Determinantes da eficiência financeira e esportiva de clubes de futebol brasileiros

GABRIEL SANTOS CARVALHO Universidade Federal de São Carlos FLÁVIO LEONEL DE CARVALHO Universidade Federal de São Carlos

Resumo A presente pesquisa busca medir a eficiência financeira e esportiva dos clubes de futebol brasileiros e identificar fatores determinantes da eficiência. Foram analisados os relatórios financeiros de 40 clubes nos anos de 2015 a 2017, período posterior à aprovação do Programa de Modernização da Gestão de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (PROFUT). O método utilizado para determinar a eficiência financeira e esportiva foi a Análise por Envoltória de Dados (DEA), técnica de pesquisa operacional usada para avaliar a eficiência produtiva de DMU (decision making units), nesse caso, clubes de futebol, em transformar recursos (inputs) em produtos (outputs). Foi utilizando o retorno de escala variável com orientação para o output. Os outputs da eficiência financeira e esportiva foram respectivamente a Receita Operacional Bruta das equipes e a pontuação no Ranking de Clubes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O input comum em ambas às dimensões foram as despesas totais. Na dimensão esportiva, Athlético-PR e Santos mostraram-se os mais eficientes. Na dimensão financeira, o Flamengo-RJ apresentou o melhor resultado no período analisado. Para identificar os determinantes da eficiência obtida por meio da DEA, utilizou-se o modelo de regressão linear, cujas variáveis independentes Endividamento, Tamanho apresentaram significância estatística e coeficiente negativo, o que indica que quanto maior e mais endividado o clube, menos eficiente. A variável Rentabilidade dos ativos mostrou-se estatisticamente significativa com relacionamento positivo com a eficiência. Os resultados da pesquisa indicam que os clubes estão altamente endividados, são pouco eficientes financeiramente e que não há relação entre a eficiência financeira e esportiva.

Palavras-chave: Eficiência financeira, eficiência esportiva, clubes de futebol.

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1 INTRODUÇÃO

O futebol é uma paixão nacional. Além de atrair milhões de espectadores, nos estádios ou na televisão, os lances, as escalações, estratégias e a arbitragem são assuntos de conversas recorrentes durante o dia-a-dia das pessoas. Toda essa paixão gera recursos para clubes por meio da venda de ingressos, direitos de transmissão, patrocínios e venda de materiais esportivos. Para exemplificar a dimensão do esporte, um levantamento anual da empresa de auditoria Delloite (2019a) verificou que apenas na temporada 2017/2018 o faturamento dos 20 maiores clubes da Europa superaram 8,3 bilhões de euros. Além disso, a final do campeonato europeu de 2014 foi visto por 380 milhões de pessoas em mais de 200 países (UEFA, 2014). Assim como os resultados dos jogos, grandes contratações e polêmicas, casos de corrupção e má-administração, são notícias frequentes nos jornais. Recentemente a polícia iniciou uma investigação contra a diretoria de um grande clube mineiro por indícios de pagamentos suspeitos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro (Moreira & Capelo, 2019). Outro exemplo é um levantamento da Folha de São Paulo, que verificou que em 2019, metade dos clubes da primeira divisão do campeonato brasileiro atrasaram o pagamento de atletas (Gabriel, 2019). Diversas ações governamentais buscaram reverter essa situação. Nesse sentido, pode-se citar a Lei 8.672/93 (Brasil, 1993), conhecida como Lei ; a Lei nº 9.615/98 (Brasil, 1998), conhecida como Lei Pelé e, mais recentemente a Lei nº 13.155 de 2015 (Brasil, 2015), que consistiu na criação do o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (PROFUT). A Lei 8.672/93, Lei Zico, buscou legislar sobre a participação do setor privado no esporte, estabelecer a justiça desportiva e possibilitar aos clubes transformarem-se em entidades comerciais (Rezende & Custódio, 2012; Rezende & Dalmácio, 2015; Silva, Santos, & Cunha, 2017). Visto que os clubes não aderiram a esse ordenamento jurídico, foi criada em seguida a Lei nº 9.615/98, lei Pelé, que determinou um prazo de três anos para o estabelecimento dos clubes-empresas, além da extinção do passe. A lei Pelé também definia que os clubes deveriam ser transformados em pessoas jurídicas e ter um estatuto (Rezende & Custódio, 2012; Rezende, Salgado, Ribeiro, & Dalmácio, 2008). A Lei nº 9.615/98 posteriormente foi alterada pela medida provisória nº 79/02 e então convertida na Lei nº 10.672/2003, que retirou a obrigatoriedade dos clubes em se tornarem empresas, mas tornou mandatória a divulgação de suas demonstrações contábeis (Dantas & Boente, 2012; Silva et al., 2017). A última ação com o objetivo de regulamentação do setor foi a Lei nº 13.155 de 2015, que estabeleceu a criação do o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (PROFUT), possibilitando o parcelamento das dívidas tributárias e previdenciárias dos clubes, com redução de 70% (setenta por cento) das multas, 40% (quarenta por cento) dos juros e 100% (cem por cento) dos encargos legais (Brasil, 2015). Com tantas mudanças na gestão do futebol, questiona-se se as novas legislações foram efetivas para aumentar a eficiência dos clubes, aumentando o nível profissionalização do esporte e otimizando seu desempenho financeiro e esportivo. Aprofunda-se, portanto a necessidade de um maior conhecimento das finanças dos principais clubes do país, para medir os impactos dessas mudanças na gestão e nos resultados apresentados pelos clubes. Além disso, há também o questionamento dos torcedores e dirigentes em saber se os recursos utilizados pelo clube estão sendo empregados de forma eficiente.

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Uma maneira de medir se os resultados apresentados pelos times estão compatíveis com os desembolsos realizados é a análise da eficiência. Diferente de simples indicadores financeiros, a análise da eficiência permite medir de maneira clara a performance. Listando os clubes mais e menos eficientes, é possível investigar quais os fatores que resultam em uma maior ou menor eficiência, orientando as ações dos gestores do futebol em áreas de potencial melhoria. Além disso, os resultados da pesquisa podem servir de benchmarking, inspirando ações aos demais clubes. Alguns autores têm estudado a eficiência dos clubes de futebol e seus determinantes, (Barros, Assaf, & Sá-Earp, 2010; Dantas, Machado, & Macedo, 2015; Freitas, Flach, & Farias, 2017), contudo, a implementação e consolidação do PROFUT torna a análise da eficiência novamente relevante, visto que as exigências determinadas em lei para participação no programa objetivam modernizar a gestão dos clubes, através de princípios de governança e responsabilidade fiscal. Assim, o presente artigo busca estudar a eficiência dos clubes, verificando quais os clubes tiveram melhor desempenho na transformação de recursos em resultados dentro e fora de campo e identificando os fatores determinantes da eficiência. Essa pesquisa diferencia-se dos demais pelo período analisado, posterior ao PROFUT, de 2015 a 2017, que permite verificar as possíveis mudanças na eficiência média dos clubes após a aprovação da legislação. Além disso, há também diferenças metodológicas, baseadas na escolha os inputs e variáveis independentes do modelo.

2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Contexto Mercado Brasileiro de Futebol O futebol é uma das maiores indústrias de entretenimento do mundo (Haas, 2003). Apenas na Europa, o mercado futebol movimentou 28,4 bilhões de euros na temporada 2017/2018 (Deloitte, 2019b). Além da importância econômica, o futebol pode contribuir com a convivência pacífica entre os povos, criando canais diplomáticos entre países hostis e facilitando a reaproximação entre pessoas de diferentes grupos sociais, religiões e nacionalidades. Para defender essa ideia, Hough (2008) cita os campeonatos amistosos realizados pelo Santos de Pelé na Nigéria em 1969, que buscavam amenizar as tensões da guerra civil que ocorria no país, e que resultaram em um cessar fogo de três dias para que a população local pudesse acompanhar os eventos. Outro caso mencionado pelo autor foi a escolha da Coreia e Japão como países sede da copa do mundo de 2002, possibilitando uma reaproximação política entre duas potências asiáticas rivais há muitos anos. Os clubes de futebol brasileiros são em sua maioria entidades sem fins lucrativos (Dantas & Boente, 2012; Rezende & Custódio, 2012; Rezende, Facure, & Dalmácio, 2009), o que indica que essas organizações não objetivam o lucro, mas sim a otimização do retorno social através dos serviços prestados, nesse caso, entretenimento através do espetáculo do esporte (Rezende et al., 2009). Contudo, é importante destacar que a continuidade das atividades de entidades sem fins lucrativos dependem de resultados financeiros positivos. Estudos recentes verificaram que além do resultado dentro de campo, o resultado financeiro tem se tornado igualmente importante para os clubes (C. A. P. de Carvalho, Gonçalves, & Alcântara, 2003; Rodrigues & Silva, 2006) Ao contrário de outras organizações, movidas pela oferta e demanda, o futebol é movido pela paixão dos torcedores. Essa paixão dos fãs pelo esporte se traduz em audiência, ingressos, publicidade e compra de materiais esportivos, gerando receitas para os clubes. Com os recursos obtidos dos fãs, os clubes buscam o melhor desempenho esportivo através de contratações, altos salários, investimentos em estrutura e nas categorias de base (Dantas & Boente, 2011).

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Leoncini (2001) afirma que os clubes de futebol possuem clientes finais, os torcedores, que geram receita para o clube na compra de ingressos e merchandising, e clientes intermediários, as empresas, que utilizam a mídia gerada pelos campeonatos, clubes e jogadores como instrumento de promoção de negócios, marcas e produtos. Os clientes intermediários podem ser divididos em intermediador industrial, que busca utilizar o marketing esportivo para promoção dos seus produtos através de patrocínios e publicidades estáticas, e intermediador de revenda (TV e empresas licenciadas), que adquirem diretos de transmissão, licenciamento de produtos e loterias para revenda. Em ambos os casos, seja direta ou indiretamente, o público alvo são os torcedores do clube, o que os torna fator chave para geração de receita das equipes (Rezende, 2004). Por consequência, o sucesso dos clubes depende da minimização dos conflitos com seus torcedores (Rezende & Dalmácio, 2015), proporcionando a eles de um bom espetáculo, com alto desempenho esportivo, conforto e segurança nos estádios, contratação de grandes jogadores e retenção de jovens promissores. Freitas et al (2017) afirmam que é incomum clubes irem à falência devido à lealdade dos seus clientes (torcedores), que continuam gerando receita mesmo quando insatisfeitos com a qualidade do espetáculo. Esse comportamento paradoxal foi o objeto do estudo de Espartel, Müller Neto e Pompiano (2009), que verificaram que nem a satisfação ou a confiança no clube estão relacionadas com a lealdade dos torcedores, e sim na percepção de valor derivado na troca, ou seja, a lealdade é construída caso o torcedor perceba que seu esforço (torcer, acompanhar e consumir produtos do clube) traz benefícios suficientes. A pesquisa também conclui que o desempenho em campo é o elemento chave para aumentar a percepção de valor gerada pelo clube aos seus torcedores. Além da geração de receita com os mercados consumidores do espetáculo, existe um mercado secundário, movido pela negociação de jogadores entre os clubes (Leoncini & Silva, 2005; Rezende et al., 2008). Para os clubes desportivos, ao contrário da maioria das organizações, os recursos humanos são considerados ativos. Segundo a CPC 04 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2009) “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”. Em todas as organizações, os funcionários certamente podem gerar benefícios futuros, contudo os clubes de futebol em particular possuem o direito de exigir exclusividade, reter e negociar o contrato dos funcionários/atletas, o que não acontece em empresas cujos colaboradores podem solicitar o desligamento a qualquer momento (Rezende, 2004).

2.2. Deficiências na Gestão do Futebol Apensar da grande relevância social, da expressiva movimentação financeira e das diversas legislações criadas para regulamentar à atividade desportiva, problemas financeiros dos clubes de futebol têm sido noticiados frequentemente nos últimos anos, em casos como atrasos nos pagamentos de salários e direitos de imagem de jogadores, disputas judiciais com fornecedores, atrasos no pagamento de acordos de compra de atletas e aumento do endividamento fiscal e bancário. Diversos autores têm analisado o endividamento dos clubes para identificar seus determinantes e avaliar o risco na continuidade das operações. Jahara, Mello e Afonso (2016) estudaram os indicadores financeiros dos clubes de futebol em 2014. A pesquisa aponta que, de 20 clubes analisados, apenas um clube (Atlético Paranaense) apresentou liquidez corrente suficiente para cumprir com seus compromissos de curto prazo. Na análise da liquidez geral, que considera endividamento de longo prazo, nenhum dos clubes possuía recursos suficientes

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para arcar com os compromissos estabelecidos, visto que no estudo nenhum apresentou o indicador de liquidez geral com valor maior que um. Dantas, Freitas, Costa, & Barbosa (2017) buscaram identificar a causa do endividamento dos clubes com base em indicadores financeiros e também no desempenho em campo, partindo da premissa que o desempenho esportivo tem influência no desempenho financeiro dos clubes (Barros et al., 2010; Dantas et al., 2015; Haas, 2003; Nascimento, Nossa, Bernardes, & Sousa, 2015). A pesquisa verificou times com maior rentabilidade (ROA), liquidez corrente e faturamento possuem menores níveis de endividamento. Por outro lado, clubes com maior endividamento estão relacionados a um maior índice de despesas sobre o ativo, assim como as dummys para os clubes da primeira divisão e para os classificados como os 12 maiores do país. Brandão (2012) pontua que uma das causas do insucesso financeiro dos clubes está associada a gestão não profissional dos clubes, como exemplo pontua as más contratações de atletas realizadas por dirigentes, simplesmente por que houve disponibilidade de um atleta no mercado, não necessariamente porque o clube precisa de um jogador com aquelas características. Essa tese vai de encontro com os estudos de Leoncini (2001), que relata essa situação como um exemplo típico de uma decisão tomada com base na emoção ao invés da razão, em prol de pressões sociais e interesses políticos. Desse modo, a solução para os problemas nos clubes de futebol surgem da busca pela racionalização no uso dos recursos e profissionalização da gestão, em outras palavras, de uma gestão mais eficiente.

2.3. Desempenho e a Eficiência Esportiva e Financeira A relação entre a eficiência esportiva e financeira tem sido objeto de estudo de diversos autores nos últimos anos. Sendo que os autores analisados (Barros et al., 2010; Carvalho, 2015; Dantas et al., 2015; Freitas et al., 2017; Haas, 2003; Nascimento et al., 2015; Pereira, Júnior, Kronbauer, & Abrantes, 2015; Ribeiro & Lima, 2012), utilizaram a Análise por Envoltória de Dados como método para determinar a eficiência das equipes de futebol. Haas (2003) verificou se os salários dos jogadores e treinadores geraram benefícios para os clubes nas perspectivas esportiva, medida pelo número de pontos na liga de futebol americana (MLS), na perspectiva do entretenimento, calculada pelo número de torcedores nos estádios e na perpectiva financeira, avaliada pelo faturamento dos clubes. Além de determinar quais os clubes mais eficientes da temporada, Haas concluiu que o sucesso em campo é fator fundamental para eficiência no entretenimento dos torcedores e para a geração de receita para os clubes. No Brasil, Barros et al (2010) estudaram a eficiência de 20 clubes nas temporadas de 2006 e 2007. Concluiram que o desempenho em campo tem relação direta com a eficiência dos clubes, indicando que clubes eficientes apresentam bom desempenho financeiro e esportivo. Além disso, rejeitaram a hipotese que o tamanho ou a localização dos clubes tenha impacto na eficiência dos times no futebol brasileiro. Ribeiro & Lima (2012) estudaram o desempenho dos clubes portugueses de 2002 a 2008 com base nos salários pagos e a pontuação dos clubes no campeonato nacional, e concluíram que os clubes estão gastando mais do que deveriam, visto que a utilização desses recursos não está sendo eficiente. Além disso, concluiram que uma maior variação nos salários pagos contribui com a eficiência da equipe (Tournament theory). Pereira et al (2015) pesquisaram a eficiência esportiva de 20 clubes brasileiros em 2012. Os autores verificaram que mesmo clubes mais bem colocados no ranking da CBF foram considerados ineficientes, pois utilizaram uma quantidade muito maior de recursos do que

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deveriam. Por outro lado, a pesquisa também concluiu que os clubes eficientes possuiam maior fragilidade financeira, visto que esses clubes apresentaram maior nível de endividamento e passivo a descoberto, o que difere dos estudos de Haas (2003) e Barros et al (2010). Nascimento et al (2015) fizeram uma análise longitudional da eficiência dos clubes brasileiros, medindo seu desempenho de 2006 a 2011, nas dimensões financeira e esportiva. Os resutados da pesquisa indicam que há significância na correlação entre os desempenhos financeiros e desportivos. Além disso, a pesquisa aponta significância na correlação positiva entre o custo do departamento do futebol e o ranking da CBF, possibilitando argumentar que maior investimento em salários e contratações possibilita um melhor desempenho desportivo. Carvalho (2015) avaliou o desempenho de 15 clubes campeões europeus de 2009 a 2014. Os insumos escollhidos para a análise foram as despesas gerais e as despesas com pessoal. Os produtos gerados foram as receitas gerais, receitas de direitos televisivos, receitas comerciais, receitas de jogo e o coeficiente de pontos nos respectivos campeonatos nacionais. A pesquisa concluiu que dois terços dos clubes campeões apresentaram eficiência máxima e mesmo os demais apresentaram boa eficiência. Dantas et al (2015) analisaram a desempenho de 36 clubes brasileiros. Além disso utilizaram uma regressão para definir os fatores determinantes da eficiência. O estudo concluiu que títulos e a divisão do clube no campeonato brasileiro apresentam relação com o eficiência financeira e esportiva, hipótese também confirmada por Freitas et al (2017). Além disso, Dantas et al (2015) verificaram que as variáveis nível de endividamento e passivo a descoberto não apresentam significância estatística com o desempenho. A relação entre o desempenho financeiro e esportivo também foi estudada por Santos, Dani & Hein (2016), que utilizaram o método multicritério para tomada de decisão VIKOR e correlação de Kendall para estudar a relação entre a pontuação do ranking da CBF e indicadores financeiros de 36 clubes de futebol. Os autores não encontraram significância nessa relação, o que indica que o desempenho esportivo pode não ter efeito positivo no desempenho financeiro das equipes, visto que diversos clubes brasileiros apresentam boas pontuações no ranking da CBF e situações financeiras ruins, o que difere dos estudos de Haas (2003) e Barros et al (2010) e Nascimento et al (2015). Embora diversos autores tenham estudado a eficiência dos clubes de futebol, poucos deles investigaram os fatores determinantes dessa eficiência. Além disso, os autores anteriores não mediram de forma separada as eficiências esportiva e financeira, o que poderia identificar fatores determinantes para cada dimensão. Por isso, o presente estudo tem como objetivo analisar a eficiência dos clubes e identificar os seus determinantes nas perspectivas esportivas e financeira separadamente.

3 METODOLOGIA Tendo em vista o objetivo da pesquisa, qual seja, analisar a eficiência e identificar seus fatores determinantes, o trabalho será dividido em duas partes. A primeira parte busca a determinação da eficiência financeira e esportiva dos clubes de futebol brasileiros, para isso será empregada a Análise por Envoltória de Dados. A segunda parte consiste em identificar os determinantes da eficiência. Para isso, coletaram-se dados referentes às demonstrações contábeis nos sítios das federações e dos clubes. Entretanto, apesar da obrigação legal (Brasil, 2015), diversos clubes não disponibilizam as demonstrações financeiras nos seus sítios eletrônicos ou nos seus sítios das federações. A baixa evidenciação dos clubes de futebol já foi constatada por Mayer (2017), que verificou que a disponibilidade das demonstrações e qualidade das informações financeiras acompanha o tamanho dos clubes, pois embora grandes

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clubes tendem a apresentar demonstrações mais completas, clubes de menor porte nem sempre divulgam suas demonstrações. Partindo do topo do ranking da CBF, foram pesquisados os dados financeiros de um total de 80 clubes, dos quais 40 foram selecionados para a pesquisa. A amostra, portanto, é não probabilística, pois os dados foram escolhidos de acordo com a sua disponibilidade.

3.1. Análise por Envoltória de Dados O método utilizado para determinar a eficiência dos clubes será a Análise por Envoltória de Dados. A DEA é uma técnica de pesquisa operacional que permite à determinação da eficiência produtiva de uma unidade de tomada de decisão (Decision Making Unit - DMU) na transformação de múltiplas entradas (inputs) em saídas (outputs) (Cooper, Seiford, & Zhu, 2004; Haas, 2003; Mariano, 2012). A DEA permite a construção de uma fronteira para separar as DMU eficientes das não eficientes. As DMU eficientes, localizadas na fronteira do plano, são aquelas que melhor transformam os insumos (inputs) em produtos (outputs). Já as DMU ineficientes estão localizadas abaixo da fronteira, e sua eficiência é medida pela distância até as DMU eficientes. A Análise por Envoltória de Dados é capaz de encontrar o conjunto de pesos que maximiza a eficiência da DMU, permitindo a utilização de diversas variáveis como inputs e outputs, sem que seja necessário converter os dados a uma base comum (Mariano, 2012). Essa característica torna a DEA indicada para análise de clubes de futebol, pois permite utilizar dados financeiros e ou não financeiros, como por exemplo, medidas para o desempenho esportivo e o valor das receitas ou despesas dos clubes (Dantas & Boente, 2012). A DEA possui diferentes modelos, que variam de acordo com seus pressupostos. Os dois principais modelos da DEA são o CRS (Constante Returns to Scale – Retorno constante de escala), também conhecido por CCR, em homenagem a Charnes, Cooper e Rhodes (1978), que desenvolveram a técnica em 1978. O segundo modelo é o VRS (Variable Return to Scale – VRS), também conhecido por BCC, em homenagem a seus criadores Banker, Charnes e Cooper (1984). A diferença entre os dois modelos, como seus nomes indicam, é o tipo de retorno de escala (Mariano, 2012; Melo, Boente, Vieira, & Braga, 2005; Nova & Santos, 2008). A hipótese de retorno constante considera que os outputs variam de forma constante em todas as regiões da fronteira de eficiência, e permite uma avaliação objetiva da eficiência global e identificar as fontes de ineficiência (Melo et al., 2005). O retorno variável considera que os outputs não variam de forma proporcional aos inputs em todas as regiões da fronteira, havendo regiões em que o retorno é crescente, em que os outputs aumentam proporcionalmente mais que on inputs, regiões de retorno constante, com outputs proporcionais aos inputs e regiões de retorno decrescente, cujos outputs variam proporcionalmente menos que os inputs (Mariano, 2012). Ambos os modelos podem ter orientação para os inputs ou outputs. A orientação para os inputs determina, com base nos outputs produzidos, quanto os inputs poderiam ser reduzidos. Já o modelo orientado para os outputs busca analisar quanto os outputs poderiam ser aumentados com base nos inputs utilizados (Mariano, 2012; Nova & Santos, 2008) Na presente pesquisa, o retorno de escala variável foi definido para minimizar o efeito da disparidade entre os dados dos clubes devido à diferença de tamanho dos times, a exemplo de Barros et al (2010) e Dantas et al (2015). A orientação escolhida foi para o produto (output), verificando, portanto, qual o resultado máximo possível para os insumos (inputs) utilizados. Revisando a literatura, não foi possível identificar um consenso entre os inputs e outputs utilizados pelos diversos autores na análise da eficiência, contudo, em geral, as pesquisas

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buscam medir a eficiência dos clubes com base no sucesso esportivo e financeiro, o que remete aos principais objetivos dos clubes, entretenimento através do esporte e geração de receita para assegurar a continuidade das atividades. Para medir a eficiência esportiva, o output escolhido foi o ranking de clubes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que mede o desempenho desportivo dos clubes em diversas competições, a exemplo de Nascimento et al (2015) e Dantas et al (2015). O ranking da CBF possui um sistema que melhor pontua os clubes nas primeiras divisões do campeonato brasileiro, assim como os times com melhor desempenho na Copa do Brasil e competições internacionais. Dantas et al (2015) argumentam que o ranking da CBF é uma proxy preferível ao aproveitamento dos pontos, justamente por considerar diferente a pontuação das diferentes divisões. Para medir a eficiência financeira o output escolhido foi a receita operacional gerada pelos clubes, com base nos trabalhos de Barros et al (2010), Nascimento et al (2015) e Freitas et al (2017). A receita operacional mede a capacidade dos times de atrair recursos, fundamentais para manutenção e continuidade das equipes. A variável escolhida como insumo para a pesquisa foram as despesas totais, baseada na variável utilizada por Pereira et al (2015), composta pela soma de todas as despesas e custos necessários à manutenção das atividades do clube. Essa variável foi coletada das informações contábeis dos clubes, dada pela subtração da receita líquida pelo superávit/déficit do período, do qual se retira o efeito do resultado financeiro.

3.2. Regressão com Dados em Painel Para identificar os fatores determinantes da eficiência, será utilizado o modelo de regressão com dados em painel. O modelo de regressão permite identificar variáveis que possuem alguma relação de significância com as variáveis dependentes (Dantas et al., 2015; Freitas et al., 2017) As variáveis independentes escolhidas na análise da Eficiência Esportiva foram os indicadores financeiros Liquidez Corrente, Rentabilidade, Endividamento e Tamanho. No estudo da Eficiência Financeira, adicionam-se aos indicadores financeiros as informações qualitativas Passivo a Descoberto, Títulos, Série A, Grandes 12, Promovidos e Rebaixados, tratadas como variável binária. As dummys citadas, assim como a variável de endividamento, foram escolhidas com base no trabalho de Dantas et al (2015). O Quadro 1 sintetiza as variáveis, forma de cálculo e sinal esperado para o coeficiente da regressão. Para a variável Títulos, foram considerados os campeonatos Libertadores da América, Campeonato Brasileiro (todas as divisões), Copa do Brasil, Sul-americana, e todos os Campeonatos Estaduais (primeira divisão). Os 12 Grandes, de acordo com Dantas, Machado e Macedo (2015) são: Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.

Variáveis independentes Cálculo Sinal Liquidez Corrente (LC) Ativo Circulante / Passivo Circulante + Rentabilidade (RA) Resultado (superávit ou déficit) / Ativo Total + Endividamento (Endiv) Passivo Total / Ativo Total - Tamanho (Tam) Logaritmo Natural do Ativo Total + Passivo a descoberto (PD) 1 para clubes com PL negativo, 0 para os demais - Títulos 1 para clubes que conquistaram títulos, 0 para os demais + Série A 1 para clubes na Série A do campeonato brasileiro, 0 para os demais + 8 www.congressousp.fipecafi.org

Grandes 12 (G12) 1 para os 12 grandes clubes, 0 para os demais + 1 para clubes promovidos a série superior do Campeonato Brasileiro ou Promovidos (Prom) + classificados para a no ano seguinte, 0 caso contrário 1 para clubes rebaixados para a divisão inferior do Campeonato Brasileiro, 0 Rebaixados (Rebaix) - caso contrário Quadro 1. Sinal refere-se aos sinais esperados dos coeficientes das variáveis independentes em relação à Eficiência Financeira e Eficiência Esportiva que são as variáveis dependentes. Fonte: Elaborado pelo autor.

Visto que o ranking da CBF, output da dimensão esportiva na DEA, já pontua os clubes de acordo com os títulos conquistados e a posição dos clubes nos campeonatos, não faz sentido utilizar esses indicadores para identificar os fatores determinantes da eficiência esportiva. As equações de cada modelo estão detalhadas abaixo:

퐸퐸푖,푡 = 훽0 + 훽1퐿퐶푖,푡 + 훽2푅퐴푖,푡 + 훽3퐸푛푑푖푣푖,푡 + 훽4푇푎푚푖,푡 + 훽5푃퐷푖,푡 + 휖푖,푡 (1)

퐸퐹푖,푡 = 훽0 + 훽1퐿퐶푖,푡 + 훽2푅퐴푖,푡 + 훽3퐸푛푑푖푣푖,푡 + 훽4푇푎푚푖,푡 + 훽5푃퐷푖,푡 + 훽6푇í푡푢푙표푠푖,푡 + 훽7푆푒푟푖푒퐴푖,푡 (2) + 훽8퐺12푖,푡 + 훽9푃푟표푚푖,푡 + 훽10푅푒푏푎푖푥푖,푡 + 휖푖,푡 onde EE representa a Eficiência Esportiva; EF representa a Eficiência Financeira; LC trata-se da Liquidez Corrente; RA refere-se a rentabilidade do clube medida pela relação entre Resultado e Ativo Total; Endiv representa o nível de Endividamento; Tam trata-se do Tamanho, avaliado pelo logaritmo natural do Ativo Total; PD representa a variável binária para clubes com Passivo a Descoberto; Títulos é uma variável binária que recebe 1 se o clube obteve algum título; Série A trata-se da variável binária que recebe 1 se o clube faz parte da série A e zero, caso contrário; G12 refere-se aos 12 maiores clubes, conforme Dantas et al (2015); Prom trata-se de dummy para times promovidos de divisão/classificados para a libertadores ou não; Rebaix refere-se aos times que foram rebaixados de divisão no campeonato brasileiro. Para realizar a Análise por Envoltória de Dados foi utilizado o software DEAP versão 2.1 e para a regressão, o software Stata.

4 RESULTADOS A apresentação dos resultados da presente pesquisa será dividida em três subseções: a primeira trata-se da Análise Descritiva. Em seguida será analisada a Eficiência Esportiva e Financeira dos clubes, utilizando a Análise por Envoltória de Dados. Por fim, serão apresentados os resultados da Regressão com Dados em Painel e significância das variáveis, com a finalidade de identificar fatores determinantes da eficiência.

4.1. Análise Descritiva Observa-se inicialmente na Tabela 1 o ranking da CBF, determinado pela posição dos clubes no Campeonato Brasileiro e desempenho em competições nacionais e internacionais, tem seu valor máximo representado por ambos Palmeiras-SP e Cruzeiro-MG em 2017, campeões do Campeonato Brasileiro série A de 2016 e da Copa do Brasil de 2017, respectivamente, e o valor mínimo no ranking obtido pelo Botafogo-SP em 2015, campeão da Série D de 2015. A disparidade dos tamanhos dos clubes pode ser percebida por meio da grande variação dos dados referentes às Receitas Operacionais, Despesas Operacionais e Ativo Total. O Flamengo em 2017, por exemplo, apresentou a maior receita operacional (623 milhões) e maior volume de despesas totais (431 milhões) no período analisado, e o Oeste-SP, por sua vez, apresentou os valores mínimos para a amostra do período estudado (receitas de despesas 9 www.congressousp.fipecafi.org

próximas de 1 milhão). Observa-se que a média da Receita Operacional Bruta e das Despesas Totais é superior a cem milhões de reais.

Tabela 1 – Estatísticas descritivas Variável Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Ranking CBF 7.840,48 4.170,49 653,00 15.288,00 Receita Operacional Bruta* 119.406 139.407 1.036 623.861 Despesas Totais* 109.017 116.998 1.099 431.424 Resultado* 2.383 39.004 -125.198 159.099 Ativo Total* 248.498 319.237 121 1.351.700 Rentabilidade sobre os Ativos (RA) -0,1450 0,8493 -8,2400 0,9900 Liquidez Corrente (LC) 0,4050 0,4649 0,0000 2,9400 Endividamento 1,8715 2,7899 0,2100 21,5900 Tamanho (Tam) 18,1730 2,0271 11,7000 21,0200 Passivo a descoberto (PD) 0,5416 - - - Títulos 0,3750 - - - Série A 0,5083 - - - Grandes 12 (G12) 0,3000 - - - Promovidos (Prom) 0,3083 - - - Rebaixados (Rebaix) 0,1333 - - - Obs. 120 O símbolo * indica variável apresentada em milhares de reais. As variáveis Passivo a descoberto, Títulos, Serie A, Grandes 12, Promovidos e Rebaixados são binárias (dummys) cujo valor é 1 casa afirmativo e 0 caso negativo, o valor apresentado como média para essa variável representa o percentual de clubes com a característica analisada. Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se na Tabela 1 que os clubes apresentaram uma rentabilidade sobre os ativos (RA) média de -14,5%. O indicador de Liquidez Corrente aponta que os clubes possuem baixo nível de solvência, visto que, em média, o passivo circulante é mais que o dobro do ativo circulante (liquidez corrente de 0,4050). Dos 40 clubes analisados em 3 anos, totalizando 120 observações, apenas 11 apresentaram liquidez corrente superior a 1. Resultados semelhantes aos encontrados por Jahara et al (2016) que, ao analisar informações financeiras de 20 clubes da série A, constataram que apenas 1 dos 20 clubes apresentou capital circulante positivo em 2014. O Endividamento apresentou, conforme Tabela 1, um valor médio de 1,8715, variando de um mínimo de 0,21 para um valor máximo de 21,590. Esse resultado pode ser considerado um reflexo do alto volume de dívidas assumidas por esses clubes, e está em conformidade com as observações de Brandão (2012) e Dantas et al (2017) que, ao analisar amostras para os anos de 2006 a 2010 e 2010 a 2013, respectivamente, também observaram endividamento superior ao valor dos ativos. A análise do percentual de clubes com Passivo a Descoberto, ou seja, clubes com dívidas superiores ao Ativo Total, foi de 54% da amostra analisada. Em organizações convencionais, tais níveis de endividamento indicariam um alto risco de descontinuidade das operações, contudo, clubes de futebol apresentam capacidade de seguir com as operações apesar disso. Para Freitas et al (2017) os clubes dificilmente vão a falência devido a fidelidade de seus torcedores, clientes fiéis do espetáculo independente do momento esportivo ou financeiro das equipes. Contudo, questiona-se: Como os clubes conseguem obter recursos de terceiros para seguir com as operações mesmo apresentando Passivo a Descoberto? Uma possibilidade pode ser o oferecimento de receitas futuras como garantia ou a antecipação do recebimento desses recursos com a finalidade de alívio temporário da necessidade de caixa. Com base nos níveis endividamento dos clubes, pode-se questionar a efetividade das legislações criadas para regular 10 www.congressousp.fipecafi.org

as entidades desportivas, em especial o PROFUT, criado justamente com o objetivo de modernizar a gestão dos clubes de futebol e estabelecer princípios de responsabilidade fiscal.

4.2. Indicadores da Eficiência Com base nos pressupostos abordados na metodologia, utilizamos a Análise por Envoltória de Dados para identificar quais clubes da amostra selecionada foram mais e menos eficientes nas dimensões esportiva e financeira. O modelo DEA avalia a eficiência relativa das equipes definindo qual o máximo de produtos (outputs) que podem ser gerados com base nos insumos (inputs) utilizados dentro da amostra estudada. Dessa forma, os clubes considerados eficientes, que compõem a fronteira da eficiência, receberam a pontuação 1. Já os clubes considerados menos eficientes, localizados abaixo da fronteira, apresentam indicador menor do que 1, e o valor indica a distância do time até a fronteira da eficiência, em outras palavras, até o nível de outputs objetivo com base nos inputs utilizados. A Tabela 2 apresenta os times participantes da amostra e o nível de Eficiência Esportiva e Financeira atribuída a cada um deles pela Análise por Envoltória de Dados. Cabe destacar que essa eficiência é comparativa e restringe-se a amostra analisada.

Tabela 2 – Eficiência Esportiva e Financeira dos Clubes Brasileiros Eficiência Esportiva Eficiência Financeira Clube 2017 2016 2015 Média 2017 2016 2015 Média América-MG 0,856 0,825 0,602 0,761 0,650 0,854 0,505 0,670 Athletico-PR 1,000 1,000 1,000 1,000 0,744 0,798 0,939 0,827 Atlético-GO 0,903 0,958 0,917 0,926 0,717 0,575 0,466 0,586 Atlético-MG 0,941 0,952 0,972 0,955 0,706 0,712 0,873 0,764 Avaí-SC 0,787 0,967 0,631 0,795 0,719 0,464 0,406 0,530 -BA 0,571 0,662 0,774 0,669 0,559 0,841 1,000 0,800 Botafogo-RJ 0,946 0,909 0,882 0,912 1,000 0,686 0,584 0,757 Botafogo-SP 0,393 0,264 0,115 0,257 0,532 0,544 0,406 0,494 Bragantino-SP 0,938 1,000 0,798 0,912 0,278 0,615 0,274 0,389 Brasil-RS 0,652 0,484 0,266 0,467 0,636 0,607 0,379 0,541 Ceará-CE 0,829 0,956 0,791 0,859 0,724 0,624 0,545 0,631 Chapecoense-SC 0,835 0,898 0,623 0,785 0,626 0,667 0,589 0,627 Corinthians-SP 0,921 0,953 1,000 0,958 0,704 0,898 0,811 0,804 Coritiba-PR 0,735 0,851 0,898 0,828 0,662 0,633 0,543 0,613 Criciúma-SC 0,793 0,978 0,775 0,849 0,445 0,646 0,352 0,481 Cruzeiro-MG 1,000 0,964 0,959 0,974 0,741 0,608 0,978 0,776 Figueirense-SC 0,952 1,000 0,902 0,951 0,347 0,676 0,634 0,552 Flamengo-RJ 0,837 0,795 0,931 0,854 1,000 1,000 1,000 1,000 Fluminense-RJ 0,767 0,776 0,954 0,832 0,583 0,632 0,710 0,642 Fortaleza-CE 0,508 0,635 0,429 0,524 0,626 0,634 0,469 0,576 Goiás-GO 0,749 0,870 1,000 0,873 0,627 0,786 0,985 0,799 Grêmio-RS 0,987 1,000 1,000 0,996 0,783 0,802 0,719 0,768 Guarani-SP 0,419 0,413 0,322 0,385 0,457 0,243 0,401 0,367 Internacional-RS 0,762 0,879 0,926 0,856 0,555 0,666 0,724 0,648 Ituano-SP 0,265 0,278 0,227 0,257 0,620 0,552 0,463 0,545 Joinville-SC 0,711 0,814 0,594 0,706 0,392 0,526 0,585 0,501 Juventude-RS 0,654 0,673 0,291 0,539 0,745 0,447 0,281 0,491 Oeste-SP 0,987 1,000 1,000 0,996 0,662 1,000 1,000 0,887

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Palmeiras-SP 1,000 0,979 0,893 0,957 0,812 0,988 1,000 0,933 Paraná-PR 0,571 0,828 1,000 0,800 0,207 0,471 1,000 0,559 Paysandu-PA 0,853 0,833 0,804 0,830 0,603 0,692 0,643 0,646 Ponte Preta-SP 0,879 1,000 0,736 0,872 0,574 0,605 0,573 0,584 Portuguesa-SP 1,000 1,000 0,410 0,803 1,000 0,472 0,071 0,514 Santa Cruz-PE 1,000 0,797 0,629 0,809 0,509 0,552 0,406 0,489 Santos-SP 1,000 1,000 1,000 1,000 0,703 0,812 0,564 0,693 São Paulo-SP 0,726 0,827 0,912 0,822 0,751 0,784 0,941 0,825 Sport-PE 0,771 0,726 0,676 0,724 0,591 0,753 0,642 0,662 Vasco da Gama-RJ 0,686 0,732 0,899 0,772 0,582 0,650 0,729 0,654 Vila Nova-GO 0,490 0,595 0,474 0,520 0,604 0,506 0,268 0,459 Vitória-BA 0,618 0,760 0,663 0,680 0,355 0,809 0,509 0,558 Média 0,782 0,821 0,742 0,782 0,628 0,671 0,624 0,641 Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se na dimensão esportiva, sete clubes alcançaram a eficiência máxima em 2015, oito clubes em 2016 e seis clubes em 2017. Dos 40 clubes analisados na pesquisa, apenas Athlético-PR e Santos-SP foram classificados como eficientes nos três anos analisados. Destacam-se também o Grêmio-RS, Oeste-SP e a Portuguesa-SP, que foram classificados como os clubes de maior eficiência em 2 anos. Foram considerados eficientes em somente um ano o Bragantino-SP, Corinthians-SP, Cruzeiro-MG, Figueirense-SC, Goiás-GO, Palmeiras-SP, Paraná-PR, Ponte Preta-SP e Santa Cruz-PE. A eficiência média das equipes não apresentou evolução, partindo de 0,742 em 2015, chegando a 0,821 em 2016 e caindo a 0,782 em 2017, que coincidentemente é também o valor médio da eficiência em todo o período analisado. Assim como na pesquisa de Pereira et al (2015), diversos dos clubes melhor avaliados no ranking da CBF (output do modelo) foram considerados ineficientes pela modelagem DEA, pode-se citar como exemplos disso o Atlético-MG, o Corinthians e o Flamengo. Mesmo clubes campeões foram considerados ineficientes, enquanto outros não. O Corinthians-SP foi campeão brasileiro de 2015 e considerado eficiente naquele ano, contudo, ao conquistar o mesmo título em 2017, não foi considerado eficiente pelo modelo, apresentando inclusive um índice de eficiência menor que 2016, ano que não obteve título nenhum. Freitas et al (2017) encontram situação semelhante em sua pesquisa, quando em 2012, o campeão brasileiro Fluminense, ficou abaixo da fronteira da eficiência. Tendo em vista que o insumo considerado no modelo para produzir o produto desempenho em campo, pode-se concluir que esses clubes despenderam muitos recursos para obter tal resultado. Dos 40 clubes da amostra final, apenas o Flamengo obteve eficiência financeira máxima nos três anos estudados. O Flamengo-RJ curiosamente não conquistou nenhum título nacional ou internacional nesse período. Também é possível observar que menos clubes ocuparam a fronteira na eficiência financeira do que na eficiência esportiva: Apenas 5 clubes em 2015, 2 clubes em 2016 e 3 clubes em 2017. O Oeste-SP alcançou a fronteira da eficiência duas vezes, e Palmeiras-SP, Bahia-BA, Botafogo-RJ, Paraná-PR e Portuguesa-SP uma vez cada. A eficiência financeira média foi de 0,641, o que indica que os clubes obtiveram em média apenas 64,1% das receitas operacionais possíveis com base nos recursos despendidos. Mesmo clubes com as maiores receitas foram considerados ineficientes, devido ao montante de despesas incorridas para obter essas receitas. São exemplos Corinthians-SP, Grêmio-RS e São Paulo-SP, que apesar de apresentarem algumas das maiores receitas, não foram considerados eficientes em nenhum dos anos estudados.

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Em ambas as dimensões, esportiva e financeira, a presença de clubes menores como Oeste, Paraná, Portuguesa, Bragantino e Santa Cruz é explicada pelo retorno variável de escala, que separa as DMU em grupos de acordo com suas escalas e determina a mais eficiente entre os grupos, o que é adequado para minimizar a disparidade entre o tamanho dos clubes, mas também tende a considerar DMU de escala muito grande ou pequena como eficientes, em semelhança as Dantas & Boente (2012) e Dantas et al (2015). Em seguida, com o objetivo de verificar se há relação entre as eficiências esportivas e financeiras analisou-se a matriz de correlação entre a eficiência calculada pelo DEA para os clubes pertencentes à amostra. Observa-se na Tabela 3 que a Correlação de Pearson não aponta sinais de correlação entre a eficiência dos clubes nas dimensões esportiva e financeira superior a 0,50, com exceção da correlação entre eficiência esportiva de 2015 e financeira de 2016, que foi de 0,5686, indicando um nível moderado de correlação, e entre a eficiência financeira e esportiva de 2015 com valor de 0,7011, indicado uma forte correlação. Há correlação moderada entre as eficiências esportivas de um período com o respectivo ano anterior, o que é esperado, visto que o ranking da CBF, output da dimensão esportiva, pontua o desempenho dos clubes nos anos anteriores também.

Tabela 3 – Matriz de correlação entre as medidas de eficiência esportiva e financeira Eficiência Eficiência Eficiência Eficiência Eficiência Eficiência Esportiva Esportiva Esportiva Financeira Financeira Financeira 2017 2016 2015 2017 2016 2015 Eficiência Esportiva 2017 1,0000 - - - - - Eficiência Esportiva 2016 0,8850*** 1,0000 - - - - Eficiência Esportiva 2015 0.6450*** 0,7595*** 1,0000 - - - Eficiência Financeira 2017 0,3613** 0,1956 0,0963 1,0000 - - Eficiência Financeira 2016 0,4424*** 0,3797** 0,5686*** 0,3087** 1,0000 - Eficiência Financeira 2015 0,2285 0,2698** 0,7011*** 0,1049 0,6381*** 1,0000 Os símbolos ***, ** e * indicam significância de, respectivamente, 1%, 5% e 10%. Fonte: Elaborado pelo autor.

Os resultados apresentados no presente estudo são coerentes com os estudos de Santos et al (2016), que não encontraram correlação entre os desempenhos esportivos e financeiros. Contudo, esse resultado difere dos estudos de Haas (2003), Barros et al (2010) e Nascimento et al (2015), que argumentam que clubes eficientes têm bom desempenho esportivo e financeiro. Diferenças entre a amostra e períodos podem justificar a divergência de resultados, assim como o uso de diferentes inputs e outputs na determinação da eficiência.

4.3. REGRESSÃO EM PAINEL E SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS Para avaliar os determinantes da eficiência esportiva e financeira, foi aplicada uma Regressão com Dados em Painel, com a finalidade de identificar as variáveis independentes que apresentam relacionamento com índices de eficiência obtidos pelos clubes na Análise por Envoltória de Dados. Em seguida foi aplicado o teste de Hausman para determinar qual o modelo (fixo ou aleatório) é mais apropriado. A Tabela 4 sintetiza os resultados obtidos. O teste de Hausman aponta que o modelo fixo é mais indicado em ambas as dimensões esportiva e financeira.

Tabela 4 – Variáveis determinantes da eficiência Eficiência Esportiva Eficiência Esportiva Eficiência Eficiência Variável independente (FE) (RE) Financeira (FE) Financeira (RE) 2,1087*** 0,9426*** 2,3327*** 1,3935*** Constante (0,4390) (0,2871) (0,5758) (0,2888) 13 www.congressousp.fipecafi.org

Liquidez Corrente -0,0013 -0,0067 0,0444 0,0584 (LC) (0,0389) (0,0369) (0,0511) (0,0381) Rentabilidade sobre os Ativos 0,0017 -0,0010 0,0627*** 0,0507** (RA) (0,0173) (0,0175) (0,0224) (0,0203) -0,0024** -0,0136 -0,0140 -0,0045 Endividamento (Endiv) (0,0108) (0,0092) (0,0139) (0,0085) -0,0694*** -0,0070 -0,0926*** -0,0478*** Tamanho (Tam) (0,0236) (0,0150) (0,0309) (0,0158) Passivo a descoberto -0,0319 -0,0082 -0,0248 -0,0462 (PD) (0,0414) (0,0386) (0,0543) (0,0381) 0,0164 0,0254 Títulos (Tit) - - (0,0375) (0,0329) 0,0495 0,1257*** Série A - - (0,0625) (0,0445) - (omitted) 0,2383*** Grandes 12 (G12) - (0,0583) - -0,0509 -0,0314 Promovidos (Prom) - (0,0381) (0,0358) - 0,0620 0,0001 Rebaixados (Rebaix) - (0,0568) (0,0489) Hausman 0.0197 0.0001 As siglas FE e RE significam respectivamente modelo fixo e modelo aleatório. Erros padrão são mostrados em parênteses. As variáveis Passivo a descoberto, Títulos, Serie A, Grandes 12, Promovidos e Rebaixados são binárias (dummys) cujo valor é 1 casa afirmativo e 0 caso negativo. Os símbolos ***, ** e * indicam significância de, respectivamente, 1%, 5% e 10%. Foram estimados os modelos fixos e aleatórios com dados em painel e, seguindo o teste de Hausman, foi escolhida a estimativa dos coeficientes pelo modelo em ambas eficiências esportivas e financeiras. Fonte: Elaborado pelo autor.

No modelo cuja variável dependente foi a eficiência esportiva, as variáveis Endividamento e Tamanho apresentaram coeficientes significativos e negativos. O relacionamento negativo entre Eficiência Esportiva e Endividamento indica que o endividamento causa impacto negativo na eficiência esportiva dos clubes. Uma possível explicação para esse resultado pode ser o fato do alto endividamento estar relacionado com problemas de gestão dos clubes, o que pode impactar de forma negativa o desempenho dos atletas em campo, considerando que esses clubes podem apresentar menos segurança para cumprir com os compromissos assumidos. Dantas et al (2015), contudo, ao analisar a mesma variável endividamento e eficiência não encontraram relacionamento estatisticamente significativo. Cabe destacar que os autores supracitados mediram a eficiência esportiva e financeira conjuntamente, o que pode justificar a diferença observada nos resultados. Em relação ao tamanho, observou-se um relacionamento negativo e significativo com a Eficiência Esportiva. Clubes maiores apresentaram, portanto, menor nível de eficiência esportiva. Considerando que esses clubes possuem boas pontuações no ranking da CBF, pode- se concluir que embora apresentem desempenho esportivo relativamente satisfatório, estão desembolsando um volume de excessivo de recursos. As variáveis Liquidez Corrente, Rentabilidade (RA) e a variável binária representativa do Passivo a Descoberto não foram estatisticamente significativas. Na análise da Eficiência Financeira, nenhuma das variáveis de desempenho esportivo (Títulos, Série A, Promovidos ou Rebaixados) apresentou significância estatística. Isso pode indicar que a eficiência financeira pode não estar relacionada ao desempenho em campo. Esse resultado, no entanto, diverge dos estudos de Dantas et al (2015) e Freitas et al (2017), cujos

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estudos identificaram relacionamento entre a eficiência e as variáveis independentes títulos e pertencentes à Série A. Observa-se no presente estudo as variáveis Rentabilidade sobre os Ativos (RA) e Tamanho apresentaram significância na determinação da eficiência financeira. O coeficiente positivo significativo para a variável independente RA indica que quanto maior o retorno sobre os ativos, mais eficientes financeiramente os clubes são, o que era esperado, considerando que a rentabilidade é medida pela relação entre superávit ou déficit e o ativo total e a eficiência financeira foi determinada pela relação entre a Receita Operacional Bruta e as despesas totais. A variável tamanho, assim como na análise da eficiência esportiva, apresentou relacionamento negativo e significativo com a eficiência financeira. Os grandes clubes, ainda que tenham grande capacidade de geração de receita, o uso de recursos em excesso torna-os ineficientes. Resultado coerente com os achados de Pereira et al (2015), que verificou que clubes mais eficientes estão associados a menores valores de ativo não circulante. As variáveis de liquidez corrente, endividamento e passivo a descoberto não apresentaram significância com a eficiência financeira.

5 CONCLUSÕES

A partir dos resultados encontrados na pesquisa, pode-se concluir que embora os clubes apresentem movimentação financeira expressiva, os times de futebol possuem graves problemas financeiros. Observou-se que os clubes brasileiros apresentam indicadores financeiros que apontam para uma situação financeira altamente arriscada. Esse fato pode ser confirmando pelo alto nível de endividamento dos clubes e pelo fato de 54% dos times analisados na amostra apresentarem Patrimônio Líquido negativo. Apesar dessa situação, insustentável para outros tipos de organizações, os clubes mantêm suas atividades em operação, uma possível explicação para isso seria a fidelidade dos torcedores, clientes desse mercado, mas são necessários estudos mais aprofundado em relação a sustentabilidade dessas organizações. Na análise da eficiência esportiva, é possível concluir que os clubes apresentam bons níveis de eficiência relativa média, próxima a 80%. Das 120 observações analisadas, sendo 40 clubes em 3 anos, 21 observações alcançaram a fronteira da eficiência esportiva, o que corresponde a 17,5% da amostra total. Contudo, mesmo clubes no topo do ranking da CBF, podem, pela modelagem empregada, não ser considerados eficientes, com base na relação entre inputs consumidos para obter o output desempenho esportivo, medido pelo ranking da CBF. Além disso, cabe destacar que essa eficiência é relativa, pois considera somente a eficiência comparativa entre os clubes da amostra analisada. Se compararmos os clubes considerados eficientes no presente estudo, por exemplo, com clubes de outros países ou ligas esportivas, essa análise pode ser diferente. Em relação à análise da eficiência financeira, pode-se observar que os clubes apresentaram eficiência relativa de 0,641, menor, portanto, que a eficiência esportiva, que foi 0,782. Além disso, um número menor de clubes atingiram a fronteira da eficiência financeira, semente 10 de 120 observações, o que equivale a pouco mais de 8% da amostra. Analisou-se também a correlação entre os desempenhos esportivo e financeiro, embora exista correlação estatisticamente significativa, a correlação foi superior a 0,5 somente para a eficiência esportiva de 2015 e eficiência financeira de 2016 e para a eficiência esportiva e financeira do ano de 2015.

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Na identificação dos fatores determinantes da eficiência, foi verificado que o indicador de endividamento foi significante com coeficiente negativo, o que indica que altos níveis de endividamento podem afetar negativamente a eficiência esportiva. A variável Tamanho mostrou-se significativa para ambas às dimensões, esportiva e financeira. No entanto, o relacionamento entre tamanho e eficiência foi negativo, indicando que quanto maior o clube, menor será sua eficiência, tanto financeira quanto esportiva. A Rentabilidade sobre os Ativos (RA) foi significativa e positivamente relacionada com a eficiência financeira. Por fim, apesar dos esforços governamentais e a ação de dirigentes, a gestão financeira dos clubes de futebol brasileiro ainda pode ser considerada inadequada. Muitos clubes brasileiros são deficitários, apresentam alto nível de endividamento e baixa liquidez. Além disso, não obtém receitas suficientes para cobrir todos os custos e despesas operacionais. Destaca-se o fato de 54% da amostra ser composta por clubes com passivo a descoberta. Esse cenário requer ação imediata dos responsáveis pela gestão dos clubes, tendo em vista não somente o equilíbrio financeiro, mas também os possíveis impactos para o desempenho dentro de campo apontados pela pesquisa. A diversificação das fontes de receita e melhor controle dos gastos podem ajudar os clubes a ter mais solidez financeira. Além disso, sugere-se que seja implementada alguma política de controle e acompanhamento da gestão dessas entidades. O presente estudo contribui para a literatura existente ao analisar de formam separada a eficiência esportiva e financeira, além de analisar um período posterior à aprovação e implementação do PROFUT, cujo objetivo seria modernizar e estabelecer princípios de responsabilidade fiscal nos clubes de futebol brasileiros, retratando a eficiência dos clubes após a referida lei. Para estudos futuros, recomenda-se o uso de diferentes modelos e variáveis para medir a eficiência e os seus fatores determinantes. Uma das possibilidades é analisar se as contratações de jogadores, realizadas pelos clubes, resultam em eficiência esportiva e financeira, visto que os times despendem montantes significativos nesse mercado. Também são necessários estudos mais profundos sobre o endividamento dos clubes, em especial sobre os custos de manutenção das dívidas e sobre a continuidade das operações dos clubes com passivo a descoberto. Outra sugestão são novos estudos a respeito da relação entre o desempenho esportivo e financeiro, dada a divergência de resultados entre os autores.

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