Abraham Palatnik Abraham Palatnik

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Abraham Palatnik Abraham Palatnik abraham palatnik abraham palatnik roteiro cronológico das invenções de abraham palatnik frederico morais Aparelhos cinecromáticos Córdoba (1966), e em mostras individuais e coletivas na Entre 1949 e 1950, constrói seus dois primeiros Europa e nos Estados Unidos. O oitavo aparelho, uma aparelhos cinecromáticos. Azul e roxo em primeiro sequência de imagens verde-laranja que durava quatro movimento, exposto na I Bienal de São Paulo (1951), minutos, exposto no Museu de Arte Moderna do Rio de tinha 600 metros de fios elétricos, servindo a 101 Janeiro, em 1960, apresentava uma série de inovações lâmpadas de voltagens variadas, que movimentavam, técnicas, como a miniaturização do centro de controle em velocidades desiguais, alguns cilindros. automático, a redução da fiação elétrica para 60 metros Para o crítico Mário Pedrosa, que cunhou o termo e o número de lâmpadas para 51, além da introdução cinecromático, era a primeira tentativa, no Brasil, de de uma central de controle automático. realizar a utopia artística de Moholy-Nagy, que consistiria Com seus aparelhos cinecromáticos, Palatnik não na criação de “afrescos de luz destinados a animar só se antecipa à vertente construtiva, que eclode com edifícios ou paredes com o dinamismo plástico da luz, os grupos Ruptura (São Paulo, 1952) e Frente (Rio de segundo a vontade e a inspiração criadora do artista”. Janeiro, 1954) para se consolidar com o Concretismo (1956) e o Neoconcretismo (1969), mas também funda Até 1983 Palatnik realizara 33 aparelhos cinecromáticos, a vertente tecnológica da arte brasileira. expostos em sete edições da Bienal de São Paulo, Vistos na Bienal de Veneza, foram apontados como Aparelho cinecromático / Kinechromatic device, 1969 / 1986 -- madeira, metal, tecido sintético, entre 1951 e 1963, e nas bienais de Veneza (1964) e obras pioneiras no âmbito da arte cinética internacional, lâmpadas e motor / wood, metal, synthetic fabric, lightbulbs, and motor -- 112,5 x 70,5 x 20,5 cm no que diz respeito ao binômio luz-movimento. O crítico algumas dessas pinturas sobre vidro à parte traseira assimetrias prolongando movimentos silenciosos. Jürgen Morschel, comentando a exposição de Palatnik no de poltronas de jacarandá, espuma e tecido por ele No objeto lúdico, o ganho do jogador é o resgate da Museu Saint Gallen, Suíça, em 1965, escreveu que ele “não projetadas e expostas em três das quatro mostras forma geométrica original. No jogo acima comentado, executa objetos, encena acontecimentos”, definindo-o realizadas pelo Grupo Frente, em 1954 e 1955. o ganho é a percepção do quadrado perfeito. Um artista como um “regisseur”. Frank Popper, apresentando a como Palatnik é a perfeita ilustração do homo ludens mostra Kunst-Licht-Kunst, realizada em 1966 no Museu Campos magnéticos de que fala Huizinga. de Arte de Eindhoven, Holanda, refere-se aos “móbiles Palatnik não integrou o Neoconcretismo, mas luminosos” de Palatnik, destacando a “veia poética” de absorveu alguns de seus postulados, como a Relevos progressivos: madeira suas pesquisas. No ano seguinte, confirmaria o pioneirismo participação do espectador no desenvolvimento Ainda em 1962, deu início à primeira de uma série de de Palatnik no campo das pesquisas de luz e movimento, da obra criada pelo artista. Assim, aos aparelhos “relevos progressivos”, cada uma delas identificada por em quadro sinótico estampado no seu livro Naissance de cinecromáticos seguiram-se, em 1959, alguns uma matéria-prima. A primeira escolhida foi a madeira. l’Art Cinetique. Pierre Cabanne e Pierre Restany também trabalhos nos quais explora as possibilidades estéticas Visitando uma marcenaria, Palatnik observou que os reafirmaram, no livroL’Avant-Garde au XXe Siècle dos campos magnéticos, que incluem, em alguns fragmentos de troncos de madeira espalhados pelo chão, (1969), as antecipações de Palatnik tanto em relação casos, a participação lúdica do espectador. Em um abertos longitudinalmente, constituíam uma informação aos “lumidynes” de Frank Malina, quanto às pesquisas de desses trabalhos, Mobilidade IV, bolinhas de madeira espontânea da natureza. A progressão de nós constitui dinamismo espacial de Nicolas Schöffer. Tomás Maldonado, são movimentadas, silenciosamente acionadas por um registro inevitável de situações de crescimento. Vale líder dos concretos-invencionistas argentinos, saudou seu eletroímã. dizer, a própria natureza cria, no interior da madeira, colega brasileiro como “o mais importante precursor do padrões visuais: tonalidades, grafismos, manchas. Decide, último retorno à estética da luz e do movimento”. Mari Quadrado perfeito então, disciplinar esteticamente essas formas ou padrões Carmen Ramírez, curadora da monumental exposição Em 1962, Palatnik projetou e patenteou o jogo naturais, pretendendo, com isso, “atingir os sentidos do Sem título / Untitled, 1967 -- madeira Heterotopias – Medio Siglo Sin-Lugar 1918-1968, realizada que ele denominou Quadrado perfeito, exposto pela homem, ativando sua percepção”. jacarandá / jacarandá wood -- 41,5 x 30,5 cm no Museu Reina Sofía, Madri, em 2001, foi a última figura primeira vez na Galeria Barcinski, no Rio de Janeiro, Essa questão é retomada por Palatnik, em entrevista exemplar da crítica da arte a reafirmar o feito de Palatnik. e, nove anos depois, na mostra Arte Programatta que me concedeu (“Palatnik, artista e inventor: A arte e Cinética, realizada em Milão. Trata-se de um não deve transmitir mensagens, mas ter vida própria”, quadro. Vieram, mais tarde, trabalhos nos quais a Pinturas sobre vidro jogo baseado no deslocamento de peças sobre um O Globo, 1981), na qual afirma: “Minha função como progressão é parcialmente substituída, ou melhor, ela Em 1953, Palatnik participa da I Exposição Nacional de tabuleiro semelhante ao que se usa no xadrez. No artista é disciplinar o caos em nível da informação. As surge acoplada à ideia de simetria, na medida em que Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, com entanto, dele difere na medida em que não existem informações no universo estão geralmente ocultas, as lâminas da madeira formam determinados núcleos pinturas realizadas sobre vidro, associadas a incisões peças a serem capturadas ou xeque-mate, tampouco disfarçadas em meio à desordem. É necessário um ou áreas/manchas que se opõem simetricamente. feitas com estiletes sobre matéria pintada. Feixes de linhas uma posição inicial rígida. Seu jogo pede mais mecanismo de percepção e da intuição para que estas se precisas, mesmo quando ondulantes, gravitam sobre a percepção que raciocínio. manifestem. É a esta ‘surpresa’ que tenho colocado meu Objetos cinéticos superfície ou se superpõem, numa sucessão horizontal de O jogo domina de ponta a ponta a obra de interesse. Inicia-se o processo de permuta e, por meio da Palatnik constrói seus primeiros Objetos cinéticos, faixas, num caso e noutro sem afetar o caráter planar da Abraham Palatnik, adquirindo formas variadas tecnologia adequada, procuro disciplinar as informações”. constituídos por hastes ou fios metálicos, tendo obra. em função dos programas preestabelecidos. Nos Nos primeiros trabalhos, a preocupação dominante em suas extremidades discos de madeira, pintados Ou como na obra Sequência com intervalos, de 1954, aparelhos cinecromáticos, é o infindável fazer/ era enfatizar a ideia de progressão do ritmo horizontal- de várias cores, e placas que se movimentam buscando um diálogo mais sensível entre cor e linha, desfazer dos movimentos, o manchar/desmanchar das ondulatório que, cobrindo todo o plano bidimensional, lenta e silenciosamente, acionados por motores criando profundidades insuspeitadas. Palatnik integrou cores. Nos objetos cinéticos, um jogo de simetrias e sugere uma expansão virtual para além das bordas do e, em alguns casos, por eletroímãs. Neles só existe Os objetos parecem mais espontâneos, como se, neles, esta última, levada à tela com ajuda de uma bisnaga o acaso interviesse. É certo que os objetos cinéticos cujo bocal serve de pincel, inunda o espaço com um se movimentam com a ajuda de motores ou eletroímãs, grafismo vibrátil e colorido, mas ainda de caráter mas o espírito que os anima é o do móbile, que é progressivo. Nas progressões com resina de poliéster, também máquina, mas acionado por uma fonte de explora, antes de tudo, a transparência do material. energia natural que lhe confere frescor, leveza e lirismo. Em 1981, por ocasião da primeira exposição das progressões realizadas com cordas sobre telas Objeto lúdico pintadas com tinta acrílica, Palatnik dizia tratar- Em 1965, Palatnik retoma a pesquisa com campos se de “uma tentativa de organizar a superfície de magnéticos, criando um objeto lúdico, que consiste uma maneira diferente dos procedimentos normais, na colocação sobre uma base circular, de vidro, de introduzindo uma dinâmica através da cor”. Eu formas geométricas de cores diferentes, acionadas acrescentaria: uma dinâmica através da cor e da diretamente pelo espectador, através de um bastão linha. Com efeito, alguns trabalhos da série estão magnetizado. Vale dizer, Palatnik usa os polos positivo compostos apenas de cordões cobertos pelo mesmo e negativo dos ímãs para atrair ou repulsar branco que serve de base às demais pinturas. E, as formas geométricas que constituem fragmentos fazendo uso apenas do branco, Palatnik reforça a de uma estrutura maior a ser armada pelo espectador- estrutura linear que tensiona os ritmos ótico-cinéticos, participante. Trata-se, no limite da interpretação, que é a constante de toda sua obra. Contudo, croquis em suporte plastico com projetos de cinéticos / de um jogo. diferentemente
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