A consolidação da República

Gabriel Terra Pereira

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PEREIRA, GT. A diplomacia da americanização de Salvador de Mendonça (1889-1898) [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 178 p. ISBN 978-85-7983-006-8. Available from SciELO Books < http://books.scielo.org >.

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A crise política e a (1893-1894)

“A gangorra do poder oligárquico começa a funcionar sem os ‘princípios’ da monarquia” (Cardoso, 1997, p.42). Essa frase é ati- nente à primeira mudança de governo do Brasil sob o regime repu- blicano e revela, a despeito de sua aparente simplicidade, a síntese dos problemas políticos brasileiros no período. O que ela traduz é a extrema difi culdade de os homens do campo político brasileiro en- contrarem respostas institucionais para a organização dos poderes e do funcionamento da própria federação. A disputa pelo poder entre os diversos ramos civis e militares embaralhava o repertório de ideias e ações na política interna ou na política externa, provocando lutas no Parlamento e nas negociações diplomáticas, e as que envolviam a força, tornando rico e complexo o estudo dos anos subsequentes a 1889. As lutas que tornaram o período paradigmático nesse sentido foram as chamadas Revolução Federalista (1893-1895) e a Revolta da Armada (1893-1894). No presente capítulo, as refl exões estarão voltadas para o segundo, ainda que na Região Sul do Brasil o confl ito entre republicanos, apoiados por Floriano Peixoto, e os federalistas, liderados por Silveira Martins, não estivesse desconectado ao todo 108 GABRIEL TERRA PEREIRA do movimento rebelde na capital federal. Tal interesse pela Revolta de parte da Marinha brasileira justifi ca-se pela dimensão interna- cional que o confl ito assumiu, sendo alvo de algumas intervenções estrangeiras com o fi to de mediar e resolver as proposições em debate. Foi justamente nesse período de transição entre o breve go- verno de e a elevação de Floriano Peixoto ao poder que a diplomacia brasileira nos Estados Unidos trabalhou em duas esferas: no plano interno pela manutenção da República, colocada em perigo seja por excesso de temores republicanos, seja por supervalorização da organização dos monarquistas, e no plano externo, utilizando a recente aliança política e econômica com os norte-americanos para aprimorar a esfera de ação regional do País. Considerando a escassa “experiência institucional” do Brasil no sistema internacional de países1 como uma República, a utilização da diplomacia como instrumento de diálogo com países mais “fortes” foi regra geral, como se pôde observar até aqui. Salvador de Mendonça adequou-se às peculiaridades do período para trabalhar em prol da legalidade do governo fl orianista, ao passo que suas ações reverbe- raram em inúmeras críticas e contestações, possivelmente infl uindo na sua saída do cargo em 1898. As ações da diplomacia em processo de “americanização” não se iniciaram em 1893, mas em 1889, a partir do momento em que um novo referencial político (contemplando regime, constitui- ção, organização interna etc.) foi adotado. A posição francamente pró-americana na Conferência Interamericana e na assinatura do acordo bilateral representou