NNOOVVOOSS EEQQUUIIINNÓÓIIIDDEESS PPAARRAA OO IIINNTTEERRVVAALLOO AAPPTTIIIAANNOO---AALLBBIIIAANNOO (((CCRREETTÁÁCCEEOO IIINNFFEERRIIIOORR))) DDAA SSUUBB---BBAACCIIIAA DDEE SSEERRGGIIIPPEE,,, NNOORRDDEESSTTEE DDOO BBRRAASSIIILL

Cynthia Lara de Castro MANSO¹ & Wagner SOUZA-LIMA²

(1)Universidade Federal de , Departamento de Biociências, Laboratório de invertebrados marinhos, Avenida Vereador Olímpio Grande, s/nº, Campus Prof. Alberto Carvalho, Cep 49.500-000, , Sergipe. Endereço eletrônico: [email protected] (2)Fundação Paleontológica Phoenix, Rua Geraldo Menezes de Carvalho, 218. Cep 49050-750, , Sergipe. Endereço eletrônico: [email protected]

Introdução Contexto geológico e estratigráfico Material e métodos Sistemática paleontológica Conclusões Agradecimentos Referências Bibliográficas

RESUMO - Neste trabalho é descrito o primeiro registro do gênero Salenia para o Brasil, ocorrente no Aptiano-Eoalbiano da Formação Riachuelo. São também registradas duas novas ocorrências para a sub- bacia de Sergipe, com Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, 1847) para o intervalo Aptiano-Albiano e Micraster (Epiaster) dartoni (Cooke, 1955), para o Aptiano. Adicionalmente, estende-se a ocorrência cronoestratigráfica das espécies Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) e Leptosalenia sergipensis (White, 1887) para o Neoaptiano e de Tetragramma deshayesi (Cotteau, 1864) para o Neoalbiano. T. malbosi, L. sergipensis e M.(E.) dartoni teriam vivido em um ambiente protegido, provavelmente formado por lagunas costeiras. Já T. (S.) malheiroi poderia ter sido habitante de ambientes de baixa energia, provavelmente em áreas mais profundas da bacia, onde seu lento metabolismo seria mais condizente com ambientes com escassez de oxigênio. T. deshayesi, por outro lado, teria preferido os ambientes de alta energia do Neoalbiano, onde teria vivido sobre substrato consolidado. Palavras chave: Echinoidea, sistemática, Cretáceo, Sub-bacia de Sergipe.

ABSTRACT – C.L. de C. Manso & W. Souza-Lima. New Echinoids from the Aptian-Albian interval (Lower Cretaceous) of the Sergipe Sub-basin, Northeastern . The genus Salenia is described for the first time in Brazil, occurring in the Aptian-Eoalbian section of the Riachuelo Formation. Two new occurrences are also recorded, with Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, 1847) for the Aptian- Albian interval and Micraster (Epiaster) dartoni Cooke, 1955, for the Aptian. In addition, the chronostratigraphic range of the species Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) and Leptosalenia sergipensis (White, 1887) is extended to the Neoaptian and Tetragramma deshayesi (Cotteau, 1864) for the Neoalbian. T. malbosi, L. sergipensis and M. (E.) dartoni had lived at a protectet environment, probably represented by coastal lagoons. T. (S.) malheiroi inhabited low-energy environments, probably at the deeper areas of the basin, where his slower metabolism could be more appropriated to low-oxygen conditions. On the other hand, T. deshayesi must have preferred the high- energy environments from the Neoalbian, where they lived over consolidated substratum. Keywords: Echinoidea, systematics, Cretaceous, Aptian, Albian, Sergipe Sub-Basin.

INTRODUÇÃO

As bacias sedimentares do Nordeste com excelentes exposições e abundantes brasileiro apresentam rochas do Cretáceo fósseis. A sub-bacia de Sergipe, uma das

584 São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 sub-bacias da bacia de Sergipe-Alagoas apresentadas ainda duas novas ocorrências (Figura 1), é um bom exemplo, com grande para a sub-bacia de Sergipe, com diversidade de invertebrados marinhos Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, distribuídos do Aptiano ao Campaniano. 1847) para o intervalo Aptiano-Albiano e Dos vários grupos existentes, os Micraster (Epiaster) dartoni (Cooke, 1955), equinóides apresentam-se abundantes e com para o Aptiano. Adicionalmente, estende-se boa distribuição, embora até o momento seu a ocorrência cronoestratigráfica para o conhecimento esteja restrito ao intervalo Aptiano superior e Albiano inferior das Aptiano-Coniaciano de Sergipe. Vários espécies Temnocidaris (Stereocidaris) estudos abordaram a sistemática e aspectos malheiroi (Loriol, 1888), já registrada para o paleoecológicos e biogeográficos do grupo, Albiano superior (Smith & Bengtson, 1991) destacando-se mais recentemente os e Albiano médio (Manso, 2003) e trabalhos de Smith & Bengtson (1991), Leptosalenia sergipensis (White, 1887), Manso (2003), Manso & Souza-Lima anteriormente registrada no Albiano superior (2003a, b, 2005, 2010), Manso & Lemos (Smith & Bengtson, 1991) e Albiano médio (2008) e Manso & Andrade (2008), nos (Manso & Lemos, 2008), além da ampliação quais também se encontram relatos de novos da distribuição de Tetragramma deshayesi registros para o Brasil. (Cotteau, 1864) para o Albiano superior, Neste trabalho é descrito pela primeira antes registrada para o Cenomaniano da vez o gênero Salenia para o Brasil, sendo Formação Cotinguiba.

Figura 1. Mapa de localização da bacia de Sergipe-Alagoas e suas sub-bacias.

CONTEXTO GEOLÓGICO E ESTRATIGRÁFICO

A bacia de Sergipe-Alagoas apresenta Riachuelo (Figura 2), uma plataforma mista uma sucessão sedimentar cretácea quase carbonático-siliciclástica, aflora numa faixa completa, com afloramentos representativos de aproximadamente 20 km de largura, que de praticamente todos os estágios evolutivos se estende entre os municípios de Itaporanga típicos das bacias marginais brasileiras d’Ajuda e Pacatuba, no Estado de Sergipe. (Ojeda & Fujita, 1976; Souza-Lima et al., Sua idade Aptiano-Albiano (Koutsoukos & 2002; Souza-Lima, 2006), tendo grande Bengtson, 1993) é bem definida com base destaque as seqüências sedimentares nos abundantes amonóides que são relacionadas à implantação do Oceano encontrados nesta unidade, embora a datação Atlântico a partir do Aptiano. A Formação com base em microfósseis, particularmente

São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 585 palinomorfos, indique uma idade eoalbiana a áreas calmas da plataforma, seja em contexto cenomaniana (Feijó, 1995; Campos Neto et lagunar ou em plataforma externa, abaixo do al., 2007). Esta incongruência deve-se à alcance das ondas normais. O Membro menor resolução do método de palinomorfos representa a plataforma sensu para este intervalo, refletindo ainda a stricto, com shoals carbonáticos de alta necessidade de calibração entre os dois energia constituídos por grainstones métodos. Esta unidade está sobreposta à oncolítico-bioclásticos, localmente oolíticos, Formação Muribeca, que contém os registros além de patch reefs isolados, de origem marinhos, de caráter ainda restrito, que foraminífero-algal-microbial (Souza-Lima, evoluíram continuamente até a implantação 2009). Estes bancos podem apresentar-se de um sistema marinho franco da Formação localmente dolomitizados, resultantes Riachuelo. É recoberta pelos carbonatos de provavelmente da ação do influxo de água plataforma marinha mais profunda da meteórica associados a sucessivos eventos Formação Cotinguiba (Schaller, 1970). de exposição subaérea, que foram Nesta plataforma mista siliciclástico- progressivamente mais comuns em direção carbonática são reconhecidos três membros: ao topo da seção atualmente aflorante, Angico, Taquari e Maruim (Feijó, 1995; correspondente às porções mais rasas do Campos Neto et al., 2007). O Membro sistema deposicional. Do ponto de vista Angico, que é dominantemente terrígeno, é tectônico, parte significativa dos composto por arenitos fino a afloramentos desta unidade ocorre no Alto conglomeráticos com alguma contribuição de Aracaju, uma expressiva feição dômica bioclástica, depositados em sistemas de onde a maior parte da seção sedimentar que leques costeiros subaéreos a subaquosos, ou antecede o breakup continental (Neoaptiano) mesmo pequenos deltas. O Membro Taquari foi erodida, sem, contudo expor o núcleo do é constituído por margas e calcilutitos em embasamento. intercalações sucessivas, depositados em

Figura 2. Carta estratigráfica da plataforma carbonática cretácea da sub-bacia de Sergipe (Adaptado de Feijó, 1995).

MATERIAL E MÉTODOS

Os fósseis estudados encontram-se Aracaju, Sergipe e na coleção de fósseis da depositados na coleção de invertebrados da Universidade Federal de Sergipe (RE). Fundação Paleontológica Phoenix (FPH) em Procedeu-se uma preparação prévia dos

586 São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 exemplares das referidas coleções, de modo Seção em pedreira desativada e grande área a destacar as principais feições necessárias à escavada situada cerca de 100m a oeste da sua identificação. Para descrição e /ou estrada que liga a cidade de Riachuelo à identificação foram descritos apenas os Usina Pinheiro, 2km após o entroncamento espécimes em melhor estado de preservação, com a SE-430. Altitude: 20 m. sendo tomadas medidas do diâmetro e da Krt/a: Folhelhos cinza-esverdeados, altura das carapaças para os equinóides laminados, e siltitos creme-amarelados “regulares”, ao passo que para os intercalados a calciruditos bioclásticos “irregulares” foram tomadas as medidas do ricamente fossilíferos. comprimento, altura e da maior largura da Referências: Manso (2003). carapaça. Todas as medidas foram efetuadas Fazenda Nova 1 (FN-01) - UTM com auxílio de paquímetro digital, com 8.808.650N/706.700E. Mapa topográfico precisão de 0,1 mm. As interpretações folha: SC.24-Z-B-IV-4 Aracaju. paleoecológicas foram baseadas na análise Exposição na margem esquerda do rio morfológica das características das Sergipe, cerca de 3 km a montante da carapaças, de acordo com Smith (1984), confluência do rio Ganhamoroba, Néraudeau et al. (1993) e Manso (2003). parcialmente coberta durante a maré alta. As coordenadas de localização da área Altitude: 0 m. fonte dos fósseis foram obtidas utilizando-se Krm: Calcarenito oncolítico/bioclástico, um GPS sobre o datum Córrego Alegre, localmente bioturbado, com abundantes convertidas para o datum Aratu e equinóides e amonóides. arredondadas para os 50 m mais próximos. Referências: Manso (2003). As coordenadas UTM estão referenciadas ao Fazenda Nova 2 (FN-02) - UTM meridiano central 39°. As descrições das 8.808.600N/706.200E. Mapa topográfico localidades estão de acordo com o modelo folha: SC.24-Z-B-IV-4 Aracaju. adotado por Bengtson (1983, p. 30-31) para Seção exposta em pequena pedreira a bacia de Sergipe. As abreviaturas entre desativada, situada na margem esquerda do parênteses referem-se aos códigos dos rio Sergipe, cerca de 1200 m a montante do pontos lançados no mapa da Figura 3. afloramento Fazenda Nova 1, com acesso a Kra = Formação Riachuelo, partir da BR 101. Membro Angico Altitude: 5 m. Krt = Formação Riachuelo, Membro Taquari Krm: Calcarenito oncolítico/bioclástico, Krm = Formação Riachuelo, Membro localmente bioturbado, com intercalações Maruim de calcarenitos argilosos contendo Exposição = afloramento com altura inferior abundantes braquiópodos e equinóides. a 0,5 m Referências: Manso (2003). Seção = afloramento com altura superior a Fazenda Salobro 1 (SL-01) - UTM 0,5 m 8.818.050N/700.100E. Mapa topográfico Bonfim 5 (BFM-05) - UTM folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. 8.816.000N/696.900E. Mapa topográfico Seção em colina escavada situada na folha: SC.24-Z-B-IV-2 Riachuelo. margem sul da estrada que Riachuelo- Seção exposta próxima à base do poço RO- Divina Pastora (SE-104), 100 metros a oeste 28 da PETROBRAS. do acesso para o poço RO-22 da Krm: Calcarenito bioclástico contendo PETROBRAS. Altitude: 45 m. equinóides e amonóides. Krt: Intercalações de folhelho síltico cinza- Referências: Manso (2003). escuro e siltito argiloso creme claro, com Engenho Lira 2 (EL-02) - UTM níveis 8.811.850N/696.900E. Mapa topográfico subordinados de arenito fino ricos em folha SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. pequenos gastrópodes, moluscos bivalves e serpulídeos.

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Referências: afloramento "Fazenda Salobro Exposição em ambas às margens da BR- 1" de Manso & Souza-Lima (2003a) e 101, próximas à base do poço CP-722 da afloramento Limeira 6 de Siqueira (2005). PETROBRAS. Fortuna 2 (FTN-02) - UTM 8.823.950 N/ Krm: Calcarenito creme-claro, bioclástico, 702.400E. Mapa topográfico folha: SC. 24- com grande quantidade de equinóides. Z-B-IV-2 Riachuelo. Referências: Manso (2003). Exposição de rochas em área de pasto na Maruim 4 (MAR-04) - UTM fazenda Fortuna. 8.813.100N/710.500E. Mapa topográfico Krt: Intercalações de folhelho síltico cinza- folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. escuro com arenito cinza claro, contendo Exposição na margem norte da estrada SE- equinóides, moluscos bivalves e amonóides. 208, a aproximadamente 1 km do Referências: afloramento "Fortuna 2" de entroncamento Manso (2003). com a BR-101. Jordão 11 (JOR-11) - UTM 8.814.000N/ Krm: Calcilutito creme e calcarenito 712.900E. Mapa topográfico folha: SC.24- bioclástico creme-claro contendo Z-B-IV-2 Riachuelo. equinóides, moluscos Seção isolada em pedreira desativada no bivalves (principalmente Neithea) e topo da colina próxima ao poço CP-908. amonóides. Altitude: 40m. Referências: Manso (2003). Krm: Calcarenito creme-claro, Pau Ferro 1 (PFE-01) - UTM dolomitizado, bioclástico, contendo 8.808.050N/705.050E. Mapa topográfico fragmentos e espinhos de equinóides. folha: SC.24-Z-B-IV-4 Aracaju. Referências: Manso (2003). Pequena exposição em corpos isolados na Limeira 4 (LI-04) - UTM 8819400 N/ borda do manguezal, no distrito de Pau 700100 E. Mapa topográfico folha: SC. 24- Ferro, Z-B-IV-2 Riachuelo. Maruim. Altitude: 0,5 m. Seção exposta em colina próxima à base do Krm: Calcarenito bioclástico/oncolítico poço RO-399 da PETROBRAS. creme-claro a cinza. Kra: siltito argiloso creme-claro com Referências: Manso (2003). intercalações de arenitos finos contendo Porto dos Barcos 2 (PB-02) - UTM moluscos bivalves, amonóides e equinóides. 8.813.950N/699.050E. Mapa topográfico Referências: Manso (2003) e Siqueira folha: SC.24-Z-B-IV-2 Riachuelo. (2005). Seção em colina escavada com face Maruim 1 (MAR-01) - UTM voltada para SE, 250 m a oeste da base do 8.813.650N/710.300E. Mapa topográfico poço RO-272 da PETROBRAS, com folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. acesso pelo lado sul da estrada que liga a Seção exposta em corte de estrada na Fazenda Porto dos Barcos à cidade de margem sul da rodovia SE-208, próxima ao Riachuelo. Altitude: 35 m. entroncamento com a BR-101. Krt: Intercalações de folhelho síltico cinza- Krm: Calcarenito bioclástico creme-claro e escuro e siltito argiloso cinza claro, com bioclástico localmente oncolítico/oolítico, níveis com patch reefs microbiais isolados, delgados de arenito fino, localmente contendo equinóides, moluscos bivalves e exibindo concreções, ricos em pequenos amonóides. amonóides, Referências: Manso (2003). gastrópodes, moluscos bivalves e Maruim 3 (MAR-03) - UTM serpulídeos. 8.813.950N/710.600E. Mapa topográfico Referências: afloramento "Porto dos folha: SC.24-Z-B-IV-2 Riachuelo. Barcos 2" de Manso (2003), Manso & Souza-Lima (2003a), Mascarenhas (2004) e "Porto dos Barcos 3" de Siqueira (2005).

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Porto dos Barcos 3 (PB-03) - UTM (1934) e Brito (1980, 1981); área de 8.814.200N/699.050E. Mapa topográfico "Praia" de Bengtson (1983) e Smith & folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. Bengtson (1991); Praia 12 de Manso Seção em colina escavada situada a NW da (2003). base do poço RO-223 da PETROBRAS, às Roque Mendes 1 (RQM-01) - UTM margens de um pequeno açude, com 8.814.100N/698.750E. Mapa topográfico acesso pelo lado sul da estrada que liga a folha: SC.24-B-IV-2 Riachuelo. Fazenda Porto dos Barcos à cidade de Exposição à margem direita do rio Riachuelo. Altitude: 40 m. Sergipe, na estrada que liga Riachuelo ao Krt: Intercalações de folhelho síltico cinza- distrito de Roque Mendes. escuro e siltito argiloso creme claro, com Krt: Siltito creme-claro, argiloso, maciço. níveis subordinados de arenito fino, Referências: afloramento "Roque Mendes localmente exibindo concreções, ricos em 1" de Manso (2003) e Siqueira (2005). pequenos amonóides, gastrópodes, São Joaquim 1 (SJ-01) - UTM moluscos bivalves e serpulídeos. 8.815.000N/701.050E Mapa topográfico Referências: afloramento "Porto dos folha: SC 24-Z-B-IV-2 Riachuelo Barcos 3" de Manso & Souza-Lima Seção a leste da estrada que liga a SE-104 (2003a), e "Porto dos Barcos 2" de à Fazenda São Joaquim em pequena Siqueira (2005). Refere-se provavelmente elevação com à localidade "Porto dos Barcos" de face voltada para NW. Altitude ca. 60 m. Branner (1890). Krt: Folhelho esverdeado a ocre com Praia 10 (PR-10) - UTM intercalações de calcarenito grosso 8.810.550N/709.950E. Mapa topográfico bioclástico, muito folha: SC. 24-Z-B-IV-4 Aracaju. fossilífero. Pequena exposição sob a forma de corpos Referências: Zucon et al. (1998) e Manso isolados na planície de maré da margem (2003). esquerda do rio Ganhamoroba, na São Joaquim 4 (SJ-04) - UTM propriedade denominada Fazenda Praia, 8.814.600N/ 700.850E. Mapa topográfico Maruim, parcialmente coberta durante a folha. SC 24-Z-B-IV-2 maré alta. Riachuelo. Krm: Calcarenito bioclástico/oncolítico, Seção na base do poço RO-279 da muito cimentado. PETROBRAS. Referências: Área denominada de Kra: Calcirudito bioclástico. "Lastro" por White (1887), Branner Referências: Zucon et al. (1998) e Manso (1890), Maury (1934) e Brito (1980, (2003). 1981); área de "Praia" de Bengtson (1983) Taquari 3 (TQR-03) - UTM 8.821.900 e Smith & Bengtson (1991); Praia 10 de N/712.450E. Mapa topográfico folha: SC. Manso (2003) e Mascarenhas (2004). 24-Z-B-IV-2 Riachuelo Praia 12 (PR-12) - UTM Exposição e blocos esparsos em colina 8.810.300N/710.050E. Mapa topográfico escavada na margem nordeste da rodovia folha: SC. 24-Z-B-IV-4 Aracaju. SE-206. Seção exposta na planície de maré, na Krt: Calcilutito a calcarenito bioclástico margem esquerda do Rio Ganhamoroba na ocre, localmente oxidado, fossilífero, com propriedade denominada Fazenda Praia. biolititos algais-microbiais isolados. Altitude: 0,5 m Referências: afloramento "Taquari 3" de Krm: Calcarenito oncolítico-oolítico róseo Manso (2003) e Siqueira (2005). a creme-claro. Treme 1 (TRM-01) - UTM Referências: Área denominada de 8.811.550N/689.400E. Mapa topográfico "Lastro" por White (1887), Branner folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. (1890), Maury

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Seção em colina próxima à base do poço Referências: Manso (2003). R0-312 da PETROBRAS. Vassouras 5 (VAS-05) - UTM Kra: Siltito argiloso creme com 8.815.150N/ 711.950E. Mapa topográfico intercalações de arenito fino. folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. Referências: Manso (2003). Exposição e blocos isolados em área Usina Central 7 (UC-07) - UTM escavada em ambas as margens da rodovia 8.814.950N/695.000E. Mapa topográfico BR-101, próximo ao poço CP-275 da folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. PETROBRAS. Exposição próxima à base do poço RO- Krm: Calcilutito creme-claro e calcarenito 425 da PETROBRAS. bioclástico creme com abundantes Krm: Calcarenito bioclástico. equinóides e amonóides. Referências: Manso (2003). Referências: Manso (2003). Usina Central 8 (UC-08) - UTM Vassouras 14 (VAS-14) - UTM 8.814.750N/694.750E. Mapa topográfico 8.814.900N/710.450E. Mapa topográfico folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. Exposição próxima à base do poço da Blocos isolados na estrada à beira de PETROBRAS RO-405. canavial dentro da Fazenda Vassouras. Krm: Calcarenito oncolítico, localmente Krt: Calcilutito creme-claro, com bioclástico, fossilífero. bioclastos esparsos. Referências: Manso (2003). Referências: Manso (2003). Vassouras 1 (VAS-01) - UTM Vassouras 18 (VAS-18) - UTM 8.815.200N/712.150E. Mapa topográfico 8.815.750N/711.200E. Mapa topográfico folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. folha: SC. 24-Z-B-IV-2 Riachuelo. Seção em colina escavada às margens da Blocos isolados expostos em canavial na estrada de ferro, com acesso pela BR-101, Fazenda Vassouras. em frente à base do poço CP-275 da Krm: Calcarenito creme-claro, bioclástico. PETROBRAS. Referências: Manso (2003). Krm: Calcarenito/calcirudito bioclástico creme escuro, com abundantes amonóides.

Figura 3. Mapa de localização dos afloramentos, com identificação dos intervalos estratigráficos do Aptiano superior ao pós-Coniaciano.

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SISTEMÁTICA PALEONTOLÓGICA

Ordem Cidaroida Claus, 1880 Família Cidaridae Gray, 1825 Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) Prancha 1: a, b, c

Prancha 1. Temnocidaris (Stereocidaris) malheroi (Loriol) (exemplar RE-1169): a) Placas interambulacrais e parte da região ambulacral; b) detalhe do círculo escrobicular; c) detalhe dos poros ambulacrais. Salenia (Salenia) sp. (exemplar FPH-1560-I): d) vista apical; e) vista lateral. Leptosalenia sergipensis (exemplar FPH-643-I): f) vista apical; g) vista lateral. Barra de escalas: a, d, e, f, g = 10mm; b, c = 1mm.

1888 Cidaris malheiroi Loriol – Loriol, p. 97, est. 6: 1, 5-7. 1953 Cidaris malheiroi Loriol – Dartevelle, p.5. 1991 Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) – Smith, p.18, est. 1 A; fig. 8B. 2008 Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) – Manso & Lemos, p.130.

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Material: FPH-563-I (Engenho Lira 2), RE-1169 (Fazenda Salobro 1), RE-1186 Material: Três moldes internos (Limeira 4), RE-1027 (Maruim 1), RE- dolomitizados, sem preservação da 455, RE-1040, RE-1181, RE-1182 (São carapaça, representados pelos espécimes Joaquim 1), FPH-639-I (São Joaquim 4), FPH-1560-I (Taquari 3), RE-1178 e RE- FPH-609-I (Vassouras 14) e FPH-804-I 1179 (ambos provenientes da localidade (Vassouras 18). Usina Central 7).

Distribuição estratigráfica e geográfica: Descrição: Carapaças dolomitizadas de conhecida do provável Aptiano ao Albiano contorno arredondado com a superfície mais superior da bacia de Benguela em inferior plana e a superior levemente Angola e do Albiano médio ao Albiano cônica (Estampa 1: d, e). O exemplar FPH- superior da sub-bacia de Sergipe, Brasil 1560-I possui 19,5 mm de diâmetro e 13,5 (Smith & Bengtson, 1991; Manso, 2003; mm de altura; os demais exemplares Manso & Lemos, 2008). Neste trabalho apresentam carapaças com diâmetro de tem ampliada sua distribuição para o 14,0 e 21,0 mm. O disco apical possui Aptiano superior da Formação Riachuelo. cerca de 55% do diâmetro da carapaça. O disco apical é aparentemente Discussão: De acordo com Smith & liso, com os poros genitais bem Bengtson (1991), Temnocidaris demarcados no centro das placas (Figura (Stereocidaris) malheiroi é muito próxima 4). O periprocto tem contorno oval com a T. (S.) malum (Gras, 1848) do Aptiano 3,0 mm de largura, aparentando ter da Europa, tanto na aparência quanto na possuído uma borda mais espessa. As tuberculação ambulacral, diferindo desta placas oculares estão inseridas no disco apenas na largura das zonas de poros apical, com sugestão da presença de ambulacrais, as quais em T. (S.) malum são elevações elípticas na região mediana do relativamente mais estreitas. seu bordo externo. Madreporito de Esta espécie também difere das demais contorno subretangular, com espécies de cidaróides assinaladas para o posicionamento sugerido na placa genital Cretáceo de Sergipe como Phalacrocidaris 2. branneri (White, 1887) do Albiano da Região ambulacral uniforme e Formação Riachuelo (Smith & Bengtson, muito pouco sinuosa, exceto no terço 1991; Manso, 2003) e Prionocidaris sp do superior. Ambulacros relativamente largos, Turoniano-Coniaciano da Formação onde os tubérculos secundários podem Cotinguiba no número e disposição dos atingir o mesmo tamanho que os primários tubérculos da região interambulacral como na região ambital. muito bem demonstrado por Smith in Região interambulacral com 4-5 Smith & Bengtson, 1991. placas em cada coluna, com um tubérculo de tamanho moderado e com auréolas Ordem Calycina Gregory, 1900 largas. Como o material se encontra Família Saleniidae Agassiz,1838 dolomitizado não foi possível reconhecer o Tribo Saleniini Agassiz, 1838 número de tubérculos escrobiculares. Salenia (Salenia) sp. O peristoma está pouco visível, Prancha 1: d, e; Figura 4 mas aparentemente não é invaginado.

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Figura 4. Reconstrução do sistema apical de Salenia (Salenia) sp. Barra de escala = 10mm.

Distribuição estratigráfica e geográfica: O coluna quando comparadas com indivíduos gênero Salenia foi descrito do Cretáceo de tamanhos semelhantes. Difere de Salenia Inferior (Neocomiano) ao Cretáceo Superior (Salenia) neocomiensis Cotteau, 1861, por da Europa, África, Ásia, América do Norte e apresentar, nesta espécie, o disco apical alto Austrália, Cretáceo Superior da Jordânia e cônico, ornamentado com pontos (Bandel & Geys, 1984), Cenomaniano da semelhantes a fendas e grandes depressões Somália (Checcia-Rispoli, 1948), Eoceno da triangulares. Difere ainda de Salenia Europa, África, América do Norte, (Salenia) rugosa d`Archiac, 1847, no Oligoceno da América do Norte, Mioceno formato das placas do disco apical onde em do norte da África e Recente do Caribe (Fell S. (S.) rugosa as placas oculares ultrapassam & Pawson, 1966). Este é o primeiro registro as placas genitais dando uma aparência para o Brasil, identificada para o provável pentagonal a esta estrutura. Tendo em vista Aptiano superior e para o Albiano inferior da as características morfológicas distintas, é Formação Riachuelo. provável que os exemplares aqui descritos representem uma nova espécie; contudo, Discussão: Os exemplares estudados tendo em vista a má preservação dos diferem dos demais salenídeos do Cretáceo mesmos, prefere-se manter sua classificação brasileiro nas seguintes características: de em nível genérico. Leptosalenia sergipensis (White, 1887), principalmente na largura e quantidade de Leptosalenia sergipensis (White, 1887) tubérculos primários e secundários da região Prancha1: f, g; Figura 5: a, b. ambulacral, visto que em L. sergipensis esta região é bastante estreita. Holosalenia 1887 Salenia sergipensis (sp. nov.) – White, bahiensis (Manso & Souza- Lima, 2007), do p. 252, est. 27: 11,12. Albiano da bacia de Camamu (Bahia), difere 1887 Salenia similis (sp. nov.) – White, p. quanto a largura e tuberculação da região 253, est. 27: 9, 10 ambulacral, que é mais estreita e com 1888 Salenia dombeensis Loriol – Loriol, p. ausência de tubérculos secundários, e na 100, est. 6: 2-4. altura das placas do sistema apical, mais 1937 Salenia sergipensis White – Maury, p. cônicas. Embora dolomitizados, os 266, est. 4: 12, 13. exemplares estudados são claros 1937 Salenia similis White – Maury, p. 268, representantes do gênero Salenia (Salenia). est. 4: 14. As características os aproximam bastante de 1953 Salenia dombeensis Loriol – Salenia (Salenia) petalifera (Defrance in Dartevelle, p.15, text-fig. 2. Desmares, 1825) e Salenia (Salenia) 1980 Salenia sergipensis White – Brito, p. wilmingtonensis Smith & Wrigth, 1990, 577, est. 2: 1, 2. descritos em Smith & Wrigth (1990), 1991 Leptosalenia sergipensis (White) – diferindo destas principalmente no número Smith, p. 19, est. 2 A-H; figs 9-12. menor de placas interambulacrais em cada

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2008 Leptosalenia sergipensis (White) – assinalada para o Albiano médio da Manso & Lemos, p.132; fig.3. Formação Riachuelo (Manso & Lemos, 2008) e agora é assinalada para o Albiano Material: os exemplares coletados nas inferior desta mesma formação. seguintes localidades: Bonfim 5 (RE-1177), Fortuna 2 (RE-1028), Maruim 1 (FPH-643-I; Discussão: Em alguns dos exemplares RE-1154; RE-1170; RE-1171; RE-1173; estudados foram observadas 5-7 placas em RE-1185), Maruim 4 (FPH-526-I), Porto dos cada coluna da região interambulacral. Barcos 3 (RE-1128), São Joaquim 1 (RE- Smith in (Smith & Bengtson, 1991) 1016; RE-1154), Treme 1 (RE-1052), Usina observou 6-7 placas em cada coluna, em Central 8 (RE-1125). exemplares um pouco menores que os aqui estudados. Foram notadas também Distribuição estratigráfica e geográfica: diferenças entre a profundidade e a extensão Esta espécie foi reportada para o das depressões nas placas do disco apical. Cenomaniano inferior da Formação Estas diferenças foram interpretadas como Cotinguiba em Sergipe, Brasil, (Itaporanga variações intraespecíficas pela simples razão 2; Bengtson, 1983), e também para o de que as demais características nessas Albiano médio a superior de Dombe Grande espécies se encaixavam nas descrições de e Cubal, Angola (Smith, 1991). Foi Smith (1991).

Figura 5. Leptosalenia sergipensis (White): morfologia das placas do sistema apical dos exemplares FPH-643-I (a) e RE-1171 (b). Barra de escalas = 1mm.

Ordem Hemicidaroida Beurlen, 1937 Família Pseudodiamantidae Pomel, 1833 Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, 1847) Prancha 2: a, b, c; Figura 6

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Prancha 2. Tetragramma malbosi Agassiz & Desor: a) vista apical do exemplar FPH-557-I ; b) vista oral e c) vista lateral do exemplar FPH-317-I . Tetragramma deshayesi (Cotteau): d) vista apical, e) vista lateral e f) detalhe do sistema apical do exemplar FPH-631-I. Micraster (Epiaster) dartoni (Cooke): g) vista apical (exemplar FPH-423-I); h) vista oral (exemplar FPH-424-I) e vista lateral (exemplar FPH-436-I). Barra de escalas: a, b, c, d, e, g, h, i =10mm; f = 1mm.

1946 Tetragramma malbosi (Agassiz) – Cooke, p. 207. 1955 Tetragramma malbosi (Agassiz) – Cooke, pp. 92 - 93 (com uma sinonímia completa) 1964 Orthopsis bahiensis (sp. nov.) – Brito p. 6, est. I, figs 2, 3; est. II fig.1. 1980 Phymosoma bahiensis (nov. comb.) – Brito, p. 580, est. III, figs 5-6. 1991 Tetragramma malbosi Agassiz & Desor – Smith, p.14, 25, est. 4: E, F.

Material: 13 exemplares coletados nas abaixo da metade da altura da carapaça. localidades Engenho Lira 2 (FPH-556-I; Placas apicais ausentes em todos os FPH-557-I a FPH-562-I; FPH-564-I a exemplares examinados. Exibem duas séries FPH-566-I), Porto dos Barcos 2 de pares de poros ambulacrais que se (FPH-317-I), Praia 10 (FPH-520-I) e Roque estendem da região próxima ao disco apical Mendes 1 (RE-0948). até a região do âmbitus (Figura 6). Nesta região o ambulacro é constituído por uma Descrição: Carapaças baixas de contorno única série. Deste ponto até a região próxima arredondado a levemente pentagonal, ao peristômio, são encontrados vários pares medindo entre 16,0 mm e 37,5 mm de de poros formando duas a três séries. Podem diâmetro, e alturas entre 5,0 mm e 10,5 mm ser observadas placas compostas por três (Estampa 2: a, b, c). Âmbitus localizado elementos, principalmente abaixo do

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âmbitus. Na região ambital são observadas próximas do âmbitus, mais estreitas elas se placas compostas por quatro elementos. tornam. As três ou quatro placas dorsais Cada placa composta possui um grande iniciais possuem um tubérculo primário de tubérculo primário com mamelão perfurado igual tamanho, com plataforma crenulada e e plataforma crenulada envolto por grânulos mamelão perfurado. As próximas duas que se concentram em maior quantidade, ao placas possuem dois tubérculos. Nas placas redor e abaixo do âmbitus, principalmente na seguintes já podem ser observados três região interna de cada placa. Existem de três tubérculos, com tamanhos semelhantes, em a cinco pares de poros em oposição a cada cada placa. Abaixo da região ambital são placa interambulacral. Em uma coluna foi observados até quatro tubérculos possível observar em torno de 48 pares de aproximadamente iguais. Apenas o adradial poros e 20 tubérculos primários no exemplar é um pouco menor que os demais. Grânulos com 37,5 mm de diâmetro (exemplar FPH- estão presentes entre e ao redor dos 560-I). A região ambulacral dorsal do tubérculos de cada placa, principalmente mesmo exemplar está esquematizada na próximo à região ambital, diminuindo um Figura 6c. A região interambulacral, na pouco abaixo do âmbitus, onde o número de altura do âmbitus possui 16 placas em uma tubérculos primários é maior (Figura 6a, b). coluna. Estas placas são estreitas e com O peristoma é invaginado. aspecto sub-retangular. Quanto mais

Figura 6. Caracteres morfológicos da região interambulacral (a; ambital em b) e ambulacral (c) de Tetragramma malbosi. Barras de escala = 1mm.

Distribuição estratigráfica e geográfica: Riachuelo, Sergipe (Manso, 2003), sendo Tetragramma malbosi ocorre no Aptiano ainda registrado para o Albiano superior ao inferior da Espanha (Canerot et al., 1982); provável Cenomaniano inferior da Formação Cretáceo inferior (Aptiano) da França Algodões, bacia de Camamu, Bahia (Souza- (Cooke, 1955), Aptiano inferior da Inglaterra Lima et al., 2003a). (Casey, 1961), Aptiano médio (Gargasiano) do Marrocos (Masrour et al., 2004), no Discussão: De acordo com Smith (1991) os Grupo Fredericksburg (pós Eoalbiano do exemplares de Tetragramma malbosi Texas, sul dos EUA; Cooke, 1946; Young, (Agassiz & Desor) assinalados para os 1974), no Albiano da Colômbia (Cooke, Estados Unidos (outras localidades fora da 1955) e no Albiano superior(?) ao Turoniano Formação Fredricksburg) e México parecem do México (Jones, 1938; Nieto-López & possuir tuberculação mais unida, e García-Barrera, 2006; Duque-Botero, 2006). corresponderiam à espécie T. raulini (Desor, No Brasil é assinalada do Aptiano superior 1855) também do Albiano. ao Albiano mais superior da Formação

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T. malbosi difere das demais espécies de 1879 Pseudodiadema macilentum, Peron & Tetragramma encontradas na bacia de Gauthier – Cotteau et al., p.196, est 14: 6- Sergipe como T. deshayesi (Cotteau, 1864) 11. por apresentar tubérculos interambulacrais 1879 Pseudodiadema conccinum, Peron & de tamanhos semelhantes, principalmente na Gauthier – Cotteau et al., p. 198, est. 14: região ambital, e de T. variolare (Brongniart, 12-15. 1822) por esta possuir os tubérculos 1887 Diplopodia deshayesii, Cotteau – primários mais próximos uns dos outros e Loriol, p. 37, est. 6:9-10, est 7:1. com pouca granulação entre eles. 1887 Phymosoma braziliensis, (sp. nov.) Esta espécie foi assinalada para o Brasil White – White, p. 249 (pars), est. 27:15-16. primeiramente para a Formação Algodões, 1937 Cyphosoma brasiliense White – bacia de Camamu, no Estado da Bahia, Maury, p. 264 (pars), est., 4: 9, 10 como Orthopsis bahiensis por Brito (1964). 1980 Phymosoma braziliensis, White – Posteriormente foi transferida para o gênero Brito, p. 580, est. 3: 3-4. Phymosoma (Brito, 1980). Smith & 1983 Phymosoma riograndensis Maury – Bengtson (1991; p.14) posicionaram esta Bengtson, p. 44. espécie no gênero Tetragramma por 1983 Pseudodiadema cf. macropygus concluírem ser esta espécie indistinguível de Cotteau – Bengtson, p. 44. T. malbosi (Agassiz & Desor) do Aptiano 1983 Salenia sp. – Bengtson, p. 44. europeu e do Albiano dos Estados Unidos. 1991 Tetragramma deshayesi Cotteau – Posteriormente novos registros de T. malbosi Smith, in Smith & Bengtson, p. 22, est. 3 A- foram obtidos em diversas localidades da K, est. 4 A, B; figs.13-16. Formação Algodões (Souza-Lima et al., 2003a). Material: Oito exemplares coletados nas localidades Fazenda Nova 1 (FPH-340-I e Tetragramma deshayesi (Cotteau, 1864) FPH-372-I), Fazenda Nova 2 (FPH-418-I), Prancha 2: d, e, f; Figura 7 Jordão 11 (FPH-554-I), Pau Ferro 1 (FPH- 531-I), Praia 10 (FPH-586-I e RE- 1198) e 1864 Pseudodiadema deshayesi, Cotteau – Praia 12 (FPH-595-I), todos provenientes de Cotteau 1864-1866, p. 501, est. 1121: 1-5. Sergipe.

Figura 7. Sistema apical (a) e placa interambulacral de Tetragramma deshayesi. Barras de escala = 1mm.

Distribuição estratigráfica e geográfica: Cenomaniano do Egito (Abdelhamid & Tetragramma deshayesi ocorre no Azab, 2003). É aqui assinalado para o Cenomaniano médio de Portugal e de Orne, Albiano mais superior do Membro Maruim, na França, tendo sido também registrada Formação Riachuelo, Sergipe. para o Cenomaniano (Formação Cotinguiba) de Santa Luzia, Estância, Sergipe (Smith & Observações: Tetragramma deshayesi Bengtson, 1991), e Albiano superior ao difere de Tetragramma malbosi (Agassiz &

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Desor, 1847) porque em T. malbosi os biométricos dos demais exemplares tubérculos interambulacrais são semelhantes estudados são apresentados na Figura 8. e cada placa pode conter até quatro Carapaça com as regiões dorsal e ventral tubérculos enfileirados. Difere de T. recobertas espaçadamente por tubérculos variolare (Brogniart, 1822) por aquela com mamelão perfurado, plataforma espécie apresentar os tubérculos crenulada e auréola reduzida ou ausente. interambulacrais uniformes e mais próximos Estes tubérculos estão mais concentrados na uns dos outros. Os exemplares examinados região antero-lateral e no plastrão, onde as apresentaram os pares de poros unisseriados auréolas são bem mais marcadas. Entre os na região aboral, como no exemplar FPH- tubérculos estão dispostos numerosos 631-I (Ø = 24,0 mm), sendo esta grânulos pequenos. Aparentemente estes característica apontada por Smith (1991) grânulos estão distribuídos de maneira mais apenas para os indivíduos com carapaça com uniforme na região lateral próxima à diâmetro igual ou inferior a 12,0 mm. extremidade das pétalas, onde podem ser observadas bandas relativamente largas Sub Ordem Micrasterina Fischer, 1966 dando a impressão de um protofascíolo Família Micrasteridae Lambert, 1920 peripetálico, melhor visualizado no exemplar Gênero Micraster Agassiz, 1836 FPH-436-I. Região apical central, com Subgênero Epiaster d’Orbigny, 1854 quatro gonoporos relativamente grandes. Placas genitais 1 e 4 em contato total abaixo Micraster (Epiaster) dartoni (Cooke, 1955) da madreporita. Placa madrepórica Prancha 2: g, h, i; Figura 8 relativamente pequena (Figura 6D). Ambulacro III estreito e levemente sulcado, 1955 Epiaster dartoni Cooke sp. nov. – com duas séries de pares de poros. Os poros Cooke, p.108-109, est. 28, figs. 1-10. de cada par separados por uma protuberância. Os poros internos de cada Diagnose: Carapaça cordiforme com as série são arredondados e os poros externos margens antero-laterais arredondadas, são ovais. Pétalas pares anteriores levemente alargada no terço anterior e mais estreita na sulcadas, semi-retilíneas e abertas, formadas região posterior; sistema apical com quatro por duas fileiras de pares de poros em forma gonoporos; pétalas pares moderadamente de fenda curta, cujos pares da série anterior deprimidas; peristoma subpentagonal e possuem metade do tamanho dos da série periprocto alongado. posterior. Pétalas pares posteriores pouco menores e menos sulcadas que as anteriores Material: 28 exemplares provenientes das e formadas por duas séries de pares de poros localidades Maruim 3 (FPH-841-I; FPH- semelhantes em forma de fenda curta. 847-I), Taquari 3 (RE-1189 e RE-1190; Periprocto oval e aparentemente com as FPH-423-I a FPH-444-I), Vassouras 1 extremidades afiladas, localizado (FPH-610-I) e Vassouras 5 (FPH-626-I), longitudinalmente na região posterior, acima Sergipe. da região do âmbitus da carapaça. No exemplar FPH-430-I podem ser observados Descrição: Carapaças de contorno dois pares de poros subanais. Infelizmente cordiforme mais larga e arredondada não foi possível a visualização dos demais anteriormente e mais alta e truncada na pares de poros devido à má preservação região posterior (Estampa 2: g, h, i; Figura desta parte da carapaça na maioria dos 8), medindo no exemplar FPH-430-I, 24,0 exemplares. O peristoma está localizado na mm de comprimento, 23,5 mm de largura e região ventral anterior da carapaça, e 16, 5 mm altura e no exemplar FPH-436-I, apresenta contorno arredondado, sem labrum 26,5 mm de comprimento, 26,0 mm de (Figura 6B). As placas do plastrão não largura e 18,0 mm altura. Os dados

598 São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 puderam ser visualizadas nos exemplares examinados.

Figura 8. Vista apical (a), oral (b) e lateral (c) e sistema apical (d) de Micraster (Epiaster) dartoni.

Figura 9. Dados biométricos da carapaça de Micraster (Epiaster) dartoni.

Distribuição estratigráfica e geográfica: Observações: As características dos Cretáceo inferior, suposto Aptiano do Novo exemplares de Sergipe conferem com a México (USA) e México (Coahuila; Cooke, maioria daquelas descritas e figuradas por 1955). No Brasil esta espécie ocorre no Cooke (1955) para Epiaster dartoni. Aptiano superior ao Albiano médio da De acordo com Villier et al. (2004) sobre a Formação Riachuelo, Sergipe. “filogenia e as implicações taxonômicas dos espatangóides do início do Cretáceo”, transferir as espécies de Epiaster sem

São Paulo, UNESP, Geociências, v. 31, n. 4, p. 584-605, 2012 599 fascíolo subanal para o gênero Micraster, Segundo Villier et al. (2004) a família parece ser a solução mais consistente. A Micrasteridae, na qual M. (E.) dartoni está falta de um fascíolo subanal não seria um inserida, seria parafilética e basal para toda a obstáculo para esta transferência e estaria de subordem Micrasterina, com os primeiros acordo com Smith (1988) e Néraudeau & registros de espécies datando do Moreau (1989). Estes últimos autores Mesoaptiano. observaram que o fascíolo subanal em Néraudeau & Mathey (2000) fizeram uma espécimes juvenis de Micraster do referência equivocada à presença desse Coniaciano é muitas vezes inconspícuo. gênero na bacia de Pernambuco-Paraíba, de Seguindo esta tendência, Néraudeau & onde teriam sido descritos exemplares Mathey (2000) reconsideraram o status referidos por Brito (1981) como pertencentes genérico de várias espécies de Epiaster entre ao gênero Hemiaster. Tal citação, contudo, elas Epiaster dartoni, neste caso transferindo não existe no trabalho citado. esta espécie para Micraster (E.) dartoni.

PALEOECOLOGIA

O comportamento das espécies e protegidos, formados por substratos comunidades fósseis serve para o inconsolidados, situados abaixo da entendimento das mudanças ambientais influência das ondas. (Jablonski & Sepkoski, 1996). O Aptiano- Numa proposta de zoneamento Albiano foi um período de importantes paleoecológico, Smith (1995) dividiu as transformações para os equinóides, espécies de equinóides “regulares” e possibilitando a conquista de novos habitats “irregulares” obtidas no Maastrichtiano da em direção à plataforma. No final do fronteira entre Oman e os Emirados Árabes Cretáceo algumas ordens foram extintas ou em um total de “10” habitats distintos de não possuíam mais representantes em acordo com a morfologia de cada carapaça. ambientes litorâneos. Em seguida inferiu estas espécies em sete De acordo com Néraudeau et al. (1998) e associações diferentes. Uma analogia aos Smith (1984, 1995), pode ser feita uma ambientes aqui interpretados com sua analogia entre a morfologia das carapaças e proposta posicionaria a espécie o paleoambiente onde os equinóides teriam Tetragramma malbosi num comportamento vivido. epibiôntico de águas rasas (2-10 m), em As características morfológicas de ambientes protegidos. Este habitat estaria Tetragramma malbosi, tais como carapaça localizado normalmente sob influência das baixa, poros aborais mais numerosos e ondas normais, porém sem a ação de pequenos filódios, provavelmente correntes fortes. As espécies adaptadas a este especializados para trocas gasosas, sugerem ambiente possuem carapaça deprimida nas que este organismo tenha ocupado ambientes regiões oral e aboral com pequenos filódios, protegidos em águas rasas. O peristômio e freqüentemente são encontradas maiores invaginado denota que teriam preferido algas quantidades de pares de poros na superfície e plantas marinhas para sua alimentação. aboral, possivelmente especializados para a Devido às características morfológicas de troca de gases. Seus espinhos são de sua carapaça, supõe-se que Leptosalenia tamanho moderado a longo. Este grupo de teria sido predominantemente herbívoro, equinóides provavelmente viveu em fundos colhendo algas e mesmo material de fundo. duros ou próximos a eles, em rochas, recifes Estes equinóides podem ter vivido dentro de ou substrato estabilizado. Por outro lado, tufos de algas, ligados ou envolvidos pelos Leptosalenia estaria mais bem adaptada filamentos dessas algas. Teriam sido também como espécie epibiôntica, porém espécies epibiônticas de ambientes submarés em ambientes submarés protegidos (mais de

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10 m) formados por substratos partículas alimentares muito provavelmente inconsolidados abaixo da influência das foram obtidas da imediata interface ondas normais. Embora os exemplares de água/sedimento. Salenia aqui descritos não estejam bem Os equinóides assinalados do Neoaptiano preservados, as estruturas encontradas no ao Eoalbiano de Sergipe viveram em um grupo normalmente os associam a habitats ambiente de plataforma carbonática semelhantes àqueles de Leptosalenia. (Formação Riachuelo). Esta plataforma Temnocidaris (Stereocidaris) malheiroi, estaria definida pelos bancos carbonáticos do um equinóide de forma globosa com poros Membro Maruim, com elementos terrígenos ambulacrais subconjugados a não- (Membro Angico) provenientes do aporte conjugados (menos especializados para continental oriundo de uma borda bacinal trocas gasosas) poderia ser posicionado num tectonicamente ativa até, pelo menos, o grupo caracterizado por Smith (1984) como Eoalbiano, com lagunas costeiras rasas habitante de águas com mais de 10 metros (Membro Taquari) onde teria havido grande de profundidade e sem influência de ondas quantidade de vegetação marinha como ou marés. Este cidaróide pode ser gramíneas e algas. Através do estudo de comparado com o moderno Eucidaris microfósseis, Koutsoukos et al. (1991) tribuloides que, de modo similar a outros sugeriram que os ambientes lagunares da cidaróides, movimentam-se muito Formação Riachuelo persistiram até o lentamente (Hendler et al., 1995) e possui Mesoalbiano. A estes ambientes estaria um metabolismo baixo que possibilitaria a associada uma diversificada e abundante sua sobrevivência em ambientes de águas fauna de micromoluscos, em particular mais profundas. Eucidaris tribuloides foi ceritídeos, que teriam sido uma indicação de encontrado por Kier & Grant (1965) da zona que condições hipersalinas da água de fundo inter-marés a até 26 metros de profundidade, persistiram do Neoaptiano até, pelo menos, o vivendo em fundos rochosos ou arenosos Mesoalbiano (Souza-Lima et al., 2003b). com presença de algas e gramíneas que junto A preservação de equinóides regulares com briozoários, formam a base de sua com placas unidas é extremamente difícil, alimentação. Temnocidaris (S.) malheiroi devido à espessura fina de tecido que teria preferido ambientes mais parálicos e/ou provavelmente as mantinham juntas (Smith, mais profundos com baixo teor de oxigênio 1984). Normalmente, espécies de equinóides dissolvido. “regulares” têm o hábito de viver em áreas A morfologia do “irregular” Micraster de erosão ativa e com pouca probabilidade (Epiaster) dartoni, com carapaça cordiforme de manutenção das placas articuladas (Kier, e subquadrada na região posterior, petalóides 1977). Semelhante ao que foi observado por abertos e poros do ambulacro III Manso e Souza-Lima (2005), os equinóides arredondados, dispostos na margem de um regulares apresentados neste trabalho foram sulco raso, sugere que provavelmente teria coletados em melhor estado de preservação vivido sobre ou semi-enterrado em naquelas localidades identificadas como sedimentos arenosos constituídos por areia ambientes deposicionais de baixa energia média a fina, selecionando partículas (Membro Taquari). Aqueles não totalmente orgânicas no sedimento. A falta de articulados foram obtidos em boa parte, de especialização do sulco frontal confirma fácies interpretadas como depositadas em isto, indicando que este animal dificilmente ambientes de alta energia (membros Angico poderia ter tido uma existência totalmente no e Maruim). interior do sedimento. Desta forma as

CONCLUSÕES

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Neste trabalho temos o registro de três Leptosalenia sergipensis (White, 1887) para novas ocorrências para a sub-bacia de o Neoaptiano e Tetragramma deshayesi para Sergipe com as espécies: Salenia sp, o Neoalbiano da Fm Riachuelo. Tetragramma malbosi (Agassiz & Desor, Os habitats onde estas espécies teriam 1847) e Micraster (Epiaster) dartoni vivido do Neoaptiano ao Eoalbiano estariam (Cooke, 1955). E ampliada a distribuição distribuídos em uma plataforma rasa cronoestratigráfica de Temnocidaris formada por lagunas costeiras. (Stereocidaris) malheiroi (Loriol, 1888) e

AGRADECIMENTOS

A Ricardo Souza Lima (FPH) pelas fotografias, a Dra. M. Siqueira (UFS), pelo gentil empréstimo do material da coleção de paleontologia da Universidade Federal de Sergipe, e a Dra. Edilma Andrade (FPH-UFS) pelo auxílio nos trabalhos de campo.

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