FUTEBOL FEMININO PARAENSE: um estudo no Pinheirense Esporte Clube, em Icoaraci/Belém-PA

Letícia de Jesus Lima Aluna Concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Rhuan Monteiro Rodrigues Aluno Concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Emerson Duarte Monte Professor Orientador do CEDF/UEPA [email protected]

Resumo: O futebol é uma realidade mundial, sendo considerada no Brasil, a alegria do povo. Porém, este sempre foi um universo masculinizado, com enfoque principal nas equipes de futebol masculinas. Diante desta situação, a inquietude de não se ter notícias, na mesma proporção, sobre o desenvolvimento feminino neste esporte, fez com que o presente trabalho fosse idealizado e desenvolvido com o objetivo de evidenciar as dificuldades apresentadas na pratica do futebol feminino local. E, para tanto, foi realizado o estudo de caso que se deu dentro da rotina do Pinheirense Esporte Clube. É importante ressaltar que este é o único clube paraense a possuir equipe feminina de futebol que disputou todas as edições do campeonato brasileiro, sem dispor de torcida, reconhecimento popular, investimentos necessários, dentre outros que vamos perceber ao longo deste escrito. No intuito de dar mais ênfase as faces da desigualdade e ao pouco investimento no futebol feminino profissional, optou- se pelo estudo de caso, buscando dar maior veracidade as informações aqui prestadas. E, ao serem analisadas as bibliografias a respeito da temática em conjunto com as informações obtidas por intermédios dos questionários aplicados às atletas do referido clube, tornou-se evidente as diferenças existentes neste meio. Por fim, este trabalho elucida algumas dificuldades enfrentadas por atletas para a profissionalização do Futebol Feminino no Pará, bem como demonstra a visão que as praticantes desta modalidade possuem a respeito da situação do futebol feminino e da falta de visibilidade dentro deste meio que sempre teve um domínio masculino. Palavras-Chave: Futebol Feminino. Dificuldades. Valorização. Atletas.

INTRODUÇÃO

Este texto aborda uma face do futebol, assunto tão popular no mundo inteiro, que elevou o Brasil, por décadas, ao título de “País do Futebol” com reconhecimento vinculado por meio das mídias de telecomunicações. Não se pode deixar de destacar que todo esse envolvimento com o futebol, fez com que ele se tornasse a “paixão nacional”, e conquistou uma popularidade imensurável em todo o país, traçando gloriosa trajetória desde a sua fundação, conforme preleciona Chaves (2010, p. 19):

Foi em meio a este período conturbado em 1914, que a Seleção Brasileira de Futebol foi criada e iniciou sua caminhada de conquistas e glórias. Hoje, após 96 anos, é a seleção com o maior número de 2

conquistas em Copas do Mundo, cinco títulos. Também é a única seleção a participar de todas as edições desta competição, que é o maior evento do futebol internacional.

Entretanto, têm-se algumas faces do futebol brasileiro que quase não são mostradas. Quando mencionado esse esporte, se tem em mente, recorrentemente, as competições e vitórias de seleções e clubes com equipes masculinas, haja vista que a imprensa - a mídia como um todo - o cenário social, as questões culturais, sempre deixam de lado a potencial feminino no que tange este esporte, de modo que a vinculação dessas notícias superficiais e raras, sem que seus feitos sejam realmente relatados e valorizados, torna-se frequente. Diante deste cenário, e com o passar do tempo, esta situação passa a causar inquietudes que servem como base para a problematização do presente objeto de pesquisa que, nesta pesquisa, está expresso da seguinte forma: Quais as problemáticas em torno da profissionalização do Futebol Feminino no Pará a partir da visão das atletas do Pinheirense Esporte Clube (PEC)? A aproximação com esta modalidade esportiva e, particularmente, com a participação em alguns campeonatos similares, despertou o interesse em investigar, diante das poucas notícias a respeito do assunto, a realidade vivenciada nas competições femininas. Logo, o despertar desta pesquisa, ganhou força em agosto de 2016, durante as Olimpíadas realizadas no Rio de Janeiro, período em que a Seleção Brasileira Feminina de Futebol ganhou destaque e popularidade, nunca vislumbrados anteriormente, arrebatando milhares de pessoas aos Estádios em função do futebol feminino. O que, por consequência, acabou aumentando o reconhecimento dessa modalidade, bem como passou a despertar outros questionamentos sobre investimentos e apoio às competições e formações de equipes femininas em clubes, tanto de renome, quanto menos reconhecidos. As questões a respeito do futebol feminino são muitas, e necessitam de um olhar diferenciado para que se possa alcançar todo o potencial disponível no país. Como reforça Formiga - meio-campo da Seleção Brasileira - em entrevista concedida ao Globo Esporte após a Seleção perder a medalha de Bronze nas Olimpíadas do Rio de Janeiro: Precisamos ter futebol feminino nas escolas, nos clubes grandes. O Brasil inteiro tem de abrir as portas para o futebol feminino, há muitos talentos, mas infelizmente muitos são desperdiçados ou vão embora cedo por não ter oportunidade aqui. (ZITO; FABER, 2016, s/p).

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Sob o aspecto social, este trabalho busca a valorização do futebol em sua modalidade feminina, que cresce anualmente, porém não alcança a mesma proporção da modalidade masculina, em relação aos investimentos, ao reconhecimento, e a divulgação por meio das mídias. Assim, mostrar a realidade e as dificuldades do dia a dia das atletas que lutam para a maior valorização das competições femininas, faz-se imprescindível. Academicamente, é uma necessidade se ter dados e informações do porque tais modalidades esportivas não estão no mesmo patamar de reconhecimento, tendo em vista que o futebol é um esporte popular e de livre acesso por todos. E, revelar como a sociedade contemporânea está traçando ideias, comportamentos e pensamentos, facilitará futuramente o entendimento de como essas decisões comprometem atletas em formação, e o trabalho de professores de Educação Física nas escolas, e demais estabelecimentos. Na busca de maiores informações sobre a profissionalização do futebol feminino no Estado do Pará, fez-se um levantamento - em artigos, teses, dissertações, sites da federação e confederação - a respeito das equipes presentes na capital paraense e arredores, para que o embasamento teórico fosse contundente. Ressalta-se que os times com maior expressão, torcida e estrutura da capital - e Paysandu Sport Clube - não possuem equipes de futebol feminino em competições nacionais, o que reforça ainda mais a necessidades deste estudo. Após analisar os documentos e rankings divulgados pela Confederação Brasileira de Futebol dos últimos anos, vislumbrou-se a brilhante trajetória do Pinheirense Esporte Clube (PEC), com sede no Distrito de Icoaraci (vinculado à capital paraense), o qual luta para estar na elite dos clubes profissional masculino paraense e tem maior expressão nas competições femininas. O PEC é único time do estado a participar de todas as edições do campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, o qual ocorre desde 2013. Desde o início, o clube participa da série A2 do Campeonato Brasileiro, organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Por esses motivos o presente trabalho tem como objetivo principal, identificar as principais dificuldades enfrentadas pelas atletas do PEC para se manter na carreira profissional e conquistar reconhecimento no esporte em um clube de pouca

4 visibilidade na capital paraense. A metodologia foi desenvolvida na forma de estudo de caso, que possui como lócus o Pinheirense Esporte Clube, pelas características distintas apresentadas pelo time, com grande destaque nacional, contudo oriundo de um clube pequeno de futebol e o único da região Norte que se manteve em todas as edições do Campeonato Brasileiro. O Pinheirense tem sede social e campestre no distrito de Icoaraci e foi fundado em 8 de dezembro de 1925. Conforme Chizzotti (2008), o estudo de caso é uma forma de coletar e registrar dados de um caso particular, tendo como finalidade tomar decisões ou propor uma ação transformadora para o referido caso. Ressalta-se que o caso em questão constitui uma unidade significativa do todo, que pode passar a ser utilizada com referência de complexas situações socioculturais de determinado fato, assim como revela a multiplicidade dos aspectos. A pesquisa se configura como de tipo qualitativa, que se expressão como a opção metodológica encontrada para melhor tratar as questões norteadoras deste trabalho, pois ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de estudos dos fenômenos que envolvem os seres humanos em suas relações sociais em diferentes ambientes. Segundo esta perspectiva, um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual faz parte, de modo que a sua realização seja no local em que as atividades se desenvolvem, a fim de garantir a captura real do referido fenômeno em estudo, a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas. (GODOY, 1995) A coleta de dados foi realizada por meio de roteiro de entrevista com perguntas semiestruturadas, buscando caracterizar a visão das atletas sobre a profissionalização do futebol feminino paraense, as dificuldades enfrentadas na rotina do Clube e as perspectivas para o futuro, o que permitiu certa interação, verbal ou gestual, entre os pesquisadores e as pesquisadas, o que para Ludke e André (2003) ocorre, principalmente, quando se trata de entrevista semiestruturada, permitindo que esta seja flexível ao decorrer do processo, enriquecendo a coleta dos dados desejados. As entrevistas foram aplicadas em abril de 2017, com cinco atletas selecionadas aleatoriamente, de acordo com a disponibilidade para responder as perguntas, haja vista que no período em que foi realizada a pesquisa o time estava em processo de finalização da preparação para a disputa do Campeonato Brasileiro de Futebol

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Feminino na série A2. Por fim, os dados obtidos com os referidos questionários foram analisados de forma qualitativa, por se entender que seria necessário o exame indutivo para que a validação dos dados se desse de forma fiel ao cotidiano dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Sendo a análise qualitativa a forma ideal na busca da compreensão dos significados nas respostas desses sujeitos, interligados pelo contexto que estão inseridos e delimitada pela abordagem conceitual do pesquisador como assegura Alves e Silva (1992).

1 O SURGIMENTO DO FUTEBOL NO MUNDO

Há muitas dúvidas quanto à origem do futebol no mundo. Historiadores do futebol relatam o surgimento de práticas corporais utilizando a bola em algumas culturas ao redor do mundo. Sendo tais relatos considerados imprescindíveis para demonstrar o grande interesse que essa prática aflorou em sociedades distintas ao longo da história da humanidade. (VOSER; GUIMARÃES; RIBEIRO, 2010) A priori, as atividades desempenhadas com uso da bola não receberam a nomenclatura de futebol, haja vista que não possuíam todas as regras e características que este esporte possui atualmente. Assim, ao esclarecer a origem dessa prática esportiva, vislumbram-se relatos do surgimento do esporte em países asiáticos por volta do ano 2600 a 2500 a.C. (MARINHO, 2016) Na China antiga, essa atividade era realizada como treinamento militar, porém findadas as batalhas, com poucas possibilidades de distração diante dos quadros de guerra, os soldados chineses passavam a se distrair chutando, uns aos outros, os crânios de seus adversários como se bolas fossem. Com o passar do tempo, os crânios foram substituídas por bolas de couro preenchidas com cabelo ou crina de cavalo, ficando mantida a formação de duas equipes – com oito integrantes cada – objetivando passar a referida bola de pé em pé – sem deixar cair no chão – até que esta ultrapassasse as duas estacas fincadas no chão, ligadas por um fio de seda. (MARINHO, 2016) Tal prática foi denominada por Tsu-Chu (ts'uh Kúh), em que Tsu significa “lançar com o pé” e Chu é a expressão usada para “bola de couro”, foi impulsionada no período do imperador Huang-ti, também conhecido como Imperadora Amarelo. Essa

6 prática, praticada na China por longos períodos, também foi denominada por Cuju. (TIMM, 2017) Por influência do Cuju, no Japão antigo foi criado um jogo denominado Kemari conforme Leal (2001). Originariamente o jogo possuiu caráter cerimonial, denominado Tokimari, que objetivava a garantia de prosperidade (MARINHO, 2016). Após a cerimônia, o jogo iniciava, e consistia no transpor uma bola de um indivíduo para o outro, utilizando os pés, e o objetivo era não deixar a bola cair ao chão. Os jogadores se organizavam em círculos e, dessa forma, mantinham a prática, sem objetivar auferir pontos. Essa prática era realizada no Tribunal Imperial de Yamato, ao longo do século VI d.C. (WITZIG, 2006) Essa realidade foi vislumbrada frequentemente, e com o passar do tempo os aspectos sociais e culturais da civilização oriental foram levados para o Oriente Médio por intermédio das guerras, e dentre eles os jogos, segundo informa Leal (2001). Ainda tentando definir a origem dessa prática esportiva, vislumbra-se, no ocidente, por volta do século I a.C., na Grécia, o surgimento do Episkiros, jogo com características similares aos demais. Tendo diferenças pontuais no que diz respeito ao número de integrantes, tamanho dos espaços onde esses jogos eram praticados e integrantes. (MARINHO, 2016) Com a conquista dos romanos sobre a Grécia, essa atividade passou a ter uma conexão mais violenta do que de costume, tendo uma nova nomenclatura para identificar o referido jogo. Assim, nasce o Harpastum, derivado do latim e tem por significado "lágrima" ou "rasgado a força", o que sugestiona um jogo praticado cuja violência se faz presente (LEAL 2001; WITZIG, 2006). Tal jogo já apresentara a divisão do campo a partir das funções que os jogadores assumiam, que eram: astati, veliti, principi e triari, que significava: atacantes, meio-campistas, defensores e goleiros, respectivamente. (MARINHO, 2016) Durante a idade média surgiu uma nova versão para esse jogo. Na França, foi denominado por Soule. Nesta versão, 27 jogadores compunham funções distintas no jogo, dentre elas: corredores, atacantes, sacadores e defensores. A violência presente no Harpastum foi mantida, realizado com uma bola de madeira ou de couro, o objetivo do jogo era levar a bola até o vilarejo oposto ao do seu início. (WITZIG, 2006) Na cidade italiana de Florença, ainda na Idade média, derivado do Soule, surgiu o Gioco-del-calcio, ou Calcio-Fiorentino, ou simplesmente Calcio, praticado em praças

7 públicas que possuíssem dois portes paralelos em suas extremidades, já que a finalidade do jogo era fazer com que a bola ultrapassasse o limite estabelecido pelos referidos postes. O jogo tem origem em 1410, com equipes de 27 jogadores e que permitia o uso das mãos para manusear a bola. Assim, ainda na Itália, em 1529, foram reconhecidos os primeiros enfrentamentos entre equipes italianas, num contexto dominado por facções políticas de aristocráticos. Por volta do século XVII, o “Gioco-de-Calcio” migrou para a Inglaterra, onde sofreu mais alterações, organizando-se e sofrendo sistematizações. (MARINHO, 2016) A partir da reestruturação sofrida pelo “Gioco-de-Calcio” os campos passaram a ter medidas específicas (120 por 180 metros), e em suas extremidades foram instalados arcos retangulares denominados “gol”, onde a bola de couro e inflada com ar deveria ser arremessada, o que permitiu que o futebol fosse incorporado de acordo com a realidade dos estudantes e filhos da nobreza inglesa, popularizando ainda mais essa prática esportiva. (MARINHO, 2016) Em 1848, diante de uma realidade ainda não unificada do futebol, alunos das escolas de Eton, Harrow, Rugby, Shrewsbury e Winchester, reuniram-se em conferência na Universidade de Cambridge para estabelecer o primeiro código de regras do Football, para que este fosse praticado de forma isonômica por todas as equipes escolares. E, passados quinze anos daquela primeira reunião, foi criada a Federação Inglesa de Futebol (English Football Association), que instituiu um código de 14 regras oficiais. (WITZIG, 2006; MARINHO, 2016) Oriunda da autonomia da vontade de ingleses, irlandeses, escoceses e galeses, em 1883, foi fundada a International Football Association Board (IFAB)1, que tinha por finalidade a unificação das regras do futebol, já que até então, estas eram distintas mundialmente. Depois de especificado o regramento futebolístico, em 1888, foi fundado a English Football League (EFL) objetivando organizar torneios e campeonatos internacionais. Em 1904, especificamente no dia 21 de maio daquele ano, durante uma reunião entre as delegações da Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Espanha, Suécia e Suíça ocorrida em Paris, foi fundada a Federation Internationale Football Association

1 Entidade responsável por estabelecer e mudar as regras do futebol, quando necessário.

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(FIFA), órgão oficial que deu origem aos primeiros estatutos universais das regras do futebol, elucidando aos praticantes deste esporte os regramentos a serem seguidos para que as partidas de futebol se tornassem justas e claras para todos. (MARINHO, 2016) A FIFA trouxe, para o esporte aqui discutido, possibilidades de desenvolvimento superiores aos almejados em sua fundação. Atualmente, esta é a responsável pelo maior evento do futebol internacional, a Copa do Mundo de seleções, que ocorre num espaço de tempo de quatro em quatro anos, mobilizando nações inteiras, e fazendo com que a economia dos países sede, bem como a do restante do mundo, gire em torno deste espetáculo popularmente vivenciado com alegria e adoração. (FIFA, 2017)

2 A CHEGADA DO FUTEBOL AO BRASIL

Assim como a origem do futebol no mundo, que ainda não estão bem delimitadas, conforme Leal (2001), as dúvidas quanto o surgimento do futebol no Brasil não são diferentes. Em 1746, surgiram os primeiros relatos de uma prática denominada “Jogo da Bola”. Esta era originalmente praticada na cidade de São Paulo, e segundo Leal (2001), a referida prática esportiva foi criminalizadas por meio de Lei Municipal, com a justificativa de que causava desordem e agrupamentos de vadios2. (MALHANO; MALHANO, 2002, p. 21) Charles Miller, brasileiro, nascido em 1874 na zona leste de São Paulo, filho de pai inglês e mãe brasileira, que teve parte dos seus estudos cursados fora do país, foi quem efetivamente trouxe o futebol para o Brasil em 1894 ao retornar para o seu estado de origem. Além de acesso, Miller passou a praticar essa atividade física denominada Football enquanto estudava na Inglaterra. Assim, aos vinte anos de idade, ao retornar ao Brasil, trouxe consigo além de duas primeiras bolas de football, uniformes e chuteiras. Assim, Miller passou a dissipar informações a respeito do futebol e suas regras. E, em 14 de abril de 1895, no São Paulo Athletic Club3, o estado

2 Significa aquele que não possui ocupação; quem não trabalha regularmente; quem faz algo sem empenho ou dedicação, e durante o período dos relatos tal conduta era considerada crime, com pena de prisão em flagrante. 3 São Paulo Athletic Club foi fundado em 1888, e era frequentado por alguns ingleses que costumavam acompanhar Criquete (criket), um desporto que utiliza bola e tacos, cuja origem remonta ao sul da Inglaterra.

9 de São Paulo teve a oportunidade de sediar a primeira partida de futebol no Brasil. Como de conhecimento de todos, o Brasil é formado por várias colônias imigrantes, e em 1897 o futebol no Brasil, por intermédio de Hans Nobiling - imigrante alemão - teve reforço em sua implementação com a formação do Nobiling team. E, dando seguimento à história deste esporte, em 1899 o time de alemães S.C. Germânia originou S.C. Internacional de Porto Alegre. Leal (2001) afirma que o primeiro clube de Futebol no Brasil foi a Associação Atlética Mackenzie, fundada em 1898, que conseguiu difundir entre pessoas de classe social elevada o esporte de forma rápida. Frisselli e Mantovani, (1999, p. 22) afirmam que o:

Sport Club Rio Grande (Rio Grande, RS) é considerado oficialmente pela Confederação brasileira de Futebol (CBF), o primeiro time a ser fundado especialmente para O futebol, em 24/06/1900, 48 dias depois é fundada a Associação Atlética Ponte Preta (Campinas, SP).

Nessa linha do tempo do futebol, consta, em 1901, a fundação da primeira entidade esportiva brasileira composta por São Paulo Atlhetic, Mackenzie, Sport Club Internacional e Sport Club Germânia; Em 1902, a fundação do Fluminense Football Club no Rio de Janeiro. E, no mesmo ano foi disputado o primeiro campeonato oficial de futebol; Em 1913 o time dos filhos de imigrantes e operários S. C. Corinthians Paulista venceu os times elitizados ao disputar a Liga Paulista; No período de 1923 a 1963, seleções estaduais se enfrentam em campeonatos brasileiros; E, em setembro de 1979, foi criada a Confederação Brasileira de Futebol4 (CBF). Válido ressaltar que desde o início no Brasil o futebol praticado nos clubes eram atividades realizadas esporadicamente e apenas por pessoas com poder aquisitivo elevado que não dispunham de muito tempo para essas atividades, enquanto nas classes economicamente menos favorecidas, essas atividades eram realizadas em vias públicas, quintais, ou qualquer área livre num período de tempo maior, aqueles que o praticavam possuíam tempo suficiente para, além de jogar, desenvolver novos passes e dribles personalizando a forma de jogar do brasileiro.

4 A CBF é considerada o órgão máximo do futebol brasileiro.

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2.1 ORIGEM E HISTÓRICO DO FUTEBOL FEMININO

A presença das mulheres na esfera do futebol se deu, primeiramente, como espectadoras. Pois estas apenas acompanhavam seus companheiros e familiares em campeonatos, jogos amistosos e competições. E, segundo o que relata Gaudêncio (2007), apesar de todo o domínio masculino acerca do futebol, as mulheres sempre transitaram neste universo, e mantinham participação indireta ou direta, seja por acompanharem seus maridos ou familiares, ou por produzirem festivais esportivos. Ainda neste sentido, Goellner (2005) preleciona que a prática esportiva feminina não é uma novidade no século XX. Porém, somente a partir das primeiras décadas deste século é que as mulheres começaram a ganhar um pouco de visibilidade nesse espaço predominantemente masculino. Conforme o que relata Gaudêncio (2007), em 1924, com a popularização do futebol foi possível não somente a participação indireta das mulheres nesse esporte, como se dava anteriormente, pois, com o surgimento de um clube de futebol feminino em Belém-PA, estas começaram a ser atuantes neste meio ainda machista e masculinizado. Como mencionado anteriormente, o futebol feminino começa a ser praticado durante as primeiras décadas do século XX. Entretanto, por força do Decreto-lei nº 3.199 – promulgado em 1941 – essa prática teve uma interrupção drástica, que retardou por aproximadamente 38 anos os avanços na prática das equipes femininas. Conforme Castellani Filho (2008, p. 47):

[...] em 1941, é promulgado o decreto-lei n. 3.199, que até o ano de 1975 estabeleceu as bases de Organização de Desportos em todo o país. E em seu artigo 54, faz referências 19 à prática do esporte pelas mulheres. Preceitua que: “(...) Às mulheres não se permitirá à prática dos esportes incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo para este efeito, o Conselho Nacional dos Desportos baixa as necessárias instruções às entidades desportivas do país (...)”. Ainda em 1941, o general Newton Cavalcanti apresentou ao Conselho Nacional de Desportos algumas instruções que considerava necessárias para a regulamentação da prática dos esportes femininos. Estas serviam de base para a elaboração de um documento que oficializou a interdição das mulheres a algumas práticas esportivas, tais como lutas, o boxe, a prática do futebol, rugby, pólo, water-polo, por constituírem desportos violentos e não adaptáveis ao sexo feminino. Desta forma, o futebol passa a ser uma prática vedada ás mulheres e, estigmatizado pela norma, “desaparece” da cena esportiva feminina brasileira.

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Com mais de três décadas em vigor do Decreto-lei nº 3.199, gerou uma lacuna significativa no desenvolvimento do futebol feminino, retardando não somente o aperfeiçoamento da prática, mas todo o processo de estruturação e profissionalização dessa categoria, que só pode ser vislumbrado a partir de 1979, quando foram revogadas as proibições de práticas esportivas femininas, dentre elas a modalidade acima citada. Apesar da proibição da pratica de futebol por mulheres, no período do Governo de Getúlio Vargas, existem relatos em jornais de circulação e noticiários da época. Segundo Morel e Salles (2006), atividade em jogos realizados no Rio de Janeiro:

[...] a prática do FP5 na praia do Leblon-RJ, que ocorria sempre tarde da noite em função das jogadoras serem empregadas domésticas. As praticantes, por simpatia, denominaram os clubes com os nomes Clube de Regatas do Flamengo e Botafogo Esporte Clube, mas sem vínculos com os tradicionais clubes cariocas. (MOREL; SALLES, 2006, p. 8264).

O futebol, na modalidade feminina, passa a ser estruturado e institucionalizado a partir da década de 1980 com um atraso de quase quatro décadas de evolução. E, particularmente no estado do Pará, em 1983, é realizado o primeiro campeonato estadual de futebol feminino. Assim, mesmo com toda a vitória de ter a tão almejada liberação da prática do futebol por mulheres, ainda são apresentadas inúmeras dificuldades para a fruição deste esporte pelo sexo feminino, haja vista que estas mulheres defendem a prática do futebol tão somente, e não uma modalidade diferenciada desse esporte com regras distintas ao do futebol masculino, segundo entendimento de Magalhães (2008, p. 14- 15): [...] o futebol feminino ganhou algumas regras mais rígidas, entre elas o tempo das partidas são inferiores às do futebol masculino, a bola tem que ser mais leve, o campo deve ser menor. Não era permitido jogar com equipes masculinas, nem jogar profissional, o futebol feminino passa a ser oficializado, mas ainda precisava ganhar regras, iguais a do masculino.

O Esporte Clube Radar, clube desportivo do bairro de Copacabana no Rio de Janeiro, foi um dos destaques do futebol feminino brasileiro na década de 1980. E esse destaque se deu tanto no âmbito nacional, quanto internacional, já que o referido clube chegou a conquistar a World Cup of Spain, em 1982, aumentando de forma

5 Futebol de praia (FP).

12 significativa a visibilidade das equipes femininas de futebol que era quase nula. Tendo por consequência o desenvolvimento de clubes que possuíam times femininos de futebol, e até mesmo o surgimento de novos times desta modalidade. Em 1983, foi realizado o primeiro Campeonato Paraense de Futebol Feminino, com a participação dos seguintes times: Sociedade Beneficente Atlético Club Cruzeiro de Mosqueiro, Olaria Futebol Clube Recreativo, Esporte Clube Providencia, Milionário Esporte Clube, Atlético Cidade Nova, Ponte Preta Esporte Clube, , Águia Futebol Clube, Tuna Luso Brasileira, Tambés, Independente e o Clube do Remo consagrado o primeiro campeão. O campeonato só voltou a ser realizado em 1999. Novamente ocorre uma lacuna nos anos de 2004 a 2006, onde a competição não foi realizada. Retornou em 2007 e é realizado até os dias atuais. (MAGALHÃES, 2008) Pode-se destacar o Pinheirense Esporte Clube, como um dos grandes destaques do futebol feminino paraense, tendo atuação tanto no futebol local quanto nacional. E na constante luta para melhor representar o estado, competições afora.

3 O CLUBE

O Pinheirense Esporte Clube foi fundado em 8 de dezembro de 1925, no Distrito de Icoaraci, capital paraense. Com Sede Social localizada na Rua Senador Manoel Barata, 123, e mando de campo no seu estádio, nomeado Abelardo Condurú, também localizado no distrito de Icoaraci. O Clube é popularmente conhecido como General da Vila. Trajando uniforme azul e branco teve sua primeira participação no campeonato paraense em 1955, com sua equipe masculina. Sem grande expressão no cenário masculino, o clube passou a investir no time feminino, que iniciou no Campeonato Paraense no ano de 2009. Participando de oito edições do campeonato e consagrando-se campeã nas edições dos anos de 2009, 2010 e 2015. Em competições nacionais, o Pinheirense é o maior representante paraense. Na feminina, que teve sua décima edição no ano de 2016, o Pinheirense fez sua quarta participação. Deve-se destacar que sua melhor participação nesta competição foi no ano de sua estreia, em 2009 quando terminou a competição na 4ª colocação.

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No Campeonato Brasileiro Feminino que é realizado desde 2013, o Pinheirense é a única equipe paraense que participou de todas as edições. O destaque é para a edição de 2014, quando terminou a competição em 6º lugar. Até 2016, o Campeonato Brasileiro era realizado só com uma série, com 20 equipes. A partir de 2017, foi dividido em séries A1 e A2 com 16 equipes cada série. O Pinheirense em 2017, disputa na série A2 (Segunda divisão do Campeonato Brasileiro). Segundo os dados do Ranking Nacional de Clubes de Futebol Feminino (RNC/FF), disponíveis no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o Pinheirense tem a melhor colocação dos Clubes do Pará, estando desde 2014 até os dias atuais entre os 15 primeiros colocados. Para a disputa do Campeonato A2 em 2017, o Pinheirense conta com 30 atletas disponíveis para entrar em campo, todas regularizadas no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. Com média de idade de 24 anos, as atletas não têm vínculo empregatício com o clube. Sendo assim não recebem salário, apenas ajuda de custo. A equipe é comandada por: técnica, auxiliar técnico, preparador físico, preparador de goleiro e massagista. Para sanar os questionamentos já apresentados anteriormente, analisamos a visão das atletas do Pinheirense Esporte Clube, através de questionário aplicado as atletas. Desenvolvido através de quatro temáticas, em forma de oito perguntas. Buscando esclarecer a respeito de vivências e conhecimentos sobre o futebol; clube, estrutura e suas dificuldades; atuação e apoio da CBF e FPF; avanços e perspectivas para o futuro.

3.1 AS VIVÊNCIAS E CONHECIMENTOS SOBRE O FUTEBOL

A maioria das atletas entrevistadas praticam o futebol desde criança, a partir de mais ou menos 5 (cinco) anos, participando de jogos na rua, com familiares e/ou amigos, mas, o inicio de treinamentos específicos e preparação para competições só acontece em média a partir dos 15 anos. Questionadas a respeito do tempo disponível para a prática do futebol, a maior parte das atletas precisam trabalhar ou estudar durante a semana, como evidencia a atleta 02: “Iniciei no Profissional com 16 anos e aos 22 tive que parar de jogar para

14 trabalhar, pois o futebol paraense não paga salário. Já passei mais de 1 ano sem jogar devido isso.”. Em geral, elas só dispõem de duas ou três horas diárias para o treinamento. No que diz respeito ao Futebol Feminino no Pará, as atletas são unânimes em afirmar que ele não é valorizado e ainda existe muito preconceito com a prática feminina. Por parte dos clubes femininos, não há grandes investimentos. O que leva muitas atletas a desistirem de seus sonhos. Como é relatado pela atleta 03: “Aqui em Belém é impossível viver só do futebol.”. Em nível de Brasil, o futebol feminino vem sendo caracterizado de forma crescente, analisada de forma otimista pelas atletas, destacando que em alguns estados, já tem clubes bem estruturados e pagando salários que já permitem as atletas conseguirem tirar seu sustento só do futebol, ou oferecendo maiores condições de estudo, paralelo a pratica do esporte. Contudo, ainda precisa melhorar muito. Realidade não seguida aqui no Pará, como fala a atleta 02: “No Pará ainda está ‘engatinhando’, aqui é muito desvalorizado, há muito preconceito.”.

3.2 O CLUBE E SUAS DIFICULDADES

A chegada das atletas ao clube se deu através do convite de alguém, seja treinadora, comissão técnica ou dirigente. A maioria já jogou em outros clubes e estão no Pinheirense apenas para jogar o campeonato brasileiro feminino A2, visto que pela dificuldade na profissionalização, as atletas não tem vínculo empregatício com o clube. Todas expressaram boa relação com o Clube, uma delas expressou maior afetividade: “Cheguei em 2016, através do meu pai. Minha relação com o clube é de amor.” (Atleta 05). Para as atletas o time tem uma estrutura básica e pouco material que são custeados pelos patrocinadores. Uma grande dificuldade é a precariedade do campo, que não tem condições de jogo. Devemos ressaltar que os treinamentos ocorrem no Estádio Abelardo Conduru e no Centro de Treinamento CEJU – Centro de Esporte da Juventude – de posse da Federação Paraense de Futebol (FPF). “Temos o básico de material de treino, poucas bolas, algumas precisam de chuteiras, mas isso não acontece só no Pinheirense.” (Atleta 03), “As dificuldades são mais em relação ao gramado e financeiro.” (Atleta 02)

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O auxilio financeiro nos custos de transporte e alimentação também são apontado como uma das principais dificuldades para se manterem no clube, visto que nenhuma das atletas recebe salário, apenas ajuda de custo. A estrutura do clube, principalmente a respeito das condições do gramado e a falta de apoio financeiro são os destaques das principais dificuldades. A dificuldade no apoio financeiro acaba influenciando no tempo disponível para as atletas se dedicarem aos treinos, pois, muitas têm que buscar outras fontes de renda, já que não conseguem exclusivamente com o futebol. “Devido a não haver ajuda de custo, muitas meninas desistem ou estudam e acaba que não dedicam o tempo necessário para a atividade.” (Atleta 02)

3.3 ATUAÇÃO DA CBF E FPF

Segundo as atletas, a atuação da CBF é considerada boa, nas competições nacionais ela se responsabiliza por todas as despesas como: passagens aéreas, hospedagem, alimentação e transporte. Elas enfatizam a necessidade de apoio igual aos clubes de diferentes regiões do País. Mas, é preciso melhorar as estruturas para a realização dos jogos, a premiação, apoio igualitário para todo o país e objetivar a mesma valorização que acontece no masculino. “Acho que a CBF deveria dar apoio igual a todas as equipes femininas por todo o País, não só no Sul” (Atleta 02). Quanto a FPF, a visão das atletas é que ela deixa muito a desejar no apoio aos clubes. Precisa melhorar o apoio e incentivo, pois nem todos os times de futebol feminino de Belém e do interior têm condições de manter o dia a dia das atletas e da comissão técnica. A FPF deveria reformular a organização e premiação do campeonato paraense feminino.

Acho que deveria ter premiação igual eles fazem para o masculino, porem essa é a realidade no estado e em muitos outros. Como a gente sempre diz no futebol feminino só fica mesmo quem realmente ama o esporte, por que são muitas dificuldades todos os dias. (Atleta 04)

Segundo Pôssa (2016, s/p), a disparidade salarial entre atletas masculinos e femininos no futebol é tão grande, que o salário mensal de Neymar, no ano de 2015, “[...] pagaria durante quatro anos e meio as 100 atletas dos times finalistas do Brasileirão Feminino”, de 2016.

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3.4 AVANÇOS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

Para as atletas, todos os clubes paraenses deveriam formar mais times femininos, buscar mais patrocinadores, dar maior visibilidade aos campeonatos, boas condições de treino, estadia e salário para as jogadoras. As competições poderiam ter maior duração e uma divulgação de maior amplitude, haja vista que com o advento da internet a propagação das noticias atende a um número muito maior de pessoas. Deve-se ressaltar que é importante incentivar as práticas esportivas, desde o ensino básico até o médio. Para que haja a disseminação da importância do esporte, sem distinções de gênero. As perspectivas de avanço nas condições básicas para a prática do futebol feminino são boas, embora haja ainda muitas dificuldades na profissionalização feminina. As atletas destacam que hoje a situação é bem melhor, como relata a atleta 03: “Como jogo desde os meus 15 anos em clubes por Belém, digo que hoje em dia já melhorou muito mesmo. Já tivemos jogadoras em seleção brasileira e creio que isso irá acontecer com mais vezes.” “Com a nova regra, que todos os clubes terão que ter time feminino, eu creio que será mais valorizado e isso dará incentivo as atletas.” (Entrevistada 02). A nova regra citada pela entrevistada número 02, faz referência à regulamentação do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro – PROFUT (LEI Nº 13.155, de 4 de agosto de 2015, Art. 4o, Inc. X).:

Para que as entidades desportivas profissionais de futebol mantenham- se no PROFUT, serão exigidas as seguintes condições: [...] X - manutenção de investimento mínimo na formação de atletas e no futebol feminino e oferta de ingressos a preços populares, mediante a utilização dos recursos provenientes [...].

Em Belém, temos o exemplo de Remo e Paysandu que aderiram ao PROFUT e no ano de 2016 retomaram com seus times femininos para o campeonato paraense.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização do estudo de caso do Pinheirense Esporte Clube, em torno da problemática sobre a profissionalização do Futebol Feminino no Pará, buscando mostrar as visões, dificuldades e perspectivas das atletas do clube.

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Podemos chegar a algumas conclusões desse objeto de estudo. Apesar de o futebol ser muito valorizado no estado do Pará, as competições femininas pouco são relacionadas e valorizadas. Destacando o fato que segundo dados da CBF, os maiores clubes da capital paraense na atualidade não disputam nenhuma competição feminina nacional. Tendo como representantes do estado, times sem grande estrutura, com poucos patrocinadores e torcida. Evidenciando que as maiores dificuldades das atletas, perpassam pela estrutura precária do clube e auxilio financeiro. Este último passa a ser um dos principais motivos para a desistência e/ou pouca disponibilidade aos treinos. Mesmo com as dificuldades relacionadas à valorização do futebol feminino, nos últimos anos foi observado um crescimento significativo em nível de Brasil, podendo destacar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, quando a seleção feminina de futebol teve grandes públicos para assistir suas partidas. Por fim, é valido ressaltar que para maior visibilidade e valorização do futebol feminino, devem-se incentivar os debates e práticas desde a fase escolar. Para assim evitar a manutenção e propagação dos pensamentos que enfatizam o futebol como área masculina.

FEMININE PARAENSE FOOTBALL: A STUDY IN THE PINHEIRENSE SPORT CLUB, IN ICOARACI / BELÉM - PA

Abstract: Football is a world reality, being considered in Brazil, the joy of the people. However, this has always been a masculine universe, with a major focus on men's soccer teams. Given this situation, the concern that there was no news, in the same proportion, about the female development in this sport, has made the present work idealized and developed with the purpose of highlighting the difficulties presented in the practice of local women's football. And, for that, a case study was carried out that occurred within the routine of the Pinheirense Esporte Clube. It is important to emphasize that this is the only club in Pará to have a female soccer team that has played all the editions of the Brazilian championship, without having any enthusiasm, popular recognition, necessary investments, among others that we will understand throughout this writing. In order to give more emphasis to the faces of inequality and the lack of investment in professional women's football, the case study was chosen, seeking to give greater truth to the information provided here. And, when analyzing the bibliographies about the subject in conjunction with the information obtained through the questionnaires applied to the athletes of that club became evident the differences existing in this environment. Finally, this paper tries to elucidate some difficulties faced by athletes for the professionalization of Women's Soccer in Pará, as well as to demonstrate the vision that these practitioners of this modality have regarding the situation of women's football and the lack of visibility in this environment that always

18 had A male domain. Keywords: Women's Football. Difficulties. Appreciation. Athletes.

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