Novos Equinóides No Aptiano-Albiano De Sergipe
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NNOOVVOOSS EEQQUUIIINNÓÓIIIDDEESS PPAARRAA OO IIINNTTEERRVVAALLOO AAPPTTIIIAANNOO---AALLBBIIIAANNOO (((CCRREETTÁÁCCEEOO IIINNFFEERRIIIOORR))) DDAA SSUUBB---BBAACCIIIAA DDEE SSEERRGGIIIPPEE,,, NNOORRDDEESSTTEE DDOO BBRRAASSIIILL Cynthia Lara de Castro MANSO¹ & Wagner SOUZA-LIMA² (1)Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Biociências, Laboratório de invertebrados marinhos, Avenida Vereador Olímpio Grande, s/nº, Campus Prof. Alberto Carvalho, Cep 49.500-000, Itabaiana, Sergipe. Endereço eletrônico: [email protected] (2)Fundação Paleontológica Phoenix, Rua Geraldo Menezes de Carvalho, 218. Cep 49050-750, Aracaju, Sergipe. Endereço eletrônico: [email protected] Introdução Contexto geológico e estratigráfico Material e métodos Sistemática paleontológica Conclusões Agradecimentos Referências Bibliográficas RESUMO - Neste trabalho é descrito o primeiro registro do gênero Salenia para o Brasil, ocorrente no Aptiano-Eoalbiano da Formação Riachuelo. São também registradas duas novas ocorrências para a sub- bacia de Sergipe, com Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, 1847) para o intervalo Aptiano-Albiano e Micraster (Epiaster) dartoni (Cooke, 1955), para o Aptiano. Adicionalmente, estende-se a ocorrência cronoestratigráfica das espécies Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) e Leptosalenia sergipensis (White, 1887) para o Neoaptiano e de Tetragramma deshayesi (Cotteau, 1864) para o Neoalbiano. T. malbosi, L. sergipensis e M.(E.) dartoni teriam vivido em um ambiente protegido, provavelmente formado por lagunas costeiras. Já T. (S.) malheiroi poderia ter sido habitante de ambientes de baixa energia, provavelmente em áreas mais profundas da bacia, onde seu lento metabolismo seria mais condizente com ambientes com escassez de oxigênio. T. deshayesi, por outro lado, teria preferido os ambientes de alta energia do Neoalbiano, onde teria vivido sobre substrato consolidado. Palavras chave: Echinoidea, sistemática, Cretáceo, Sub-bacia de Sergipe. ABSTRACT – C.L. de C. Manso & W. Souza-Lima. New Echinoids from the Aptian-Albian interval (Lower Cretaceous) of the Sergipe Sub-basin, Northeastern Brazil. The genus Salenia is described for the first time in Brazil, occurring in the Aptian-Eoalbian section of the Riachuelo Formation. Two new occurrences are also recorded, with Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, 1847) for the Aptian- Albian interval and Micraster (Epiaster) dartoni Cooke, 1955, for the Aptian. In addition, the chronostratigraphic range of the species Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) and Leptosalenia sergipensis (White, 1887) is extended to the Neoaptian and Tetragramma deshayesi (Cotteau, 1864) for the Neoalbian. T. malbosi, L. sergipensis and M. (E.) dartoni had lived at a protectet environment, probably represented by coastal lagoons. T. (S.) malheiroi inhabited low-energy environments, probably at the deeper areas of the basin, where his slower metabolism could be more appropriated to low-oxygen conditions. On the other hand, T. deshayesi must have preferred the high- energy environments from the Neoalbian, where they lived over consolidated substratum. Keywords: Echinoidea, systematics, Cretaceous, Aptian, Albian, Sergipe Sub-Basin. INTRODUÇÃO As bacias sedimentares do Nordeste com excelentes exposições e abundantes brasileiro apresentam rochas do Cretáceo fósseis. A sub-bacia de Sergipe, uma das 584 São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 sub-bacias da bacia de Sergipe-Alagoas apresentadas ainda duas novas ocorrências (Figura 1), é um bom exemplo, com grande para a sub-bacia de Sergipe, com diversidade de invertebrados marinhos Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, distribuídos do Aptiano ao Campaniano. 1847) para o intervalo Aptiano-Albiano e Dos vários grupos existentes, os Micraster (Epiaster) dartoni (Cooke, 1955), equinóides apresentam-se abundantes e com para o Aptiano. Adicionalmente, estende-se boa distribuição, embora até o momento seu a ocorrência cronoestratigráfica para o conhecimento esteja restrito ao intervalo Aptiano superior e Albiano inferior das Aptiano-Coniaciano de Sergipe. Vários espécies Temnocidaris (Stereocidaris) estudos abordaram a sistemática e aspectos malheiroi (Loriol, 1888), já registrada para o paleoecológicos e biogeográficos do grupo, Albiano superior (Smith & Bengtson, 1991) destacando-se mais recentemente os e Albiano médio (Manso, 2003) e trabalhos de Smith & Bengtson (1991), Leptosalenia sergipensis (White, 1887), Manso (2003), Manso & Souza-Lima anteriormente registrada no Albiano superior (2003a, b, 2005, 2010), Manso & Lemos (Smith & Bengtson, 1991) e Albiano médio (2008) e Manso & Andrade (2008), nos (Manso & Lemos, 2008), além da ampliação quais também se encontram relatos de novos da distribuição de Tetragramma deshayesi registros para o Brasil. (Cotteau, 1864) para o Albiano superior, Neste trabalho é descrito pela primeira antes registrada para o Cenomaniano da vez o gênero Salenia para o Brasil, sendo Formação Cotinguiba. Figura 1. Mapa de localização da bacia de Sergipe-Alagoas e suas sub-bacias. CONTEXTO GEOLÓGICO E ESTRATIGRÁFICO A bacia de Sergipe-Alagoas apresenta Riachuelo (Figura 2), uma plataforma mista uma sucessão sedimentar cretácea quase carbonático-siliciclástica, aflora numa faixa completa, com afloramentos representativos de aproximadamente 20 km de largura, que de praticamente todos os estágios evolutivos se estende entre os municípios de Itaporanga típicos das bacias marginais brasileiras d’Ajuda e Pacatuba, no Estado de Sergipe. (Ojeda & Fujita, 1976; Souza-Lima et al., Sua idade Aptiano-Albiano (Koutsoukos & 2002; Souza-Lima, 2006), tendo grande Bengtson, 1993) é bem definida com base destaque as seqüências sedimentares nos abundantes amonóides que são relacionadas à implantação do Oceano encontrados nesta unidade, embora a datação Atlântico a partir do Aptiano. A Formação com base em microfósseis, particularmente São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 585 palinomorfos, indique uma idade eoalbiana a áreas calmas da plataforma, seja em contexto cenomaniana (Feijó, 1995; Campos Neto et lagunar ou em plataforma externa, abaixo do al., 2007). Esta incongruência deve-se à alcance das ondas normais. O Membro menor resolução do método de palinomorfos Maruim representa a plataforma sensu para este intervalo, refletindo ainda a stricto, com shoals carbonáticos de alta necessidade de calibração entre os dois energia constituídos por grainstones métodos. Esta unidade está sobreposta à oncolítico-bioclásticos, localmente oolíticos, Formação Muribeca, que contém os registros além de patch reefs isolados, de origem marinhos, de caráter ainda restrito, que foraminífero-algal-microbial (Souza-Lima, evoluíram continuamente até a implantação 2009). Estes bancos podem apresentar-se de um sistema marinho franco da Formação localmente dolomitizados, resultantes Riachuelo. É recoberta pelos carbonatos de provavelmente da ação do influxo de água plataforma marinha mais profunda da meteórica associados a sucessivos eventos Formação Cotinguiba (Schaller, 1970). de exposição subaérea, que foram Nesta plataforma mista siliciclástico- progressivamente mais comuns em direção carbonática são reconhecidos três membros: ao topo da seção atualmente aflorante, Angico, Taquari e Maruim (Feijó, 1995; correspondente às porções mais rasas do Campos Neto et al., 2007). O Membro sistema deposicional. Do ponto de vista Angico, que é dominantemente terrígeno, é tectônico, parte significativa dos composto por arenitos fino a afloramentos desta unidade ocorre no Alto conglomeráticos com alguma contribuição de Aracaju, uma expressiva feição dômica bioclástica, depositados em sistemas de onde a maior parte da seção sedimentar que leques costeiros subaéreos a subaquosos, ou antecede o breakup continental (Neoaptiano) mesmo pequenos deltas. O Membro Taquari foi erodida, sem, contudo expor o núcleo do é constituído por margas e calcilutitos em embasamento. intercalações sucessivas, depositados em Figura 2. Carta estratigráfica da plataforma carbonática cretácea da sub-bacia de Sergipe (Adaptado de Feijó, 1995). MATERIAL E MÉTODOS Os fósseis estudados encontram-se Aracaju, Sergipe e na coleção de fósseis da depositados na coleção de invertebrados da Universidade Federal de Sergipe (RE). Fundação Paleontológica Phoenix (FPH) em Procedeu-se uma preparação prévia dos 586 São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 exemplares das referidas coleções, de modo Seção em pedreira desativada e grande área a destacar as principais feições necessárias à escavada situada cerca de 100m a oeste da sua identificação. Para descrição e /ou estrada que liga a cidade de Riachuelo à identificação foram descritos apenas os Usina Pinheiro, 2km após o entroncamento espécimes em melhor estado de preservação, com a SE-430. Altitude: 20 m. sendo tomadas medidas do diâmetro e da Krt/a: Folhelhos cinza-esverdeados, altura das carapaças para os equinóides laminados, e siltitos creme-amarelados “regulares”, ao passo que para os intercalados a calciruditos bioclásticos “irregulares” foram tomadas as medidas do ricamente fossilíferos. comprimento, altura e da maior largura da Referências: Manso (2003). carapaça. Todas as medidas foram efetuadas Fazenda Nova 1 (FN-01) - UTM com auxílio de paquímetro digital, com 8.808.650N/706.700E. Mapa topográfico precisão de 0,1 mm. As interpretações folha: SC.24-Z-B-IV-4 Aracaju. paleoecológicas foram baseadas na análise Exposição na margem esquerda do rio morfológica das características