP Najuá: http://ow.ly/59WP30puM5u Esporte e Mídia: http://ow.ly/rgVs30puMgT Elos: http://ow.ly/gdBZ30puM68 Uol: http://ow.ly/jCy230puMh3

61. Sarah Borborema, assessora do Club de Regatas Vasco 69. Torcedora da Sociedade Esportiva Palmeiras da Gama O Dia: http://ow.ly/XKfp30puMhj Globo Esporte: http://ow.ly/tPFT30puM7A #Fera: http://ow.ly/QzSn30puMhp Uol: http://ow.ly/w0qh30puM8r G1: http://ow.ly/FR3430puMhw

62. Mari Rios, repórter da Vozão Tv – Ceará Sporting Club 70. Gabriela Ribeiro, repórter da Globo Globo Esporte: http://ow.ly/6CeD30puM9u Torcedores.com: http://ow.ly/I7jS30puMhE O Povo: http://ow.ly/17rz30puMa0 O Dia: http://ow.ly/UqX830puMhH Fenaj: http://ow.ly/FLjZ30puMa3 71. Karina Rezende, ex-funcionária da Mina Arenas (Mi- 63. Torcedora gremista - Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense neirão) GaúchaZH: http://ow.ly/hp1U30puMaN G1: http://ow.ly/o6wW30puMhR Correio do Povo: http://ow.ly/LPDB30puMaY Super Esportes: http://ow.ly/Y1mk30puMhW Uol: http://ow.ly/dqNm30puMb8

64. Márcia Bezerra Lopes Caetano, assistente arbitragem 5. OUTROS ESPORTES (bandeirinha) STJD: http://ow.ly/wPhY30puMbm » Jogos Eletrônicos Globo Esporte: http://ow.ly/BcEC30puMbr 72. Equipe brasileira de Counter-Strike - Global Offensive 65. Pâmela Joras, árbitra (CS:GO) FFB: http://ow.ly/IndB30puMcO SporTv: http://ow.ly/yVf930puMiJ Facebook Pamela: http://ow.ly/D9mV30puMd1 Mais Esports: http://ow.ly/Ceaa30puMiQ Diário: http://ow.ly/mEVt30puMdF 73. Daniele “Cherna”, ciberatleta » Internet Torcedores.com: http://ow.ly/xG0A30puMja Versus: http://ow.ly/othX30puMjf 66. Bibiana Bolson, jornalista da ESPN SporTv: http://ow.ly/HJJG30puMjp Uol: http://ow.ly/4Rgf30puMeU Observatório de Games: http://ow.ly/aixF30puMjv

» Outros Espaços 74. Jefferson Luis de Souza Santana R7: http://ow.ly/wjV130puMjL 67. Karol Barbosa, musa do Goiás Uol: http://ow.ly/bCeN30puMgo » Jogos Universitários

78 75. Jogadora do time da Universidade Federal Fluminense 78. Esquiva Falcão, boxeador (UFF) Globo Esporte: http://ow.ly/rndr30puMlz G1: http://ow.ly/73e230puMka Gazeta on Line: http://ow.ly/WtJa30puMmr Tribuna de Petrópolis: http://ow.ly/CTSf30puMkf » Basquete 76. Atletas negros O Dia: http://ow.ly/tbbv30puMkI 79. Rogério Gomes Martins, treinador da Atlética da Extra: http://ow.ly/KIcO30puMkR Unicid G1: http://ow.ly/Tg5V30puMkX Globo Esporte: http://ow.ly/Xk0T30puMnl Veja: http://ow.ly/2roy30puMl2 Olá Bahia: http://ow.ly/PGTQ30puMno

» Judô » Handebol

77. Rafaela Silva, judoca 80. Gilvana Mendes Nogueira, atleta da Unip/São Ber- EL País: http://ow.ly/bjEc30puMlk nardo Extra: http://ow.ly/E53A30puMll Globo Esporte: http://ow.ly/dNt130puMoU Torcedores.com: http://ow.ly/osPS30puMqK » Boxe

79 Ocorrências no Exterior

» Estádios 85. Guilherme Alvim Marinato, atleta do Lokomotiv 81. Iury Lírio Freitas de Castilhos, atleta do Zorya da Yahoo: http://ow.ly/NugJ30puMy6 Ucrânia ESPN: http://ow.ly/lY2330puMwJ 86. Sergio Henrique Francisco – Serginho, do Jorge Wils- Globo Esporte: http://ow.ly/MsRr30puMwP termann Uol: http://ow.ly/qxY830puMym 82. Victor Vinícius Coelho dos Santos, Vitinho, atleta do Gol: http://ow.ly/gsmw30puMyu Lokomotiv Moscou FlamengoRJ: http://ow.ly/1UYj30puMwV » Internet Yahoo: http://ow.ly/n06630puMx6 Interfax: http://ow.ly/Nx9W30puMxc 87. Luiz Adriano, Pedro Rocha e Fernando, atletas do Spartk Moscou 83. Amarildo de Jesus Santos, atleta do Club Destroyers Globo Esporte: http://ow.ly/jXy430puMyJ Globo Esporte: http://ow.ly/lkhC30puMxy Uol: http://ow.ly/ay6030puMAa FutebolYA: http://ow.ly/gmrq30puMxC Super Esportes: http://ow.ly/NVi530puMBK

84. Douglas Costas de Souza, da Juventus 88. Douglas Costas de Souza, da Juventus ESPN: http://ow.ly/dhC230puMxM iG: http://ow.ly/br7s30puMEj Uol: http://ow.ly/tkMG30puMxT neXt: http://ow.ly/LNBe30puMEt ESPN: http://ow.ly/psCM30puMxU

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