ACTAS DA II JORNADA DE DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE

ÍNDICE

Nota introdutória……………………………………………………………………. 4 Sessão de abertura……………………………………………………………… 6 Comunicação de abertura do Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos – Sr. Carlos Lourenço………………………………. 6 Comunicação de abertura do 1º Secretário da Assembleia da República – Dr. Duarte Pacheco………………………………………… 11 Comunicação de abertura da Coligação Democrática Unitária – Dr. Rogério Correia……………………………………………………………. 14 Comunicação de abertura do Partido Socialista – Dr. Casimiro Ramos………………………………………………………………………. 19 Comunicação de abertura do Partido Social Democrata – Dr. Luís Rodrigues…………………………………………………………………… 22 Painel Educação e Cultura……………………………………………………… 25 Sub-Painel Educação…………………………………………………………. 25 A Educação no Concelho de Arruda dos Vinhos - Dra. Filomena Cravo (DREL)………………………………………...... 25 Porquê um Agrupamento de Escolas Básicas de 1º Ciclo e Jardins- de-infância no Concelho de Arruda dos Vinhos - Dra. Hélia Anágua (AEJIA)……………………………………………………………………… 26 Perspectivando o futuro - Dra. Luísa Grilo (EJAF)…………………….. 29 A Formação Profissional como Factor de Criação de Emprego e Riqueza - Dr. Carlos Agostinho (CFPA)………………………………… 30 Sub-Painel Cultura……………………………………………………………... 33 O Papel das Bibliotecas Públicas na Dinamização Cultural das Comunidades - Dra. Maria Carlos Loureiro (IPLB)…………………….. 33 Programas de Incentivo e Apoio ao Desenvolvimento das Artes - Dr. Paulo Carretas (IA)………………………………………………………… 36 Património Arqueológico e Arquitectura Popular em Arruda dos Vinhos – Dr. Guilherme Cardoso (ADL) ………………………………... 40 A Rota dos Museus do Oeste: Objectivos e Implementação – Eng.ª Ana Paula Neves (AMO) …………………………………………………. 40 Painel Actividades Económicas……………………………………………… 46 Sub-Painel Comércio…………………………………………………………. 46 Os Programas de Incentivos às Empresas – Dr. Hernâni Miranda (UAERO) …………………………………………………………………… 46 O Papel das Associações de Comércio na Promoção do Desenvolvimento – Sr. João Barroca (ACIS) ………………………… 46 Sub-Painel Agricultura………………………………………………………… 53 O Plano de Desenvolvimento do Oeste - Dr. David Gambôa (Leader Oeste)………………………………………………………………………. 53 Modernização da Agricultura e Construção da Barragem - Impacto na Agricultura - Eng. Luís Alenquer (Agrocamprest)………………… 55 Sub-Painel Indústria…………………………………………………………… 58 A Inovação Tecnológica e a Adopção das Directivas Ambientais na Indústria - Eng. Carlos Monteiro (ACIS)………………………………… 58 Reciclagem de Sucatas – uma Indústria de Futuro para o Concelho de Arruda dos Vinhos - Vereador Lélio Lourenço (CMAV)…………… 58 Sub-Painel Turismo…………………………………………………………… 63 Rotas do Oeste - Rota da Vinha e do Vinho, Rota dos Moinhos e Rota das Linhas de Torres e Programas de Incentivo ao Investimento e Potencialidades de Formação no Sector - Dr. António Carneiro, Dr. Mário Henrique Carvalho e Dr. Daniel Pinto (RTO) 63

2

A Importância do Artesanato enquanto Vector de Promoção Turística e Cultural – Dra. Ana Todo-Bom (AAO)……………………… 64 Painel Qualidade de Vida……………………………………………………… 69 Sub-Painel Saúde……………………………………………………………… 69 Saúde no Concelho de Arruda dos Vinhos – uma Visão Global: Parceria Centro de Saúde, Santa Casa da Misericórdia e Bombeiros Voluntários – Dra. Lídia Luís (CCS)…………………………………….. 69 Novas Infra-estruturas no Concelho: Estado da Saúde - Dra. Madalena mourão e Dra. Graciela Simões (ARSLVT)………………… 70 Sub-Painel Ambiente………………………………………………………….. 71 A Empresa Águas do Oeste: projecto - Dr. José Henrique Salgado Zenha (Águas do Oeste)…………………………………………………. 71 Resíduos Sólidos Urbanos – que futuro? - Eng. José Damas Antunes (Resioeste)……………………………………………………… 74 Sub-Painel Ordenamento do Território………………………………………. 74 Medidas de Âmbito Regional com Impacto no Concelho de Arruda dos Vinhos – Eng. Moura Campos (CCDRLVT)……………………… 74 Ordenamento do Território e Gestão de Interesses Locais – Arq. João Manuel Biencard Cruz (DGOTDU)……………………………… 79 Sub-Painel Urbanismo………………………………………………………… 81 PDM’s 2ª Geração – Expansão Urbana no Concelho de Arruda dos Vinhos - Arq. Maria Antonieta Matos (FBO)……………………………. 81 Estrutura Ecológica do Concelho de Arruda dos Vinhos – Arq. Gonçalo Ribeiro Teles…………………………………………………….. 86 Painel Associativismo Desporto e Juventude……………………………… 92 Associativismo: Tradição/Inovação/Qualificação – Sr. Ângelo santos (CPCCRD)…………………………………………………………………. 92 Desporto e Juventude no Concelho de Arruda dos Vinhos – Dr. Onofre Pintor, Dr. Nuno Mourão e Dr. Delfim Barreira (EJAF)………. 94 Implantação de uma Escolinha do Benfica em Arruda dos Vinhos – Dra. Helena Costa…………………………………………………………. 101 Desporto e Juventude no Concelho de Arruda dos Vinhos – Sra. Andreia Ferreira e Sr. Pedro Carvalho (AJAV)…………………………. 101 Desporto e Juventude no Concelho de Arruda dos Vinhos - Dr. Rodrigo Saraiva (IPJ)……………………………………………………… 104 Apresentação das conclusões………………………………………………… 109 Sessão de encerramento………………………………………………………… 113 Comunicação de encerramento do Presidente da Câmara Municipal – Sr. Carlos Lourenço……………………………………………………... 113 Comunicação de encerramento do Dr. Artur Torres Pereira…………. 115 Programa……………………………………………………………………………. 119

3

NOTA INTRODUTÓRIA

A II Jornada de Desenvolvimento do Concelho de Arruda dos Vinhos teve lugar no dia 22 de Novembro de 2003, no Externato João Alberto Faria. A Comissão Organizadora foi composta pela Câmara Municipal e partidos políticos com assento na Assembleia Municipal, constituída pelos seguintes elementos:

Sr. Carlos Lourenço Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos e da Comissão Organizadora ou em substituição, Dr.ª Gertrudes Cunha Vereadora da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos Dr. Luís Rodrigues - Representante do PSD Dr. Judas Gonçalves – Representante do PSD Dr. Casimiro Ramos – Representante do PS Dr. José Carlos Oliveira – Representante do PS Dr. Nelson Quintino – Representante da CDU Dr. Rogério Correia – Representante da CDU

ORADORES CONVIDADOS Arq. Gonçalo Ribeiro Teles Arq. João Manuel Biencard Cruz – Direcção Geral de Ordenamento do Território – Divisão de Urbanismo Arq. Maria Antonieta Matos - FBO Dr. António Carneiro – Região de Turismo do Oeste Dr. Augusto Flor – Confederação das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto Dr. Carlos Agostinho – Centro de Formação Profissional de Alverca Dr. Daniel Pinto - Região de Turismo do Oeste Dr. David Gambôa – Leader Oeste Dr. Delfim Barreira - Externato João Alberto Faria Dr. Guilherme Cardoso – Assembleia Distrital de Lisboa Dr. Hernâni Miranda – União das Associações Empresariais da Região Oeste Dr. José Henrique Salgado Zenha – Águas do Oeste Dr. Mário Henrique Carvalho - Região de Turismo do Oeste Dr. Nuno Mourão - Externato João Alberto Faria Dr. Onofre Pintor – Externato João Alberto Faria Dr. Paulo Carretas – Instituto das Artes Dr. Rodrigo Saraiva – Instituto Português da Juventude Dr.ª Ana Todo-Bom – Associação de Artesãos do Oeste Dr.ª Filomena Cravo – Direcção Regional de Educação de Lisboa Dr.ª Gabriela Simões - Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo Dr.ª Helena Costa Dr.ª Hélia Anágua – Agrupamento de Escolas e Jardins-de-infância de Arruda dos Vinhos Dr.ª Lídia Luís – Comissão Concelhia de Saúde Dr.ª Luísa Grilo – Externato João Alberto Faria Dr.ª Maria Carlos Loureiro – Instituto Português do Livro e da Biblioteca Dr.ª Maria Manuela Mourão – Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo Eng. António Fonseca Ferreira – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo Eng. Carlos Monteiro - Associação do Comércio, Industria e Serviços dos Concelhos de e Arruda dos Vinhos Eng. João Riscado – Zona Industrial de Reciclagem

4

Eng. José Damas Antunes - Resioeste Eng. Luís Alenquer – Agrocamprest Eng.ª Ana Paula Neves – Associação de Municípios do Oeste Sr. João Barroca – Associação do Comércio, Industria e Serviços dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos Sr. Pedro Carvalho - Associação de Jovens de Arruda dos Vinhos Sr.ª Andreia Ferreira – Associação de Jovens de Arruda dos Vinhos

MODERADORES Arq. Renato Batalha Dr. Hélder Renato Dr. José Carlos Oliveira Dr. Luís Girbal Dr. Luís Narciso Dr. Nelson Quintino Dr. Rogério Correia Dr.ª Carla Munhoz Dr.ª Conceição Redondo Eng. Augusto Salgueiro Professor Doutor Manuel Lage Sr. André Rijo

RELATORES Dr. Paulo Câmara Dr. Pedro Porém Dr. Ricardo Lapas Dr. Saúl Matos Dr.ª Natália Fernandes Dr.ª Paula Ferreira Eng. Nuno Ramos Sr.ª Olga Rodrigues

SECRETARIADO Dr.ª Ana Correia Dr.ª Marta Leite Sr.ª Ana Paula Bastos Sr.ª Isabel Ferreira Sr.ª Vera Carvalho

As Actas da II Jornada de Desenvolvimento do Concelho de Arruda dos Vinhos contêm a transcrição de todas as intervenções cuja gravação áudio foi possível efectuar. Os diversos painéis temáticos decorreram em simultâneo e, em alguns casos, ocorreram problemas técnicos que não permitiram a gravação sonora. Por este motivo, existem algumas intervenções sem conteúdo transcrito, mas as conclusões apresentadas no final contêm a informação essencial.

A Comissão Organizadora

5

SESSÃO DE ABERTURA

COMUNICAÇÃO DE ABERTURA DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ARRUDA DOS VINHOS – SR. CARLOS LOURENÇO

Senhor 1.º Secretário da Mesa da Assembleia da República, Dr. Duarte Pacheco em representação do Senhor Presidente da Assembleia da República Senhor Presidente da Assembleia Municipal Senhor representante da direcção do Externato João Alberto Faria, Dr. Pedro Faria Senhores Autarcas Senhores Empresários Senhores Técnicos e Agentes do desenvolvimento Autoridades Senhores Convidados Caros Colegas da Comissão Organizadora Comunicação Social Minhas Senhoras e meus Senhores

Queria em nome do Município de Arruda dos Vinhos, saudar-vos a todos por estarem presentes na sessão de abertura da II Jornada de Desenvolvimento de Arruda dos Vinhos. Saudava também, o representante do Senhor Presidente da Assembleia da República, o Dr. Duarte Pacheco, que é também um amigo de todos nós. Uma referência especial à direcção do Externato João Alberto Faria, pela cedência das instalações, e também pela cooperação activa que tem tido com a autarquia, e ainda, aproveitava esta oportunidade para vos dar os parabéns por esta grande obra que ergueram.

Caras amigas e amigos, a realização desta II Jornada de Desenvolvimento do concelho de Arruda dos Vinhos esteve a cargo de uma Comissão Organizadora, onde estão representadas as forças políticas com assento na Assembleia Municipal. Cumprimos assim o que propusemos e o que nos foi proposto. Interagimos e provámos que todos juntos podemos e devemos fazer ainda mais por Arruda dos Vinhos.

Aos membros da Comissão Organizadora, à Senhora Vereadora Gertrudes Cunha, aos funcionários da autarquia que de forma directa ou indirecta participaram na organização desta acção, a todos os agentes envolvidos, gostaria de agradecer o vosso empenho e dedicação para levarmos a cabo mais uma iniciativa que promove e, acima de tudo, debate o futuro do concelho onde trabalham e vivem.

A realização da II Jornada de Desenvolvimento de Arruda dos Vinhos tem na sua base a realização da I Jornada. Nessa primeira Jornada existiu uma falha que não queremos cometer de novo. Assim, e ao contrário do que aconteceu na primeira, iremos ter as conclusões do que foi falado e iremos publicitá-las para que todos aqueles que não puderam, por diversas razões estar presente nesta jornada, possam saber do que aqui se falou e do que queremos para todos nós. Também iniciaremos esta Jornada já com dois documentos fundamentais de visão estratégica. Um documento geral que aborda uma visão estratégica para o concelho contendo um plano de acção para a vigência do III Quadro Comunitário de Apoio. O concelho de Arruda dos Vinhos tem um Plano Estratégico de Desenvolvimento. Noutra vertente, também foi recentemente aprovada a Carta Escolar do concelho de Arruda dos Vinhos. Assim, temos dois documentos, um de carácter geral, e um de carácter específico que convém lembrar a todos os presentes.

6

Queria anunciar aqui que também vamos iniciar o processo de realização da Carta do Associativismo, do Desporto e da Saúde do concelho de Arruda dos Vinhos. Serão mais três instrumentos estratégicos nestas três valências, que tanto diz respeito a todos nós.

Todas estas referências são para vos dizer que não vamos falar de olhos vendados. Vamos sim falar verdade, e falar de tudo o que queremos para todos nós. Em conjunto, vamos ouvir e debater os nossos problemas e, quem sabe, as nossas soluções. Quero anunciar aqui que as conclusões desta jornada serão enviadas a sua Excelência o Presidente da República, a sua Excelência o Presidente da Assembleia da República, e o ao Senhor Primeiro-ministro.

Serve esta Jornada para voltarmos a falar das vulnerabilidades, dos estrangulamentos, das potencialidades e possibilidades de desenvolvimento do concelho. Servirão as nossas conclusões, em conjunto com o Plano Estratégico e a Carta Educativa, bem como o PDM em revisão, e as cartas que anunciei, para termos uma visão global para o desenvolvimento do concelho. Muito temos feito para dotar este concelho de mais e melhores infra-estruturas e disponibilizá-las para os munícipes. Temos obra a decorrer em todo o concelho, estamos a fazer e a querer continuar a fazer. Porque a primeira reacção que tenho é que estamos a fazer muito trabalho, mas que ainda há muito por fazer.

Estamos a projectar outras iniciativas, outras obras, outras realizações que servirão para projectar arruda dos vinhos para os mais altos patamares de desenvolvimento. É com a consciência de que muito mais há a fazer pelo concelho de Arruda dos Vinhos, que queria referir-me a alguns projectos que temos em mão.

Na indústria Constituição do núcleo empresarial (NEAV), está concluída a sua 1.ª fase; construção da Zona Industrial de Reciclagem (ZIR) em Arranhó, foi aprovado na semana que passou o Plano de Pormenor; zona industrial de Corredouras, estão a nascer as novas unidades empresariais, algumas já estão mesmo a laborar; zona industrial de A-de- Mourão, já com algumas empresas, estamos a trabalhar para que, finalmente, os acessos e infra-estruturas de apoio sejam realizados, porque não estavam contempladas inicialmente. Complementamos esta situação com: variante a A-de- Mourão em construção; estrada municipal S. Tiago dos Velhos – Ajuda em construção; variante à zona industrial de Arruda em concurso; variante à ZIR, apresentámos a candidatura ao Instituto de Estradas de e aguarda a sua aprovação.

Na vertente da educação Elaborámos a Carta Escolar; adquirimos um terreno para a construção da nova escola básica integrada de Arranhó; estamos a construir o novo jardim-de-infância de Arruda dos Vinhos; foi aprovado o projecto de ampliação da nova escola básica de Arruda dos Vinhos, com a construção de mais de uma dezena de salas; apetrechamos com material informático todas as escolas; temos planos e plantas de emergência para todas as escolas; realizámos obras diversas em quase todos os edifícios escolares; e apoiamos, no que pudemos, estas novas instalações do ensino secundário, o Externato onde estamos hoje.

Na vertente da saúde Cedemos um terreno para a construção do novo Centro de Saúde e vamos levar à próxima reunião de Câmara o protocolo com a ARS de Lisboa para o início da sua construção; estamos a trabalhar na Comissão Concelhia de Saúde; realizámos um protocolo com a ARS para a instalação de mais um médico em Arranhó, sendo que o

7

seu vencimento é, integralmente, pago por nós; apoiámos a recuperação do Hospital da Misericórdia, e da instalação de cuidados continuados.

Ao nível da agricultura Apoiámos e reavivámos o projecto de construção da Barragem no Rio Grande da Pipa; conseguimos, após muitas insistências, que fosse realizado o estudo de viabilidade, e após isso, que já fossem aprovados, pelo Senhor Ministro da Agricultura, os projectos de rede de rega e acessibilidades, bem como da própria construção daquela infra-estrutura; apoiámos a Adega Cooperativa e produtores agrícolas, realizando, sobretudo, a Festa da Vinha e do Vinho; apoiámos a Agrocamprest a diversos níveis, sendo que deles também recebemos o apoio para termos as nossas instalações na sua sede.

Ao nível do desporto Apoiámos a transformação dos ringues de Arranhó e S. Tiago dos Velhos em polidesportivos cobertos; apoiámos a construção do tanque de aprendizagem do URDA; construímos a Piscina Municipal; apoiámos as obras dos Campos de Futebol; apoiámos as equipas de Futebol de 5 dos clubes; apoiámos a realização do 1.º Encontro Internacional de Artes Marciais de Arruda; apoiámos diversas iniciativas, escolinhas de futebol, etc; organizámos o passeio de cicloturismo; apoiámos a passagem do Grande Prémio de Ciclismo do Oeste pelo concelho de Arruda dos Vinhos; continuámos a organizar as corridas do 25 de Abril e este ano vamos realizar a I Corrida de S. Silvestre de Arruda dos Vinhos, etc.

Ao nível do ordenamento do território Estamos a rever o Plano Director Municipal; foi aprovado há 2 semanas atrás o Plano de Pormenor da Zona Industrial de Reciclagem, como atrás referi; estamos, em conjunto com os empresários do sector, a ordenar os parques de sucata existentes no concelho, dando cumprimento à legislação em vigor; ao nível das acessibilidades, e já algumas foram referidas: recuperámos a Estrada Municipal 528, que serve a de S. Tiago dos Velhos; iniciámos a construção da estrada entre S. Tiago dos Velhos /Ajuda; iniciámos a construção da variante a A-de-Mourão; foram pavimentadas dezenas de estradas e caminhos municipais; foram arranjadas, por pressão nossa, a Estrada Nacional 115-4 entre a Quinta do Paço e Arruda dos Vinhos; a EN.248-2 na Louriceira; a EN.115-4 entre os Cadafais e Corredouras; EN-248-3, entre a Ponte da Lage e a rotunda de acesso à A10; foi inaugurado o 1.º troço da A10, entre Arruda dos Vinhos e a CREL; já está a concurso o troço desta Auto-Estrada entre Arruda e os Cadafais; construímos a Av. Timor Lorosae e a Av. Eng. Brito da Conceição, etc., etc.

Ao nível das infra estruturas de apoio Estamos a construir o Pavilhão Multiusos, onde se realizam diversas acções, destacando a Festa da Vinha e do Vinho; temos um Espaço Internet; recuperámos o edifício dos Paços do Município e fizemos diversas obras no estaleiro municipal; construímos um Parque Municipal em Arranhó; construímos mais estacionamentos: Rua Irene Lisboa, Av. Eng. Brito da Conceição, Av. Timor Lorosae; estacionamento para pesados no Pavilhão Multiusos e o novo estacionamento ao lado da Praça de Touros.

Ao nível da cultura Está a ser recuperado o Palácio do Morgado, que vai ser o nosso centro cultural, pois, além da biblioteca, também a galeria e o auditório vão estar ao dispor da população; organizámos diversos eventos na Biblioteca Municipal, tornando-a hoje um local de encontro entre gerações; organizámos e patrocinámos diversas iniciativas de cariz cultural; temos a agenda anual da galeria completamente cheia com exposições dos diversos ramos da expressão artística; apoiámos a colocação de Bibliotecas de

8

Pequena Comunidade por todo o concelho; promovemos a actividade taurina enquanto factor de desenvolvimento; estamos a recolher elementos para os futuros Museus de Arruda dos Vinhos, sendo que o da Vinha e do Vinho já está em fase mais adiantada.

Ao nível do património Além da recuperação do Palácio do Morgado, também não nos esquecemos da recuperação dos Arcos do Aqueduto; não nos podemos esquecer do programa RECRIA, e das diversas obras de recuperação urbanística que estão a ser feitas na zona nobre da vila; apoiámos a candidatura da ACIS ao UrbCom para Arruda dos Vinhos; efectuámos diversas limpezas no Chafariz; devolvemos à traça antiga, mas tornando-o funcional, o edifício dos Paços do Município; apoiámos a pintura de igrejas e capelas; estamos no projecto de recuperação dos Fortes das Linhas de Torres, um projecto inter-municipal; estamos na Rota dos Moinhos, e em conjunto com a Leader Oeste, sairá em breve uma publicação dos Moinhos do Concelho, etc., etc.

Na área do ambiente Encerrámos, finalmente, a lixeira da Carvalha ao integrarmos o projecto intermunicipal da Resioeste; realizámos obras de saneamento em diversas localidades do concelho; construímos a ETAR de Arruda dos Vinhos, a qual ainda não está a funcionar, mas espero que, dentro em breve, as Águas do Oeste resolvam o problema, em conjunto com a autarquia; dignificámos o Jardim Municipal; colocámos Ecopontos e aumentámos os pontos de recolha de vidros e papelão; construímos diversos espaços verdes, com destaque para o arranjo urbanístico da Av. Timor Lorosae, da Rua Manuel Policarpo Martins, dos exteriores da Piscina Municipal de Aprendizagem, do tardoz do Chafariz que está em obra; introduzimos novos sistemas de limpeza urbana; colocámos mais caixotes, com mais capacidade para melhorar o serviço e ser mais eficiente; promovemos diversas acções de sensibilização junto das escolas e também aos munícipes; adquirimos uma nova viatura de recolha de resíduos sólidos urbanos; etc., etc.

Ao nível da juventude Apoiámos e estamos a apoiar a AJAV; apoiámos jovens atletas do concelho; apostámos na construção de habitação social a custos controlados, dando preferência a jovens e a jovens casais; abrimos o Espaço Internet; promovemos diversas actividades, entre as quais destacaria na última Festa de Agosto, a parceria com a AJAV, na questão da montagem do espaço jovem, etc.

Ao nível do turismo Geminámo-nos com Moixent, da comunidade valenciana; somos um município da Europa; promovemos os produtos locais, as Bruxas de Arruda são disso um exemplo; estamos presentes nas Feiras de Turismo ao nível nacional; promovemos e realçamos as nossas organizações, Festa da Vinha e do Vinho; Festa de Agosto; concurso de gastronomia; apoiámos a realização de passeios pedestres e também provas de todo o terreno, estas com mediatização nas revistas da especialidade, promovemos os espectáculos hípicos e taurinos, etc.

Portanto, caras amigas e amigos, muito temos feito, mas muito ainda há a fazer. Esta minha referência às coisas que já fizemos, e outras tantas que não referi, são aspectos fundamentais a destacar nesta sessão de abertura da Jornada de Desenvolvimento do Concelho de Arruda dos Vinhos. Porque na realização da I Jornada, algumas destas coisas seriam então impensáveis de serem concretizáveis, por isso, e apoiados numa vontade grande em fazer ainda mais por Arruda, queria dizer-vos o seguinte.

9

Estamos na linha da frente nas reformas efectuadas na valência saúde, sendo que fomos a 1.ª unidade de cuidados continuados no país nesta nova modalidade; estamos na linha da frente na criação da Comunidade Urbana do Oeste, que será sem dúvida alguma uma mais valia para o futuro de Arruda dos Vinhos, esta comunidade irá ter competências diversas, irá ter dinheiro para gerir, irá ter uma importância no ordenamento do território e acima de tudo em promover economias de escala para todos os concelhos que aderirem; estamos na linha da frente na organização do Serviço Municipal de Protecção Civil que funcione, que esteja junto das populações e que trabalhe em cooperação com os Bombeiros e GNR, bem como com o Centro de Saúde e demais organizações. O nosso serviço é referenciado como um bom modelo de interacção e de trabalho real em prol das populações; estamos na linha da frente na questão do ordenamento dos parques de sucata, basta lembrar-nos como era passar em Arranhó há 1 ano e meio, e passar agora; estamos na linha da frente na modernização administrativa e na introdução do sistema de informação geográfica; estamos na linha da frente do aproveitamento do III Quadro Comunitário de Apoio; estamos na linha da frente do desenvolvimento regional e acima de tudo, estamos na linha da frente da melhoria efectiva da qualidade de vida das populações que servimos, sendo que, e conscientemente o digo, temos muito ainda para fazer.

Caras amigas e amigos, esta minha intervenção já vai longa, mas não poderia deixar de levantar estas pequenas coisas que muitos já esqueceram. Como é que era arruda dos vinhos há 6 anos, na altura das primeiras Jornadas de Desenvolvimento e como é hoje? Façam este pequeno exercício de memória, vejam e recordem-se de como estávamos, como éramos, e para onde íamos. Mas, tudo isto não foi conseguido só pela Câmara Municipal. Os louros deste nosso desenvolvimento vão inteirinhos para as populações, estas que acreditaram, estas que participaram, estas que se envolveram de corpo e alma para transformar este concelho que tanto gostamos. Existiu aqui a união de vontades e de esforços de todos os quadrantes políticos, sociais, culturais. O concelho que temos hoje, é fruto do trabalho de todos, mas esta obra, este desafio ainda não acabou. É preciso fazer mais. É preciso querer ainda mais. E termino, com uma frase chave do Plano de Acção que nos propusemos realizar dentro do Plano Estratégico para o concelho de Arruda dos Vinhos: «o futuro do concelho de arruda dos vinhos passa pela afirmação da sua atractividade económica e social no espaço regional e nacional, acompanhada de uma melhoria estruturante da qualidade de vida e bem-estar dos seus residentes e visitantes.»

Este é o desafio, é sobre isto que vamos falar nos painéis que vão decorrer durante o dia de hoje. Queria agradecer, desde já, a todos os participantes, oradores, moderadores e relatores, por se terem associado a nós, nesta Jornada que se quer proveitosa e consequente para o futuro de Arruda dos Vinhos. Aceitamos todos os contributos, estamos abertos e conscientes que trabalhar em conjunto dá os seus frutos. Desejo-vos, a todos, um bom dia de trabalho, sempre com a convicção de que tudo o que faremos hoje é um contributo real para as novas gerações, para os mais jovens e para conseguirmos ser um concelho modelo na região e no país, porque é, sem dúvida nenhuma, esse o nosso anseio.

Um bem-haja a todos e viva Arruda dos Vinhos.

Muito Obrigado

10

COMUNICAÇÃO DE ABERTURA DO 1º SECRETÁRIO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA – DR. DUARTE PACHECO

Senhor Presidente da Câmara Municipal Senhor Presidente da Assembleia Municipal Senhor Representante do Externato Senhores Vereadores Senhor Deputado José Augusto Carvalho Senhores Presidentes de Junta Restantes convidados a participar nestas jornadas

A minha primeira palavra é para o Sr. Presidente da Câmara, para agradecer, em nome do Dr. Mota Amaral, o convite que foi feito. Infelizmente, por compromissos anteriormente acordados não pode estar aqui entre nós, mas manifestou o desejo de vir a Arruda dos Vinhos tão breve quanto possível e, face ao ritmo dos acontecimentos que vão ocorrer neste concelho, decerto que muito em breve haverá oportunidade de ele se deslocar até nós, visto que o Dr. Mota Amaral, depois de muitos anos à frente de um Governo Regional, tem uma grande sensibilidade para as matérias do poder local e do poder regional e está verdadeiramente interessado em contactar de perto com este tipo de iniciativas. Muito em breve aqui estará, pediu que transmitisse estes votos de maior sucesso para o desenvolvimento desta jornada e para o concelho de Arruda dos Vinhos.

Permitam-me também uma palavra de agradecimento de congratulação aos representantes do Externato, não só pela cedência de instalações, como o Sr. Presidente já disse, mas porque estão de parabéns. Ainda nem sequer estão formalmente inauguradas estas instalações e já estão ao serviço da comunidade de Arruda dos Vinhos, para além de estar em serviço escolar. É uma obra que impressiona qualquer pessoa que a visita e pelo que conversei com algumas pessoas, está a realizar profissionalmente quem aqui desempenha as suas funções. É uma obra que só valoriza e enobrece o concelho de Arruda dos Vinhos, o Externato Irene Lisboa e todos os seus dirigentes, tenho a certeza que honra também a memória do Dr. Faria que muito se empenhou para que este projecto fosse possível.

Eu gostaria de começar por fazer uma saudação à Câmara Municipal, pela realização destas Jornadas de Desenvolvimento, é algo de fundamental. Nós estamos habituados é que as Câmaras Municipais realizem obras, tratem dos esgotos, da recolha do lixo, que possam promover outro tipo de iniciativas na área da cultura, no apoio ao desporto, mas é fundamente que as autarquias parem, às vezes, uns dias ou um dia para, junto daqueles que não são habitualmente agentes políticos, poder conversar, recolher opiniões sobre o desenvolvimento do seu próprio concelho. É um sinal de abertura, um sinal de humildade que os autarcas de Arruda dos Vinhos aqui nos dão. Não são detentores da verdade, têm as suas ideias, têm os seus projectos, estão disponíveis para partilhar com todos aqueles que têm um papel activo neste concelho, aquilo que possam ser projectos mais interessantes ou linhas de rumo para o desenvolvimento deste concelho. É algo que é de saudar, de elogiar e de esperar que se repita por muitas vezes, por muitos anos.

Permitam-me também que possa fazer um elogio aos temas escolhidos, são áreas fundamentais na lógica daquilo que é o novo papel das autarquias locais, entendeu a autarquia e toda a Comissão Organizadora que devia apostar em áreas temáticas: actividades económicas, formação, qualidade de vida. Ora bem, reparem como está muito longe daquilo que é o papel tradicional de “empreiteiro” das autarquias. A autarquia assume aqui que quer desempenhar um papel na atracção das actividades económicas deste concelho e de apoio à iniciativa privada deste concelho, que quer

11

promover a qualidade de vida para os seus cidadãos e que sabe que o seu maior recurso, o recurso fundamental para o seu desenvolvimento são os recursos humanos e daí a necessidade de apostar na formação. Isso leva a que deixe convosco algumas ideias sobre o papel das autarquias locais neste novo século: o poder local democrático em Portugal, desenvolvido depois do 25 de Abril de 1974, teve que abraçar na primeira fase aquelas que eram a resolução das necessidades básicas das populações, localidades sem água, localidades sem esgotos, com acessos muitas vezes impossíveis, tratamento de lixo, construção de equipamentos básicos, foi aquela fase que os autarcas tiveram que por as mãos ao trabalho e promover aquilo que eram as necessidades básicas das suas populações. A partir de uma fase mais do fim do séc. XX e agora no séc. XXI, com muito dessas necessidades relativamente resolvidas, claro que há sempre obras de manutenção a fazer, há sempre melhorias por efectuar, mas com esses serviços básicos plenamente, ou quase plenamente conseguidos, as autarquias têm hoje um papel diferente. Têm um papel diferente que é planear estrategicamente o desenvolvimento dos seus concelhos, é pensar qual é o seu local na esfera regional e na esfera nacional, qual é a sua vocação, para não ser mais um concelho igual a todos os outros, o que é que é o seu papel distintivo, o que é que o diferencia, o que é que pode fazer, para que seja comparativamente melhor do que outros. Porque nós sabemos que vivemos perfeitamente e plenamente e permanentemente em competitividade. A competitividade regional é um conceito que tem de estar presente em todos os autarcas e agentes que actuam nos vários concelhos. Sabemos que os municípios estão permanentemente a competir com outros municípios locais e no estrangeiro, pela fixação de investimentos, pela captação de determinadas estruturas públicas ou privadas, pela fixação de quadros, porque quem promove melhores condições são aqueles locais para onde essas pessoas, esses quadros, essas infra-estruturas, esses investimentos privados se vão deslocar. E passa a ser esse o papel fundamental das autarquias que é encontrar espaço na sua organização, percebendo o que querem para captar esse tipo de investimentos. Não se pode querer tudo, temos que saber verdadeiramente o que queremos, permitam-me que lhes dê um exemplo: a cidade de Seattle, nos Estados Unidos; a cidade de Seattle na costa oeste norte-americana é a capital da Microsoft e da Boeing e a partir desse momento, o município de Seattle entendeu que não queria mais investimentos de grande porte naquela área, porque está saturado em termos de mão- de-obra, não há desemprego com estas duas potências e não quer mais. A partir dessa opção, que foi uma opção assumida, qualquer novo investimento tem de pagar taxas suplementares à autarquia, porque fazem contas e dizem: se eu tenho pleno emprego, uma nova empresa que aqui se instale com esta dimensão vai ter de atrair pessoas para aqui vir morar, se vêm mais quadros para aqui significa que eu, Câmara, tenho que fornecer mais condições de saúde, mais equipamento escolar, mais outro tipo de infra-estruturas para que essas pessoas tenham qualidade de vida aqui nesta zona. Então, quem vai ser responsável por atrair essas pessoas tem que dar um contributo directo para esse tipo de equipamentos que estará à disposição dessas mesmas pessoas.

Sei que ainda não é o nosso ponto, em Portugal e aqui em Arruda dos Vinhos, estamos já a falar de um nível de desenvolvimento de ponta, mas o que eu queria transmitir é que temos de assumir: queremos habitação de qualidade e determinado tipo de quadros, ou queremos habitação para outro estrato de população, queremos captar determinado tipo de indústrias ou queremos captar outro tipo de serviços e outro tipo de áreas tecnológicas, ou qualquer coisa serve? É bom que não seja esta opção de qualquer serve, que se opte claramente por dizer: o papel de Arruda dos Vinhos, no plano regional e no plano nacional deverá ser este. E a partir daqui encetar toda uma estratégia que leve a que essa opção assumida e se possível consensual e partilhada possa ser depois uma realidade. Mas isso será um tema para vos ajudar à reflexão que vão fazer no dia de hoje.

12

Permitam-me que faça ainda uma palavra a algo que está a dar os seus primeiros passos, mas que não pode ser esquecido quando se está a reflectir sobre as Jornadas de Desenvolvimento de Arruda dos Vinhos, que é a criação da Comunidade Urbana do Oeste. Muito por impulso da Associação de Municípios e pelo seu Presidente, que simultaneamente é Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, finalmente no Congresso do Oeste no passado fim-de-semana ficou claro que vai existir uma Comunidade Urbana do Oeste com quase todos os membros da actual Associação de Municípios do Oeste. Esse é um novo enquadramento, é um enquadramento institucional que permite que estes concelhos, nomeadamente os concelhos mais pequenos do distrito de Lisboa e que, em termos estatísticos, aparecem como o distrito mais rico, com maiores infra-estruturas, com maior rácio de médicos por habitantes, com maior rácio de escolaridade, com maior rácio de poder de compra, porque este distrito tem fortes assimetrias e depois o que nós constatamos é que isso pode acontecer no concelho de Lisboa, no concelho de Oeiras, mas não acontece no concelho de Arruda dos Vinhos, do , de Sobral de Monte Agraço. A partir deste momento, ao integrarmos institucionalmente a Comunidade Urbana do Oeste, passamos a estar num nível e numa Comunidade de concelhos relativamente semelhantes, com os mesmos indicadores, com a mesma solidariedade e com a mesma comunidade em termos económicos, em termos culturais, em termos de formação e em termos de acções. É um novo desafio, a Comunidade Urbana não será a resolução de todos os problemas, mas é um espaço de oportunidade que Arruda dos Vinhos e as suas populações e os seus agentes não podem esquecer.

Meus amigos, hoje é um dia de reflexão e um dia de trabalho. Um bom trabalho para todos, aguardamos as vossas conclusões com a consciência que aquilo que aqui reflectirem não deve, depois, ficar guardado na mesa da Câmara, nos vários gabinetes Ministeriais como um documento bonito para poder mostrar a alguém, mas que seja depois possível implementá-lo e com muito trabalho fazer com que o futuro seja ainda melhor aqui em Arruda dos Vinhos.

Obrigado.

13

COMUNICAÇÃO DE ABERTURA DA COLIGAÇÃO DEMOCRÁTICA UNITÁRIA – DR. ROGÉRIO CORREIA

Senhor Deputado e 1º Secretário da Assembleia da Republica, Dr. Duarte Pacheco Senhor Deputado José Augusto Carvalho Senhor Presidente da Câmara Municipal Senhores Vereadores Senhor Presidente e membros da Assembleia Municipal Dr. Nuno Faria e Dr. Pedro Faria Ilustres Oradores e Moderadores convidados Minhas Senhoras e meus Senhores

É com particular satisfação que vos saúdo nesta II Jornada de Desenvolvimento do Concelho de Arruda dos Vinhos e uma particular saudação para os membros da Comissão Organizadora, para a Câmara Municipal, para o PSD e para o PS por terem aceite a nossa proposta de realização destas Jornadas e de se terem empenhado para a sua concretização. Um agradecimento muito reconhecido à Administração e Conselho Directivo do Externato Dr. João Alberto Faria, por ter permitido que este importante debate e reflexão de ideias se fizesse neste nobre espaço, proporcionando- nos óptimas condições para a Jornada que agora encetamos.

A CDU, que aqui represento, desde a primeira hora e de há muitos anos a esta parte, tem-se posicionado na esfera política como uma força de intervenção, de diálogo, de trabalho, de reivindicação, de crítica construtiva e acima de tudo tem procurado valorizar a Pessoa Humana e a sua Qualidade de Vida e é com esse propósito que também aqui estamos. Por parte da CDU, iremos fazer com que este amplo espaço de debate fique referenciado como sendo também uma jornada de trabalho, um compromisso político, porque acreditamos num desenvolvimento sustentado; porque acreditamos na construção de um Concelho melhor; porque somos pessoas entusiastas, homens e mulheres, que vivemos do nosso trabalho, que exercemos o direito de cidadania, com base nas nossas convicções e que com a nossa participação, queremos contribuir para o desenvolvimento da terra onde vivemos e onde pretendemos criar os nossos filhos e netos; queremos aprofundar um diálogo vivo e permanente com o mundo do trabalho, parceiros e organizações sociais, de forma a encontrarmos pontos comuns de interesse, criando sinergias locais para desenvolver o Concelho e a nossa Região, em perfeita sintonia com os interesses das populações.

A CDU tem sido a terceira força política no Concelho de Arruda, mas apesar de minoritária, a presença dos seus eleitos tem sido marcante, em plena igualdade com os outros partidos, quer pela qualidade, quer pela quantidade das questões colocadas. Eleitos que têm mantido uma postura digna, activa, entusiástica e empenhada, merecedora do respeito e da confiança das largas camadas da População. Temos apresentado problemas e críticas, mas apresentamos também propostas e estamos disponíveis para procurar encontrar soluções, para colaborar e resolver as questões fundamentais que afectam o nosso Concelho. Queremos que o Concelho, Arruda dos Vinhos, seja um local onde dê mais gosto viver e que seja conhecido pela sua qualidade de vida, na harmonia das suas raízes, com o tão esperado Desenvolvimento. No final desta Jornada estaremos concerteza todos mais preparados para encontrar as soluções para as nossas Gentes e ainda mais reivindicativos para que Arruda dos Vinhos deixe de ser um Concelho pobre, impreparado, desqualificado, periférico e dependente das grandes urbes.

14

Vamos defender os interesses Locais e Regionais através duma intervenção activa do Município, das , do Ensino, das Empresas e das Associações, mas sempre tendo como objectivo último, a referência que elegemos para esta Jornada: definir uma estratégia integrada de Desenvolvimento para o Concelho de Arruda dos Vinhos que tenha como principais vectores: os Recursos Humanos, a valorização Sócio- Profissional e a Qualidade de Vida. Vamos propor um Programa Integrado e Sustentado, incluindo aspectos sociais, culturais e ambientais, contrariando o desemprego, a miséria, a dependência e a destruição dos recursos naturais. Importa hoje, nesta Jornada, questionarmo-nos sobre qual a estratégia a adoptar face ao futuro que queremos para o nosso Concelho. Com que traços gerais se identifica? É visível a sua influência desde sempre pela área Metropolitana de Lisboa com quem os seus habitantes convivem quase diariamente. Somos um Concelho de fronteira, com influências marcantes, sob o ponto de vista cultural, do Ribatejo e da Estremadura. Temos coexistido com estas duas vertentes, longe de ambas sob o ponto de vista político-administrativo e como consequência remetido para a periferia das grandes decisões, apoios e investimentos.

A diversidade e a complementaridade são o segredo do nosso Concelho, é preciso que cada produto se afirme pela sua qualidade e para isso é fundamental a criação de uma nova atitude que passa necessariamente pela Formação nos diversos domínios e com valências diversificadas. Esta atitude é fundamental não só em termos económicos, mas também em termos sociais, culturais e ambientais. Este é um ponto crucial, que exige um longo trabalho em conjunto, para que uma política de desenvolvimento tenha sucesso, é preciso atingir a qualidade a todos os níveis, única forma de conseguirmos concorrer num mercado cada vez mais competitivo e exigente. A vertente do Ensino e da Formação Profissional deveriam ser uma prioridade no nosso Concelho, e por essa razão saudamos, mais uma vez, o facto de fazermos estas Jornadas numa escola, e propomos a criação de uma Escola Técnico Profissional no nosso Concelho, aprofundando os conhecimentos do Saber Fazer nas áreas para as quais estamos vocacionados e nos quais temos tradição.

O Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde estamos inseridos, fundamenta-se na Estratégia de Desenvolvimento Regional, elaborada no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social. Neste contexto, definem-se três prioridades estratégicas, que passo a referir de seguida: Reforço da coesão regional, melhorando a qualidade de vida da população e o desenvolvimento local, o que se traduz na satisfação das suas necessidades básicas, nomeadamente através da melhoria das acessibilidades e equipamentos, da valorização ambiental e patrimonial, do incentivo à formação para o desenvolvimento, que favoreça a qualificação de agentes locais, e de uma maior capacidade institucional de âmbito regional; Incremento da estruturação da Região Lisboa, Oeste e Vale do Tejo e a capacidade competitiva das sub-unidades regionais, prioridade que visa, por um lado, promover o desenvolvimento sustentável da Região e a coesão nacional através do reforço de uma rede urbana equilibrada, competitiva e sustentável assente na valorização ambiental dos espaços urbanos e na qualificação das áreas como espaço privilegiado de turismo e de lazer; por último, a Promoção da equidade territorial e incentivar o desenvolvimento do potencial humano e empresarial, no sentido de fortalecer a competitividade e a sustentabilidade económica e social da Região Lisboa, Oeste e Vale do Tejo, nomeadamente modernizando as infra-estruturas de suporte à vida urbana, reforçando a qualificação e capacitação tecnológica da população, de forma a prevenir os fenómenos de desemprego e garantindo uma igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, e reforçando ainda as actividades económicas através de transformações do tecido empresarial que favoreçam a sua modernização.

15

Quando analisamos a Região de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo constata-se estarmos perante um território de raras singularidades e evidentes potencialidades, mas também com algumas assimetrias que importa corrigir. Em primeiro lugar, pelos recursos naturais, paisagísticos e patrimoniais privilegiados, em segundo lugar, pelos recursos institucionais, humanos e produtivos. Por falta de coragem política para implementar a Regionalização e não tendo existido no actual contexto de divisão regional, modelos de desenvolvimento adaptados às características de cada sub-região, mas antes a subordinação destas a um modelo global, resultaram daí os mais díspares ritmos de desenvolvimento para as várias parcelas deste território. Ou seja, não só não se conseguiu um desenvolvimento territorialmente equilibrado e sectorialmente harmonioso para toda a Região como também, pela não resolução das assimetrias entre a grande Área Metropolitana de Lisboa e o restante território, poder-se-á ter inviabilizado no futuro próximo, para cerca de 75% do território da Região, onde nos encontramos, a canalização de substanciais apoios comunitários para o financiamento dos seus projectos de desenvolvimento.

Arruda dos Vinhos, por seu lado, não tem conseguido ultrapassar alguns problemas e estrangulamentos estruturais, a saber: a existência e dispersão de diversificadas fontes poluidoras, nomeadamente o saneamento básico público, dificultando o seu controlo; as infra-estruturas básicas qualitativamente insuficientes; a carência e má distribuição dos recursos energéticos; a qualificação da mão-de-obra e grau de habilitações; o fraco grau de diversificação do tecido industrial; o abandono progressivo do sector agrícola; a grande heterogeneidade na qualidade da produção vinícola e a falta de uma imagem de marca de referência que seja galvanizadora de todos os Produtores e se afirme no mercado de qualidade; e, por último a desertificação das nossas aldeias e sedes de Freguesia.

Como Potencialidades: a recente abertura da A10 e a sua posterior ligação à rede nacional de auto-estradas para Norte e Leste; uma crescente dinâmica demográfica em Arruda dos Vinhos com tendência para um aglomerado médio; alguma dinâmica recente na criação de unidades empresariais; recursos paisagísticos e culturais muito diversificados; boas potencialidades agrícolas; a proximidade aos grandes centros consumidores.

Tendências de evolução: uma cada vez mais acentuada concentração urbana da população de Arruda; o reforço do peso dos sectores secundário e terciário no emprego; a expansão do uso urbano do solo em conflito com os recursos paisagísticos, pondo em perigo a Qualidade de Vida e as potencialidades turísticas; e finalmente, a posição geo-estratégica privilegiada e as infra-estruturas de internacionalização em previsão de construção, como o aeroporto internacional da OTA, garantem-lhe as indispensáveis condições para uma inserção favorável na economia global.

A qualificação das pessoas, das organizações e do território é a grande prioridade da Estratégia de Desenvolvimento Regional. Da implementação, a esta prioridade, da forma como for assumida pelos agentes do desenvolvimento e da administração, ou seja do nosso entendimento, incorporada nos processos e projectos, dependerá o seu êxito ou insucesso. Convém, no entanto, ter sempre presente que no centro desta estratégia de desenvolvimento estão as pessoas, e é para elas que se deverá orientar todo o nosso trabalho.

Minhas Senhoras e meus Senhores, em relação ao III Quadro Comunitário de Apoio é indispensável e urgente que o Governo garanta que o peso relativo da distribuição dos fundos deste QCA obedeça a regras claras e transparentes, respeitando prioridades regionais e aplicado de forma a contribuir para cobrir atrasos na construção de infra-

16

estruturas (rodoviárias, de equipamentos de animação e desporto), de apoio à Zona Industrial de Reciclagem em Arranhó, no apoio à construção da Barragem do Rio Grande da Pipa, etc. Neste sentido considera-se de relevante importância garantir à partida que as verbas destinadas ao Concelho, sejam separadas da amálgama global em que até aqui têm estado inseridas e de igual modo que na gestão das mesmas seja assegurada a participação das organizações locais e particularmente do Município.

É no centro deste debate, desta definição, que se encontra Arruda dos vinhos, onde tudo parece tão perto e onde na realidade tudo está tão longe, ou tem estado tão longe. É de vital importância que saibamos estar unidos nas grandes questões que estão para apreciação. Refiro-me à localização do aeroporto e às acessibilidades que naturalmente lhe serão afectas, às plataformas rodoviárias dos Itinerários Complementares/Auto-estradas, às variantes que lhe estão associadas, mas acima de tudo ao PDM, à implantação e desenvolvimento da ZIR, à Barragem do Rio Grande da Pipa.

A CDU propõe como prioritário para o futuro imediato do desenvolvimento do nosso Concelho e como opção estratégica e objecto de grande consenso entre todas as partes envolvidas: 1º A Revisão do PDM; 2º A implantação e desenvolvimento da ZIR (Zona Industrial de Reciclagem); 3º A Barragem do Rio Grande da Pipa; 4º A criação de uma Escola Técnico Profissional.

Não se pode continuar com o ‘deixa andar’, com o ‘chutar a bola para a frente’, protelando consecutivamente a revisão do PDM, dois anos de consulta pública mais um ano de adiamento técnico e o Plano de pormenor de Arruda por fazer, é tempo perdido de mais. O Planeamento do nosso Concelho precisa de ser reformulado, dando cumprimento aos objectivos estratégicos para o Concelho, não podemos continuar a assistir a esta pressão urbanística desenfreada e alguma de volumetria excessiva e, simultaneamente assistir à desertificação das nossas aldeias, é um profundo absurdo. A ZIR tem andado a passo muito lento, apesar do esforço dos empresários e da autarquia, é preciso desburocratizar mais, tomar decisões mais rápidas, evoluir mais e não permitir dar hipótese a que se criem dificuldades no terreno. É preciso que o Governo assuma as suas responsabilidades, tal como a CCDRLVT já as assumiu. A Barragem do Rio Grande da Pipa sempre reuniu consensos locais e já tem meios para evoluir, é preciso desenvolver uma campanha de sensibilização e a garantia financeira para que evolua rapidamente, ainda dentro do III QCA. Se falámos de opções estratégicas e determinantes, não podemos ignorar nesta Jornada a importância decisiva de Equipamentos que tem vindo a ser consecutivamente protelados: o Centro de Saúde, há pelo menos dois anos parada a sua construção, estava previsto para 2003 a sua execução; o quartel da GNR, tem sido um adiar consecutivo em função das verbas do PIDDAC; o Terminal Rodoviário, um projecto que espera há dois anos pela sua concretização; o alargamento da Escola Básica de Arruda dos Vinhos é uma necessidade absoluta; a requalificação da Zona antiga de Arruda que existe uma candidatura ao ProCom e ainda não tem respostas conclusivas; a criação de um Complexo Desportivo em Arruda, cujos projectos e terrenos deviam estar garantidos em 2003, ainda não se conhece, publicamente, a sua localização; a criação da Casa da Cultura e Juventude, com sala de Espectáculos é também uma prioridade; e, por último, mas não menos importante, a despoluição das Bacias do Rio Grande da Pipa, para dar corpo e projecto à Barragem.

Todas estas obras estavam previstas, com estes prazos e verbas orçadas, no Programa Operativo de Gestão Estratégica para o Concelho de Arruda dos Vinhos aprovado por unanimidade em Reunião de Câmara Municipal em 2001 e visavam uma programação rigorosa com vista à obtenção do máximo de fundos da União Europeia

17

dentro do actual Quadro Comunitário de Apoio. Se o Município não for suficientemente reivindicativo e rápido junto do Poder Central e não fizer valer os interesses do nosso Concelho corre-se o risco de algumas destas obras não se concretizarem por falta de financiamento comunitário. Todos estes factores atrás referenciados são uma mais valia para o Concelho, por outro lado, devidamente estruturados, são uma promoção para o desenvolvimento, diversificado e sustentado, como uma cultura viva, tendo sempre como base a nossa realidade, as nossas raízes, a aproximação ao mundo rural, a reactivação de algumas actividades tradicionais, o turismo cultural, gastronómico, etc.

É evidente que já muito foi feito, eu próprio orgulho-me de ter feito parte de um colectivo em que, muitas das obras que aqui foram lidas, participei e me empenhei, contudo não nos devemos considerar minimamente satisfeitos, pois o caminho a percorrer é longo e deve ser objecto de intervenção mais participada, mais activa, pelas autarquias, pelas associações, pelos empresários, por todos quantos queiram intervir para valorizar os objectivos propostos.

Para termos um Concelho com Qualidade de Vida temos que ser mais exigentes na Gestão Estratégica, mais atentos aos verdadeiros interesses locais e regionais, e não permitir por exemplo: que tenhamos uma ETAR devidamente construída há mais de dois anos e estejamos a lançar o saneamento para o Rio; que tenhamos uma belíssima Auto-Estrada (A10) em funcionamento, e com a qual todos nos congratulamos, e ainda falte um Plano de Emergência para esta importante via; que haja necessidade de alargar a Escola Básica em Arruda e Arranhó e por outro lado, se preveja em Carta Educativa encerrar a prazo várias escolas do Concelho, inclusive em Sedes de Freguesia, numa atitude meramente economicista; que se esteja a construir desenfreadamente em Arruda dos Vinhos e as nossas aldeias estão a ficar abandonadas, envelhecidas, desertificadas; que se apoie algumas reconstruções de imóveis degradados e não se criem políticas justas, soluções semelhantes e equitativas para outros Imóveis ainda mais degradados e dentro da parte antiga de Arruda, através de Programas específicos.

Minhas Senhoras e meus Senhores, através da II Jornada pretendemos incrementar mais o diálogo, aprofundar o âmbito da intervenção, melhorar o trabalho, aumentar o conhecimento, ter uma atitude mais participativa e, aqui fica a nossa proposta, que nesta Jornada se encontrem formas organizativas, suficientemente empenhadas, com um compromisso político de todos, através de um trabalho sério, para intervir, junto dos vários órgãos de poder, com propostas concretas, através de uma Carta Reivindicativa que sirva de Plano de Acção para recuperar o tempo perdido. Pela nossa parte estamos disponíveis, como sempre estivemos para em conjunto podermos fazer mais e melhor pelo nosso Concelho e em prol da nossa Comunidade.

Muito Obrigado.

18

COMUNICAÇÃO DE ABERTURA DO PARTIDO SOCIALISTA – DR. CASIMIRO RAMOS

Exmo. Senhor Deputado Duarte Pacheco em representação do Senhor Presidente da Assembleia da Republica Senhor Deputado José Augusto Carvalho Senhor Presidente da Câmara Municipal Senhor Presidente da Assembleia Municipal Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal e Sr.ª Vereadora Exmos. Senhores Deputados Municipais Senhores Presidentes de Junta Restantes Autarcas Exmos. Senhores Dr. Pedro Faria e Dr. Nuno Faria, em representação do Externato João Alberto Faria Exmos. Senhores representantes de diversas entidades Exmo. Sr. Arq.º Ribeiro Telles e demais convidados Comunicação Social presente Minhas Senhoras e meus Senhores

Queria em primeiro lugar dar uma nota de saudação muito especial ao Externato Irene Lisboa, agora designado João Alberto Faria, pela obra física que aqui está realizada, esforço de muita gente que se empenhou na realização deste sonho, mas também pela obra humana que ao longo de quase 30 anos, os docentes comandados pelo Dr. João Alberto Faria fizeram nesta terra, é graças a esse trabalho humano que hoje, felizmente, temos mais do que uma geração de jovens que já estão formados e a desempenhar as funções profissionais por todo o nosso concelho e por toda a nossa região, graças ao esforço de todos eles. Em meu nome pessoal e de todos aqueles que represento e suponho que todos nós uma grande saudação ao trabalho que foi feito por esta instituição e por aqueles que a protagonizam.

Queríamos também, em primeiro lugar, congratularmo-nos pelo evento que estamos a realizar neste momento e que surge efectivamente na sequência daquilo que foram as I Jornadas de Desenvolvimento, realizadas a 25 e 26 de Janeiro de 1997. Permitam- me que recorde muito brevemente o que se passou nessas Jornadas porque, como já foi referido, apesar de algumas insuficiências que existiram, houve um conjunto de conclusões e recomendações que me parece ser essencial para o ponto de partida das conversas que vamos ter ao longo do dia. Nessas Jornadas foi feita uma avaliação, mais ou menos genérica, pelos participantes que tinham tido bastante interesse e que tinha sido uma iniciativa bastante oportuna, todavia registou-se uma pequena participação, derivada duma pequena divulgação ou duma fraca divulgação dessas jornadas. O diagnóstico foi feito, o Concelho apresentava um conjunto de dificuldades em diversos sectores, algumas de carácter endógeno, nomeadamente relacionadas com a actividade intrínseca na área da agricultura, comércio, serviços e indústria e outras dificuldades de carácter exógeno relacionado com falta de medidas dos Governos ou das Autarquias, ou dos organismos do Estado. Nessas Jornadas saiu um conjunto de recomendações, e gostaria de destacar as seguintes: foi recomendado que se deveria criar uma continuidade nesse trabalho de diálogo de discussão dos assuntos, foi recomendada a criação duma comissão sectorial, ou comissões sectoriais por cada uma das áreas, foi recomendada a criação de uma comissão permanente de desenvolvimento, foi recomendado que fossem desenvolvidos esforços para a construção da A10 e do IC11, pontos fundamentais do desenvolvimento do concelho, que fossem criadas zonas industriais que permitissem a criação de emprego e a fixação da população e também, logicamente, sem se esquecer a preservação da nossa identidade cultural.

19

A conclusão global dessas jornadas foi, no fundo, que fossem implementadas essas recomendações e que se continuasse o trabalho que tinha sido iniciado nesse diálogo. Houve este lapso de tempo, a ideia era que se realizassem de dois em dois anos, muitas das recomendações que aqui estão de facto não foram realizadas, outras efectivamente acabaram por se concretizar, mas o importante é que estejamos para, mais uma vez, voltar a debater os problemas do concelho, mesmo com o lapso que existiu. Para esta sessão em que fomos convidados para uma pequena intervenção, fizemos um pacto prévio em que apresentaríamos a visão estratégica para o concelho de cada um dos representantes das forças políticas, é por isso que não vou avaliar o que foi feito por A ou por B, nem vou entrar numa linha que não seria aquela que foi a combinada.

A nossa visão estratégica para o concelho vai parte duma situação actual que efectivamente é diferente da de 1997. Há novas vias de comunicação numa rede viária totalmente diferente, que era uma das necessidades verificadas em 97, há um crescimento urbano em termos de construção e em termos de população que é bastante diferente de 97, há condições para a criação de emprego com a criação das novas zonas industriais que também era uma das recomendações dessas conclusões e temos quatro freguesias com características bastante distintas. Perante isto, temos alguns projectos estruturantes dos quais estamos todos de acordo: a construção do IC11 e o prolongamento da A10, a construção da Barragem e o empreendimento da Zona Industrial de Reciclagem, designada ZIR.

Face a isto, como perspectivamos o desenvolvimento futuro para o concelho? A visão é colocada em quatro pólos de fixação das actividades e consequentemente das próprias populações. Um pólo industrial com incidência da freguesia de Arruda, Arranhó e S. Tiago, pólos comerciais com incidência sobretudo em Arranhó e Arruda, pólos agrícolas nas freguesias de S. Tiago, Cardosas e Arruda dos Vinhos, nomeadamente com a cultura da vinha e culturas de regadio por força da construção da Barragem e pólos de lazer assentes essencialmente nas freguesias de Cardosas e Arruda dos Vinhos. Nessa lógica, achamos importante a discussão e a partilha das nossas propostas que passo a descrever de forma sucinta: para a industria e para o comércio que sejam criadas condições para a instalação de empresas nas instalações industriais existentes no momento; que seja acelerado a instalação das empresas que adquiriram os lotes no parque industrial de Arruda dos Vinhos, que por estas datas já deveriam estar todas instaladas e no momento isso não se sucede. Que seja dado apoio à instalação de empresas comerciais ou industriais não poluentes em qualquer uma das zonas industriais do concelho; que seja feito um apoio ao comércio tradicional ou artesanal e que seja feita, de facto, uma pressão muito grande junto quem de direito para o apoio à instalação da ZIR como investimento de ordenamento da actividade que os seus industriais se dedicam e, também, de ordenamento do território. Tenho de fazer uma breve nota de lamentar à ausência de representação da ZIR neste encontro, com a justificação de ser um projecto embrionário, porque, como disse o Sr. Presidente da Câmara, antes de ter sido aprovado o Plano de Pormenor na semana passada, penso que não está tão embrionária assim, está exactamente no momento que precisa de mais apoio, mais força para ser concretizada. Na agricultura, achamos que deve ser incentivado o apoio à cultura da vinha, o apoio à agricultura de regadio, como disse, em consequência da construção da Barragem e também dos impactes que esses investimentos podem ter em actividades de lazer. No associativismo e juventude, o reforço no apoio às iniciativas e actividades das colectividades e associações de jovens, promovendo o desenvolvimento de actividades sociais e de promoção do concelho. Na educação, sendo mais uma vez de referência o local onde estamos como um dos pólos mais importantes no qual deve assentar a educação dos nossos jovens para o futuro, é urgente a construção da escola básica em Arruda dos Vinhos e também devemos procurar soluções para a

20

implementação de um pólo de formação profissional no concelho. Ao nível da qualidade de vida, é esse um dos pontos de vista que da nossa parte merece mais atenção, no que respeita à segurança das pessoas, a exigência da construção de um quartel da GNR, no terreno cedido pela Câmara Municipal, tem sido sucessivamente adiado pelos sucessivos governos; situação idêntica tem acontecido com o adiamento da construção do Centro de Saúde, que há cerca de 3 anos como vemos lá numa placa, serve de parque de estacionamento e, propomos também a realização de um protocolo com o Centro de Saúde no sentido da realização de consultas externas nas freguesias de S. Tiago e de Cardosas. Na área da qualidade de vida, como digo, propomos que se passe de acções promocionais na área do ambiente para práticas ambientalmente saudáveis, não podemos aceitar que continue a situação da ETAR de Arruda dos Vinhos concluído há quase 3 anos, um investimento de quase 200 mil contos e completamente parada, do meu ponto de vista com Águas do Oeste ou sem Águas do Oeste, é uma situação completamente incomportável. É também difícil do ponto de vista ambiental convivermos com placas que, e muito bem, avisam Arruda com ambiente limpo, mas que mesmo onde estão as placas temos aterros e entulhos, alguns dos quais estão no momento a tapar o curso das águas de alguns rios. Por último, no ordenamento do território têm de estar bem clara a lógica que permita as melhores condições de vida para os nossos habitantes, por isso, consideramos que é necessário não só uma boa revisão do PDM, mas que essa mesma revisão seja tão rápida quanto possível. A pressão urbanística a que o concelho está sujeito exige essa revisão urgente e clara do PDM.

Todos estes aspectos também não podem estar desligados da organização administrativa da região porque não vivemos, de facto, isolados. A recente adesão à Comunidade Urbana do Oeste foi uma opção tomada, e uma vez tomada, há que somente geri-la bem. A verdade é que queremos estar numa região forte, seja a Comunidade Urbana do Oeste, seja outra região qualquer, mas também não é menos verdade que toda a nossa vida social e económica está virada para a Área Metropolitana de Lisboa, portanto, temos todas as condições para sermos perante a região que integramos, a do Oeste, mais exigentes do que eventualmente os outros que estão no núcleo dessa região. Não queremos, por via disso, em vez de ir ao hospital de Vila Franca de Xira ir ao hospital de , nem para apanhar o autocarro para Alverca dar a volta à Lourinhã, podemos e devemos comparar Arruda entre os momentos actuais e os momentos de jornadas anteriores, mas estamos aqui numa perspectiva de comparar Arruda hoje com aquilo que queremos que ela seja para o futuro.

Os grandes desafios estão lançados, os novos problemas também estão muitos deles identificados, da nossa parte desejamos um bom trabalho de todos os grupos, em cada um dos painéis, que encontremos soluções para que todos os Arrudenses possam viver melhor, que os novos Arrudenses se sintam integrados no concelho como Arrudenses de toda a vida e que Arruda seja uma terra com vida.

Muito obrigado.

21

COMUNICAÇÃO DE ABERTURA DO PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA – DR. LUÍS RODRIGUES

Senhor Deputado Duarte Pacheco em representação do Sr. Presidente da Assembleia da Republica Senhor Presidente da Câmara Municipal e simultaneamente Presidente da Comissão Organizadora da II Jornada Senhor Deputado José Augusto Carvalho (ex-Secretário de Estado) Senhor Vice-Presidente da Câmara Senhores Autarcas Representantes dos Partidos Políticos Ilustres Convidados Senhores Participantes Comunicação Social Minhas Senhoras e meus Senhores

As minhas primeiras palavras são para a Senhora Vereadora Gertrudes Cunha e para os técnicos da Câmara pela dedicação e empenho que puseram na realização deste evento. Um particular agradecimento ao Dr. Nuno Faria e ao Dr. Pedro Faria, enquanto representantes do Externato João Alberto Faria, por terem disponibilizado estas magníficas instalações, que tanto nos honra e orgulha. Para eles, o meu sincero agradecimento. Aproveito aqui esta ocasião solene, com uma sala tão repleta de gente, para informar todos os presentes de que estas mesmas instalações, que a todos nos honram, serão formalmente inauguradas no próximo dia 28 de Novembro com a presença de Sua Excelência, o Senhor Ministro da Educação. É este também um sinal inequívoco de que Arruda está no mapa e de que as pessoas quando fazem obra, e obra que dignifique qualquer concelho a nível nacional tem o reconhecimento não só dos locais, mas também do Poder Central.

Um sincero e afectuoso agradecimento aos senhores oradores, aos senhores moderadores, aos senhores relatores e a todos aqueles que se disponibilizaram para estar connosco nesta jornada de trabalho. Estou certo que o nível das intervenções e o debate que se seguirá trarão importantes contributos para a análise do nosso concelho, e que o Poder Local, ou seja, o executivo camarário e todos aqueles que fazem parte também do Poder Local e que neste momento não exercem funções executivas, saberão tirar deste trabalho as melhores conclusões em prol da melhoria do nosso concelho. Estou igualmente satisfeito por ter sido aqui anunciado pelo Sr. Presidente da Câmara que as conclusões desta Jornada serão enviadas aos mais altos responsáveis da nação, sinal inequívoco de que estamos empenhados em dar a conhecer aos outros aquilo que queremos e pretendemos para o futuro do nosso concelho.

Minhas Senhoras e meus Senhores, estamos reunidos para debater e reflectir sobre diferentes temáticas tidas por essenciais para o desenvolvimento do nosso concelho. A presença de todos vós, nesta sala, é um sinal inequívoco da importância deste evento. Temos pela frente um importante desafio, não temos dúvidas que é um importante desafio. E qual é? É o de saber aproveitar, por um lado, as potencialidades que nos trazem as melhorias das acessibilidades rodoviárias, resultado da construção da A10 e do futuro IC11; a proximidade ao futuro aeroporto internacional da OTA; a nossa favorável localização geográfica dada a proximidade a importantes centros urbanos e industriais; e, por outro lado, saber garantir e preservar as privilegiadas condições ambientais de que desfrutamos a par da nossa ruralidade. Este é, sem dúvida, o grande desafio para nós e para as gerações futuras.

22

É esta interacção entre o desenvolvimento e a preservação das nossas características intrínsecas que não só podemos como devemos, potenciar e promover. A nossa aposta é, pois, de defesa dos nossos valores, da nossa qualidade ambiental, das nossas paisagens, do nosso humanismo, enfim, na salvaguarda da nossa identidade tradicional. Temos connosco uma pessoa que é o Sr. Arq.º Ribeiro Telles que maior parte da sua vida tem sido dedicada a debater estes temas, penso que terá um contributo fundamental para que nós possamos aprender com os seus ensinamentos aquilo que será, certamente, fundamental para termos amanhã um concelho com mais qualidade de vida, Pela sua presença aqui, os meus sinceros agradecimentos, contamos sempre com os seus ensinamentos. Temos que evitar, duma vez por todas, a descaracterização das nossas vilas e aldeias, e temos, sobretudo, que saber resistir às pressões do sector imobiliário que, cada vez mais, se faz sentir. Não queremos nem podemos deixar que o nosso concelho seja mais um dormitório, à semelhança de tantos outros que proliferam na periferia dos grandes centros urbanos, por isso estamos aqui a debater duma forma aberta e descomprometida aquilo que nós entendemos ser o caminho certo, o rumo certo para o desenvolvimento do nosso concelho. Em contrapartida, compete-nos trabalhar para criar condições e disponibilizar meios e recursos que nos permitam oferecer um produto de qualidade a quem nos procura. Queremos que o concelho seja uma alternativa, mas uma alternativa de qualidade em que interajam as vertentes económica, social e ambiental, de forma a garantirmos e a deixarmos como legado às gerações vindouras um concelho global e integralmente desenvolvido.

Só assim, seremos capazes de captar o interesse de uma camada social mais exigente, normalmente associada a um maior poder de compra e a excepcionais padrões de qualidade. Aliás, o concelho revela já actualmente, uma tendência para captar jovens casais, e outros residentes que procuram concelhos com os padrões acima mencionados.

Minhas Senhoras e meus Senhores, é com uma aposta na qualidade que nos podemos afirmar no contexto sub-regional onde nos inserimos. A este propósito, aproveito para transmitir aos presentes, que fomos dos primeiros municípios a aprovar a criação e a integração na futura Comunidade Urbana do Oeste. Com isso, demos um importante contributo para que esta seja uma realidade a breve prazo, conforme anunciado aqui pelo Sr. Deputado Duarte Pacheco. Fizemo-lo porque acreditamos que com ela estamos a contribuir, decisivamente, para a afirmação do nosso concelho enquanto parte integrante de uma grande comunidade, beneficiando localmente das sinergias criadas por essa Comunidade. Não temos dúvidas que o futuro dar-nos-á razão pela decisão tomada de criarmos e aderirmos a esta Comunidade, e, simultaneamente, temos orgulho de ser o nosso Presidente da Câmara a liderar o processo de tão importante reflexo para o futuro do nosso concelho e da região.

Caras Amigas e caros Amigos, não vou elencar toda a obra realizada até ao momento pelo actual executivo camarário, uma vez que o senhor presidente na sua intervenção teve a oportunidade de faze-lo, todavia não devemos nem podemos esquecer obras e projectos, uns já acabados, outros em curso, que pela sua importância merecem aqui, da nossa parte, ser destacados: refiro-me ao Pavilhão Multiusos; à Piscina Municipal de Aprendizagem; refiro-me ao encerramento da lixeira da Carvalha; refiro-me às variantes da sede do concelho já concluídas, à variante de Á-de-Mourão em construção, e à da zona industrial de Arruda dos Vinhos já em concurso, às zonas industriais de Corredouras, Casal do Telheiro e de Á-de-Mourão já implantadas. Refiro-me também à abertura da A10 e refiro-me a um projecto que está no coração de todos os Arrudenses e que me atreveria a designar como o Centro Cultural do Morgado, esse projecto será concerteza fundamental, também, para que as nossas populações possam ter mais cultura e mais qualidade de vida.

23

Não obstante o imenso trabalho já feito e que tem vindo a ser realizado, temos plena consciência que ainda há um longo caminho a trilhar. Nunca estamos satisfeitos por natureza, queremos sempre mais e melhor para as nossas terras. Assumimos, por isso, que é importante continuar a fazer ainda mais por Arruda e é sobre este caminho do futuro que vos quero falar. Quero-vos dizer que estão em curso projectos estruturantes e fundamentais para todas as gerações, em especial para as mais jovens, para aqueles que passaram ou vão passar adoptar o concelho de Arruda como a sua terra. Lanço aqui um repto, a todas as forças políticas e à sociedade civil, a todos os agentes, para que saibamos manter os interesses do concelho acima de quaisquer projectos individuais ou partidários. Temos de nos mobilizar, temos de nos unir se queremos um concelho melhor, um concelho que a todos nos orgulhe. Por isso, considero que devemos falar desses mesmos projectos a uma só voz, repito, a uma só voz, porque só assim conseguiremos junto do Poder Central obter os apoios que carecemos e só assim conseguiremos que este concelho seja um concelho dotado de infra-estruturas que são fundamentais para a tal qualidade de vida que nós defendemos. Há projectos essenciais e refiro-me, por exemplo, ao novo Centro de Saúde, ao novo quartel da GNR, à Barragem do Rio Grande da Pipa, à variante do Cemitério da sede do concelho, à variante à Zona Industrial de Reciclagem em Arranhó, à ZIR, à construção do IC11, são estes projectos que são fundamentais e que não dependem só da vontade dos autarcas, mas sobretudo, dos apoios que consigamos captar junto do Poder Central. Por isso, é uma exigência para todos estarmos unidos para captar mais e melhores fundos.

Sabemos, também, que em política há aqueles que são simpáticos, que dizem e que prometem e também há os que são menos simpáticos, mas que trabalham, realizam e resolvem os problemas dos cidadãos. Estou e estamos, claramente com os segundos, porque enquanto os primeiros fazem grandes campanhas eleitorais, os segundos governam com rigor e empenho para as pessoas e com as pessoas. Estamos com aqueles que apostam num concelho dinâmico e desenvolvido, virado para as pessoas e para a participação cívica, como são exemplo estas Jornadas. Defendemos um concelho que aposte nos mais jovens e na sua qualificação, um concelho com mais e melhores recursos humanos, um concelho em que as condições de vida dos seus residentes sejam constantemente melhoradas, um concelho que defenda um elevado padrão de qualidade de vida para os seus munícipes, um concelho com melhor ordenamento do território, um concelho que aposte no turismo e no ambiente natural, enfim, um concelho que promova o desenvolvimento das actividades económicas.

E, não quero terminar sem partilhar convosco um pensamento de uma autora italiana, que a propósito do que aconteceu no dia 11 de Setembro disse, mais ou menos isto: “há momentos na vida em que calar se torna uma culpa e falar uma obrigação, um dever cívico, um desafio moral, um imperativo categórico”. É este desafio que lanço a todos vós, para que juntos, possamos fazer um concelho com futuro, um concelho que a todos nos orgulhe.

Muito obrigado.

24

PAINEL EDUCAÇÃO E CULTURA

Sub-Painel EDUCAÇÃO1

A EDUCAÇÃO NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS DRA. FILOMENA CRAVO (DREL)

Começou por apresentar uma saudação aos presentes em nome da Senhora Directora Regional de Educação, seguindo-se um agradecimento à organização pelo convite formulado àquela entidade.

A interventora evocou a memória de Irene Lisboa, referido o seu percurso notável na literatura e na pedagogia. Em relação à segunda citou mesmo a escritora natural de Arruda afirmando que “o ideal na educação não é que a criança junte conhecimentos mas que desenvolva capacidades”. Neste sentido, Irene Lisboa contribuiu para uma mudança de mentalidades, defendendo uma “nova escola” ou “escola de pé”. Esta escola de pé é entendida como um organismo dinâmico, activo e movimentado que se procura construir dentro da sala de aula. Referiu a Dra. Filomena Cravo que ainda hoje se tenta pôr em prática, o que Irene Lisboa preconizava já há 70 anos.

Na relação com o mundo que as rodeia, as crianças precisam de orientação. Cabe ao professor desempenhar esse papel. Fazer despertar nos seus alunos o encanto e o envolvimento pela sua terra, suscitar a sua interacção com o meio. É essencial fomentar o espírito crítico nos nossos alunos, numa época da denominada Sociedade do Conhecimento. Não podemos ficar indiferentes às “toneladas” de informação com que somos fustigados diariamente, e se nos reportarmos às crianças, temos a obrigação de conduzi-las ao discernimento.

Foram também feitas referências a personalidades ilustres de Arruda, na área da educação a nível nacional, destacando-se o papel de Francisco Vieira, nascido em Arruda no Século XVI, um padre jesuíta que desempenhou funções de superintendência no Colégio de Santo Antão em Lisboa. Numa perspectiva local, evocou ainda o desempenho dos antigos professores primários do Concelho, dos docentes do Externato Irene Lisboa e particularmente o Dr. João Alberto Faria. Referiu por último a importância fundamental dos auxiliares de acção educativa, que têm um papel relevante também na formação pessoal das crianças e jovens.

Fazendo uma alusão directa aos alunos do Externato João Alberto Faria, a representante da DREL salientou que os mesmos têm sabido corresponder ao trabalho dos professores, referindo os resultados obtidos por esta instituição nos rankings a nível nacional.

Relativamente ao papel da Autarquia, foi mencionada a atenção dada pela mesma aos equipamentos escolares, destacando o alargamento do parque escolar, a conservação e a manutenção dos equipamentos existentes. Neste contexto, salientou que o Município de Arruda dos Vinhos vai conhecer um aumento significativo da população escolar e a Câmara Municipal tem respondido aos apelos e à necessidade de aumentar e melhorar os parques escolares. Esta atenção concretiza-se na existência de um instrumento de trabalho valioso, a Carta Escolar do Concelho, já aprovada pela DREL e concebida de acordo com a nova Lei de Bases da Educação. Nesta

1 A gravação áudio deste sub-painel não ficou perceptível, pelo que esta reprodução reporta-se aos apontamentos do relator no decurso dos trabalhos, bem como a alguma documentação, amavelmente cedida, por alguns intervenientes.

25

distinguem-se dois blocos, em termos de tipologias dos equipamentos, uma vez que se prevê um bloco que abranja alunos do 1º ao 6º ano com Jardins-de-infância ou não e um bloco em que estejam englobados terceiro ciclo e ensino secundário (do 7º ao 12º ano). Neste âmbito foi feita ainda uma última referência à Escola Básica Integrada de Arranhó.

A Dra. Filomena Cravo concluiu a sua intervenção citando uma afirmação de Rogério Fernandes, na qual é referida que “Irene Lisboa era uma voz que traduzia consonâncias partilhadas”. “Pois bem, é isto que temos que ser capazes de ser, nós, todos os agentes envolvidos na Educação”.

PORQUÊ UM AGRUPAMENTO DE ESCOLAS BÁSICAS DE 1º CICLO E JARDINS- DE-INFÂNCIA NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS DRA. HÉLIA ANÁGUA (AEJIA)

Começou por dirigir uma saudação a todos os presentes e fazer um louvor pela organização desta II Jornada de Desenvolvimento. Considera que esta é uma forma de todos os agentes envolvidos se colocarem frente a frente para reflectirem em grupo, uma vez que a educação é um assunto que não diz respeito só aos estudantes, aos pais e aos professores “A Educação é, sem sombra de dúvida, um assunto de todos nós”.

O objectivo essencial do processo educativo é o desenvolvimento e a formação global de todas as crianças/jovens, o que mostra claramente que os tempos mudaram em Portugal. “Nos últimos trinta anos, a sociedade portuguesa, em constante transformação, por muitos e diversos meios, colocou na escola básica todos os portugueses até aos 15 anos de idade”. A Escola, enquanto instituição social, abarca uma grande diversidade de estratos sócio-económicos, culturais, interesses e motivações, e deve, por isso, procurar dar resposta a muitas necessidades e expectativas, de modo a corresponder às mudanças impostas pela sociedade e a alcançar a qualidade educativa que aquela lhe exige. Isto implica que a Escola não deve ficar “parada no tempo” agarrada às suas rotinas tradicionais e assuma, antes de mais, um papel mais dinâmico e criativo, tendo sempre em vista a obtenção dos melhores resultados possíveis, a partir dos recursos disponíveis, quer no âmbito pedagógico, quer ao nível da sua organização e gestão.

A constituição de agrupamentos de escolas, regulamentada pelo Decreto-Lei 115- A/98, de 4 de Maio, baseada em dinâmicas locais de associação, tem sido uma das estratégias adoptadas, no âmbito do processo de reordenamento da rede educativa. Procura-se, assim, superar situações de isolamento de escolas e de exclusão social, sem perda da identidade própria de cada um dos estabelecimentos que constituem o agrupamento. O Agrupamento de Escolas constitui uma unidade organizacional, dotada de órgãos próprios, podendo integrar estabelecimentos de educação pré- escolar e de um ou mais ciclos do ensino básico, a partir de projectos pedagógicos comuns, no sentido de viabilizar os objectivos que agora se enunciam: um percurso escolar sequencial e articulado dos alunos abrangidos pela escolaridade obrigatória; a superação do isolamento de estabelecimentos; o reforço da capacidade pedagógica dos estabelecimentos e o aproveitamento racional dos recursos; a aplicação de um regime de autonomia, administração e gestão comum e a valorização e o enquadramento de experiências em curso.

O Município de Arruda, com cerca de 78 Km2 de área, dividido por 4 freguesias, é constituído por muitas pequenas escolas e jardins-de-infância. Neste sentido, os

26

órgãos de gestão dos estabelecimentos de ensino da educação pré-escolar e 1º ciclo do Concelho de Arruda dos Vinhos e com o parecer favorável da Câmara Municipal, tomaram a decisão de apresentar uma proposta de constituição de um Agrupamento Horizontal (não incluindo, por isso, o 2º e 3º ciclos, dado que no Concelho não existe uma escola pública nestes ciclos). Este Agrupamento foi posteriormente homologado pela Direcção Regional de Educação de Lisboa.

Em termos práticos, a pretensão dos vários agentes envolvidos na criação deste agrupamento assenta em variados pressupostos, nomeadamente: colmatar distâncias geográficas; minimizar o impacto das turmas de número muito reduzido; minimizar o isolamento das crianças das escolas unitárias; minimizar o isolamento do professor único no interior de uma sala de aula – mono docência; aprofundar laços de união entre crianças do mesmo concelho; fomentar um maior intercâmbio entre todas as crianças; permitir a participação, de todas as crianças, em actividades extra- curriculares; promover a implicação sistemática de alunos, pais e professores nas finalidades da escola e, por último promover a participação da comunidade educativa (professores/educadores, pessoal não docente, pais/encarregados de educação e autarquias) na definição de metas, na organização, na tomada de decisão e na avaliação dos processos e produtos.

A organização e gestão dos estabelecimentos de ensino da educação pré-escolar e 1º ciclo do Concelho passaram a ser sustentada pelo funcionamento de órgãos de gestão eleitos pela comunidade educativa, a saber: Conselho Executivo, Conselho Pedagógico e Assembleia de Escola. Estes órgãos reúnem periodicamente em sessões em que estão representados: o pessoal docente, pessoal não docente, pais, encarregados de educação e Câmara Municipal, cabendo ao Conselho Executivo a responsabilidade de gerir a componente administrativa e financeira do agrupamento. Compete-lhe também zelar pelo bom funcionamento das escolas e jardins-de-infância, tendo como suporte um Regulamento Interno, um Projecto Educativo, as decisões emanadas do Conselho Pedagógico e as orientações do Poder Central. Este modelo de gestão está implementado no Concelho de Arruda dos Vinhos aproximadamente há 4 anos lectivos, com um Projecto Educativo, em que estão definidas metas a atingir, medidas a implementar, com base num diagnóstico de problemas sentidos na Comunidade Educativa.

Com o apoio da Câmara Municipal, com o empenhamento dos professores/educadores, pessoal auxiliar e família, tem sido possível minorar o isolamento físico dos estabelecimentos de ensino (dada a dispersão da rede escolar), através de projectos comuns. Por outro lado, tem-se procurado melhorar, sempre que pertinente e necessário, as condições de funcionamento de espaços escolares. Aos alunos têm sido facultadas actividades na área da educação física, segurança rodoviária, acesso à biblioteca e às actividades aí existentes e utilização de tecnologias de informação e comunicação. Em termos de acção social tem sido promovida a componente de Apoio à Família, através do fornecimento de refeições escolares, prolongamento de horário no Jardim-de-infância de Arruda dos Vinhos, assim como garantir a frequência na educação pré-escolar.

Em parceria com o Centro de Saúde, com a Câmara Municipal, com a Protecção Civil, com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, com o Centro de Formação Pêro de Alenquer, com a Escola Superior de Educação de Lisboa, com a DREL, com o DEB, com o CAE Oeste, com a ECAE e com outros agrupamentos, tem sido também possível desenvolver acções no âmbito da saúde escolar, fornecer apoio psicológico e de terapia da fala a alunos com problemas sinalizados e dar formação contínua ao pessoal docente e não docente.

27

Através de uma articulação com o Externato João Alberto faria e com algumas CERCI’s tem-se garantido o percurso escolar a alunos com necessidades educativas especiais (ligeiras ou severas), assim como problemas acentuados de aprendizagem. A existência do agrupamento como uma unidade organizacional e pedagógica tem permitido uma maior conjugação de esforços para abranger todos os alunos do Município nas diferentes acções desenvolvidas, diminuindo assim assimetrias por motivos sociais, económicos e culturais e de isolamento do meio. No entanto, convém frisar que sem uma boa articulação, colaboração e conjugação de esforços por parte de todos os intervenientes e parceiros, esta tarefa nunca será bem sucedida.

O agrupamento depende “financeiramente” de verbas atribuídas pelas Juntas de Freguesia, algum apoio não obrigatório das próprias famílias, recebendo os jardins-de- infância um subsídio por sala do Ministério da Educação, e o Conselho Executivo um subsídio mensal para aquisição de material de desgaste e expediente. A Câmara Municipal disponibiliza transportes, serviços de reprografia, a manutenção dos equipamentos, o pagamento do telefone, a colocação de algumas auxiliares de acção educativa e tarefeiras e, promove, em conjunto com o agrupamento, diversas actividades extra-curriculares e culturais (entre as quais a natação, atletismo, expressão plástica, utilização do Espaço Internet e festa de Natal, entre outras).

No ano lectivo de 2003/2004 e volvidos 4 anos da constituição do agrupamento existem 29 turmas de 1º ciclo, 6 salas de jardim-de-infância e 2 salas de itinerância, o que comporta uma população escolar de cerca de 500 alunos no 1º ciclo e 160 alunos no pré-escolar. Este quadro considera algumas turmas reduzidas de 20 alunos, para acautelar os casos de necessidades educativas especiais. Relativamente à distribuição dos alunos, pode considerar-se que os mesmos estão “mal distribuídos”, podendo referir-se o exemplo da escola sede que já ultrapassou o limite das suas capacidades, havendo 1 turma a funcionar provisoriamente numa sala exterior ao próprio espaço escolar e uma escola no limite do Concelho cm apenas 8 alunos. Perante este panorama há que fazer uma reflexão conjunta. As dificuldades sentidas no terreno permitem-nos constatar que a actual rede escolar não é adequada, de modo algum, às dinâmicas necessárias ao funcionamento do agrupamento, quer a nível pedagógico, quer ao nível da gestão de recursos humanos e materiais e da própria intervenção na comunidade educativa. Exige-se neste contexto, com alguma urgência, uma reflexão na comunidade sobre o reordenamento da actual rede escolar.

Relativamente aos equipamentos escolares, constata-se serem quase todos edifícios do tipo Plano dos Centenários, sendo que alguns têm vindo a sofrer adaptações pontuais, oferecendo, no entanto, acentuadas limitações, nomeadamente através da inexistência de espaços físicos para refeitório, biblioteca, práticas desportivas, reuniões...

Alguma luz faz-se, porém, ao fundo do túnel: a Câmara Municipal tem já um projecto aprovado para uma ampliação, requalificação e apetrechamento da Escola Básica do 1º Ciclo de Arruda dos Vinhos e para muito breve a conclusão do novo jardim-de- infância também em Arruda. No que respeita ao restante parque escolar e com base nos dados apresentados na Carta Escolar compilada em Outubro de 2002 pela Câmara Municipal, prevê-se que o actual Agrupamento de Escolas Horizontal passe a ter funcionamento Vertical, transferindo a sua sede para a Escola Básica Integrada 1,2/ Jardim-de-infância de Arranhó. Este projecto está ainda em fase de viabilização.

Esta comunicação teve por objectivo elucidar os participantes sobre a actual situação na organização e gestão ao nível do Agrupamento de Escolas Básicas do 1º Ciclo e Jardins-de-infância do Concelho de Arruda dos Vinhos. Espera a Presidente do Conselho Executivo que a mesma tenha servido de ponto de partida para uma

28

reflexão, uma troca de ideias, tendo em vista a apresentação de propostas na área da educação, e que daí resulte efectivamente mais um contributo para o desenvolvimento futuro do Concelho de Arruda dos Vinhos.

PERSPECTIVANDO O FUTURO DRA. LUÍSA GRILO (EJAF)

Antes de fazer a apresentação efectiva da comunicação, a oradora deu as boas vindas a todos os presentes, uma vez que era o Externato João Alberto Faria o local onde a jornada estava a decorrer. Neste sentido, a Dra. Luísa Grilo começou por afirmar que não haveria melhor lugar do que aquele para perspectivar o futuro. Afinal era o local preciso, onde a formação para o futuro dos jovens deste e de outros concelhos, se constrói dia a dia como um edifício, que se quer sólido, bem formado, rigoroso, prático e funcional.

O Concelho de Arruda dos Vinhos está dotado, neste momento, de uma infra-estrutura que per si, já foi concebida perspectivando o futuro, ou não fosse esse o lema daquela instituição “Com os olhos postos no Futuro”. Seguiu-se, de uma forma breve, a apresentação do trabalho desenvolvido por aquela escola, no que respeita às áreas de estudo, bem como o seu potencial impacto económico-social na área envolvente. O Externato João Alberto Faria integra, para além dos Cursos de Carácter Geral, os Cursos Tecnológicos. Enquanto os primeiros estão essencialmente vocacionados para o prosseguimento de estudos, os segundos, não invalidando a opção anterior, estão, sem margem de dúvida, orientados para a vida activa. No momento actual, o externato disponibiliza quatro cursos tecnológicos designadamente o Curso Tecnológico de Animação Social, o de Artes e Ofícios, o de Informática e o de Administração. Perante a oferta da escola, e face ao desenvolvimento de Arruda dos Vinhos, será necessária a criação de sinergias cada vez mais estreitas entre Instituições, Empresas, a Comunidade em Geral e o Externato.

No sentido de potenciar aos jovens um futuro promissor, é necessário reforçar a ideia que por detrás de cada curso está um técnico; assim sendo, e numa perspectiva de educação para o futuro, é cada vez mais premente, que a Comunidade procure na Escola para primeiro emprego, alguns dos postos de trabalho que necessita. A título de esclarecimento, aquando dessa procura encontrará certamente um bom técnico de informática, de contabilidade, de animação social e mesmo de artes. Sendo os alunos formados com um perfil de rigor, exigência, responsabilidade e profissionalismo, os mesmos adaptar-se-ão com alguma facilidade às vicissitudes do mundo do trabalho.

A representante do externato mostrou toda a disponibilidade para serem estabelecidas, a qualquer momento, parcerias com empresas e instituições, que transportem para os alunos daquela escola a realização profissional e o crescimento destes como pessoas integras e idóneas. O Ensino para o Futuro terá que ser, obrigatoriamente, cada vez mais perspectivado de acordo com as necessidades da Comunidade em que se integra, sendo ele mesmo um dos motores para o desenvolvimento da economia onde se insere.

A Dra. Luísa Grilo concluiu a sua comunicação, salientando o orgulho e a responsabilidade inerentes ao desempenho dos professores, garantindo o empenhamento do corpo docente em manter e mesmo melhorar o prestígio daquela escola em prol dos Alunos, da Comunidade e do Concelho.

29

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL COMO FACTOR DE CRIAÇÃO DE EMPREGO E RIQUEZA - DR. CARLOS AGOSTINHO (CFPA)

O orador começou por saudar os presentes e louvar a iniciativa. Em seguida fez referência à constituição do Centro de Formação e aos Concelhos abrangidos pela acção do mesmo. À altura desta jornada, frequentavam o centro 2259 formandos, dos Municípios da sua área de intervenção, sendo que fora da instalação sede estavam a funcionar descentralizados pela região 32 salas de formação. Referiu ainda o orador, estar a ser estudada uma parceria com a Câmara de Arruda dos Vinhos para a implementação de acções de formação no Concelho. Também com a Santa Casa da Misericórdia há já um acordo para a formação de auxiliares de acção educativa, uma vez que é cada vez mais reconhecido o seu papel, no contexto da educação. A vertente prática da formação deve ser cada vez mais valorizada. Nesse contexto, devem ser constituídas parecerias inter-institucionais de modo a promover em simultâneo a qualificação escolar e a qualificação profissional. Os centros de formação podem e devem participar na formação dos funcionários das empresas, mas não numa óptica de “subsidiarização” das mesmas. Afinal, os centros de formação devem constituir os “barómetros” das necessidades de emprego na região onde se inserem. Felizmente está-se a assistir a uma mudança de mentalidades: não é o centro que procura as empresas para estágios, mas as empresas que procuram o centro à procura de mão-de-obra qualificada.

Neste contexto, constituem eixos privilegiados da intervenção deste Centro os a seguir enunciados: a promoção de novas dinâmicas e estratégias operacionais que, no contexto de uma acelerada evolução tecnológica, potencie a capacidade de adaptação dos recursos humanos, assim como a plurifuncionalidade, a iniciativa e a autonomia, o empreendimento, a criatividade, o trabalho em equipa e a auto-aprendizagem; a melhoria qualitativa da oferta de formação, incentivando, sempre que possível, a formação prática em contexto de trabalho no sentido de fazer aproximar as qualificações aos perfis profissionais exigidos pelas empresas; o favorecimento da integração no mercado de emprego da população desempregada e dos grupos desfavorecidos, em particular daqueles que têm menores níveis de qualificação e de habilitação escolar; o desenvolvimento de uma abordagem sistémica que procure conciliar a oferta de formação com os desafios colocados à cidadania portuguesa pela sociedade de informação, pela necessidade de defesa e conservação do ambiente e pelas diferentes dinâmicas sócio-laborais, designadamente ao nível da igualdade de oportunidades.

A oferta de formação destina-se a públicos diferenciados, procurando, de forma crescente, proporcionar soluções formativas integradas, eventualmente formatadas à medida das necessidades das empresas, que assegurem, para além de uma adequada qualificação profissional, uma certificação escolar. Neste contexto e reforçando uma ideia anteriormente apresentada, constitui um objectivo determinante do centro uma aproximação efectiva às empresas, enquanto parceiro activo no desenvolvimento de competências ao longo da vida. Para tal, existem instalações próprias e apropriadas e, em função das necessidades de resposta oportuna e da taxa de ocupação dos espaços existentes, podem as acções ser desenvolvidas em outros locais da região (como foi anteriormente explicitado), garantindo-se as adequadas condições de funcionamento, acompanhamento e controlo. A formação profissional desenvolvida neste contexto integra diferentes tipos, modalidades e áreas profissionais que proporcionam respostas adequadas às necessidades, características e competências de cada pessoa ou grupo.

São várias as modalidades de formação disponíveis do Centro. Em primeiro lugar refira-se a aprendizagem, cujo objectivo é preparar jovens candidatos ao primeiro

30

emprego para o desempenho de profissões qualificadas, de forma a facilitar a entrada no mercado de trabalho. Em segundo, a educação e a formação que se destina aos jovens em risco de abandono escolar ou que entraram precocemente no mercado de trabalho, com níveis insuficientes de formação escolar ou sem qualificação profissional. Outra modalidade é a educação e formação de adultos que tem como objectivo preparar cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos, não qualificados ou sem qualificação adequada, que não tenham concluído a escolaridade básica de 4, 6 ou 9 anos, para a entrada no mercado de trabalho. A especialização profissional, outra modalidade, prepara activos empregados ou em risco de desemprego, com a escolaridade obrigatória, tendo em vista o desenvolvimento e aprofundamento de competências técnicas, sociais e relacionais em áreas específicas. Os cursos de especialização tecnológica constituem formações pós secundárias, não superiores, que têm por objectivo preparar jovens e adultos, candidatos ao primeiro emprego, para desempenho de funções qualificadas. A formação de activos qualificados prepara activos empregados ou desempregados, com qualificações de nível superior ou intermédio, para o desenvolvimento de competências transversais e técnicas em défice no âmbito empresarial. Uma outra modalidade é a qualificação inicial que prepara jovens e adultos, candidatos ao primeiro emprego com a escolaridade obrigatória. Refira-se ainda a qualificação e reconversão profissional que prepara os activos empregados ou em risco de desemprego e os desempregados, tendo em vista adquirir ou completar uma qualificação profissional. Por último e não menos importante são as acções de reciclagem, actualização e aperfeiçoamento que preparam activos empregados ou em risco de desemprego e os desempregados, para responder às exigências das organizações, através do desenvolvimento e aprofundamento de competências nos domínios técnico, social e relacional.

Por último, o Dr. Carlos Agostinho apresentou uma panorâmica do potencial de formação do centro, flexível e ajustável em áreas diversificadas, tendo em vista dar resposta às necessidades do seu público-alvo e do mercado de emprego. Uma vez que esta jornada de trabalho estava a decorrer em Arruda dos Vinhos, o representante do Centro de Formação de Alverca apontou ainda algumas áreas de intervenção, no seu entender, adequadas às transformações pelas quais este Município atravessa no momento presente. Desde logo referiu a necessidade de uma aposta de formação na área da hotelaria e restauração, pois segundo Carlos Agostinho, ainda “ não somos profissionalmente atendidos, só somos educadamente”, o que é bem diferente. Nesta região, outras áreas a potenciar são as profissões já referidas no âmbito dos auxiliares de educação, gestão urbanística e gestão de condomínios, numa perspectiva de formação para a cidadania.

DEBATE

A primeira questão colocada à mesa pelo Senhor João Barroca foi relativamente ao futuro dos alunos que terminam o 12º ano e não conseguem ingressar no Ensino Superior. Como resposta, foi esclarecido pela representante do Externato João Alberto Faria, que muitos destes jovens ficam a trabalhar após um estágio, ao abrigo de protocolos com empresas do Concelho. O representante do Centro de Formação referiu também que quando o Centro de Emprego não consegue resolver a situação profissional destes jovens, encaminha-os para o Centro de Formação, que procura revalidar a sua formação, através de um PPE (Plano Projecto de Emprego) no sentido de canalizar estes estudantes para o mercado de trabalho, através da realização de acções de formação que se coadunam com a busca, por parte das entidades empregadoras, de certos profissionais.

31

A segunda questão colocada por José Augusto Carvalho interrogava sobre a existência de uma relação entre a baixa produtividade das nossas empresas, o que torna a nossa economia pouco competitiva, e a qualificação dos recursos humanos. Por outro lado, questionava-se se os esforços levados a efeito nesta área se inserem numa visão estratégica globalizante, ou se este esforço tem servido apenas para colmatar situações pontuais. Na opinião deste assistente, há que fazer um diagnóstico das necessidades actuais, mas também um diagnóstico prospectivo. Por outro lado, questionou-se ainda se todas estas preocupações não deverão começar no jardim-de- infância e na escola básica, isto é, a preparação para a vida activa.

Face a este conjunto de questões o Dr. Carlos Agostinho referiu ter de ser criada uma relação de complementaridade entre realização pessoal e realização profissional, sendo que talvez tudo deva até começar em casa. Por outro lado, a Região do Oeste é uma região muito heterogénea, o que pode levantar algumas reticências, relativamente ao estudo global proposto. Este, a ser feito, devê-lo-á ser com alguma equação, uma vez que a região é toda ela muito diversificada, logo teremos sempre de partir do particular para o geral. O que é necessário é haver uma maior visão empresarial e esta condição promove-se através de um cada vez maior diálogo e abertura entre empresários e centros de formação.

Face ao exposto foi lançado um repto pelo Dr. Rogério Correia: a consolidação de sinergias locais, uma vez que parecem estar criadas as condições ideais. A Dra. Conceição Rodrigues do Externato João Alberto Faria sublinhou ainda a importância da dignificação do trabalho. É necessário mostrar aos alunos que se pode ter uma escolaridade obrigatória e ser um bom profissional, esta é uma questão de formação para a cidadania. Na linha do que fora já anteriormente dito, esta docente reforçou a necessidade dos empresários virem à escola e estreitarem relações. Afinal são estes os primeiros a fazerem uma avaliação do tipo de profissionais que precisam para incrementar uma melhoria na produtividade das suas empresas. É verdade que numa era como a nossa é necessário saber um pouco de tudo, de qualquer modo há que filtrar conhecimentos que conduzam a bons profissionais especializados.

A Dra. Filomena Cravo comentou estas afirmações reforçando o que tinha sido abordado no início. Afinal, todos estavam a falar da mesma coisa, isto é, da “Escola de Pé” que Irene Lisboa já tinha defendido. Uma escola que desenvolva capacidades. À questão “ Onde, quando, como vamos começar uma formação mais virada para as respostas profissionais?” a representante da DREL respondeu que nos primeiros níveis de ensino é prematuro, pois embora seja necessário desenvolver capacidades de adaptação, é necessário também desenvolver as capacidades básicas da leitura e da escrita. Em tom de conclusão, referiu que há que saber encontrar o equilíbrio entre a complementaridade e a diversificação, pois para jovens diferentes é necessário encontrar respostas diferentes em regiões diferentes.

O Dr. António Marcelino, presente na assistência, referiu haver uma estrutura que falta desenvolver. Denota-se uma falta de articulação entre os agentes educativos e o tecido empresarial. Nesse aspecto, o Conselho Municipal de Educação deverá ser um instrumento que favoreça o diálogo e promova o desenvolvimento local.

Também na assistência estava uma representante da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica do 1º Ciclo de Arruda dos Vinhos que afirmou não ter havido um desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem na Escola Básica do 1º Ciclo de Arruda dos Vinhos. Este elemento referiu que a escola tem falta de condições, havendo uma turma a funcionar num contentor e outra a funcionar fora das instalações escolares. Relativamente aos recursos, os mesmos

32

escasseiam, referindo o exemplo do equipamento informático. “O número de crianças aumentou e as condições são as mesmas”, sublinhou ainda.

O Dr. Jorge da Cunha, professor no Externato João Alberto Faria colocou ainda as seguintes questões: “Que tipo de cooperação pode ser estabelecida entre o Centro de Formação e o Externato João Alberto Faria para alunos que não querem estudar?”, “Que tipo de projectos existem para alunos deficientes?”

A estas questões o Dr. Carlos Agostinho referiu o exemplo de uma experiência de cooperação entre o Centro de Formação de Alverca e um estabelecimento de ensino em Bucelas, em que jovens em risco de abandono escolar foram integrados em duas turmas de cursos eminentemente práticos, verificando-se que esta experiência estava a decorrer com bastante sucesso. Sublinhou ainda este responsável que os planos de formação do centro não são estanques, mas ajustáveis e alteráveis como já havia dito. Relativamente à formação para deficientes, explicou que as estruturas do Centro de Formação em causa não estão vocacionadas para este tipo de alunos, uma vez que são estruturas já antigas. De qualquer modo, referiu o Centro de Formação de Alcoitão para este tipo de utentes.

Sub-Painel CULTURA

O PAPEL DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS NA DINAMIZAÇÃO CULTURAL DAS COMUNIDADES - DRA. MARIA CARLOS LOUREIRO (IPLB)

Se a rede nacional de bibliotecas públicas é muitas vezes olhada do exterior como um conjunto de projectos materiais - construção de edifícios e equipamentos -, é no tratamento que cada biblioteca dá ao livro, em todas as vertentes que lhe são inerentes, que a rede poderá vir a ser uma teia articulada de objectivos e concretizações com vista a promover uma verdadeira campanha a favor da cultura.

Uma biblioteca é hoje mais do que um edifício onde o leitor pode ler, consultar um livro, uma revista ou um jornal. A Rede Nacional de Bibliotecas Públicas é uma realidade que transformou o conceito de biblioteca, tornando-a um espaço cultural polivalente, com uma política activa dirigida à comunidade. As bibliotecas são actualmente locais de articulação e harmonização dessa comunidade. Afirmando-se como equipamento cultural que veicula informação, educação e cultura, contribui de forma inegável para a melhoria do nível de vida das populações. Aos poucos, com o país praticamente coberto pela rede de bibliotecas e através do entusiasmo de bibliotecários e técnicos, tem-se vindo a mudar a relação que sobretudo as crianças têm com o mundo dos livros. As actividades desenvolvidas e a forma como essas actividades são mediatizadas marcam a diferença entre boas bibliotecas e bibliotecas menos boas. Em muitas funciona, e bem, a hora do conto. Em muitas funciona, e bem, uma comunidade de leitores. Mas para que tudo funcione em pleno, para que a sala multimédia, as estantes de livros e os equipamentos audiovisuais ganhem vida, a biblioteca tem de deixar de ser apenas um espaço físico para se tornar no próprio coração cultural da cidade, onde se cruzam pessoas, afectos e emoções.

Falar de cultura num país como o nosso ou, mais especificamente, de animação do livro e promoção da leitura, faz todo o sentido. Ao abrirmos a página da Internet de vários ministérios da cultura europeus, como o sueco, o espanhol, o francês ou o holandês, mas também o ministério da cultura brasileiro, argentino ou australiano, encontramos a promoção da leitura no centro das preocupações. Em Espanha, mesmo aqui ao lado, encontramos dois organismos exemplares que se dedicam à

33

leitura. O Grupo Peonza, com sede em Santander, formado por professores de vários graus de ensino, desenvolve um trabalho teórico e prático sobre promoção da leitura. " El ABCDario de la animación a la lectura " e " El rumor de la lectura" são duas obras da autoria do Grupo que, conjuntamente com a revista "Peonza", fazem já parte da bibliografia fundamental sobre técnicas de animação da leitura. Em Salamanca, a Fundação German Sanchez Ruipérez, com extensão em Madrid e Peñaranda, é um exemplo notável na mesma área. O Centro de Documentação de Salamanca, num edifício de 6 andares, é totalmente dirigido à promoção da leitura para crianças entre os 9 meses e os dezoito anos. Conscientes de que os hábitos de leitura começam a ser adquiridos desde que o bebé adquire a capacidade de segurar num objecto, os responsáveis pela Fundação projectaram um serviço de leitura constituído por diversas salas, de acordo com as idades, onde as crianças podem ler, ouvir ler, ouvir contar histórias, jogar com objectos e palavras, estudar, ver vídeos, ouvir discos, ou requisitar material para casa. A partir das cinco da tarde, as salas da Fundação enchem-se do colorido de crianças de todas as idades, que por ali permanecem, sozinhas ou com os pais, até às oito horas. O Centro de Documentação propriamente dito tem um espectacular arquivo sobre promoção da leitura, prestando a Fundação, além da divulgação da bibliografia na página da net, um serviço de envio de informação por e-mail a quem o solicitar. Já no pólo de Madrid, o serviço de orientação à leitura on-line tem uma equipa que actualiza quinzenalmente esse SOL, indicando novidades editoriais, numa página magnífica a que se aconselha a visita.

Faz sentido falar de promoção da leitura num país como Espanha, onde existe um Plano de Fomento da Leitura levado a cabo pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto. Este plano tem como finalidade a consolidação dos hábitos de leitura junto do sector estudantil e a difusão desses hábitos junto de camadas mais amplas da sociedade. Falar de promoção da leitura num país como Portugal deve ser urgente, prioritário, mas requer certamente muito mais imaginação do que aquela que é necessária para pôr a ler as crianças da Amazónia. “Falo da Amazónia porque conheci há dias o Maurício Leite autor de um projecto designado Mala de Leitura, que ele faz chegar às aldeias perdidas do interior do Brasil”. Como fazer chegar aos livros esses milhares de crianças brasileiras? Levando os livros até elas, numa mala colorida onde cada objecto se transforma num pássaro, num coelho, num jacaré, num conjunto de letras mágicas que constituem o livro. Como fazer chegar aos livros 4 milhões de portugueses que, mesmo sabendo ler, não têm hábitos de leitura? Como fazer chegar aos livros uma geração que deslocou "o centro de gravidade das práticas culturais, do pólo constituído pelo livro, para a área das práticas ligadas à cultura do audiovisual, o pólo do som, da imagem e da informatização"? Um dos caminhos será levá-los até aos livros, ou seja, cativá-los para que entrem numa biblioteca, para que aprendam o prazer de retirar um livro das suas prateleiras, de pegar nele, de ler a contracapa, espreitar a badana, folheá-lo, acariciá-lo, sentir o contacto dos dedos com o papel, para finalmente passear os olhos pelas suas páginas. Depois, requisitá-lo para casa, onde o livro encontrará a tal concorrência das telenovelas e dos reality shows. Depois, como fazer com que a criança peça: - Mãe, lê-me esta história – ou – Mãe, conta-me esta história!

Cabe ao professor levar os alunos à biblioteca. Cabe aos pais levarem os filhos à biblioteca. Cabe ao professor não deixar morrer o prazer da leitura dentro da sala de aula. Cabe aos pais facultarem aos seus filhos o contacto diário com o livro, depois da escola, depois da biblioteca. Cabe à biblioteca transformar o livro num objecto mágico, fazer descobrir nele mundos e vidas de sonho. Como escreveu Álvaro Mutis, vencedor do prémio Cervantes em 2001, "Ler um livro é voltar a nascer". Ou, como escreveu José Jiménez Lozano, vencedor do mesmo prémio em 2002, "após a leitura, depois de termos vivido outras vidas, de convivermos com a beleza, de ouvirmos confidências, damo-nos conta de que somos algo mais do que éramos e do que pensamos e

34

sentimos de maneira mais profunda, e apercebemo-nos de que recebemos luz para compreendermos, e consolo e alegria e companhia. É assim que nos tornamos amigos inseparáveis dos livros".

Promover a leitura, seja no Pantanal, na Biblioteca de Arruda dos Vinhos ou em qualquer biblioteca do mundo, é difícil, requer tempo, muita imaginação, muito afecto e uma dedicação total. Que o digam os bibliotecários, os animadores de bibliotecas, os educadores de infância e os pais aqui presentes. Promover a leitura em Beja, em Santa Maria da Feira, no Seixal, ou em tantas outras bibliotecas municipais da rede, exigiu esforço. Exigiu dias tão longos, que as 24 horas não chegavam (como escreveu o Bibliotecário de Beja, Joaquim Mestre, na novíssima e belíssima revista "Pé de Página", daquela biblioteca). Exigiu a magia da Cristina Taquelim de Beja, ao contar histórias para crianças, ou ao conceber as Palavras Andarilhas, como exigiu a mesma magia em tantas das nossas bibliotecas, através dos seus animadores. Mas continua a requerer, em todas as bibliotecas, formação.

No seguimento de inúmeros pedidos feitos por bibliotecários, o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, organismo do Ministério da Cultura responsável pelo sector do Livro, concebeu um novo programa de Itinerâncias Culturais para 2004, que pretende dar um novo contributo para uma política de criação de novos públicos leitores. Esta política substantiva-se no privilégio de acções dirigidas directamente ao público Infanto-juvenil e de acções dirigidas aos mediadores da leitura que, quotidianamente, estão em contacto com este público-alvo. Consciente da escassez de formadores na área das técnicas de indução à leitura, o IPLB promoverá acções de formação nesta área, que correspondam às necessidades estratégicas do terreno. Ao enviar o conjunto das acções, pediu-se que a biblioteca tivesse em vista um objectivo e que escolhesse as acções que melhor contribuíssem para o seu êxito. Ou seja, pede-se que cada biblioteca analise a priori o público-leitor potencial, articulando-o com o universo estudantil da região. O IPLB propõe, assim, ao bibliotecário que aposte também nessa formação de formadores, para que uma verdadeira teia possa vir a ser criada entre biblioteca, escola e casa. Da articulação das várias teias espalhadas por todo o país poderemos vir a pensar, no futuro, numa verdadeira rede de promotores da leitura: bibliotecários, animadores de bibliotecas, professores, pais, pessoas que recebam o testemunho e estejam aptos a transmiti-lo.

Considerando que a comunidade escolar desempenha aqui um papel fundamental, conjuntamente com os bibliotecários e técnicos de bibliotecas, pela primeira vez – e de um modo articulado – o IPLB colaborará com a Rede de Bibliotecas Escolares, visando a implementação de projectos de animação continuada à leitura. Esses projectos, ainda em número restrito em 2004, serão progressivamente alargados a mais escolas, de forma a tornar a tal rede de promotores da leitura mais sólida, mais incisiva, mais estruturada.

Resumindo um pouco: estamos hoje conscientes de que a biblioteca desempenha um papel fundamental na formação das crianças e jovens como leitores, já que é nessas idades que se podem criar laços enraizados com a leitura. Está provado que as crianças que crescem num ambiente que favoreça o acesso aos livros têm mais possibilidade de se tornarem leitores para toda a vida. Mas os livros, por si só, podem não ser suficientes. Não basta saber que eles estão ali: é preciso encontrar a porta que lhes permita entrar no seu interior. Desta forma, uma biblioteca que queira formar leitores tem de conceber um programa de animação da leitura consistente, para que crianças e adultos possam aperceber-se da potencialidade que os livros e a leitura têm na ajuda do desenvolvimento das suas capacidades imaginativas. A biblioteca, além de oferecer um acesso gratuito aos livros, deve então aparecer aos olhos dos seus utentes como o espaço onde podem ir brincar com as palavras, encontrar o universo

35

mágico dos contos, ouvir a cadência de um poema lido em voz alta. Será através destas acções de animação e promoção da leitura que a biblioteca se poderá impor, na comunidade, como espaço cultural polivalente.

PROGRAMAS DE INCENTIVO E APOIO AO DESENVOLVIMENTO DAS ARTES - DR. PAULO CARRETAS (IA)

O orador começou por apresentar o Instituto das Artes, referindo que aquele era um momento particular, uma vez que a entidade havia sido criada havia apenas havia dois meses e estavam no momento a trabalhar em novos programas com o capital proveniente dos anteriores institutos, que através de um projecto de fusão deram origem ao Instituto das Artes.

Muito sinteticamente fez a apresentação da missão e de algumas atribuições do Instituto das Artes, designadamente as que têm a ver com a descentralização e regionalização de públicos, fez uma pequena revisão da difusão das artes de espectáculo em que a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos também participou entre 2000 e 2002 e fez um esboço muito curto de algumas áreas de trabalho que estavam naquele momento a desenvolver no Instituto das Artes.

Recorreu ao que diz a lei orgânica, e chamou a atenção dos presentes para a importância dessa mesma lei orgânica e ao cumprimento dos Decretos-lei e das Normas Constitucionais. É missão do Instituto das Artes “estruturar a intervenção do Estado no âmbito das artes do espectáculo e da arte contemporânea, dinamizando comparticipações institucionais ou promovendo por si políticas adequadas a garantir a universalidade na sua fruição e a liberdade e a qualificação da criação artística” (art. 3º do Decreto-Lei nº181/2003, de 16 de Agosto).

Os objectivos do Instituto resultam da transcrição para a sua Lei Orgânica de direitos e garantias constitucionais, destacando-se: o direito de acesso do cidadão ao serviço público, prestado directamente pelo Estado ou por outras entidades, na área da criação, produção e difusão artística; o direito ao trabalho e ao exercício da profissão artística, ou técnica, em condições de dignidade e igualdade de oportunidades. Destacam-se estes dois pontos, mas há que ter forçosamente presente a determinação constitucional que relativamente à cultura é explicitada no capítulo dos "Direitos Liberdades e Garantias Pessoais", no capítulo dos "Direitos e Deveres Económicos", e também no capítulo dos "Direitos e Deveres Culturais".

Constituem atribuições do Instituto das Artes, entre outras (art. 8º do Decreto-Lei nº181/2003, de 16 de Agosto): “aumentar a oferta cultural qualificada, incentivando a diversidade na criação cultural e promovendo as condições adequadas ao seu crescimento e desenvolvimento profissional; contribuir para recentrar a criação cultural, favorecendo a emergência de novos pólos de inovação e experimentação através do território nacional; garantir uma maior igualdade de acesso às produções artísticas, visando ultrapassar as assimetrias regionais e os desequilíbrios sociais e culturais que condicionam o quadro do seu desenvolvimento e provocam limitações ao direito fundamental das pessoas à sua criação e fruição; promover a captação e formação de públicos, com especial realce de públicos jovens, proporcionando-lhes a fruição e compreensão dos fenómenos artísticos contemporâneos, através da realização, apoio e divulgação de espectáculos ou exposições em todo o território nacional, em articulação com todos os agentes activos do sector; assegurar a diversificação e descentralização no que respeita ao estímulo, à criação e ao apoio às artes do espectáculo, designadamente na comparticipação em programas de

36

construção, desenvolvimento, recuperação e requalificação de espaços e infra- estruturas; assegurar a comparticipação em projectos de iniciativa comunitária que garantam a preservação e divulgação do património de expressão artística de raiz popular e de iniciativa , reconhecendo a sua complementaridade com as actividades profissionais e o seu papel determinante na criação e formação de públicos; garantir a articulação com o sistema educativo fomentando, em colaboração com os Ministérios da Educação e da Ciência e do Ensino Superior, a inserção curricular das artes, o desenvolvimento nas escolas de uma componente artística, e, em contrapartida, promovendo a componente formativa e educativa das estruturas de produção cultural”.

Situados na nova realidade organizacional e orgânica que é o Instituto das Artes, passou-se então ao Programa Difusão. A Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos fez parte do esforço inicial que através do Programa Difusão das Artes do Espectáculo, Estado e Autarquias empreenderam, num importante movimento de qualificação e estruturação do sector das artes do espectáculo em Portugal. Num primeiro momento, aderindo à Festa das Artes que, em Outubro de 2000, contou com o envolvimento activo de 200 Câmaras Municipais que, ao longo de uma semana, desenvolveram cerca de 2500 acções e inauguraram em simultâneo a exposição "Engenhos Sonoros", no Dia Mundial da Música, em 1020 locais do Continente e Regiões Autónomas. Num segundo momento, em 2001 e 2002, Arruda dos Vinhos participou na difusão na modalidade de "Itinerário Cultural", ao lado das restantes 114 Câmaras Municipais que neste período participaram no Programa, em cujo âmbito este Município programou espectáculos de música e teatro, alguns na sede do Concelho outros nas freguesias (e descreveu sucintamente as acções efectuadas).

Seguidamente, recuperou, em síntese, as características fundamentais do funcionamento do Programa Difusão das Artes do Espectáculo: as Câmaras Municipais constituem (e falava no presente porque todo aquele capital era o capital sobre o qual estavam a trabalhar e que ia valer nos próximos programas) o elemento estratégico de parceria. Todo o sistema e funcionamento assentam na capacidade, vontade e autonomia decisional das Câmaras face ao Ministério da Cultura. As relações entre o poder local e o poder central processam-se através de protocolos anuais, estabelecidos na sequência de um processo de candidatura universal aberto a todas as Câmaras Municipais do território continental. O Ministério da Cultura assume- se como instância de coordenação e gestão, designadamente de informação.

Tornou-se universal, no âmbito do Programa, a obrigatoriedade de contratualização dos agendamentos acordados entre as Câmaras Municipais e as entidades produtoras de espectáculos e ateliers. Em termos de elementos de referência, para além dos já enunciados como atribuições do Instituto de Artes, sublinham-se os seguintes pontos: • Fazer participar as artes do espectáculo no processo de construção e aprofundamento da cidadania; • Introduzir as artes do espectáculo no dia a dia dos Portugueses; • Constituir e desenvolver um mercado para as artes do espectáculo à escala nacional. A Difusão integrava três linhas estruturantes de investimento: • A constituição de uma rede nacional de salas de espectáculo; • A criação de uma rede de estruturas de acolhimento e produção; • A criação de circuitos de difusão.

Como áreas de investimento, a Difusão tinha ainda: projectos de estudo e investigação, formação e desenvolvimento de públicos, residências artísticas, espectáculos, projectos especiais, informatização/divulgação.

37

Esta tipologia de acções e áreas de investimento eram a base geradora de várias linhas de difusão: • Programação regular com as Autarquias; • Trânsitos/Projectos de intercâmbio metropolitano; • Acções de grande envolvimento nacional.

Foi esboçada alguma da actuação futura do Instituto da Artes na área da descentralização e formação de públicos. Consideravam-se, naquela fase, 4 grandes blocos de intervenção que resultavam directamente das competências afixadas para o Departamento de Descentralização e Formação de Públicos: • Construção e recuperação de espaços e equipamentos; • Estruturação de mercado; • Formação de públicos; • O enquadramento às actividades amadoras. Estes quatro blocos traduzem a prioridade dada a uma actuação que visa melhorar o acesso do cidadão aos bens culturais nos domínios das artes do espectáculo e da arte contemporânea e que procura a correcção de assimetrias regionais e desigualdades sociais.

A condição territorial do Estado constitui uma linha de força fundamental desta área de trabalho do Instituto das Artes, resultando da determinação territorial o investimento nuclear na constituição e funcionamento de redes de estruturas fixadas e distribuídas no território e que com o Estado contratualizam a prestação de vários segmentos de serviço público, cultural e básico (espaços municipais em rede; rede de unidades de programação para público jovem; rede prestadora de oferta cultural de proximidade).

Associada à instituição e aprofundamento destes funcionamentos em rede está a criação de um mercado à escala nacional, a prosseguir designadamente através da criação de condições para a livre circulação de produções artísticas pelo país, integrando-se neste propósito a identificação, recuperação ou reconstrução de espaços qualificados para o acolhimento de produções artísticas, a par com o investimento na qualificação das equipas necessárias para o funcionamento desses equipamentos.

O Departamento de Descentralização e Formação de Públicos do Instituto das Artes é a plataforma de acesso das instâncias de programação autárquica a projectos de formação e alargamento de públicos, a plataforma de acesso dessas instâncias a programações de referência desenhadas especificamente no âmbito da formação de públicos (formação de públicos considerada em toda a sua amplitude, no que respeita aos destinatários, integrando desde acções de grande divulgação a acções dirigidas a públicos específicos). Uma plataforma de acesso a informação e a ferramentas de programação fundamentais para exercício profissional do trabalho de programação.

Esta frente de trabalho do Instituto das Artes está direccionada para o território e para o seu ordenamento em termos de infra-estruturas, direccionada para as redes de equipamentos prestadores de serviço público cultural de base e para as instâncias de programação disseminadas pelo território, frente de trabalho direccionada também para os projectos concebidos especificamente para a formação de públicos.

Em concreto e ainda que em fase de elaboração, podiam ser desde já indicadas as seguintes áreas de projecto: • Um programa de descentralização das artes e formação de públicos que representa a continuidade de algumas áreas de investimento do Programa

38

Difusão das Artes do Espectáculo. O desenvolvimento deste programa tem como ponto de convergência a constituição e funcionamento de Redes Municipais. Integra o funcionamento da Oficina Virtual, ferramenta informática de apoio ao trabalho de programação que facultará aos operadores artístico- empresariais a informação actual, transparente e fidedigna, indispensável ao funcionamento do mercado. • Uma segunda área de projecto procederá à identificação dos equipamentos com capacidade para assegurarem, de uma forma qualificada e profissional, programação no domínio das artes do espectáculo e da arte contemporânea, promovendo o seu funcionamento em rede. • A terceira área considerada integra um programa para a qualificação e captação de novos públicos, através de intervenções estruturantes promovidas em estreita ligação com Câmaras Municipais, associadas a estruturas artísticas especificamente qualificadas e com trabalho de referência nacional e internacional nesta área. • Como quarta área de projecto, temos a promoção e funcionamento da rede prestadora de oferta cultural de proximidade.

Em linhas gerais a oferta cultural de proximidade é considerada: • Potenciadora das relações de vizinhança das populações com os focos de capacidade e dinâmica existentes; • Zona de penetração entre segmentos do desempenho profissional e as práticas amadoras; • Rede de aceleração do processo de qualificação das práticas amadoras; • Rede de aceleração da formação e alargamento de públicos; • Considerada ainda como linha de acesso fácil do cidadão ao sistema artístico.

São estes os 4 principais blocos de actuação do Instituto das Artes no quadro da descentralização e formação de públicos. E cada uma destas frentes de trabalho será certamente sede de futuros encontros, devidamente fixados e contratualizados, com a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos e com os seus munícipes.

Referiu-se à circunstância de as artes do espectáculo e a arte contemporânea terem agora um novo enquadramento organizacional, no que respeita à orgânica do Estado para estruturar a sua intervenção nestes domínios, parece ser o momento actual, um momento chave e decisivo que nos impõe, mais do que nunca, a rentabilização dos capitais existentes; que nos impõe um olhar global para o sistema das artes; o momento da identificação e do reconhecimento, do desafio da qualificação (espaços, equipas, programação); dos funcionamentos em rede e das parcerias; da formação de públicos, trabalhando simultaneamente em redes básicas e zonas de excelência.

Em conclusão, foi referido que a acção do Instituto das Artes tem que contribuir para a instituição de práticas culturais amplamente participadas e indissociáveis de um processo de melhoria do bem-estar e da qualidade de vida dos cidadãos e do aprofundamento do exercício da cidadania.

39

PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO E ARQUITECTURA POPULAR EM ARRUDA DOS VINHOS – DR. GUILHERME CARDOSO (ADL)

O Dr. Guilherme Cardoso fez uma apresentação com diapositivos de alguns aspectos do Concelho, na vertente arqueológica, tecendo comentários à medida que apresentava as imagens.

No Século XIX já se sabia um pouco sobre achados de interesse arqueológico no Concelho de Arruda, através dos estudos feitos, nomeadamente por Leite Vasconcelos, dando a conhecer o Casal das Antas. Recentemente, fez-se um estudo do Sítio do Castelo. O chamado Castelo foi um forte importante durante as Invasões Francesas (Mostra trabalhos realizados em 1996/1997).

O Rio Grande da Pipa é uma das principais zonas de penetração do período romano, sendo um eixo de ligação entre a Região Oeste e a Costa, através do Tejo.

Seguidamente, o Dr. Guilherme Cardoso abordou a problemática da sua intervenção, mostrando alguma preocupação, dada a complexidade do assunto “...há um vestígio arqueológico que está subterrado, mas existem outros vestígios arqueológicos que constituem o nosso património, que é riquíssimo e que se está a perder. Não é só o caso de Arruda dos Vinhos... é a questão da Arquitectura Popular. Nós temos que ter em atenção neste momento que a Arquitectura Popular está a desaparecer e vai morrer. Esta Arquitectura é de tradição muito antiga, do período romano, muçulmano e medieval Português, que chega até aos nossos dias, por via popular. Vai desaparecer, porque as leis deste país e a escola de Arquitectura não estão a ligar grandemente. Está-se a perder! Como há um projecto colocado à Câmara, é um projecto de arquitectura igual em todos os lados (...) É urgente que se faça um levantamento, que se contabilize o que interessa conservar, recuperar as casas, por exemplo da Carvalha, aproveitar a estrutura rochosa do local, o tipo de portas, o que temos de rico na nossa Arquitectura Popular”.

O viajante que passa por terras de Arruda dos Vinhos observa uma paisagem humanizada que levou largos milénios a moldar. A casa popular, o templo da devoção de uma comunidade, as quintas, os palácios, as fontes, o retalhar das propriedades e as suas culturas, etc. O vestígio arqueológico que demonstra a antiguidade e a diversidade cultural desta área jaz na placidez das entranhas da terra, submergindo aqui e ali, sem grandes alaridos, mas vincando a existência de remotas origens. No meio do conjunto arquitectónico sobressaem as construções de carácter popular, fazendo a ligação entre o passado e a actualidade, aquilo que diferencia ou aproxima Arruda dos Vinhos dos Concelhos limítrofes e particulariza em contextos geográficos mais vastos.

A ROTA DOS MUSEUS DO OESTE: OBJECTIVOS E IMPLEMENTAÇÃO – ENGª ANA PAULA NEVES (AMO)

A Delegada da AMO apresentou a Rota dos Museus do Oeste, um projecto que a Assembleia de Municípios começou a trabalhar com os seus associados há cerca de 1 ano e meio e que se previa poder ser divulgado ao público em 2004.

Naquilo que são competências na dimensão sub-regional da Associação de Municípios do Oeste, a Rota dos Museus do Oeste é um projecto singular de grande importância no plano patrimonial e cultural do oeste. Os ricos e diversificados espólios museológicos existentes nos Museus Municipais e noutros museus existentes na

40

Região Oeste merecem, pelo seu valor e significado, que se desenvolva um conjunto de acções de apoio à sua promoção e divulgação junto dos cidadãos. Neste sentido, a Associação de Municípios tomou a iniciativa de organizar o projecto "Rota dos Museus do Oeste", com os seguintes objectivos essenciais: • Incentivar o desenvolvimento de uma gestão integrada das entidades de índole museológica; • Promover e divulgar a diversidade cultural do panorama museológico da Região Oeste; • Motivar e valorizar a relação entre os vários museus da Região e a realidade sócio-demográfica que os envolve, bem como as estratégias de comunicação com os seus públicos potenciais; • Promover a divulgação sistemática dos projectos e das realizações dos vários museus; fomentar a partilha e a cooperação entre profissionais do sector museológico, mediante a criação de projectos comuns e o intercâmbio de actividades e serviços; • Estabelecer uma rede de informação museológica e patrimonial, com bases de informação sobre espólio que cada museu dispõe, de forma a ser criada uma plataforma moderna de gestão desses mesmos espólios, a ser divulgada via Internet.

Todos os museus estão apetrechados com software e hardware que permitirá criar uma base de dados assente no mesmo suporte informático, permitindo a partilha e articulação de informação. Na prática, isto traduz-se em trabalhar com os museus que participam na Rota, harmonizar os sistemas e métodos de registo e informação dos espólios museológicos existentes – através de modernos programas informáticos de gestão instalados em cada museu, e organizar em rede a divulgação dos eventos e actividades desenvolvidas. Por outro lado, e com base na informação existente, pretende-se disponibilizar na Internet o espólio existente em cada museu e no limite criar as condições para poder organizar exposições virtuais temáticas a disponibilizar via Internet.

Simultaneamente criam-se condições para o funcionamento coordenado e articulado dos Museus do Oeste que permitam constituir iniciativas conjuntas, designadamente a troca de experiências, a formação, a criação de novas iniciativas ligadas à realidade museológica do Oeste. Já para a elaboração da candidatura, que foi apresentada para funcionamento, os responsáveis e técnicos destes Museus trabalharam em conjunto discutindo e articulando intenções. A experiência adquirida com a Rota dos Museus do Oeste, constitui uma base de trabalho para a criação de outras Rotas ou outras entidades da Região que pretendam criar parcerias com a Associação, nomeadamente na actividade cultural, económica e outras.

Para a implementação deste projecto está previsto um investimento total de cerca de 650.000€, dos quais se encontram já executados cerca de 85%, correspondentes ao equipamento dos museus integrantes da Rota, com o software, hardware e equipamentos. Para o ano de 2004 está prevista a parcela referente à promoção, divulgação e dinamização da Rota dos Museus, cuja sede fica instalada no Museu Regional do Oeste, no Convento de S. Miguel das Gaeiras, propriedade da Associação de Municípios do Oeste e cuja inauguração da primeira exposição estava prevista para o início do ano.

A Rota dos Museus do Oeste é constituída por: - Museu da Bernarda, em Alcobaça - Museu do Barrio - Museu dos Condes de Alcobaça - Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso

41

- Atelier Museu Municipal António Duarte, nas Caldas da Rainha - Atelier Museu Municipal Júlio Fragoso - Casa Senhorial D'El Rei D. Miguel, em Rio Maior - Museu Rural e Etnográfico, em Rio Maior - Museu Municipal de Óbidos - Museu Municipal de Peniche - Museu das Rendas de Bilros de Peniche - Museu de Atouguia da Baleia - Museu Municipal do Bombarral - Museu da Lourinhã - Museu Municipal do Cadaval - Museu Municipal de Torres Vedras - Museu Municipal Hipólito de Cabaço de Alenquer - Museu Municipal do Sobral de Monte Agraço - Museu Municipal de Arruda dos Vinhos - Museu da Vinha e do Vinho, em Arruda dos Vinhos - Casa Museu Irene Lisboa, em Arranhó, Arruda dos Vinhos - Museu Regional do Oeste, nas Gaeiras.

DEBATE

O Dr. Jorge da Cunha, do Externato João Alberto Faria, fez uma observação relativamente à intervenção da Dra. Maria Carlos Loureiro do IPLB “... a primeira intervenção feita pela Sra. Dra. que falava num livro, esse objecto que nos é tão grato e tão familiar... falava que por vezes é difícil chegar às crianças, ou transmitir aos jovens este gosto pela leitura... e que a biblioteca tem de facto um papel importantíssimo nesse campo e que devemos sem dúvida alguma levar os jovens à biblioteca, eu sugeria e também não é nada novo, que fossem as bibliotecas à escola. Eu acho importante esta dinâmica, não só a escola enviar população à biblioteca, mas também a biblioteca enviar serviços e actividades à escola, porque eu penso que só quando houver esforço dos vários sectores é que poderemos ter algum êxito, isto porque o Instituto desenvolve actividades, as bibliotecas locais, as escolas desenvolvem actividades, as escolas vão à biblioteca e nós continuamos a sentir que não temos êxito. Se calhar temos que desenvolver mais actividades e actividades com significado para os jovens. Nas minhas aulas de Língua Portuguesa, eu tento desenvolver algumas actividades que levem os jovens a gostar e a trabalhar o livro, não naquela perspectiva de ler uma história para fazer um resumo, isso não interessa, mas na perspectiva de que o livro é um objecto que nós podemos riscar, encenar, podemos brincar. Eu penso que numa perspectiva mais lúdica, obviamente tendo como base que o livro é um objecto útil, mas é nessa perspectiva lúdica, que de alguma forma conseguimos chegar aos jovens e as bibliotecas têm feito isso, pelo menos a de Arruda tem feito algumas actividades nesse sentido. Mas às vezes, o trabalho que nós temos é um bocado ingrato, porque nós estamos a lidar aqui com uma população, em que nós pedimos para trazer um livro e há ainda miúdos que dizem que não podem trazer o livro de casa (...) eu tenho, mas estão fechados à chave, não posso mexer porque a minha mãe não quer que o livro seja estragado.

Ainda temos esta realidade, a realidade do livro bibelot que está em casa, não deve ser mexido, porque pode ser estragado. Eu digo que o trabalho é um pouco infrutífero, neste sentido... é que não há uma cultura, mas se calhar não tem que haver, somos nós que idealizamos este modelo e se calhar ele não serve para nada, porque se há tantos anos e não temos um êxito, então se calhar estamos a ir pelo caminho errado. Eu continuo a achar que o livro é importante e continuo a incentivar os meus alunos a ler e às vezes gastam-se 10 minutos no princípio, no fim, no meio de uma aula,

42

quando nos apetecer, porque por vezes para um aluno mexer num livro significa dar- lhe trabalho, dar-lhe chatice, dar-lhe estudo, palavra que o arrepia, quanto mais pegar num objecto que lhes vai dar trabalho”.

A este comentário a Dra. Maria Carlos Loureiro referiu que esse panorama se deve também ao próprio manual de trabalho, constituído por estratos de livros, nunca contendo uma obra completa; não têm um autor, têm 500 autores numa mesma série de fragmentos.

O Dr. Jorge da Cunha assentiu ao comentário, referindo que este modelo que dão às escolas é um modelo de manual e, “enquanto professores [têm] uma dificuldade muito grande, porque por um lado [apetecia-lhes] que os alunos tivessem todos os livros e mais algum, e por outro lado [debatem-se] com a questão económica. Com um aluno do 6º, 7º ano os pais gastam só em manuais escolares e outros materiais para eles aprenderem... gastam 40/50 contos, 100/120/150, se tiverem 3 filhos a estudar; e ainda dizem que a educação é de graça, é gratuita, se durante o ano todo ainda pedem para os alunos comprarem 2/3 livros?! “.

A representante do IPLB referiu, neste contexto, o importante papel das bibliotecas, contrapondo o Dr. Jorge da Cunha que não é a mesma coisa porque o livro não é dos alunos, a biblioteca pode substituir, mas não é a mesma coisa. De qualquer forma para frequentarem a biblioteca, é necessário que lhes transmitida a cultura do livro, precisam que lhes seja transmitida essa cultura e em casa esse trabalho não é feito. Muitas vezes, os professores também não a têm e na sua opinião o próprio IPLB poderia fazer um esforço para combater este quadro.

A este propósito, a Dra. Maria Carlos Loureiro salientou a importância da formação dos professores nesta área. O Dr. Jorge da Cunha referiu o papel dos pais na própria frequência à biblioteca, pois é com eles que os miúdos estão mais tempo. É mais fácil os pais chegarem aos filhos, do que os professores, ou do que as bibliotecas, e devia começar-se por aí, porque tem sido feito um trabalho construtivo, interessante, neste grande projecto com as bibliotecas. As bibliotecas têm feito um trabalho importante na comunidade, as escolas têm feito o que podem também a esse nível, também já tem havido alguma formação para professores nesse campo (no campo da leitura criativa, da escrita criativa), falta ainda fomentar a formação nos pais. A Dra. Maria Carlos Loureiro referiu que já há bibliotecas que costumam organizar clubes de leitura para pais e filhos. Esta troca de experiências, pode funcionar também aqui em Arruda dos Vinhos, promover uma interacção entre pais professores, alunos e biblioteca, pois é necessário chegar aos pais, de alguma maneira, o que importa, de facto é não desistir. O Dr. Jorge Cunha sublinhou ainda a necessidade de uma ligação mais abrangente entre as bibliotecas, as comunidades, e outros organismos ligados à cultura, não só na sede de concelho, como nas outras povoações mais pequenas que fazem parte do Concelho. Tem que haver um esforço não só em relação à promoção do livro e da leitura, mas promover as artes e a cultura em geral. Questões relacionadas com as marcas de identidade das populações, salientando a própria importância da arqueologia como referiu o Dr. Guilherme Cardoso. As pessoas nas aldeias acham que a sua arquitectura tradicional não é importante e substituem-na por casas imponentes, por azulejos que a descaracterizam e desvirtuam da sua cultura ancestral.

Relativamente à intervenção do Dr. Paulo Carretas, foi colocada uma questão a solicitar pormenores sobre o programa de incentivos e apoio ao desenvolvimento das artes. Que tipo de artes, se alguma em particular, se quase todas, e a quem se destina este programa?

43

O Dr. Paulo Carretas referiu que este programa se aplica a todas as artes que resultam da fusão entre dois organismos anteriores que eram o Instituto Português das Artes e do Espectáculo (teatro, música, dança, etc.) e as artes desenvolvidas pelo Instituto de Arte Contemporânea (plásticas, visuais, design, arquitectura). Neste momento, todas elas estão dentro da área de competência deste instituto. Relativamente à formação de públicos – neste primeiro ano em que se está a trabalhar (2004) – o trabalho é circunscrito a públicos jovens e escolares, porque é um ano de transição e é um ano de preparação do programa a partir de 2005, trabalhando na conquista e formação de públicos, em geral, trabalhando com grande divulgação e para públicos de base, que estão neste momento muito afastados de todas estas artes, e o trabalho incide mesmo em relação ao livro ou a outras áreas, numa perspectiva de exigência para todo o território.

O representante do IA foi ainda questionado sobre a cooperação entre o Instituto das Artes e a Educação. De que modo se iria processar ou se já existia, efectivamente alguma espécie de cooperação. Como resposta, o Dr. Paulo Carretas lembrou que a experiência anterior tinha sido um sucesso e em relação ao futuro, é fundamental o envolvimento com as autarquias (parceiros fundamentais) designadamente no programa de divulgação de artes do espectáculo, que tem uma componente de formação de públicos muito forte possibilitando às autarquias programar ateliers de sensibilização com qualidade e em quantidade. As autarquias constituem um ponto de ligação do trabalho desenvolvido ao nível nas colectividades e em outras entidades a nível local, de modo a garantir a divulgação das artes. Naquele momento, tinha sido constituído um grupo de trabalho entre o Ministério da Cultura e Instituto das Artes. Os grupos de trabalho interligam-se uns com os outros. Este grupo também está ligado ao Ministério do Trabalho, devido à formação que se faz a nível das técnicas de leitura, aprendizagem, organização de eventos com pessoas qualificadas em cada área, de modo a promover a ligação cultura-público. Neste contexto, o Dr. Rogério Correia lembrou o Dr. Paulo Carretas que entre 2000/2001 se tinham feito oito intervenções em Arruda dos Vinhos, tendo em conta essencialmente um público escolar (desde peças de Gil Vicente até intervenções musicais), divididas entre as freguesias de Arruda dos Vinhos e Arranhó. Relativamente à questão das bibliotecas, o Dr. Rogério Correia adiantou que, em 2001, a Câmara Municipal assinou um protocolo com algumas associações equipadas com bibliotecas designadas de pequena comunidade (5 no Concelho), ou seja, foram assinados 5 protocolos com a Câmara Municipal. Neste contexto, solicitou ao Dr. Paulo Câmara, que fizesse o ponto da situação em relação ao apoio que a Biblioteca Municipal presta a estas entidades, em termos de estrutura e organização. O bibliotecário da Câmara Municipal referiu o apoio não sistemático prestado a estas bibliotecas, dado que estamos neste momento em fase de implementação da futura Biblioteca Municipal Irene Lisboa na sede de Concelho. A este nível todo o pessoal afecto a este serviço está envolvido na reestruturação dos fundos documentais, construção do catálogo, tendo em vista todos os passos necessários ao funcionamento da futura biblioteca. Estamos a atravessar uma fase de trabalho intensivo com a concepção dos projectos de mobiliário e equipamentos informáticos e o próprio acompanhamento da obra que é essencial ser feito do ponto de vista técnico. Após este grande passo, estaremos em condições de uma forma mais efectiva para proceder a um acompanhamento mais próximo no que respeita às bibliotecas de pequena comunidade. Salientou ainda que a colaboração solicitada por parte dos organismos responsáveis por estes equipamentos tem sido prestada na medida das possibilidades e capacidades técnicas da Autarquia.

O Dr. Paulo Carretas do Instituto das Artes foi também questionado sobre a intervenção do instituto ao nível dos equipamentos, tendo sido explicado, que neste contexto há dois tipos de intervenção possíveis:

44

• Construção e recuperação (apoio técnico): competência e obrigação de emitir pareceres sobre determinado projecto, verificando se o mesmo reúne condições para dar resposta às exigências em termos de espaço e para as áreas do espectáculo e relativamente às valências que o mesmo tem que prever; • Apoio financeiro entre 1996 e 2003, através do Ministério da Cultura houve intervenções em 14 equipamentos sedeados em capitais de distrito e 15 equipamentos em sedes de Concelho. Os equipamentos actualmente em obra esgotam a verba disponível até ao final de 2004. Para sublinhar a importância do ponto anterior, o Dr. Paulo Carretas explicou que a realidade actual é bastante diversa. Neste sentido afirmou que “por vezes temos boas salas, com boas condições, mas com palcos que não são polivalentes, o que resulta de um mau investimento de verbas. Daí a intervenção do instituto na fiscalização das obras.”

45

PAINEL ACTIVIDADES ECONÓMICAS

Sub-Painel COMÉRCIO

OS PROGRAMAS DE INCENTIVOS ÀS EMPRESAS2 – DR. HERNÂNI MIRANDA (UAERO)

O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES DE COMÉRCIO NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO – SR. JOÃO BARROCA (ACIS)

Gostaria de iniciar a minha intervenção cumprimentando todos os partidos políticos pela forma digna como apresentaram, na sessão de abertura, todos os seus problemas. De certeza que Arruda dos Vinhos tem um futuro muito grande com esta gente nova e gente com ideias e de certeza que é o Presidente da Câmara, o Sr. Carlos Lourenço que consegue criar à volta dele uma equipa que me pareceu estar toda motivada para fazer Arruda dos Vinhos ir para a frente, e isso não é por acaso, com certeza. Os meus parabéns a Arruda dos Vinhos e aos políticos de Arruda dos Vinhos. Desculpem ter dito isto neste painel, mas tinha de falar desta maneira.

Ontem preparei umas pequenas coisas para falar sobre associativismo no comércio, mas começo por vos dizer que discordo de muita coisa que foi dita aqui pelo meu companheiro, Dr. Hernâni Miranda, e ainda bem que discordo. Por isso é que temos associações com pessoas diferentes e ideias diferentes, e o quadro que o Dr. Hernâni traçou, desculpe que lhe diga, mas põe as pessoas todas em pânico. É que eu trago boas notícias para Arruda dos Vinhos, e trago boas notícias para todos nós, porque o UrbCom não é bem assim, a obrigatoriedade de associação também não pode ser assim. Eu represento uma Associação centenária, que faz cem anos em 2005, portanto é de 1905, e eu tenho lá os estatutos dessa época, e obrigatórios, nunca mais. Desculpe que lhe diga, mas obrigatório, nunca mais. Antes do 25 de Abril, os empresários na área do comércio e da indústria eram obrigados a estar associados a uma associação e para fazerem qualquer tipo de negócio, inclusivamente no tempo da guerra para importar um trapo, uma sola, tinham que ser sócios de uma associação e, isso não é dos tempos modernos.

Nós hoje temos estado todos, e eu digo isto com algum sentimento porque eu nasci em Vila Franca numa família que foi sempre de industriais, comerciantes e nunca tivemos aquele dito ordenado certo e, portanto eu digo isto com sentimento e é assim, no associativismo empresarial as pessoas ou percebem o que é o associativismo empresarial, ou não percebem. E se não percebem, não fazem falta. Peço desculpa por falar desta maneira, é assim que eu estou como Presidente da Associação de Comércio de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos. Nós estamos sempre a fazer coisas e a lutar para que a nossa actividade, a nossa zona de intervenção esteja de alguma maneira motivada. Se as pessoas não percebem, eu vou-me embora, porque voluntarismo é uma coisa e amadorismo é outra coisa. Nós estamos como voluntários a dar o melhor de nós, em prol de uma sociedade e não nos podem ver como oportunistas, porque nós que estamos numa associação normalmente já temos uma carreira como empresários, portanto já não precisamos ser reconhecidos. E só

2 Esta intervenção não foi gravada, pelo que não existem registos que permitam a sua transcrição.

46

estamos numa associação depois de termos uma vida comercial feita, porque enquanto estamos a criá-la, não temos tempo. Quando já temos algum tempo e estamos a ficar velhos, se calhar já temos capacidade de dar algo de nós aos outros. E, se os outros não percebem, paciência, agora obrigatório, Dr. peço desculpa, não é na minha maneira de ver, no meu temperamento, viável. Por aí eu discordo completamente.

Em relação ao Urbanismo Comercial, é claro que não correu bem, nós tivemos um em Vila Franca e não correu bem porque, quando o Sr. diz que as empresas têm de ter escrita organizada, isso é claro, é nossa obrigação, por amor de Deus, temos de ter o mínimo, temos de ser sérios, temos de ter escrita organizada, e quando o dinheiro não chega, é porque faltam documentos. Nós e os nossos contabilistas não estamos é habituados a ter os documentos em dia, eu tive uma experiência em Vila Franca de Xira e ainda hoje tenho problemas, mas sabe com quem é que eu tenho problemas? Com os meus colegas, porque perguntam porque é que vão apresentar a declaração da Segurança Social? Por amor de Deus, eu tenho de ter a minha declaração da Segurança Social em dia, de seis em seis meses, é obrigatório.

Nós que trabalhamos com empresas e que vendemos ao Estado e fazemos negócios normais de comerciantes e empresários temos de ter a contabilidade e os documentos organizados. É o mínimo que se pede a uma empresa e quando isso não está feito, o Estado não pode dar o dinheiro, pois ele é de todos os contribuintes. Estou completamente de acordo em que só se pague depois de ter os documentos todos entregues e desde que estejam todos entregues, eu posso dizer que o IAPMEI pagou nos últimos três anos, em mês e meio no máximo. É só para fazer esta rectificação porque em Vila Franca as coisas correram assim, claro que ainda há pessoas à espera do dinheiro devido ao problema dos documentos. Não corre tudo sobre rodas, o que correu mal realmente foi termos, no anterior Governo, passado do II QCA para o III QCA, porque acabou o projecto do II QCA e passou-se para o III QCA sem verbas. Isso é que complicou grandemente a vida das pessoas que tinham os orçamentos para os projectos e tiveram que os atrasar quase dois anos. Aí é que foi complicado para todos os comerciantes que tinham sido abrangidos pelo UrbCom. Desculpem ter dito tudo isto duma forma empolgante, mas eu vivi tudo isto intensamente, até me chamam em Vila Franca o Mister ProCom, pois andei a bater à porta das pessoas para aderirem ao projecto e agora tenho de dizer às pessoas que têm de ter os documentos em dia. …Peço desculpa por isto… A minha forma de falar é um pouco assim, sou Ribatejano e não estou contra ninguém, por amor de Deus.

Agora vou dar as boas notícias que também são importantes para nós termos aqui um dia com alguma alegria, e então é assim: foi esta semana aprovado pelo Governo Central um projecto de formação profissional em que nos foram aprovados 26 cursos para o ano de 2004. A Associação candidatou-se em 2002 e foi aprovado esta semana, portanto vamos ter 26 cursos em Arruda dos Vinhos. A candidatura foi para Vila Franca de Xira, Arruda dos Vinhos, Alverca e Póvoa de Santa Iria, são cursos diversos: marketing, informática, atendimento, gestão comercial, gestão de lojas, hotelaria, são 26 cursos. Portanto, acho que isto é uma boa notícia e temos de começar a passar a palavra porque dentro de 15 dias vou começar a fazer reuniões em Arruda dos Vinhos, a pedir pessoas para frequentarem os cursos, peço que divulguem porque se não utilizarmos os cursos, o dinheiro é devolvido e aqui é que nós temos de estar atentos, não é nos apoios. É termos os projectos aprovados com todo o sacrifício que isso envolve, porque as associações não são ricas e gasta-se muito dinheiro para aprovar os projectos, e depois as pessoas não utilizam os projectos.

47

Nós estamos de passagem pelas associações, aqui estou de acordo com o Dr. Hernâni, as associações ficam e temos de preparar terreno devidamente planeado para as pessoas que vêm terem os projectos para continuar. Uma boa administração de uma associação é aquela que faz um trabalho e o que vem a seguir não tem grandes problemas. Já agora gostaria de dizer que na Associação temos um membro de Arruda dos Vinhos, que é o João José Cavaco que nos acompanha há quatro anos na Associação.

Agora dirigindo-me aos Arrudenses, para esta associação não é normal estar em Arruda a falar desta maneira e eu fico contente por estar neste evento organizado pela Câmara Municipal a falar desta maneira, porque a ACIS de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos é assim há quase 30 anos. A Associação já tem quase 100 anos e quase há 30 anos que também é de Arruda dos Vinhos e não precisamos de 3 associações, 4 uniões, 5 confederações na mesma região, isso é tirar-nos o poder, isso é dividir para reinar, isso já foi, isso não é de agora. O que nós precisamos realmente é de vir junto das pessoas e fazer aquilo que, modéstia à parte, a nossa direcção fez, vir junto do poder local e dizer assim: Sr. Presidente, Srs. Vereadores nós estamos aqui e precisamos de vós, precisamos de estar em Arruda dos Vinhos, precisamos que as pessoas percebam que a Associação também é delas. E nós em Vila Franca de Xira temos 7 ou 8 gabinetes a funcionar todos os dias para os nossos associados e é preciso utilizá-los. Pensamos que é importante no próximo ano, e para isso vamos pedir a colaboração da Câmara Municipal, pedir as instalações à Câmara Municipal e formar aqui um ‘braço’ da associação para os associados não precisarem de ir a Vila Franca de Xira. Em Arruda dos Vinhos têm de ter os serviços todos, vamos também criar um posto móvel de atendimento que irá à Arranhó, a Nª Sr.ª da Ajuda, aos pontos mais interiores do nosso concelho, para além de que precisamos de ter atendimento pelo menos duas vezes por semana em Arruda dos Vinhos. Isto são projectos que penso terem pernas para andar e só serão realidade se as pessoas vierem à associação, mas só vêm se quiserem vir, porque nós não queremos ninguém obrigado na nossa associação. Não funciona. Nem obrigado, nem funciona com rosto político, as associações são isto mesmo, têm de falar para as pessoas como se estivéssemos numa sala reservada em que todos nos entendêssemos. É desta forma.

Queria falar um pouco mais sobre a nossa actividade, já falei um pouco sobre associativismo, agora sobre a actividade: está tudo a mudar, as pessoas estão a mudar, o comércio está a mudar, o associativismo está a mudar e agora diz-se que há uma grande crise no movimento associativo… Se calhar, mas eu até digo o contrário, o movimento associativo é o motor da sociedade, ninguém tem dúvida. Eu agora pergunto, onde é que está o problema do movimento associativo? Está nos associados ou nas associações? E isto é que é preciso nós percebermos, porque se calhar nem os associados vêm às associações, nem as associações vão aos associados e aqui é que é preciso arranjar um equilíbrio. Nós, nas associações, temos de gastar o nosso dinheiro, e o nosso dinheiro só pode vir dos associados, não pode vir de subsídios, nós, como empresários temos de estar independentes, temos de falar desta forma e se fosse de outra maneira não estava aqui, nem falava desta forma, dizer bem do que está bem e dizer mal do que está mal, não me interessa se é o Partido Socialista, se é o PPD, aconteceu isto assim e estava lá o Governo tal ou tal, mas é com esta independência porque as receitas que nós temos são dos nossos associados e se os associados quiserem ter serviços, apoios, animação, alguém que os represente, tem de pagar. Meus amigos, peço desculpa, mas têm de pagar. Se 5€ é muito, passamos para 2,5€, mas depois não nos peçam coisas, não é? Porque 5€ para uma quota de uma associação, para um empresário não pode ser muito, e 10€ não pode ser muito. Estamos a falar de 15 ou 20 contos por ano (falando em valores antigos) não pode ser muito, porque a associação hoje é das coisas mais importantes que nós temos e se tivermos uma associação forte e um comércio e industria forte,

48

venha quem vier! Não temos medo de ninguém porque o poder local e o poder central já perceberam que é com associações fortes que se consegue desenvolver a nossa região, ou a região em que estamos inseridos. Ninguém pense que, por exemplo, no bairro A de Arruda dos Vinhos onde só há um estabelecimento comercial que alguém vá lá comprar alguma coisa. Tem que haver uma zona comercial forte, por isso é que as zonas históricas estão a ser intervencionadas, porque aquelas zonas são fortes. Dou-vos o exemplo de Vila Franca de Xira; não podemos ter medo dos centros comerciais, nem ter medo das grandes superfícies, mas temos exemplos flagrantes em Vila Franca e Arruda dos Vinhos (peço desculpa por dizer isto não é com intenção nenhuma de melindrar), tem a sorte de estar perto de Vila Franca porque os erros ou as virtudes estão lá, é só copiar o que está bem ou o que está mal, porque já temos grandes superfícies em Vila Franca, já temos os centros comerciais em Vila Franca e sabem o que vos digo, nós no comércio local, porque já não há comércio tradicional, nós somos empresários, pagamos os nossos impostos como os outros e o Centro Comercial não é mais do que um ninho de empresas e uma grande superfície, não é mais do que uma forma diferente e igual de estar no mercado. Eles estão cá foi porque nós não ocupamos o terreno, não nos soubemos unir. Porque esta coisa da alma do negócio, isso já foi, hoje não há segredo, hoje temos informação a uma velocidade incrível, temos a Internet, eu tenho os meus preços na Internet. O que as pessoas querem é um serviço, não um artigo. O que nós temos de ter é formação e profissionalismo. Em Vila Franca de Xira abriu um Centro Comercial com 160 lojas, sabem o que aconteceu? Abriram mais lojas à volta. Não é por acaso que quando abre um El Corte Inglês que todos os outros se instalam à volta, claro que ali é que está a zona forte. Nós não temos que ter medo. Claro que se temos um estabelecimento onde não investimos, um artigo bem exposto, bom atendimento, não estamos fardados, não fazemos isso tudo, o que é que queremos? Os outros estão a oferecer isso. Não há dúvida nenhuma que se tivermos as mesmas condições e hoje os centros comerciais e o pequeno comércio, embora não exista pequeno comércio, há sim comércio, têm as mesmas condições porque têm grupos de compras a que se podem associar e têm os mesmos preços dos centros comerciais. Temos é de ter iniciativa e investir. É por aqui, não é de maneira nenhuma estar contra quem fez os estudos, temos é de estar ao lado, não contra. Não podemos continuar a ser vistos como o pequeno comerciante, o que é isto do pequeno comerciante? Os comerciantes não pagam os mesmos impostos? Não paga o seu IRC? Paga menos é óbvio, mas que culpa tem de vender menos – se calhar até tem – não interessa. Enquanto empresa tem de ser vista da mesma maneira, ou é micro, média ou grande empresa, essa classificação eu aceito, mas todos temos de ser respeitados, mas para sermos respeitados temos de estar desta forma. Não podemos estar nem contra, nem contrariados, temos de ser parceiros.

Peço desculpa, era isto que tinha a dizer e peço desculpa pela minha forma de exprimir e sou muito temperamental, mas não sou má pessoa.

DEBATE

Interveio o Dr. Casimiro Ramos: começo por cumprimentar a mesa em especial e muito rapidamente, a intervenção que vou fazer e a pergunta que vou colocar é na qualidade de empresário, porque também o sou, pequenino, muito pequenino, com três colaboradores. Sou Casimiro Ramos, a actividade é de consultoria de gestão e contabilidade e a pergunta que tenho a colocar é ao Dr. Hernâni, mas não sem antes fazer um enquadramento. Permitam-me também a minha frontalidade talvez desadequada, do ponto de vista da maneira como vou colocar, mas um pouco também como o Sr. João Barroca, não consigo já mudar. Não é fácil.

49

Ouvi a sua intervenção, faz hoje oito dias, nas Caldas da Rainha e não queria sair hoje daqui com a mesma impressão com que fiquei há oito dias atrás. Foi a de que a UAERO não servia para nada. Isto é, para os empresários. A preocupação da UAERO é de criar uma Câmara de Comércio, a preocupação da UAERO é de criar associações fortes por obrigatoriedade de inscrição aos empresários é o que eu quero saber. Se fazemos comparações com Espanha, também temos de fazer comparações com Espanha no sentido em que os empresários aproveitaram os subsídios para que lhes chamassem empresários. Eu também há 15 anos que ensino gestão de empresas na faculdade e cada vez sou mais obrigado a dizer aos alunos: atenção, vocês vão para as empresas de patrões, portanto tenham cuidado com isso. E você reforça que amanhã volte para as aulas a dizer a mesma coisa. Portanto eu quero dar- lhe a oportunidade, hoje e aqui, porque também não se pode, desculpe Sr. Dr. mas com toda a franqueza e frontalidade tenho de lhe dizer, não se pode vir mesmo a Arruda dos Vinhos com 20 pessoas numa sala, não vir preparado para o painel que vem debater. Não pode ser. Assim, os empresários começam-se a questionar para que serve a associação. Assim, eu só vou ser associado da sua associação obrigado, de outra maneira não vou. Portanto quero dar-lhe a oportunidade de nos dizer a nós, empresários, como é que a UAERO nos pode ajudar a tornar as empresas mais modernas, mais competitivas, mais qualificadas e no fundo que promovam os seus produtos e as suas actividades no sentido de termos espaço no mercado e que sejam progressivas. É esta oportunidade que lhe quero dar, peço desculpa, como lhe disse, da frontalidade, mas não podia ser de outra maneira.

De seguida, Lélio Lourenço, Vereador da Câmara Municipal: queria sobretudo dizer que tenho de me ausentar porque tenho um compromisso no outro painel, mas de facto queria dizer-vos que vou fazer e em face da primeira intervenção, pois já percebemos que havia ‘pano para mangas’ e vou fazer até recomendação à organização, até porque conheço as pessoas da organização, que de facto era importante debatermos estas questões de forma mais aprofundada e concerteza que não conseguimos num tão curto espaço de tempo tratar de assuntos desta importância e pertinência e em face do que já ouvimos e concerteza das intervenção que virão a seguir com esta actualidade. Portanto, queria só pedir desculpa mas tenho de me ausentar, mas vou fazer esforços e diligências no sentido que esta questão, pela pertinência e, enfim, pela atractividade que tem para o concelho, para o tecido empresarial e industrial, eu penso que se justifica perfeitamente, senão um dia, pelo menos um debate mais aprofundado de modo a permitir às diferentes forças autárquicas e sobretudo empresariais e aos potenciais interessados que debatamos esta questão com maior profundidade que hoje o painel não permite, pelos vistos estamos atrasadíssimos no tempo. Era só e muito obrigado.

O Dr. Hernâni Miranda respondeu: agradeço a frontalidade, acho que acima de tudo ser empresário é isso. Os políticos são diferentes. Ser empresário é ser objectivo, directo e concreto, portanto não me fere qualquer susceptibilidade. É óbvio que o Congresso foi o Congresso, foi dito aquilo que me é possível dizer, se quiser eu posso enviar-lhe um extracto dos estatutos com os fins para que foi criado a UAERO. Posso concretizar algumas das coisas que acho serem mais importantes, para além da Câmara de Comércio. É criar uma intranet entre associações a fim de que todas elas e entre elas tenham informação dos seus associados, dos seus locais, porque a UAERO não deve ser uma associação, a UAERO tem de ser uma união das associações, ou seja, diversas associações representam os seus associados, possibilitam que lhe seja dada informação, isto só é possível com alguma «obrigatoriedade». Eu não estou a dizer que tem de ser obrigado a associar-se, atenção. O que acontece muitas vezes é que há muita gente dentro de uma empresa, vai ter com um gabinete de contabilidade, leva o número de contribuinte e não sabe quais é que são as obrigações, mesmo para com os trabalhadores, fiscais, etc. Arranja um espaço, monta a sua loja, o fornecedor

50

mete lá a mercadoria, e ao fim de seis, sete meses, acabou. E se forem ver, se fizerem uma análise à rotatividade das empresas que abrem e fecham, em Portugal são extremamente elevadas por isso mesmo. Portanto, aqui na nossa região acontece muito isto, a pessoa tem um terreno que vende, compra um estabelecimento, monta uma loja para garantir o seu ordenado, mas às vezes nem isso consegue, porque não sabe do negócio que montou. Quando lhe dizem assim, agora tem de passar um cheque para o IVA. As pessoas têm de ter formação, e estas coisas deviam ser «obrigatórias», quem não está nesta área e mesmo que seja formada na área de empresas, pressupõe que esteja informada destas coisas, agora uma pessoa que acabou o 12º ano ou outro ano qualquer que não emprego, o pai vende uma fazenda… Estou a falar da caracterização da nossa região que se mete dentro de um estabelecimento e anda ali, não sabe… a maior parte das pessoas que têm estabelecimentos comerciais não sabem que para fazer uma liquidação têm de pedir uma autorização à Direcção Geral dos Impostos, nunca ninguém disse. E tem que colocar o preço, o motivo, etc. Alguém disse isto? Não sabem, não sabem se calhar que o trabalhador para ser despedido tem direito a isto, aquilo e aquilo ou quando acabou o contrato tem direito a isto, aquilo ou aqueloutro, só tem os problemas depois. E este é um dos problemas do empresariado, estou a falar do comércio que é o mais prático, porque se formos para a indústria, desde a higiene e segurança do trabalho. As pessoas sabem isso, quando se metem no negócio? Não sabem e muitas vezes não têm formação nem informação, nem têm tempo para pensar nisso, muitos deles aqui na nossa terra, felizmente ou infelizmente, são orgulhosos e trabalham das 8h às 22h, não é como em Lisboa ou no Porto. Um indivíduo abre um estabelecimento, mete lá uma série de empregados e passa por lá. É a diferença que existe entre as grandes superfícies e o pequeno comércio, no pequeno comércio as pessoas vivem e dão a cara por ele, nos outros ninguém lá está. E não é a pensar na associação ou preocupado com a associação que eu digo que as pessoas deviam ser obrigadas a associar-se. Não vivo do ordenado daquilo, se aquilo tiver de acabar, acabou, não tenho esses problemas porque felizmente a gestão daquilo é feita de maneira equilibrada. O meu problema são os negócios das pessoas, porque a associação é uma coisa, as pessoas que vivem todos os dias devem ser preparadas, devem ser estimuladas e devem ter informação.

O Sr. João Barroca referiu que se tinha esquecido de dizer que a Associação de Comércio, Indústria e Serviços de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos faz parte da Confederação do Comércio Português, que é uma Confederação que tem assento no Governo a tomar as decisões e nós temos contactos permanentes com a Confederação que é uma entidade a nível nacional. Essa sim é a nossa Confederação, a Confederação de Comércio Português. Dizer também que o meu companheiro, Dr. Hernâni Miranda passa uma mensagem e um atestado de menoridade aos empresários em que eu não me revejo. Devo dizer que tenho 30 anos de empresário, o meu avô era industrial, o meu pai e a minha mãe eram comerciantes e eu sempre vi naquelas pessoas, com alguns anos, gente que sabia o que estava a fazer, gente que quando não sabia perguntava e que tinham alguns parceiros que eram formados. Um empresário não tem que saber tudo, o empresário tem de ser só empresário e depois tem de ter os consultores. Posso dizer-lhe que eu, em termos de gestão e em termos de IVA, e em termos de IRS tenho de entregar essa parte do meu negócio a uma empresa idónea, em que eu acredite. E com esse parceiro é que eu estou bem, eu vou para a minha vida e depois o IVA, o IRS, tem de ser esse parceiro que tem de me ir informando, eu vou gerindo o meu negócio para que isso seja rentável. Portanto, não pode haver de maneira nenhuma empresários ‘atrasados mentais’, porque foi esse atestado que foi aqui passado aos empresários. Isso não aceito, porque todos nós temos de estar na nossa vida com dignidade, sejam pequenos ou grandes empresários.

51

Dizer também que nós temos essa mais-valia, isso que o Sr. disse das grandes superfícies que não têm lá ninguém, essa é a mais-valia que nós temos, é aí quando o Sr. diz que isso é uma chatice, eu digo que isso é que é a nossa mais-valia porque os empresários que estão em sociedade anónima; e estão muito bem, porque é assim que eles querem estar, e nós estamos como empresários e como patrões e temos de nos assumir como patrões, estamos ao lado dos nossos empregados a criar a riqueza para todos, como dividimos é que depois é discutível, mas estamos como uma equipa a criar riqueza. Agora, se os grandes empresários não estão lá, pior para eles. Pior para eles, percebe? Mas isso é lá com eles, cada um tem de se preocupar consigo, agora atestado de minoridade aos empresários e aos comerciantes e aos industriais pequenos, grandes ou médios, desculpe lá, mas enquanto eu estiver ao seu lado, eu não me calo, peço desculpa.

Dr. Luís Narciso: Um tema que gostaria de ver lançado é o facto de se fazer as compras fora do concelho, o outro é o facto de se trabalhar fora do concelho isso levar as pessoas a fazerem compras junto aos locais de trabalho. O que fazer para inverter esta situação?

Gostaria também de ver abordado, se pudessem, na relação de existência de uma média superfície que existe aqui e o desenvolvimento ou não, do comércio tradicional? Outro ponto: por exemplo, Caldas da Rainha, uma zona privilegiada para o comércio com zona pedonal, lojas modernas, estacionamento, e pergunto se é fundamental criar estes tipos de espaços, ou não, para o desenvolvimento do nosso comércio local, como disse? É necessário haver um centro comercial para se comprar mais em Arruda, pergunto eu? E se o comércio local deveria deslocar para lá os espaços, ou não? E o que fazer para que pessoas fora do concelho de Arruda venham comprar a Arruda, como já existe pessoas do concelho do Sobral de Monte Agraço que fazem as compras no Intermarché e provavelmente no comércio local?

Sr. João Barroca: Vou só dizer o seguinte: o que fazer para que os Arrudenses comprem mais em Arruda dos Vinhos? Esta vai quase que englobar todas as questões que coloca. O que é preciso é criar esses espaços como tem Vila Franca e, como o Sr. diz tem Caldas da Rainha, é exactamente embelezar a zona envolvente ao comércio, é o mobiliário urbano que é preciso, isso faz parte e terá de ser a Câmara Municipal a cuidar do aspecto de cuidar a zona comercial. Em relação às pessoas que trabalham fora da zona do concelho fazerem compras no concelho de Arruda dos Vinhos, posso- lhe dizer que isso está em discussão, está em cima da mesa, é a nossa mentalidade que tem de mudar. Temos de mudar os horários. Temos de fazer horários flexíveis para as pessoas que chegam à Arruda encontrem o comércio aberto. E os mercados municipais igualmente. Hoje ninguém vem às compras às 7 horas da manhã, e também as pessoas que chegam do trabalho às 20h, 20.30h não têm o comércio aberto. Em relação às médias superfícies que existem em Arruda dos Vinhos, é um pólo de atracção da população envolvente, claro que é, mas aí o comércio local tem de estar preparado para que, se vêm mais pessoas a Arruda dos Vinhos por isto ou por aquilo, mas tem de vir pelo Intermarché e também pelo comércio local, dizendo que vamos ali abaixo porque aquilo está muito bonito, somos bem recebidos, somos bem tratados, aquilo está realmente diferente, está realmente bonito, é esta a mentalidade.

52

Sub-painel AGRICULTURA

O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO OESTE - DR. DAVID GAMBOA (LEADER OESTE)

Vou fazer uma breve apresentação da Leader Oeste e posteriormente enquadrar, nesta apresentação, o programa Leader que é uma das várias iniciativas que a Leader Oeste promove, a mais visível e a que movimenta maior dinheiro e depois falar um pouco do Plano e Diagnóstico que fizemos no âmbito do programa Leader e, finalmente, na conclusão enquadrar o concelho de Arruda neste plano estratégico.

A Associação constituiu-se em 1994, no âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio, actualmente conta com 51 entidades associadas. É uma Associação sem fins lucrativos, tem apoio das entidades públicas, as restantes privadas e tem uma representatividade sectorial do Oeste. Portanto, constituiu-se como Associação na necessidade de gerir um programa, que é este Programa Leader que vou passar a explicar. Já se falaram aqui de apoios comunitários e teceram-se algumas considerações negativas em relação aos fundos comunitários. Este programa está um pouco à margem dos fundos comunitários porque tem uma gestão diferenciada, tem uma gestão local e, como tal, tem também uma celeridade maior, mas por base necessitava de um documento estratégico, uma espécie de uma bíblia, uma bíblia para aplicação. O Diagnóstico e este Plano de Desenvolvimento Local tem por base os documentos regionais, o PEDRO (Plano Estratégico da Associação de Municípios do Oeste de CCDRLVT), enquadrando nisto definiu-se uma estratégia para gerir o programa que cumpre directrizes comunitárias muito claras, emana da Comissão Europeia e da Direcção Geral da Agricultura, um fundo no âmbito do FEOGA, um fundo Leader (representa 75% de dinheiro Leader). Cada Estado Membro, porque este programa existe nos vários Estados, o Orçamento de Estado complementa com 25%, e depois há uma entidade fiscalizadora em cada país, no caso de Portugal é o Ministério da Agricultura através do IDRA e existem uma série de associações que se candidatam e gerem localmente a aplicação deste fundo que ronda perto de um milhão de contos. Este programa é um programa descentralizado e o que tem de diferente dos outros fundos comunitários é o facto de ser gerido localmente e a decisão é autónoma. Também é mais célere em termos de tempo de pagamentos, tem um carácter experimental, claro que não se pode apoiar todos os projectos privados e o Leader permite apoiar projectos privados e públicos, não se pode apoiar todos os empresários, nem todas as empresas, mas pode-se detectar pequenos projectos experimentais, pequenos apoios demonstrativos e tentar incentivar as parcerias, dentro daquilo que foi falado no anterior painel, a necessidade do associativismo e da participação.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo existem 6, nós somos uma delas, temos esta mancha territorial que está no mapa (apresentação powerpoint) da direita, é uma mancha, tal como podem constatar, que não abrange freguesias do litoral porque existem uma série de critérios de selecção em termos comunitários para definir este território Leader, e os critérios são, genericamente, não podem ser territórios com mais de 100 000 habitantes, não podem ter uma densidade populacional superior a 120 habitantes por Km2, e como tal, com este tipo de critérios de selecção foram seleccionados no território da NUT III do Oeste apenas algumas freguesias. Nem todas são abrangidas e o que se pretende é que este local, como há pouco falado, em que sectores públicos, privados se candidatem e apresentem projectos no âmbito da estratégia que a Associação definiu, naturalmente que para o Oeste a estratégia é diferente das associações do Ribatejo, porque os produtos e os interesses, a própria morfologia, a estratégia das regiões também é diferente.

53

Os diagnósticos vão ser apresentados em síntese e trago alguns elementos que vou passar rapidamente: a região Oeste tem várias ruralidades e em mudança, está-se a desenvolver o sector secundário e terciário e ainda tem muitas assimetrias No diagnóstico estão espelhadas algumas dessas assimetrias, temos o mundo rural e não falamos só de agricultura, uma associação que gere o desenvolvimento rural não é só o sector agrícola… (apresenta dados que estão na apresentação – não está perceptível).

Continuamos com este problema das divisões administrativas, a AMO tem 14 municípios, a Região de Turismo tem 12, a Leader Oeste tem apenas 11, mas de qualquer forma ao nível dos concelhos e referenciando a população agrícola, só 24% dos activos agrícolas trabalham a tempo inteiro e isto é uma tendência crescente, de acordo com os problemas de desertificação, têm uma actividade complementar e 44% dos agricultores não têm competências em termos académicos, embora haja uma alteração em alguns sectores. As principais produções também são conhecidas, destaca-se a pêra, mas não é a única. Em termos de área de ocupação havia 33 mil hectares, a fruticultura eram 24 mil hectares, sobretudo maçã e pêra rocha, em horticultura 9 mil hectares.

De qualquer forma, e em termos de síntese, foram detectados os pontos fortes e as fragilidades no nosso diagnóstico (constantes na apresentação), com base neste diagnóstico a Leader Oeste fez um Plano onde seria aplicado o dinheiro Leader e que tinha por base um tema forte na questão do know-how e das competências e tecnologias para tornar competitivos os produtos e serviços. Não falamos especificamente e só da agricultura, falamos do mundo rural e as iniciativas podem ser diversas. Há uma síntese das medidas que nós apoiamos ao nível de investimentos em infra-estruturas e produtivos, projectos de energias renováveis, artes e ofícios tradicionais do Oeste, artesanato, animação turística, apoio à constituição de empresas no litoral e ainda em acções imateriais, como a formação profissional.

Resumindo um pouco as potencialidades deste concelho, também falando na localização geo-estratégica e na convergência de proximidade de Lisboa e da região do Ribatejo, o surgimento de crescentes infra-estruturas ao nível de redes viárias, o próprio aeroporto, tornarão ou poderão tornar o concelho de Arruda como uma entrada ou saída privilegiada na Região Oeste, um potencial turístico florescente que começa a surgir. Este potencial turístico começa a florescer, sobretudo no litoral, com grandes investimentos e deverá ser complementado, segundo a nossa visão, com tentativas de criação de circuitos que tragam fluxos de pessoas e de produtos. Neste âmbito, essa potencialidade que o litoral oferece poderá ser aproveitada com as Rotas de visitação e das várias Rotas que estão a ser implementadas pelas próprias autarquias, pela Câmara de Arruda, pela AMO, pela RTO, julgo que a intervenção em termos turísticos é convergente com esta nossa visão. Concretamente, os circuitos de visitação ligados ao enoturismo, a Rota da Vinha e do Vinho, e de cariz mais cultural como a Rota dos Museus que as Câmaras Municipais e outros Museus privados estão a aderir, esta é uma iniciativa da AMO. A promoção das fortificações das Linhas de Torres e até mesmo outros percursos ligados ao turismo religioso, por exemplo os Caminhos de Santiago, e ainda outros circuitos de visitação do património natural e patrimonial com a Rota dos Moinhos do Oeste que a Leader Oeste tem vindo a desenvolver com o apoio da AMO e uma série de Rotas e Percursos Pedestres. Só para terminar com exemplos de projectos apoiados no âmbito Leader, pela Leader Oeste, infelizmente até à data foram apenas dois e penso que a responsabilidade é de ambas as partes e também da sociedade civil, apoiamos a edição das Quintas do Concelho no II QCA e apoiamos actualmente o financiamento do Museu Irene Lisboa. Estamos, como o Sr. Presidente teve oportunidade de dizer na sessão inaugural, a produzir o levantamento

54

dos Moinhos de Vento dos diferentes concelhos do Oeste, já está concebida a edição do concelho de Arruda, esperamos o momento oportuno para lançar, não só o concelho de Arruda, mas outros concelhos que tenham sido produzidos. É um trabalho de monta para uma Associação que, como devem calcular, tem 5 técnicos e tem algumas dificuldades práticas no terreno para implementar estes projectos. Então para terminar, dizer que nós temos a possibilidade de continuar a apoiar projectos, projectos privados, públicos e aqui estamos constrangidos porque estão apenas duas freguesias abrangidas, Santiago dos Velhos e Arranho, a iniciativa decorre até 2006, não temos muito dinheiro, é verdade, para algumas medidas começam a ser escassas, mas ainda é possível esse apoio. Mais informações é só contactar a Associação, este é o nosso site e estamos sedeados no Cadaval. Muito obrigado.

MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM - IMPACTO NA AGRICULTURA - ENG. LUÍS ALENQUER (AGROCAMPREST)

Começo por dizer que o desenvolvimento da agricultura nesta região passa pela fruticultura, a viticultura, medidas agro-ambientais, as culturas hortícolas, a florestação, o agroturismo, a barragem do Rio Grande da Pipa, ou seja, se tivermos em atenção todos estes sectores, podemos perspectivar o que poderá ser a agricultura em Arruda dos Vinhos. Portanto, temos a pêra rocha que é um factor novo e importante nesta região, pouco se faz aqui em Arruda propriamente dita. É um produto que está em grande expansão e com grande investimento em termos de exportação e para o mercado interno. O olival é uma aposta e um projecto feito pela Agrocamprest aqui para esta região, pode ser uma alternativa…e a fruticultura, todos conhecem e ainda hoje é a cultura principal aqui nesta região. Temos de apostar essencialmente na qualidade, podemos fazer vinhos de qualidade através das monocastas, é a grande aposta, a viticultura de qualidade. Em seguida, devo dizer que a aposta na pêra rocha para o mercado externo é clara, onde é necessário o conhecimento dos agricultores nas técnicas de produção. No caso do olival, podemos chamar a atenção para os parques que temos de exploração do olival. O sistema tradicional pouco existe aqui nesta região, é um país com grande quantidade, mas nesta região tem pouca expressão, embora pensemos que venha a ter no futuro.

Existem outras medidas, nomeadamente as medidas agro-ambientais que são todas elas positivas para a agricultura, pensando mais no ambiente e numa vida de boa qualidade. Existe a sementeira directa, que é um sistema completamente diferente do tradicional, onde se deixa de fazer mobilização no terreno, ou seja, a sementeira é feita directamente no terreno. Tem vantagens económicas, ambientais e técnicas… Há pouco tempo é que se fala neste sector da sementeira directa, e tenho o prazer de, na zona do Ribatejo, sermos os únicos a trabalhar desta maneira e com êxitos em termos de produção, com capacidades produtivas superiores às capacidades feitas pelos processos tradicionais e com uma redução de custos inquestionável. Como desvantagens existe o facto de em cima dos terrenos onde são feitas as sementeiras têm de se ter alguns cuidados, não fazer em cima de terrenos onde tenham passado o gado, principalmente se passaram no Inverno e deixaram marcas. É possível fazer, mas tem de se ter cuidados prévios. (Refere características de produção integrada e não integrada – consta na apresentação).

Falando ainda na agricultura biológica, que é importantíssimo no futuro, daqui a uns anos andamos todos a consumir produtos com base na produção biológica. Dentro de mais ou menos anos, poderá não ser extensível à população em geral, mas na Alemanha continua a crescer grandemente, portanto penso que nas sociedades com maior poder de compra, a agricultura biológica vai crescer bastante e vai ser uma boa

55

oportunidade de negócio, principalmente para esta região porque 2,5ha divididos tem poucas hipóteses, e através disto talvez seja uma maneira de ir buscar…não devemos deixar fugir este sector, pois é um sector de futuro. Muita gente pensa que a agricultura biológica não requer cuidados, mas não é bem assim. A agricultura bem feita é feita como uma agriculta normal, apenas é feita com produtos que não são agressivos nem para as pessoas, nem para os animais, nem para as plantas e envolve todo o tipo de operações que uma agricultura normal, depois tem é que se valorizar o produto com um marketing bem feito.

A horticultura tem de ser mais desenvolvida, é uma área que deverá obter maior procura e exploração. O hemisfério sul consegue colocar produtos no mercado com preços muito mais baixos. Temos que dar o salto, temos que produzir produtos que sejam rentáveis para nós e não podemos estar pendurados nos subsídios. Também concordo com o que se dizia atrás e penso que a política dos subsídios pode ser enganadora, acho que a ajuda ao investimento deve acontecer, por exemplo os juros serem a 0%, isso concordo. Não concordo com fundos perdidos, isso não é bom para nós. Não estimulam o empresário e o agricultor deixa andar porque tem um subsídio, ou seja, concordo com o subsídio apenas na transição até ter um bom investimento, porque também se faz um investimento demora-se dois anos a aprovar um investimento, aí é complicado. Deve trabalhar-se é na parte do investimento.

O sector florestal é um sector que pode ser importante aqui nesta região, pois temos muitas áreas de mata que hoje estão praticamente abandonadas e a florestação pode ser um vector de saída com alguma rentabilidade. Tem que se ter atenção do que se está a fazer, em que sítio é que se faz e como se faz e de arranjar uma barreira de protecção às árvores de rápido crescimento desde que não colida com questões agrícolas. Também existem as espécies de crescimento lento. Portanto, pensamos que o sector florestal é um sector com futuro. Para dinamizar isso, foi criada uma associação no âmbito da agricultura e florestação e se tudo correr bem vamos fazer projectos, e agora com esta tragédia que se viu este ano, há muita coisa para fazer nesta área e a associação tem muito que fazer. A associação renasceu relativamente há pouco tempo e há uma garantia de futuro.

Para o agroturismo existe um potencial muito grande no nosso concelho, há uma receptividade para este tipo de projecto. O nosso país tem pouca capacidade de produzir riqueza e as fontes de rendimento tem sofrido algumas oscilações e o turismo pode ser um factor para juntar aos outros dois para a criar e é importante os agricultores associarem as suas produções… até mesmo o artesanato. Dentro dos produtos regionais, temos de os desenvolver e trabalhar, juntamente com o artesanato.

Relativamente à Barragem, a localização do paredão é na Quinta da Bataca, na freguesia das Cardosas, concelho de Arruda dos Vinhos e a área a beneficiar são 800ha, mas a área regável são 600ha, a capacidade da albufeira são 3,87hm3 … (várias características do projecto). Este projecto está aprovado, vai ser uma realidade, é uma guerra que temos desde o final dos anos 80, em que autarquia colaborou sempre no desenvolvimento deste projecto, embora ultimamente com um forcing muito especial e com uma dinâmica junto da Direcção Regional e o Sr. Presidente tem colaborado incessantemente neste processo e o Director Regional também. Pensamos que vai ser uma realidade, portanto é um projecto com grande viabilidade para o concelho de Arruda dos Vinhos e para os concelhos limítrofes também.

Só mesmo para acabar vou mostrar a zona de implantação da Barragem (foi mostrado o mapa de implantação).

56

DEBATE

Professor Doutor Manuel Lage (enquanto moderador): Lamento que a Agricultura tenha ficado neste mini sub-painel, uma vez que estamos numa região agrícola e lamento também não ver aqui a matriz dos agricultores de Arruda que não está aqui. Penso que todos os agricultores têm que se apoiar nas organizações e associações da agricultura, como seja a Agrocamprest, a Adega Cooperativa de Arruda dos e a própria Caixa Agrícola. Sozinhos ninguém vai a lado nenhum e como se viu aqui, há um entusiasmo grande e aqui é que os agricultores têm de se apoiar, senão são completamente levados, porque inicialmente houve um grande entusiasmo com a União Europeia, começou-se a dar benefícios e depois no fim houve produção em demasia e depois teve de se começar a reduzir, teve de se dizer às pessoas para não produzir e as pessoas ficaram desorientadas, mas estamos no bom caminho. Desculpem esta introdução, não vou tomar mais tempo, passo a palavra à assistência.

Dr. Casimiro Ramos: Uma questão à Leader Oeste: Pode caracterizar o projecto das Linhas de Torres, em que ponto está o projecto, porque há cerca de dois anos foi feita uma explanação de como seria o projecto, mas ainda não notamos o andamento do processo. Relativamente à segunda apresentação, dois pequenos esclarecimentos, percebi o Eng. ter dito que a altura do paredão será de 75m, não, ah, 35m, peço desculpa. A outra questão refere-se ao mapa apresentado em que fiquei com a sensação que a zona de regadio e cultura não abrange terrenos do concelho de Arruda dos Vinhos. Tinha ideia de que haveria mecanismos que permitiriam também que a zona de cultura abrangesse o nosso concelho, senão ficamos com ideia de que vamos vender é a água porque a barragem vai ser para a agricultura dos outros concelhos e não para o nosso. Obrigado.

Eng. Jorge de Carvalho: Os meus parabéns à mesa, em primeiro lugar. Poderia pôr várias questões, mas vou ser objectivo. Há 40 anos pusemos um pomar de pêra rocha porque havia uns técnicos que diziam que o nosso país era o único onde se produzia pêra rocha. Eu já vi na África do Sul pêra rocha melhor do que a que produzimos. Toda a zona de Lourinhã e Torres Vedras é uma zona privilegiada para produzir pêra rocha. Contudo a nossa exportação de pêra rocha foi um desastre, esta que seria uma das grandes apostas. A cultura funciona se as Câmaras de Comércio, como ouvi nas orações anteriores, funcionarem nesse sentido. Gostava que comentassem. A questão dos subsídios, parece que são contra os subsídios. Meus amigos, nós com a adesão à União Europeia desgraçámos a agricultura porque temos muito boas estradas mas vendemos a agricultura. O que pretendem é que Portugal seja um país de turismo onde os outros vendem os seus produtos. Relativamente à agricultura biológica, Portugal é o único país onde existem terrenos abandonados. Em Viena de Áustria sai- se do aeroporto e ao lado há uma agricultura de trigo ou cevada, reparem. A situação da agricultura neste país é desastrosa. Continuamos a ter uma série de pessoas ligadas à agricultura e importamos tudo. É tudo feito nesse sentido. Acredito nos produtos de produção biológica, mas não vamos beneficiar muito deles. Quantos são os hectares regados no concelho de Arruda que penso serem poucos, contudo a montante da barragem é possível fazer captações de água. Queria que comentasse esse aspecto. Obrigado.

Dr. David Gambôa: Em relação à pêra rocha não sou das pessoas mais indicada para responder, mas penso que se deve apoiar a certificação, apoiar a preservação da marca. A diferença de uma pêra rocha aqui ou noutro sítio do mundo só pode ser endógena, só nossa. Mas em termos técnicos penso que o Eng. Luís Alenquer pode responder melhor. Relativamente às Rotas e como se aperceberam a minha apresentação bateu recordes de celeridade e uma das potencialidades do concelho onde cabem as ideias dos produtos, eu destaquei as Rotas de visitação precisamente

57

para puxar o novo turismo do litoral. Um dos exemplos foi a das Linhas de Torres e não sou a pessoa mais indicada, sei que existem autarquias envolvidas, que o IPPAR está a coordenar este projecto, mas o ponto de situação não sei, nem estamos, Leader Oeste, envolvidos. Cada Rota tem um promotor que a chefia.

Eng. Luís Alenquer: Relativamente à rega no concelho de Arruda, julgo que a Barragem é um projecto muito importante, mesmo que sejam os outros concelhos a beneficiar mais directamente, o nosso concelho também terá vantagens na comercialização. Existem vários aproveitamentos que podem ser daí tirados. Relativamente à pêra rocha, neste momento é diferente, se se vê nos outros países é bom sinal, é sinal que tem saída. Agora a questão é a da certificação, como foi referido, temos de tentar certificá-la. Há mercados a querer e nós não temos produção. Eu não defendo essa aposta, eu defendo sim a vinha, porque somos uma terra de vinha e temos é de produzir com qualidade. Quanto à questão dos subsídios, dou o exemplo: Nova Zelândia e Austrália não têm subsídios e são os melhores países a nível agrícola do mundo, conseguem pôr produtos no mundo inteiro mais barato do que todos os outros. Nós cá não nos juntamos para produzir e lá isso acontece. E não sou contra os subsídios, atenção, acho é que as verbas deviam ser feitas em investimento para haver um enquadramento na perspectiva do futuro.

Sub-painel INDÚSTRIA

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E A ADOPÇÃO DAS DIRECTIVAS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA3 - ENG. CARLOS MONTEIRO (ACIS)

RECICLAGEM DE SUCATAS – UMA INDÚSTRIA DE FUTURO PARA O CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS - VEREADOR LÉLIO LOURENÇO (CMAV)

[…] As sucessivas transmissões do regime comunitário para o regime jurídico português tem tido dificuldades acrescidas por parte dos industriais desde sempre. Conscientes disto e de que os problemas não se resolvem só com boa vontade e nos últimos anos não houve Secretário de Estado que não tomasse conhecimento deste projecto, até o Presidente da República já fez o favor de nos visitar e também nos deu algum alento para encararmos o problema de frente. O problema afigura-se de forma difícil e nem por isso nos pode fazer baixar os braços e temos consciência que é preciso resolvê-lo. E também temos conseguido uma coisa que é a consciencialização das pessoas que lidam com este problema, os industriais, que são os primeiros a ter consciência de que têm de alterar hábitos e comportamentos, sob pena de ficarem sem o exercício da actividade. Hoje os produtores de resíduos só fazem a entrega do resíduo a quem pode estar habilitado para o tratar, portanto o problema começa a ficar resolvido na base. Deixa de ser tanto a pressão ambiental e as diligências que a Administração Central possa fazer, quer o Município, começa também a haver um problema no momento da aquisição deste tipo de resíduos, pois no primeiro momento são resíduos, mas mais tarde são matéria-prima.

Portanto, começamos pelo 268/98 que de facto é o Decreto-lei que regulamenta esta situação e veio permitir a inscrição ou o registo no município dos parques existentes.

3 Esta intervenção não foi gravada, pelo que não existem registos que permitam a sua transcrição.

58

O actual Governo também não pode ficar indiferente a esta questão e o actual Secretário de Estado também consciente da importância deste sector para o concelho, (naturalmente que as leis são gerais e abstractas) mas houve aqui a preocupação de enquadrar uma resolução que desse resposta aos problemas do município de Arruda dos Vinhos, através do Despacho de Novembro do ano passado (2002) que criou condições objectivas para que estes senhores industriais tenham o registo no município ao abrigo do 268/98, portanto remetemos para a primeira inscrição no ano de 1998, fosse dada faculdade de mediante um conjunto de obras mínimas a implementar nos seus depósitos e, portanto mediante esse conjunto de obras nos seus depósitos fosse emitido um licenciamento até ao momento de construção dum parque de iniciativa municipal, que é disso que vamos falar a seguir.

Portanto, pretendia-se objectivamente criar ordenamento nesta actividade e os requisitos, chamados requisitos minímos desses parques de Novembro do ano passado eram facilmente executados por parte dos industriais que manifestassem interesse e passava fundamentalmente por criar uma orla em cortinado, ou em chapa que permitisse de algum modo o isolamento a partir do exterior e criar uma área impermeabilizada que receba todas as águas fluviais como bacia de retenção com um decantador onde haveria um tratamento das águas, evitando a existência das linhas de água; obrigava à construção de algumas estruturas de apoio também no âmbito da higiene e segurança no trabalho para apoio aos trabalhadores desse depósito e obrigava também à instalação de equipamentos de apoio à actividade, nomeadamente extintores, equipamentos de segurança, planos de emergência, enfim um conjunto mínimo de requisitos que permitirá haver o parque de iniciativa municipal de que falaremos a seguir com a colaboração dos industriais. Posso dizer-vos que do registo inicial de 1998 tínhamos 44 ou 45 empresas registadas, grande parte delas dentro do prazo que a lei previa que era durante um ano para pedir vistoria aos novos parques e fizemos…

O que é um facto é que durante o percurso do último parque se passarem pelas freguesias de Arranhó e de Santiago notam a diferença. Claro que estamos longe de soluções ideais, mas o que é facto é que estamos no caminho de um percurso muito significativo sobretudo no último ano desde Novembro de 2002 até este mês de Novembro de 2003. Esta é uma realidade que é visível e com condições efectivas para o exercício da actividade, porque é esse um dos maiores objectivos.

Também é verdade que isto não chega, já vos disse que neste momento é a condição necessária mas não suficiente. Objectivamente o problema passa pela construção do grande parque. Para isso, a Câmara constituiu uma empresa com os industriais, no início foram cerca de 21 dos industriais do município e foi constituída uma sociedade, foi feita uma escritura em 97, e neste momento foi aprovado na semana passada pela Administração Central, um processo do ponto de vista burocrático que demorou muito, uma área de intervenção de 40ha, estamos a falar de 400 000 metros. Houve aqui a preocupação de enquadrar a localização do parque numa zona industrial bem definida em PDM como zona industrial, houve necessidade de a alargar sensivelmente para o dobro, partimos de 20ha iniciais e neste momento estamos a falar de 40ha, daí a necessidade de elaborar um plano de pormenor para a zona, houve a necessidade de articular também com a rede viária existente. Existem perspectivas, também, de melhorar, reparem, estamos a falar da EN 115 (direcção Arranhó - Sobral de Monte Agraço) e no outro extremo do parque temos a EN 115-4 (ligação entre Arranhó e Arruda dos Vinhos). Houve um conjunto de iniciativas e entidades que estiveram envolvidas no âmbito do estudo de pormenor, embora demorasse tempo mais do que desejável, foi aprovado, como disse, há cerca de 15 dias pela Administração Central e ainda terá de ser aprovado em reunião de Câmara, tem 60 dias de inquérito público, depois vai à Assembleia Municipal, tem que ir ao Conselho de Ministros, ainda temos

59

aqui eventualmente 3 ou 4 meses pela frente, mas neste momento é uma realidade, e vemos a luz ao fundo do túnel, que permite começarmos a ordenar a actividade de forma rigorosa.

Portanto, o parque objectivamente está organizado em áreas de acordo com o inquérito que fizemos aos principais interessados, portanto existe um conjunto de lotes de menor dimensão que se destinam a albergar as empresas também de menor dimensão e com menos quantidade de resíduos, e temos aqui um conjunto de parque com áreas bastante mais significativas. Portanto, o futuro passa por aqui e o futuro chama-se ZIR (Zona Industrial de Reciclagem). Além daqueles talhões que vimos ali, há um conjunto que tem a ver com uma série de instalações que são comuns aos utilizadores, há um conjunto de lotes no início onde vão ficar as áreas comuns, estamos a falar de um centro de recolha, triagem e reciclagem de resíduos industriais, estamos a falar de um centro de tratamento e reciclagem de resíduos metálicos, aparelhos eléctricos, linhas brancas, embalagens, a sucata electrónica, portanto estamos a falar de um parque com outra dimensão que permite tratar outros produtos que não têm sido tratados até aqui. Recordo que já se tratam aqui muitos resíduos provenientes de demolição, é uma área económica também em que alguns destes industriais estão a trabalhar. Passo a publicidade, alguns dos estádios de Lisboa (do Benfica e do Sporting) passaram por aqui em termos de tratamento final do betão. Teremos também um sector logístico ao transporte e gestão de resíduos, contentores e equipamentos, temos um centro para veículos em fim de vida que também é uma área exigente, neste momento há uma directiva comunitária que o impõe claramente.

Prevemos, no primeiro momento criar 450 postos de trabalho directos e 50 indirectos, partindo dos valores referência que tínhamos em 1998, estes valores hoje deverão ser maiores. Eu diria, e para finalizar, que o futuro passa por aqui e aquele cenário que se coloca ao município para evoluirmos em termos de qualidade ambiental, em termos de desenvolvimento sustentável, esta é uma aposta séria e, como diz o provérbio, estamos naquele momento em que “há muito vento lá fora e só temos dois caminhos, ou abrigamo-nos ou vamos rapidamente construir moinhos”, este é o moinho, este passa pelo futuro, é por aqui que o município de Arruda dos Vinhos tem de apostar, é uma aposta estratégica, é uma aposta clara numa potencialidade que o concelho tem, esta indústria vem desde o anos 40 nas freguesias de Arranhó e Santiago e muito do desenvolvimento do nosso concelho passa por aqui. Muito obrigado.

DEBATE

Dr. Casimiro Ramos: Cumprimentos à mesa. Gostava de colocar uma questão ao Eng. Lélio Lourenço, não sem antes o felicitar pela coragem da intervenção que fez, e da forma como fez. É até interessante neste momento e nestas ocasiões olhar por janelas diferentes o problema, se é verdade que a indústria do tratamento de resíduos ferrosos é uma das actividades com maior peso e importância para o concelho, não deixa de ser verdade que é 70% do problema do país, pois se efectivamente tratamos 70% da sucata que existe no país, é também 70% do problema ambiental do país. E isso tem duas valências de importância, não só a importância económica que tem para o concelho, mas a importância que tem ao nível ambiental e qualidade de vida das pessoas. Referi a coragem porque eu gostava e tinha todo o interesse, enquanto autarca, que estivesse presente um representante da ZIR, do conselho de administração ou dos órgãos que conhecemos no projecto que, de facto, temos acompanhado ao longo destes anos com bastante empenho e com sentido e motivação para que este projecto tenha todas as condições para se avançar o mais rapidamente possível. E referi a coragem porque visto da minha janela, o problema

60

actual não é melhor do que há anos atrás, é pior, se passarmos pela freguesia de Santiago e de Arranhó a situação é pior.

A questão da certificação de licenciamento da actividade permite aos industriais recolher resíduos em determinadas fábricas, na verdade também os 44 não é maioria, são 6, 8 os últimos dois aprovados em reunião de Câmara, portanto, também não é o papel na mão que permite que o problema seja resolvido. Inclusivamente, para ter esse papel, é um investimento que os industriais que pediram esse licenciamento fizerem que é quase tanto como aquilo que vão ter de investir na sua quota-parte na sociedade, e isto começa-nos a fazer pensar se em vez de fazermos acelerar o processo, se ele cada vez fica mais ao ‘relantin’. Portanto, a pergunta que gostaria que o Eng. pudesse responder, tanto quanto possível, de acordo com o ponto de vista de cada um perante a sua encosta, em que enquanto pudermos achar que é muito interessante que tratamos os resíduos dos estádios de futebol no nosso concelho, eu vejo do outro ponto de vista que é o de circularem os camiões a degradarem as nossas vias de circulação, em que quando vamos da Louriceira para a Arranhó temos lá um aterro de entulho a ser tratado por umas máquinas, depende da perspectiva como vemos o problema. Isso é agressivo à nossa qualidade de vida e ao nosso ambiente. A pergunta é esta: há cerca de 3 meses atrás, o actual Secretário de Estado do Ambiente, porque esta questão do Decreto-Lei de 268/98 já permitia o licenciamento desde 1998, este Decreto-Lei teve o trabalho e a colaboração do advogado que, inclusivamente, é do nosso concelho e de facto foi desaproveitado durante estes 4 anos a possibilidade de licenciamento dos parques industriais e há 3 meses, dizia, o Secretário de Estado do Ambiente deixou como proposta sua, com a visita que fez ao concelho uma determinação em inserir para este Orçamento de Estado o apoio financeiro, através dos programas comunitários ou não comunitários, a este investimento. Gostaria de saber em que ponto de situação é que estamos nesse aspecto, porque, sem isso, falamos de 2 milhões, quase 3 milhões de contos que os industriais desde sempre têm referido ter dificuldade de fazer o investimento. Era só e obrigado.

Eng. Jorge de Carvalho: Muito boa tarde a todos. Vou falar enquanto Professor do Instituto Superior Técnico, de Presidente do Centro de Processos Químicos da Universidade Técnica de Lisboa e como líder de um grupo que faz transferência de tecnologia para a indústria, o que é raro hoje em dia em Portugal. Nós no Técnico temos a liderança de vários projectos.

Eu não tenho acompanhado muito o parque de sucatas, apesar de serem uns ex- alunos meus que fizeram os estudos de impacte ambiental aqui para a Arranhó. A questão que eu penso… quando vim aqui, ouvi falar em inovação, que é a minha área, sou um profissional de inovação, sou empresário agrícola porque gosto imenso da agricultura por questões tradicionais, mas depois cheguei aqui e não vi nada de inovação nestas exposições. O que eu queria deixar aqui, faço uma pergunta e, já agora, pelas funções que tenho acho que inovar é desenvolver cientificamente e depois transferir para a indústria. A questão que eu ponho aqui ao meu amigo Lélio Lourenço é o seguinte: essa unidade já tem alguns protocolos de colaboração com universidades, ou não, sob o ponto de vista do desenvolvimento tecnológico? No que diz respeito às sucatas, eu ainda há pouco tempo na ExpoAmbiente ouvi falar e muitas vezes fala-se em reciclagem, puramente não há reciclagem nenhuma, o que existem são, como o Lélio referiu muito bem, triagem, ou seja separação dos seus componentes. Portanto reciclar é outra coisa, e hoje em dia já estão em Portugal licenciadas empresas que reciclam. Há uma indústria localizada em Sines para reciclagem de pneus, as baterias já há industrias também na zona de Sines que fazem o tratamento e a reciclagem e separação de todos os metais, porque aquilo que custa dinheiro na indústria é separar e produzir metais puros. Ao nível de material

61

electrónico penso que também já há unidades que em Portugal vão tratar toda a linha e era uma coisa muito interessante aqui para a Arruda, resumindo, o meu comentário ou sugestão é o seguinte: eu visitei a ExpoAmbiente, onde estavam representados alguns dos industriais de sucata de Arranhó, não me identifiquei e fiz várias perguntas de natureza tecnológica e concluo que é necessário um grande know-how ainda tecnológico, já há uma unidade interessante que o Lélio me levou a visitar há 3 ou 4 anos e essa está no bom caminho, mas penso que seria interessante trazer para a Arruda ou para esse parque de sucatas, unidades com conteúdos de inovação que pudessem tratar determinadas sucatas com grandes valores acrescentados, que contêm metais raros, metais nobres, etc., etc. É só o comentário, obrigado.

Eng. Lélio Lourenço: De facto tenho pena que não esteja cá alguém da administração que poderia dar respostas de forma mais cabal. Sobre as questões de engenharia financeira do processo, eu comecei por dizer que não me queria pronunciar sobre isso até porque a administração foi convidada para estar presente e, enfim, por razões de indisponibilidade não estão, e teriam alguns elementos de que eu não disponho. Mas claramente sobre a questão do ordenamento, estamos a falar de patamares distintos, naturalmente cada um coloca-se na óptica que lhe convém mais observar. É legítima a posição que o senhor Vereador Casimiro assume, agora há um facto que é inquestionável, a situação da actividade de sucata no concelho de Arruda dos Vinhos hoje não é a mesma que era há um ano atrás. Isso é um facto inquestionável, é um dado objectivo e claro e só quem passar pelas estradas nacionais quer em Arranhó, quer em Santiago é que percebe claramente o que estamos aqui a dizer e eu desafio que qualquer um dos senhores faça o trajecto nas Estradas Nacionais ou Municipais e percebe claramente a diferença. Agora é óbvio que o município entende que seja importante este conjunto de obras que estão neste momento a ser feitas, independentemente dos custos, mas os custos são o preço de quem se quer manter na actividade. E, meus senhores, a Câmara faz o possível mas é bom que cada um dos industriais que no exercício da sua actividade de empresário, tem uma actividade económica, que gera lucros naturalmente também tem que gerar riscos e quem se quer manter no mercado tem de estar disponível para fazer investimentos. Quando diz que os custos são parecidos com os custos do projecto, estamos longe disso, estamos muito longe disso. Este terreno devidamente infraestruturado, temos alguns números que apontam para valores brutais por metro quadrado, estamos a falar de uma zona altamente infraestruturada, portanto estamos a falar de valores completamente distintos. Sobre a questão que o Sr. Eng. Jorge Carvalho coloca, e muito bem, os protocolos com universidades… julgo que isso está acautelado no processo, estão desenvolvidas algumas parcerias, penso com a Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, há uma série de envolvimentos dessa entidade e de laboratórios de investigação no processo. Quanto à questão dos pneus, baterias e das pilhas tudo isso já é tratado e é tratado em condições ambientalmente aceitáveis, passa por recolher, fazer a triagem e encaminhar para os centros, a maior deles localizados aqui na vizinha Espanha. O que nos interessa a nós é recolher e armazenar em condições ambientalmente satisfatórias, até aqui era pura e simplesmente despejado no chão, estamos a falar de baterias com cargas de ácido tremendas, o mesmo é válido para as linhas brancas, enfim e para os pneus. Os pneus que até aqui serviam para fazer algumas limpezas, neste momento, como sabe, são armazenados e já são enviados para aquela unidade que referiu em Sines. O caminho é outro, claramente.

62

Sub-painel TURISMO

ROTAS DO OESTE - ROTA DA VINHA E DO VINHO, ROTA DOS MOINHOS E ROTA DAS LINHAS DE TORRES E PROGRAMAS DE INCENTIVO AO INVESTIMENTO E POTENCIALIDADES DE FORMAÇÃO NO SECTOR - DR. ANTÓNIO CARNEIRO, DR. MÁRIO HENRIQUE CARVALHO E DR. DANIEL PINTO (RTO)

O Dr. António Carneiro começou por falar no quadro da Região de Turismo do Oeste e referir que o turismo contribui para o desenvolvimento de uma região, e que o turista é aquele que permanece fora do seu ambiente pelo menos 24 horas. Manifestou alguma preocupação quanto à necessidade de existência de trabalho conjunto com os organismos da administração local, para a “construção” de locais de acolhimento para aqueles turistas.

Quanto às Rotas, referiu que estas não têm capacidade per si para atrair o turista, em termos de captação de fluxos turísticos. Relativamente à Rota do Vinho, foi referido que surgiu no âmbito de um processo de candidaturas comunitárias, para pequenas obras destinadas a instalações para receber turistas. “Apadrinhada” pela CCDRLVT, a Rota do Vinho está a ser construída no sentido técnico da palavra, estando o Ministério da Economia a rever a questão da sinalética que é um trabalho fundamental, sobretudo na promoção do turismo interno, uma vez que o turista externo não procura exactamente este tipo de “programas”. Na opinião do orador, o que deve ser encarado como “operações turísticas” é o aparecimento de unidades hoteleiras de três a quatro estrelas, assim como o aparecimento de um hotel de cinto estrelas na Região Oeste. Foi ainda referido que a Rota do Vinho pode ter um futuro interessante, mas cabe aos seus promotores a sua divulgação.

Continuou a intervenção enumerando alguns exemplos para captação de turistas: recuperação de algumas praias, que terão caído nos anos 60 com o “aparecimento” do Algarve; Campo de Golf de Óbidos, que é o melhor do país; apresentação de empreendimentos do Oeste, referindo que Arruda dos Vinhos não conseguirá com uma “varinha de condão” atrair turistas. Para isso é necessário haver capacidade de resposta. Salientou que, com a abertura da A10, Arruda ficou estrategicamente bem localizada, devendo este factor ser aproveitado, assim como a construção da Barragem do Rio Grande da Pipa, devendo ser potenciada a construção de unidades hoteleiras e campos de golf.

Chamou ainda a atenção para a necessidade de se estar atento relativamente à revisão do PDM, de forma a permitir a construção deste tipo de empreendimentos. Deu como exemplo o Município de Torres Vedras, que terá sido o único no Oeste que contemplou, em PDM, aquele tipo de construções.

Seguiu-se a intervenção do Dr. Mário Henrique Carvalho, centrada na formação, que começou por fazer menção à I Jornada de Desenvolvimento, cujas conclusões muito contribuíram para o desenvolvimento em várias áreas.

Antes de entrar no tema da formação fez algumas referências à Rota do Vinho, reafirmando que apesar de se tratar de um produto novo, só por si não tem condições para atrair mas poderá ser mais uma ajuda. Informou ainda que no ano de 2004 haverá mais impulsos em termos de consolidação do produto e salientou uma vez mais a importância da colocação da sinalética. Referiu também que a Associação da Rota do Vinho está a ultimar o site, o que será uma ajuda, e que a Câmara Municipal de Alenquer está a consolidar obra, para que a “entrada” da Rota se verifique no

63

nosso Concelho. Alertou ainda que os produtores devem encarar a Rota como uma mais-valia.

Quanto à formação, informou que a RTO tem apostado na qualificação dos activos e que o crescimento do turismo implica que haja qualidade. Um dos factores negativos é a falta de qualificação da massa humana, reforçando a ideia que a formação cria condições de qualidade. Para isso é necessário apostar em estabelecimentos de ensino na região Oeste, na área da formação turística, estando prevista a abertura de um núcleo escolar no Oeste. Informou ainda da aposta continuada na formação de activos em parceria com a EHT do Estoril. A RTO dispõe também de uma bolsa de formação para o formador, a fim de obter capacidade de resposta, e divulga os cursos através de jornais, seminários, etc., visando estratégias para consolidar e fomentar a formação.

No âmbito das perspectivas da qualificação de pessoas e empresas, foi apresentado, em PowerPoint, o calendário dos cursos previstos naquela área, para 2004.

O Dr. Daniel Pinto abordou os programas de incentivo ao investimento, começando por referir que, no que diz respeito ao investidor, não existem praticamente nenhuns programas. Explicou que o que existe, no âmbito do financiamento, são programas como o PROREST II que prevê: • Obras na área da restauração; • Formas de candidatura a financiamentos (restaurantes com mais de 4 anos); • Protocolos com entidades bancárias.

Para ilustrar alguns exemplos, foram apresentados alguns quadros relativos ao programa supra citado.

A IMPORTÂNCIA DO ARTESANATO ENQUANTO VECTOR DE PROMOÇÃO TURÍSTICA E CULTURAL – DRA. ANA TODO-BOM (AAO)

Devido ao facto destes assuntos ou temas serem muito polémicos em que existem opiniões diversas, e o que aqui me proponho a apresentar são as minhas opiniões com base na minha experiência sobre estas temáticas. Parece-me que é de todo pertinente começarmos por definir o que é isto do Artesanato. Na minha visão, o Artesanato remete para a ideia de transformação de materiais através de trabalho manual de pequena produção e que implica um ar de Artesanato contemporâneo e tradicional. Sobre este assunto, no meu ponto de vista, o Artesanato tradicional tem de facto a sua importância como forma de mostrar a história, com tudo o Artesanato contemporâneo acaba por ser mais atractivo para o público em geral, e a ligação entre ambos tradicional e contemporâneo, é que pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do turismo, daí para defender o Artesanato contemporâneo deve ser também ele mais valorizado, pois ajuda a recuperar o tradicional. O facto de muitas vezes só de associarem a ideia o Artesanato ao tradicional, faz com que se pense que o Artesanato em geral é muito dispendioso e pouco negociável, contudo o Artesanato contemporâneo pelas suas características consegue elaborar produtos acessíveis, mas muitas vezes desconhecidos para o público em geral. O que quero dizer é que o Artesanato tradicional existe a utilização de matérias como o Linho no caso dos bordados etc. etc. São como todos sabem bastante dispendiosos, não havendo forma de tornar estes produtos mais acessíveis. Já no caso do Artesanato contemporâneo como por exemplo no caso da cerâmica que é o que eu estou mais à vontade, para falar, existe hoje uma facilidade de matérias-primas, em vários estudos de laboratório que nós sabemos qual será o resultado final que permite a concretização do produto

64

final sem grandes prejuízos para o Artesão e assim possibilita-nos preços de venda um pouco mais acessíveis.

Ora, se todas as pessoas tiverem em conta esta necessidade de articulação entre os dois tipos de Artesanato, isto para que ambos se tornem rentáveis e permita o desenvolvimento dos mesmos, haverá um grande equilíbrio na valorização do Artesanato em geral e não acontecerão situações que o Artesanato mais acessível seja desvalorizado pelo público. Na relação entre o Artesanato e o Turismo é importante de referir que pelo facto dos Artesãos produzirem objectos segundo as tradições da região e utilizando quase sempre as matérias-primas locais é uma forma do turista absorver sentir as suas tradições, e o próprio turismo incentiva assim o desenvolvimento do Artesanato, mesmo a nível da recuperação de certas tradições. Assim a minha experiência pessoal, sinto que, tem havido uma evolução na produção Arsenal, que traz consigo consequências de uma evolução da região ao nível da sua visibilidade, quer para o turista quer para os próprios residentes da zona. Promovendo assim, a valorização neste caso da zona Oeste.

Outro assunto que me foi solicitado que falasse é a questão das Artes decorativas, no meu entender, acho que as Artes decorativas dizem respeito às actividades em que os indivíduos apenas fazem a parte ou o acabamento, ou seja não elaboram a peça em si, mas a sua arte final independentemente do material em que nós referimos, isto leva a que muitas pessoas adirem a este tipo de arte, pois é fácil de acesso e fácil de elaboração. Este assunto tem se tornado muito poético, porque não há uma elaboração da matéria inicial sobre a qual se fez esta Arte decorativa, surge por vezes a repetição de certos modelos e acontece muitas vezes em mostras de Artesanato. Por exemplo: existirem várias peças no caso dos Santos ou outras peças que se repetem, simplesmente o acabamento, é que é diferente, e isto, traz por consequência uma desvalorização do Artista, por outro lado, e como já disse anteriormente, esta facilidade de acesso para as Artes decorativas têm levado a que seja utilizado a Arte decorativa com fins bastantes positivos, como por exemplo: a recuperação de toxicodependentes, ou ocupação de idosos, integração de empregados de longa duração. Esta questão das Artes decorativas leva-me a reflectir também sobre a questão da formação, e esta é muitas vezes inexistente, e quando acontece, acontece de uma forma que não permite alargar os seus horizontes para que no caso queiram, possam começar eles as próprias peças, o que não por consequência valorizaria os artistas, e diminuiria o risco de repetição de as peças, como eu falei anteriormente. Estas formações não requerem grande investimento por parte das identidades promotoras, por isso estes cursos poderiam ser um bocadinho mais bem planeados. Neste sentido, seria preferível haver uma especialização na formação em determinadas matérias ou artes, mas o que acontece actualmente, é que, as pessoas que passam por estes cursos acabam por ter uma ideia generalista mas pouca especialização, e sobre esta questão sou também da opinião, que havia de haver um apoio mais continuado ao artista após o curso em si, ou seja na integração no mercado, no planeamento de exposições etc. com tudo é a minha opinião, importante reafirmar a importância de continuarmos em investir em vários níveis no Artesanato, quer tradicional quer contemporâneo, pois já referi que é através da articulação entre ambos que podemos que podemos de facto melhorar a sua promoção, por outro lado desenvolvendo o artesanato contribuímos fortemente para o desenvolvimento da Região. Pois motivamos o Turista a conhecer mais sobre aquele local e a descobrir a história, e o cidadão local a procurar as suas raízes e a valorizar mais a sua zona.

65

DEBATE

Sr. André Rijo: Iniciaria agora o pedido de debate com todos os presentes, gostaria que colaborassem também. O Dr. António Carneiro no início da sua declaração desvalorizou o Turismo que não fosse de permanência. Eu penso que é muito importante para a nossa região e para a economia na nossa região. O Turismo também é sinceríssimo, aquilo que eu chamo Turismo também, portanto é importante fidelizar as pessoas que residem na nossa Região e a que a visitam também. Penso que não podemos de forma alguma esquecer as que a visitam, e para isso temos que criar condições, e mudar a mentalidade e os hábitos. As pessoas estão habituadas a ir passear ao fim de semana a Lisboa, porque não criarmos também essa rota de ir passear ao Oeste? Penso que é um ponto que chamava a atenção, e é muito importante, aliás uma discussão também muito importante na região de Vila Franca de Xira, e é isso que estamos também de alguma forma a tentar perceber e avançar por aí. Outra coisa também que eu estranhei, foi não ver mencionado na vossa relação do Turismo do Oeste o Hotel que há na Consolação de 4 estrelas, vão lá sempre muitos estrangeiros, e não está qualificado na vossa listagem. Qualquer forma queria chamar a atenção para este pormenor de turismo. Nós mostramos os projectos novos que estão em curso e não estão a ser implementados, digamos dois tipos de novos projectos: os novos que estão em construção física, ou os novos que estão em fase projecto administrativo, portanto digamos assim, as nossas brochuras, nós temos uma brochura de Golfe que nos paga a 100 por cento, onde estão os quatro campos, e que a partir de Maio terá o quinto, portanto onde estão os outros? Não é? Portanto em termos reais no trabalho o Sr. Não estava atento, peço desculpa, na praia da Rei apareceu o Hotel, agora o Hotel tinha um enquadramento louco, eu não posso obstruir o que lá está, não é? Nós mostramos ali novos projectos, sim mas o que não mostramos, não apareceu ali o campo de golfe da praia do Rei, apareceu ali o Hotel, portanto nós estamos a falar de projectos de investimento, não estamos a falar da oferta turística de cada região, portanto estamos a falar, por outro lado deixe-me dizer que estive o cuidado e não desvalorizei o turismo de passagem, estive o cuidado de dizer que para nós, e isso desculpem, são os livros, são os livros dos investigadores, para nós o turista é capaz 24 horas, e eu não desvalorizei, eu disse que era importante e até dei um exemplo: Será muito importante para todos se o Benfica lá for jogar e levar 5000 pessoas, mas não é a nossa matéria de trabalho. Nós somos uma Associação de Municípios, na prática e aliás só para ter uma ideia, ainda há dias recebi um Padre de uma freguesia da nossa região, que queria receber um subsídio para restaurar o Órgão da Igreja, também é importante que os turistas vejam Órgãos, mas não é a nossa função, ou seja dito de outra maneira, só tudo o que é movimento económico nos Restaurantes, nos Bares etc.

É importante obviamente, agora não é a nossa matéria de trabalho, a nossa matéria- prima no abstracto sabemos onde é que está: conseguir trazer turistas para a região, porque compreenderá que em nenhum País do mundo, o órgão regional de turismo trabalha assim, as pessoas que residam na região. Hoje é o Festival das Vindimas em Torres, é um espectáculo que é dado aos Torrienses pela Câmara, e pelos serviços da Câmara para os residentes, portanto uma região com um órgão regional de turismo. Nós, o turismo do Estoril e os outros todos do Mundo têm uma função, e essa função é uma parceria constituída, digamos pelo Governo. Portanto nós temos divisões de trabalho muito concretas com a política turística nacional, onde cabe aos órgãos regionais de turismo, de ver que recebem do orçamento do Estado a função de promoção. 50% do dinheiro que nós recebemos do orçamento do Estado, são apenas 110mil contos ano, 55 mil contos têm que ser gastos em promoção, não em Festas é em promoção. O que se pode dizer assim é evidente que souber, numa tentativa de animar também, foi o que eu disse no princípio, porque todos nós somos consumidores de lazer, no tempo dos nossos avós não havia lazer, era ir à Missa, as

66

pessoas trabalhavam de sol a sol e não havia lazer. Hoje é sair às cinco, e queremos nos entreter em algo, até à hora do jantar, não é? Temos esse hábito, vamos ao Bar sair com os amigos, vamos a um espectáculo, portanto ocupamos os nossos tempos livres, mas claro não é essa a nossa função, a nossa função não é o lazer. Não é a minha visão, é a visão institucional.

Em relação aos horários. Ainda bem que colocou essa questão! Hoje em dia não é evidente que o comércio, nomeadamente o comércio tradicional, o comércio local também instalado é importante para o turismo, não é? Nós uma vez tivemos em Óbidos, as pessoas de Óbidos queixam-se que vendem menos do que, vendiam, apesar de haver mais gente. Eu ainda há dias dizia isso lá num café a uns comerciantes: vocês ainda não perceberam que o turista hoje compra isso no aeroporto no freeshop ou no Colombo ou no Vasco da Gama, no dia de ir embora? É o que nós fazemos quando vamos ao estrangeiro, não andamos carregados com os sacos das compras. Isso era antigamente que nós íamos a Espanha para comprar caramelos, hoje em dia há tudo em Portugal. Queremos comprar caramelos, vende-se no Corte Inglês. Os hábitos de consumo mudaram muito e o turista quer ver o mais possível, quer ocupar o seu tempo o mais possível, e depois deixa um determinado momento, geralmente o último dia, ou o da véspera de se ir embora, e vai ao Centro Comercial onde há de tudo, e leva as prendas para a família. E o dinheiro que sobra ainda gasta no Aeroporto ou paga com cartão de crédito. Portanto, nomeadamente quando dizem, e muito bem, não é só o problema de horários que temos de alterar no comerciante, é também daquilo que vende.

Se for a Óbidos, compra aquilo que compra em , ou noutro lado qualquer, um tapete de Arraiolos ou os bonecos da China. É o que se vende em Óbidos, mas o turista quando chega a Óbidos em regra encontra muita coisa que vê noutros sítios. A câmara neste momento faz um esforço muito grande, para uma tentativa de criar até coisas novas. A tentativa do artesanato contemporâneo, que haja em Óbidos, porque é de um artista de lá, e o turista sabe que pode comprar ali, e que não vai encontrar noutro lado do Mundo. Portanto é também isto que é necessário transmitir ao comerciante. Essa necessidade de alterar, mas deixe dizer também, Sr. Agente Associativo, nós temos.

A região de turismo tem colaborado activamente com programas da associação comercial de Caldas. Por exemplo: faz concurso de Gastronomia todos os anos, entrega prémios. Portanto nós colaboramos, mas não nos pagam nem mais um tostão, portanto nós temos um desenvolvimento intencional com eles, somos parceiros do mesmo trabalho. Agora eles sabem que nós somos tão tesos quanto eles, mas não estamos de costas viradas, pelo contrário, somos parceiros dessa acção. Por exemplo: fazem agora o jantar dos 100 anos, aquilo oferecem um prémio, vem o Secretário-geral dá-se uma lembrança, temos muito neste programa intencional, como temos na Associação dos Artesãos. A Ana não disse, mas ela sabe, até se servem da nossa sede para se reunir, têm chave reúnam lá, ou são os nossos parceiros privilegiados na organização de certames, estiveram agora em Santarém na feira de gastronomia, na FIA (Feira Internacional de Artesanato) é um espaço, custou 25 mil euros este ano 5 mil contos, o espaço pago metade por nós, metade pelas nossas Câmaras. Definitivamente aos Artesãos todos da região comercial que organizam, numa dinâmica giríssima, não é? Há aqui este papel, portanto, agora não nos podemos substituir água para Rias, e repito: não é fácil explicar isto, é que há uma fileira de trabalho. Até determinada altura são as Câmaras, dai para a frente somos nós não é a Câmara que limpa as praias, aliás se a praia estiver poluída, mais vale nem promover a praia, não é? Queria fazer uma pergunta à Associação do Oeste: como é que Arruda participa com esta associação ou não participa?

67

A Dr.ª Ana Todo-Bom respondeu que a Câmara tem conhecimento da nossa existência mas é o artesão que pode-nos telefonar e fazer-se sócio da nossa associação, é assim, se calhar é um bocado cansativo eu estar aqui a explicar, mas é extremamente fácil, à uma quota anual, que têm que pagar. Há uma jóia e depois participar nas actividades, mas nós comunicamos isso tudo. Normalmente as associações de artesanato não procedem as pessoas que consideram que fazem artes decorativas, não é o caso da nossa associação, nós temos como objectivo qualquer pessoa que faça um trabalho manual nós aceitamos, a inscrição, o que normalmente tentamos fazer é que podemos encaminhar a pessoa ou ajudá-la a ter conhecimento de certas e determinadas áreas, e quando eu falo na Comunicação que fiz na parte de encaminhamento nas feiras, às vezes arte decorativa perde-se um bocadinho, porque sabem cortar um bocadinho de madeira, um bocadinho de gesso, bocadinho de Cerâmica, mas não sabem como funciona o resto, e depois são prejudicados e quando estamos numa exposição em que somos quase 50 a expor, normalmente as artes decorativas são prejudicadas e nós temos casos de sócios que entraram ultimamente nas artes decorativas em que evoluíram, não estão satisfeitos, porque também tentamos orientar a pessoa ou para um curso, para tentar perceber como é que os materiais funcionam e ser-lhes mais acessível, ou então tentar ajudar a pessoa a nível de mercado final, mas nós a nível da região aceitamos qualquer tipo de trabalho, vamos, tentamos e depois ajudar a pessoa, deixa o contacto e depois falamos, a opinião que eu tenho, somos um pouco criticados a nível das outras associações por aceitarmos as artes decorativas, hoje em dia pelas câmaras, com o que é artes decorativas, o que é o artesanato, mas uma pessoa que trabalha nas artes decorativas pode ser um artesão, tem que depois saber o que é que o trabalho implica para nós. O que é o Artesão? O novo enquadramento jurídico sobre o artesanato, já devem ter conhecimento, é a carta do artesão, e é o repertório precisamente sobre as actividades, isso é a carta do artesão mesmo não pertencendo a nenhuma associação, tem que estar, nós temos muitos associados mas temos 15 a 20% inscritos nas Finanças pronto, o que vamos ter que ultrapassar, o que interessa, nós região de turismo que está na FIA, nós dialogamos directamente com a associação e com os nossos fornecedores, associativismo Ibérico, que é sócio da associação, quem quer, não podemos fechar, mas é obvio que temos que estabelecer uma parceria preferencial, mas é com os nossos munícipes que nós construímos a representação da via. O problema é que, há certas actividades que nós fazemos, que a pessoa não pensa de ser sócia, nós normalmente quando organizamos as muralhas de arte em Óbidos e a festa de artesanato nas Caldas e convidamos sempre artistas sem estarem escritos na associação, porque há pessoas que preferem não estarem inscritos, também não têm problema desde que eu tenha acesso aos vossos contactos.

Sempre que nós organizamos qualquer evento convidamos pessoas que não estejam inscritas mas se claro que se estiverem inscritos podem ou não ir ás feiras e exposições que nós organizamos, não é obrigatório ir a todas, mas as que quiserem podemos ir, e podemos organizar cursos, nós temos projectos para muita coisa, vamos lá ver o que conseguimos fazer.

68

PAINEL QUALIDADE DE VIDA

Sub-painel SAUDE

SAÚDE NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS – UMA VISÃO GLOBAL: PARCERIA CENTRO DE SAÚDE, SANTA CASA DA MISERICÓRDIA E BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS – DRA. LÍDIA LUÍS (CCS)

A unidade E abrange os Concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, e Vila Franca de Xira, numa área geográfica total de 935,6 Km2, com um total de população residente de 193 276 habitantes (censos 2001) e 189 220 utentes inscritos em Centro de Saúde. O Concelho de Arruda dos Vinhos, constituído por quatro freguesias, com uma área geográfica de 76 Km2, uma população de 10 360 habitantes (censos 2001) e 9 193 utentes inscritos no Centro de Saúde de Arruda dos Vinhos.

Freguesias: Arruda dos Vinhos: 5840 habitantes Arranhó: 2501 habitantes Santiago dos Velhos: 1261 habitantes Cardosas: 758 habitantes

No âmbito da Parceria existente foram identificados os principais problemas, designadamente: idosos dependentes, carência de recursos económicos, instalações não adequadas à situação do utente/doente, isolamento, disfunção familiar/depressão, deficiente reabilitação, patologias múltiplas, complicações frequentes, polimedicação e imobilidade. É neste contexto que a Unidade de Cuidados Continuados encontra a sua razão de existir, abrangendo a Unidade E (quatro concelhos e seis Centros de Saúde – Arruda dos Vinhos, Alenquer, Azambuja, Póvoa de Santa Iria, Alhandra e Vila Franca de Xira).

Os utentes são propostos para admissão pelo coordenador da equipa de cuidados continuados do Centro de Saúde respeitando critérios estabelecidos para o internamento. A permanência do utente na unidade de cuidados continuados é de carácter temporário e de transição. Esta permanência não implica custos acrescidos directos para o doente. Todos os meios auxiliares de diagnóstico - deslocações a consultas hospitalares e outras - são emitidas pelo Centro de Saúde a que o doente pertence (à semelhança do que aconteceria se estivesse no domicílio).

A unidade de cuidados continuados de Arruda dos Vinhos garante: enfermagem 24 horas, fisioterapia a tempo inteiro, médico em tempo parcial, psicólogo, técnico de serviço social e voluntários. Ao efectuarmos uma análise no âmbito da distribuição dos utentes internados segundo a proveniência, verificamos que num total de 86 doentes, 14% (12) são do Hospital Reynaldo dos Santos, 8% (7) são do Hospital de Santa Maria, 5% (4) são do Hospital Pulido Valente, 1% (1) são do Hospital SAC/Desterro, 28% (24) são do Centro de Saúde de Arruda dos Vinhos, 16% (14) são do Centro de Saúde de Alenquer, 12% (10) são do Centro de saúde de Azambuja, 9% (8) são do Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria, 3% (3) são do Centro de Saúde de Alhandra, 1% (1) são do Centro de Saúde de Vila Franca de Xira, 1% (1) são do Centro de Saúde de Sacavém e 1% (1) são do Centro de Saúde de . Destes doentes 49% são do sexo masculino, com uma idade média de 71,7 anos e 51% são do sexo feminino, com uma idade média de 70,4 anos.

Se tivermos por base a distribuição dos diagnósticos dos doentes admitidos (total 86 doentes), verificamos que 67% (58) são por acidente vascular cerebral, 17% (15) são

69

por fractura e 15% (13) são por descanso familiar. O destino de 67 doentes com alta foi: 82% (55) para o domicílio, 9% (6) para o Hospital Reynaldo dos Santos, 3% (2) para o lar, 3% (2) por óbito, 1% (1) para o Hospital de Santa Maria e 1% (1) para o Centro de MF Reabilitação de Alcoitão. Relativamente ao grau de satisfação dos utentes, 13% considera muito boa e 80% boa.

NOVAS INFRA-ESTRUTURAS NO CONCELHO: ESTADO DA SAÚDE - DRA. MADALENA MOURÃO E DRA. GRACIELA SIMÕES (ARSLVT)

A Sub-Região de Lisboa é a maior sub-região de Portugal, com uma população residente de 2 136 013 habitantes (Censos 2001). Esta sub-região está organizada em 6 unidades de saúde, em função da área geográfica. Estas unidades são constituídas por diversos centros de saúde que articulam com o respectivo hospital de referência, assim:

Unidade A – Centros de Saúde de Alvalade, Benfica, Loures, , , – Hospitais de Santa Maria e Pulido Valente.

Unidade B – Centros de Saúde da Graça, Lapa, Luz Soriano, S. Mamede, Alameda, C. Jesus, Marvila, P. de França, S. João, Olivais, Sacavém e Sete Rios – Hospitais S. José, Capuchos /Desterro e Curry Cabral.

Unidade C – Centros de Saúde de Ajuda, Alcântara, Carnaxide, , Oeiras, Parede e Santo Condestável – Hospitais S. Francisco Xavier, Egas Moniz e Cascais.

Unidade D – Centros de Saúde de Algueirão, Amadora, Cacém, P. Pinheiro, Queluz, Reboleira, Rio de Mouro, Sintra e Venda-nova – Hospital Fernando da Fonseca.

Unidade E – Centros de Saúde de Alenquer, Alhandra, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Póvoa de Santa Iria e V. Franca de Xira – Hospital Reynaldo dos Santos.

Unidade F – Centros de Saúde Cadaval, Lourinhã, Mafra, S. Monte Agraço e Torres Vedras – Hospital Torres Vedras.

A Unidade E abrange os Concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Vila Franca de Xira, com uma área geográfica de 935,6 Km2, com uma população residente de 193 275 habitantes (censos 2001) e uma densidade populacional de 165.9 hab/Km2. Os Centros de Saúde estabelecem parcerias com diversas instituições que existem nas zonas respectivas (Municípios, Juntas de Freguesia, Instituto de Solidariedade e Segurança Social, Bombeiros Voluntários, Misericórdias e Escolas), constituindo uma rede de apoio técnico.

O Centro de Saúde de Arruda dos Vinhos cobre uma área de 76 Km2, através de três espaços físicos essenciais, a designar: Sede do Centro de Saúde, Extensão de Arranhó e Atendimento Complementar. Ao nível dos Recursos Humanos este Centro de Saúde tem 37 funcionários, sendo de salientar: 5 Médicos + 1 CTC, 1 Psicólogo, 1 Médica de Saúde Pública, 1 Técnica de Saúde Ambiental, 7 Administrativos, 1 Motorista, entre outros profissionais. Desenvolve um conjunto de Programas/Projectos locais: Prevenção e controlo da Diabetes, Prevenção e diagnóstico precoce em oncologia, Rastreio do cancro do colo do útero e da mama, Cuidados Continuados de Saúde, Luta contra a SIDA, Luta contra a Tuberculose, Saúde Escolar/Saúde Oral, Prevenção do Alcoolismo e do Tabagismo, Educação para a Saúde e Consulta de menopausa.

70

A taxa de cobertura é de 50% a 60%, o que significa que mais de metade da população é vista no Centro de Saúde. A produtividade tem aumentado. Existe um número significativo de idosos que são vistos no domicílio. Por outro lado, a consulta de adultos baixou ao nível do Centro de Saúde, mas aumentou no Apoio Complementar.

No âmbito da Saúde Pública, a médica responsável por esta área trabalha com diversas forças vivas, estando implicada: na qualidade das águas de consumo, recolha e problemas que podem advir dos resíduos hospitalares, águas residuais, saúde escolar, cartas de condução, segurança e higiene no trabalho, atestados de incapacidade, vistorias, etc.

Existem dois grandes objectivos para o futuro, por um lado garantir a acessibilidade e por outro obter ganhos em saúde.

Finalmente, a importância da construção de um novo Centro de Saúde conforme protocolo estabelecido entre o Município e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo conforme verba já inscrita no PIDDAC 2004.

Sub-painel AMBIENTE

A EMPRESA ÁGUAS DO OESTE: PROJECTO - DR. JOSÉ HENRIQUE SALGADO ZENHA (ÁGUAS DO OESTE)

Eu gostaria que este projecto pudesse ser pensado numa lógica de desenvolvimento sustentável do Oeste, de correcção de erros que foram cometidos na fase de industrialização intensiva do Oeste, de preparação do Oeste para o fenómeno de desenvolvimento sustentável: que é muito complexo, como já tivemos oportunidade de nos aperceber na sessão de abertura, na medida em que vai corresponder a uma pressão significativa das novas acessibilidades e de urbanismo, portanto, é preciso que o modelo de desenvolvimento do Oeste seja capaz de resistir a pressões sucessivas, seja capaz de racionalizá-las. O nosso papel é procurar propor as infraestruturas dos serviços públicos do ambiente.

E, portanto vou-vos mostrar primeiro o que é a Águas do Oeste e o que nós podemos fazer. Aquilo que nós fizemos inicialmente foi a despoluição gradual, os principais problemas são obviamente o lançamento de grandes quantidades de esgotos nestes meios receptores, que são meios de grande qualidade e que têm uma elevada densidade de explorações agro-pecuárias, e como verificam todos estes domicílios ao longo dos últimos 50 anos começaram a drenar, sistematicamente, os esgotos para essas bacias com alguma qualidade, até que a consciência ambiental nos alertou todos para a necessidade de participação.

No caso da Lagoa de Óbidos, estamos a falar de valores que estão aqui referenciados, estamos a falar de 110 000 habitantes. Eu não vou falar dos pormenores técnicos dessa intervenção. Mas como verificam há obras significativas que estão na fase final de lançamento, como é o caso dos receptores com 70 km de extensão em que estão as extensões elevatórias ao longo do traçado para este sistema do sector territorial. O receptor da Glória, a obra já está em curso, e em fase adiantada está o parque das Águas do Oeste que tem 5,5 km de extensão e uma estação elevatória. Há uma obra em conclusão, na fase final digamos assim, na Lagoa

71

de Óbidos, que é do receptor da Santa Glória e o receptor da Foz do Arelho que, aliás, foi lançado pela Associação de Municípios do Oeste e que transitou para a Águas do Oeste, que também já está concluído e apto a funcionar.

Neste momento está em fase final a estação de tratamento de Charneca que vai servir todos os Municípios, portanto digamos que fica na cabeceira destes últimos interceptores que referi, e que vai servir os Municípios de Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã, que está na fase final e que deve ficar concluída até ao final do ano que vem. E em concreto, uma outra ETAR que está mesmo em cima da Lagoa de Óbidos, está também em fase adiantada de obra, com previsão para terminar ainda este ano em curso e os equipamentos serão colocados em Janeiro de 2004. Numa outra ETAR das Gaeiras está uma obra em curso e, portanto, em fase de conclusão nos próximos meses. Fizemos já a recuperação da actual ETAR de S. Martinho do Porto e, neste momento, já temos em obra o interceptor de Alfazeirão com 20 km está em fase final de abjudicação a nova ETAR de S. Martinho do Porto. Há também uma solução para as propriedades de suinicultura que afectam muito a região e que nós somos parceiros de várias entidades para dar o nosso aval ecológico. Mas com a condição que isso não prejudique as tarifas dos colectores domésticos, há que ter uma economia separada nessa matéria em que os municípios do Oeste vão contribuir economicamente para este fim.

E agora vamos falar mais daquilo que vos diz respeito, eu passei muito depressa nestes primeiros passos, só para vos dar ideia daquilo que a Águas do Oeste está a fazer na primeira fase e que tem apenas a ver com o saneamento daqueles municípios que eu referi e então vamos falar do que é a segunda fase da intervenção.

Naturalmente, nós temos de fazer uma segunda fase do tratamento das águas residuais de todos os restantes municípios do Oeste e também o abastecimento de água aos 14 municípios do Oeste que manifestem interesse nisso e que neste momento são praticamente todos. Os municípios abrangidos, estamos a falar do conjunto dos catorze, prevemos ainda continuar a fornecer água, através do sistema de Alenquer/Torres Vedras, ao Norte do município de Mafra que não faz parte da Associação de Municípios do Oeste e em matéria de tratamento de águas residuais os objectivos que nos propomos a atingir é o tratamento de 84 000m3 por dia de águas residuais a tratar o que vai implicar a aquisição de sistemas já feitos e construção de novos sistemas, qualquer coisa como cerca de 600 km de conduta ou um pouco menos, se conseguirmos racionalizar alguns destes investimentos, temos procurado fazer algum esforço no sentido da contenção de investimento e procurar que não haja em caso algum, investimento desnecessário e portanto fazer uma racionalização.

Apesar que isto vai implicar qualquer coisa como cerca de 180 estações elevatórias e mais de 100 estações de tratamento de águas residuais, o que representa um esforço regional extremamente significativo e de grande dimensão. No que respeita ao abastecimento de águas também no total do oeste, no mapa que aqui tenho é no total do Oeste, os objectivos que nós procuramos atingir são 120 000m3 de abastecimento de água, o que vai implicar a construção para o Norte da região Oeste de condutas com mais de 200 km que vão servir todos os municípios do norte da região, desde Alcobaça, Nazaré até ao centro, digamos assim, Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Óbidos e Peniche e vamos também fazer novos reservatórios de percurso.

No respeita aos municípios do sul, designadamente Alenquer, Torres Vedras, Mafra, Arruda dos Vinhos e Sobral o que está aqui em causa é a reconstituição de sistemas que foram construídos pela EPAL, e muito bem, e que neste momento transitaram para a Águas do Oeste. Estes sistemas vão ser reabilitados às zonas importantes dos adutores que estão em situação de pior qualidade de manutenção; vamos ter

72

intervenções significativas de reabilitação no caso concreto de Arruda e Sobral, cuja caracterização é do vosso conhecimento.

Em termos de abastecimento de águas, o sistema é actualmente da responsabilidade da EPAL, e foi construído em 1990 servindo os concelhos de Sobral e Arruda, a origem da água tem sido na actual rede com um comprimento de 27 km e 3 estações elevatórias ao longo do traçado. Neste momento tem tido algumas rupturas pontuais e nós vamos fazer intervenções para substituição de tubagens e para garantir que não haja perdas de recurso. Por outro lado, eu gostava de dizer isto com alguma coerência, o que acontece em relação a Arruda dos Vinhos é que Arruda tem sido por razões de grande necessidade absoluta de água no princípio dos anos 90, um dos municípios do país sujeito a uma maior pressão económica no preço de venda da água aos seus munícipes porque está fortemente dependente de preços elevados da compra da água à EPAL.

O projecto regional é um projecto que implica uma perspectiva global de ajustamento tributário. No caso de Arruda dos Vinhos foi possível partir para uma redução de tarifas estamos a falar de valores de 2003, em 2003 Arruda está a pagar 1,84€ por metro cúbico. Em 2004 vai ter um ajustamento da inflação mas esta é, julgo eu uma notícia importante para Arruda que representa a reposição legal da venda de água aos munícipes.

Em termos de saneamento, nós tencionamos arrancar com a exploração da ETAR de Arruda dos Vinhos, logo que esteja assinado o contrato de concessão. A Águas do Oeste cobre a região do Oeste mas neste momento só tem confiada a primeira fase da concessão que tem a ver com o saneamento dos concelhos da primeira fase, é fundamental que se faça toda a articulação respeitante à segunda fase, com a assinatura do contrato de concessão com o Ministério do Ambiente e as Águas do Oeste e sejam assinados os contratos que vinculam a Águas do Oeste e os vários municípios e, também no que respeita ao abastecimento de água, seja assinado o contrato em que os bens da EPAL sejam transferidos para a Águas do Oeste. Tem sido extremamente difícil de articular todas as partes, as partes que são os municípios, a EPAL, mas encontramos neste momento superadas algumas dificuldades que surgiram ao longo deste ano, a garantia que temos é que todos os municípios ou quase todos têm interesse nesse contrato, há um ou dois que estão reticentes.

A nossa expectativa é que em Janeiro de 2004, nós já possamos estar a fazer a exploração do sistema de saneamento de Arruda dos Vinhos, parece que há uma urgência local que queremos assumir. Para além disso temos a intenção de construir duas estações elevatórias de tratamento em Á-dos-Arcos e Casal da Monteira e ainda, proceder a outras obras que nos parecem fundamentais para salvaguardar a parte ambiental do município, nomeadamente a construção de um emissário com ligação à futura ETAR de Pontes de Monfalim, o projecto está em fase adiantada e, no que respeita às freguesias de Arranhó e Santiago dos Velhos o projecto ficará a cargo da empresa vizinha.

Gostava de dar os números gerais da intervenção das Águas do Oeste, estamos a falar de todo o Oeste, com população residente de 440 000 habitantes que significa que estamos a falar de um universo de tempo de concessão das Águas do Oeste que será de 30 anos de 6 000 000 habitantes que acrescem os valores respeitantes à indústria cerca de 100 000. O investimento previsível em saneamento no total das Águas do Oeste é de 134 000€, o que é um valor muito significativo, e um investimento em abastecimento de águas de 110 000€, o que significa que a Águas do Oeste deverá ser um dos grandes investidores da região Oeste.

73

Para terminar, queria agradecer a vossa atenção e ao município de Arruda dos Vinhos pela excelente iniciativa que teve, e dizer, enquanto cidadão, que me congratulo com a qualidade notória das intervenções que foram apresentadas nesta sessão plenária.

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – QUE FUTURO?4 - ENG. JOSÉ DAMAS ANTUNES (RESIOESTE)

Sub-painel ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

MEDIDAS DE ÂMBITO REGIONAL COM IMPACTO NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS – ENG. MOURA CAMPOS (CCDRLVT)

Focar a intervenção no contexto de Arruda dos Vinhos da região de Lisboa e Vale do Tejo e particularizando na região do Oeste transição com Lisboa. A transição com Lisboa é o repto, servindo para discussão em termos de estratégia, em termos de desenvolvimento e da sua importância. Mencionar dois documentos, um deles instrumento financeiro que tem reflexos muito fortes no desenvolvimento de toda a região de Lisboa e Vale do Tejo e particularmente em Arruda dos Vinhos, e o outro é um documento que serviu de suporte ao instrumento financeiro e é o plano estratégico da região de Lisboa e Vale do Tejo.

É importante perceber o contexto em que Arruda dos Vinhos está quando se insere num país que é Portugal e no mundo. O plano estratégico foi elaborado em finais de 1998 princípios de 1999, foi um documento essencial para o desenvolvimento posterior do programa operacional da região de Lisboa e Vale do Tejo, para negociar com a comunidade um conjunto de meios financeiros e também um conjunto de projectos e de acções concretas. Não podemos deixar de ter presente a posição geo- estratégica de Portugal no mundo, sendo esta uma verdade que por vezes nos passa despercebida devido ao olhar só à Europa. Mas, de facto, temos que reconhecer a grande centralidade do país, quando inserido num esquema de transporte, sendo um esquema do território mais alargado – O Mundo.

Portanto, Lisboa é uma região de vida atlântica, é a capital com toda a carga que isto implica no país, é onde está a sede do governo, a tecnologia, a universidade, tendo também aquilo que é negativo, que se pretende que seja superado em períodos com alguma razoabilidade de tempo. Sendo os subúrbios, os problemas de coesão social e mesmo alguns problemas de estigma/segregação em termos sociais verificados mais nas zonas suburbanas que propriamente no centro de Lisboa, e que não se pretende que seja alargado para aquilo que já existe, mas que seja contido e reduzido. A região de Lisboa e Vale do Tejo tem um quinto do território, com características significativas, identificando-se perfeitamente três sub-regiões. Podem sempre equacionar-se de que lado estão as zonas fronteiras, mas caracterizando as três regiões: • Vale do Tejo, conhecido pelos campos da Lezíria (o grande celeiro de Portugal – em termos de campo agrícolas e na bio-riqueza estão aqui em Vale do Tejo). Baixa intensidade demográfica, ruralismo típico com algumas características de

4 Esta intervenção foi gravada, mas encontra-se totalmente imperceptível, e não existem outros registos que permitam a sua transcrição.

74

forte desenvolvimento na área do agro-industrial e da indústria transformadora na zona norte do Vale do Tejo; • Oeste com uma costa litoral de excelência, ainda hoje muito bem mantido em termos de estrutura paisagística natural. As encostas, a vinha, região de baixa intensidade; • Lisboa da área metropolitana com todos os problemas já conhecidos mas com um forte potencial. O facto, de ser capital, de entrar a finança, os grandes serviços é uma mais valia que a região no seu conjunto pode e deve absorver como fonte de desenvolvimento sustentável.

Falemos agora de alguns indicadores macroeconómicos da região, em que a realidade se verifica que vinhos são diferentes. Portugal está, praticamente, em termos de média comunitária nos 75%, a região de Lisboa e Vale do Tejo está ao nível da média comunitária nos 100%. A está acima da média comunitária em termos de PIB. E as restantes sub-regiões com PIB’s relativamente mais baixos que a região de Lisboa e Vale do Tejo no seu conjunto e particularmente da grande Lisboa. Portanto, são PIB’s de 75% do PIB comunitário. São regiões com bastante diversidade entre si. Contudo, alguns fenómenos começam-se a notar que desenvolvem e desenvolveram particularmente na última década quando comparando com os grandes centros populacionais de 1991 para o ano de 2000, Lisboa perde população (15%), segunda proa de crescimento urbano muito significativo, que denota algum teor de preocupações a todos nós, até pelas palavras que o Arquitecto nos disse relativamente ao crescimento que não se deve fazer à custa de tudo e de todo o exterior, quando ainda há muito espaço e há zonas com certeza na região de Lisboa que deverão ser consolidadas em termos urbanos.

Mas, na realidade o fenómeno do urbanismo que se denota é o seguinte: - Mancha vermelha muito forte, o que identifica o crescimento populacional acentuado; - A repartição populacional/a distribuição populacional que se identifica na estrutura do emprego da população desta região de Lisboa, a nível do primário e em termos globais, estamos nos níveis que normalmente uma economia desenvolvida na Europa tem, na ordem dos 4%. Portanto, na região de Lisboa e Vale do Tejo, quando analisada este aspecto do emprego é uma região desenvolvida, de facto, em termos da agricultura; - Temos o secundário, também dentro dos parâmetros habituais nestas situações e hoje a industrialização é um factor determinante de desenvolvimento na região de Lisboa; - Hoje, em Portugal os indicadores da distribuição da população activa não estarão muito longe dos de 1999, à excepção da taxa de emprego que aumentou. O PIB per capita, médio Tejo, da península de Setúbal, do Oeste, e da região em termos globais, abaixo da média da região e francamente abaixo quase dez vezes que a grande Lisboa; - No programa ou no plano estratégico que foi fixado (foi um pouco ambicioso, mas também julgo que temos de ser ambiciosos), quando se planeia e se define estratégias, não podemos ser, logo à partida, redutores.

Foram definidos objectivos globais: - Elevar o nível de co-habitação, de emprego e de coesão social; - Promover o desenvolvimento sustentável destas regiões, qualidade de vida urbana e o desenvolvimento rural; - Garantir as regalias sustentadas da protecção social;

A região de Lisboa, e concretamente a CCDR, teve grandes preocupações e transformou essas preocupações em instrumentos financeiros de apoio em três

75

objectivos (até porque alguns destes objectivos passam pouco à margem do poder de decisão que cabe às CCDR e às Câmaras Municipais enquanto gestoras de um programa operacional). Relativamente ao território, há um conjunto de instrumentos financeiros de apoio que privilegiam estas questões do território, esta é uma das grandes preocupações. O desenvolvimento sem qualidade do território não é possível; promover o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida urbana foi transformado, efectivamente, numa situação envolvida específica de intervenção; o desenvolvimento rural garantia a medida sustentada de protecção social. É um paradigma que apareceu neste programa operacional, especificamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, porque obrigou que todos os apoios comunitários sejam em termos de Fundo Social Europeu, isto é a região de Lisboa e Vale do Tejo é a única região, em todo o país, onde Fundo Social está integralmente no programa operacional da região de Lisboa e Vale do Tejo.

Conjunto de pontos fortes que a região aponta como sendo região capital: recursos financeiros, infra-estruturas e a internacionalização, e nesse aspecto não nos podemos esquecer dos portos, dos maiores pontos do país, Lisboa, Setúbal, Peniche, regiões bem servidas em termos de infra-estruturas internacionais e também em termos de infra-estruturas rodoviária e ferroviária. Os recursos humanos e tecnológicos aplicados à nova economia estão na região de Lisboa e Vale do Tejo. Condições naturais são reconhecidas por todos, esta mais valia em termos de património e desenvolvimento: dois estuários, duas serras, a serra de Sintra e de Montejunto, riqueza paisagística que é de preservar. A agricultura é um espaço rural e dos últimos indicadores da região Vale do Tejo e Oeste que são de excelência, isto é, uma consolidação muito forte nestes tempos. Portanto, a agricultura desenvolve-se de forma consolidada, em que os valores dos indicadores não crescem exponencialmente, mas bastante consolidados, que garante um certo futuro e uma rede urbana diversificada. Em contrapartida algumas situações menos favoráveis: os subúrbios de Lisboa são aquilo que todos nós conhecemos, para não dizer mesmo dentro de Lisboa, as áreas criticas em termos sociais, ambientais e urbanísticas são uma realidade; as infra-estruturas de mobilidade, conhecemos as dificuldades de acesso à cidade de Lisboa no quotidiano, as filas de auto-estrada e também na zona de Loures e Odivelas; o sistema de ensino superior concentrado em Lisboa; a organização industrial, empresarial e a logística. Esta questão da logística é uma questão que nos deve preocupar e, particularmente aqui em Arruda dos Vinhos, com a abertura do ano.

Foi identificado um conjunto de pontos fortes de destaque que teve com certeza consequência no futuro e na definição de objectivos concretos, de medidas e de acções que foram consagradas no quadro comunitário para apoio. Medidas para o meio rural em termos de ambiente para o período de 10 anos até 2003: uma economia forte, um território organizado, uma sociedade plena, um sistema moderno, um ambiente com factor estável, uma região internacionalizada e uma região bem ligada ao ambiente externo. Medidas e acções prévias que dão visão a esta perspectiva: consolidação dos Municípios; regularização dos eventos; protecção e valorização das orlas costeiras.

A nível do meio rural temos um conjunto de acções e medidas que propomos executar. A estratégia da acta que aposta claramente na despoluição do Oeste que foi transformada em programas: a qualificação metropolitana; estrutura ambiental e mobilidade do sistema de transporte.

Na zona do Ribatejo / Vale do Tejo concretamente aqui no Oeste criaram-se dois programas de intervenção: - Reforço do sistema urbano (foi levado à prática e está a ser hoje concretizado);

76

- Rede de Inovação de Serviços de internacionalização do Oeste (não teve consequências até à data, espera-se que num período de 10 anos se consiga implementar). É uma situação crítica, verifica-se um esforço por parte da comissão de formação em articular com a Associação dos Municípios nesta matéria, e ainda não foi levada com objectivos concretos, mas as coisas estão a caminhar para ser criado uma nova medida que também interessa ao Oeste. Medida transmitida pelo Senhor Ministro do Ambiente no último congresso do Oeste, com a possibilidade de vir a ser concretizada futuramente.

Esquema / Plano Estratégico de Arruda dos Vinhos: - Pertence à sub-região Oeste mas apresenta forte ligação à cidade de Lisboa; (afirmação que podemos aceitar facilmente, uma vez que a nossa mobilidade no dia-a-dia e a grande parte dos problemas e das questões que temos de resolver obriga-nos naturalmente a deslocar a Lisboa. Grande parte das pessoas que aqui estão tem os postos de trabalho em Lisboa ou nas proximidades ou no Centro de Lisboa. De facto, Arruda encontra-se numa zona charneira de transição, isto é, ainda é um mundo rural caracterizado por aquilo que é hoje o Oeste. Mas tem, de facto, hoje uma grande ligação ao meio urbano, à área metropolitana de Lisboa. - Apresenta um crescimento explosivo com tendência a aumentar, resultado muitas vezes destas regiões. Parece-me que isto é claro, os indicadores em termos urbanísticos apontam para isso; - Com o A10 como será?

Portanto, três projectos que se consideram com forte impacto aqui na região: - A10, canais complementares n.º1, estas duas vias conjugadas, vão com certeza influenciar determinantemente o desenvolvimento de Arruda; - Os sistemas multi-municipais das águas, esgotos e redes urbanas, isto é, pretender que Arruda se desenvolva só em termos económicos, não parece hoje como politicamente centrado. Arruda tem que ter qualidade de vida adequada e suporte ambiental. - O novo aeroporto, julgo que não será na próxima década, mas será uma questão a colocar provavelmente.

A realidade é que Arruda fica praticamente a 7 ou 8 km do maior nó rodoviário do país, a articulação Leste/Oeste, Norte/Sul, margem direita e margem esquerda do Tejo, seja onde estiver o aeroporto está sempre perto (15/20 minutos de distância); os maiores portos estão também a uma distância razoável, de facto, Arruda está naquilo a que se chama plataforma logística, onde está a maior concentração urbana, onde está o maior mercado consumidor de Portugal e um dos maiores da Península Ibérica. Portanto, tem excelentes condições para a localização empresarial das empresas com maior potencial que possam surgir no mercado. Pode pela sua localização em termos urbanísticos ter grande qualificação urbana, é excelente em termos de riqueza patrimonial e paisagística, é de facto, um esquema territorial que está traçado no âmbito de um plano de intervenção. A sua importância, é de facto relevante, quando vimos tudo isto numa perspectiva mais próxima, que é a área metropolitana de Lisboa.

Desafios: Saber aproveitar esta localização na região, transformando progressivamente Arruda dos Vinhos numa vila com elevados níveis de qualidade de vida. Gostaria que Arruda continuasse a ser uma vila, não com condições que algumas cidades que conhecemos por este país, que são cidades só de nome, pois a qualidade de vida dos seus residentes é péssima, hoje esse significado já não é o que tinha no passado, era associado a grande qualidade de vida, preferia então ter Arruda como a vila de Arruda dos Vinhos do que a cidade suburbana da área de Lisboa ou transformar-se em mais

77

um subúrbio da cidade de Lisboa, cabe a todos nós esta situação e particularmente a quem tem responsabilidades políticas e de decisão nesta matéria. A responsabilidade é dupla.

Percepção em termos globais do que é o Quadro Comunitário em termos financeiros de que o país tem à sua disposição, são valores para um período de 6/7 anos, e digo este período propositadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo não há uma homogeneidade, a região é diferenciada, e estas diferenças fazem-se sentir logo no quadro comunitário, enquanto que o Vale do Tejo tem um período de execução financeira de 7 anos, a região da área metropolitana e o oeste têm exactamente só 6 anos, devido ao nível do PIB, esta área tem uma parcela superior, representa mais 1,5, que foi o suficiente para ser executado em 6 anos, enquanto que os outros teriam que executar em 7 anos. Portanto, é penalizado por esse facto, sendo sinónimo também de virtude. Estava mais desenvolvido para a época, digo época propositadamente porque hoje infelizmente há uma regressão do PIB no Oeste. Portanto, os fundos comunitários são 50 milhões de euros, distribuídos por este conjunto de instrumentos que são a base da estrutura do quadro, alguns deles que são o caso das licenças de programação que ainda não estão distribuídas, representa cerca de 7% e a importância que estes têm para o próximo triângulo.

Portanto, em primeira citação, os fundos estruturais são de 41%, cerca de 50% destes meios financeiros, o próprio país, privados ou públicos tem que os arranjar. Por vezes, tem-se a ideia de que o dinheiro vem da comunidade, mas vem de duas unidades, e destas só vem uma, a outra temos de arranjar internamente, através de recursos próprios, a possibilidade de financiar esses dois como nosso. Estes são os programas operacionais que estão a poder ser auto-observados, segue-se depois o Instituto da Economia e as acessibilidades de gestão. É um programa disputado financeiramente, quando comparado com outras intervenções feitas no país. O programa é estruturado por eixos e agrupado em termos globais. Um dos eixos é aquele que tem a ver com o emprego, com a parte mais produtiva da economia. Depois o eixo dois, três e quatro. O eixo quatro onde estão os programas operacionais regionais, e que é significativamente superior a todos os outros. Tem mais 100% que o eixo um, onde está a economia em termos globais. Hoje os piores regionais e as Câmaras Municipais como entidades fundadoras que participam na gestão destes programas são responsáveis por grande parte do quadro comunitário.

Temos na região, que é importante, e que não se percebe aqui, como é que este dinheiro é repartido, na primeira situação diferenciada neste quadro anterior, é que Lisboa e Vale do Tejo no passado teve 38% dos meios financeiros do quadro comunitário com afecto à região de Lisboa e Vale do Tejo. Neste momento tem cerca de 16%, menos de metade dos meios financeiros. E portanto, a importância que tem a selectividade dos projectos é o ponto crucial no desenvolvimento de uma região e particularmente no Concelho. O seleccionar, o identificar e o promover os projectos adequados para o próprio desenvolvimento. As oportunidades vão-se esgotando, grande parte do dinheiro que chega a Portugal é para infra-estruturas como o FEDER e o resto é 2/3 do dinheiro. Portanto, o programa operacional de Lisboa e Vale do Tejo tem cerca de dois milhões de euros de investimento, 1,5% é contrapartida financeira da UE, distribuído por três eixos.

Interessa-nos aqui o eixo número um, onde está o conjunto de medidas objectivas que dão, no terreno, cumprimento ao plano estratégico, as grandes preocupações começam-se a sentir, inclusive neste quadro. É uma medida específica que ficou dotada de meios próprios, geralmente expressivos para estas questões, no passado recente.

78

A grande preocupação dos municípios, ou seja, do investimento público é para as acessibilidades. Hoje, de facto, grande parte do dinheiro ganho em termos relativos já foi aplicada na avaliação ambiental patrimonial.

O caso do eixo dois não afecta a região do oeste, espero que a curto prazo venha a integrar-se uma acção integrada do oeste. E o eixo três com as medidas ligadas aos serviços e à administração central que estão descentralizadas. E aqui começa-se a ver os montantes dos valores e a expressão que tem a importância do quadro comunitário em termos do investimento na região e naturalmente que se reflecte essa riqueza que se cria.

O Oeste não é no conjunto de sub-região com maior produção, em contrapartida é a sub-região em que mais se investe em termos ambientais. Pela quantidade de projectos e também pelos seus valores em termos financeiros.

No eixo dois, observa-se as comparações de dimensões relativas mesmo nas relações de vida urbana e ruralista. Em termos de abastecimento de águas residuais transmitem parte expressiva. E hoje a preocupação do Oeste em termos de qualidade ambiental, num ambiente urbano e também naquilo mais primário, que é o saneamento básico. Por um arranjo financeiro, a questão afecta a cada uma das sub- regiões, são hoje mais de 50% dos gastos dos meios financeiros. As acessibilidades são um passado recente e o saneamento básico foi em 75% o quadro comunitário, depois alterou-se essencialmente a política de saneamento urbano e os investimentos sociais que passam os 50% de investimento.

O gráfico mostra o investimento por habitante, Arruda dos Vinhos destaca-se de uma forma significativa em termos de captação de meios financeiros para o seu concelho. A importância que o quadro comunitário, nomeadamente no programa operacional da região de Lisboa, tem em Arruda dos Vinhos é significativa, e é uma situação particular na designação da região Oeste. Isto é, o peso dos investimentos nas contas que os Municípios têm agrupado por grupos os fundos comunitários, na grande Lisboa os fundos comunitários representam 11%, em contrapartida utilizam-se sobre 29%, no Oeste 30% e no Alentejo 30%. Julgo que será preocupação de um futuro próximo a região de Arruda dos Vinhos não estar no objectivo um e ter soluções que possam compensar isto em termos de investimento. Vai, concerteza, existir uma quebra significativa em infra-estruturas, na renovação de equipamentos, etc.

O conjunto em cada uma das câmaras, em que se vê a importância que tem os recursos comunitários. No caso concreto de Arruda dos Vinhos e do Oeste, aquilo que já foi aprovado nas diferentes regiões foi um conjunto de medidas. Neste quadro comunitário que ainda não acabou, já ultrapassou largamente o outro quadro comunitário. E Arruda dos Vinhos nesse aspecto é um corredor na frente do pelotão.

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E GESTÃO DE INTERESSES LOCAIS – ARQ. JOÃO MANUEL BIENCARD CRUZ (DGOTDU)

O Concelho de Arruda tem uma área de 77,8 Km2, situa-se a cerca de 30 km de Lisboa, a sua população é de 10 350 mil habitantes, tendo-se registado um acréscimo populacional de 10,5% na última década, valor superior ao verificado nos restantes Concelhos do Oeste. Na sua globalidade foi de 7,7% e para o país foi de 5%. A densidade populacional é de 133 habitantes por Km2. O índice de envelhecimento é superior à média do Oeste e à média nacional. A taxa de analfabetismo é também superior à da região e do país.

79

A estrutura de emprego assenta no sector terciário e no secundário. A população com a actividade económica representa cerca de 48% do total dos residentes. O sector terciário é responsável por cerca de 69% dos empregos, valor superior aos valores nacionais em 8,9 pontos percentuais e em 14,7% pontos percentuais em relação à média do Oeste. A dinâmica empresarial do Concelho faz sentido principalmente no sector terciário e em particular no comércio. No sector secundário as empresas distribuem-se quase por igual, entre indústrias transformadoras e a construção.

Constata-se que, entre 1971 e 2001, a população residente passou de 9 374 habitantes para 10 350. Houve, portanto, um aumento de 10,53% de população, e acima da média dos restantes Concelhos do Oeste. As famílias passaram de 3 299 para 3 758, aumento de 3,9%. Os alojamentos passaram de 4 213 para 4 952, variação de 17,54% e os edifícios passaram de 3 435 para 3 845, o que representou uma variação de 11,94%. Acrescenta-se, ainda, que Arruda tem um PDM ratificado em 1997 que se encontra em revisão. Tem um plano de urbanização aprovado em condições registadas em 1992. O Concelho é abrangido pelo plano da bacia hidrográfica do Tejo, que foi aprovado em 2001 e tem as medidas preventivas referentes ao aeroporto aprovadas em 2003.

Instrumentos estes que regulamentam a população do território do Concelho de Arruda. Estas são algumas das realidades existentes, das quais se terá de partir. Cidades ideais são aquelas em que se desfruta dos bens da civilização e das vantagens de aglomerações, sem ter de suportar os custos da concentração, da desarrumação e da negligência. Assim, quando não se cuida da localização das actividades, como estas tem necessidades próprias e geram movimentos entre si, só por acaso, é que o resultado é conveniente. Quando não se mantém um grau de exigência no desempenho de cada função ou serviço. O contágio das disfuncionalidades agrava-se dentro do sector respectivo e deste para os outros, acabando por se criar uma onda de descuido e lassidão que compromete seriamente a qualidade de vida de todos. Há que promover uma consciencialização colectiva acerca da qualidade de vida nos meios urbanos e das muitas formas de a melhorar, escolher aquelas que nos custem pouco ou que só custem em organização da nossa vida colectiva. Por exemplo, não será das melhores soluções, aumentar o espaço disponível por cada habitação e sua dotação em espaços verdes levando a sua localização para grande distância em relação aos núcleos urbanos, de modo, a ter terrenos baratos, com custos elevados em termos de manutenção de redes, nomeadamente transportes, abastecimento de água, energia e até escolas. Abrir novas frentes de urbanização sem esgotar as potencialidades das áreas já servidas por infra-estruturas e equipamentos é sem dúvida um desperdício. Note-se que se gasta mais num lado e não se aproveita o que já existe nos outros. Resumindo, há que procurar assegurar a racionalização dos sistemas instalados, garantindo uma gestão integrada de recursos, antes de promover acções conducentes à expansão urbana.

A visão para o que será o futuro destes Concelhos não pode ser um mero exercício de futurologia, deverá ser um resultado das mais variadas trocas de opiniões e de propostas afim de se prosseguir na longa caminhada para a terra ideal que todos desejamos. Temos ainda que ter consciência que nestas questões, sendo actividades ligadas ao homem e para o homem, não poderão haver certezas absolutas. Pois estamos numa sociedade em mudança continua, em que os problemas de hoje não são os de ontem e não são os certamente de amanhã. Partindo de como vivemos devemos passar ao debate para percebermos como queremos viver, não esquecendo que na cidade à que habitar, trabalhar, divertir e circular. Há que ter acesso equilibrado a todos os equipamentos e serviços, conjugar eficácia e produtividade. E para quem

80

governa, há que ter equilíbrio entre a visão a longo termo e a satisfação das necessidades e desejos imediatos dos munícipes.

DEBATE

Foi colocada uma questão quanto à possibilidade de financiamento dos planos municipais de ordenamento de território através dos programas operacionais, para poder dinamizar esta frente, e o Eng. Moura de Campos esclareceu que numa análise abstracta da situação é possível, todos os programas operacionais regionais têm uma medida que é número três, que está configurada para apoiar estudos. No caso da região de Lisboa e Vale do Tejo, a situação existente de transição com solução substancial, passa de 36% para 15% do pacote financeiro que a comunidade dispensou, e não existem meios financeiros para apoiar estes projectos, isto é, foi uma medida que teve uma redução de quase dez vezes do quadro comunitário teve no passado, portanto, a opção foi menos estudos e mais obra. Não quer dizer que não se possa aprovar ou apoiar, mas será difícil encontrar soluções financeiras.

Sub-painel URBANISMO

PDM’s 2ª GERAÇÃO – EXPANSÃO URBANA NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS - ARQ. MARIA ANTONIETA MATOS (FBO)

O processo de planeamento desenvolvido em Portugal, na última década, marcou, para a grande maioria dos municípios, um virar de página em termos de prática de actuação. Para além de introduzir uma nova disciplina de uso e ocupação do território, o processo de elaboração dos Planos Directores Municipais deu, de um modo geral, à administração pública, e à comunidade técnica e científica, uma oportunidade, para avaliar, e relacionar entre si, de uma forma global, os vários problemas que se colocam à gestão urbana e ao ordenamento do território. A elaboração dos planos, e a sua discussão pública, contribuíram, de facto, para a criação de uma nova consciência em torno dos problemas da gestão dos recursos locais e do papel dos diversos agentes/promotores no processo de desenvolvimento, pesem, embora, todas as deficiências que lhe possam ser apontadas.

O processo de elaboração dos Planos Directores Municipais caracterizou-se por alguma precipitação e visão redutora (muito pela negativa) do desenvolvimento urbanístico e da gestão territorial dos municípios, tendo-se materializado, em grande medida, em planos tradicionais limitados na rigidez de “zonamentos” e na pré- figuração de uma imagem final do território. As realidades intervencionadas têm vindo, por seu lado, a revelar-se cada vez mais complexas – e com elevado grau de incerteza quanto à sua evolução futura -, reduzindo, por isso, a capacidade de planeamento por períodos longos.

Vencida a etapa de elaboração dos PDM’S, agora designados de “1ª geração,” é razoável a interrogação sobre o que se irá passar, a partir de agora, com os PDM’S de “2ª geração”. Uma primeira conclusão importante que se pode retirar, da experiência da última década, passará, sobretudo pela necessidade de “operacionalizar” os planos. É neste contexto de antecedentes e de perspectivas de actuação que se iniciou a Revisão do Plano Director Municipal de Arruda dos Vinhos – encontrando-se, presentemente, concluída a sua 1ª fase de elaboração.

81

A filosofia de abordagem proposta para a revisão do Plano Director Municipal de Arruda dos Vinhos traduz a reflexão que tem vindo a ser produzida em torno de novos conceitos e metodologias – dinamização da Agenda XXI, Política Ambiental da União Europeia, campanha das Cidades Sustentáveis, Cidades Digitais, etc.) – e assenta numa visão sistemática que passa por uma estratégia integrada dos Sub-sistemas Económico, Social e Ambiental que coexistem em permanente interacção no Sistema Territorial (Urbano e Rural). Esta estratégia pressupõe a avaliação, hoje, do que serão as necessidades futuras e da quantidade e da qualidade da composição do património (“capital”) necessários à produção dos níveis de bem-estar que virão a ser requeridos pela população, ou seja, (não apenas, mas também) um cenário de evolução tecnológica.

As novas formas de interacção social e de acesso à informação e à cultura reclamam por metodologias dirigidas para a criação, e gestão, de novas tipologias de espaços públicos e equipamentos e para uma actuação inovadora na gestão urbana e no ordenamento do território e na (re)valorização do património natural e construído. Uma outra questão merece uma reflexão profunda, é a que se relaciona com os grandes desafios que se colocam à administração do território para encontrar soluções que contrariem o desenvolvimento de “periferias urbanas desagregadas” fenómeno que ocorreu (e que continua a ocorrer) na envolvente de grande número de centros urbanos do país – algumas como novas centralidades em formação; outras, apenas como subúrbios onde os espaços públicos de suporte e as funções de comércio e serviços são incipientes.

Mobilidade – Centralidade – Novos Valores e Modelos de Vivência Urbana, são temáticas que necessitam de ser relacionadas e melhor compreendidas, nomeadamente, quando se intervêm num concelho com as características de Arruda dos Vinhos. O concelho localiza-se na envolvente próxima da Área Metropolitana de Lisboa, a cerca de 30 km da Cidade de Lisboa, tendo conhecido, nos últimos tempos, apesar da sua ruralidade – o sector agrícola tem uma grande importância no concelho, relacionado, sobretudo, com a vitivinicultura –, um desenvolvimento sem precedentes, que se reflectiu na organização dos sectores económicos. Está em vias de implementação um Projecto de Parque Industrial de Reciclagem para dar resposta à situação actual da reciclagem de sucatas do concelho. Arruda é por assim dizer, o maior centro do país nesta actividade.

O concelho terá, também, que se preparar para os novos desenvolvimentos que se anunciam – nomeadamente, para os impactes da futura localização do Novo Aeroporto Internacional, no concelho vizinho da Ota, e para as oportunidades e consequências decorrentes do atravessamento do seu território por dois grandes corredores viários de nível regional – o IC11 e o prolongamento da CREL –, que se encontram em vias de concretização.

Apesar da proximidade a Lisboa, o concelho mantém, ainda, uma matriz marcadamente rural. Embora se tenha assistido ao reforço de Arruda dos Vinhos e de Arranhó na rede urbana do concelho, assistiu-se, em paralelo: • A uma procura acentuada de 2ª residência; ƒ A uma procura muito significativa para construção em espaço rural, situação que é facilitada pelas características da estrutura fundiária onde predominam propriedades de pequena e média dimensão; ƒ Os principais promotores imobiliários a intervir no mercado são de pequena/média dimensão não se tendo assistido, ainda à pressão urbanística para a construção de grandes empreendimentos residenciais – construção “em massa”, como tem acontecido em muitas áreas da periferia de Lisboa.

82

As principais conclusões dos resultados do período de auscultação pública no início do Processo de Revisão do PDM assentam maioritariamente em pretensões de particulares relacionadas com a possibilidade de alteração do estatuto dos terrenos de rural para urbano. O concelho tem uma parte muito considerável da sua área classificada na Reserva Ecológica Nacional e na Reserva Agrícola Nacional (principalmente nesta última). As delimitações realizadas carecem de rigor dada a deficiente cartografia de base utilizada, e mesmo a eventuais erros técnicos, o que acentua os problemas associados à apreciação das pretensões de construção em espaço rural, que como referido tem um peso muito significativo na dinâmica urbanística do concelho.

O concelho tem uma topografia difícil a que se associa uma estrutura viária a necessitar de uma intervenção “pesada” em termos: ƒ De beneficiação e correcção de traçados da rede municipal; ƒ De criação de novas vias que assegurem uma melhor articulação da rede urbana interna e que afastem o tráfego do centro dos principais aglomerados urbanos e boa articulação; ƒ De criação de soluções viárias que assegurem uma boa articulação com os grandes corredores viários de nível regional – o IC11 e o prolongamento da CREL – sem esquecer a ligação à A8 de forma a reforçar as relações com a Região Oeste (“tem-se estado de costas para o Oeste”).

Será, ainda de realçar neste quadro a perspectiva de desclassificação de algumas vias da Rede Nacional, para a Rede Municipal, o que corresponderá a um esforço financeiro adicional da autarquia quanto a esta matéria. O padrão de povoamento no concelho de Arruda dos Vinhos tem vindo a evoluir para uma concentração crescente da população residente em torno dos lugares de maior dimensão. Segundo os Censos de 2001, cerca de 46% da população residia em lugares com mais de 1.000 habitantes. A evolução demográfica positiva reflectiu-se num aumento da pressão populacional sobre o território e sobre os seus recursos naturais, assistindo-se à sua concentração nas freguesias com uma matriz mais urbana, designadamente Arruda dos Vinhos e Arranhó. Os centros urbanos de Vila Franca de Xira, Alverca e Bucelas polarizam o sul do território do concelho de Arruda dos Vinhos, concorrendo com os lugares de Arruda dos Vinhos e de Arranhó no fornecimento de bens e serviços de nível superior.

Como potenciais Factores de Transformação da dinâmica actual, realçam-se ƒ Concretização do Novo Aeroporto da Ota; ƒ Concretização das novas acessibilidades; ƒ Concretização da ZIR; ƒ Concretização da Barragem do Rio Grande da Pipa;

Como principais impactos decorrentes da concretização daqueles projectos, apontam- se: ƒ Aumento da pressão urbanística quer em termos quantitativos quer qualitativos (novos modelos, novos promotores, de maior dimensão, a operar no mercado – construção massiva de grandes empreendimentos residenciais, novas procuras para; ƒ Aumento da pressão urbanística quer em termos quantitativos quer qualitativos (novos modelos, novos promotores, de maior dimensão, a operar no mercado – construção massiva de grandes empreendimentos residenciais, novas procuras para “condomínios fechados” de 1ª residência no espaço rural – figurino que se tem vindo a manifestar bastante atractivo para as classes médias e médias altas de Lisboa;

83

ƒ Aumento da especulação imobiliária e aumento do preço dos terrenos; ƒ Maior dinamização económica com o muito provável aumento da procura para a localização de terciário (que começara a ser viabilizado pelo aumento da massa demográfica); ƒ Maior dinamização económica com o muito provável aumento da procura para localização de “parques de negócios” – indústria e logística (que começará a ser potenciado pela concretização da ZIR e pela existência de áreas livres com localizações estratégicas próximas dos nós de ligação à rede regional); ƒ Aumento do potencial turístico num leque muito alargado de valências – desde o turismo de negócios, dada a proximidade a Lisboa, passando pelo turismo associado à fruição do mundo rural e da natureza, até ao turismo ligado ao desporto e ao lazer, que a barragem de Rio Grande da Pipa poderá propiciar.

A dimensão destes impactos, na próxima década – horizonte temporal do Plano Director Municipal – depende de muitos factores, desde os directamente ligados à concretização ou não concretização dos empreendimentos referidos até à evolução da economia nacional no quadro mais global da economia europeia e mundial.

Uma realidade se terá como certa: a concretização das novas acessibilidades – que já se encontra em curso – será seguramente, só por si, um poderoso elemento de transformação, com efeitos muito significativos na dinâmica urbanística e económica. Os cenários de evolução demográfica que lhe podem ser associados não são de fácil formulação fazendo recurso apenas às técnicas demográficas. Haverá que cruzar uma grande multiplicidade de aspectos, e eventualmente recorrer à análise de situações semelhantes na A.M.L. (o caso de Torres Vedras, com a concretização da A8 será um bom exemplo...)

As grandes questões urbanísticas do concelho colocam-se ao nível: ƒ Dos aglomerados mais dinâmicos – Arruda dos Vinhos e Arranhó, precisam de ser preparar para dar resposta aos novos desafios que se colocam. ƒ No caso de Arranhó, dando especial ênfase às questões relacionadas com a relocalização das áreas actuais de depósito de sucata e consequente requalificação urbana e ambiental. ƒ No caso de Arruda dos Vinhos, dando especial ênfase à definição do seu modelo urbano enquanto principal centralidade no sistema territorial e à salvaguarda do património histórico-arquitectónico.

Arruda dos Vinhos deverá consolidar-se como centro urbano de 1º nível na organização territorial e funcional do Concelho. O nível de preenchimento do perímetro urbano delimitado no PDM em vigor (com uma área de 248,5 ha) é bastante elevado sendo praticamente residuais as áreas urbanizáveis ainda livres de qualquer ocupação, ou compromisso de urbanização. Arruda dos Vinhos precisa, como referido, de se preparar para dar resposta aos novos desafios que se colocam, havendo para tal que se apetrechar com urgência de um instrumento urbanístico adequado às necessidades de estruturação/articulação urbana e de programação de equipamentos e infraestruturas. A elaboração de um Plano de Urbanização e Salvaguarda do Núcleo Histórico deverá, neste sentido, arrancar desde já (em articulação com os trabalhos de revisão do Plano Director Municipal, e sem esperar pela sua finalização), dando especial ênfase: ƒ À definição do seu modelo urbano, enquanto principal centralidade no sistema territorial do Concelho; ƒ À salvaguarda do património histórico-arquitectónico em presença; ƒ Ao novo quadro legal, entretanto, produzido a partir da publicação da Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e de Urbanismo – Lei n.º

84

48/98, de 11 de Agosto, nomeadamente, a entrada em vigor do Decreto – Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro.

Em Arranhó, a dinâmica de urbanização para a habitação (novas urbanizações) é inexistente não tendo sido apresentada, nos últimos anos, qualquer pretensão de loteamento para a promoção de áreas residenciais. A razão deste fenómeno encontra- se directamente relacionada com a estrutura fundiária. O cadastro da propriedade na área abrangida pelo perímetro urbano é caracterizado pela pequena, e muito pequena dimensão, o que facilita, o licenciamento de construção, parcela a parcela, e, assim, a possibilidade de construção de obras novas para habitação sem recorrer a operações de loteamento (o regulamento do Plano Director Municipal em vigor não contém nenhuma disposição que limite o desenvolvimento deste fenómeno nas áreas de expansão da Vila). Esta situação tem vindo a materializar-se numa ocupação/expansão desordenada das áreas urbanizáveis o que aliado à elevada dimensão das áreas actualmente ocupadas com depósitos de sucata configura um quadro global de desqualificação urbana e ambiental. Os impactes ambientais da actividade da sucata são negativos, e de magnitude significativa, com elevados níveis de contaminação das águas, solos, ar, e ruído – para não falar dos impactes estético- paisagísticos que têm uma presença dominante na imagem urbana.

Arranhó, precisa, assim, tal como Arruda dos Vinhos, de se preparar para dar resposta aos novos desafios que se colocam, havendo para tal que se apetrechar com urgência de um instrumento urbanístico adequado às necessidades de estruturação/articulação urbana e de programação de equipamentos e infraestruturas. A elaboração de um Plano de Urbanização deverá, neste sentido, arrancar desde já (em articulação com os trabalhos de revisão do Plano Director Municipal, e sem esperar pela sua finalização), dando especial ênfase: ƒ Ao novo quadro legal, entretanto, produzido a partir da publicação da Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e de Urbanismo – Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, nomeadamente, a entrada em vigor do Decreto – Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro; ƒ À definição do seu modelo urbano, enquanto principal centralidade no sistema territorial da zona poente do Concelho; ƒ Às questões relacionadas com a relocalização das áreas actuais de depósito de sucata e consequente requalificação urbana e ambiental.

Cerca de 40% dos industriais, e mais de 50% do volume de negócios das indústrias da sucata, a nível nacional, estão localizadas em Arruda dos Vinhos. As unidades de reciclagem de sucata encontram-se disseminadas por todo o concelho sendo, contudo, a freguesia de Arranhó, e muito particularmente a sua sede – o aglomerado urbano de Arranhó – que regista a maior concentração desta actividade. Arranhó é, assim, o grande pólo de reciclagem de sucata necessitando de uma intervenção planeada tendo em vista a resolução dos graves problemas ambientais que esta realidade

A Freguesia de Santiago dos Velhos registou ao longo do último decénio uma procura muito modesta, tendo sido emitidas, apenas, 82 licenças de habitação. A dinâmica de urbanização para a habitação (novas habitações) é inexistente não tendo sido apresentada, nos últimos anos, qualquer pretensão de loteamento para a promoção de áreas residenciais. O nível de preenchimento do perímetro urbano delimitado no PDM em vigor (com uma área de 50.58 ha) não é elevado, permanecendo uma parte significativa de áreas livres por preencher.

A atracção preconizada por Santiago dos Velhos é bastante reduzida, quando comparada com Arruda dos Vinhos e Arranhó. A existência de um Campo

85

Polidesportivo despoleta alguma procura por parte dos lugares de À-dos-Eiros e À-de- Mourão. A oferta de restauração constitui, igualmente, um factor de polarização sobre À-dos-Eiros. Relativamente ao posicionamento na hierarquia urbana (o concelho de Arruda dos Vinhos apresenta 4 níveis hierárquicos), no nível hierárquico mais elevado do sistema urbano (1º nível) situa-se, unicamente, o lugar de Arruda dos Vinhos; Santiago dos Velhos posiciona-se no 3º nível.

A freguesia de Cardosas registou ao longo do último decénio uma procura muito modesta, tendo sido emitidas, apenas, 50 licenças de habitação. A dinâmica de urbanização para a habitação (novas urbanizações) é inexistente, não tendo sido apresentada, nos últimos anos, qualquer pretensão de loteamento para a promoção de áreas residenciais. O nível de preenchimento do perímetro urbano delimitado no PDM em vigor (com uma área de 22,07 ha) não é elevado, permanecendo uma parte significativa de áreas livres por preencher.

A centralidade funcional de Cardosas (avaliada a partir dos resultados de um questionário dirigido à Junta de Freguesia em que se solicitava o número de estabelecimentos existentes, de entre uma listagem de actividades pré-definida, bem como os locais de aquisição de bens e serviços por parte da população, quando estes não estavam disponíveis no lugar de residência) evidencia uma forte carência de serviços de nível superior que lhe permita reforçar o seu posicionamento relativo na estrutura urbana do Concelho. Relativamente ao posicionamento na hierarquia urbana (o concelho de Arruda dos Vinhos apresenta 4 níveis hierárquicos), no nível hierárquico mais elevado do sistema urbano (1º nível) situa-se, unicamente, o lugar de Arruda dos Vinhos; Cardosas posiciona-se no nível mais baixo da hierarquia (4º nível) onde se situam de um modo geral todos os pequenos aglomerados do Concelho.

A construção em espaço rural, nas “quintinhas” será, porventura, uma das questões a equacionar no âmbito do PDM tendo em vista contrariar os efeitos decorrentes da divisão cadastral realizada com base na Portaria n.º 202/70, nomeadamente: • Proliferação de construções em propriedades legalmente constituídas – na maioria dos casos em que se fazem estas divisões cadastrais, os solos têm fraca capacidade natural de uso e as pessoas que os adquirem não procedem às acções de correcção de terrenos imprescindíveis à prática da agricultura uma vez que o objectivo destes terrenos é, quase exclusivamente, a construção de uma 2ª residência; • Degradação das condições de habitação e produção de solo urbanizado. • Consumo de recursos – solo agrícola; • Desfiguração do padrão de organização espacial do território sem prévia avaliação dos impactos no sistema biofísico.

ESTRUTURA ECOLÓGICA DO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS – ARQ. GONÇALO RIBEIRO TELES

Temos assistido a transformações profundas não só na sociedade como também do território que essa sociedade habita e de que vive. Vou levantar alguns problemas que considero importantes no actual momento. Não posso deixar de enquadrar a necessidade de uma estrutura ecológica do PDM a nível planetário, quer a nível de onde se integra Arruda dos Vinhos em relação à região de Lisboa e de todo o resto do país. Porque é um fenómeno urbano que atravessa praticamente todo o planeta, e tem aspectos idênticos em geografias muito diversas, esse fenómeno revela-nos que em

86

1950 17% das pessoas viviam em cidades e em 1975 já haviam 47%, actualmente já se pensa que 80% da população mundial vai viver em cidades.

Temos como exemplos de grandes cidades, são agora grandes pólos, principalmente as cidades do 3º mundo, parece que são uma consequência de toda a situação anterior. Nessas cidades do 3º mundo, conhecemos a pobreza, a marginalização social, a falta de sanidade, saúde e até carências alimentares. Todos estes problemas que estão lá longe, segundo parece, estão na América do Sul, na Índia, ma estão a bater-nos à porta, não de uma forma macia através de uma penetração por baixo da porta. Mas o problema é tão grave, que é considerado hoje, em todas as cidades do mundo e em especial nas cidades consideradas e classificadas como 3º mundo pelo plano de desenvolvimento das Nações Unidas no programa Arte 2 como sendo as carências alimentares em produtos de qualidade dessas grandes multidões urbanas, levantam um problema, que é o problema urbanístico mais importante do urbanismo do século XXI é o fomento da agricultura urbana.

Portanto, é uma medida em que ninguém pensa e que os PDM’s não estão interessados ou não são levados a interessar-se pelas próprias populações, mas na realidade, a nível mundial em grandes concentrações urbanas que vão até 10 milhões de habitantes, esse é o problema n.º1, é o problema das carências alimentares em qualidade e suficiência, na cidade do México, em São Paulo, já começa a ser resolvido nos EUA, antes que o problema seja grave, basta dizer que nos EUA a produção agrícola das áreas metropolitanas e das grandes cidades representa um valor em dólares de 47,5% da produção total da agricultura dos EUA. Portanto, 47,5% é produzido nas áreas metropolitanas e nos corredores metropolitanos. Parece que é um programa que anda muito esquecido e que está traduzido em aspectos poéticos, a ruralidade, o passado, quando no fundo é um problema de uma actualidade enorme.

Outro aspecto que gostava de chamar a atenção, é que a cidade, o povoado seja ele qual for, não é como na idade média, não está sujeito a umas muralhas, não é um concentrado dentro de um perímetro fisicamente bem definido. Hoje a cidade não tem fronteiras, dilui-se, espalha-se, sem haver fronteiras administrativas, que não são completamente artificiais. Hoje, e isto não é só cá, é em todo o lado, a cidade é uma região, não é um espaço definido como urbano, é o primeiro problema a tirar-se daqui, não é um espaço exclusivamente urbano, não pode ser, basta dizer que na Europa civilizada, 30% dos activos agrícolas, em França são aqueles que fazem agricultura como economia, não são agricultores são urbanos, que se deslocam de uma cidade que tem grandes tentáculos para o exterior, um tempo de distância muito facilitado, como agora em Arruda dos Vinhos com a criação do A10, que está a 10 km de Lisboa, tudo facilita. Assim, 30% das pessoas que fazem agricultura, não é de recreio, nem é como os montes alentejanos onde se vai passar os fins-de-semana com uma piscina e um relvado do Estoril, mas está no Alentejo. Logo, 30% daqueles que fazem agricultura activa, não são agricultores, são pessoas que também são agricultores e que também vivem com novas tecnologias, como por exemplo um telemóvel, que foi importante para esse desenvolvimento, uma vez que facilita a comunicação entre as pessoas, diminui a distância. Portanto, esse é um problema Europeu da Europa civilizada. É o fim das fronteiras urbanas e o fim da diferença entre o urbano e o rural. Hoje não há urbano de um lado e rural de outro. Se há de facto culturas a considerar, tanto são as culturas urbanas de que somos herdeiros como são as culturas rurais de que somos herdeiros e devem ter presença.

Temos uma cidade-região, e agora o nosso país já está considerado região, Lisboa é uma cidade-região que chegou aqui, quer se queira, quer não. Mas vamos ver que Lisboa é esta? A zona de Lisboa que está a negro, é a zona que está urbanizada e a que está a vermelho é a zona que está urbanizada aquando da realização deste

87

desenho ou que vai ser urbanizada porque está aprovada nos planos de direcção municipais. Esta é a realidade que está a chegar a Arruda dos Vinhos, e portanto este problema, as cidades são regiões.

Assim, e segundo as perspectivas demográficas em 2015, esta zona terá 5 milhões de habitantes, hoje tem perto de 3 milhões, o Porto terá 2,4%milhões de habitantes, as outras cidades terão apenas 800 mil habitantes. E no mundo rural ainda restaram 2,2 milhões de habitantes. Desta forma, não podemos ligar a todos os problemas de planeamento municipal, nem de planeamento regional a este problema global. Evidentemente, que no resto do país, estas áreas metropolitanas são um facto. Como é que se vai daqui para a frente? Daqui para a frente tudo depende não exclusivamente de políticas locais, mas de uma política nacional, que todos dizem que as populações se dispõem a ir para as orlas, orla da floresta. Contudo, em Portugal, a orla que atrai é a costa, é o Litoral. Portanto, há uma caminhada para o litoral, agora vamos lá ver como é que se deve condicionar essa vinda para o Litoral, já temos dois grandes focos de interesse, um é a área metropolitana de Lisboa outra é a área do Porto e o Litoral.

A questão do Litoral, dentro de 10/15 anos, toda a zona que está dentro dos traços vermelhos, será uma zona para-urbana, irá de Setúbal até Caminha. Ficaram a azul as terras mais férteis, mais ricas que passaram a não ter aquela agricultura necessária para competir com os mercados internacionais, mas se tivermos juízo tem a agricultura para alimentar este corredor metropolitano. Isto tudo não é perigo nenhum, o pior é que devemos face à litorização do país contornar o interior ou despovoamento, deve-se dizer sim à litorização do país mas com o despovoamento do interior. A litorização do país, em termos urbanos, de concentração, de maior população e de maior número de actividades é evidentemente certa e benéfica para tudo inclusive para o desenvolvimento económico do país. O que é trágico para o país é o despovoamento do interior, aqui em Arruda estamos, de facto, nesse Litoral, mas se se der o despovoamento do interior, teremos um Litoral muito condicionado por esse despovoamento. O que vem provocar o despovoamento do interior são duas políticas nefastas que temos tido há bastante tempo: uma é a política florestal que teve como consequência os incêndios, com dois elementos fundamentais, com a legitimidade para deitar fogo, um é o relâmpago e o outro os pastores.

Na televisão, num programa, acerca de uns pastores numa serra junto de Viana do Castelo, terem de pagar multa à Junta de Freguesia, porque levavam as cabras à serra, ora a serra era um baldio e um baldio é um pasto, cultura necessária à instalação de uma população de pecuária que vive do equilíbrio de um sistema, cabra na serra, hortaliça no vale, venda de leite e queijo de cabra, cabrito no restaurante da aldeia. Fazer entrar isto em ruptura em nome do PIB, do progresso, é um erro calamitoso. Pois admirem-se como as escolas no interior do país não têm meninos. Que todo o processo da região rica de Mação, que era uma região fundamental de pecuária e de produtos mediterrâneos de qualidade, esteja traduzido numa região de ver crescer o pau. Todo este tipo de litorização do país em termos de qualidade, de progresso industrial e social, necessita de um interior digno também sustentável com uma economia relacionada com a nossa cultura, com uma economia relacionada com o mediterrâneo. Julgo que é um enquadramento que está em discussão.

Na floresta foi negativa, foi uma das grandes burlas dos universitários lançaram neste país, é que éramos um povo de florestais, tínhamos uma floresta, era a rotação do país porque não tínhamos terrenos agrícolas e a campanha do trigo tinha corrido mal, e como toda a base de cartografia de solos tinha sido feita com base no trigo, nós temos apenas terra para trigo que são 12% das terras do país e o resto para dar qualquer coisa para o PIB, será?! Aquilo que dá dinheiro, seria o pau, para isso é

88

preciso tirar de lá a população. Se não se fixa população vê-se crescer a mata, vieram para Lisboa, os mais felizes e os mais espertos fizeram pastelarias, são hoje de Lisboa, pois já não sabem onde estão os pinheiros, são proprietários de pinhais, mas não sabem onde eles estão, este problema não serve de solução para o país.

Portanto, desprezou-se o leque de culturas mediterrâneas, daqueles já apontados aqui: cabras, queijo. E um elemento rico em Portugal que é o mato, para instalação de população em condições económicas e dignidade, é mais valioso que qualquer destes povoamentos florestais mono-específicos, a que propriamente chamam de florestas. E chamam florestas devido ao canto dos pássaros, à biodiversidade, à protecção do solo e ao turismo. Mas, na realidade quando se traduz a floresta em planos, ou saí eucalipto ou saí pinhal. Esta é uma situação que temos de vir a resolver. Esquecemos então, da riqueza, do mato, do queijo, do cabrito, do leite. Outra coisa que não foi explorada no mato, que aquelas populações estavam abertas a isso, como se fez em França, são as aromáticas, que podem dar a industria de cosméticos e de perfumes, é também a matéria orgânica que pode substituir a fertilização dos solos para a agricultura dos vales, pode substituir a adubação química perniciosa em termos económicos. Portanto, este é um problema que quer queiramos quer não, brilha com todos os problemas do PDM, se o PDM da 2ª geração não colocar na sua listagem a agricultura urbana, para-urbana e agricultura são completamente negativos.

O porquê de comunidades urbanas do Oeste? Porque conotaram de urbano? É para acabar com a agricultura. Porque é que não temos um terreno regional de organização do território, que foi esquecido, mas que é o único viável para a regionalização que é nome de terras de Basto, terras de Souza, terras de Panóias, temos esse nervo, que agrupa a situação global dos territórios. O problema é o da paisagem global, não podemos continuar a medir a paisagem em duas situações opostas, em que a mais rica vai cobrir a mais fraca. A fraca em termos de PIB e de intervalo de tempo de produção é a agrícola, a mais forte em termos de criação de riqueza é a urbana, portanto chama-se comunidade urbana. Porque quando falamos de urbano ninguém lembra que na cidade região se lhe chamarmos um espaço, tem que haver rios, tem que haver matas, agricultura, mas continua a ter rótulo urbano para secundarizar um aspecto essencial hoje no planeamento.

Hoje a unidade de planeamento na escala do ordenamento do território e na escala do plano director municipal ou outra escala é de uma unidade e de um inter- relacionamento entre dois sistemas, o sistema natural, onde está incluída a agricultura, a protecção ecológica, o recreio e a segurança do solo, tem que se estar a planear na mesma unidade, não é um corpo residual do urbanismo, sistema ineficaz, como hoje sucede, no actual modelo que está aqui em Arruda dos Vinhos, que está protegido por todo o país e pelas Câmaras Municipais, a que reduzem a necessidade do espaço verde, que no fundo o espaço verde urbano mais útil e mais necessitado às populações é a agricultura urbana, basta ver que em S. Francisco, todos os jardins foram por força da população substituídos em produções de horticultura, porque gozavam muito mais com essa produção, sabia muito melhor e ao mesmo tempo criava outra coisa que para eles era repugnante, integraram isto na campanha contra o hot-dog, contra a coca-cola, a pizza italiana e contra toda a comida que faz os obesos infantis. Nos EUA uma revolta contra a obesidade infantil, que se traduziu na cidade de S. Francisco, na unidade de serviços de Obesidade Infantil, uma reacção que foi a criação dessa agricultura. Essa agricultura é indispensável em qualquer área metropolitana, tem o fomento das Nações Unidas e suas directivas. O único livro que consegui encontrar de agricultura urbana foi através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não o consegui obter de outra forma, parece que é proibido.

89

No nosso modelo, os espaços verdes, é o que fica de residual das construções, que depois são ajardinadas com palmeiras de mareló, com relvados escoceses, mas principalmente são regados com água de Castelo de Bode, que é a mesma que utilizamos na cozinha e na casa de banho. Mas se quisermos defender a nossa qualidade de vida, não nos podemos opor a coisas que são impossíveis de opor, temos é de criar uma resposta que não é uma defesa é uma preposição, por exemplo nós o que estamos a criar sucessivamente por todo o litoral são subúrbios sem qualidade, que têm uma vida curta, basta ver o que se está a passar no Cacém, em Sacavém, em todas as construções muito parecidas com estas que estão aqui, que ao fim de 30 anos, são das mais antigas estão degradadas, a população felizmente vive melhor e quando vive melhor e aparece no “Diário de Notícias” – casas novas, toda a gente quer uma casa dessas.

Em Alcochete ou no Seixal, onde se está a dar uma ocupação maciça do território, que é o grande depósito de água da área metropolitana, estamos a impermeabilizar o grande depósito de água da área metropolitana, e continuam a ir para ali morar, portanto, isso justifica agora neste momento o surto de construção civil, é gente que saí da primeira área periférica de Lisboa para a nova área periférica, e como se procede em relação a estas casas, aparecem associações ou empresas que alugam as casas às pessoas que saem de lá, alugam agora e pagam os andares à Câmara. Às pessoas que vêm do Leste, de África não se alugam andares, aluga-se uma cama e pagam como se fosse um andar ao proprietário. Isso, é considerado a chegada ao 3º mundo com mais um assalto ao comboio de Sintra, não sei o que será do 3º mundo, mas, é nesse aspecto que os planos directores municipais (Decreto-Lei 380/99 de 22 de Setembro) instituem a estrutura ecológica municipal, não são jardins, nem rotundas com relvados. Esta estrutura ecológica municipal é um sistema natural que é necessário a qualquer vida humana, a vida humana vive de dois sistemas: um sistema natural de onde vem a alimentação, a água, onde podemos passear, respirar, olhar para as estrelas. E um sistema comunitário, onde nos obrigamos a conversar, a dormir ou para estar com a família.

São dois sistemas, então porque é que havemos de dar exclusivamente valor ao sistema do abrigo, quando ele só vive se existir o outro sistema. Portanto, as repulsas que as pessoas têm pelas novas urbanizações são porque o sistema natural não foi considerado. Mas o sistema natural tem uma particularidade importante, funciona com três aspectos fundamentais que se esquecem os planos completamente, que foi muito adulterado na interpretação dos PDM’s da primeira geração, funciona com continuidade, ninguém se lembra que uma linha de água que não tenha uma cabeceira onde nasce e não vá para um sítio onde vá para outra, ou vai para o mar ou vai para outro rio, portanto é a continuidade.

No urbanismo, o planeamento não se faz hoje sem continuidade dos sistemas, deixamos de pôr para trás das costas o planeamento e o ordenamento do território e faz-se o que tem sido feito para todos os últimos planos de base regional, que é um planeamento por zona, cada zona com as suas características, com os seus índices, mas em que não há continuidade, e quando não há continuidade dos sistemas, os sistemas não funcionam, sabem perfeitamente se nós temos um curso de água que é indispensável à região, se o tapamos como foi tapado este, com parede de betão e furos para passar a água (acetato – Oeiras – Cruz Quebrada) só para poder construir na parte de cima, mal de nós se toda a região de Lisboa, isto vem projectado, desenhado, autorizado e está feito. Portanto, se vamos para isto, evidentemente que se transforma no 3º mundo, com todos os problemas inerentes do 3º mundo.

O que não se está a contar, é com o tempo e quando digo tempo no planeamento, é contar com a elasticidade, estas inovações não contaram com a continuidade nem

90

com a elasticidade, porque hoje não se faz urbanização nem planeamento canalizando a água da chuva, só em Portugal é que se mete água da chuva em esgotos fluviais, a água da chuva serve para tudo, para regar jardins, alimentar os freáticos e estabilizar os solos, na Alemanha a carga de autoclismos é feita com a água da chuva.

91

PAINEL ASSOCIATIVISMO DESPORTO E JUVENTUDE

ASSOCIATIVISMO: TRADIÇÃO/INOVAÇÃO/QUALIFICAÇÃO – SR. ÂNGELO SANTOS (CPCCRD)

É com imenso prazer que aqui me encontro entre vós nas II Jornadas de Desenvolvimento do Concelho de Arruda dos Vinhos. Estou aqui em representação do movimento associativo popular português, a substituir o Dr. Augusto Flor que por motivos pessoais não pode vir, e vou tentar desenvolver e dar algumas ideias sobre o movimento associativo e o painel que nos trouxe aqui para debatermos esta questão.

Eu sou membro da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio que foi agora definida em confederação, foi alterada de federação para confederação no dia 31 de Maio de 2003 e agora passa a ser Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto e tem como principais objectivos: representar o movimento associativo de raiz popular, cujas actividades se desenvolvem nas áreas da cultura, do recreio e do desporto; o fortalecimento do associativismo, de modo a que colectividades promovam o seu reconhecimento para se incentivar a legalização das colectividades e outras associações que se dedicaram à cultura recreio e desporto; definir projectos de interesse comum de acções conjugadas de todo o movimento associativo, bem como criarem estruturas de apoio à concretização destes projectos; promover, desenvolver e divulgar os valores do associativismo; promover sessões de paz entre os povos; promover, realizar e patrocinar a realização de encontros regionais e nacionais; promover acções de formação, seminários e encontros com vista à formação de dirigentes e outros activistas; realizar congressos nacionais de colectividades abertos à participação de todas as associações do país nas áreas da cultura, do recreio e do desporto; e promover estudos com vista a aprofundar o conhecimento do movimento associativo do nosso país.

O Associativismo é de sempre. No entanto, o que importa é darmos conta do nosso associativismo que tem a ver com a cultura, o desporto e o recreio/lazer. Nesta medida, referenciamos o seu início, no advento do séc. XIX, tendo em conta alguns factores decisivos: por um lado, a revolução industrial, com as novas formas de produção; a revolução francesa, com a profunda alteração de mentalidades e no que respeita a Portugal, o triunfo das ideias liberais: Revolução Liberal de 1820, por outro lado, a grande miséria que grassava em Portugal, decorrente de várias circunstâncias: Invasões Francesas, Domínio Inglês, atraso da Revolução Industrial, Analfabetismo (mais de 85% da população), sem qualquer apoio social.

Dada a conjugação destes factores, as primeiras associações configuravam montepios/mutualidades, cooperativas, de classe, sociedades filarmónicas e, mais tarde, as sociedades de instrução e recreio. Obviamente que estas associações tinham muito a ver com a necessidade de as populações suprirem, através da solidariedade e fraternidade, as mais instantes carências.

Na evolução do nosso Associativismo somos confrontados com alterações substantivas, em função das diversas fracturas sócio-políticas por que passou a sociedade portuguesa nos Séculos XIX e XX, como emanação das comunidades de que faz parte integrante. De qualquer forma, os seus principais valores, ainda hoje válidos, passam por: Solidariedade/Fraternidade; Autonomia/Independência; Democracia/Cidadania e Propriedade Social/Voluntariado, que, em nossa opinião, “trouxeram” até nós este Movimento vivo e actuante.

92

Não enjeitando nada do nosso passado, temos a noção que numa época, a nossa, em que a circulação de informação, pessoas e bens é quase instantânea, veio trazer um novo posicionamento ao mundo, falamos da globalização, a que alguns designam por “aldeia global” em que vivemos e que fundada numa política neo-liberal, que baseia a sua actuação na premissa “menos Estado, melhor Estado”, é fundamental e até imprescindível que o nosso Movimento tenha uma forte dose de inovação nos seus processos e práticas, partindo do princípio que as associações, na medida em que se identificam com a realidade local e reflectem a identidade das suas terras e comunidades, são factores incontornáveis de desenvolvimento, não apenas porque se opõem à massificação e afirmam as especificidades do território, mas, sobretudo, porque se têm vindo a constituir como um espaço de debate e intervenção cívica, são um património humano e social inestimável.

Nesta óptica, a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, lançou junto do Movimento Associativo Popular dois desafios que entendemos de suma importância para o desenvolvimento das comunidades e do próprio País. Referimo-nos aos projectos: • “2001 Associações”, candidatura apresentada ao POSI (Programa Operacional da Sociedade de Informação) e que mereceu todo o interesse e aprovação do respectivo responsável. Dado o interesse manifestado pela, então, Missão para a Sociedade de Informação, de não excluir ninguém deste processo, foi argumentado pela, então, Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio, que, dada a existência de colectividades em todo o território português, poderiam as mesmas contribuir de forma decisiva para a “info- alfabetização”. Este projecto consiste na instalação de um ponto público de acesso público à Internet nas colectividades interessadas, constituído por 2 computadores e uma impressora. Estamos a terminar o designado “projecto- piloto” que abrangeu 51 pontos públicos. Iremos avançar com este projecto. • “Agita Portugal, pela sua saúde mexa-se!”, trata-se de uma Campanha, a nível nacional, que pretende sensibilizar a população portuguesa, de todos os níveis etários e classes sociais, para os benefícios do exercício de actividade física regular e controlada, nomeadamente no que respeita à melhoria da nossa saúde. Esta Campanha configura uma autêntica acção de saúde pública em Portugal, uma vez que mais de 60% dos portugueses são sedentários com todas as consequências daí advenientes. As nossas colectividades podem e devem ter um papel de importância capital neste projecto, inclusivamente com a criação e funcionamento de novas secções, como por exemplo: Secções da Marcha p’rá Saúde e proporcionando um projecto comum que integre todas as forças da comunidade.

Obviamente que nada temos contra o trabalho realizado pelos nossos colegas dirigentes associativos, tanto mais que temos sido praticamente ignorados, muito pelo contrário, dado que sem os designados “carolas” era impensável a existência desta imprescindível realidade social. No entanto, tendo em conta as cada vez maiores e difíceis exigências que se coloca ao Movimento Associativo, nomeadamente pelas mudanças que se vão operando na sociedade, importa, que nós próprios tenhamos o cuidado de os qualificarmos, de forma a estarmos preparados com competências diversas e portanto preparados para darmos respostas adequadas ao principal objectivo das nossas colectividades: a melhoria das condições de vida das comunidades de que fazem parte.

Para terminar, diremos que a aprovação do estatuto do dirigente associativo voluntário e a sua formação são medidas estruturantes para a qualificação do Movimento Associativo Popular em Portugal.

93

DESPORTO E JUVENTUDE NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS – DR. ONOFRE PINTOR, DR. NUNO MOURÃO E DR. DELFIM BARREIRA (EJAF)

Queria iniciar agradecendo o convite feito ao Externato, pela Comissão organizadora destas jornadas, agradecer também a todos os presentes por terem escolhido o nosso painel em detrimento de todos, se calhar tão importantes mas se calhar esta é uma forma de diferenciar os vários painéis que estão a acontecer ao mesmo tempo. Gostaria também de salientar a pertinência destas iniciativas que são muito importantes para o desenvolvimento: pôr as pessoas a falar e confrontar ideias, espero realmente que seja produtivo.

Posto isto, a nossa comunicação visa essencialmente salientar o papel que a Educação Física (EF) e em conjunto aqui também com o desporto para o desenvolvimento dos jovens, mas também para o desenvolvimento do próprio concelho. Como todos nós sabemos, a importância que tem a EF e o Desporto para o desenvolvimento das pessoas, torna as pessoas mais saudáveis, os próprios factores sociais também tornam as pessoas mais sociáveis e todos nós sabemos que quanto melhor as pessoas se sentirem com elas próprias melhor estão elas dispostas a, por exemplo, colaborar com as colectividades e clubes, intervir na vida associativa, portanto nós sabemos que a EF tem esses valores todos, valores humanos, pedagógicos, sociais, éticos, culturais, como quiserem e realmente é um facto aqui no concelho, quase todos os jovens que frequentam ou frequentaram aqui o Externato, passaram por aqui, portanto é de todo o interesse e importante que haja condições não só materiais mas também pedagógicas, para que todos esses jovens possam usufruir dos benefícios da EF e do desporto, orientado para um desenvolvimento mais harmonioso, nós chamamos multilateral e diversificado e esse é o nosso objectivo, ou seja, a escola tem de ter determinadas opções.

Nós estamos a viver o facto de termos estas novas instalações, que são óptimas, temos também novas instalações para a EF e desporto, não sendo ainda as condições ideais, mas são condições que de uma forma geral caminham nesse sentido e que, por exemplo, comparativamente até ao ano passado, em que nós funcionávamos numa escola um bocado mais pequena em termos de espaço, tínhamos à mesma um pavilhão, mas limitava um bocado, mas nós temos reparado, já este ano lectivo só o facto de haver estes espaços, os próprios miúdos andam muito mais contentes, eles utilizam o espaço, pedem bolas para jogar, portanto nós sentimos isso, enquanto lá em baixo o espaço era muito mais pequeno e nós sabemos que o espaço é importantíssimo, o facto de haver aqui tabelas, haver duas balizas para jogar futebol, haver campos marcados, claro o ideal seria termos um pavilhão devidamente aquecido com um piso flutuante, isso seria o ideal e se calhar vamos lá chegar no futuro, por agora esta mudança foi muito importante.

Estes benefícios todos, esperamos nós, vão-se reflectir numa melhoria da qualidade de vida, o tal factor falado hoje de manhã, uma melhoria da saúde e do bem-estar, como é que nós atingimos isso? Melhorando a aptidão física, através de um conjunto de matérias também seleccionada e devidamente adequadas, pela promoção da pratica regular das actividades físicas, pela formação de hábitos e atitudes, hábitos de vida saudável, hábitos de alimentação e higiene, todos esses factores e no fundo também transmitir um bocado a compreensão do fenómeno desportivo e já extrapolamos um bocado, não nos restringimos só a uma EF, mas também à compreensão do fenómeno desportivo como um todo e como factor de cultura, não resumir as coisas, como se resume hoje em dia, a três cores, azul, vermelho e verde, que é o futebol, que é o que domina, mas dar-lhes, abrir-lhes um bocado os horizontes e salientar que existem outras coisas, porque hoje em dia existem outras coisas, porque hoje em dia sabemos que os jovens têm muitas solicitações e se calhar isso

94

também é um dos problemas, o de angariar jovens, não só para o desporto, mas também para a participação na organização de actividades e essas coisas. Os jovens são muito solicitados, quer pelos jogos de computador, quer pelo cinema, etc., e estas são as menos más, pois há outras piores que também existem, nós sabemos isso tudo.

Nós pretendemos é que os jovens que estejam na escola neste caso no Externato. No concelho, será o espaço que reúne essas condições, para alimentar toda a vida desportiva do concelho, porque os alunos crescem aqui, desenvolvem-se aqui e no futuro serão futuros praticantes, serão futuros técnicos que decerto serão uma mais valia para o concelho. Nós dividimos esta comunicação, também falando não só de EF curricular, a obrigatória, o desporto escolar como actividade extra curricular e também um factor que é importante é a existência do curso de desporto no Externato como factor também de desenvolvimento.

Se me permitem só uma pequena e rápida apresentação, sou o professor Delfim Barreira, sou professor efectivo na escola Secundária do Sobral de Monte Agraço, onde resido e onde nunca cheguei a leccionar porque me encontro há 28 anos requisitado na Direcção Geral dos Desportos, Indesp e concretamente na Federação Portuguesa de Râguebi. No Externato, estou há mais de 20 anos e daí a relação depois com o projecto Desporto Escolar em complemento da nossa actividade de EF curricular, queria só situar tanto, numa pirâmide de desenvolvimento desportivo, desde uma base alargada de sensibilização pela orientação desportiva, onde nos situamos muito na base curricular, depois do desporto escolar, depois os jovens nas estruturas e acolhimento dos tradicionais clubes desportivos como é o caso do Arrudense na parte da competição até a uma especialização, paralelamente a parte de recriação, onde todos poderão praticar a sua actividade desportiva, isto porque me parece que de facto e Arruda dos Vinhos está de parabéns porque tem havido uma boa parceria nas diferentes áreas de intervenção entre autarquia, a escola e o clube. O Presidente da autarquia falou há pouco não só nas infraestruturas, como também na disponibilização de transportes, tal como o clube, os mini-bus para que as equipas escolar se possam deslocar na nossa região Oeste para todas as suas actividades competitivas. O projecto do clube para o desporto escolar com as suas estruturas organizativas do Ministério da Educação, através das Direcções Gerais de Educação dos Centros da Área Educativa vão organizar um conjunto de actividades para que os nossos alunos e os jovens do concelho possam eles ter uma actividade de complemento curricular, já numa fase de orientação desportiva; podemos eventualmente chamar pré-competitiva depois para ingresso nos respectivos clubes, abrindo um grande leque de opções nas diversas modalidades. É nesse sentido sem nunca descurar a parte pedagógica, educacional, no fundo, o grande contributo para a educação integral dos jovens, no fundo a educação para a cidadania, e esses nossos alunos integram as diferentes equipas de desporto escolar. Como o colega falou depois do associativismo, também é intenção desses clubes motivar os jovens, não só para a prática concreta do andebol, basket, râguebi, etc., também ao nível do próprio dirigismo, na formação de árbitros, na formação de técnicos, na formação de dirigentes desportivos, desde tenra idade.

O nosso clube de desporto escolar promove um conjunto de actividades centralizadas na região do centro, área educativa do Oeste, todos os nossos alunos de forma livre têm essa participação no sentido de criar um complemento para que mais tarde face à sua idade nos diversos escalões etários possam ingressar nos clubes tradicionais onde promovem a prática do que mais gostam, e é nesse sentido de facto um dos objectivos do nosso clube, tem vindo a promover da nossa juventude.

95

Nós temos na nossa escola um curso que é opção pelo desporto, para aqueles alunos que têm interesse depois de seguir pela Educação Física, que é uma coisa que agrada muito, porque o Dr. Faria, quando fundou a escola, disse que um dos objectivos do Externato era que as pessoas do concelho não precisassem ir para outra localidade para continuar os seus estudos e era uma coisa que estava a faltar aqui, porque muitos alunos queriam seguir desporto, tinham que sair do concelho e ir para Vila Franca, para Torres, para fazer essa opção, já há 3 anos que aqui no Externato temos a opção de desporto, mais uma opção que os alunos têm. É um curso como todos os outros, mas que tem um carácter desportivo, para aqueles alunos que têm interesse de depois seguir para Educação Física. É muito interessante, porque, como podemos perceber, a maioria dos jovens do concelho estudam neste externato, é o nosso público-alvo e a nossa grande preocupação é de fazer um trabalho do mais sério possível e que haja uma formação completa em qualidade de vida, e completa não é só formar pessoas que vão ganhar medalhas, são pessoas com saúde, pessoas que cresçam dentro de um ambiente saudável, aprendam uma coisa também importante, aprendam a conviver também com os seus próprios limites, o desporto tem essa grande vantagem, você aprende a perder, aprende a ganhar, aprende a encontrar aquelas dificuldades que a gente naturalmente desistiria, porque custa conseguir e no desporto se formos um pouco mais longe, vamos conseguir melhorar a nossa capacidade de insistir, de vencer nas nossas dificuldades, É por aí que a gente trabalha também além do programa normal que vem do Ministério da Educação.

DEBATE

Houve uma intervenção por parte da assistência, que manifestou satisfação por se realizar este tipo de debates. Continuou dizendo que ao longo dos anos tem vindo a decair a aderência de pessoas para dirigir as colectividades, a aderência de pessoas para participar nas colectividades e a aderência de sócios. Caso o dirigente associativo tivesse algumas benesses, houvesse qualquer coisa que o fizesse entrar no associativismo, quisesse entrar para dirigir uma colectividade, houvesse alguma lei, como já acontece nos bombeiros. Qualquer coisa que incentivasse as pessoas a aderir ao associativismo. Porque é difícil, tem vindo a ser difícil e cada vez mais, porque não há pessoas, o tempo é pouco, não lhes apetece, não têm tempo para estar à frente das colectividades. Considera que esta aposta deve dirigir-se aos jovens no sentido de os mobilizar, desenvolver-se alguma acção ou lei com o sentido de cativar gente nova, gente com outras ideias e outra forma de estar na vida.

Há uma falta de participação cívica em várias áreas e, por outro lado a vida profissional cada vez absorve mais as pessoas, prejudicando-se quer a família quer este tipo de associações, por outro lado o associativismo e o voluntariado em geral. Se houvesse estímulos, se calhar conseguia-se de alguma forma recuperar, uma vez que as reformas antecipadas cada vez são mais. Há pessoas ainda relativamente novas que têm disponibilidade de tempo e que não são poucas. Não há ainda uma acção concertada de captação, não são chamadas ao movimento associativo, portanto ao voluntariado.

O Sr. Ângelo Santos respondeu que este ano é que a federação passou a ser confederação, e depois de passar a confederação tem muito mais força no movimento associativo que a federação. Temos federações distintas e associações conclusivas nos vários locais do país, cada vez temos mais força e a confederação nesse aspecto já entregou, e já foi aprovado o Decreto-Lei n.º34, que vocês com certeza devem ter uma cópia, sobre o movimento associativo e vai ser discutida na Assembleia da republica, mas no nosso pais nós temos uma noção que 2000 colectividades

96

existentes empregam mais de 200 mil pessoas e 72 milhões de contos por ano é a receita que essas colectividades praticamente geram e também geram cerca de 40.000 postos de trabalho. É importante que fiquem com esta ideia, foi um levantamento que nós fizemos e não andamos muito longe disto. O que é falado é que as colectividades e as próprias associações não podem continuar a ser consideradas como “coitadinhas”, etc. Temos que evoluir, temos que actuar.

A confederação já entregou na Assembleia da Republica e que está para aprovação do diploma que cria o estatuto de dirigente associativo, a legislação já foi aprovada na Assembleia da Republica e agora vai ser discutida na especialidade, nós estamos convictos e temos quase a certeza que o estatuto de dirigente associativo tem que ser aprovado. A confederação não desiste desta questão porque nós queremos realmente que o estatuto de dirigente associativo seja aprovado para que consigamos e para que, como já se falou aqui, termos nas nossas colectividades mais jovens porque continuamos a ter os mesmos “carolas” que têm persistência, e se saem, as colectividades fecham porque não há direcções que os substituam e tem que haver um incentivo e este incentivo será o Estatuto de Dirigente Associativo. Porque sem este estatuto do dirigente associativo, continua a haver o mesmo problema, qual é a contrapartida que nos dão para sermos dirigentes associativos? Não é nenhuma, e depois como é que incentivamos os jovens a substituir pessoas já com “idade pesada”. A questão do 1.º mandato, o 2.º, o 3.º mandato e por aí fora e estão cansados e portanto não há ninguém que os substitua.

Penso que com este estatuto do dirigente associativo vai ser uma alteração significativa e digamos que enquanto este não for aprovado, a Confederação Portuguesa das Colectividades não desiste, e penso que brevemente vamos ter o estatuto de dirigente associativo. Já foi entregue na Assembleia da Republica, já foi discutido com as forças políticas que acham bem, que têm que ser, que é uma óptima ideia para as colectividades, algumas acabam, outras podem fechar, e as forças políticas acham que isto é fundamental, mas tem de ser aprovado, isto tem que ir para a frente.

Ora bem, agora em relação às benesses, etc., etc., eu dava-lhe aqui já uma ideia a esta Câmara Municipal, por exemplo, a Câmara Municipal de Odivelas criou internamente as benesses aos dirigentes associativos do próprio concelho isto foi um passo importante que foi dado. Quais são as benesses que se davam: era que o dirigente associativo tinha o seu cartão com descontos nos transportes, no IVA, no pagamento nas taxas de televisão etc., tinham imensas benesses, eu por acaso não trouxe essa documentação, mas o que eles aliciaram foi essas benesses para o dirigente associativo do seu próprio concelho e acho que está a funcionar, mas não sei se estão a funcionar a 100%. De qualquer forma, é um passo importante que se deu para os dirigentes associativos daquele concelho. Já foi estipulado em outros concelhos e é uma solução, enquanto o estatuto do dirigente não “sair cá para fora”, é um facto que nós devemos incentivar os jovens para que eles regressem ou permaneçam nas próprias colectividades.

Temos dois programas importantíssimos para estas colectividades que está a dar frutos. Em cinquenta e uma associações que já foi integrado o “2001 Associações” que é a integração nas colectividades de Internet, através de competição e também em benefício da própria população. As colectividades que estão interessadas podem candidatar-se à confederação e esta analisa a situação e implementação de postos de Internet para que os jovens também tentem qualquer coisa, porque os jovens têm de também ter uma atracção, qualquer coisa. Se as colectividades não têm essa atracção aos jovens praticamente preferem outros locais de divertimento. Este projecto vai implementar no país todo, 2001 postos de Internet para as colectividades. Não sei se

97

as colectividades não federadas têm conhecimento, agora brevemente vão ser implementados mais quinze, (Coimbra, Évora, etc.) e está a dar os seus frutos. Os postos são gratuitos no primeiro ano, pagam uma taxa simbólica à confederação da própria instalação e depois esses materiais já são da própria associação, é importantíssimo que isto se transmita aqui, isto já está a dar frutos em várias colectividades do nosso país.

Houve outra intervenção da assistência, que considera que tem de haver alguma ligação com Arruda dos Vinhos, porque para ser implementado ainda tem alguns problemas legais, mas existe uma pessoa responsável disto que é o Sr. Carlos Lourenço, mas não é o nosso Carlos Lourenço (presidente da Câmara), é o Carlos Lourenço da Associação de Futebol de Lisboa que é o Presidente da Comissão Instaladora do Conselho, que dizia que o apoio financeiro que davam a uma colectividade era muito inferior, para funcionar bem, era muito inferior ao que pagariam a um trabalhador da própria câmara. Portanto, o salário de um trabalhador da Câmara que no fim e ao cabo cujo trabalho é substituído pelo trabalho voluntário dos dirigentes dos Clubes e Associações, esse salário era mais que suficiente para a Associação trabalhar bem e sem dificuldades. É um trabalho social que não está a ser recompensado minimamente. Toda esta ligação que havia entre a Câmara de Arruda e Odivelas era o nome do membro, portanto é uma pessoa que, tal como o nosso, com experiência no associativismo.

Interveio o Sr. Presidente da Assembleia Municipal dizendo que este estatuto do gerente associativo parece importante. Este estatuto, o que é que se propõe para este agente associativo e em que é que consiste o seu estatuto? Isto é uma questão, a outra questão se bem percebi quando falou, a Câmara de Odivelas criou internamente benesses, digamos assim, ao dirigente associativo aquilo que depois se propõe fazer através da confederação? Se a confederação conseguir aprovar o estatuto do Agente Administrativo/Associativo deixa de haver necessidade de serem as Câmaras a tomar a iniciativa, passa a ser a Confederação depois a liderar esse projecto? Ou não é isso?

Continuou perguntando: ao criar esse estatuto pressupõe algumas benesses para esse mesmo agente associativo? Porque senão levanta-se aqui a questão que é a seguinte – se, eventualmente, na forma de corrigir a falta de motivação das pessoas para lidar determinadas associações for feito através das Câmaras, através da criação dos tais funcionários colocados à frente de determinadas associações para que elas pelo menos não fechem as portas, se isso acontecer eu acho que corremos um sérios risco de partidarizar o associativismo, porque se a Câmara for do PSD terá tendência a por pessoas da sua cor política, se for do PS terá tendência a por pessoas da sua cor, etc., e eu penso que o movimento associativo deve ser, digamos, superior a esta característica de partidarismo, porque não é o interesse do associativismo que se sobrepõe, mas sim o interesse político, de chegar a determinadas entidades locais que todos nós sabemos, tem depois um peso político a nível local, portanto eram estas as referências que eu queria deixar e gostaria de ouvir a sua opinião. Muito Obrigado.

Posto isto, o Sr. Ângelo Santos respondeu que o estatuto do administrador associativo é um estatuto que abrange praticamente todo o movimento associativo, ai não temos dúvidas nenhumas. E esse estatuto se for aprovado tem várias benesses para os seus próprios dirigentes administrativos em que deles fazem parte, várias benesses, o caso da própria reforma que podem ter um fim, não vamos agora enumerar aqui o que poderá acontecer. Mas em relação às próprias Câmaras Municipais que estão a implementar essa questão, eu penso que o estatuto do dirigente associativo vai impreterivelmente acabar com essa situação, não há duvidas nenhumas sobre isto. Também, porque não faz sentido nenhum termos o estatuto de dirigente associativo e

98

continuarmos a ter situações negativas durante a nossa própria vida, quando terminamos os vários mandatos numa colectividade, qual é a benesse que temos, qual é o reconhecimento do movimento associativo que se perante a população, em benefício próprio. Agora, a questão que se põe nestas Câmaras, eu só conheço a Câmara Municipal de Odivelas, acho que a Câmara de Oeiras também estava a preparar ou a propor que fosse também feito alguma questão sobre isto. Cada Câmara não pode ter a pretensão de substituir o movimento associativo, de maneira nenhuma. O movimento associativo é autónomo, não há duvidas nenhumas. Penso que seriam as Juntas de Freguesias, as Câmaras Municipais a dar o apoio ao movimento associativo nesta situação em que agora se encontram.

O estatuto do dirigente associativo iria, a nível nacional, acelerar com estas situações de benesses que cederia uma Junta de Freguesia, uma Câmara Municipal, etc., etc., isso para lhe dizer qual a opinião da confederação se o estatuto do dirigente administrativo for a nível nacional para todos os dirigentes, que as Câmaras Municipais podiam acabar com essa situação do apoio, ou neste caso, como está implementado em Odivelas. Estou de acordo consigo, que não está a funcionar, talvez nem a 50%, é uma questão que ainda está a ser bem discutida, mas que o Governo queira acabar com essa situação do apoio das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia, isso aí estamos de acordo

Houve outra intervenção por parte da assistência que considera que e a realidade é outra, actualmente em Arruda ou qualquer município, o que se passa é que o poder executivo faz comparticipações e até sobre pena de se fechar as portas das colectividades, pois elas só por si não conseguem gerir nem gerar receitas suficientes para se auto-gerirem e faz comparticipações: o subsídio A, o subsídio B ou C, e isto acontece, depois se ao criarmos o tal estatuto do agente associativo e este é que eu ainda não percebi era se isso iria depois também ter outro desenvolvimento, criar-se um fundo autónomo, gerido por esse movimento, por essa confederação, ou seja lá o que for, a entidade que chamem, que poderia ela sim em caso de uma colectividade em Arruda, ou Oeiras ou Odivelas, seja lá onde for que diz – “olha não precisamos disto”, e em vez de ser subsidiada pelo “poder político” seria subsidiada ou não através do recurso a projectos desenvolvidos e postos em prática. Essa é que me parece que era a questão importante, que é sabermos se efectivamente se continua ou não a haver na proposta uma possível dependência do poder autárquico relativamente às associações, ou se elas podem recorrer a uma entidade que agrega todas estas associações, e que por sua vez tem mecanismos para negociar fundos que lhe permitam desenvolver e praticar as suas. Estamos a falar naquilo que é associativismo do ponto de vista popular.

As questões aqui suscitadas têm, enfim, um interesse muito grande para as colectividades, na realidade executam funções sociais que o Estado deveria executar, na minha opinião, e por tudo isso as colectividades devido à evolução que a sociedade tem vindo a ter perderem o poder activo, das pessoas, dos associados e também nos activistas, aquelas pessoas que se predispunham muitas vezes a usar o seu tempo livre e a doá-lo à sociedade através das colectividades, portanto não há duvida nenhuma que isso é um facto. Como é que nós contrariamos este fenómeno para que as colectividades se desenvolvam e tenham um importante papel como têm tido e tiveram sempre ao longo dos anos no desenvolvimento social das populações. já foi aqui dito aos dirigentes associativos, penso que é mais justo através do estatuto do dirigente associativo mostrar no investimento de novos motivos de interesse nas colectividades, porque por exemplo: falou-se aqui de Internet, a Internet é um pólo de atracção porque um serviço social, de juventude, tem realmente interesse em ir usufruir da Internet, a preços naturalmente, não se calhar dum cibercafé ou de outros meios sociais. Portanto, e isso é um motivo de interesse porque o investimento nessa

99

área nas instalações de carácter associativo ou de carácter cultural, enfim que tenham realmente poder atractivo das pessoas e que as pessoas sintam que realmente ganham alguma coisa, porque isto é fundamental, ganham alguma coisa em participar na vida das colectividades, não só frequentar como também participar na própria sede associativa como dirigente, como seccionista, etc., etc. Eu falo por mim porque também sou dirigente associativo e pertenço à direcção da primeira colectividade, não é no concelho de Arruda mas na freguesia vizinha, S. João dos Montes, e portanto eu sinto isto, e de que maneira, e sinto que é necessários que se olhe para as colectividades com outros olhos não apenas de ir buscar votos, este perigo que o Sr. Presidente da Assembleia Municipal aqui apontou é real, porque muitas vezes as autarquias fazem as suas visitas, caça aos votos e realmente isso é bonito para poder superar uma ou outra dificuldade financeira mas não é aquilo que se deve fazer.

O Sr. Ângelo Santos respondeu às questões dizendo que sente na pele, como dirigente associativo, que esta é a questão que todos os dirigentes põem. Em relação ao estatuto do dirigente associativo, a confederação pensa o seguinte: a confederação não tem, não recebe um tostão do Orçamento Geral do Estado, como recebe a Associação de Futebol de Lisboa, como recebem, etc. aliás todas as associações. A confederação, não recebia e não recebe um tostão do Orçamento Geral do Estado que se percebe, recebe a Associação de Futebol, etc., que também não é muito, muitas vezes, aliás a maioria, ajudam os próprios clubes e até as próprias equipas que estão inscritas nos seus próprios campeonatos desportivos, etc., etc., também não são auxiliados pela própria federação nem nada, ainda levam “x” pela inscrição dos atletas, mais seguro, e são os clubes que os pagam, agora a aprovação do Estatuto do Dirigente Associativo tem como objectivo que o dirigente associativo tivesse algum reconhecimento do trabalho que desenvolveu nas suas próprias colectividades e as benesses que ele poderá trazer quando estiver cansado, como costumamos dizer “estamos cansados, estamos cansados e ninguém pega nisto”, etc., agora eu penso que as parcerias entre a Câmara e o Estado e o Movimento Associativo são indispensáveis para as colectividades. As colectividades estão inseridas no seu meio, onde elas pertencem, e a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia têm um papel importante no apoio ao movimento associativo da sua área, isso não temos dúvidas também porque eles visitam as associações e as colectividades, etc., etc., mas penso que têm uma obrigação de apoiar as colectividades onde eles se situam e do trabalho que desenvolvem ao serviço da população do seu concelho e isso é importantíssimo.

O estatuto e a confederação não têm meios suficientes nem vão ter futuramente. Se as outras federações têm, milhares e milhares e não dão apoio às colectividades como é que a confederação que não tem um tostão e nem vai receber este ano alguma coisa do Orçamento de Estado, poderá ser daqui por 2 ou 3 anos, poderá apoiar e poderá beneficiar as colectividades A, B ou C. É evidente que depois quando a confederação tiver uma verba do Orçamento Geral do Estado poderá apoiar as suas próprias colectividades naquilo que elas mais necessitarem, mas só quando tivermos uma verba do OGE, agora enquanto não tivermos não poderemos apoiar ninguém. O que poderemos e que lutamos, isso não tenham dúvidas nenhumas, que a antiga federação e agora confederação enquanto não tiver o estatuto do dirigente associativo não vai desistir dele, e isso é fundamental para os dirigentes associativos, os que estão e os futuros porque se um jovem que souber que existe um estatuto de dirigente associativo é importante para ele e é ele que adere à própria colectividade porque vai ter depois qualquer coisa, agora enquanto não tiver, não temos jovens nas colectividades porque eles preferem outras diversões, senão são os “carolas” que continuam nas colectividades e não há substituição de jovens nas colectividades perante os carolas que existem. É imprescindível que as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia dêem apoio ao movimento associativo onde elas estão inseridas.

100

IMPLANTAÇÃO DE UMA ESCOLINHA DO BENFICA EM ARRUDA DOS VINHOS5 – DRA. HELENA COSTA

DESPORTO E JUVENTUDE NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS – SRA. ANDREIA FERREIRA E SR. PEDRO CARVALHO (AJAV)

Num panorama a nível do Concelho e a sua política de juventude, o que se observa actualmente é uma falta de investimentos em alguns sectores. Elogiando os equipamentos que o Concelho dispõe para o convívio entre os jovens, como equipamentos desportivos, culturais e até espaços de informação, surge um contraposto que se incide na falta de iniciativas em criar actividades para os jovens. A AJAV recebe apoio financeiro e algum logístico principalmente pela parte da C. M. Arruda dos Vinhos, nomeadamente quando pretende levar a cabo as suas actividades anuais. Contudo sente-se demasiada desapoiada quando pretende realizar actividades de maior cariz. Arruda, no seu programa, não tem um evento de nível mais elevado destinado sobretudo aos jovens. Nós como associação não temos capacidade para organizar eventos, tais como por exemplo o Encontro de Jovens.

No Concelho de Arruda essa falta de promoção ao Jovem provoca com que a AJAV assuma um papel importantíssimo, pois é um órgão, único legal, que representa a juventude, principalmente na Freguesia de Arruda dos Vinhos, e único colectivo portador do espírito juvenil. O que não pode acontecer é que seja somente esta Associação a desempenhar um papel de actividade para os jovens. Não tem recursos para chegar a todo o lado, os elementos que a compõem são na sua maioria jovens que estudam no ensino superior e estão no início do mundo profissional. Desempenhamos um papel voluntário que não conseguimos dedicar-lhe cem por cento da sua função. É uma associação ainda saudável, necessita de ser reestruturada, mas acima de tudo apoiada e interligada por outras entidades, não estar sozinha num local onde também reina um grande desinteresse geral.

Preocupa-nos imenso o desinteresse por grande parte dos jovens em participar, em inovar, abstraem-se por completo em certas causas. Preocupa-nos o pouco construtivismo nas críticas dos jovens, a falta de criação, a falta de opinião… um panorama cinzento que se opõe por completo a uma conquista do passado e uma incerteza no futuro, o associativismo.

Estas mentalidades opostas entre os jovens e o associativismo também deviam fazer parte da consciência de uma política mais virada para a juventude. Criar soluções para que o colectivo, a solidariedade, a cooperação, o estar com o outro seja uma realidade futura e que faça parte da constituição do cidadão no futuro. Enquanto jovens, actualmente somos bombardeados pelo facilitismo, o consumismo, uma dependência social e manipuladora que nos abstrai de causas muito importantes e não nos cativa a explorar um mundo menos material, não nos promove à criação de uma sociedade mas somente a fazer parte dela. Temos esta visão a nível do Concelho, embora saibamos admitir a colaboração e cooperação de muitos jovens desta terra no movimento associativo. Só que queremos mais, temos de investir nos jovens para no futuro podermos contar com eles. Defendemos as colectividades, as associações, os grupos informais como excelentes canais para um percurso alternativo na vida de um jovem, mas falta um núcleo promotor, um interlocutor.

5 A gravação da intervenção não está perceptível, pelo que não foi possível a sua transcrição.

101

Se realmente a promoção da juventude no Concelho não for uma prioridade, será o próprio Concelho de Arruda dos Vinhos a sofrer no futuro. Para além do desinteresse constante e o desconhecimento em cativar os jovens (AJAV incluída), o problema surgirá para quem vier de outras localidades. São jovens que vêm para Arruda habitar que não têm laços com a localidade, são pessoas que estão à margem e que certamente irão necessitar de uma identidade. O crescimento urbano (ou sub urbano) que desordenadamente Arruda está a sofrer irá provocar a vinda de uma faixa etária muito jovem para o Concelho, por esse motivo torna-se crucial saber atrair esses jovens e criar condições para eles se identificarem como cidadãos desta terra e saber no futuro com quem se pode contar para o bem-estar do local. Criar ligações ao meio, criar uma Arruda socialmente aberta, onde conhecemos o vizinho e não cair no erro de sermos mais uma periferia que só será conhecida como dormitório.

A AJAV ao longo da sua evolução sempre quis mais e sofreu algumas consequências por isso. Deixou por esse motivo cair no esquecimento algumas bases estruturantes de forma a sermos mais funcionais. As nossas perspectivas futuras são agora mais realistas e concretizáveis. Somos uma Associação com bom património mas com muitas necessidades.

Primordialmente necessitamos de uma sede (embora já esteja um local prometido para o início do próximo ano). Em sete anos de existência, a AJAV já teve seis sedes diferentes. Torna-se complicado em criar hábito para um jovem ter conhecimento da Associação e o seu funcionamento. Seguidamente o funcionamento da mesma sede. Ter diariamente a porta aberta aos associados e aos jovens em geral. Ficaria ao cargo de um bolseiro desempenhar o funcionamento da Associação e sua promoção. O bolseiro teria o cargo de escriturário e tratava de todos os assuntos possíveis no seu horário e de acordo com as suas funções. Podia-se interagir, de forma também a dinamizar o espaço, com um posto de informação ao jovem. Este bolseiro receberia uma mensalidade financiada por uma entidade pública.

Criação de um plano para atrair os jovens à Associação. Temos de chegar a eles com edição de boletins regulares, informação via e-mail, estruturar um página na Internet, criar actividades, abertura de acesso à WWW e possibilitar a realização de trabalhos no computador da Associação (respeitando algumas regras de controle). Criar confraternização entre os jovens através das habituais actividades da AJAV é igualmente um passo a continuar no futuro. A realização de actividades obrigatórias, como torneios desportivos, concertos musicais e festas de outro cariz têm sido muito importantes para o bem-estar desta Associação. Entre quatro a cinco anos a AJAV – sem tirar mérito à extinta AEUCAV – tem sido a maior galvanizadora do Espaço Jovem nas Festas Populares que se realizam em Arruda. Com outros grupos, que também partilham o mesmo espaço, temos de elevar o leque de actividades neste espaço. Promover ainda mais a realização do Concerto de Bandas no mês da Juventude (que mesmo em tempo de chuva nunca teve interrupção desde a sua primeira edição). Estabelecer os laços que se criam através da Viagem da Juventude e promover o jovem no Jantar da Juventude é também uma prioridade da Associação, pois já faz parte de alguns costumes. Pretendemos incidir mais, e para criar hábitos, na vocação cultural (literatura, as artes, teatro, etc.). Já foi realizada uma noite cultural inserida nos festejos do 25 de Abril e que resultou num sucesso. Pretendemos cultivar mais a juventude através de sessões curtas, pouco maçadoras e com atractivos extra. Assim julgamos que poderá surtir um efeito positivo.

Muito importante para o crescimento da Associação de Jovens é estabelecer contactos e criar planos de trabalho com o Instituto Português da Juventude, o Externato João Alberto Faria, uma Associação (ou grupo de jovens) que representem os alunos do Externato, grupos informais de jovens, Juntas de Freguesia e C. M. de

102

Arruda dos Vinhos. A estratégia para o futuro desta Associação é crucial, pois a sua continuidade é um dilema. Temos de fazer com que a AJAV faça parte dos jovens.

A escola também um pilar fundamental para a igualdade entre associativismo e juventude. Ela é a maior instituição de encontro de jovens. É no seio da escola que se deve formar e preparar os jovens a estarem mais participativos na acção do movimento associativo e social. Criar bases para um futuro fortemente enraizado como cidadãos, pessoas que mostrem disponibilidade a contribuir para um bem comum e a realização de uma sociedade mais aberta. Na era da globalização surge um contra que se incide na forma em como as pessoas estão fechadas, mais desconfiadas. A escola oferece espaços à formação de Associações de Estudantes, à criação de grupos temáticos, Comissões de Finalistas, entre outros. É um começo para o futuro de um indivíduo saber interiorizar esse espírito de estar em grupo e exteriorizar para fora do recinto escolar. É fundamental haver interligação entre estabelecimentos de ensino com associações ou grupos constituídos por jovens. Julgamos muito importante a criação de um Associação Estudantes no Externato para haver sempre continuidade do espírito associativo em Arruda.

Um órgão fulcral do qual sentimos extrema necessidade é a inexistência de um Conselho Municipal de Juventude. Seria um representante de todos os jovens, grupos e associações portador das verdadeiras causas e necessidades do mundo juvenil do Concelho. Este órgão intermediava entre os problemas dos jovens e as entidades capazes de solucionar esses problemas. Um conselho que ia à descoberta da melhor forma para que os jovens arrudenses possam participar no movimento associativo, ou ter outros interesses. A concepção de um documento sobre a juventude em Arruda seria fundamental. Existem realidades diferentes, cada caso é um caso, e esse documento poderia retratar pormenorizadamente situações divergentes. Esta união entre grupos de jovens teria toda força para organizar eventos de maior calibre, como o Encontro de Jovens que devia elevar-se mais no panorama do Concelho. Permitiria criar outras condições para também organizar festivais e outras actividades que trouxessem um novo paladar à nossa terra. Este C. M. J. era essencial para a promoção do trabalho desempenhado por grupos de jovens, e colaborava muito para a sua continuidade e saúde. Seria formado pelos principais movimentos juvenis do Concelho, como grupos de jovens ligados a colectividades, associações de jovens, juventudes partidárias, associações de estudantes, representantes públicos. A sua estrutura teria de ser bem organizada e com boas ligações à C. M. Arruda e I. P. J.

Temos igualmente de reflectir sobra a estrutura base de encontro entre os jovens. Queremos que se afastem da rotina do consumismo, aos encontros já involuntários nos cafés, mas para isso tem de existir condições para uma interacção entre os jovens. A Casa da Juventude ou Centro Juvenil em Arruda dos Vinhos é um pólo importante como espaço aberto à cultura, à informação e a novas ideias. Apoiamos uma Casa da Juventude que conheça bem os seus frequentadores, e idealizamo-la com sala de exposições, de criação artística, estúdio de música, auditório, sala de conferência/debates, posto de informação, bar, entre outros. Um espaço ligado à cultura, à formação e entretenimento. Solidamente um espaço onde um jovem se encontre, mas também termos consciência que temos de ir ao encontro dele. A C. J. tinha de ser um espaço que se auto-promovesse para não cair no erro de ser um investimento falhado. Mediatizar-se através de boletins informativos direccionados aos jovens, estabelecer contactos com associações, trabalhar com o Conselho Municipal de Juventude, estar a par da inovação, na criatividade, ser atractivo e apelativo.

Julgamos que estas ideias podem concretizar-se. Exige esforço e dedicação, mas acima de tudo exige responsabilidade. Os principais órgãos públicos têm de saber tomar medidas e concretizá-las, pois a responsabilidade acima de tudo são deles.

103

Estas propostas podem colaborar de alguma forma para que a força da juventude no Concelho ganhe mais vida, e nos possibilite ter uma juventude com futuro e de um futuro garantido. O espírito associativo deve fazer parte do jovem, é crucial para uma sociedade mais fraterna e com novas ideias. O Concelho necessita de investir seriamente na juventude, precisa dela, e todos nós onde quer que estejamos temos de lutar por isso, unirmo-nos.

Queremos também salientar a importância do tema neste painel na II Jornada de Desenvolvimento que na Iª Jornada não debateu a questão da Juventude. Das conclusões que se faça o melhor trabalho, e mesmo quem não acredita nestes jovens que saiba fazer o melhor para eles.

DESPORTO E JUVENTUDE NO CONCELHO DE ARRUDA DOS VINHOS - DR. RODRIGO SARAIVA (IPJ)

Agradeço, desde já, o convite da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos para a presença do IPJ nestas jornadas do desenvolvimento do concelho e daquilo que ouvi agora fico satisfeito que nestas II Jornadas tenham englobado a juventude no debate. Quando ficou decidido através da Direcção Regional a presença nestas jornadas, sendo apenas o associativismo juvenil especificamente a nível do concelho de AV a primeira coisa que fizemos foi, a nível da delegação ver que infelizmente o papel do IPJ, muitas vezes apenas como financiador, ou quem atribui subsídios, independentemente de ser directamente ou indirectamente aos jovens, foi ver nos últimos 2 anos o que tinham sido os apoios dados pelo IPJ a este concelho e não conseguimos encontrar nada. A única coisa que se encontra foi a questão que foi levantada pelo Pedro Carvalho sobre os Postos de Informação Juvenil (PIJ) que funcionam realmente com bolseiros, é essa a política desde há muito tempo, que funcionam através das Câmaras Municipais. Em 97 ou 98 foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal e o IPJ e nas informações que nós temos esse posto funcionou aqui em Arruda de 98 a 2000 ou 2001. Infelizmente, e isto é uma posição que sentimos na delegação regional de Lisboa, que infelizmente e devido à política da contenção que existe actualmente os PIJ estão a acabar, em Lisboa restam 3 PIJ onde já houveram muito mais e a partir de Janeiro serão zero.

Aquela política do PIJ baseada no IPJ vai ter de acabar e o passar a haver casas da juventude, etc., passará a ter de passar pelo poder local. A experiência que eu tenho é mais ao nível do que é o associativismo estudantil. Comecei a conhecer melhor o que é o associativismo juvenil desde que comecei a trabalhar no IPJ e voltando agora um bocado atrás, quando pensei naquilo que ia dizer em Arruda dos Vinhos, apercebi-me que havia pelo menos uma Associação Juvenil em AV que era a AJAV e pensei que o fundamental era ir transmitir a necessidade de serem criadas mais associações juvenis, havendo uma maior actividade porque ao nível daquilo que temos conhecimento na delegação se não nos pediam apoios se calhar é porque não havia nada. Eu estou a falar de uma pessoa que não está em Arruda dos Vinhos que começou a ter uma relação com Arruda recentemente, quando começou a funcionar o Concelho Municipal da Educação e com aquilo que é informação que nos chega lá. Aquilo que já ouvi, sobretudo por parte do Pedro, vontade não falta e concerteza a AJAV será, com toda essa vontade, será mais do que suficiente para fazerem actividades para os jovens de todo o concelho.

Vou passar uma pequena apresentação daquilo que é o IPJ e daquilo que é o IPJ no âmbito do associativismo e de outros programas que existem no IPJ, assim como pode haver uma participação das associações juvenis. O IPJ, actualmente naquilo que

104

é o novo Governo, responde directamente ao Secretário de Estado da Juventude e Desportos que responde directamente ao Ministro-adjunto do Primeiro-ministro, portanto à Presidência do Concelho de Ministros. O Secretário de Estado da Juventude e Desportos é o Dr. Hermínio Loureiro.

Como é que o IPJ se encontra organizado? Tem uma parte executiva daquilo que é o trabalho diário do IPJ, é feito através da sua Comissão Executiva que são três membros, e depois divide-se através daquilo que são os serviços centrais em Lisboa, que se situam na Av. da Liberdade e depois nas suas Delegações Regionais. Existe um conselho de administração que reúne esporadicamente, não sei ao certo quando é que é , e depois tem uma Comissão de Fiscalização daquilo que é o trabalho do IPJ, o trabalho desempenhado pela comissão executiva.

Acima de tudo o IPJ é uma instituição pública governamental para a área da juventude. E o que faz? Difunde, implementa programas, actividades e executa a política de juventude preconizada pela Secretaria do Estado da Juventude. Divulga eventos que não são levados a cabo pelo IPJ, no sentido de promover o associativismo juvenil e a participação activa voluntária dos jovens. O IPJ tem uma forma de trabalhar com os jovens directa e indirecta. Há programas que o IPJ leva a cabo que são directamente vocacionados para os jovens, de forma indirecta através do associativismo ou de grupos informais de jovens e através do associativismo fá-lo através do estudantil e juvenil.

Objectivos do IPJ: promover a ocupação saudável dos jovens, lúdica ou laboral, dotando-os de uma consciência cívica, estruturada num espírito crítico, inserida numa lógica interventiva de valores humanísticos, sociais e políticos. Um problema que se sente é o afastamento que os jovens sentem daquilo que é uma participação política, social, associativa.

O IPJ é uma área transversal, uma plataforma de acção entre a educação formal e informal visando dotar os jovens de instrumentos, pensamento e acção que os preparam para os novos desafios. Acima de tudo e é um papel importante que o associativismo juvenil tem de ter é na área da educação. Aquela ideia que o Pedro Carvalho deu de ser uma associação juvenil a estar a trabalhar junto de um estabelecimento de ensino é o colmatar e é um trabalho que é feito na área da educação não formal, aquilo que é o extra curricular no dia a dia da escola.

O IPJ também assume diariamente um papel fundamental em transmitir toda a informação que lhe chega, através destas áreas e através do site www.ipj.pt, há uma novidade que vai começar em 2004. Haviam muitos sites na área da juventude, se alguém se queria informar sobre algo do IPJ ia ao site, se queria saber o que era a Movijovem ia ao site www.movijovem.pt, etc. A partir de 2004 isso vai acabar, e vai passar a existir um portal, que penso que já foi apresentado há pouco tempo, mas ainda não está activo, quando se entra está numa contagem decrescente para a sua entrada no activo, que é www.juventude.gov.pt. É um portal da juventude que vai abarcar todas as áreas da juventude.

Como é que o IPJ trabalha no associativismo? Ajuda as associações de estudantes e associações juvenis. Apoia as actividades das associações juvenis e outras entidades, desde que inscritas no RNAJE, exceptuando-se as Associações de Estudantes (AE) que têm uma legislação específica à parte. As áreas de apoio a que as associações juvenis se podem candidatar são as áreas de divulgação/informação, funcionamento, assessoria, publicações, relações internacionais, assessoria jurídica, que é uma novidade. Foi efectuado um protocolo entre o IPJ e a AJAP (Associação de Jovens Advogados de Portugal), para apoio jurídico às associações juvenis, exclusivamente.

105

Nas outras áreas, que o IPJ também intervém directamente para os jovens, existem alguns programas que eu penso que são essenciais para aquilo que é o associativismo juvenil. A nível dos desportos e tempos livres temos um programa que é o Férias em Movimento, que visa promover a ocupação saudável dos jovens nos períodos de férias escolares e pausas pedagógicas, através de prática de actividades lúdicas formativas e incentivar o conhecimento de diversas regiões do país.

Como é que uma Associação Juvenil pode trabalhar nas Férias em Movimento? É ser uma entidade promotora, recebendo um apoio financeiro e logístico por parte do IPJ. A OTL é outro programa do IPJ, que tem como objectivo promover a ocupação dos tempos livres dos jovens, com o desempenho de actividades ocupacionais em conquista dos hábitos de voluntariado. Tudo o que diz respeito ao voluntariado, o IPJ vai passar a dar mais enfoque, principalmente aquilo que são programas de voluntariado. A OTL funciona muito através das CM e através das IPSS, mais uma vez as associações juvenis podem funcionar como entidades promotoras de OTL.

O OTL funciona de 1 de Julho a 15 de Setembro e tudo fica decidido até 15 de Maio. Na área da intervenção social o voluntariado jovem, que eu falei, aqui qual é o papel das associações juvenis? É mais uma vez serem entidades promotoras de programas de voluntariado, portanto tudo isto é para além daquele site que eu vos falei do “portal da juventude” este é dos poucos que se vai manter em actividade, porque é através de uma plataforma na Internet que os jovens se inscrevem e que está toda uma base de dados dos voluntários, das entidades promotoras, todos os programas de voluntariado. Portanto, há várias áreas de programas, estas são as tradicionais: apoio a crianças, apoio a idosos, apoio a portadores de deficiência, educação e alfabetização, protecção do ambiente, recuperação do património cultural, são aquelas que têm mais programas de voluntariado.

O IPJ dirige-se para jovens dos 15 aos 30 anos, há excepções e na área do voluntariado há uma grande excepção nos projectos especiais, como foi o caso da Gimnaestrada Mundial e como vai ser o caso, agora do Euro2004, que acima dos 30 anos também é o IPJ que recruta todos os voluntários e lhes dá formação. A nível de mobilidade de intercâmbio existe um programa de âmbito europeu, e aqui as associações juvenis podem participar, podem candidatar-se elas directamente a programas de intercâmbio, etc., e ser elas a fazer a ligação entre um jovem que queira voluntariado europeu. O único senão deste programa é que é um programa muito exigente e as candidaturas têm de ser muito bem trabalhadas. A nível nacional existe um comité de selecção que é muito rígido, porque existem muitas candidaturas que aparecem lá, que por muita conversa que se dê, o que eles querem é fazer turismo e o IPJ cria programas da juventude, não é para patrocinar turismo, mas realmente quem quer fazer verdadeiros intercâmbios, seja uma pessoa individualmente, seja um grupo informal, de jovens, seja uma associação juvenil. O limite neste programa é de 25 anos.

Eu deixei aqui este programa “Participação e Cidadania”, associações juvenis não participam neste programa que vou falar agora, que é o programa Hemiciclo, mas acho que é um dos melhores programas que existe na área da juventude. Isto vem de alguns anos. É conhecido vulgarmente pelo Parlamento dos Jovens e isto vai de encontro ao problema que se falou ao bocado, que é o afastamento dos jovens daquilo que é a participação associativa, política, etc., das coisas. Portanto, é o programa Hemiciclo que decorre todos os anos, tem uma fase distrital, depois quem ganha a fase distrital encontra-se numa fase nacional, que decorre sempre numa sala da Assembleia da República, ainda agora, recentemente, quem ganhou a fase nacional, depois participou numa espécie de Parlamento Europeu dos Jovens. O jogo Hemiciclo

106

é a simulação de uma Assembleia Legislativa, constituída por 30 “deputados” eleitos por sufrágio directo, que se reunirá em três sessões plenárias. Portanto, eu penso que isto é dos melhores programas que existe nas áreas da juventude apesar de não ser directamente para as associações juvenis, é directamente para os jovens através das escolas.

Penso que não terei muito mais a dizer, vou só falar rapidamente de fóruns que existem a nível nacional no âmbito daquilo que é o movimento associativo juvenil. Uma coisa que é o Concelho Nacional da Juventude (CNJ) que tem uma direcção eleita pela sua assembleia-geral. É composta por associações juvenis de Âmbito nacional. O CNJ que promove anualmente, penso que há 15 dias ou 1 mês, o Encontro Nacional da Juventude, que decorreu este ano na Fábrica da Pólvora em Oeiras, onde participaram todos os tipos de associações juvenis e estudantis. Depois existe um organismo nacional que é a Federação Nacional de Associações Juvenis que é a FNAJ, que representa as associações juvenis locais.

DEBATE

O Sr. Ângelo Santos interveio dizendo que esteve com um grande interesse a atento ao que foi aqui dito e gostaria de dizer o seguinte: o associativismo nesta parte da Confederação das Colectividades da Cultura, Recreio e Desporto está virado mais para as colectividades e associações juvenis também, aliás nós temos associações juvenis federadas na nossa confederação. Estive atento à intervenção do Pedro Carvalho da AJAV, em relação à dificuldade dos jovens nas associações juvenis. Eu sou optimista por natureza, senão não estaria também no movimento associativo, eu conheço o movimento associativo de Norte a Sul do País e por isso é que faço parte dos membros da direcção da confederação e eu queria dizer à AJAV, qual era a participação que poderiam ter através da própria participação na confederação das colectividades. É uma associação jovem, poderá integrar-se na nossa confederação das colectividades que neste momento não faz parte dessa confederação. Eu digo-vos que aqui em Arruda dos Vinhos existem praticamente 22 colectividades, pelo menos 5 são federadas, que é o Arrudense, é a União Recreativa e Desportiva de Arranhó, o Rancho Folclórico Podas e Vindimas, o Clube Recreativo e Desportivo de À-do-Barriga e a Associação Desportiva e Recreativa de Alcobela de Baixo.

E vejo com tristeza que realmente 17 colectividades, por não terem conhecimento talvez da própria confederação e realmente a AJAV, tem certas dificuldades como foi referido, em que poderiam através da nossa própria confederação, que é uma confederação também pobrezinha, vamos lá ver se em 2005 ou 2006 já temos Orçamento Geral do Estado, como têm outras federações, que têm verbas astronómicas que muitas vezes não se sabe onde são aplicadas, mas eu queria-vos dizer que temos um projecto inovador, em que já está implementado em 5 colectividades e vamos alargá-la a 2001 associações de todo o país, que é a Internet para todas as colectividades.

A associação é uma associação com dificuldades, como há bocado já disse e eu estou aqui neste painel para assistir a este associativismo de juventude e também vos queria deixar uma saúde amiga em relação ao movimento associativo, que é riquíssimo neste país. O que seria de nós se não existisse o movimento associativo no nosso país. Mas, em relação à AJAV, para terminar, queria deixar uma questão: podem candidatar-se, primeiro serem filiados na confederação de colectividades, que é uma quota simbólica anual de 35€ e depois podiam candidatar-se à instalação da Internet na própria associação de jovens, essa instalação da Internet é uma instalação que

107

durante um ano pagam uma taxa simbólica e ao fim de um ano já seria vossa pertença.

Interveio o Sr. João Bento, que começou por fazer uma crítica à organização por não estar aqui nenhum elemento do CRA, acho que também fazia aqui falta, a Comissão Representativa dos Alunos do Externato Irene de Lisboa, que acho que fazia falta, porque falando por causa daquilo de associações de jovens se calhar nesta escola conseguissem implantar uma Associação de Estudantes (AE), se calhar já iriam ficar com mais gosto pelo associativismo e seria mais fácil arranjar jovens talvez para a AJAV. E era uma fazer uma pergunta ao Sr. Rodrigo Saraiva: o que é que ele acha desta escola não ter uma AE?

O Sr. Rodrigo Saraiva respondeu, mas antes contou um episódio: o Delegado Regional de Lisboa um dia explicou-me que o IPJ, aliás a área governativa da juventude e do Desporto, tinha lugares de representação nos Concelhos Municipais de Educação, neste momento no Distrito de Lisboa, este é o único concelho que tem um Concelho Municipal de Educação (CME) a funcionar e ele disse que eu teria que representar o IPJ neste concelho, e eu tudo bem. Então toca de estudar o que eram os CME, o que era o CME em Arruda dos Vinhos, começo a ver, tem o Presidente da Câmara, a Vereadora da área, Professores, a DREL, a Polícia, a Santa Casa da Misericórdia, e eu , então isto não tem estudantes? Chego lá à reunião e pergunto já porque é que isto não tem estudantes, era o que mais faltava, eu represento ali a juventude, tenho já de perguntar porque é que os jovens não estão ali representados. E chego à reunião e fiz essa pergunta, começaram-me a explicar a realidade do ensino aqui em Arruda, portanto o ensino secundário não é dado neste concelho pelo estado, mas sim através de uma instituição privada e como era particular não tinha AE, e eu percebi que na Preparatória e na Primária nunca houve AE.

E agora o que é que eu acho? Independentemente disto ser uma instituição privada, do estado, ou privada com um contrato com o Estado, independentemente daquilo que for, deve ter, agora se estão a pensar que vai ser o Externato a ter a iniciativa de criar uma AE… eu nunca vi isso acontecer, se as AE existem em todas as escolas, universidades, etc., foi porque houve um grupo que se mexeu, a formar, a fundar, a legalizar, nunca vi ser um Concelho Directivo, a Reitoria de uma universidade, seja quem for, a nível do corpo docente a dizer criem-se enquanto AE, nunca vi ser o corpo docente a tomar essa iniciativa, têm de ser os estudantes a tomar essa iniciativa. Agora se depois lhes vão dar as condições, não sei. Acho que deviam.

O Sr. Pedro Carvalho interveio dizendo que tem conhecimento de alguns alunos do Externato que tinham interesse em formar uma AE, só que existia e acho eu que ainda existe uma “coisa”, eu chamo “coisa” àquilo que mascara um bocado a AE do Externato, o CRA, ou seja, através dos delegados de turma eleitos existe essa comissão. Eu acho que não é a mesma coisa que uma AE, acho que não tem nada a haver e tenho conhecimento de estudantes que tinham interesse em formar uma AE cá, só que o Externato não autoriza.

108

APRESENTAÇÃO DAS CONCLUSÕES

DR.ª CARLA MUNHOZ (CDU)

PAINEL QUALIDADE DE VIDA SUB-PAINEL SAÚDE

Fragilidades: Ausência de resposta ao nível do internamento no âmbito dos Cuidados Paliativos; insuficiência de recursos humanos face ás necessidades de saúde da população; imóvel inadequado ao fim a que se destina, onde está localizado o Centro de Saúde; não concentração do Atendimento Complementar na sede do Centro de Saúde, o facto do atendimento complementar ser num local distante da sede; inexistência de um serviço de atendimento em permanência.

Objectivos para o Futuro: Garantir a Acessibilidade, melhorando a acessibilidade aos cuidados e aos serviços de saúde, isto quer dizer, todos os Utentes inscritos com Médico de família; Melhorar a articulação com o Hospital Reynaldo dos Santos, hospital de Vila Franca de Xira, com marcação de consultas pelo sistema informático; dar continuidade aos projectos já em curso, nomeadamente a Unidade de Cuidados Continuados (protocolo existente entre a ARSLVT, Centro de Saúde de Arruda dos Vinhos e Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos) com 30 camas disponíveis a receber utentes referenciados a esta unidade; criar uma Unidade de Cuidados Paliativos; aumentar os recursos humanos, sendo de salientar que o Centro de Saúde foi contemplado, ultimamente, com dois médicos que vieram reforçar a equipa no activo (passaram de 4 a 6); deslocar um médico ás sedes de freguesia. Criar um Serviço de Permanente, isto é, estabelecer um protocolo entre a ARS e a Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos no sentido de garantir um atendimento permanente, Serviço Nocturno, Feriados e Fins- de-Semana. Projecto a Executar a Curto Prazo: iniciar no 1º semestre do ano 2004 a construção do novo Centro de Saúde com verba prevista em PIDDAC 2004, em terreno já existente.

PAINEL DA CULTURA

Fez-se referência à Biblioteca Municipal que deve de assumir o papel de “coração cultural” da comunidade. Um projecto desta natureza tem sucesso quando há uma conjugação de esforços entre poder central, autarquia, comunidade educativa e pais. A promoção do livro e da leitura requer formação especializada por parte de quem a pratica, nomeadamente funcionários da biblioteca, animadores, agentes de ensino, conjugando esforços conjuntos também na vertente de sensibilização aos pais e educadores em geral. O Instituto das Artes, resultante da fusão do Instituto Português de Artes e Espectáculos e o Instituto de Arte Contemporânea, através da sua lei orgânica, desenvolve a sua actividade em quatro grandes blocos de intervenção: construção e recuperação de espaços e equipamentos, estruturação de mercado; a formação de públicos e o enquadramento às actividades amadoras. Foi referida a experiência positiva com as autarquias em geral, e em particular com o nosso município num passado recente, esperando que esta relação frutifique para públicos alvo diversificados, nomeadamente: população escolar (infantil e juvenil) e população em geral, através de uma formação de públicos consistente e concertada. Arruda é um concelho rico em vestígios arqueológicos, tendo ainda muito potencial por explorar, nomeadamente ao nível do seu enquadramento regional e posição estratégica. Realça-se ainda a existência de um rico património arquitectónico de cariz popular, já em fase de descaracterização e degradação. Deste modo, importa ter um olhar atento

109

sobre a importância e singularidade deste património, que permite fazer a diferença, relativamente a outras regiões. Há uma estratégia regional e municipal para a existência de três museus no concelho de Arruda dos Vinhos: Museu da Vinha e do Vinho, em fase de projecto, a Casa Museu Irene Lisboa em Arranhó e o futuro Museu Municipal a instalar no antigo edifício dos Paços do Concelho. Estes núcleos museológicos ficarão integrados na Rota dos Museus do Oeste, tendo por objectivo disponibilizar toda a informação respeitante à rede on-line.

PAINEL ASSOCIATIVISMO, DESPORTO E JUVENTUDE

Defender o papel social das Colectividades; a necessidade de articular o Desporto Escolar com o desporto desenvolvido nas Colectividades e Associações; a necessidade de apoiar e desenvolver o Desporto Lúdico e não só o Desporto de Competição; criação de um campo sintético para instalação de um pólo da escola de Futebol do Sport Lisboa e Benfica; criação de uma Casa da Juventude; implementação de um Conselho Municipal de Juventude; necessidade de criação de uma Associação de Estudantes no Externato João Alberto Faria; criação de parcerias com o Instituto Português da Juventude; criação de um gabinete exclusivo para apoio ao Associativismo; participação de representantes dos estudantes no Conselho Municipal de Educação. E tenho dito.

DR. AUGUSTO SALGUEIRO (PS)

PAINEL DAS ACTIVIDADES ECONÓMICAS SUB-PAINEL TURISMO

Necessidade da inclusão em PDM, de empreendimentos turísticos em solo agro- florestal (não exclusivamente nas áreas de desenvolvimento turístico, que devem ter carácter excepcional), desde que obtida a declaração de interesse municipal. As margens da futura albufeira da barragem terão excelentes condições para a instalação de uma escola de golf e empreendimento hoteleiro. Arruda está estrategicamente bem localizada com abertura da A10 e a proximidade dos grandes centros urbanos, para investimentos turísticos. Relativamente à formação na área do turismo existem necessidades de formação de activos e uma maior participação das unidades hoteleiras do Concelho nessa mesma formação. Estabelecimento de parcerias entre a autarquia e a Região de Turismo do Oeste, na promoção da formação. Relativamente ao Artesanato, Cooperação entre os artesãos locais e a Associação de Artesãos do Oeste no intuito de promover o artesanato local, em exposições e eventos da região Oeste.

PAINEL QUALIDADE DE VIDA SUB-PAINEL AMBIENTE

Na questão da Gestão e Tratamento de Recursos Hídricos, será feita a substituição, por parte das Águas do Oeste, da conduta adutora Arruda-Sobral e o arranque para o próximo ano da ETAR de Arruda dos Vinhos; a construção de duas novas ETAR’s e ampliação do sistema do interceptor existente; acordo com a SimTejo para a recolha dos efluentes da freguesia de Arranhó e Santiago dos Velhos. Na questão de Resíduos Sólidos, redução em 35% da matéria orgânica existente nos Resíduos Sólidos; divulgação junto das populações do composto doméstico; implementação da recolha selectiva de matéria biodegradável; redução em 25%, até 2005, da quantidade de embalagens; e aumentar o número de Ecopontos, de forma a aumentar a recolha selectiva.

110

DR. JUDAS GONÇALVES (PSD)

PAINEL EDUCAÇÃO E CULTURA SUB-PAINEL EDUCAÇÃO

Houve dois pontos principais que foram focados, o primeiro é relativamente à Carta Escolar como sendo uma visão estratégica, que deverá ser mais discutida e perspectivando respostas adequadas ao crescimento do concelho. Depois falou-se sobre as necessidades primárias, nomeadamente, reordenamento da rede escolar; remodelação dos equipamentos escolares; necessidade de uma boa articulação, colaboração e conjugação de esforços, por parte de todos os intervenientes e parceiros: escolas, centros de formação e empresas; estudo adequado das necessidades do concelho, no sentido de desenvolver acções de formação que respondam a essas necessidades. Foi isto sobre a educação.

PAINEL ACTIVIDADES ECONÓMICAS SUB-PAINEL COMÉRCIO

É necessária a associação de pequenas e médias empresas para terem um maior poder reivindicativo e isso ajudará para conquistar um lobby na região; a ACIS referiu que existem cursos de formação profissional para os profissionais na área, nomeadamente de marketing, informática, atendimento e gestão de lojas. Também referiu que pretende, dentro de algum tempo, ter instalações fixas ou móvel em Arruda dos Vinhos, para melhor chegar aos seus associados. Falou-se, eventualmente, no crescimento e no desenvolvimento de Arruda perspectivar opções de grandes superfícies, ficou aqui uma opção em aberto, foi lançado o tema. O quarto, e último, ponto, foi o estudo do alargamento do horário para melhor servir o comércio e serviços.

PAINEL ACTIVIDADES ECONÓMICAS SUB-PAINEL INDÚSTRIA

O grande desafio que se coloca à autarquia, como entidade licenciadora e aos industriais da sucata é tornar a indústria de reciclagem numa actividade compatível com as directivas ambientais; a indústria de reciclagem pode potenciar a criação de empresas inovadoras ligadas às Universidades e outras entidades que fazem investigação e desenvolvimento de processos nesta área; a Câmara Municipal deverá dinamizar e apoiar a instalação de novas empresas; os industriais deverão apostar nas novas tecnologias, que é o futuro, nomeadamente na Internet para uma maior visibilidade e divulgação dos seus produtos.

PAINEL ACTIVIDADES ECONÓMICAS SUB-PAINEL AGRICULTURA preservação da ruralidade como factor diferenciador e de potencial para o desenvolvimento do Concelho; haver um esforço conjunto, através do associativismo e/ou parcerias com vista à junção de esforços e de uma estratégia consertada; a modernização da agricultura, na nossa região, centra-se no desenvolvimento de culturas como a da oliveira, das culturas hortícolas, da fruticultura, da vinha e em medidas, as agro-ambientais, a florestação, o agro-turismo e a construção da

111

Barragem do Rio Grande da Pipa; a Barragem deve ser tomada como um ponto dinamizador de turismo rural e ambiental e de aproveitamento agrícola. É só.

DR. HÉLDER RENATO (CMAV)

PAINEL QUALIDADE DE VIDA SUB-PAINÉIS ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E URBANISMO

O ordenamento do território é factor crucial no desenvolvimento e competitividade do concelho, assim julga-se necessário e já através do novo PDM: 1º apostar na matriz marcadamente rural, contendo uma arquitectura sustentável, procurando não quebrar a ligação entre o sistema natural e o edificado, evitando a criação de um novo núcleo suburbano de Lisboa; 2º saber aproveitar a localização do município na região onde se insere e as suas novas acessibilidades, pelas suas novas zonas industriais, como é o caso da ZIR, Núcleo Empresarial, Corredouras e Á-de-Mourão, pela construção da futura Barragem do Rio Grande da Pipa, pela futura implantação do aeroporto internacional da OTA, as quais permitirão criar uma nova centralidade e vivência que servirá como motor de desenvolvimento do concelho; 3º ainda no âmbito dos PDM’s de 2ª geração ficou patente que não se deve abrir novas frentes de urbanização sem esgotar as existentes, uma vez que conduz a desperdícios de recursos e a uma descaracterização da paisagem agrícola ou urbana que se deverá preservar no concelho, a bem das gerações vindouras; 4º na revisão do PDM têm de estar definidas as linhas orientadoras do ordenamento do território que permitam alcançar o tema principal destas duas sessões temáticas: Qualidade de Vida.

112

SESSÃO DE ENCERRAMENTO

COMUNICAÇÃO DE ENCERRAMENTO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL – SR. CARLOS LOURENÇO

Dr. Artur Torres Pereira, digníssimo Director-Geral da Universidade Atlântica Sr. Presidente da Assembleia Municipal Sr. Deputado Aos representantes dos partidos políticos Srs. Vereadores Restantes autarcas Associações A todos os que contribuíram para este evento Externato Irene Lisboa, ao Dr. Pedro Faria e Dr. Nuno Faria

Os nossos agradecimentos, a todos em especial, em particular ao Dr. Artur Torres Pereira por ter vindo até nós num Sábado. É um prazer tê-lo connosco. Um agradecimento também, muito especial, ao Externato João Alberto Faria pelas condições que nos proporcionaram, pela amabilidade, enfim, e por também nos poder proporcionar mostrar a quem vem de fora estas magníficas instalações que são vossa pertença, mas são pertença também do concelho de Arruda dos Vinhos, o que muito nos honra. A todos os convidados e oradores que estiveram connosco, pela qualidade, começando, e não querendo referenciar ninguém, mas tenho que referenciar o Sr. Arq.º Gonçalo Ribeiro Telles, muito obrigado também por estar todo o dia connosco, chegou logo de manhã cedo. Obrigado a todos os oradores, não vou discriminá-los a todos. Uma palavra também à Assembleia da República, porque esteve aqui representada no início destes trabalhos, através do 1º Secretário da Assembleia, o Dr. Duarte Pacheco, também uma referência muito especial e um agradecimento. Portanto, acho que foi um dia profícuo, que foi um dia em que falámos de Arruda e quando nós falamos de Arruda com esta participação, com este empenho, é evidente que nos sentimos felizes. Eu sinto-me duplamente, para não dizer mais feliz por várias razões. Primeiro, como disse, porque se falou de Arruda, depois porque houve contributos sem pretensiosismos, sem estarmos aqui marcadamente e politicamente a tomar posições. É uma ilação que tiramos também daqui, só com o intuito e meramente com o intuito de discutirmos, falarmos todos, vermos todos o que é melhor efectivamente para o concelho de Arruda dos Vinhos.

Depois, também satisfeito porque efectivamente há aqui uma convergência no plano traçado. Um que foi concluído, outro que se está a concluir e aquele que temos traçado também para o futuro. Só ouvi as conclusões agora, mas efectivamente é aquilo que a Câmara Municipal, aquilo que foi apontado, salvo raras excepções, uma ou outra, mas é exactamente aquilo que a Câmara Municipal delineou, executou, ou está a executar, que tem delineado para o futuro. Portanto, não quer isto dizer que Câmara já sabe tudo, não é nada isso, é sobretudo na estratégia comum, e penso que quando há uma estratégia comum, uma vontade própria em que coincidem as mesmas vontades, é muito mais fácil nós levarmos por diante esta tarefa que para todos é difícil, cada vez é mais difícil para o que nós queremos para o concelho de Arruda dos Vinhos. Sem me alongar muito mais, dizendo que estas conclusões vão ser publicitadas, vamos publicitar todas elas. Todos nós vamos ter estas conclusões muito mais alargadas, daquilo que se passou, todas elas mais refinadas, posso dizer assim porque me falta outro termo, mas vamos fazer isso para todos os que aqui estiveram, para a comunicação social que infelizmente não está em grande abundância, só em qualidade, mas vamos fazer isso para todos os Arrudenses e não só, para os que estiveram e para os que não puderam estar aqui connosco, portanto

113

isso também é um dado novo, é um valor acrescentado para todos e nós também iremos fazer, senão não chegaríamos a conclusão nenhuma.

Por outro lado, queria dizer que, e deixei isto propositadamente para último, não só os agradecimentos, mas dizer que é com muita satisfação, os senhores todos hoje repararam, tanto nalguns oradores que nós tivemos por parte da Câmara Municipal, no nosso staff que tivemos aqui, se repararam é tudo gente nova, praticamente todos formados que entraram há poucos anos na Câmara Municipal e que estiveram aqui com uma vontade, com um querer, com um gosto por aquilo que é o concelho de Arruda dos Vinhos, contradizendo tudo aquilo que se diz do funcionalismo público. É, efectivamente, uma demonstração que esta geração já não pensa como é apontado, muitas vezes, o funcionalismo público. Eles estão aqui porque querem trabalhar, defender o seu posto de trabalho, querem-se valorizar, mas sobretudo com uma componente do bem público, é por isso que estamos todos aqui. Estamos todos de parabéns e para eles pedia uma grande salva de palmas.

Portanto, depois deste êxito e depois do Dr. Artur Torres Pereira nos dizer algumas palavras, está encerrada a II Jornada de Desenvolvimento do Concelho de Arruda dos Vinhos. Muito obrigado a todos pela participação, até sempre e em termos de Jornadas, certamente que até à III Jornada, tirando a conclusão de que todos unidos iremos certamente fazer e ter um concelho de Arruda ainda melhor.

Viva Arruda dos Vinhos.

Muito Obrigado.

114

COMUNICAÇÃO DE ENCERRAMENTO DO DR. ARTUR TORRES PEREIRA

Sr. Presidente da Câmara Municipal Sr. Presidente da Assembleia Municipal Sr.ª Vereadora e Srs. Vereadores Sr. Deputado Fernando Pedro Moutinho, meu querido amigo e ex-colega Minhas Senhoras e meus Senhores

Em primeiro lugar foi, de facto, para mim uma honra enorme ter sido convidado para estar aqui, ter podido partilhar alguns dos painéis, algumas reflexões que foram feitas, tive ocasião de ver o nosso querido amigo Arq.º Gonçalo Ribeiro Telles, que saúdo vivamente, é sempre bom vê-lo e ouvi-lo. Já lhe disse a ele próprio que seria mau deixarmos de o ouvir, esperamos que continue a fazer-se ouvir por muitos e bons anos. Tive ocasião de participar nesses painéis e de também me enriquecer com aquilo que se passa em Arruda dos Vinhos. Agradeço vivamente este convite e a honra que isso representa. Quero, naturalmente, felicitar em primeiro lugar a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Em primeiro lugar porque estes debates tiveram lugar neste magnífico auditório do Externato João Alberto Faria, realmente um espaço magnifico, estamos no fundo a inaugurá-lo funcionalmente. Ele será, já sei, em breve, formalmente e institucionalmente pelo Exmo. Ministro da Educação, mas enfim nós estamos a inaugurá-lo em casa e isso para mim é uma honra maior poder dizer daqui a uns anos que pude ajudar a inaugurar funcionalmente, discutindo o futuro do concelho de Arruda dos Vinhos e, portanto, esta magnífica instalação, património do concelho, é um motivo de felicitação pelo dia de hoje.

Parabéns à Câmara Municipal em seguida porque não é comum, nós não temos muitos hábitos reflexivos na nossa sociedade e, normalmente, o planeamento dos concelhos, dos municípios e, em geral, o que quer que seja, em Portugal, não costuma ser muito planeado, não costuma ser muito reflectido, não costuma ser muito discutido e quando nós vemos num Sábado tanta gente envolvida numa discussão em volta do futuro do seu concelho e discuti-lo de uma forma elevada, de uma forma serena, de uma forma preocupada, isso não pode deixar de ser um motivo de congratulação para todos nós e de felicitação a quem promoveu esse debate, naturalmente a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal, de cujo seio saiu, tanto quanto sei, a Comissão Organizadora destas II Jornadas de Arruda dos Vinhos. Não há dúvida que, cada vez mais, a decisão tem que ser tomada com base no planeamento, em primeiro lugar, depois na discussão, no diálogo, mas depois a acção tem de ser, naturalmente, muito bem sedimentada, muito bem suportada e esta discussão que tive o privilégio de assistir hoje, dá bem a medida de solidez dessa decisão. Em segundo lugar, queria também dar os parabéns aos partidos políticos que souberam dar origem a esta discussão. O desenvolvimento é de todos e não pode ser partidarizado, mal de quem partidarize o desenvolvimento, as responsabilidades da nossa geração, desta geração é grande demais para se permitir o luxo de uma politização menor, ou seja, uma partidarização no mau sentido da palavra. Eu também quero dizer-vos que fiquei muito satisfeito, como cidadão por ver que aqui em Arruda, todos os partidos políticos estão conscientes de que o desenvolvimento é património de todos e é responsabilidade de todos, ao contrário, infelizmente, de outros sítios em que vemos os partidos políticos, às vezes, darem tão maus exemplos por outras razões. Eu hoje vim à Arruda ver o bom exemplo que os partidos políticos com sede em Arruda dos Vinhos deram, ao dar o seu contributo decisivo para o desenvolvimento do seu concelho. Os parabéns, também, aos partidos políticos e, Sr. Presidente da Assembleia Municipal, ao órgão que V. Exa. faz parte que deu origem a esta Comissão Organizadora. É bom que esta reflexão tenha aqui lugar, hoje e esse é outro factor de regozijo porque houve muitos concelhos do país, e sei do que estou a falar, tive responsabilidades na primeira Associação Nacional de Municípios Portugueses e sei o que foi esse tempo, pois

115

também se falou dos Planos Directores Municipais de 1ª geração, sei do que foi o voluntarismo de muitas intervenções no terreno. É bom que hoje o futuro seja preparado por vós com a antecipação devida, para que daqui a dez ou vinte anos não sejam outros a tomar as decisões por vós, porque houve muitos concelhos no país em que foram pessoas de fora do concelho, por interesse que porventura não teriam nada a ver com os verdadeiros interesses desses concelhos, que acabaram por tomar decisões que condicionaram decisivamente aquilo que esses concelhos são hoje. O exemplo de algumas zonas do país, o Algarve e outras do litoral, em primeiro lugar, são exemplos de como se, porventura, esta discussão tivesse tido lugar lá na altura, provavelmente o que hoje se passa em Portugal era diferente de alguns atentados urbanísticos, paisagísticos, ambientais que hoje infelizmente mais não podemos fazer que olhar com muita pena e muita mágoa.

Eu vim para cá sem saber muito bem o que havia de voz dizer, às vezes é assim, a gente vai para um sítio e não sabe muito bem o que há-de dizer, mas quando ouvi, há pouco, o Presidente da Região de Turismo do Oeste, no painel sobre o turismo falar do empreendimento do Campo Real, em Torres Vedras, eu apanhei um bocadinho a chave para quilo que vos queria dizer hoje, que eu queria partilhar convosco hoje. Disse o Dr. António Carneiro que o Campo Real é um resort de grande qualidade, com um golf magnífico, com um investimento de uma unidade hoteleira de 5 estrelas, que muito contribui para reforçar esta capacidade de acolhimento da região e do concelho respectivo, mas disse ele que esse empreendimento iria ter cem moradias, se eu bem entendi, dessas cem moradias 90% já estão vendidas e destinam-se a primeira habitação de gente que vai vir de Lisboa para cá, isto é, não é uma segunda habitação, não é uma habitação de lazer, de férias ou de fim-de-semana, mas é habitação que vai ser utilizada por gente que vai abandonar o concelho de Lisboa e vai viver para o concelho respectivo pela primeira vez. Ora, eu estive com muita atenção à intervenção do Arq.º Ribeiro Telles, partilho com ele há muitos anos, em discussões públicas e outras, alguns pontos de vista que defendemos, a questão da litoralização do país e do despovoamento do interior é, evidentemente, um dos maiores problemas que o país tem. No fundo, a ideia da Jangada de Pedra pelo peso que o litoral passa a ter, aquela faixa do litoral é uma ideia que é clara aos olhos de todos nós e esta questão e tendência tem que ser invertida, tem que ser travada e não se consegue ou travar melhor esta tendência da litoralização excessiva, do empobrecimento e da desertificação do interior, que não seja devolvendo ao interior, através dos meus adequados, a possibilidade de preservando aquilo que infelizmente já hoje não pode ser preservado em muitas áreas do litoral do país, seja na zona costeira do Atlântico, seja na zona costeira sul, Algarvia, devolver ao interior do país a possibilidade de contrariar esta tendência, isto é, de se transformar em destino já não de emigração para a orla litoral, mas de imigração de volta às zonas não urbanizadas, preservando aquilo que há a preservar, enquanto se pode preservar, daí o meu optimismo em relação às Jornadas que hoje tiveram lugar.

Eu sou licenciado em medicina e lembro-me que havia um colega meu que dizia com muita graça e a propósito dos doentes e dos antibióticos, “todos os antibióticos são bons, desde que o doente esteja em prazo de validade”, ora a analogia que se pode aplicar a este caso é a seguinte: não há dúvida que todos os territórios do país são bons, desde que as terapêuticas, as medidas que lhes possamos aplicar estejam dentro do prazo de validade. Não há dúvida que aquilo que eu assisti aqui foi proposta da aplicação de medidas enquanto o concelho de Arruda está em pleno prazo de validade. E, portanto, se o mundo rural tem os mesmos direitos que o mundo urbano, se os habitantes do mundo rural têm os mesmos direitos a uma vida de qualidade que o mundo urbano, então não há dúvida que tem que se defender, em primeira-mão, e tem que se saber preservar aquilo que já não há no mundo urbano, esta qualidade de vida intrínseca, o respeito pela natureza, o respeito pela paisagem, a construção com

116

índices que sejam atractivos para quem quer vir das cidades, de quem quer fugir das cidades de hoje, destas polis desumanas e absurdas em que converteram as cidades hoje, em que já não há cidadãos, as cidades de hoje não são compostas de cidadãos, são compostas de máquinas, os homens estão-se a transformar em máquinas e nós não somos tecnocratas, infelizmente ainda há muita gente que tem a visão do desenvolvimento na economia, nos números, de rentabilidade, conceito do lucro, o conceito que vive da especulação imobiliária, vive daquilo que se faz em transacções imobiliárias. Ora, eu fico também muito satisfeito porque constato que em Arruda dos Vinhos, a leitura das conclusões é inequívoca, há políticos que não são tecnocratas e que sabem, em diálogo com as populações e com os seus representantes preservar aquilo que de mais sagrado, eu diria, recebemos das gerações que nos antecederam e que pretendemos transmitir às gerações que nos seguem. Eu fico muito tranquilo em relação a isso.

Finalmente, queria dizer-vos que o concelho de Arruda dos Vinhos, tanto quanto eu consegui perceber, está no bom caminho. Naturalmente que aquela Comissão Organizadora que tão bem escolheu o trabalho… (confesso-vos que aquela intervenção da Dr.ª Carla Munhoz, a única coisa que destoou no consenso de todos os partidos políticos representados na Assembleia Municipal, toda a gente que participou durante todo o dia, foi aquela referência exclusiva ao Benfica… eu confesso-lhe que preferia que houvesse maior abrangência desportiva e clubística que, enfim, pudesse também estar em sintonia com todos os outros sectores aqui hoje discutidos em Arruda dos Vinhos. Mas se não puder ser, paciência, se for esse o sentimento maioritário. Pela minha parte deixo essa pequena nota, e estou seguro que as III Jornadas não deixarão também de ter em conta). Arruda dos Vinhos tem o diagnóstico bem feito, tem a situação bem identificada, não há dúvida que todos os recursos naturais têm que ser potenciados, não podem ser apenas desenvolvidos pela Câmara Municipal, as Câmaras Municipais não são hoje em dia, não podem ser actores únicos do desenvolvimento, nem as Câmaras, nem os empresários, nem os agentes económicos, nem as empresas, hoje tal como antigamente, os médicos, por exemplo, eram praticamente os únicos actores do acto curativo, ou do acto médico, hoje em dia já não é possível num Centro de Saúde, num Hospital, em qualquer acto médico pensarmos que o médico é o único actor, a medicina exerce-se através de equipas pluridisciplinares, complementares, formadas por médicos, enfermeiros, agentes técnicos, por variadíssimas profissões cuja complementaridade se traduz num objectivo essencial que é manter o cidadão num estado de saúde. Ora, o estado de saúde de um concelho também vive, não pode deixar de viver de uma complementaridade de sinergias das actividades e das funções de todos. Naturalmente que a Câmara Municipal é, em cada concelho, não pode deixar de ser, quem mais directamente está responsável por esses objectivos, mas se não houver essa complementaridade e esse trabalho em conjunto de todos, de pouco servirá um trabalho da Câmara Municipal, e essa complementaridade, essa colaboração, essa parceria entre agentes económicos, empresários, todos os actores do desenvolvimento está aqui, de facto, bem espelhada em Arruda dos Vinhos.

Depois, para além da potenciação dos recursos económicos, porque sem bases económicas sustentada, não pode haver desenvolvimento, mas o desenvolvimento não é só a sustentação da base económica, o desenvolvimento não é só economia, não pode ser só economia, nós não somos tecnocratas, a política não se faz virada para os lucros, portanto há uma outra questão que é fundamental, que é a questão dos recursos humanos, que é questão das pessoas, sem pessoas não há desenvolvimento. E para podermos ter um concelho desenvolvido, ou uma região desenvolvida, ou um país desenvolvido, ou um mundo desenvolvido, nós temos em primeiro lugar que apostar na qualificação das pessoas. E quando eu ouço, por exemplo, atribuir à Biblioteca Municipal a expressão de “coração cultural”, confesso

117

que essa expressão caiu-me muito bem, devo dizer. Acho essa expressão, sinceramente, uma expressão que me calou fundo, porque dizer de uma Biblioteca Municipal que ela é o “coração cultural” de um concelho, eu acho que essa expressão tem um valor político estimável e dá bem a dimensão em relação à transmissão da cultura do papel que de facto se determina à qualificação das pessoas no desenvolvimento de uma comunidade, neste caso de um concelho e de facto aquilo que se passou em relação às bibliotecas em todo o concelho, aquilo que eu li, aquilo que eu ouvi, o papel das escolas, a importância que se atribui à melhoria das condições de frequência escolar, seja qual for nível, de todas as crianças do concelho, é a garantia de que estão a preparar em Arruda dos Vinhos, também, pessoas mais qualificadas, pessoas mais habilitadas a poder dar o seu contributo ao desenvolvimento do concelho.

E, finalmente, ouvi aqui soluções imaginativas, ouvi, senti criatividade em Arruda dos Vinhos, ou seja, eu tive a noção plena de que há ideias para poder agarrar nos recursos naturais que o concelho de Arruda dos Vinhos tem e poder, agilizando o seu tratamento, envolvendo toda a gente no seu progresso. É possível lançar mão nesses recursos e aumentar a capacidade de atracção do concelho de Arruda dos Vinhos e dizer às pessoas: venham até nós, ajudem a nossa economia, se quiseram passem a viver connosco porque nós oferecemos uma qualidade de vida agradável sem comprometimento nenhum dos índices que faz agradável a vida de um ser Humano e ajudem-nos, participem na nossa comunidade. Entrem no nosso coração e esta mensagem é uma mensagem muito simples, devo dizer-vos que foi com enorme satisfação e com enorme alegria e também orgulho, a gente infelizmente já vai tendo tão pouco orgulho de sermos cidadãos, mas hoje senti-me orgulhoso de ser cidadão português… Miguel Torga dizia: “universal é o local menos os muros, menos as paredes”. Quero dar os parabéns à população de Arruda dos Vinhos, Sr. Presidente da Câmara, Sr. Presidente da Assembleia Municipal porque hoje as pessoas aqui presentes puderam derrubar os muros que separavam o concelho de Arruda dos Vinhos da nossa pátria grande: Portugal. Parabéns e muitas felicidades a todos.

118

PROGRAMA

09.00 H - Abertura do Secretariado e entrega de documentação 09.30 H - Sessão de abertura presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Plenário 11.00 H - Pausa para café

11.15 H – Sessões Temáticas:

EDUCAÇÃO E CULTURA Educação DREL – Dr.ª Filomena Cravo “A Educação no Concelho de Arruda dos Vinhos” A.E.J.I.A – Dr.ª Hélia Anágua “Porquê um Agrupamento de Escolas Básicas de 1.º Ciclo e Jardins-de-infância no Concelho de Arruda dos Vinhos” Externato João Alberto Faria – Dr.ª Luísa Grilo “Perspectivando o Futuro” Centro de Formação Profissional de Alverca – Dr. Carlos Agostinho “A Formação Profissional como factor de criação de emprego e riqueza” Moderador: Dr.ª Conceição Redondo

ACTIVIDADES ECONÓMICAS Comércio UAERO – Dr.ª Filomena Cravo “A Educação no Concelho de Arruda dos Vinhos” ACIS – Dr. João Barroca “O papel das Associações de Comércio na promoção do Desenvolvimento” Moderador: Dr. Luís Narciso Agricultura Leader Oeste – Dr. David Gambôa “O Plano de Desenvolvimento do Oeste” Agrocamprest – Eng. Luís Alenquer “Modernização da Agricultura” e “Construção da Barragem – Impacto na Agricultura” Moderador: Professor Doutor Manuel Lage

QUALIDADE DE VIDA Saúde Comissão Concelhia de Saúde – Dr.ª Lídia Luís “Parceria Centro de Saúde / Santa Casa da Misericórdia / Bombeiros Voluntários” ARS–Sub-região de Lisboa – Dr.ª Maria Manuela Mourão e Dr.ª Graciela Simões “Novas infra-estruturas no concelho – Estado da Saúde” Moderador: Dr.ª Carla Munhoz Ambiente Águas do Oeste - Dr. José Henrique Salgado Zenha “A Empresa Águas do Oeste – Projecto” Resioeste – Eng. José Damas Antunes “Resíduos Sólidos Urbanos – Que futuro?” Moderador: Eng. Augusto Salgueiro

ASSOCIATIVISMO/ DESPORTO E JUVENTUDE Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto – Dr. Augusto Flor “Associativismo: Tradição / Inovação / Qualificação” Externato João Alberto Faria – Dr. Onofre Pintor, Dr. Nuno Mourão e Dr. Delfim Barreira “Desporto e Juventude no Concelho de Arruda dos Vinhos” Moderador: Dr. José Carlos Oliveira

13.00 H - Almoço

119

14.30 H - Continuação das sessões temáticas:

EDUCAÇÃO E CULTURA Cultura IPLB – Dr.ª Maria Carlos Loureiro “O papel das Bibliotecas Públicas na dinamização cultural das comunidades” Instituto das Artes – Dr. Paulo Carretas “Programas de Incentivo e Apoio ao Desenvolvimento das Artes” Assembleia Distrital de Lisboa – Dr. Guilherme Cardoso “Património Arqueológico e Arquitectura popular em Arruda dos Vinhos” Associação de Municípios do Oeste – Eng.ª Ana Paula Neves “A Rota dos Museus do Oeste: Objectivos e Implementação” Moderador: Dr. Rogério Correia

ACTIVIDADES ECONÓMICAS Indústria ACIS – Eng. Carlos Monteiro “A inovação tecnológica e “A adopção das directivas ambientais na indústria” CMAV – Eng. Lélio Raimundo Lourenço “Reciclagem de sucatas – uma industria de futuro para o concelho de Arruda dos Vinhos Moderador: Eng. Luís Girbal Turismo Região de Turismo do Oeste – Dr. António Carneiro, Dr. Mário Henrique Carvalho e Dr. Daniel Pinto “Rotas do Oeste – Rota da Vinha e do Vinho, Rota dos Moinhos e Rota das Linhas de Torres” e “Programas de Incentivo ao Investimento e potencialidades de formação no sector” Associação de Artesão do Oeste – Dr.ª Ana Bom “A importância do artesanato enquanto vector de promoção turística e cultural” Moderador: Sr. André Rijo

QUALIDADE DE VIDA Ordenamento do Território CCDR-LVT – Eng. António Ferreira “Medidas de âmbito regional com impacto no Concelho de Arruda dos Vinhos” DGOTDU – Arq. João Manuel Biencard Cruz “Ordenamento do Território e gestão de interesses locais” Moderador: Dr. Hélder Renato Urbanismo FBO – Arq. Maria Antonieta Matos “PDM’s 2.ª Geração – Expansão Urbana no Concelho de Arruda dos Vinhos” Arq. Gonçalo Ribeiro Teles “Estrutura Ecológica do Concelho de Arruda dos Vinhos” Moderador: Arq. Renato Batalha

ASSOCIATIVISMO/ DESPORTO E JUVENTUDE Dr.ª Helena Costa – Implantação de uma escolinha do Benfica em Arruda dos Vinhos AJAV – Sr.ª Andreia Ferreira e Sr. Pedro Carvalho IPJ – Dr. Rodrigo Saraiva “Desporto e Juventude no Concelho de Arruda dos Vinhos” Moderador: Dr. Nelson Quintino

16.30 H - Pausa para café 17.00 H - Apresentação das conclusões 17.30 H - Sessão de encerramento presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos

120