Literatura c) PARNASIANISMO PROFISSÃO DE FÉ Invejo o ourives quando escrevo: , Raimundo Correia e Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto-relevo Faz de uma flor. Assim como o prosador realista, os poetas parnasianos Imito-o. E, pois, nem de Carrara rejeitam os excessos sentimentais dos românticos e A pedra firo: suas imagens nebulosas e linguagem coloquial. O O alvo cristal, a pedra rara, parnasiano quer, antes, a expressão perfeita, e mergulha O ônix prefiro no incessante trabalho de buscar a POESIA PERFEITA. Por isso, corre, por servir-me, Propõe-se, então, a “arte pela arte”, ou seja, o gosto pela Sobre o papel beleza poética em si, sem preocupações de denúncia A pena, como em prata firme social. Corre o cinzel. Para o parnasiano a expressão será mais contida Torce, aprimora, alteia, lima nos sentimentos, importando mais a forma poética, a A frase; e, enfim, correção expressiva e a linguagem clássica. O poeta No verso de ouro engasta a rima, parnasiano trabalha, em princípio, de um modo muito Como um rubim. mais racional que seus antecessores românticos e seus Quero que a estrofe cristalina, contemporâneos simbolistas. Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Com isto, o CONTEÚDO poético será legado Sem um defeito. a um segundo plano, enquanto a FORMA será extremamente valorizada. Bilac, contudo, foi entre os nossos poetas do início do século XX, o que maior lente subjetiva expressou Origem: O Parnasianismo nasceu na França em 1866, em seus versos parnasianos. Repare na expressividade quando foi publicado o livro Parnaso Contemporâneo. sentimental que o poeta consegue por meio de técnica Parnaso era o nome de uma montanha na Grécia, parnasiana tão requintada! consagrada por Apolo, deus da luz e das artes. No Brasil o marco inicial do Parnasianismo é a publicação de VIA LÁCTEA Fanfarras (1882) de Teófilo Dias. Os principais poetas são: “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937): autor de perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Canções românticas; Meridionais; Sonetos e poemas; que, para ouvi-las, muita vez desperto Versos e rimas. e abro as janelas, pálido de espanto...

RAIMUNDO CORREIA (1860-1911): com Primeiros E conversamos toda noite, enquanto Sonhos; Sinfonias; Versos e versões; Aleluias; Poesias. A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode Ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas” OLAVO BILAC (1865-1918): com Via Láctea; Sarças de Fogo; Alma Inquieta; O caçador de esmeraldas; Tarde. Leia um exemplo do nosso maior expoente parnasiano, VICENTE DE CARVALHO (1866-1924): com Ardentias; Olavo Bilac, que compara o ato de fazer poesia com o Relicário; Rosa, Rosa de Amor; Poemas e Canções. trabalho do artesão em ouro: EMÍLIO DE MENEZES (1867-1918): primeiro paranaense na Academia Brasileira de Letras. Curitibano de nascença, viveu no . Trabalhou temas satíricos, mas a morte foi seu assunto predileto. Chegou a participar do jornalzinho O Pirralho, junto ao futuro modernista Oswald de Andrade. Obras: Marcha Fúnebre; Poemas de Morte; Últimas Rimas; Mortalhas; Os deuses em Ceroulas.