SHILAP Revista de Lepidopterología ISSN: 0300-5267 [email protected] Sociedad Hispano-Luso-Americana de Lepidopterología España

Carneiro, E.; Mielke, O. H. H.; Casagrande, M. M. Borboletas do sul da ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil (: Hesperioidea e Papilionoidea) SHILAP Revista de Lepidopterología, vol. 36, núm. 142, junio, 2008, pp. 261-271 Sociedad Hispano-Luso-Americana de Lepidopterología Madrid, España

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Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto SHILAP Nº 142 9/6/08 11:52 Página 261

SHILAP Revta. lepid., 36 (142), junio 2008: 261-271 CODEN: SRLPEF ISSN:0300-5267

Borboletas do sul da ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea)* E. Carneiro, O. H. H. Mielke & M. M. Casagrande

Resumo

Em dois grande remanescentes florestais situados em unidades de conservação no sul da ilha de Santa Catarina, foram registradas 236 espécies de Lepidoptera diurnos distribuídos em 6 famílias: Papilionidae - 10 spp.; Pieridae - 16 spp.; Nymphalidae - 74 spp;. Lycaenidae - 15 spp.; Riodinidae - 14 spp. e Hesperiidae - 107 spp. As localidades demonstram uma composição específica significativamente diferenciada, apesar de próximas geograficamente, assim como a proporção específica de suas famílias. Nesse estudo se concentram os primeiros registros da lepidopterofauna de uma região tão pouco representada em coleções brasileiras e internacionais. A presença de uma espécie endêmica ao litoral de Santa Catarina e ameaçada pela expansão de balneários e casas de veraneio, gera a necessidade da manutenção, ampliação e construção de novas unidades de conservação na região que abriguem e viabilizem as populações dessa espécie à longo prazo. PALAVRAS CHAVE: Lepidoptera, Hesperioidea, Papilionoidea, Floresta Atlântica, Florianópolis, Brasil.

Butterflies of southern Santa Catarina Island, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil (Lepidoptera: Hesperioidea and Papilionoidea)

Abstract

In two forest remainders located at conservation units in the southern of Santa Catarina island, it has been registered 236 species of diurnal Lepidoptera, distributed in 6 families: Papilionidae - 10 spp.; Pieridae - 16 spp.; Nymphalidae - 74 spp. Lycaenidae - 15 spp.; Riodinidae - 14 spp. and Hesperiidae - 107 spp. The localities demonstrate specific composition significantly differentiated in spite of their close geographical proximity, as well as the specific ratio of its families. In this paper we present the first registers of lepidopterofauna of the region, which were still badly represented in Brazilian and international collections. The presence of one endemic specie to the coast of Santa Catarina threatened by the expansion of urban zones, raises the the necessity of the maintenance, expansion and creation of new conservation units in the region. These are the only truly efficient strategies capable to protect and keep the population of the species during long periods. KEYWORDS: Lepidoptera, Hesperioidea, Papilionoidea, Atlantic Forest, Florianopolis, Brazil.

Mariposas del sur de la isla de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil (Lepidoptera: Hesperioidea y Papilionoidea)

Resumen

En dos grandes zonas boscosas situadas en zonas de conservación en el sur de la isla de Santa Catarina, se

* Contribuição nº1628 do Departamento de Zoologia UFPR

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encontraron 236 especies de lepidópteros diurnos distribuídos en 6 familias: Papilionidae - 10 spp.; Pieridae - 16 spp.; Nymphalidae - 74 spp.; Lycaenidae - 15 spp.; Riodinidae - 14 spp. y Hesperiidae - 107 spp. Los lugares demuestran una composición específica significativamente diferenciada, a pesar de estar próximas geográficamente, así como la proporción específica de sus familias. En este estudio se presentan las primeras citas de la lepidopterofauna de un área tan poco representada en las colecciones brasileñas e internacionales. La presencia de una especie endémica en el litoral de Santa Catarina y amenzada por la expansión de balnearios y casas de veraneo, genera la necesidad del mantenimiento, ampliación y conservación de nuevas áreas para salvaguardar el medio ambiente, en un zona que proteja y permita la viabilidad de las poblaciones de esta especie a largo plazo. PALABRAS CLAVE: Lepidoptera, Hesperioidea, Papilionoidea, bosque atlántico, Florianópolis, Brasil.

Introdução

A ilha de Santa Catarina esteve submetida, entre os séculos XVIII e XIX, a uma grande devastação de suas florestas através da expansão agrícola e exploração madeireira crescentes no decorrer de sua colonização. Apesar de grande parte desmatada, ainda há regiões de floresta primária em alguns pontos da ilha como em Naufragados e na Lagoa do Peri (CARUSO, 1990). Atualmente, inclusa no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, a região de Naufragados abrange 346,5 ha com predominância de rochas granítico-gnáissico que dão suporte à grande formação vegetal denominada “Mata pluvial da encosta atlântica do sul do Brasil” ou “Floresta Ombrófila Densa” conforme o Projecto Radambrasil (KLEIN, 1984). Muito semelhante se apresenta o Parque Municipal da Lagoa do Peri, caracterizado pelo maior manancial de água potável da ilha de Santa Catarina. O parque possui em seu redor ambas vegetações presentes na ilha de Santa Catarina, ou seja, “Mata Pluvial de Encosta Atlântica” e a “Vegetação Litorânea”, formando um ambiente de alta densidade e grande heterogeneidade quanto às suas espécies florísticas. Com mais de 2.030 ha, esta é uma das poucas unidades de conservação da ilha que já possui um documento que se aproxima de um plano de manejo que todas deveriam ter (CARUSO, 1990). Entretanto, poucos estudos são dedicados ao reconhecimento da fauna da ilha de Santa Catarina, principalmente entre os invertebrados, os quais abrigam a maior riqueza de organismos, dentre os quais os denominados megadiversos. Entre eles, Lepidoptera ganha destaque por possuir mais de 150 mil espécies descritas (HEPPNER, 1991). Correspondente às borboletas e mariposas, o grupo apresenta um imenso potencial para utilização de espécies-bandeira, já que são constantemente utilizados como símbolos de conservação (De VRIES & WALLA, 2001). Além da grande variabilidade de formas, a maioria de suas espécies é agente polinizadora de inúmeras plantas fanerógamas e podem ser utilizadas como bioindicadores de riqueza e/ou degradação ambiental (BROWN Jr. & FREITAS, 2000). Economicamente, estão relacionadas a culturas agrícolas variadas, muitas delas representadas por pragas desfolhadoras, mineradoras, ou de grãos armazenados, atribuindo danos e gerando prejuízos sócio-económicos. A ausência de estudos no local impossibilita o reconhecimento das espécies de lepidópteros presentes em Florianópolis, o que objetivou este estudo nessas duas áreas, visando uma melhor caracterização da fauna da ilha e seus interesses na preservação da Floresta Atlântica.

Material e métodos

As coletas foram realizadas mensalmente durante dois anos no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (27º 83’ 40” S e 48º 56’ 91” W) e no Parque Municipal da Lagoa do Peri (27º 43’ 30” S e 48º 32’ 18” W), localizados ao sul da ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Ambos abrigam vegetação típica do Bioma Atlântico, abrangendo dois diferentes ecossistemas igualmente amostrados: Floresta Ombrófila Densa e Restinga. Entre maio de 2003 e abril de 2005 foram realizadas coletas ativas com rede entomológica, junto com uma caderneta de anotações para registrar a ocorrência de espécies previamente identificadas nos

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meses anteriores. A utilização de armadilhas com iscas atrativas não pode ser realizada devido à falta de segurança no local. A montagem e etiquetagem foram realizadas em acordo com as normas internacionais de preparação para deposição na Coleção Entomológica Pe Jesus Santiago Moure, situada no Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná. Os exemplares foram identificados a partir de revisões de géneros (citados na bibliografia), comparações com as figuras de D’ABRERA (1981, 1984, 1987a, 1987b, 1988, 1994 e 1995), ou com exemplares pré-identificados na Coleção mencionada. A classificação das espécies seguiu LAMAS et al. (2004).

Resultados e discussão

Totalizando mais de 576 horas de esforço amostral durante os dois anos de coletas mensais, foi possível identificar 236 espécies de lepidópteros entre Papilionoidea e Hesperioidea (Tabela I), assim distribuídos pelas famílias: Papilionidae - 10 spp.; Pieridae - 16 spp.; Nymphalidae - 74 spp.; Lycaenidae - 15 spp.; Riodinidae - 14 spp.; e Hesperiidae - 107 spp. O número total encontrado é comparativamente baixo quando comparado à maioria dos levantamentos realizados em Floresta Ombrófila Densa no Brasil (Tabela II). No entanto, nessas listas há a influência de outros métodos de coleta, adicionados à busca de exemplares em coleções entomológicas brasileiras. Como a ilha de Santa Catarina nunca foi amostrada anteriormente, os únicos dados obtidos para este grupo, são os do presente trabalho. A predominância de ventos polares, principalmente entre os meses de maio à agosto na região, exerce forte influência sobre o comportamento e fenologia das espécies. É provável que esse fator venha a alterar também na biota de Lepidoptera encontrada nas reservas, embora mais estudos direcionados devam ser realizados para comprovar tal afirmação.

Tabela I.– Lista dos lepidópteros diurnos (Papilionoidea e Hesperioidea) registrados para o sul da ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

PAPILIONOIDEA NYMPHALIDAE Espécie Autor 11 (Heliconiinae) Actinote carycina Jordan, 1913 12 Actinote mamita mitama (Schaus, 1902) 13 Actinote melanisans Oberthür, 1917 14 Actinote surima (Schaus, 1902) 15 Actinote thalia pyrrha (Fabricius, 1775) 16 Agraulis vanillae maculosa (Stichel, [1908]) 17 Dione juno (Cramer, 1779) 18 Dryas iulia alcionea (Cramer, 1779) 19 Eueides isabella dianasa (Hübner, [1806]) 10 Heliconius erato phyllis (Fabricius, 1775) 11 Heliconius ethilla narcaea Godart, 1819 12 Heliconius sara apseudes (Hübner, [1813]) 13 Philaethria wernickei (Röber, 1906) 14 (Limenitidinae) Adelpha lycorias (Godart, [1824]) 15 Adelpha serpa (Boisduval, 1836) 16 Adelpha plesaure Hübner, 1823 17 (Biblidinae) Biblis hyperia nectanabis (Fruhstorfer, 1909) 18 Catonephele acontius caeruleus Jenkins, 1985 19 Catonephele numilia penthia (Hewitson, 1852) 20 Dynamine agacles (Dalman, 1823) 21 Ectima thecla (Fabricius, 1796) 22 Hamadryas amphinome (Linnaeus, 1767) 23 Hamadryas arete (Doubleday, 1847)

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24 Hamadryas februa (Hübner, [1823]) 25 Hamadryas feronia (Linnaeus, 1758) 26 Hamadryas epinome (C. Felder & R. Felder, 1867) 27 Marpesia corina (Latreille, [1813]) 28 Marpesia petreus (Cramer, 1776) 29 Mycelia orsis (Drury, 1782) 30 Temenis laothoe meridionalis Herbert, 1965 31 (Apaturinae) Doxocopa linda mileta (Boisduval, 1870) 32 (Charaxinae) Memphis moruus stheno (Prittwitz, 1865) 33 (Nymphalinae) Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821) 34 Anartia jatrophae (Linnaeus, 1763) 35 Colobura dirce (Linnaeus, 1758) 36 Eresia lansdorfi (Godart, 1819) 37 Historis dious Lamas, 1995 38 Hypanartia bella (Fabricius, 1793) 39 Hypanartia lethe (Fabricius, 1793) 40 Junonia evarete (Cramer, 1779) 41 Ortilia ithra (W. F. Kirby, 1900) 42 Siproeta stelenes meridionalis (Fruhstorfer, 1909) 43 Smyrna blomfildia (Fabricius, 1781) 44 Tegosa claudina (Eschscholtz, 1821) 45 Tegosa orobia (Hewitson, 1864) 46 Vanessa braziliensis (Moore, 1883) 47 (Danainae) Danaus gilippus (Cramer, 1775) 48 Danaus erippus (Cramer, 1775) 49 Lycorea halia discreta Haensch, 1909 50 (Ithomiinae) Episcada carcinia Schaus, 1902 51 Episcada hymenaea (Prittwitz, 1865) 52 Epityches eupompe (Geyer, 1832) 53 Ithomia drymo Hübner, 1816 54 Mechanitis lysimnia (Fabricius, 1793) 55 Methona themisto (Hübner, 1818) 56 Placidina euryanassa (C. Felder & R. Felder, 1860) 57 Pseudoscada erruca (Hewitson, 1855) 58 Pteronymia sylvo (Geyer, 1832) 59 (Morphinae) Morpho helenor violaceus Fruhstorfer, 1912 60 Pessonia epistrophus catenaria Perry, 1811 61 (Brassolinae) Caligo brasiliensis (C. Felder, 1862) 62 Dasyophtalma creusa baronesa Stichel, 1904 63 Dynastor darius darius (Fabricius, 1775) 64 Opoptera sulcius (Staudinger, 1887) 65 (Satyrinae) Capronnieria galesus (Godart, [1824]) 66 Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) 67 Moneuptychia griseldis (Weymer, 1911) 68 Moneuptychia paeon (Godart, [1824]) 69 Pareuptychia summandosa (Gosse, 1880) 70 Paryphthimoides grimon (Godart, [1824]) 71 Splendeuptychia hygina (Butler, 1877) 72 Yphthimoides manasses (C. Felder & R. Felder, 1867) 73 Yphtimoides sp1 74 Zischkaia pacarus (Godart, [1824]) PAPILIONIDAE 75 (Papilioninae) Battus polydamas (Linnaeus, 1758) 76 Battus polystictus (Butler, 1874) 77 Heraclides anchisiades capys (Hübner, [1809])

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178 Heraclides astyalus (Godart, 1819) 179 Heraclides hectorides (Esper, 1794) 180 Heraclides thoas brasiliensis (Rothschild & Jordan, 1906) 181 lysithous (Hübner, [1821]) 182 Parides agavus (Drury, 1782) 183 Parides anchises nephalion (Godart, 1819) 184 Parides bunichus chamissonia (Eschscholtz, 1821) PIERIDAE 185 (Dismorphiinae) Dismorphia crisia (Drury, 1782) 186 Dismorphia thermesia (Godart, 1819) 187 Dismorphia amphione astynome (Dalman, 1823) 188 (Coliadinae) Aphrissa statira (Cramer, 1777) 189 Eurema albula (Cramer, 1775) 190 Eurema elathea flavescens (Chavannes, 1850) 191 Phoebis argante (Fabricius, 1775) 192 Phoebis philea (Linnaeus, 1763) 193 Phoebis sennae marcellina (Cramer, 1777) 194 Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836) 195 Rhabdodryas trite banksi (Breyer, 1939) 196 (Pierinae) Archonias brassolis tereas (Godart, 1819) 197 Ascia monuste orseis (Godart, 1819) 198 Glutophryssa drusilla (Cramer, 1777) 199 Melete lycimnia petronia Fruhstorfer, 1907 100 Theochila maenacte (Boisduval, 1836) LYCAENIDAE 101 (Theclinae) Arcas imperialis (Cramer, 1775) 102 Celmia celmus (Cramer, 1775) 103 Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) 104 Cyanophrys herodotus (Fabricius, 1793) 105 Hypostrymon asa (Hewitson, 1873) 106 Lamprospilus badaca (Hewitson, 1868) 107 Ministrymon cruenta (Gosse, 1880) 108 Panthiades phaleros (Linnaeus, 1767) 109 Strymon ziba (Hewitson, 1868) 110 Symbiopsis strenua (Hewitson, 1877) 111 Tmolus echion (Linnaeus, 1767) 112 Ziegleria hesperitis (Butler & H. Druce, 1872) 113 Eumaeini sp1 114 (Poliommatinae) Hemiargus hanno (Stoll, 1790) 115 Leptotes cassius (Cramer, 1775) RIODINIDAE 116 (Euselasiinae) Euselasia hygenius occulta Stichel, 1919 117 (Riodininae) Ancyluris aulestes pandama (Saunders, 1830) 118 Aricoris constantius (Fabricius, 1793) 119 Aricoris propitia (Stichel, 1910) 120 Aricoris signata (Stichel, 1910) 121 Cremna alector (Geyer, 1837) 122 Emesis fastidiosa Ménétrés, 1855 123 Emesis fattimella fattimela Westwood, 1851 124 Emesis mandana (Cramer, 1780) 125 Eurybia pergaea (Geyer, 1832) 126 Lasaia agesilas (Latreille, [1809]) 127 Lyropterix lyra Saunders, 1830 128 Mesosemia odice (Godart, [1824]) 129 Napaea phryxe (C. & R. Felder, 1865)

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HESPERIOIDEA HESPERIIDAE 130 (Hesperiinae) Arita arita (Schaus, 1902) 131 Arita mubevensis (Bell, 1932) 132 Artines aquilina (Plötz, 1882) 133 Callimormus rivera (Plötz, 1882) 134 Callimormus saturnus (Herrich-Schäffer, 1869) 135 Calpodes ethlius (Stoll, 1782) 136 Cobalopsis miaba (Schaus, 1902) 137 Cobalus virbius hersilia (Plötz, 1882) 138 Conga chydaea (Butler, 1877) 139 Corticea corticea (Plötz, 1882) 140 Corticea lysias potex Evans, 1955 141 Cymaenes distigma (Plötz, 1882) 142 Cymaenes tripunctus theogenis (Capronnier, 1874) 143 Cynea melius (Geyer, 1832) 144 Evansiella cordela (Plötz, 1882) 145 Gallio carasta (Schaus, 1902) 146 Hylephila phyleus (Drury, 1773) 147 Justinia papaea (Hewitson, 1876) 148 Lamponia elegantula (Herrich-Schäffer, 1869) 149 Ludens petrovna (Schaus, 1902) 150 Miltomiges cinnamomea (Herrich-Schäffer, 1869) 151 Mnasilus allubita (Butler, 1877) 152 Moeris striga (Geyer, 1832) 153 Morys geisa (Möschler, 1879) 154 Mucia gulala (Schaus, 1902) 155 Nastra lurida (Herrich-Schäffer, 1869) 156 Neoxeniades scipio (Fabricius, 1793) 157 Niconiades xanthaphes Hübner, [1821] 158 Nyctelius nyctelius (Latreille, [1824]) 159 Orses itea (Swainson, 1821) 160 Panoquina ocola (W. H. Edwards, 1863) 161 Panoquina panoquinoides eugeon (Godman & Salvin, 1896) 162 Papias phainis Godman, 1900 163 Parphorus pseudecorus (Hayward, 1934) 164 Phlebodes sameda (Herrich-Schäffer, 1869) 165 Pompeius pompeius (Latreille, [1824]) 166 Quinta cannae (Herrich-Schäffer, 1869) 167 Quinta locutia (Hewitson, 1876) 168 Saliana saladin catha Evans, 1955 169 Saliana triangularis (Kaye, 1914) 170 Sodalia coler (Schaus, 1902) 171 Synapte silius (Latreille, [1824]) 172 Thargella caura occulta (Schaus, 1902) 173 Thracides cleanthes (Latreille, [1824]) 174 Tigasis fusca (Hayward, 1940) 175 Tirynthia conflua (Herrich-Schäffer, 1869) 176 Vehilius inca (Scudder, 1872) 177 Vehilius stictomenes (Butler, 1877) 178 Vertica verticalis (Plötz, 1882) 179 Vettius artona (Hewitson, 1868) 180 Vettius lafrenaye (Latreille, [1824]) 181 Vettius lucretius (Latreille, [1824]) 182 Vettius marcus (Fabricius, 1787)

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183 Vettius phyllus prona Evans, 1955 184 Vinius letis (Plötz, 1883) 185 Wallengrenia premnas (Wallengren, 1860) 186 (Pyrrhopyginae) Elbella lamprus albociliata Mielke, 1995 (Pyrginae) 187 Eudamini Aguna asander (Hewitson, 1867) 188 Astraptes aulus (Plötz, 1881) 189 Astraptes chiriquensis oenander (Hewitson, 1876) 190 Astraptes fulgerator (Walch, 1775) 191 Astraptes talus (Cramer, 1777) 192 Autochton zarex (Hübner, 1818) 193 Celaenorrhinus eligius punctiger (Burmeister, 1878) 194 Chioides catillus (Cramer, 1779) 195 Epargyreus exadeus (Cramer, 1779) 196 Epargyreus socus pseudexadeus Westwood, 1852 197 Narcosius dosula (Evans, 1952) 198 Narcosius parisi (R. C. Williams, 1927) 199 Phocides polybius phanias (Burmeister, 1880) 200 Polygonus savigny (Latreille, [1824]) 201 Polythrix caunus (Herrich-Schäffer, 1869) 202 Udranomia orcinus (C. Felder & R. Felder, 1867) 203 Urbanus albimargo rica Evans, 1952 204 Urbanus dorantes (Stoll, 1790) 205 Urbanus esta Evans, 1952 206 Urbanus procne (Plötz, 1880) 207 Urbanus proteus (Linnaeus, 1758) 208 Urbanus simplicius (Stoll, 1790) 209 Urbanus teleus (Hübner, 1821) 210 Urbanus virescens (Mabille, 1877) 211 Pyrgini Achlyodes busirus rioja Evans, 1953 212 Achlyodes mithridates thraso (Hübner, [1807]) 213 Aethilla echina coracina Butler, 1870 214 Anastrus sempiternus simplicior (Möschler, 1877) 215 Anastrus ulpianus (Poey, 1832) 216 Antigonus liborius areta Evans, 1953 217 Camptopleura auxo (Möschler, 1879) 218 Chiomara asychis autander (Mabille, 1891) 219 Chiomara mithrax (Möschler, 1879) 220 Gesta gesta (Herrich-Schäffer, 1863) 221 Gorgythion begga (Prittwitz, 1868) 222 Gorgythion beggina escalophoides Evans, 1953 223 Helias phalaenoides palpalis (Latreille, [1824]) 224 Heliopetes alana (Reakirt, 1868) 225 Milanion leucaspis (Mabille, 1878) 226 Mylon maimon (Fabricius, 1775) 227 Nisoniades bipuncta (Schaus, 1902) 228 Polyctor polyctor (Prittwitz, 1868) 229 Pyrgus orcus (Stoll, 1780) 230 Pythonides lancea (Hewitson, 1868) 231 Quadrus cerialis (Stoll, 1782) 232 Sostrata bifasciata (Ménétrés, 1829) 233 Sostrata cronion (C. Felder & R. Felder, 1867) 234 Staphylus incisus (Mabille, 1878) 235 Trina geometrina (C. Felder & R. Felder, 1867) 236 Zera tetrastigma erisichthon (Plötz, 1884)

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E. CARNEIRO, O. H. H. MIELKE & M. M. CASAGRANDE

Tabela II.– Alguns levantamentos de lepidópteros diurnos realizados em regiões de Floresta Ombrófila Densa no Brasil (BROWN Jr. & FREITAS, 2000), comparados ao presente estudo. Localização UF ssp. Localização UF ssp. Florianópolis (sul da ilha) SC 236 Maceió AL 218 João Pessoa PB 307 Delta São João RJ 350 Xerém RJ 462 São Vicente SP 501 Pernambuco (leste) PE 538 Rio de Janeiro RJ 656 Joinville SC 796 Linhares ES 835 Endêmicas (sensu lato) (948) Mata Atlântica 2120

Também deve-se levar em conta o esforço amostral da maioria desses levantamentos, nos quais alguns se referem a dados em torno de 40 anos de coletas intensivas. No presente estudo, o segundo ano contribuiu para um aumento de 31% no número de espécies com relação ao ano anterior, junto a um índice de similaridade de apenas 68% (SORENSEN, 1972), demonstrando que um esforço realizado durante um longo período de tempo resulta em dados consideravelmente distintos a cada ano em que as coletas são realizadas, causando significativo aumento do número de espécies encontradas. A suficiência amostral analisada (Figura 1) vem a corroborar com a necessidade de realização de mais coletas, visto a obtenção de um desvio significativo no último mês, sugerindo que vários novos registros ainda possam ser feitos em novas fases em campo.

Figura 1.– Curva de acumulação de espécies determinando a eficiência amostral realizada mensalmente entre maio de 2003 à abril de 2005.

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Quando comparado aos demais levantamentos, o número proporcional de espécies em cada família se tornou heterogêneo para todos os locais, sendo: Maceió (AL) (X2 = 62,65; P< 0,05; GL = 5); João Pessoa (PB) (X2 = 79,55; P< 0,05; GL = 5); Delta Rio São João (RJ) (X2 = 135,17; P< 0,05; GL = 5); Xerém (RJ) (X2 = 82,08; P< 0,05; GL = 5); Leste de Pernambuco (PE) (X2 = 229,73; P< 0,05; GL = 5); Rio de Janeiro (RJ) (X2 = 152,58; P< 0,05; GL = 5); Joinville (SC) (X2 = 105,57; P< 0,05; GL = 5); e Linhares (X2 = 123,25; P< 0,05; GL = 5) (Figura 2). Significativa diferença é resultado da diversidade de borboletas encontradas nas regiões de Floresta Atlântica e sua dificuldade de amostragem. Entre os diversos levantamentos citados existem variáveis quanto aos métodos de coleta, esforço de amostragem, e tipos de climas e vegetações que alteram a proporção de cada família dentro do levantamento total. Além disso, o próprio pesquisador/coletor pode alterar essa proporção devido à sua experiência, especialidade taxonômica e/ou acesso à identificação das espécies coletadas.

Figura 2.– Percentual de espécies encontrados para cada família em alguns levantamentos realizados em Floresta Atlântica no Brasil (BROWN JR. & FREITAS, 2000).

As regiões estudadas, apesar de muito próximas (aproximadamente 15km) demonstraram ser bastante divergentes quanto à fauna de Lepidoptera. Foram encontradas 178 espécies no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, na região de Naufragados, enquanto 157 espécies foram registradas para o Parque Municipal da Lagoa do Peri, demonstrando somente 63% de congruência de espécies (SORENSEN, 1972). No entanto, quando se refere ao número de espécies pertencentes a cada família em cada área (Tabela III), obteve-se uma certa homogeneidade nas amostras (X=7,53; p>0,18; GL=5) com tendências de heterogeneidade para as famílias Nymphalidae (X=3,21; P>0,07; GL=5) e Hesperiidae (X=3,31; P>0,06; GL=5). A aparente homogeneidade se refere ao número semelhante de espécies encontradas nas duas áreas, o que não significa que as mesmas espécies tenham sido encontradas em cada uma delas, diferença claramente evidenciada pelo índice de similaridade.

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E. CARNEIRO, O. H. H. MIELKE & M. M. CASAGRANDE

Tabela III - Número de espécies encontradas de cada família em cada área de coleta durante os dois anos de estudo (2003-2005). Localização UF ssp. Naufragados Lagoa do Peri Pieridae 14 14 Papilionidae 10 08 Nymphalidae 52 58 Riodinidae 6 7 Lycaenidae 10 10 Hesperiidae 86 60 Total 178 ssp. 157 ssp.

O sul da ilha de Santa Catarina está incluso em uma área de endemismo a qual se distribui Parides bunichus chamissonia, restrita somente a essa região (TYLER et al. 1994). Esse registro soma-se aos escassos até hoje realizados para a distribuição dessa subespécie, presente na lista brasileira das espécies ameaçadas de extinção como categoria vulnerável, e que é praticamente indistinguível, em voo, de Mimoides lysithous lysithous, ambas simpátricas e pertencentes ao mesmo anel mimético (WEST, 1994). Atualmente o crescimento urbano e a expansão de balneários sobre essas regiões de Floresta Atlântica e Restinga vêm ameaçando a manutenção da biodiversidade dos ecossistemas costeiros de Santa Catarina (CECCA, 1997), razões de se ressaltar a importância das áreas para preservação e conservação, única ferramenta efetiva de proteção da fauna de lepidópteros (CARVALHO & MIELKE, 1971).

Conclusões

A comparada baixa riqueza de borboletas encontrada até o momento deve-se à fatores como a incidência de fortes ventos polares que predominam na região durante todo inverno e parte do outono, e também pela grande dificuldade de amostragem de comunidades megadiversas em espaços de tempo menores de 5 anos. No entanto, os registros aqui presentes representam as únicas informações sobre a composição das espécies de lepidopterofauna da região, e devem estar disponíveis à comunidade científica para utilização em dados de biogeografia, ou como base de projetos conservacionistas. A ocorrência de uma espécie ameaçada de extinção e restrita deve ser considerada como fator de alerta sobre a perda de habitat natural causado principalmente pela expansão humana sobre a forma de balneários turísticos sobre a região costeira. Portanto, a proteção dos remanescentes florestais adicionados à criação de novos parques e ampliação dos atuais, que venham a maximizar os esforços de conservação de toda biota desses ecossistemas, devem ser considerados como estratégias necessárias e essenciais para o desenvolvimento de toda a região.

Agradecimentos

Ao Dr. Marlon Paluch pela identificação dos exemplares de Actinote e valiosos conselhos durante a realização deste trabalho. À professora Drª Marta L. Fischer (PUCPR) auxilio nas análises estatísticas e suas consideraçoes durante todo percurso desse estudo. Ao IBAMA/SC, em nome de Drª. Estela Gomel Alves (Chefe do Núcleo de Fauna), e FLORAM, em nome da Drª. Elisabeth Amin Helou Vieceli (Directora Superintendente) e Dr. Edelberth Adam (Director de Operações) pelo licenciamento de coleta, transporte e utilização das unidades de conservação para a referida pesquisa.

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BIBLIOGRAFIA

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E. C., O. H. H. M. & M. M. C. Laboratório de Estudos em Lepidoptera Neotropical Departamento de Zoologia UFPR. Caixa Postal 19020 CEP: 81531-980 Curitiba, PR BRASIL / BRAZIL E-mail: [email protected] / [email protected] / [email protected]

(Recibido para publicación / Received for publication 15-IX-2007) (Revisado y aceptado / Revised and accepted 20-X-2007)

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