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Arborização urbana no Município de Paulo Afonso – : algumas sugestões de manejo

Urban arborization in the Municipality of Paulo Afonso - Bahia: some management suggestions

DOI:10.34117/bjdv7n2-078

Recebimento dos originais: 21/01/2021 Aceitação para publicação: 05/02/2021

Dante Severo Giudice Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe - UFS Instituição de atuação atual: Universidade Católica do Salvador - UCSAL - Curso de Geografia Endereço : Alameda Rio da Prata, nº 08, Casa 01 - Village Stella Sun - Stella Maris - Salvador - Bahia - Brasil. CEP 41.600-745 E-mail: [email protected]/[email protected]

Vera Lucia Santos de Jesus Graduada em Licenciatura em Geografia - UCSAL Bacharelanda em Geografia - UCSAL

RESUMO A cidade de Paulo Afonso localizada na região Nordeste da Bahia, teve sua área verde ampliada, no processo de homogeneização urbana quando da incorporação da área do parque da CHESF. As áreas arborizadas na cidade de Paulo Afonso abrangem sobretudo a ex-vila da CHESF, mas estão distribuídas também por praças, avenidas e ruas e até nos bairros mais periféricos, entretanto, necessitam de adensamento em alguns logradouros e até implantação em algumas das rotatórias. O presente trabalho tem como objetivo indicar áreas onde cabem um projeto de rearborização/revitalização de áreas verdes na cidade de Paulo Afonso.

Palavras-chaves: Arborização urbana, Qualidade de vida, Impactos ambientais, Paulo Afonso, Bahia.

ABSTRACT The city of Paulo Afonso located in the Northeast region of Bahia, had expanded its green area, in the process of urban homogenization when the merger of the park CHESF area. The wooded areas in the city of Paulo Afonso cover mainly the former village CHESF but are also distributed by squares, avenues and streets and even in the suburbs, however require densification in some public parks and even some deployment of roundabouts. This paper aims to indicate areas where they fit a project of reforestation / regeneration of green areas in the city of Paulo Afonso.

Keywords: Urban tree, Quality of life, Environmental impacts, Paulo Afonso, Bahia.

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1 INTRODUÇÃO A cidade de Paulo Afonso situada no nordeste do estado da Bahia é uma ilha verde em pleno sertão1 Nascida em função da criação da hidrelétrica em meados do século XX, e emancipada em 1958, nasceu segregada, com uma parte planejada e muito bem arborizada, a vila da CHESF, para abrigar os funcionários graduados, e outra de crescimento desordenado, árida e sem infraestrutura, a Vila Poty, para acolher os operários que trabalhariam na construção da usina, e construiriam a vila dos funcionários. A presença de vegetação numa cidade é fundamental, trazendo qualidade de vida para seus habitantes. A arborização proporciona sombreamento, ameniza a poluição sonora e a temperatura, libera oxigênio na atmosfera, aumenta a umidade do ar e absorve o gás carbônico, principal agente do efeito estufa. Apesar da intensificação da arborização na cidade, em determinadas áreas é necessário um estudo pedológico, climatológico e socioambiental. O clima urbano difere consideravelmente daquele encontrado em ambientes rurais - a amplitude térmica, o regime pluviométrico, o balanço hídrico, a umidade do ar e vendavais precisam ser considerados para um aumento do número de árvores nas praças, canteiros, universidades, escolas e avenidas da cidade de Paulo Afonso. Os solos, por sua vez, responsáveis pelo suporte físico das árvores e pelo substrato nutritivo do qual depende seu desenvolvimento, apresentam-se compactados nas cidades devido ao grande número de pavimentações que não permitem o escoamento das águas. Resíduos sólidos, despejos residenciais e industriais poluem e comprometem o solo no ambiente urbano. O presente trabalho consiste em uma proposta de implantação de mais áreas verdes e conservação das já existentes, na Cidade de Paulo Afonso, viabilizando a melhoria na qualidade de vida da população, principalmente no que diz respeito ao conforto ambiental proporcionado pelas árvores, valorizando os espaços públicos em áreas diversas, tais como: praças e parques, sobretudo na orla das represas que circundam a cidade.

1 Sertão é a sub-região que apresenta o menor índice pluviométrico do Brasil, o que a caracteriza como uma região de seca do Estado da Bahia.

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A expectativa é contribuir com um estudo direcionado sobre arborização urbana, assim como a preservação e conservação de áreas verdes que são fundamentais para a qualidade de vida e o bem-estar dos moradores de Paulo Afonso, sobretudo a parte da cidade onde era a Vila Poty.

2 METODOLOGIA E ESTADO DA ARTE A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho tem como princípio o estudo de algumas cidades do Brasil no que diz respeito ao plano diretor de arborização urbana, como por exemplo, a cidade Porto Alegre. Na pesquisa adotamos o método experimental, levando em consideração o rigor cientifico, na qual seguem as seguintes etapas: consulta bibliográfica, pesquisa de campo (levantamento dos locais a serem arborizados e/ou estão devastados pela expansão urbana, como também daqueles que necessitam serem completados ou adaptados, analise da vegetação recomendadas para a arborização urbana e que apresentam crescimento e vigor satisfatórios, levantamento fotográfico e elaboração de mapas temáticos. O crescimento desordenado das cidades brasileiras e as consequências geradas pela falta de planejamento urbano despertaram a atenção de planejadores no sentido de se perceber a vegetação como componente necessário ao espaço urbano (Ribeiro, 2009). O conhecimento e a análise das estruturas das cidades e suas funções, através das óticas econômica, social e ambiental, são pré-requisitos básicos para o planejamento e administração das áreas urbanas, na busca de melhores condições de vida para os seus habitantes. A arborização urbana assume uma importância particular, compatibilizando o espaço urbano com as questões ambientais (Rocha et al., 2004). O Estatuto da Cidade, Lei complementar aos artigos 182 e 183 da Constituição Federal, fornece diretrizes básicas para que os municípios elaborem os instrumentos das políticas urbanas locais visando o desenvolvimento sustentável da cidade bem como a conservação dos recursos naturais existentes em seu perímetro e na sua vizinhança (Otti, 2004). Entretanto, essas diretrizes nem sempre têm sido consideradas nas ações para a arborização municipal, de modo que a conservação, a manutenção, a utilização sustentada, a restauração e melhoria do ambiente natural são quesitos muitas vezes negligenciados.

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Isso acontece na quase totalidade das sedes dos municípios baianos inseridos no semiárido, bioma Caatinga, que sofre com a ocupação desordenada, sendo considerado um dos biomas mais degradados do mundo (Alho e Martins, 1995). A destruição da paisagem e a urbanização descontrolada têm gerado problemas como a deterioração das condições de saúde e desajustes psicossociais na população, além das consequências da poluição como um todo. Monteiro (1976) considera que são nos espaços urbanos que se dá o impacto máximo da atuação humana sobre sua própria organização na superfície terrestre e na deterioração do ambiente, dada à ausência de critérios sócio ecológicos na organização e distribuição espacial da população. É de suma importância avaliar os impactos ambientais gerados pelos centros urbanos a fim de serem evitados, quando uma cidade está sendo planejada, ou mitigados, quando as áreas urbanas já estão formadas. Desse modo, a quantificação e a qualificação das condições ambientais que estão sendo alteradas, preservadas ou simplesmente estudadas passam a ser muito importantes não só para a espécie humana como para a vida de muitos organismos e, de forma especial, para a vegetação urbana, que sofre de perto as consequências das ações antrópicas (Maia et. al., 2001). A vegetação urbana, quando corretamente implantada, desempenha um conjunto importante de funções responsáveis pela melhoria da qualidade do ambiente, podendo minimizar o impacto ambiental causado pelos efeitos antrópicos da expansão das cidades, resultando em maior conforto para a população. Nesses ambientes, a vegetação é uma das principais responsáveis pela purificação do ar, fixando a poeira, gases tóxicos e outros materiais residuais; pela manutenção do equilíbrio térmico, suavizando as temperaturas, conservando a umidade do solo ou reduzindo a velocidade do vento; pela redução de ruídos; contribuindo ainda para a valoração histórico-cultural dos municípios e para a valoração paisagística dos imóveis, além de ser útil como complemento alimentar, na medicina popular ou na prevenção da erosão, além de promover atração e abrigo à fauna e flora regional, e constituir opção de lazer e descanso para a comunidade (Milano (1992), Sanchotene (1994), Jacinto ( 2001), Mascaró e Mascaró (2002)). Ao contribuírem significativamente para alimentação das aves, as árvores favorecem o equilíbrio ecológico do meio urbano, a redução dos custos energéticos de refrigeração e a diminuição das doenças respiratórias (Mota, 2003; Macedo, 2003). Dessa

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forma, pode-se considerar que a arborização contribui para o potencial ecológico, recreativo, produtivo, estético e paisagístico, tendo considerável influência sobre as condições ambientais urbanas (Godoy, 1995). O adequado conhecimento das características do ambiente urbano é tido como uma pré-condição ao sucesso da arborização, sendo importante conhecer a vegetação da região, dentro da cidade e nos arredores, selecionando espécies recomendadas para arborização urbana. A análise do local é um fator indispensável, pois é necessário evidenciar os locais a serem arborizados, como também aqueles que necessitam ser complementados ou adaptados (Dantas e Souza, 2004). Há necessidade de compatibilizar a arborização com o sistema elétrico, o abastecimento de água, esgotos, sinalização e edificações (Velasco et al., 2006 e Velasco, 2003). O cadastramento e controle das ruas e praças, dimensões, localização das redes e outros serviços urbanos, identificação das árvores, data do plantio e época de poda) possibilitam uma melhor implantação e manutenção da arborização urbana (Silva Filho et al., 2002). Pereira (1998) enfoca a necessidade de se fazer um planejamento cuidadoso para a implantação de projetos de vegetação em ambiente urbano, através da análise de todas as interfaces com os elementos construídos e seus diferentes usos. Desta forma, toda e qualquer intervenção na arborização do município, com vistas a sua otimização, requer um planejamento que deve incluir o conhecimento e a avaliação da composição arbórea preexistente, ou seja, o inventário do patrimônio arbustivo local, o que irá fornecer informações para a definição das prioridades de intervenção (Rocha et al., 2004). Entende-se por arborização urbana o conjunto de terras públicas e privadas, com vegetação predominantemente arbórea que uma cidade apresenta em áreas particulares, praças, parques e vias públicas (Sanchotene, 1994). Já para Gonçalves (2000), o conceito de arborização urbana tem dado lugar a um conceito mais abrangente, é a nova área do saber denominada “silvicultura urbana”, por se entender que os agrupamentos de árvores são mais significativos que árvores isoladas. Segundo Dantas & Souza (2004), trata-se de um assunto que vem merecendo uma atenção cada vez maior em função dos benefícios e até mesmo dos problemas que se apresentam em função da presença da árvore no contexto da cidade. O projeto urbano, ao estruturar a cidade e suas parcelas, maneja os componentes da paisagem construída, entre eles, o elemento vegetal.

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Um dos problemas referentes à arborização de vias públicas sem a realização de um prévio planejamento é o plantio de espécies de grande porte em lugares inadequados. Este procedimento é muito comum nas cidades brasileiras, causando, muitas vezes, sérios prejuízos, como rompimento de fios de alta-tensão, interrupções no fornecimento de energia elétrica, entupimento em redes de esgoto, obstáculos para circulação e acidentes envolvendo pedestres, veículos ou edificações (Takahashi, 1992). No que dizem respeito aos aspectos ambientais, as árvores urbanas exercem influência direta sobre os microclimas, diminuição da radiação solar, temperatura, velocidade e direção dos ventos, além de, através da fotossíntese atuarem na purificação do ar (Mascaró e Mascaró, 2005). A história da arborização no Brasil ainda é recente, porém se observa uma grande preocupação em encontrar as árvores que se compatibilizem melhor às condições urbanas, quanto a aspectos estruturais, fisiológicos e ambientais, para que se assegure sucesso quanto ao plantio ao longo das vias (Hoehene, 1944 citado por Santos e Teixeira, 2001). O planejamento da arborização urbana deve considerar os elementos da infraestrutura (rede de água, esgoto e rede elétrica), além do espaço físico (tráfego, largura de ruas, tipo de solo e características ambientais) e da análise da vegetação da região (Coelba, 2002). Para Biondi & Reissmann (1997), os parâmetros utilizados para a avaliação das árvores urbanas são ainda bastante subjetivos, pois os critérios utilizados transcendem valores quantitativos e qualitativos, porque os valores estéticos são bem maiores e bem mais difíceis de quantificar. Segundo Coletto & Müller (2008), planejar a arborização é indispensável para o desenvolvimento urbano e requer, antes de qualquer coisa, o conhecimento da situação existente, através de um inventário qualiquantitativo, assim como o conhecimento das características dos vegetais que poderão ser utilizados. Portanto, para a montagem de um inventário qualiquantitativo da arborização urbana em uma determinada área, torna-se necessário o levantamento de todas as variáveis que devem ser observadas durante o estudo, bem como a forma como as mesmas serão avaliadas. Nesse contexto, a literatura se faz precária no que diz respeito à padronização de parâmetros para estudos no assunto. Assim, visando incentivar e facilitar o

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desenvolvimento de trabalhos sobre esse tema, o presente trabalho reúne e caracteriza, de forma geral e simplificada, as variáveis utilizadas na execução de diferentes trabalhos sobre arborização urbana.

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO – A CIDADE DE PAULO AFONSO – BAHIA A área de estudo localiza-se na região nordeste do Estado da Bahia, e está inserida no Território de Identidade Itaparica (Figura 1) que se situa entre as coordenadas 38° e 39°10’ de longitude oeste e 8°30’ e 9°45’ de latitude sul.

Figura 1 – Localização. Fonte: SEI, 2018. Elaborado pelos autores (2020)

O acesso a partir de Salvador é feito pelas BR-324, BA-093 e BR-110, passando- se pelas cidades de , , , , , Cipó, , Cícero Dantas, e , num percurso de aproximadamente 470 km (Figura 2).

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Figura 2 – Acesso à cidade

Fonte: Sistema de Transportes (Modificado DERBA, 2019)

Situada na divisa com os estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, dista aproximadamente, 450 km do Recife, 380 km de Maceió, e 280 km de Aracajú. Possui aeroporto comercial com pista apropriada para receber aeronaves de porte médio.

4 HISTÓRICO A região de Paulo Afonso começou a ser habitada por bandeirantes portugueses no início do século XVIII. Chefiados por Garcia D’Ávila subiram o rio São Francisco e atingiram as terras onde hoje está localizado o município. Habitavam a região pacíficos índios mariquitas e pancarus. Junto com eles os portugueses começaram a cultivar lavouras diversas e criação de gado. Em meados de 1705, padres católicos iniciaram a catequese dos silvícolas, com a intenção de evitar que fossem explorados pelos bandeirantes. No ano de 1725 o sesmeiro Paulo Viveiros Afonso recebeu por alvará uma sesmaria medindo três léguas de comprimento por uma de largura. Tempos depois, em 1913, Delmiro Gouveia industrial e empresário da época vislumbra com o potencial da região e implanta um grande e ousado projeto a primeira usina hidrelétrica do Nordeste a Usina Angiquinho, para movimentar a sua indústria têxtil. A partir da ideia do pioneiro Delmiro Gouveia o então Presidente do Brasil Getúlio Vargas assina o Decreto autorizando a organização da Companhia Hidrelétrica do São

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Francisco (CHESF) oficializada em 1948, com a primeira Assembleia Geral de Acionistas. Nesta época o lugarejo já era expressivo núcleo demográfico do município de Glória. Em torno da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), nasce a o que viria a ser a cidade de Paulo Afonso até então parte do município de Glória. Só em 1958 a nasce o município através de sua emancipação política.

5 EVOLUÇÃO URBANA O crescimento populacional da localidade foi vertiginoso com a chegada de milhares de nordestinos que mudaram seus rumos. Ao invés de irem para São Paulo, agora era Paulo Afonso o seu destino. A localidade de Paulo Afonso logo chegou a Distrito de Glória, e em 1954 elegeu 4 dos 9 vereadores da Câmara Municipal daquele município. A necessidade crescente de investimentos no Distrito de Paulo Afonso, que crescia intensamente a cada dia, a falta de recursos para esses investimentos, centralizados em Glória, as distâncias dos serviços públicos, cartórios, Prefeitura, Câmara de Vereadores, também estabelecidos na sede do município, a 30 quilômetros de Paulo Afonso, somados com os atos discriminatórios dos dirigentes da CHESF que coibiam o livre trânsito dos moradores da Vila Poty no Acampamento da hidrelétrica e perseguição política, foram fatores que acirravam a cada dia os ânimos e incendiava a campanha para a emancipação política de Paulo Afonso. A Indicação para o desmembramento do Paulo Afonso do Município de Glória foi aprovada e encaminhada à Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, no dia 10 de outubro de 1956. Transformou-se pela Lei Estadual nº 1.012/58, sancionada pelo governador Antônio Balbino no dia 28 de julho de 1958 e publicada no Diário Oficial no dia 2 de agosto de 1958, em município. Nesse tempo e por muitos anos, tudo girava em torno da CHESF – a cidade da CHESF. Em seu acampamento estavam os serviços públicos, a igreja católica, os clubes sociais, o hospital, as escolas para os filhos dos funcionários, as ruas planejadas, sistema de água, esgoto e energia elétrica funcionando. Havia um bairro Operário – Vila Alves Souza, onde moravam os empregados menos graduados, e um bairro mais refinado – General Dutra – onde ficavam as residências mais imponentes, destinados a engenheiros, chefes de repartições, etc. Do outro lado, a Vila Poty, desajeitada, sem nenhuma infraestrutura onde moravam os “cassacos” como eram chamados os trabalhadores mais humildes da hidrelétrica, sem qualquer urbanização, casas de taipa, ruas sem saída, esgoto

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a céu aberto, água só nos chafarizes, sem luz elétrica, sem escolas. (Folha Sertaneja Online, acessado em 01.08.2019). Esta separação aconteceu, primeiramente com uma cerca de arame farpado que foi, depois, substituída por grande muro de pedras, reforçado por uma cerca de arame farpado, com uma extensão de cerca de um quilômetro, desde a Guarita Principal da CHESF, ao quartel do exército. A presença da CHESF teve e tem uma influência enorme no desenvolvimento de todo o Nordeste, e não foi diferente em Paulo Afonso onde a melhoria da qualidade de vida fez a expectativa de vida, que era de 42, passar para 64 anos. Mesmo após a emancipação, o rigor do controle de acesso às áreas do acampamento permaneceu, e motivou movimentos para acabar com o muro que passou a ser a nova bandeira de luta dos políticos locais. Entretanto o sonho de destruir o muro que separava os pauloafonsinos teve que ser adiado e só se concretizou muito mais tarde, pois a cidade era considerada área de segurança nacional, pelos governos policiais militares. Esse fato só veio acontecer em 1979. Destruído o muro da CHESF, “o muro da vergonha”, foi criado o calçadão da Avenida Getúlio Vargas que hoje abriga hotel, lojas, restaurantes e bares e se transformou no ponto de encontro dos jovens pauloafonsinos. Um pedaço do muro original de pedras, com cerca de 20 metros, ainda existe ligado ao muro do quartel da 1ª Cia. de Infantaria (Exército), no local onde foi instalado um ponto de ônibus urbano, em frente à Praça D. Jackson. Atualmente Paulo Afonso é uma das 16 maiores cidades do estado da Bahia, tem índices econômicos que superam várias cidades do Nordeste de seu porte, e supera algumas tradicionais cidades do estado, a exemplo de . Vem se consolidando como um polo econômico que abarca cidades dos estados limítrofes, e exemplo de Delmiro Gouveia (AL), Petrolândia (PE) e Canindé do São Francisco (SE), e também um polo de educação. A cidade tem 120.082 habitantes (estimativa do IBGE para 2020), e foi planejada com “uma zona urbana que constituía o espaço moderno reservado as elites” (Batista Filho, 2000), elites estas ligadas a construção das usinas, e uma zona “livre” que crescia espontaneamente, sem planejamento. Entretanto, posteriormente estas duas partes foram reunidas e se procurou minimizar as diferenças, promovendo uma hogeneização urbana para integrá-las.

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Pesquisa do Censo realizado mostra o incremento populacional de 82,6% no decénio 1960/ 1970 e 54,4% no de 1970/1980 (Figura 3), a seguir.

Figura 3 – População Residente urbana e rural. Fonte: IBGE.

Elaborado pelos autores (2020)

Nesse sentido, é válido também observarmos a evolução populacional a partir de 1991 a o último censo de Paulo Afonso e como isso refletiu no aspecto urbano, conforme a tabela 1 abaixo.

TABELA 1 – População Residente População % do Total População % do Total População % do Total População (1991) (1991) (2000) (2000) (2010) (2010) População total 86.619 100,00 96.499 100,00 108.396 100,00 População urbana 74.355 85,84 82.584 85,58 93.404 86,17 População rural População 12.264 14,16 13.915 14,42 14.992 13,83 residente na área rural

Fonte: PNUD, Ipea e FJP, 2020. Elaborado pelos autores (2020)

6 ARBORIZAÇÃO URBANA, VANTAGENS E DESAFIOS As vantagens atribuídas pela arborização urbana são condizentes a algumas contribuições significativas na melhoria da qualidade do ambiente urbano, tais como: purificação do ar pela fixação de poeiras e gases tóxicos e pela reciclagem de gases através dos mecanismos fotossintéticos; melhoria do microclima da cidade, pela retenção de umidade do solo do ar e pela geração de sombra, evitando que os raios solares incidam diretamente sobre as pessoas; redução na velocidade do vento; influência no balanço hídrico, favorecendo infiltração da água no solo e provocando evapotranspiração mais lenta; abrigo à fauna, propiciando uma variedade maior de espécies, consequentemente

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influenciando positivamente para um maior equilíbrio das cadeias alimentares e diminuição de pragas e agentes vetores de doenças; amortecimento de ruídos; e ampliação da permeabilidade do solo, absorvendo a água das chuvas e evitando enchentes (Copque et. al., 2007) Outra vantagem importante da cobertura vegetal é arborização que acompanha o sistema viário proporcionando um verdadeiro corredor ecológico, na qual viabiliza uma sensação de frescor. Em alguns lugares, não há presença desses corredores, logo, às ilhas de calor são presentes em locais de intensa circulação de automóveis. No entanto, muitos são os problemas causados em decorrência do confronto entre árvores inadequadas e equipamentos urbanos, como fiações elétricas, encanamentos, calhas, calçamentos, muros, postes de iluminação, etc. Estes problemas são muito comuns e fáceis de serem visualizados, provocando na grande maioria das vezes, um manejo inadequado e prejudicial às árvores. É comum vermos árvores podadas drasticamente e com muitos problemas fitossanitários, como presença de cupins, brocas, outros tipos de patógenos, injúrias físicas como anelamentos, caules ocos e podres, galhos lascados, etc. Diante dessa situação, algumas parcerias com empresas podem ajudar a sustentar financeiramente os projetos e ações idealizadas com a população em geral, voltada a estruturar o setor competente para executar ações, considerando, fundamentalmente: mão-de-obra qualificada e equipamentos apropriados. Todavia, um plano de manejo é fundamental devido à condução das mudas, podas e extrações necessárias.

7 O CASO DE PAULO AFONSO O espaço urbano de Paulo Afonso apresenta áreas importantes para o desenvolvimento da arborização urbana. Entretanto, tais áreas não são valorizadas pelo poder público, que neste caso envolve órgãos da prefeitura municipal. Segundo Oliveira Júnior et. al, (2020),

“Existem muitos trabalhos conceituais que fomentam a discussão a respeito do tema, bem como pesquisas atuais demonstrando que existe uma preocupação crescente relacionada ao planejamento urbano das áreas verdes, porém é preciso mais debates a respeito para que exista conscientização das entidades responsáveis, beneficiando os residentes e o meio ambiente”.

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A cidade de Paulo Afonso apresenta, no geral, razoável arborização, embora situada em pleno semiárido2. A parte que se constituía a Vila da CHESF, se caracteriza pela grande presença de vegetação, constituindo-se num verdadeiro parque urbano que deveria ser mais bem aproveitado e integrado como tal. As Figuras 4 e 5 mostram a predominância do verde na porção leste da cidade, mas ocorrem outras manchas verdes na Vila Militar do Exército, e numa faixa sinuosa que estende do Parque da CHESF à região noroeste, contornando o cemitério. Fora da chamada “ilha” ocorre uma grande área verde nos limites do Jardim Bahia. A escolha da espécie a ser plantada é o aspecto mais importante a ser considerado (Lorenzi, 2002). Para isso é extremamente importante que seja considerado o espaço disponível que se tem como é o caso dos canteiros, considerando a presença ou ausência de fiação aérea e de outros equipamentos urbanos, largura da calçada e recuo predial.

Figura 4 – Áreas em cores reais em Paulo Afonso.

Fonte: Site USGS: Imagem Satélite Landsat 7 de 30/04/2020.Modificado pelo autor

2 A Região Semiárida foi criada a partir da Lei Federal nº 7.827, de 27 de setembro de 1989. A Portaria nº 89, de 16 de março de 2005 que teve como base os resultados dos trabalhos de Grupo Interministerial instituído pela Portaria nº 6, de 29 de março de 2004, do Ministério da Integração Nacional, intitulado Relatório Final Grupo de Trabalho Interministerial para Redelimitação do Semiárido Nordestino e do Polígono das Secas, indica para o estado da Bahia um total de 265 municípios.

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Figura 5 – Áreas verdes em Paulo Afonso.

Fonte: Site USGS: Imagem Satélite Landsat 7 de 30/04/2020.

Dependendo desse espaço, a escolha ficará vinculada ao conhecimento do porte da espécie a ser utilizada. Para facilitar, as árvores usadas na arborização de ruas e avenidas foram classificadas em pequeno, médio e grande porte. Apresentamos a seguir as definições de cada um dos portes, com indicação de nomes de algumas espécies mais comuns. As árvores de pequeno porte são aquelas cuja altura na fase adulta atinge entre quatro e cinco metros e o raio de copa fica em torno de dois a três metros. São espécies apropriadas para calçadas estreitas (< 2,5m), presença de fiação aérea e ausência de recuo predial, citados a seguir, bem como seu nome cientifico, por exemplo: Murta, falsa- murta, murta de cheiro (murraya exótica); ipê-de-jardim (stenolobium stans); flamboyantzinho, flamboyant-mirim (caesalpinia pulcherrima); manacá-de-jardim (brunfelsia uniflora); hibisco hibiscus rosa-sinensis; resedá anão, extremosa, julieta (lagerstroemia indica); grevílea anã (grevillea forsterii); cássia-macrantera, manduirana (senna macranthera); rabo-de-cotia (stifftia crysantha); urucum (bixa orelana); espirradeira, oleandro (nerium oleander); calistemon, bucha-de-garrafa (callistemon citrinum); algodão-da-praia (hibiscus pernambucencis); e chapéu-de-napoleão (thevetia peruviana). São as mais indicadas para Paulo Afonso, devido ao traçado urbano das áreas mais carentes de arborização.

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A segunda classificação é feita por árvores de médio porte, cuja altura na fase adulta atinge de 5 a 8 metros e o raio de copa varia em torno de quatro a cinco metros. São apropriadas para calçadas largas (> 2,5m), ausência de fiação aérea e presença de recuo predial, como por exemplo, aroeira-salsa, falso-chorão (schinus molle); quaresmeira tibouchina granulosa; ipê-amarelo-do-cerrado tabebuia sp; pata-de-vaca, unha-de-vaca (bauhinia sp); (astrapéia dombeya wallichii); cássia imperial, cacho-de- ouro cassia ferruginea; resedá-gigante, escumilha (african lagerstroemia speciosa); magnólia amarela (michaelia champaca); eritrina, suinã, mulungu (erytrina verna); ligustro, alfeneiro-do-japão (ligustrum lucidum); sabão-de-soldado (sapindus saponaria); e canelinha (nectandra megapotamica). Estas são indicadas para as rotatórias que são em geral muito áridas, e canteiros das avenidas principais, que são mais largas. Na última classificação, as árvores de grande porte, na fase adulta, a cobertura vegetal ultrapassa oito metros de altura e o raio de copa é superior a cinco metros. Estas espécies não são apropriadas para plantio em calçadas. Deverão ser utilizadas prioritariamente em praças, parques, e quintais grandes. São elas: sibipiruna caesalpinia peltophoroides; jambolão eugenia (jambolona); monguba, castanheira pachira aquática; pau-ferro caesalpinia férrea; sete-copas, amendoeira terminalia catappa; oiti licania tomentosa; flamboyant delonix regia; alecrim-de-campinas holocalix glaziovii; ipê-roxo tabebuia avellanedae; ipê-amarelo tabebuia chrysotrica; ipê-branco tabebuia roseo-alba; cássia-grande, cássia-rósea senna grandis; cássia-de-java (senna javanica); e jacarandá- mimoso (jacaranda mimosaefolia). Estas por seu turno podem ser usadas no contorno da ilha às margens das barragens e canais que circundam a cidade, desde a parte norte até a sudeste nas proximidades da usina de Paulo Afonso, bairro Vila Nobre. Nas partes onde a orla se estreita, com a proximidade das construções, podem ser plantadas palmeiras que acompanhariam uma possível ciclovia que contornaria toda a orla. Vale lembrar que a arborização urbana em cada cidade terá uma variação, devido o tipo de solo, do clima, das condições de manejo e de um plano diretor de arborização urbana. Um outro fator importante na arborização urbana é a poda da árvore, que tem a função de adaptar a árvore e seu desenvolvimento ao espaço que ela ocupa. O conhecimento das características das espécies mais utilizadas na arborização de ruas, das técnicas de poda e das ferramentas corretas para a execução da poda permite que esta

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prática seja feita de forma a não danificar a árvore viabilizando um manejo da cobertura vegetal. Entretanto, a poda sempre será uma agressão à árvore, mas é uma prática necessária, e deve ser feita de modo a facilitar a cicatrização do corte. Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente estabelecida pela Lei nº 6.938/81, e da Constituição da República Federativa do Brasil (1988), através do Art. 225, que afirma:

“Todos têm direitos a um ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Além disso, a Constituição da República Federativa do Brasil (1988), Art. 23, VI, afirma que “é competência comum da União, Estados e Municípios protegerem o meio ambiente”. As leis existem, porém, as políticas públicas para o meio ambiente são feitas de forma desigual, e em Paulo Afonso não é diferente. Assim as áreas que possuem maiores concentrações de cobertura vegetal estão nos bairros nobres, lugares estes que concentram basicamente a população de alta renda, e consequentemente aí se concentram as áreas públicas de lazer. Entretanto, mesmo nas áreas periféricas, a cidade não apresenta áreas desordenadas, a exemplo do Bairro Tancredo Neves, onde existe um traçado urbano e distribuição de árvores, ainda que quase restritas as áreas particulares. Por seu lado, as leis municipais têm um papel fundamental na conservação e preservação de árvores em seus limites. No caso de Paulo Afonso, a Lei municipal n° 36 de 13/08/2010, relata a seguinte afirmação:

“Institui a Campanha Permanente de Incentivo à Arborização de Ruas, Praças e Jardins de Paulo Afonso, e dá outras providências”

Art. 1º. Fica instituída a Campanha Permanente de Incentivo à Arborização de Ruas, Praças e Jardins do Município de Paulo Afonso. Parágrafo Único. O Executivo Municipal colocará à disposição dos interessados em arborizar ruas, praças e jardins, mudas de árvores e plantas ornamentais, que serão cedidas gratuitamente, limitando a quantidade por pessoa. Art. 2º. O munícipe interessado na obtenção de mudas assumirá a responsabilidade pelo plantio, seja em sua calçada, em praças e/ou jardinetes, ou no

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jardim de recuo da residência, sendo que a poda e o corte poderão ocorrer com a permissão do órgão municipal competente. Art. 3º. O Executivo Municipal, através do órgão competente, regulamentará esta lei no prazo de sessenta dias a partir de sua publicação. Art. 4º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Entretanto, apesar do processo de expansão urbana, em virtude do crescimento econômico, não vem prejudicando a conservação e a preservação das áreas verdes em Paulo Afonso. Segundo exame de fotografias, conversas/entrevistas com a população, e a própria literatura, fica claro que houve uma melhora na distribuição da arborização nos últimos 40 anos, com a incorporação do lado oeste da cidade ao projeto de arborização, visando melhorar e uniformizar o espaço urbano, minimizando os efeitos climáticos, e promovendo uma melhoria na qualidade de vida.

8 ANÁLISE E SUGESTÕES Analisando em conjunto a situação da arborização da cidade de Paulo Afonso, temos a considerar que apesar da melhora de distribuição, consideramos que ainda pode ser feito novas intervenções neste sentido. Como afirmam Teixeira & Gonçalves (2020),

“Dentro deste ambiente estão os espaços verdes públicos, que incluem as praças, parques e ruas arborizadas, constituindo um dos elementos estruturadores da paisagem urbana, contribuindo com a organização espacial da cidade e a identidade urbana, aportando valores estéticos e emocionais e influem notoriamente sobre as condições do hábitat, dependendo de sua magnitude e composição”.

Levantamos quatro pontos que consideramos importantes e que abrangem áreas estratégicas centrais, do ponto de vista urbano. As Avenidas Getúlio Vargas e Cândido Sales, e as rótulas de entrada da cidade e a de circulação entre as Avenidas Apolônio Sales, Contorno e José Carvalho. Na Avenida Getúlio Vargas, ao longo do seu percurso possui praças, onde estão localizadas áreas de lazer. Estas praças apesar de conterem árvores, necessitam de um rearranjo na distribuição das mesmas e inserção de vegetação colorida, tipo florística, própria para praças ajardinadas. Na figura 6, vemos a praça em frente a catedral onde essa observação é marcante. Recomendamos que o lado mais residencial da avenida, ou seja, o lado direito (sentido catedral) seja contemplado com distribuição regular de árvores,

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pois além de contribuir esteticamente, ajuda a amenizar as altas temperaturas, comuns na cidade. Conforme Silva & Moreno (2020).

“O plantio de novas espécies é extremamente importante para a obtenção de uma variedade de espécies em um determinado ambiente, além disso, diminui a sensação térmica provocada pelo aumento de áreas abertas”

Figura 6 – Praça em frente a Catedral, 30/04/2020

Fonte: Google, modificado pelos autores.

Na Avenida Apolônio Sales, uma via predominantemente comercial (Figura 7), sugerimos uma distribuição mais equitativa das árvores nas calçadas às margens das vias, com espécies que possam produzir sombra, e no canteiro central, a substituição das árvores existentes, por palmeiras em toda sua extensão, intercaladas por plantas ornamentais tipo arbustiva, hibisco, por exemplo, que cresce formando uma trama, e poderia servir de impedimento para cruzar a via em qualquer parte, impondo a necessidade de buscar os locais apropriados, já que avenida é de grande movimento.

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Figura 7 – Avenida Apolônio Sales, 30/04/2020

Fonte: Google, modificado pelo autor

Esta planta, mantida aparada, apresenta grande beleza, a exemplo das existentes na Avenida ACM, em Salvador, mas que o poder público, erroneamente, praticamente as dizimou. Na rótula de entrada (Figura 8) podemos observar que existe uma distribuição irregular, levando a crer que parte das árvores plantadas não se desenvolveu e não houve replantio. Assim no centro da rótula poderia se fazer uma reprodução da Praça das Mangueiras, existente no centro da cidade, e nas margens, palmeiras imperiais intercaladas de bouganvilles de cores diversas, distribuídas por área gramada, com caminhos delimitados por passeios. No triângulo noroeste que dá acesso ao aeroporto, poderia serem plantadas árvores na mesma disposição daquele situado a sul da rótula que dá acesso a BA-210 e ao Bairro Tancredo Neves.

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Figura 8 – Rótula de Entrada, 30/04/2020

Fonte: Google, modificada pelo autor

Por outro lado, a rótula de acesso a “ilha” de Paulo Afonso (Figura 9), também carece de um melhor ajardinamento. Como já existe um monumento, nas suas bordas deveriam ser plantadas também palmeiras, ou a imperial ou tamareira canariense, utilizando o restante da área para ajardinamento, com hibiscos (Hibiscus Rosa-sinensis), ou bouganvilles (Bougainvillea spectabilis), ou outras mais simples, como a conhecida boa noite (Catharanthus roseus ou vinca-de-madagáscar,) de cores variadas.

Figura 9 – Rótula de acesso à ilha, 30/04/2020

Fonte: Google, modificada pelo autor

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Outras áreas da cidade também podem ser contempladas, inclusive com a incorporação do Parque da CHESF como Parque Urbano, com incremento de equipamentos de lazer.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mudar socioambientalmente o espaço urbano de Paulo Afonso não será só o trabalho da sociedade, mas também do governo nas três instâncias (municipal, estadual e federal) visando principalmente à qualidade de vida das pessoas e de espécies animais que habitam esse espaço. A falta de educação ambiental, a especulação imobiliária, a exemplo dos novos loteamentos, presentes também em Paulo Afonso, e o não cumprimento das leis são fatores agravantes para a devastação de áreas verdes. Essas ações demonstram a falta de ações educativas as quais promoveriam conservação e preservação da cobertura vegetal da cidade. Um plano diretor de arborização urbana é de extrema relevância, não só para Paulo Afonso, como também para outras cidades que enfrentam problemas de altas temperaturas, escassez de árvores, o que implica em perder-se todo o conforto do ambiente urbano para se viver e manter as relações humanas, como, por exemplo, as relações de lazer. Na cidade de Paulo Afonso tem-se procurado minimizar estes problemas, mas muito há para ser feito. Contudo, desenvolvimento e crescimento econômico têm que ser pautado na responsabilidade com o social e o ambiental. Não se pode deixar para as gerações futuras os passivos ambientais como legados desse crescimento desenfreado e irresponsável. A conscientização, e a responsabilidade de cada indivíduo, contribui de forma essencial para a preservação e conservação do meio ambiente.

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