Gem E Objetos De Aprendizagem Especializados Para a Educação Musical
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Revista Brasileira de Informática na Educação, Volume 23, Número 2, 2015 Plataforma Mignone: Ambiente Virtual de Aprendiza- gem e Objetos de Aprendizagem Especializados para a Educação Musical Mignone Platform: Virtual Learning Environment and Learning Objects Specialized for Music Education Fernando Pinhati Sean W. M. Siqueira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) (UNIRIO) [email protected] [email protected] Resumo Atualmente, há uma demanda por recursos multimídia e sociais de forma integrada em ambien- tes de aprendizagem, o que é uma necessidade ainda maior na Educação Musical. Neste artigo descrevemos as particularidades da Educação Musical e apresentamos a Plataforma Mignone. Esta plataforma é constituída por uma arquitetura formal para o desenvolvimento de ambientes virtuais e de um modelo para criação facilitada de objetos (e atividades) de aprendizagem, am- bos especializados para a área da música. Aqui detalhamos as diretrizes que guiam a constru- ção do ambiente, bem como apresentamos mais detalhes do estudo de caso que foi realizado com 27 alunos do ensino médio de uma escola pública no Rio de Janeiro. A partir de análises quantitativas e qualitativas, foi possível concluir que o oferecimento de recursos multimídia e sociais, estimulados pelo uso da Plataforma Mignone como guia tanto na construção do ambi- ente quanto na dos objetos de aprendizagem, influenciam indiretamente na aceitação de ambi- entes virtuais de aprendizagem para Educação Musical pelos alunos. Palavras-Chave: Educação Musical, Modelo C(L)A(S)P, UTAUT, Aceitação de Tecnologias, Ambientes de Aprendizagem, Redes Sociais Abstract Nowadays, there is a great demand for multimedia and social resources in an integrated way in learning environments, which is a still bigger need for Music Education. In this scientific article we describe the particularities of Music Education and present the Mignone Platform. This plat- form is composed of a formal architecture for supporting the development of virtual learning environments and a model that makes easier the creation of learning objects (and activities), both the architecture and the model are specialized for the Music knowledge area. Here we de- tail the guidelines that guide the construction of the environment and we also present more de- tails on the case study that was performed with 27 students from a public high school at Rio de Janeiro, which used a prototype to perform the learning activities that were built according to the Mignone Platform. The aim of the case study was to verify the students’ acceptance of the Mignone Platform. From quantitative and qualitative analysis, it was possible to notice that the use of social and multimedia resources, stimulated by the use of the Mignone Platform, has an indirect influence on the students’ acceptance of virtual learning environments for Music Edu- cation. Keywords: Music Education, C(L)A(S)P Model, UTAUT, Technology Acceptance, Learning Environments, Social Networks DOI: 10.5753/RBIE.2015.23.02.1 Pinhati, F.; Siqueira, S. W. M. RBIE V.23 N.2 – 2015 1 Introdução A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional der com que tecnologias gostariam de trabalhar em seus (LDB) por meio da Lei 11.769/08 tornou obrigatória, a estudos [30]. A maioria dos alunos indicou recursos rela- contar 3 anos a partir da data da sua publicação, a inclu- cionados a vídeo, videoconferência, gravação de som, são de atividades de Educação Musical no ensino funda- edição de som e de partituras, além de funcionalidades de mental e médio de escolas públicas e privadas do país. O integração com redes sociais, essa última indicando o estudo de tecnologias no apoio à realização de atividades interesse de conectar seus estudos com sua identidade de Educação Musical torna-se ainda mais relevante neste digital. contexto, devido ao grande número de estudantes de ensi- Mas apenas o oferecimento de recursos multimídia e no fundamental e médio existentes no país, cera de sociais não resolve o problema [2]. É necessário que os 40.000.000 de crianças e adolescentes [42], devido à es- recursos sejam estruturados de uma forma mais próxima cassez de professores licenciados especificamente em ao domínio de estudos, possibilitando uma utilização faci- música (em 2006, eram apenas 13,2% do total que atua- litada por professores conteudistas na elaboração das au- vam com educação musical) [17] e também à existência las e, consequentemente, afetando no aprendizado dos de poucos trabalhos nessa área [2]. alunos. Além disso, é preciso pensar no reuso dos materi- O que se vê constantemente em tecnologias que apoi- ais educacionais produzidos, já que, por serem multimí- am a Educação Musical é a utilização de recursos com dia, são mais difíceis e mais custosos de construir [15]. E predominância de texto [26] ou de material didático de por último, é necessário pensar na integração dos recursos pouca qualidade, construídos com uso de sons de baixa sonoros entre si, para que a execução deles pelos alunos fidelidade e muitas vezes não correspondentes aos concei- não seja prejudicada pela sobreposição indevida de sons, tos de Educação Musical abordados [22], o que pode pre- e também na integração das funcionalidades oferecidas judicar a aprendizagem do aluno e desestimulá-lo [26]. com plataformas já existentes e conhecidas pelos alunos, Uma das razões para essa predominância está na grande como a rede social Facebook, por exemplo. complexidade envolvida na criação de recursos educacio- Assim, foi definida como hipótese desta pesquisa: SE nais para a área musical, pois necessitam integrar o pro- recursos educacionais sonoros e sociais forem disponibi- cessamento de áudio, elementos teóricos, recursos cola- lizados em um ambiente de aprendizagem que proporcio- borativos e vários outros componentes específicos [15], e, ne a estruturação, reuso e integração deles, ENTÃO tais por isso, exigem soluções difíceis e muitas vezes inova- recursos influenciarão positivamente a Intenção de Uso doras. do ambiente pelos alunos. Outro problema é a baixa exploração de recursos só- O conceito de Intenção de Uso citado é derivado de cio-colaborativos, possível consequência da falta de estu- Intenção Comportamental de Uso. A Intenção Compor- dos empíricos focados no uso do computador como um tamental é definida como a probabilidade subjetiva de elemento de suporte para um melhor aprendizado no do- uma pessoa apresentar algum tipo de comportamento mínio musical, através do seu uso no reforço de estraté- [14]. gias de colaboração [28], como, por exemplo, sobre o uso de redes sociais e suas consequências. Para possibilitar que recursos educacionais sonoros e sociais fossem disponibilizados em um ambiente de Em contraste com este contexto, observa-se o surgi- aprendizagem que proporcione a estruturação, reuso e mento de uma população grande de indivíduos que apre- integração deles, foi necessário propor um modelo para sentam características de Residentes digitais, constituída construção de objetos de aprendizagem (OA), baseado no por aqueles que usam a Web com naturalidade no seu dia Modelo 3C [16] e no Modelo C(L)A(S)P [37], e por um a dia, veem este espaço como um lugar que contém ami- Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que facilita o gos e colegas onde podem compartilhar informações so- uso e reuso destes objetos, além de permitir a integração bre vida pessoal, estudos e trabalho e onde projetam e entre eles e com plataformas externas. Estes dois compo- mantêm constantemente sua identidade digital [43]. nentes, o modelo e o AVA propostos, formam a Plata- Um estudo realizado [36] com 30.616 estudantes uni- forma Mignone. versitários dos Estados Unidos, constatou que 90,3% dos Este artigo é uma extensão de [31], provendo mais de- alunos dedicam tempo diariamente na utilização de redes talhes das diretrizes que guiaram a construção do AVA sociais, característica comum na população de Residen- com recursos musicais, colaborativos, especializados para tes. Outro exemplo pode ser visto nas respostas a um a execução de atividades de Educação Musical. Também questionário entregue a 24 alunos do curso de Licenciatu- apresentamos mais detalhes do estudo de caso realizado ra e Bacharelado em Música da UNIRIO, a fim de enten- que permitiu a análise da influência positiva da intenção 2 Pinhati, F.; Siqueira, S. W. M. Plataforma Mignone: Ambiente Virtual de Aprendizagem e Objetos de Aprendizagem Especializados para a Educação Musical de uso do ambiente pelos alunos. atividades com ênfase na colaboração podem produzir excelentes resultados. Na seção 2, o modelo teórico é apresentado, descre- vendo-se o contexto de aprendizagem colaborativa para Entre vários modelos de colaboração para uso em am- Educação Musical, o Modelo 3C (um dos pilares do mo- bientes computacionais existentes, é possível citar o Mo- delo proposto para apoiar a criação dos objetos de apren- delo 3C [16], que foi utilizado neste trabalho. Sua escolha dizagem), além de particularidades da Educação musical, se deu pelo fato de apresentar uma visão simplificada dos como a cognição musical e a teoria de Serafine, além do elementos da colaboração e também por ser muito utili- modelo C(L)A(S)P (este último representa o segundo zado na área da Aprendizagem Colaborativa com Suporte pilar do modelo proposto por esta pesquisa). A Platafor- Computacional (CSCL). ma Mignone é apresentada na seção 3, que descreve o O Modelo 3C [16] é inspirado no trabalho de mesmo modelo proposto, chamado 3C-C(L)A(S)P, além da Ar- nome de Ellis et al. [10], porém com algumas alterações. quitetura Mignone. Ainda na seção 3, apresentamos a Segundo o modelo, a construção da colaboração se dá arquitetura física do AVA que foi desenvolvido, descre- através da conjugação de atividades de Comunicação, vendo as tecnologias utilizadas. O estudo de caso é des- Coordenação e de Cooperação. A Comunicação é reali- crito na seção 4 e a análise sobre a intenção de uso do zada através da troca de mensagens entre os envolvidos AVA e dos objetos 3C-C(L)A(S)P é apresentada na seção em uma atividade colaborativa.