Autores: Dimitri Andrey Scarinci 1 e Wagner Alves de Souza 2 Professor Orientador: Dr. Nilton Abranches Júnior Universidade do Estado do

SAPUCAÍ 30 ANOS, MUITO ALÉM DOS ENREDOS DAS ESCOLAS DE SAMBA.

“A minha alegria atravessou o mar E desembarcou na passarela Fez um desembarque fascinante No maior espetáculo da terra”. (G.R.E.S. União da Ilha do Governador – 1982).

CONSIDERAÇÕES INICIAIS Ao falar de carnaval no Brasil, nota-se que a primeira visão retratada é sobre os desfiles das escolas de samba realizados na Avenida Marquês de Sapucaí, sendo que por detrás desse espetáculo existe um universo de pessoas, relações e conflitos que não são percebidos na linearidade do desfile que evoluíram ao longo desses 30 anos de desfiles. Estudar e buscar compreender a evolução desse universo, que é o carnaval com seus desfiles, é o objetivo principal desse trabalho em fase inicial de pesquisa. Para tal se fez necessário estudar este universo a partir de recortes por décadas. Procurou-se, em termos operacionais, levantar os dados dos últimos 30 carnavais do hoje conhecido Grupo Especial, em busca de respostas dessas transformações socioeconômicas na folia como uma representação das relações de poder da/na cidade.

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Os desfiles das escolas de samba cariocas se constituem em um dos principais cartões postais do Brasil para o mundo. Daí surge à relevância de se estudar o carnaval em suas múltiplas vertentes. Neste trabalho se pretende analisa-lo através dos impactos da era sambódromo, buscando respostas de como era anteriormente a sua construção, e como hoje está sendo organizado o carnaval e como os desfiles da Sapucaí estão tão interados no dia a dia do carioca que alguns levam o amor à agremiação como se fosse um time de futebol ou algum ente familiar querido que passem a ser percebidos por diversos aspectos como sambas memoráveis, alegorias impactantes ou o bailado na condução do pavilhão.

É importante ter sempre em mente que os desfiles que vemos e entendemos hoje são resultados de um longo processo de outras manifestações culturais que se fizeram e ainda se fazem presente no carnaval carioca. Não houve uma fórmula pronta de como se criar uma escola de samba, mas sim uma resposta dos marginalizados nas favelas e subúrbios nas décadas do século XX. Oriunda da manifestação cultural das classes populares, um fenômeno recorrente observado nesse artigo é a elitização das escolas de samba. Tal fato parece ter cada vez mais afastado aquela vivência de comunidade e as mudanças na utilização da Passarela do Samba por parte das escolas e dos gestores da folia.

A EVOLUÇÃO DOS DESFILES E DAS AGREMIAÇÕES ATÉ A CONSTRUÇÃO DA PASSARELA DO SAMBA

Falar de carnaval, do ritmo samba e dos desfiles se torna tão comum ao carioca como conviver com o Pão de Açúcar e o e outros lugares que tem um significado através das relações diversas estabelecidas em lugares diferentes da chamada (BARBOSA, 2010).

Levando em consideração que a festa e o direito a ela são algo presente no ser humano e nas cidades desde os tempos primórdios, de acordo com Fernandes (2004) a

cidade antes de sua forma organizacional econômica, política e social é feita para o ritual. Dessa forma, se pode entender a festa, onde cada indivíduo com seus costumes e crenças se manifestam em diversas formas de ocupar o espaço, mesmo que sendo de forma temporária e o espaço não os pertencendo, mas sim ao uso público da cidade.

O carnaval, enquanto festa, rito ou espetáculo é um exemplo claro dessa ocupação e diversos usos dos espaços, mas que tem o seu significado para quem participa ou assiste as diversas faces da folia. Definem-se pelo o que DaMatta (1997) denomina como o tempo cósmico que se refere ao fato do carnaval está aliado a períodos cíclicos presentes nas manifestações culturais. Peguemos por exemplo um antigo palco dos desfiles das escolas de samba, a Avenida Rio Branco em que hoje é o palco de grandes Blocos e Cordões como o tradicional Cordão do Bola Preta, famoso por arrastar milhares de pessoas no sábado de carnaval, fazendo com que a Rio Branco fuja do costumeiro corre-corre dos outros dias úteis. (LOBATO, 1995).

Para buscarmos entender as agremiações como são hoje, é necessário entender os diversos processos culturais que às levaram até a configuração atual. Não sendo uma forma fixa, estando propicias a moldagens ano a ano, como é feito com as temáticas dos enredos que se configuram de acordo com a necessidade e o objetivo de apresentar os desfiles no fluxo tempo/linear da avenida. (CAVALCANTI, 2004).

Trataremos de uma evolução linear, porém atentando que um processo pode conviver com o outro durante o mesmo recorte temporal e que um pode ser o resultado de outro, sendo assim recontextualizado de acordo com as disposições de onde e como eram realizados. Levando em consideração o que estudou Ferreira (2004), que procurou entender a identidade cultural da cidade do Rio de Janeiro, onde diferentemente de outras metrópoles, houve um arranjo dos locais de diversão junto com os locais de produção, segundo uma lógica capitalista.

Assim, se deve atentar para três manifestações culturais carnavalescas que se iniciou no Brasil em meados dos anos 20 do século passado: Os bailes das grandes sociedades, os ranchos e os blocos de samba, explicitando a segregação econômica e

social dos festejos, criando mais que uma espacialização dos festejos, uma territorialização dos diferentes atores presentes no Carnaval Carioca.

As grandes sociedades representavam os bailes de máscaras de características europeias que eram oferecidos a pessoas de classes sociais elevadas e com boa estrutura de organização em desfiles, obtendo carros alegóricos luxuosos ao som de óperas com enredos de teor crítico, social e político. Já os ranchos, eram característicos da pequena burguesia urbana, porém organizados com enredos, fantasias e carros alegóricos, sendo o rancho um ritmo musical marcheado e mais pausado em relação ao samba, com grande influência dos folguedos da folia de reis. (CAVALCANTI, 2004); (FERREIRA, 2004).

Os blocos de samba, característicos das classes mais baixas, quase sempre representadas por moradores das favelas ou subúrbios, que teve suas ocupações devido às reformas urbanas e sanitárias ocorridas no centro da então capital federal, em demonstração do uso do Estado em políticas públicas para redimensionamento de uso do espaço como estratificação social, favorecendo o processo de Periferização (ABREU, 1987), em que o samba, herança africana dos angolanos que era chamado como semba, ganhava estrutura e fama nos terreiros e quintais das tias baianas como a lendária Tia Ciata e outras áreas com grande contingente de escravos libertos ou descendentes destes (VAZ, SANTOS, 2006). Segundo Cavalcanti e Carneiro, os blocos se organizaram em escolas como forma de contrastar com os famosos desfiles de ranchos das grandes sociedades e também por ser uma resposta cultural dos morros e subúrbios, tendo o direito à festa como as outras classes sociais em luta pela ocupação do espaço. (LOBATO, 1995).

Nesse mesmo período, agremiações como Estácio de Sá, Mangueira e , originaram-se a partir de blocos. Em 1932 houve o surgimento do primeiro campeonato entre as escolas, dois anos depois a União Geral das Escolas de Samba passou a receber subsídios por parte do governo para a confecção dos desfiles. Nas décadas seguintes surgiram outras agremiações como Império Serrano, Mocidade Independente de Padre

Miguel, Acadêmicos do Salgueiro, entre outras, deixando clara a relação íntima entre a escola e sua comunidade, sendo a escola muitas das vezes a melhor forma de se mostrar para as classes sociais dominantes, seus exemplos e modelos de organização e que durante o período da folia, todos tenham direito a alegria no espaço embalada pelo samba (CAVALCANTI, 2004).

O CONJUNTO DE FATORES QUE LEVARAM A CONSTRUÇÃO DA PASSARELA DO SAMBA E UMA ANÁLISE DA PRIMEIRA DÉCADA DE DESFILES (1984-1993)

Desde o primeiro concurso de desfiles de escola de samba, datado de 1935 (CAVALCANTI, 1994), as escolas de samba vieram ganhando forma nas décadas seguinte, sendo uma manifestação cultural e um confronto quando o morro descia para alegrar a festa do asfalto, tornando impossível a dissolução do samba e morro da cultura carioca (BARBOSA, 2010).

As escolas de samba foram à representação cultural oriunda do morro mais impactante e notável, que ganhou e vem ganhando espaço nas camadas sociais mais elevadas, a classe média e a elite carioca, esse é um exemplo claro de uma Paisagem Alternativa que passou a dominar a paisagem do carnaval carioca, a chamada Paisagem Dominante (COSGROVE, 1998), ou seja, de como o morro influenciou o movimento da festa e da imagem do Rio de Janeiro.

Ao longo das décadas seguintes, foram observadas diferentes “revoluções” nas agremiações carnavalescas, como a organização portelense e seu domínio de campeonatos nas décadas de 30 a 50 com temas valorizando a cultura brasileira. Mas há um consenso entre autores e personagens do carnaval que a grande 1ª revolução surgiu com o Salgueiro em meados dos anos 50/60, quando Fernando Pamplona junto com sua equipe de alunos da Escola Nacional de Belas Artes passou a ser responsáveis pela concepção artística dos desfiles, copiado por outras agremiações, e pela adoção de

enredos com temática africana que arrebatavam os desfiles, peguem, por exemplo, a ala do Minueto de Xica da Silva em 1963, apontando para o desenvolvimento de aspectos lúdicos incorporados ao carnaval.

Nesse período, após a revolução salgueirense, surgiram outras agremiações como: Mocidade Independente de Padre Miguel e Beija Flôr de Nilópolis, que visavam furar o bloqueio das escolas principais, influenciadas pela forte ação do patronato do jogo do bicho. Vale ressaltar que o patronato do jogo do bicho foi e ainda é fenômeno presente nas agremiações carnavalescas (CAVALCANTI, 2004). O patronato representava uma forma do jogo do bicho ser inserido na sociedade, em outras palavras, demonstrar que o jogo do bicho gerava recursos usados para os desfiles, cada vez mais aumentando a dimensão do espetáculo da festa e revertido em status para as agremiações, começando a deixar para trás aquele aspecto conhecido de escolas de comunidade em que tudo era feito de forma voluntária.

Com a evolução da festa, tanto em aspectos sociais como em econômicos, veio surgindo à necessidade da instalação de um local permanente para os desfiles, onde o processo de monta e desmonta arquibancadas no centro da cidade não comportava mais a evolução e tamanho físico dos desfiles, assim, no ano de 1983, o governo estadual construiu, marcando a paisagem, em cerca de quatro meses um projeto de Oscar Niemeyer, uma estrutura permanente para os desfiles, representando uma marca física e monumental para o carnaval, ressaltando a valorização do fenonemo iniciado nas favelas e surbúbios como um bem cultural da cidade e impulsionando o turismo na cidade durante o período da folia (CAVALCANTI 2004); (BARBOSA, 2010).

Atentando para a construção do Sambódromo, as escolas viram a necessidade de se adequar as dimensões físicas do espaço construído, deixando o aspecto dos desfiles festivos para corresponder a uma série de obrigações e quesitos durante o fluxo de tempo determinado pela Liesa, Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, criada em 1984 e tendo o seu primeiro desfile com suas normas em 1985. (CAVALCANTI, 2010). Com a criação da Liesa, houve um

redimensionamento da forma de como os desfiles eram feitos; como: a mudança nos quadros de jurados, comercialização dos discos com os sambas enredos e venda dos direitos de imagem para veículos da imprensa que tiveram como resultado a captação de capital para as agremiações não oriundos de subsídios por parte do governo.

Sendo o Sambódromo inserido no centro da cidade, é possível analisar a heterogeneidade do centro do Rio de Janeiro e seus múltiplos usos e relações da sociedade. Contemplando o Distrito Central de Negócios e as sedes políticas das esferas de governo, é notável como a inserção de um equipamento público cultural permanente se adequou a este espaço não aparentando ser um elefante branco em meio à selva de concreto. Ao se fazer uma breve comparação da estrutura do Sambódromo com a do Maracanã, já que, são equipamentos públicos construídos pelo Estado para o uso da população, é notável que a parcela da população contemplada para utilizar esses espaços é aquelas com poder aquisitivo maior, o que deixa claro uma disputa pelo poder e uso do espaço (LOBATO, 1995), pois ambas as construções tiveram setores populares exterminadas, deixando explícita a relação de poder imposta pela classe dominante, chamadas de Paisagem Poder (COSGROVE, 1998), restando para as classes não dominantes assistir aos desfiles e jogos de futebol que favoreceram aos veículos de comunicação que controlam a transmissão dos desfiles e dos jogos.

Devido ao momento econômico, político e social, os enredos buscavam criticar os rumos do Brasil através de enredos como; “E por falar em saudade.” (G.R.E.S. Caprichosos de Pilares, 1985) e “Direito é Direito” (G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel, 1989) e, ”Ratos e urubus, larguem a minha fantasia” (G.R.E.S. Beija Flôr de Nilópolis, 1989) entre outros, sendo esses belos exemplos de críticas à conjuntura política do país constituída pelo militarismo e enredos que criticavam o modo de vida do brasileiro.

Concluindo que nesta década, a construção do Sambódromo passa a ser uma forte expressão cultural e marca definitivamente a paisagem da cidade, simbolizando a imponência e a constante evolução que o carnaval vem passando em busca de se adaptar as diferentes realidades e períodos analisados em cada enredo.

A HARMONIA DAS VIAGENS HISTÓRICAS E HOMENAGENS PASSANDO PELA VIRADA DO SÉCULO, BREVE ANÁLISE DOS ANOS DE 1994 A 2003.

Uma vez estabelecida à gestão do carnaval pela Liesa e Riotur (Empresa Municipal de Turismo), nessa década observa-se que os desfiles ganhavam corpo e forte renda de capital para a economia da cidade, consolidando a forte atração turística durante o período da folia.

Desta década, foi consolidado o processo em que os patronos buscavam para as suas agremiações, o desenvolvimento da autonomia da escola (CAVALCANTI, 2004) uma vez que a receita das escolas vinha sofrendo mudanças desde a divisão dos recursos por parte da Liesa e da criação da Lei Rouanet de incentivo a cultura em 1991 que destinava recursos para o desenvolvimento dos enredos. Também desta década ganhou corpo a busca por enredos patrocinados, foi uma forma de maquiar o patronato das escolas uma vez que os enredos homenageando lugares, recortes históricos e pessoas foi presente nesse recorte temporal.

Desse período podemos citar enredos notáveis como o polêmico empate de 1998 com “Chico Buarque da Mangueira” (G.R.E. S Estação Primeira de Mangueira, 1999) homenagem ao cantor e compositor Chico Buarque de Holanda e “Araxá, local onde se avista primeiro o sol.” (G.R.E.S. Beija Flôr de Nilópolis) homenageando a cidade mineira de Araxá com sua história e lendas locais. Também tiveram enredos de forte comoção popular, por exemplo, a união de carnaval e futebol com Estácio de Sá em 1995 e em 1998 homenageando respectivamente os times de futebol carioca Flamengo e Vasco da Gama. Os enredos históricos em homenagem aos 500 anos do Brasil em 2000 e a abordagem sobre o nordeste com “Brasil com Z é pra cabra da peste, Brasil com S é pra nação do nordeste” em 2002 pela Mangueira.

Foi característico desta década a implementação de novas manifestações culturais da cidade junto ao desenvolvimento dos enredos. Peguemos por exemplo a “paradinha funk” da bateria da em 1997 que contava um enredo sobre a criação do universo que foi bem recebida pelo público e crítica. Atentamos que como já foi citado anteriormente, o que conhecemos hoje como os desfiles das agremiações é resultado de um processo de diversas manifestações culturais e assim, demonstra a capacidade de reinvenção dos desfiles.

OS ADEREÇOS E MELODIAS DOS ÚLTIMOS CARNAVAIS, AS TRANSFORMAÇÕES NOS ANOS DE 2004 A 2013.

Com o crescimento estrutural e profissional do carnaval carioca, surge a necessidade da construção de equipamentos permanentes em uma extensa área no bairro da Gamboa, a chamada Cidade do Samba, Fábrica dos Sonhos (BLASS, 2010.), ou seja, em 2006 nasce a edificação de um local definitivo para a acomodação de todas as agremiações geridas pela LIESA, composta por 14 barracões para acomodar as agremiações, sendo que a mudanças de regulamento da LIESA, esse número atualmente é de 12 agremiações.

Segundo Verdum (2012), ao fazermos uma leitura da paisagem da Cidade do Samba identificamos que ela é muito mais do que uma construção, mas sim uma revalorização da história da cidade com a sua cultura através do carnaval e do samba, já que, a região portuária tem forte ligação cultural africana e sediou muitos ranchos carnavalescos. Era uma paisagem excluída daquilo que conhecemos como zona central de negócios onde o Sambódromo está inserido e passa a fazer parte deste recorte espacial. Tal ação é uma tentativa de reencontro com a história da cidade, que vem mostrando resultados positivos em aspectos econômicos e sociais através da geração de renda e emprego presentes na profissionalização do carnaval, deixando em evidência a geração de renda turística também fora do período da folia, o chamado período entre carnavais.

Através da construção da Cidade do Samba, pode se afirmar que não somente os enredos ganharam outra roupagem nas suas confecções, mas também a escola como um todo, já que, as mesmas puderam direcionar seus investimentos para seu esplendor dentro do Sambódromo, deixando-nos cada vez mais impressionados com o gigantismo, em todos os sentidos, com que as agremiações passam pela avenida do samba. Porém tais grandiosidades obteve efeito contrário, como os carros alegóricos beirando aos 80 metros de comprimento e altura superior ou próxima ao da torre de televisão da Sapucaí que levaram a imprevistos nos desfiles da Mangueira nos anos de 2013 e 2014.

Também deste período, a Passarela do Samba passou por uma reforma no ano de 2012 até o pré-carnaval de 2013 em que foram feitas adequações ao projeto original desenvolvido por Oscar Niemeyer em 1984, aumentando a capacidade de ocupação durante os desfiles e assim, alavancando o capital gerado durante os dias de desfiles que tem por consequência mostrar a diversidade de relações que o espaço, Marquês de Sapucaí, tem com a paisagem que esta inserida e vem mudando a sua concepção de acordo com os interesses dos gestores da festa, principalmente LIESA, Riotur, empresários e etc.

Em relação aos enredos dessa década, ganharam força um leque de temas como enredos de caráter audiovisual como homenagens ao cinema e a fotografia, temática afro, homenagens a lugares, e culturas, uma ode de amor ao Rio de Janeiro e ao Brasil em diferentes visões. Enredos de caráter biográfico e homenagem ao carnaval também foram presentes. Citamos a homenagem da Unidos de Vila Isabel ao cabelo em 2011 e o fenômeno Paulo Barros com suas invenções a partir do emblemático Carro do DNA em 2004 pela Unidos da Tijuca.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Citando o famoso samba “Se eu for falar da Portela, eu não vou terminar” (Passado de Glória, Monarco), falar do que foi o carnaval antes e na era Sapucaí é

premeditado estabelecer resultados em um processo que está em curso inserido em diversos fatores que podem mudar entre um carnaval para outro.

Pode-se concluir que esta análise do carnaval carioca é o início de uma investigação acadêmica, para se obtiver respostas e trouxer à tona processos como a profissionalização do carnaval, cada vez mais presentes nas realidades das agremiações. Como já foi falado no início dessa breve análise, o nosso objetivo de trabalho é analisar os impactos, as mutações ocorridas no carnaval da cidade do Rio de Janeiro e o universo presente além daquilo que é apresentado durante os 82 minutos de apresentação de cada agremiação, tendo um olhar geográfico e cultural, ou seja, analisar um determinado espaço num dado temporal com viés paisagístico.

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