Mestrado em Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais

Trabalho final de Mestrado – Trabalho de Projeto

Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em

Autor: Cátia Sofia Pedrosa Tainha

Setembro - 2012

Mestrado em Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais

Trabalho final de Mestrado – Trabalho de Projeto

Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola

Autor: Cátia Sofia Pedrosa Tainha

Orientação: Professor Doutor João Carvalho das Neves

Setembro – 2012 Cátia Sofia Pedrosa Tainha, Mestrado em Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais

Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola

RESUMO

Muitos anos de guerra civil em Angola deixaram as infraestruturas locais e nacionais em ruínas. Este trabalho tem como objetivo o estudar as necessidades de investimento em infraestruturas básicas (saneamento e água) a uma das províncias de Angola – Kuanza Sul. Tratando-se de uma população maioritariamente rural é importante promover o desenvolvimento rural através da melhoria das infraestruturas, das quais destacamos a água e o saneamento.

A província estudada apresenta condições de habitabilidade bastante precárias, é portanto necessário tomar medidas para melhorar as condições de vida das populações rurais. Essas medidas passam por estratégias para a redução da pobreza, aumento do nível educacional e de saúde, melhor acesso e qualidade dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico, e promover um desenvolvimento sustentável com o apoio institucional, público e privado.

PALAVRAS-CHAVE

Comunidade Rural; habitação; saneamento; água; pobreza; censo populacional; África Subsariana

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ABSTRACT

Many years of civil war in Angola left local and national infrastructure in ruins. This work aims to study the need for investment in basic infrastructure (water and sanitation) to one of the provinces of Angola - Kuanza Sul. In the case of a mostly rural population it is important to promote rural development through the improvement of infrastructures, of which we highlight water and sanitation.

The province investigated living conditions precarious enough features, it is therefore necessary to take measures to improve the living conditions of rural populations. These measures go through strategies for poverty reduction, increase in the level of education and health, improved access and quality of services for water supply and sanitation, and promote sustainable development with the institutional support, both public and private.

KEY WORDS

Rural Community; housing; sanitation; water; poverty; population census; Sub-saharan Africa

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de deixar um agradecimento a todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho, contributos sem os quais a sua concretização não teria sido possível.

Ao Professor João Carvalho das Neves, orientador deste projeto, não poderia deixar de agradecer o apoio, a disponibilidade e, sobretudo, pela confiança depositada e por ter acreditado no tema deste trabalho.

À minha colega e amiga Inês Neves, família e amigos, agradeço a paciência e o apoio incondicional que sempre me manifestaram.

A todos, o meu sincero obrigado.

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ABREVIATURAS

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BDA Banco de Desenvolvimento de Angola

BM Banco Mundial

BNA Banco Nacional de Angola

ECP Estratégia de Combate à Pobreza

FMI Fundo Monetário Internacional

GdA Governo de Angola

IBEP Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População

INE Instituto Nacional de Estatística

IPC Índice Preços ao Consumidor

Kz Kwanza

MICS Inquérito de Indicadores Múltiplos

NU Nações Unidas

ODM Objetivos do Desenvolvimento do Milénio

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PIB Produto Interno Bruto

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPP Parceria Público-Privada

QUIBB Inquérito de Indicadores Básicos de Bem-Estar

UNICEF United Nations Children's Fund

USD United States Dollar

WHO World Health Organization

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GLOSSÁRIO DE TERMOS

Agregado familiar: Entende-se por uma pessoa ou um grupo de pessoas ligadas ou não por laços de parentesco que vivem habitualmente na mesma casa e cujas despesas são partilhadas parcial ou totalmente. Em caso de poligamia, considera-se um agregado familiar cada uma das mulheres e seus filhos, se estas tiverem as suas despesas em separado.

Área rural – região não urbanizada, que tem como meios de subsistência essencialmente atividades agrícolas e criação de gado.

Área urbana – região caracterizada pela edificação contínua e existência de infraestruturas e equipamentos sociais destinados às funções urbanas básicas, como a saúde, a educação, a habitação e a circulação.

Chefe do agregado familiar: É a pessoa residente no agregado familiar, responsável do agregado e considerado como tal pelos restantes membros. Cada agregado familiar possui um chefe, e é sempre uma pessoa ali residente.

Comunidade rural – povo que se desenvolve e vive no campo, afastado dos centros urbanos.

Habitação: Entende-se por habitação, todo e qualquer lugar que foi construído ou adaptado para alojar pessoas ou é utilizada para tal, ou está disponível para vir a ser utilizada como habitação, no caso das habitações vagas.

Linha da Pobreza: Consiste no nível de rendimento abaixo do qual as pessoas são definidas como pobres. A definição baseia-se no nível de consumo das pessoas e no que é necessário para satisfazer as necessidades básicas de vida, e para satisfazer as mais importantes necessidades socioculturais. A linha de pobreza oficial é determinada por cada governo nacional.

Migração: Considera-se como migração todos os movimentos de pessoas de uma zona administrativa para outra (província) dentro do país, com mudança de residência. O saldo migratório representa a diferença entre o número de entradas e de saídas.

Pobreza: O conceito de pobreza refere-se a uma situação de privação evidente numa ou mais dimensões de bem-estar de um indivíduo, tal como acesso limitado a serviços de saúde, baixo capital humano, habitação inadequada, malnutrição, falta de determinados bens e serviços, falta de capacidade de expressão de pontos de vista políticos ou crenças religiosas, etc. A

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola pobreza define-se, normalmente, como a insuficiência de recursos para assegurar as condições básicas de subsistência e de bem-estar, segundo as normas da sociedade.

Pobreza - Índice de incidência: Mede a proporção da população definida como pobre, isto é, as pessoas cujo consumo (ou outro indicador alternativo utilizado para medir o padrão de vida) se encontra abaixo da linha de pobreza definida. Quanto maior for o índice, maior a proporção de indivíduos que são pobres.

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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Evolução do Crescimento do PIB...... 6 Figura 2: Comportamento do PIB...... 6 Figura 3: Inflação mensal...... 7 Figura 4: Ritmo médio de crescimento...... 8 Figura 5: Evolução da População Angolana, 1991-2010...... 9 Figura 6: Distribuição da população angolana, por idade e género...... 9 Figura 7: Crescimento da população (rural e urbana)...... 10 Figura 8: Incidência da pobreza por área de residência em 2009...... 11 Figura 9: Mapa de Angola ...... 13 Figura 10: Distribuição percentual dos chefes dos agregados familiares, segundo o sexo...... 16 Figura 11: Distribuição percentual de habitações, segundo o número de divisões e número de quartos para dormir (Kuanza Sul)...... 18 Figura 12: Infraestruturas debilitadas em Kuanza Sul ...... 18 Figura 13: Proporção da população que usa uma fonte apropriada de água...... 19 Figura 14: Proporção da população com acesso a fontes de água adequadas...... 19 Figura 15: Proporção de agregados que demora mais de 30 minutos até à fonte mais próxima...... 20 Figura 16: Proporção de agregados que percorre mais de 500 metros até à fonte mais próxima...... 20 Figura 17: Diferença percentual de homens e mulheres que transportam água para o agregado familiar (Área Rural)...... 21 Figura 18: Proporção de pessoas com instalação sanitária adequada na habitação...... 22 Figura 19: Como deve ser feito o abastecimento de água ...... 27 Figura 20: Proporção de população com 6 ou mais anos de idade que nunca frequentaram a escola, por província...... 43 Figura 21: Principais razões para nunca ter frequentado a escola. (%) ...... 44 Figura 22: Proporção de população com 15 anos ou mais de idade que sabe ler e escrever. ....44 Figura 23: Percentagem da população de 15 anos e mais de idade, que sabe ler e escrever, por província (%)...... 45 Figura 24: Fontes inadequadas de água na zona rural...... 46 Figura 25: Percentagem da população com acesso a fontes de água apropriadas, por província...... 46 Figura 26: Percentagem de agregados familiares que defecam ao ar livre, por província...... 47

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ÍNDICE DE TABELAS Tabela I: Taxa de Migração ...... 10 Tabela II: Proporção de crianças com 6-17 anos de idade que frequenta ou não a escola (%) ..12 Tabela III: População com 15 anos ou mais que sabe ler e escrever ...... 12 Tabela IV: Incidência de pobreza da população angolana por regiões, em 2008-2009 (%) ...... 13 Tabela V: Distribuição percentual dos agregados familiares, segundo o número de pessoas....15 Tabela VI: Distribuição dos agregados por tipo de habitação (%) ...... 17 Tabela VII: Número médio de pessoas por divisão por habitação ...... 17 Tabela VIII: Proporção da população por tipo de instalação sanitária (%) ...... 22 Tabela IX: Plano dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico ...... 30 Tabela X: Proporção da população abrangida pelo projeto ...... 31 Tabela XI: Taxas de crescimento real do PIB ...... 41 Tabela XII: Composição do PIB (por setores) (%) ...... 42 Tabela XIII: Inflação 2011 ...... 42 Tabela XIV: Inflação 2012 ...... 42 Tabela XV: Caracterização institucional e política de Kuanza Sul ...... 43 Tabela XVI: Nível de Escolaridade do Chefe do Agregado Familiar, segundo área de residência (%) ...... 45 Tabela XVII: Distribuição da população segundo a forma de tratamento da água (%) ...... 47 Tabela XVIII: Consumo médio mensal por pessoa por grupo de consumo (em kwanzas) e distribuição percentual ...... 48

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ÍNDICE I. INTRODUÇÃO ...... 1 1.1. Apresentação do tema ...... 1 1.2. Justificação do tema ...... 1 1.3. Objetivos ...... 2 1.4. Apresentação breve dos capítulos do trabalho ...... 3 II. BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...... 3 III. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO ...... 5 3.1. Breve caracterização de Angola...... 5 3.1.1. Contexto político ...... 5 3.1.2. Contexto Macroeconómico ...... 5 3.1.1. Contexto Demográfico ...... 8 3.1.2. Índice de Pobreza ...... 11 3.1.3. Educação ...... 11 3.2. Caracterização Kuanza Sul ...... 13 3.2.1. População ...... 13 3.2.2. Pobreza ...... 13 3.2.3. Educação ...... 14 3.3. Recursos Existentes ...... 14 3.3.1. Agregado Familiar ...... 15 3.3.2. Características da Habitação...... 16 3.3.3. Infraestruturas básicas (Água e Saneamento) ...... 18 IV. METODOLOGIA DO TRABALHO ...... 24 V. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ...... 24 5.1. Caracterização do segmento alvo ...... 24 5.2. Identificação das necessidades e objetivos ...... 25 5.3. Metas ...... 25 5.4. Implementação do projeto ...... 26 5.5. Modelo de desenvolvimento ...... 28 5.6. Dificuldades implementação ...... 31 VI. FONTES DE FINANCIAMENTO ...... 31 6.1. Governo ...... 32 6.2. Ajuda internacional ...... 32

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6.3. Parceria público-privada (PPP) ...... 32 VII. CONCLUSÃO ...... 33 VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 36 8.1. Artigos e Livros consultados ...... 36 8.2. Fontes de dados estatísticos ...... 36 8.3. Websites e documentos na internet ...... 37 IX. ANEXOS ...... 41

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I. INTRODUÇÃO 1.1. Apresentação do tema Neste capítulo apresenta-se e justifica-se a importância do tema do presente projeto de investimento e posterior implementação na região de Kuanza Sul, um dos municípios de Angola, intitulado de “Development of sustainable business model for housing to empower rural communities”, sendo enumerados os objetivos do mesmo e feita uma breve apresentação dos diferentes capítulos.

1.2. Justificação do tema “Uma das maiores disparidades em termos do abastecimento de água e de saneamento é entre as áreas urbanas e as zonas rurais.”(PNUD 2006, p.41 e 54)

Muitos anos de guerra civil em Angola deixaram as infraestruturas locais e nacionais em ruínas. O Governo de Angola (GdA) está empenhado na reconstrução pós conflito e no desenvolvimento do país, criando infraestruturas para prestação de serviços básicos e desenvolvendo as competências dos angolanos para contribuírem mais eficazmente para a reconstrução nacional.

Em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao analisar os problemas mundiais existentes decidiu definir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) a atingir até 2015. Estes objetivos constituem um conjunto articulado de temas que incorporam aspetos relevantes do combate à pobreza e da promoção do bem-estar da população.

A primeira meta a atingir dos ODM, é a erradicação da pobreza e fome, considerada das mais importantes para os países da África Subsariana, onde Angola se encontra inserida. A pobreza nas zonas rurais é dos principais problemas observados neste país.

Tal como acontece em muitos países africanos, Angola tem baixos níveis de acesso à água potável e saneamento básico, principalmente nas áreas rurais, logo existe uma maior necessidade de expandir o acesso a esses mesmos serviços. Com o intuito de atingir uma das metas dos ODM, que é o de reduzir para metade a proporção de população sem acesso sustentável à água potável segura e o saneamento básico, é necessário fazer investimentos no que respeita ao alargamento e melhoramento do abastecimento de água nos próximos anos, que fará com que o cenário atual seja mudado, visto que os níveis de acesso e qualidade dos serviços de abastecimento de água ainda são fracos comparativamente a outros países e às médias africanas, especialmente nas zonas rurais.

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Os principais motivos que levaram à escolha da província de Kuanza Sul para elaborar este estudo encontram-se relacionados com os vários fatores que serão desenvolvidos nos pontos seguintes, como a pobreza, a população e a educação.

Após a análise dos dados referentes a esses pontos vai ser possível verificar que existe uma urgente necessidade de intervir nesta província devido à escassez extrema de alguns bens e serviços e das condições de vida da população.

O nível de incidência da pobreza desta população é pior do que a média de Angola e existe uma grande discrepância entre os recursos existentes nesta região e os recursos existentes a nível das outras regiões de Angola.

Melhorar o acesso à água potável, saneamento e higiene é uma das condições indispensáveis para o bem-estar das populações, bem como para o desenvolvimento social e económico do país.

“Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para assegurar a sua saúde, o seu bem-estar e os da sua família, nomeadamente no que se refere à alimentação, vestuário, alojamento, cuidados médicos assim como aos serviços sociais necessários...”, consagrando o direito à habitação como um direito universal.

Artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, das Nações Unidas (de 1948)

1.3. Objetivos Este projeto procura avaliar se a população rural está ou não a beneficiar com o crescimento económico que o país tem reconhecido recentemente, cooperando para o desenvolvimento rural, bem com conceder à população melhores condições.

O principal objetivo é assim, o de tentar disponibilizar melhores infraestruturas básicas, de modo a que a população, neste caso rural, deixe de viver com condições precárias e tentar assegurar as condições básicas de habitabilidade a toda a população. Os locais onde as habitações se encontram devem ter as condições exigidas de habitabilidade, como o saneamento e a água, para que os cidadãos possam viver em boas condições.

Objetivos específicos deste estudo:  Disponibilizar melhores infraestruturas básicas;  Melhor acesso e qualidade dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico;  Proporcionar à população condições condignas de habitação e qualidade de vida;

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 Sustentabilidade do financiamento do projeto.

“A água potável segura e o saneamento adequado são fundamentais para a redução da pobreza, para o desenvolvimento sustentável e para a prossecução de todos e cada um dos ODM.”

Ban Ki-,moon, Secretário-geral da ONU

1.4. Apresentação breve dos capítulos do trabalho O presente projeto é constituído por sete capítulos, sendo neste capítulo feita uma pequena abordagem ao tema escolhido. No capítulo 2 é apresentada uma breve revisão bibliográfica referente a projetos existentes sobre o tema em análise, e de seguida no capítulo 3 é feita a contextualização do projeto, onde são analisados os dados referentes a Angola e Kuanza Sul. No capítulo 4, é descrita a metodologia utilizada e, no capítulo 5 apresenta-se o desenvolvimento do projeto, identificando o segmento alvo, as necessidades e as metas a atingir, e por fim a implementação do mesmo e respetivas dificuldades. De seguida, no capítulo 6 é feita uma pequena abordagem a fontes de financiamento possíveis para o desenvolvimento deste projeto. E por fim, no último capítulo, serão feitas conclusões e sugestões no âmbito deste estudo.

II. BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O tema deste projeto é de extrema importância devido a interligar assuntos como a pobreza, educação, água e saneamento. Embora seja um tema relevante existem poucos projetos desenvolvidos nesta área em Angola, principalmente referentes às áreas de residência mais carenciadas (área rural), os poucos que existem foram desenvolvidos por organizações não- governamentais, como a UNICEF, PNUD e ONU. Este capítulo faz referência a alguns dos estudos feitos relevantes para este tema:

No âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, vários relatórios foram realizados numa tentativa de alertar as diversas organizações a nível mundial sobre alguns dos problemas vividos por alguns países em desenvolvimento.

 PNUD (2003), Relatório de Desenvolvimento Humano, Objetivos de Desenvolvimento do Milénio: Um pacto entre nações para eliminar a pobreza humana. Este relatório contribuiu para a compreensão da pobreza e respetivas causas, e do lento desenvolvimento nas áreas rurais. Este relatório pretende mostrar como é importante focar a atenção nas populações com recursos escassos, como é o caso das populações

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rurais: “O problema é a melhor forma de aplicar os recursos e o saber-fazer para beneficiar as pessoas mais pobres. (..) O Pacto de Desenvolvimento do Milénio deve concentrar-se primeiro em países prioritários que enfrentam as maiores barreiras para atingir os Objetivos, países com menor desenvolvimento humano e que fizeram menos progressos na última década.”  PNUD (2006), Relatório de Desenvolvimento Humano, A água para lá da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água. Este relatório aborda essencialmente questões relacionadas com o escasso acesso à água potável e saneamento básico das populações mais pobres: “A existência ou não de água potável e de saneamento básico pode promover ou, pelo contrário, impedir o desenvolvimento humano.(..) O acesso à água não constitui somente um direito humano fundamental e um importante indicador do progresso dos povos. Também constitui a base a outros direitos humanos e é condição necessária para que se atinjam metas de desenvolvimento humano mais exigentes.”

Outros projetos foram sendo desenvolvidos ao longo dos anos:  UNICEF (2012), Progresso on Drinking Water and Sanitation. Desde a adoção dos ODM a WHO/UNICEF focaram-se em atingir a meta 10 dos ODM, reduzir para metade a proporção de pessoas que não têm acesso à água potável e saneamento básico. Este relatório serviu para anunciar que a meta até 2010 foi atingida.  Proença, Carlos Sangreman (2011). O censo das famílias, pessoas, habitações e atividades económicas: projeto de construção de um Observatório de Bem-estar do Bairro de Quelele. Este trabalho foi feito prosseguindo o objetivo de reforçar a capacidade dos agentes da sociedade civil do bairro de Quelele de intervir no sentido de conseguir criar cada vez mais uma vida melhor, um patamar de bem-estar mais alto, para os habitantes.  Oliveira, Sílvia (2011). Olhar a pobreza em Angola: causas, consequências e estratégias para a sua erradicação. O objetivo deste artigo é debater o desenvolvimento do conceito de pobreza e compreender a dimensão política, económica, social e cultural da pobreza em Angola. Segundo a autora, as dificuldades de acesso às necessidades básicas como alimentação, educação, emprego, água potável, saneamento básico, entre outras, colocam a maioria da população africana, no geral, e a angolana, em particular, a viver em condições desumanas.

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III. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO

3.1. Breve caracterização de Angola 3.1.1. Contexto político A guerra prolongada, durante os quase 30 anos decorridos desde a luta pela independência, é um dos principais fatores determinantes da pobreza do país. É incontestável o impacto negativo que a guerra produziu sobre a vida e liberdade das pessoas, condicionando a sua circulação e desencadeando fluxos migratórios em direção às áreas urbanas ou ao estrangeiro, sobre o funcionamento dos mercados, sobre as infraestruturas básicas, de fornecimento de água, saneamento e energia, e sobre os sistemas sociais de saúde e educação. Estes efeitos revelaram-se desastrosos para o desenvolvimento socioeconómico do país, tendo contribuído para que crescentes faixas da população se empobrecessem rapidamente.

3.1.2. Contexto Macroeconómico Após a guerra, o Governo de Angola empenhou-se em muitas ações para reconstruir as infraestruturas sociais e económicas para melhorar a qualidade de vida da população.

Nos últimos anos os mercados foram marcados pela incerteza e dificuldades económico- financeiras, repercutindo-se esses efeitos sobre vários países, contudo Angola foi um dos países do mundo que mais cresceu economicamente na última década. O impacto da atividade económica de cada país fez-se sentir de forma diversa, dependendo do grau de integração dos respetivos sistemas financeiros ou do seu grau de abertura ao exterior. Angola é dos países onde esse efeito se fez sentir de forma mais acentuada, refletindo o grau de dependência relativamente ao mercado petrolífero.

Depois das altas taxas de crescimento registadas no período entre 2004 e 2008, em 2009 o PIB angolano terá apresentado uma evolução praticamente nula (Figura 1), devido à forte queda do preço do petróleo nos mercados internacionais, reflexo da crise internacional, ainda assim evitando um cenário recessivo.

A região africana em 2010 e 2011 destacou-se pelo seu desempenho positivo, com uma taxa de crescimento do PIB superior a 3%. Apesar de a economia ter verificado um crescimento significativo, face à crise que se tem vivido, a atividade económica tem sido penalizada pela quebra na produção petrolífera.

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25% 22,6% 20,7% 18,3% 20%

15% 13,8% 11,2% 10% 3,4% 3,4% 5% 3,3% 2,4% -0,3% 0% 1990 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 -5%

Figura 1: Evolução do Crescimento do PIB. Fonte: World Bank

Ao analisarmos as taxas de crescimento dos setores petrolífero e não petrolífero, verificamos que o setor não petrolífero encontra-se em crescimento contrariamente ao setor petrolífero, isto deve-se ao aumento da diversificação das atividades económicas, em busca da redução da dependência do exterior.

25% 20% 15% 10% 5% 0% -5% -10% 2007 2008 2009 2010 2011 2012

PIB PIB petrolífero PIB não petrolífero

Figura 2: Comportamento do PIB. Fonte: FMI

Desde 2009 que o principal contributo para o crescimento da economia angolana tem sido proveniente do setor não petrolífero (Figura 2), em favor de atividades mais empregadoras, como a construção civil, os serviços e a própria agropecuária. Este setor registou uma taxa de expansão de 7,6% em 2010, e as mais recentes estimativas apontam para que este setor registe uma taxa de crescimento de 7,7% em 2011 e 10,4% em 2012.

Em 2010, e segundo o Banco Nacional de Angola (BNA), apresentaram-se como setores mais dinâmicos a construção, com uma taxa de crescimento de 16,1%, a energia, com 10,9%, e a indústria transformadora, com 10,7%. Em contrapartida, os setores do petróleo e diamantes registaram contrações de 3,0% e de 10,3%, respetivamente (Anexo 9.1 - Tabela XI).

Relativamente a 2011, a informação preliminar aponta para um comportamento semelhante nos vários setores. Para 2012, após dois anos de crescimento económico real de 3,4%,

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola segundo as estimativas do FMI prevê-se uma assinalável aceleração da expansão económica, atingindo o acréscimo real do PIB patamares próximos de 10%.

O governo, com um cenário mais otimista, prevê um crescimento de 15,5% para este ano (2012). Para tal contribui a esperada recuperação do setor petrolífero, mas particularmente a recuperação do setor não petrolífero, que, em 2012, deverá acentuar o seu contributo para o crescimento da economia, afirmando-se como motor alternativo de crescimento, refletindo a estratégia de diversificação da economia e a aposta em setores de substituição de importações.

Inflação Depois de uma queda acentuada ao longo de 2011, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registou uma ligeira aceleração em Janeiro de 2012, de 11,48%, face aos 11,38% registados em Dezembro, tendo no entanto retomado a tendência descendente desejada nos meses seguintes, situando-se em 10,02% em Julho de 2012. (Anexo 9.1).

2,0%

1,5%

1,0%

0,5%

0,0% Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2011 2012

Figura 3: Inflação mensal.

Fonte: BNA

Para 2012, as autoridades estabeleceram a meta de variação dos preços ao consumidor em 10%, valor que segundo o BNA já se verifica no primeiro semestre do ano, esperando que a tendência de desaceleração se mantenha. Todavia, reconhecem a dificuldade da tarefa atendendo à expectativa de aceleração significativa da atividade económica, cerca de 10% segundo o FMI, impulsionada pela procura doméstica.

Caracterização do setor construção em Angola Angola é um país marcado por quase três décadas de guerra civil, que provocou a destruição das estruturas existentes a vários níveis e adiou as decisões de investimento no desenvolvimento de novas estruturas. O rasto de destruição é responsável pelos níveis de

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola pobreza existentes do país, pelo que o processo de reconstrução nacional constituiu uma prioridade nacional.

Neste contexto, compreende-se que o setor da construção tenha iniciado um período de forte expansão a seguir a 2002, num país onde estava tudo por construir, a reconstrução nacional e recuperação de infraestruturas destruídas, eram medidas essenciais ao desenvolvimento.

40 % 37,1 35 30 25 25,6 20,1 23,8 20 22,6 15 15 16,1 13,8 8,1 10 7,6 7,7 5 6,8 3,4 0 2,4 3,4 2007 2008 2009 2010 2011 P

PIB real global Não-petrolífero Construção

Figura 4: Ritmo médio de crescimento. Fonte: FMI e BNA

Observa-se na Figura 3, que a construção é um dos setores que tem apresentado uma taxa de crescimento mais acentuada nos últimos anos, a seguir à agricultura e pescas, situando-se acima da média do setor não petrolífero.

A forte dinâmica do setor nos últimos anos é também ilustrada pela evolução do seu contributo para a formação do PIB nominal, em 2006 correspondia a 4,3% do PIB, face a 8,1% em 2010, patamar onde agora se perspetiva que estabilize (Anexo 9.1 - Tabela XII).

O setor da construção é neste momento o terceiro principal setor da economia não petrolífera, a seguir à agricultura e ao comércio. Daí que seja sobretudo o setor da construção e obras públicas o primeiro a encontrar no mercado angolano grandes oportunidades de investimento, respondendo a uma procura em forte expansão.

3.1.1. Contexto Demográfico 3.1.1.1. População Angola regista um grande deficit de dados demográficos recentes, sendo a base de dados estatística disponível sobre a população angolana bastante frágil. Desde a independência, em 1975, nunca mais se realizou um censo da população, estando o próximo previsto para 2013.

A população é um dos elementos fundamentais do crescimento económico e embora os dados não sejam fiáveis, as estimativas populacionais que tiveram como base o Banco Mundial,

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola revelaram um crescimento da população de cerca de 3% durante o período de 2003 a 2010, esse aumento deveu-se não só ao crescimento natural da população, mas também ao constante regresso de angolanos refugiados em países vizinhos.

25

19,08 19,62

18,56 20 17,53 18,04 16,49 17,01 15,42 15,96 15 10,65 10

Milhões de pessoas de Milhões 5

0 1991 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Figura 5: Evolução da População Angolana, 1991-2010. Fonte: World Bank

A densidade populacional média em 1991 comparativamente com a verificada em 2010 é muito baixa, sendo de 8,55 habitantes por km² enquanto em 2010 constava de 15,31 habitantes por km².

Estrutura populacional A estrutura demográfica angolana caracteriza-se por uma população bastante jovem. Com efeito a pirâmide etária apresenta a base bastante larga e o vértice estreito, forma que reflete, uma estrutura etária da população típica de um país com taxas de fecundidade e mortalidade altas, predominando, desta forma, os grupos etários mais jovens.

Figura 6: Distribuição da população angolana, por idade e género. Fonte: IBEP 2010

É possível notar que as proporções não se mostram, substancialmente, diferentes segundo o sexo. De acordo com os dados do Banco Mundial a população é constituída por 9.899.461 mulheres (50,46%) e 9.718.971 homens (49,54%).

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3.1.1.2. Migração A história da migração em Angola é marcada por quatro períodos cruciais: (i) antes da independência nacional em 1975; (ii) entre a independência e as primeiras eleições gerais em 1992; (iii) após as eleições em 1992 e antes do acordo de paz em 2002, e (iv) após o acordo de paz.

Depois de 2002, o país registou um êxodo rural, devido ao forte ritmo de urbanização observado nas principais cidades, causado por uma maior oferta de serviços sociais, sobretudo nas áreas da educação, alimentação, habitação e saúde. Estes fluxos migratórios refletem a procura de novas oportunidades de emprego e a expectativa em alcançar melhores condições de vida.

8% 6% 4% 2% 0%

Rural population growth (annual %) Urban population growth (annual %)

Figura 7: Crescimento da população (rural e urbana). Fonte: World Bank

A migração é um processo contínuo que ocorre com maior ou menor incidência em determinados períodos da história de um país ou região. Ao analisarmos a Figura 7 e a Tabela I podemos verificar que no período entre 1970 e 1990, houve uma grande parte da população que migrou causando uma queda ao nível do crescimento da população rural.

Tabela I: Taxa de Migração

ANGOLA População (%) Total População Saldo migratório

1970 0,82 48.657 -201.155 1980 1,18 89.891 13.955 1990 0,32 33.517 -150.232 2005 0,34 56.055 172.194 Fonte: World Bank O principal fator que motivou a mudança de residência da grande maioria da população foi a guerra, contudo fatores de ordem social e económica, como a procura de trabalho e oportunidades de educação, estão também entre as principais motivações para a mudança de residência.

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3.1.2. Índice de Pobreza “É qualificado como pobre aquele que possui más condições materiais de vida, que se refletem na dieta alimentar, na forma de vestir, nas condições habitacionais, no acesso a assistência sanitária e nas condições de emprego. Para além do conceito baseado nas condições materiais, há ainda definições mais amplas que, (..) definem a pobreza como a falta de capacidades humanas básicas, refletidas pelo analfabetismo, pela má nutrição, pela mortalidade infantil elevada, pela esperança de vida reduzida, pela falta de acesso a serviços e infraestruturas necessárias para satisfazer necessidades básicas (saneamento, água potável, energia, comunicações) (..)”(Estratégia de combate à pobreza, 2005, p.18)

Um dos indicadores que serve para medir a pobreza na população é o índice de incidência da pobreza, que mede a proporção da população definida como pobre, isto é, as pessoas com renda inferior a 1 dólar por dia. Conforme os resultados obtidos no IBEP, com dados referentes a 2008 e 2009 (Figura 8), estes remetem a que 37% da população angolana se encontre em situação de pobreza, o que significa que 37 em cada 100 angolanos têm um nível de consumo abaixo da linha de pobreza.

60%

40% 36,6% 58,3% 20% 18,7%

0% Angola Rural Urbana

Figura 8: Incidência da pobreza por área de residência em 2009. Fonte: IBEP 2010

Existem no país grandes assimetrias territoriais no que respeita à pobreza, sendo a diferença entre área rural e urbana bastante significativa. Segundo os dados do IBEP, a pobreza urbana atinge cerca de 19% dos agregados familiares, enquanto que a rural foi estimada em 58,3%, sendo três vezes superior nas áreas rurais comparativamente com as urbanas, o que indica que a população pobre está concentrada nas zonas rurais.

3.1.3. Educação A importância do investimento em capital humano decorre do seu reconhecido contributo para o crescimento económico, bem como para uma série de outros benefícios sociais. Por este motivo, é importante assegurar o acesso a ensino básico obrigatório (e gratuito) de qualidade para todas as crianças, e a erradicação do analfabetismo, de forma a garantir que

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola toda a população tenha a oportunidade de desenvolver as capacidades mínimas para combater a pobreza e aumentar a quantidade e qualidade do capital humano disponível ao processo de produção. O acesso universal a um ensino primário de qualidade, sem diferenças de género, é a terceira meta dos ODM.

Frequência Escolar A população angolana é muito jovem, como tal é importante assegurar o acesso ao sistema educacional oficial. A frequência escolar é um indicador importante porque o facto de as crianças estarem matriculadas na escola não significa que a frequentem, existem variadas razões para o posterior abandono escolar.

A área de residência voltar a ser uma condicionante importante. Segundo os dados do IBEP, cerca de 20% das crianças, com idades compreendidas entre os 6 e 17 anos de idade, nunca frequentaram a escola (Tabela II). E essa probabilidade é três vezes maior nas áreas rurais do que nas áreas urbanas (32,5% e 10,5% respetivamente).

Tabela II: Proporção de crianças com 6-17 anos de idade que frequenta ou não a escola (%)

Angola Área Urbana Área Rural Proporção de crianças com 6-17 anos de idade que 20,3 10,5 32,5 nunca frequentaram a escola Proporção de crianças com 6-17 anos de idade a 78,5 84,8 70,8 frequentar a escola Fonte: IBEP 2010

Alfabetização No caso de Angola, cerca de 30% da população é analfabeta, as diferenças não se refletem apenas pela área de residência mas também pelo género, cerca de metade da população adulta feminina não sabe ler nem escrever.

Tabela III: População com 15 anos ou mais que sabe ler e escrever

População com 15 anos ou mais Total 2009 Homens Mulheres ÁFRICA SUBSARIANA 65,5 74,8 56,3 ANGOLA 70,0 82,9 57,6 Fonte: World Bank

É do conhecimento geral que, a educação básica e a alfabetização de adultos constituem domínios poderosos e de grande impacto na redistribuição do rendimento e na promoção da equidade social e correção das assimetrias regionais. Angola para concretizar o seu potencial

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola de crescimento, as autoridades devem adotar políticas que possibilitem progressos no capital humano, visto saberem o seu contributo para o crescimento económico.

3.2. Caracterização Kuanza Sul 3.2.1. População Angola é um país da costa ocidental de Figura 9: Mapa de Angola África, que se tornou independente a 11 de novembro de 1975 e está dividido em 18 províncias: Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Kuando Kubango, Kuanza Norte, Kuanza Sul, Cunene, Huambo, Huíla, Luanda, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire.

A província escolhida para analisar alguns dos fatores do bem-estar da população é Kuanza Sul. Esta província é uma região potencialmente agrícola, tem uma população estimada em 2.294.069 habitantes (2012), maioritariamente rural e uma área de aproximadamente 58.698 km², e está dividida em 12 municípios (Anexo 9.2 – Tabela XVI). A sua capital é a cidade do , localizada na costa litoral da província, o clima desta província é tropical.

3.2.2. Pobreza Conforme foi referido anteriormente, a incidência de pobreza em Angola é de 37%, mas as disparidades da pobreza também se revelam aquando da avaliação dos números regionais.

Tabela IV: Incidência de pobreza da população angolana por regiões, em 2008-2009 (%)

Regiões Incidência da Pobreza Luanda 8,6 Huambo, Bie, Benguela, Kuanza Sul 54,8 Lunda Norte, Lunda sul, Moxico, Kuando Kubango 51,0 Bengo, Malanje, Kuanza Norte 52,6 Namibe, Cunene, Huíla 39,5 Cabinda, Uíge, Zaire 34,2 Fonte: IBEP 2010

Ao analisarmos a Tabela IV, observamos que no caso da província em estudo o nível de incidência da pobreza é acima do nível nacional, atingindo mais de metade da população (54,8%), já no caso da capital angolana (Luanda) o nível de incidência é inferior (8,6%), verifica- se uma grande disparidade entre áreas de residência.

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3.2.3. Educação Para além das diferenças evidentes entre as áreas de residência (rural e urbana), e sendo a educação um dos principais fatores de pobreza em Angola é necessário verificar o nível educacional desta província para percebermos em que condições esta população se situa. É importante salientar, que quanto mais elevado é o nível de escolaridade do líder do agregado, mais baixo o nível de pobreza da família.

Ao analisarmos a Figura 20 no Anexo 9.2 verificamos que a média da população angolana que nunca frequentou a escola é de cerca de 25%. No caso da área de residência basta observarmos o caso de Luanda e o de Kuanza Sul, e constata-se que a probabilidade de com 6 ou mais anos de idade nunca ter frequentado a escola é quatro vezes superior nas zonas rurais que nas zonas urbanas (33 % e 7%).

A província do Kuanza Sul apresenta valores acima da média nacional, o que é preocupante, pelo que é necessário agir no sentido de oferecer mais e melhor acesso ao sistema educacional. Várias foram as razões apontadas como causa para estes valores, e quando comparado o caso das províncias de Luanda e Kuanza Sul, podemos verificar que na província rural mais de metade da população não frequenta a escola porque tem de trabalhar, sendo o segundo principal motivo dado os custos que isso implica. O fator “distância” tem também mais significado nas zonas rurais (Anexo 9.2 – Figura 21).

Alfabetização Conforme já foi referido anteriormente, a proporção de analfabetos em Angola é de cerca de 30% a nível nacional. No caso da área de residência, as diferenças registadas são significativas, pois nas áreas rurais mais de 70% da população é analfabeta, mais do dobro do que se regista nas cidades (Anexo 9.2 – Figura 22).

Analisando de forma mais pormenorizada todas as províncias de Angola, a província de Kuanza Sul não se encontra mal posicionada a nível nacional, contudo é sempre necessário obter níveis mais altos ao nível da educação, visto o capital humano ser essencial ao desenvolvimento de um país (Anexo 9.2 – Figura 23).

3.3. Recursos Existentes O acesso a serviços de abastecimento de água, saneamento e fontes de energia, bem como a posse de equipamentos e bens essenciais ao seu bem-estar são fatores de bem-estar no caso desta província escassos, causando uma qualidade de vida dos agregados familiares reduzida.

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Tão importante como construir mais habitações, é necessário construir melhor habitação. De modo a atingir esse objetivo é necessário fazer-se uma gestão eficiente dos recursos existentes e analisar as condições físicas, ambientais e sociais de habitabilidade da população, incluindo o acesso a serviços essenciais de abastecimento de água, saneamento e fontes de energia, e a posse de equipamentos e bens essenciais ao seu bem-estar.

3.3.1. Agregado Familiar De modo a fazermos uma análise sobre os recursos existentes nesta província, é necessário ter em conta as características do agregado familiar, pois é dentro do seio do agregado que se toma a maioria das decisões que afetam o indivíduo.

Segundo os dados do inquérito de indicadores básicos de bem-estar de 2005/2006, a dimensão média do agregado familiar em Angola é de cerca de 5 indivíduos nas zonas urbanas, e 4 indivíduos nas zonas rurais, sendo que cerca de 31% dos agregados familiares são constituídos por 4 a 5 elementos.

Tabela V: Distribuição percentual dos agregados familiares, segundo o número de pessoas

Tamanho do Média de pessoas no 1 2 a 3 4 a 5 6 a 7 8 a 9 10+ agregado agregado Total 8,0 25,6 30,6 20,5 9,4 5,9 4,8 Área de Residência Urbana 6,9 21,2 29,7 21,7 12,1 8,4 5,3 Rural 9,2 31,1 31,6 19,1 6,1 2,9 4,3 Província Luanda 4,8 17,4 28,4 19,9 16,2 13,3 6 Kuanza Sul 10,6 22,1 24,9 22,0 11,3 9,1 5,1 Fonte: QUIBB 05-06

Os agregados familiares em Angola são liderados predominantemente por homens independentemente de se tratar de área rural ou urbana. No entanto, a percentagem de mulheres que chefiam os agregados familiares é ligeiramente mais alta nas áreas rurais, situação inversa no caso dos homens.

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80% 77% 77% 60% 76% Homens 40% Mulheres 20% 23% 23% 24%

0% Angola Urbana Rural

Figura 10: Distribuição percentual dos chefes dos agregados familiares, segundo o sexo. Fonte: IBEP 2010

Geralmente, quanto maior o nível educacional do chefe do agregado familiar, melhor é o seu bem-estar e o dos restantes membros, visto gerar mais oportunidades de auferir maiores rendimentos assim como estão sujeitos a menos situações de privação. No caso de Angola verifica-se que o nível educacional do chefe do agregado familiar das zonas rurais é menor que os das zonas urbanas, na zona rural os indivíduos concluem o ensino primário e não transitam para os níveis superiores de ensino (Anexo 9.3 – Tabela XVII).

3.3.2. Características da Habitação As características da habitação são um fator importante para analisar as condições de vida da população, com o intuito de avaliar se o agregado vive em condições apropriadas ou não.

Tipo de habitação Os dados da Tabela VI indicam em termos nacionais que as moradias e as cubatas são os tipos de habitação mais frequentes, oito em cada dez agregados familiares vivem em moradias, o correspondente a cerca de 87% da população em zonas urbanas e 73% nas zonas rurais. No caso das moradias, verifica-se que é o tipo de habitação mais comum independentemente da área de residência, o que nos leva a constatar que o tipo de habitação nem sempre pode ser considerado relevante para determinar a qualidade de vida dos agregados familiares, na medida em que podem coexistir diferentes níveis de pobreza nos mesmos espaços habitacionais, esta constatação assume ainda maior relevância nas zonas rurais.

O tipo de habitação caracteristicamente rural são as cubatas, atingindo cerca de 24% da população, e as moradias, enquanto que a população urbana encontra-se maioritariamente nestas últimas.

Os dados referentes ao nível de escolaridade do chefe do agregado vêm confirmar o acima dito, se tivermos em consideração que a população rural não atinge os níveis superiores ao

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola primário verificamos que esta população encontra-se a habitar principalmente em moradias e cubatas. A proporção de agregados a viver em apartamentos e anexos é pouco significativa.

Tabela VI: Distribuição dos agregados por tipo de habitação (%)

Tipo de Habitação Número Caracterização de Moradia Apartamento Anexo Cubata Outro agregados Angola 80,2 1,7 5,3 12,5 0,2 11.686 Área de Residência Urbana 86,6 3,2 7,9 2 0,3 5.886 Rural 73,2 0,1 2,4 24,2 0,1 5.800 Nível de escolaridade do chefe do agregado Nenhuma 70,7 0,2 2,4 26,5 0,3 2.697 Ensino Primário 81,6 0,7 4,2 13,5 0,1 5.196 Ensino Secundário (+) 84,2 4,2 8,2 3,1 0,3 3.355 Fonte: IBEP 2010

Lotação O número de pessoas por divisão numa habitação é um indicador aproximado do nível de pobreza do agregado, quanto maior a média de pessoas por divisão, maior a probabilidade de que esse agregado seja mais pobre. De acordo com a Tabela VII, a média nacional por divisão é de 1.7 pessoas sem variação significativa entre área urbana e rural, no que diz respeito ao número de pessoas por quarto de dormir esta média sobe para 3 pessoas.

Tabela VII: Número médio de pessoas por divisão por habitação Área de Residência Angola Urbana Rural Média de divisões por habitação 3 3.3 2.6 Média de pessoas por divisão 1.7 1.6 1.8 Média de quartos para dormir por habitação 1.8 1.9 1.6 Média de pessoas por quarto para dormir 2.9 2.7 3 Número de agregados 11.686 5.886 5.800 Fonte: IBEP 2010

Ao analisar a província em estudo, vemos que de facto o número médio de divisões por habitação é entre dois e três. Quanto ao número de quartos para dormir, quase metade da população tem apenas um quarto por habitação. Tendo em conta que a maior proporção do agregado de Kuanza Sul é constituído por quatro a cinco elementos, chega-se à conclusão que estamos perante uma situação de sobrelotação dos quartos.

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Seis e Número de divisões Número de quartos para dormir mais Cinco Nenhuma 4,9% Uma Cinco Nenhuma Seis e mais 4,6% 3,4% 9,8% Quatro 1,8% 2,1% 1,0% Quatro 4,2% 13,2% Três 15,1% Uma Duas 47,6% Três 38,0% 26,1% Duas 28,2%

Figura 11: Distribuição percentual de habitações, segundo o número de divisões e número de quartos para dormir (Kuanza Sul). Fonte: QUIBB 05-06

3.3.3. Infraestruturas básicas (Água e Saneamento) A guerra deixou as infraestruturas do país destruídas ou severamente danificadas. Apesar dos anos que já passaram, os serviços de abastecimento de água e de saneamento estão ainda muito aquém das necessidades da população, criando condições habitacionais precárias.

Figura 12: Infraestruturas debilitadas em Kuanza Sul

O desenvolvimento das infraestruturas básicas é fundamental para assegurar as condições básicas de habitabilidade a toda a população e para criar as condições de base do processo de crescimento económico.

O abastecimento adequado de água, em quantidade e qualidade, e o saneamento, para além de originarem a melhoria das condições de vida e bem-estar de uma população, permitem o controlo e prevenção de doenças, a prática de hábitos de higiene, aumentando a expectativa de vida e produtividade económica dos cidadãos do país.

Acesso e tratamento da água Um dos elementos com influência cada vez mais crítica no desenvolvimento humano é o acesso à água potável. Em Angola, entre as principais causas de morbilidade e mortalidade

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola temos as doenças derivadas do consumo de água de fonte inapropriada, que podem ser prevenidas com o recurso a regras básicas de higiene.

Segundo o IBEP, a população residente na área rural tem uma possibilidade duas vezes e meia inferior de obter água apropriada comparativamente à área urbana, e a nível nacional menos de metade da população usa uma fonte apropriada de água para beber.

60%

40% 57,9% 42,0% 20% 22,8% 0% Angola Urbano Rural

Figura 13: Proporção da população que usa uma fonte apropriada de água. Fonte: IBEP 2010

A Figura 14 apresenta o acesso da população às diferentes fontes apropriadas de água para beber segundo a área de residência. O chafariz público é a principal fonte apropriada de água para beber, tanto nas cidades como no meio rural, estimada em 15% e 7% respetivamente. Nas zonas rurais a segunda fonte mais utilizada é a cacimba protegida, enquanto que nas urbanas são as torneiras.

15% 15% 15% 13% 12% 10% Urbana 7% 6% 5% 5% Rural 3% 1% 1% 2% 1% 0% Chafariz Torneira Torneira Cacimba Furo com Nascente Público Residência Vizinho Protegida Bomba Protegida

Figura 14: Proporção da população com acesso a fontes de água adequadas. Fonte: IBEP 2010

Relativamente às fontes de água inadequadas usadas nas zonas rurais, esta é na maioria proveniente dos rios. Devido à falta de tratamento da água proveniente dessas fontes esta constitui uma ameaça para a saúde (Anexo 9.3 – Figura 24).

A Figura 25 no Anexo 9.3 reflete o acesso a fontes apropriadas de água por província. A nível nacional, menos de metade da população (42%) usa uma fonte apropriada de água para beber, embora exista uma disparidade acentuada entre as áreas de residência. A província de Kuanza Sul trata-se de uma província relativamente populosa e que não atinge a média nacional de acesso a fontes apropriadas de água.

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A falta de acesso a fontes seguras de água é um fator agravante das condições de vida, já de si precárias. Várias são as condicionantes do acesso à água, sendo as principais a distância e o tempo gasto até à fonte de abastecimento mais próxima.

As figuras seguintes resumem a distância e o tempo gasto até a fonte mais próxima de água. Nos centros urbanos, 33% dos agregados gasta mais que 30 minutos para obter água da fonte mais próxima, enquanto que no meio rural a proporção sobe para 48% (Figura 15). Relativamente à distância, nas cidades cerca de 94% da população tem uma fonte alternativa à torneira a menos de 500 metros da sua habitação (Figura 16). Já na zona rural, a percentagem é bastante mais baixa (18,9%). Os valores sofrem alterações significativas consoante a área de residência, estando a população urbana mais perto da fonte mais próxima, logo demora menos tempo a alcançá-la.

Angola Urbana Rural

33,1% 40,5% 48% 59,5% 52% 66,9%

Menos de 30 minutos Menos de 30 minutos Menos de 30 minutos Mais de 30 minutos Mais de 30 minutos Mais de 30 minutos

Figura 15: Proporção de agregados que demora mais de 30 minutos até à fonte mais próxima. Fonte: IBEP 2010

Angola Urbana Rural

6,4% 18,9% 12,7%

81,1% 87,3% 93,6% Menos de 500 metros Menos de 500 metros Menos de 500 metros Mais de 500 metros Mais de 500 metros Mais de 500 metros

Figura 16: Proporção de agregados que percorre mais de 500 metros até à fonte mais próxima. Fonte: IBEP 2010

Depois de analisar as condicionantes do acesso à água, é importante referir a quem cabe a função de a ir buscar à fonte. O transporte manual da água é associado ao género, sendo essa função, segundo a Figura 17, atribuída ao sexo feminino, compartilhando com as crianças. A maior proporção de mulheres que transporta água situa-se nas idades superiores a 18 anos (78%), e é pouco significativa nas restantes faixas etárias. No que diz respeito aos homens, as proporções são reduzidas.

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80%

60%

40% Homens

20% Mulheres

0% 18 anos 12 - 17 < 12 + anos anos

Figura 17: Diferença percentual de homens e mulheres que transportam água para o agregado familiar (Área Rural). Fonte: IBEP 2010

Existem alternativas às fontes apropriadas de água, que consiste no tratamento da água que não se encontra em boas condições de consumo. O tratamento da água destinada a beber assume, uma importância particular, pela possibilidade de reduzir a incidência de doenças derivadas da água em Angola. Quando se recorre às fontes de água inapropriadas, vários são os fatores que comprometem a qualidade da água para o consumo. A forma como a água é recolhida, transportada, armazenada e usada, nem sempre segue as práticas básicas de higiene.

A Tabela XVIII, no Anexo 9.3, mostra que, a nível nacional, 66% da população angolana não dá qualquer tratamento à água, e o tratamento mais utilizado é a desinfetação com lixívia (25,7%). Apenas 7% da população ferve a água, tendo os outros métodos de tratamento pouca relevância.

As diferenças segundo a área de residência são significativas. Praticamente a totalidade da população rural (89,5%) não dá qualquer tratamento à água, o que é preocupante visto ser a população que mais utiliza as fontes inapropriadas de água.

Condições de Saneamento O abastecimento de água e os serviços de saneamento aparecem sempre interligados, a água é um fator essencial para se obter instalações sanitárias apropriadas.

As pobres condições de saneamento são predominantes em áreas rurais, onde a população local tem um acesso limitado a saneamento básico apropriado e fontes de água seguras. Estas condições deficientes têm um impacto prejudicial nas áreas rurais afetando principalmente as crianças e as mulheres, pondo em perigo a saúde humana, o que em muitos casos força a população local a se deslocar para outras áreas mais adequadas.

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Os dados do IBEP (2010) revelam que 59,6% dos domicílios nacionais têm acesso a saneamento apropriado, o que significa que usam sistema de esgotos, fossa sética ou latrina seca. Nas áreas urbanas essa percentagem sobe para 82,5%, enquanto nas áreas rurais é de apenas 31,9%.

100% 80% 60% 59,6% 82,5% Apropriado 68,1% 40% Não Apropriado 40,4% 31,9% 20% 17,5% 0% Angola Urbana Rural

Figura 18: Proporção de pessoas com instalação sanitária adequada na habitação. Fonte: IBEP 2010

Como se verificou na figura anterior, a proporção da população nas áreas rurais que tem saneamento básico é bastante baixa comparativamente com as áreas urbanas. A Tabela VIII mostra, com mais detalhe, o tipo de instalação sanitária da população angolana.

O tipo de instalação sanitária apropriado mais utilizado a nível nacional é o sistema de esgotos (23,9%), este valor é demasiado baixo, o que indica que a grande maioria da população enfrenta graves problemas de insalubridade nos seus locais de residência.

O caso mais grave encontra-se nas áreas rurais, em que apenas 3% da população tem sistema de esgotos nas suas habitações, e o tipo de instalação mais comum é o capim, mato ou ar livre (fonte não apropriada) o que revela condições de saneamento extremamente precárias. Os agregados cujos chefes têm uma escolaridade secundária tendem a ter mais possibilidades de possuir um sanitário apropriado nas suas habitações do que os agregados em que o chefe não sabe ler nem escrever.

Tabela VIII: Proporção da população por tipo de instalação sanitária (%) Tipo de instalação sanitária ou local onde defecta Apropriada Não Apropriada Caracterização Sistemas Fossa Latrina Vala Rio, mar, Capim, mato ou ar de esgotos sética seca aberta lagoa livre Angola 23,9 20 16 0,7 0,5 34,3 Área de Residência Urbana 41,2 26,1 15,7 0,8 0,8 10,3 Rural 3 12,6 16,5 0,6 0,1 63,5 Nível de Escolaridade Nenhum nível 6 11,4 15,9 0,3 0,2 63,4

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Primário 15 19 16,9 1 0,8 42,5 Secundário + 44,7 24,4 14,8 0,5 0,3 10,5 Fonte: IBEP 2010 Tendo em conta os riscos que a prática de defecação ao ar livre implica, é preocupante a elevada percentagem a nível nacional (34%). A Figura 26 no Anexo 9.3 revela que os agregados familiares que mais utilizam esta prática são os residentes nas áreas rurais, derivado de vários fatores como a pobreza e o nível de escolaridade. Estas estimativas indicam que se os agregados utilizam esta prática é porque não têm instalações sanitárias nas suas habitações. A rápida construção de infraestruturas básicas revela-se de extrema importância.

Acessibilidade económica Depois de analisados alguns dos indicadores básicos de bem-estar, é importante verificar a capacidade da população em satisfazer as suas necessidades.

Uma habitação é considerada acessível quando os seus custos financeiros se situam a um nível que não ameaça a satisfação das outras necessidades básicas do agregado, ou seja, os custos afetos à habitação devem ser compatíveis com os seus níveis de rendimento. As possibilidades financeiras de cada indivíduo ou família constituem um fator determinante nas escolhas habitacionais adotadas por cada um. Posto isto, é importante analisar a composição e distribuição do consumo dos principais grupos e também o consumo médio por agregado por principais grupos de consumo.

O grupo de consumo onde é dada maior importância é o de alimentos e bebidas não alcoólicas (Anexo 9.3 – Tabela XIX), no caso da área rural representa mais de metade do consumo (66%). A segunda maior despesa está associada à habitação e os serviços de utilidade doméstica, como a água, eletricidade e o aluguer. Os gastos elevados nesta componente do consumo, devem-se ao elevado custo deste serviço devido à falta de infraestruturas, e não ao maior acesso do mesmo.

No caso das áreas rurais, a despesa relacionada com a água e saneamento corresponde a uma grande parte do orçamento das famílias, que vivem no limiar da pobreza (ou abaixo), as despesas com outros vetores como a saúde, a educação, a nutrição e a produção, acabam por ficar comprometidos. Cabe a cada agregado familiar ponderar a opção que lhes traga mais benefícios.

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IV. METODOLOGIA DO TRABALHO Para a realização deste projeto, os resultados disponíveis do INE de Angola, assim como os relatórios do ODM e ECP, foram uma fonte fundamental. Contudo, os dados estatísticos disponíveis sobre a população são pouco fiáveis devido à não realização do censo populacional desde 1970.

Existe um grande esforço por parte de várias organizações governamentais e não- governamentais em elaborar relatórios e inquéritos sobre as questões abordadas ao longo deste projeto mas, nem sempre as fontes são consistentes ou atualizadas.

A metodologia utilizada consiste essencialmente na pesquisa e análise de dados, na comparação e avaliação dos dados disponíveis, permitindo que seja feito o diagnóstico da situação atual e que seja possível propor medidas de desenvolvimento rural e de combate à pobreza. Em primeiro lugar foi feita uma caracterização do local e da população que nela habita, através da análise de vários relatórios cedidos pelo INE, e depois de avaliadas as condições precárias que se vivem na região em estudo é feita uma proposta de plano de investimento dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico. Porém, como já foi referido, confrontamo-nos quer com a inexistência da elaboração de algumas estatísticas, quer com incoerências das mesmas, consoante a sua fonte, o que dificultou a comparação entre a situação atual e a de períodos anteriores, devido à falta, principalmente de dados estatísticos relativos a anos anteriores. A carência de informação relativamente à província escolhida para a implementação deste projeto, fez com que na maioria das vezes os dados usados fossem os referentes à área de residência, neste caso rural, visto esta população ser maioritariamente rural.

V. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 5.1. Caracterização do segmento alvo O acesso à água potável e condições básicas de saneamento é um dos principais problemas vividos pela população angolana, com maior incidência sobre a residente no meio rural. As assimetrias que se verificam nas diferentes áreas de residência (urbana e rural) têm que ser colmatadas com vista à redução da incidência da pobreza nestas áreas. É necessário assim, prover as populações rurais com estas infraestruturas básicas, proporcionando-lhes melhores condições de vida e criar condições de base ao processo de crescimento económico.

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O segmento alvo deste projeto corresponde à população de Kuanza Sul, por se tratar de uma população maioritariamente rural com perspetivas de crescimento.

5.2. Identificação das necessidades e objetivos

Necessidades Objetivos Diminuir as grandes assimetrias (grande Pobreza Fomentar o combate à pobreza concentração nas zonas rurais) Alcançar a educação básica e erradicar o Investimento na melhoria da qualidade do analfabetismo sistema educacional Educação Promover campanhas educacionais e de Promover hábitos de higiene sensibilização Ação preventiva no esclarecimento da população Melhoria das condições de acesso à Extensão da rede de distribuição de água água potável, saneamento básico e esgotos Melhoria no manuseio da água

Infraestruturas Ampliação dos investimentos na recolha e Aumentar a proporção de agregados tratamento do lixo com energia elétrica Acesso a condições sanitárias adequadas Parceria global para o Cooperação com parceiros nacionais e Ajudar no financiamento do investimento desenvolvimento internacionais

5.3. Metas Combate à pobreza

É necessário reduzir substancialmente a incidência da pobreza, fixando como meta, em consonância com os ODM, uma redução de 50%.

Água

 Assegurar o acesso à água potável nos municípios mais carenciados até 2025 e o aumento da rede de distribuição de água;  Melhoria significativa do processo de controlo da qualidade da água para consumo humano;  Fornecer à população da província recipientes apropriados para o armazenamento da água;  Assegurar, inicialmente, um acesso intermédio à população em estudo.

Acessibilidade Distância Tempo Consumo de água (per capita) Nenhum acesso Mais de 1 km Mais de 30 minutos 5 litros por dia Acesso básico Até 1 km 30 minutos 20 litros por dia Acesso intermédio 100 - 500 metros < 30 minutos 50 litros por dia Acesso ótimo < 100 metros < 30 minutos 100 - 200 litros por dia Fonte: Adaptado do World health organization (WHO) 2004

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Saneamento  Aumentar a proporção de pessoas com acesso a instalação sanitária apropriada até 2025.

5.4. Implementação do projeto Ao longo do desenvolvimento deste projeto e tendo em conta as respetivas necessidades e objetivos, várias são as medidas fundamentais a implementar para a prossecução do mesmo.

Combate à pobreza

É necessário instituir vários programas e estratégias para a redução dos índices de pobreza e as grandes assimetrias verificadas em relação às áreas de residência. As medidas que devem ser tomadas para erradicar a pobreza estão interligadas com vários fatores do bem-estar social, como a água e o saneamento. O objetivo deste projeto de melhorar as condições de saneamento básico e acesso à água potável, está automaticamente a contribuir para a diminuição dos índices de incidência de pobreza desta província.

Melhoria no acesso à água potável

Vários fatores devem ser tidos em consideração na prestação do serviço de abastecimento de água potável. Fatores como, a qualidade, quantidade, acessibilidade da água fornecida e a prestação do serviço no longo prazo.

Fatores Beneficios Medidas Aumentar o fornecimento de água através de fontes adequadas Prevenção da transmissão e Qualidade Tratamento adequado à água propagação de doenças Armazenamento da água deve ser feito em locais e em recipientes higiénicos e protegidos Melhores práticas de higiene Proporcionar um consumo mínimo per capita na ordem dos 40 Quantidade Prevenção de doenças litros por dia, considerado como consumo mínimo pela OMS Fonte de abastecimento de água situada a menos de 1km Acessibilidade Ganhos de Tempo Tempo gasto para atingir uma fonte de água, máximo 30 minutos Prestação do Melhores condições Investimentos de reconstrução, reabilitação e expansão das serviço no longo sanitárias e de acesso à água infraestruturas prazo

A figura seguinte serve de modelo de como deve ser feito um correto abastecimento de água. Estas cinco tarefas se no seu conjunto forem todas executadas de forma correta, a população terá uma melhor qualidade de água nas suas habitações.

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Figura 19: Como deve ser feito o abastecimento de água Fonte: Adaptado do Relatório anual do setor de águas e resíduos em Portugal (2010)

Acesso a saneamento adequado

Benefícios Medidas

Acesso a instalações sanitárias apropriadas Limpeza pública Diminuir a precaridade dos esgotos Menor contaminação da água Eliminação da prática de defecação ao ar livre Menor infeção e contração de doenças Programas de educação sanitária

Promover hábitos de higiene

Visto existirem indícios óbvios que sugerem a existência de uma estreita correlação entre o aproveitamento escolar e a disponibilidade de equipamentos melhorados de água e saneamento nas escolas, complementados por uma educação sanitária eficaz, é necessário assegurar o acesso universal a esses serviços, com qualidade aceitável, conjugados com educação sanitária a nível escolar.

Benefícios Medidas

Campanhas de promoção de higiene nas escolas, através dos Reduzir taxas de mortalidade meios de comunicação, para mostrarem a ligação entre Prevenção de doenças saúde, água, saneamento e desenvolvimento económico

Parceria global para o financiamento

Angola depara-se com dificuldades em alcançar a meta dos ODM, referente ao acesso a serviços de saneamento, até 2015. Como tal, é importante recorrer a parcerias que estejam interessadas em ajudar no processo de reconstrução. É de salientar que os benefícios inerentes ao alcance desta meta, não tem impacto apenas social mas também económico. A economia será beneficiada devido ao aumento dos níveis de produtividade e devido à maior disponibilidade das crianças em frequentar a escola.

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Os financiamentos que tiveram na origem do desenvolvimento da economia angolana foram feitos com muita dificuldade, os acordos bilaterais com os parceiros baseavam-se em garantias associadas, essencialmente, à produção do petróleo nacional. Tendo em contas as perspetivas de crescimento dos vários setores da economia Angola, os investidores devem focar a sua atenção nos setores em expansão.

Cada atividade pode ser financiada através de um número de diferentes fontes, públicas e privadas, internas e externas, dependendo do contexto do país e qual a intervenção que vai ser feita.

5.5. Modelo de desenvolvimento Pressupostos Este projeto tem como base um período de vida útil de 12 anos, sendo 2013 corresponde ao ano zero.

A unidade monetária utilizada para a elaboração do projeto foi USD.

A taxa de câmbio utilizada, sempre que foi necessário cambiar kwanzas para dólares americanos, foi de (1Kz = 0,0105 USD) em vigor em agosto de 2012

Segundo o Ministério da Administração do Território da República de Angola, a superfície de Kuanza Sul é de 58.698 km² e a de Angola de 1.247.700 km².

Devido à falta de informação referente aos investimentos feitos na província de Kuanza Sul, vamos considerar que o investimento em Angola é repartido consoante a percentagem correspondente ao território nacional, neste caso de 4,7%.

Este projeto apenas pretende atingir as metas relacionadas com a água e o saneamento. Não obstante, é de extrema importância atingir os outros objetivos e necessidades referidos nos pontos anteriores, pois apenas ultrapassando todas as metas e objetivos a província terá um melhor acesso à água potável e serviços de saneamento.

Custos do investimento Como foi sendo referido ao longo do trabalho, é importante o desenvolvimento e por conseguinte o investimento nas infraestruturas básicas para assegurar melhores condições de vida à população. É necessário investir para resolver os problemas de escassez destes serviços, contudo devido ao elevado nível de investimento inicial as organizações vão criando soluções de curto prazo, que no longo prazo aumentam o nível de precaridade já existente.

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De seguida é apresentado um plano de investimentos até 2025 direcionado a alguns municípios da província de Kuanza Sul, em consonância com o programa de despesas do Orçamento Geral do Estado para 2012 (consultar Anexo 9.4).

O projeto irá incidir em duas fases, a referente ao período de 2013 a 2019 e de 2020 a 2025. A maior parcela de investimento, por ser considerado o mais urgente nesta província, será feita na reabilitação e construção de infraestruturas adequadas em ambos os setores, tendo um investimento total de 134,44 USD no setor da água e de 100,83 USD no saneamento. Esta restruturação irá abranger cinco dos doze municípios da província que são respetivamente, , , Cela, Ebo e , o que perfaz uma superfície de 34.017 km² e 1.227.095 pessoas no final do projeto. Na primeira fase do projeto as províncias de Quibala, Cela e Mussende não serão abrangidas na totalidade, isso acontecerá apenas no final do projeto.

O controlo da qualidade de água será feito a todos os municípios, até 2019 apenas oito municípios serão abrangidos mas em 2025 a totalidade dos municípios já irá possuir as infraestruturas necessárias para que a água distribuída à população esteja em condições adequadas ao consumo humano, é importante que este controlo seja feito numa perspetiva de longo prazo. Esta parte do projeto tem um custo anual de 1,8612 USD, totalizando no fim do projeto o valor de 20,48 USD.

Relativamente aos reservatórios, pretende-se atingir a totalidade da população, voluntários com formação ao nível da higiene andaram a distribuir pelas habitações recipientes adequados ao armazenamento da água, este processo não tem qualquer custo de investimento, os recipientes serão fornecidos por organizações ligadas à saúde.

Por último, o aumento da rede de distribuição da água, diminuindo o tempo e a distância que os membros do agregado levam para se abastecerem de água, assim como aumentar o consumo mínimo para 40 litros por dia, irá incidir na totalidade de oito municípios, mas apenas três têm as redes de distribuição prontas até 2019, os restantes ficam abrangidos na totalidade em 2025. No final do projeto será abrangida uma superfície no total de 47.828 km² e 1.706.470 pessoas. Cada parte do projeto tem um encargo anual que no quadro seguinte vem calculado já pelos anos correspondentes a cada período.

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Tabela IX: Plano dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico

2013 - 2019 Superfície Densidade Setor Municípios População Investimento abrangida populacional abrangidos abrangida (USD milhões) (km²) ( Hab./Km²) Água Acesso a infraestruturas 5 25.991 963.421 37,07 110,76 adequadas Controlo da qualidade 8 34.192 1.549.608 45,32 11,17 Reservatórios 12 58.698 2.294.069 39,08 (armazenamento) Rede distribuição 8 34.802 1.301.156 37,39 63,48 Saneamento Acesso a infraestruturas 5 25.991 963.421 37,07 83,07 adequadas Total 268,48

2020 - 2025 Superfície Densidade Setor Municípios População Investimento abrangida populacional abrangidos abrangida (USD milhões) (km²) ( Hab./Km²) Água Acesso a infraestruturas 3 8.026 263.674 32,85 23,68 adequadas Controlo da qualidade 4 24.506 744.461 30,38 9,31 Reservatórios - - - - - (armazenamento) Rede distribuição 5 13.026 405.314 31,12 104,15 Saneamento Acesso a infraestruturas 3 8.026 263.674 32,85 17,76 adequadas Total 154,9

Estes investimentos significativos ao abastecimento de água e instalações sanitárias nos próximos anos farão mudar o cenário atual, onde os níveis de acesso e qualidade são fracos comparativamente a outros países em desenvolvimento.

Este projeto na sua fase inicial terá um investimento de USD 268,48 milhões e de USD 154,9 milhões no final da sua vida útil.

A implementação deste projeto irá contribuir para aumentar a proporção da população com acesso a fontes de água e instalação sanitária adequadas, passando de uma taxa de 22,8% e 31,9% para mais de metade da população (53,5%).

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Tabela X: Proporção da população abrangida pelo projeto

Setor 2013 - 2019 2020 - 2025 Total Água Acesso a infraestruturas adequadas 42,0% 11,5% 53,5% Controlo da qualidade 67,5% 32,5% 100,0% Reservatórios (armazenamento) 100,0% - 100,0% Rede distribuição 56,7% 17,7% 74,4% Saneamento Acesso a infraestruturas adequadas 42,0% 11,5% 53,5%

5.6. Dificuldades implementação Um problema que será recorrente aquando da implementação do projeto é o de avaliar os progressos que vão sendo feitos, no sentido do cumprimento das metas propostas. A falta de instrumentos que permitam seguir o desempenho e desenvolvimento do projeto podem por em causa o sucesso da aplicabilidade do mesmo.

É importante que as organizações encarregues de implementar este projeto tenham em atenção essa dificuldade e que a tentem ultrapassar de modo a que este projeto tenha um impacto positivo, visto abordar assuntos de extrema importância. Ao longo do período de vida útil do projeto é necessário fazer um acompanhamento e avaliação do que está a ser feito e aplicar as medidas necessárias para o que o projeto seja desenvolvido com sucesso.

VI. FONTES DE FINANCIAMENTO Novos desafios e metas surgem e é necessário auferir meios e unir esforços para o cumprimento dos mesmos, num cenário de crise económica. Os desafios a serem enfrentados são inicialmente relacionados com a viabilização de uma estratégia de financiamento, criando condições sustentáveis para o desenvolvimento nacional continuado no longo prazo.

Devido ao facto da expansão do acesso à água e saneamento exigir investimentos iniciais de grande dimensão, com retornos a atingir no longo prazo, o setor perde frequentemente para projetos de investimento mais imediatos e tangíveis aos quais os líderes políticos podem assumir o crédito mais rapidamente.

O não financiamento das infraestruturas da água e saneamento está a custar ao país uma porção considerável do seu PIB. Alguns estudos mostram que o acesso a saneamento e água, não só melhoram a qualidade de vida, mas também produzem manifestos benefícios de saúde, ambientais e económicos.

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6.1. Governo “Apesar de a água ser um direito humano que os governos têm de sustentar, muitos dos governos dos países em desenvolvimento encontram-se muito aquém das suas obrigações. Estão a violar em larga escala os direitos humanos dos cidadãos.”

PNUD 2006, p.60

É aos governos nacionais que cabe o dever principal de cumprir a obrigação de fornecer água a todos. Apesar de a água poder ser um direito humano, alguém tem de pagar os investimentos em termos de capital e assumir os custos operacionais, os utilizadores ou os contribuintes e o governo. Além disso, o investimento necessário em termos de capital é elevado exigindo um financiamento com períodos de reembolso no longo prazo.

Devido ao elevado nível de financiamento necessário, e tendo em conta ter sido aprovado pelo GdA uma maior descentralização da estrutura do Estado, muitos dos programas nacionais são implementados com o apoio a financiamento externo, neste caso, das instituições financeiras, das ONG’s ou do setor privado.

6.2. Ajuda internacional Nos países de baixo rendimento, a mobilização de recursos nacionais é demasiado limitada pela pobreza e por rendimentos baixos para financiar investimentos à escala necessária, a ajuda internacional é fundamental nestes casos. Existem várias instituições internacionais que têm como objetivo ajudar os países em desenvolvimento no combate à pobreza, bem como, promover e fomentar o progresso económico e social, assim como o desenvolvimento sustentável. Temos como exemplo de instituições, o FMI, o Banco Mundial (BM), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA). Não esquecer a relevância que as instituições de apoio ao desenvolvimento social, como a ONU e UNICEF, têm no desenvolvimento sustentável.

6.3. Parceria público-privada (PPP) “A adoção deste modelo vai permitir acelerar o investimento na construção de infraestruturas no país”

Mário Rui Pires, Diretor Nacional do Gabinete Técnico de Apoio às PPP, do Ministério da Economia

A estratégia de desenvolvimento das parcerias público-privadas em Angola, ou de regulação de mercados para estimular os investimentos privados, em regime de concessão, são duas estratégias que podem ser acionadas para equacionar alguns dos constrangimentos atuais, como a crise económica mundial que se tem vivido.

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A lei das PPP estabelece que “os fins e a regra de repartição de responsabilidades entre o parceiro público e o privado, segundo a qual, caberá ao ente público o acompanhamento e o controlo do objeto da parceria para garantir que são alcançados os fins de interesse público, ao passo que ao parceiro privado, caberá o financiamento e o exercício e gestão da atividade contratada. “ Assim como, “estão excluídos do âmbito de aplicação da lei (..) prestação de serviços com prazo de duração igual ou inferior a 3 anos(..)”.(Lei das Parcerias Público-Privadas, Lei n.º 2/2011)

O atual estado do setor da água e saneamento abre uma série de oportunidades para os investidores que pretenderem envolver-se nos projetos de desenvolvimento em Angola. O facto de haver maior investimento por parte de alguns países não significa que outros países não possam concorrer a projetos. Os concursos são na sua maioria públicos e, consequentemente, regidos por lei, obedecendo a critérios tipificados e fases predefinidas de qualificação. A opção por contratos de gestão foi uma das formas por que o Estado angolano optou para liberalizar parcialmente os sistemas de abastecimento de água. Este tipo de financiamento irá acelerar e criar novas oportunidades de execução de investimentos públicos.

“Nem todas as privatizações de água e saneamento foram fracassos. Na África Subsariana, por exemplo, as parcerias público-privadas melhoraram a qualidade da água. Em termos mais gerais, o êxito da privatização dos serviços de água depende em grande medida da regulamentação governamental, do interesse do investidor e do estado inicial da empresa.

“(PNUD 2003, p.116)

Assim sendo, a parceria público-privada é capaz de ser uma boa alternativa para este tipo de investimentos, porque não exige desembolso imediato de capital pelo Estado ficando a gestão e parte do risco do lado dos privados. Considerando tratar-se de dar acesso a um bem público a pessoas de escassos rendimentos, o contrato a estabelecer com Estado precisa de assentar num modelo jurídico e de fluxos financeiros futuros assente sobretudo na capacidade do Estado em pagar esses fluxos.

VII. CONCLUSÃO A pobreza continua a ser uma das grandes barreiras para melhorar a qualidade de vida da população angolana. Apesar dos esforços que o Estado e várias organizações têm feito para reduzir os elevados níveis de pobreza que se verificam, ainda é insuficiente para que os benefícios possam ser sentidos pela maioria da população, principalmente a rural.

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O estudo foi feito a uma das províncias de Angola, a província de Kuanza Sul. A não existência de dados disponíveis recentes e fiáveis sobre a população em Angola, devido à falta da realização do Recenseamento Geral da População desde 1970, dificultou que fosse feita uma análise fidedigna da situação atual das condições de vida da província em estudo. Contudo, a recolha e análise feita aos dados existentes revelou graves limitações ao nível das infraestruturas de habitação, saúde e educação, fatores condicionantes do bem-estar da população.

Tornou-se evidente que alcançar a cobertura de água e saneamento, não só melhora a qualidade de vida, mas traz também outros benefícios sociais, ambientais e económicos. Posto isto, existe uma grande necessidade de criar e incentivar os investimentos e financiamentos nos setores mais carenciados, como o da água, saneamento e educação, porque chegou-se à conclusão que investir nestes setores, é sinónimo de redução da pobreza. Nem todas as instituições estão predispostas a financiar este tipo de projeto mas é importante alertar as mesmas mostrando que o não investimento pode trazer repercussões graves ao nível nacional, pois cria grandes assimetrias entre as várias regiões o que pode despertar conflitos sociais.

A educação revelou-se um fator extremamente condicionante no que respeita à falta de infraestruturas. Quando são analisadas as condições em que as populações vivem e os níveis de rendimento, o fator educação revela sempre que quanto mais baixo é o nível educacional da população, mais precária é a situação em que vive.

As medidas propostas ao longo deste trabalho não são suficientes para atingir todas as lacunas existentes no que respeita a estes setores, é importante que várias organizações intervenham e tomem as medidas necessárias, no âmbito de contribuírem para avanços significativos a nível global, de modo a que todas as populações que vivem os mesmos problemas desta província sejam abrangidas.

É necessário desenvolver este tipo de análise e posterior implementação, porque ainda há muito para fazer nas populações mais carenciadas, onde a escassez de bens e serviços atinge a maioria da população.

Limitações do projeto Por se tratar de um tema bastante abrangente, a principal dificuldade na elaboração deste trabalho foi o limite de espaço. A grande carência de informações e a falta de coerência dos

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Estudo das necessidades de saneamento básico e água potável na província de Kuanza Sul em Angola dados, juntamente com a impossibilidade de deslocar fisicamente ao local, foi outro dos obstáculos ao longo do desenvolvimento deste projeto.

Inicialmente quando o tema do trabalho foi decidido, a ideia era proporcionar às populações mais carenciadas mais e melhores habitações. Contudo depois de feitas as pesquisas e analisados os dados, chegou-se à conclusão que o trabalho iria principalmente abordar as questões relacionadas com o melhoramento das condições de habitabilidade. As infraestruturas básicas de água e saneamento eram bastantes precárias e neste sentido seria mais importante aprofundar este assunto e investir nesses setores.

Sugestões para projetos futuros Como futuros projetos a serem feitos, parece importante estudar o impacto económico que a falta de saneamento e o acesso à água têm nos países com escassez destes serviços. Assim como serem feitos estudos mais detalhados em torno da percentagem do orçamento das famílias mais carenciadas que é dedicado à água e saneamento e investigar se de facto as PPP são a fonte de financiamento mais adequada a este setor tendo em consideração a fraca capacidade financeira por parte da população para assegurar o “pay-back” e a rentabilidade exigida pelos parceiros privados. Por fim, depois de obtidos os dados do recenseamento geral da população em 2013 é importante fazer uma avaliação mais pormenorizada das condições de vida da população angolana, principalmente ao nível das condições de habitabilidade.

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VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

8.1. Artigos e Livros consultados

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Couto, J., Moreira, J., Pinho, C. e Soares, I. (2008). Decisões de Investimento – Análise Financeira de Projectos, 2ª Ed. Lisboa: Edições Sílabo.

Heizer, J., Render, B. (2008). Operations Management, 9ª Ed. New Jersey: Pearson Prentice Hall.

Marques, A. (2006). Conceção e Análise de Projectos de Investimento, 3ª Ed. Lisboa: Edições Sílabo.

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8.2. Fontes de dados estatísticos

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Oliveira, Sílvia (2012). Olhar a pobreza em Angola: causas, consequências e estratégias para a sua erradicação[Em linha]. Disponível em: http://www.unisinos.br/revistas/index.php/ciencias_sociais/article/view/csu.2012.48.1.04 [Acesso em: 2012/8/18].

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PNUD (2006), Relatório de Desenvolvimento Humano, A água para lá da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água [Em linha]. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2006/chapters/portuguese/ [Acesso em: 2012/6/5].

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD 2003). Relatório de Desenvolvimento Humano, Objetivos de Desenvolvimento do Milénio: Um pacto entre nações para eliminar a pobreza humana [Em linha]. Disponível em: http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2003/chapters/portuguese/ [Acesso em: 2012/5/20].

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United Nations Development Programme (2012). The Millenium Development Goals [Em linha]. Disponível em: http://www.undp.org/content/undp/en/home/mdgoverview/ [Acesso em: 2012/4/20].

World Health Organization/United Nations Children’s Fund (2011). Drinking water – Equity, safety and sustainability [Em linha]. Disponível em: http://www.wssinfo.org/fileadmin/user_upload/resources/report_wash_low.pdf [Acesso em: 2012/6/20].

World Health Organization/United Nations Children’s Fund (2012). Progress on drinking water and sanitation [Em linha]. Disponível em: http://www.unicef.org/media/files/JMPreport2012.pdf [Acesso em: 2012/6/20].

World Health Organization/United Nations Children’s Fund (2005). Water for life, make it happen [Em linha]. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/monitoring/jmp2005/en/index.html [Acesso em: 2012/6/20].

IX. ANEXOS

9.1. Breve caracterização de Angola – Contexto Macroeconómico

Tabela XI: Taxas de crescimento real do PIB

Taxas de Crescimento Real do PIB (%) 2006 2007 2008 2009 2010 2011 P

Agricultura 9,8 27,4 1,9 29,0 6,0 11,4 Pescas e derivados 9,1 9,7 -2,4 -8,7 1,3 3,5 Petróleo 13,1 20,4 12,3 -5,1 -3,0 -5,6 Diamantes e outras indústrias extrativas 30,9 2,7 -8,2 4,6 -10,3 -3,3 Indústria transformadora 44,7 32,6 11 5,3 10,7 3,8 Energia 13,2 8,6 26,1 21,3 10,9 15 Construção 30 37,1 25,6 23,8 16,1 6,8 Serviços Mercantis 13,2 8,6 26,1 21,3 10,9 12,3 Outros 38,1 21,8 26,9 -1,5 8,7 8,2 Fonte: BNA

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Tabela XII: Composição do PIB (por setores) (%)

Composição do PIB (por setores) 2006 2007 2008 2009 2010 2011 P

Agricultura, Pecuária e Pescas 7,3 7,7 8,2 10,4 10,1 10,2 Diamantes e outras indústr. 2,3 1,8 1,2 0,9 1 0,8 extrativas

Indústria transformadora 4,8 5,3 6,6 6,2 6,3 6,5 Energia 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 Construção 4,3 4,9 4,4 7,7 8,1 7,7 Comércio 16,8 16,9 15,3 21,2 21 20,4 Outros 8,7 7,5 6 7,8 7,4 7,4 Fonte: Ministério das Finanças, BPI

Inflação (2011 e 2012)

Tabela XIII: Inflação 2011 Maio 0,98% 14,54%

Inflação Junho 1,05% 14,58% Período Inflação últimos 12 Julho 0,75% 14,13% meses Agosto 0,73% 13,68% Janeiro 0,63% 13,13% Setembro 0,76% 11,91% Fevereiro 0,83% 15,06% Outubro 0,81% 11,44% Março 0,78% 14,76% Novembro 0,86% 11,28% Abril 0,92% 14,63% Dezembro 1,73% 11,38% Fonte: BNA

Tabela XIV: Inflação 2012

Inflação últimos Período Inflação 12 meses Janeiro 0,73% 11,48% Fevereiro 0,69% 11,32% Março 0,60% 11,12% Abril 0,70% 10,88% Maio 0,65% 10,51% Junho 0,68% 10,11% Julho 0,66% 10,02% Fonte: BNA

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9.2. Caracterização Kuanza Sul

Tabela XV: Caracterização institucional e política de Kuanza Sul

Município Comunas Superfície (km²) População Sumbe Sumbe, Gangula, Kicombo e 3.890 151.238 Amboim Gabela e 1.730 156.356 Quilenda e 1.604 80.000 P. Amboim Porto Amboim e Capolo 3.646 200.000

Libolo Caculo, Cabuta, e 9.000 105.356

Quibala Quibala, , Dala Cachibo e 10.253 296.328

Seles Seles, e 3.101 294.019 Conda Conda e 1.710 80.000

Cassongue Cassongue, Dumbi, Atome e Pambagala 6.500 120.000

Cela Waco Kungo, Quissanga Kungo e Sanga 5.525 615.238

Ebo Ebo, Conde e 2.191 121.420 Mussende Mussende, Quipaxe e 9.548 74.114 12 Municípios 36 comunas 58.698 2.294.069 Fonte: Ministério da Administração do Território, Angola

Proporção de população com 6 ou mais anos de idade que nunca frequentaram a escola, por província

Luanda 7% Zaire 16% Cabinda 17% Média Bengo 20% nacional 25% Huíla 20% K. Norte 21% Benguela 23% Cunene 23% Uíge 24% Huambo 24% L. Sul 28% Bié 29% Moxico 29% Namibe 30% K.Sul 33% Malange 33% L. Norte 37% K. Kubango 41%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Figura 20: Proporção de população com 6 ou mais anos de idade que nunca frequentaram a escola, por província. Fonte: IBEP 2010

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Principais razões para nunca ter frequentado a escola (%)

Falta de escolas

Não gosta da escola

Tem que trabalhar K. Sul Luanda Custos altos Angola Escola distante

Falta de vagas

0 10 20 30 40 50 60

Figura 21: Principais razões para nunca ter frequentado a escola. (%)

Fonte: QUIBB 05-06

Alfabetização

Rural 23% Nacional 34%

Urbano 43%

Figura 22: Proporção de população com 15 anos ou mais de idade que sabe ler e escrever. Fonte: IBEP 2010

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Luanda

Huíla

Kuanza Norte

Bengo

Namibe

Kuando…

Lunda Sul

Huambo

Lunda Norte 0% 50% 100%

Figura 23: Percentagem da população de 15 anos e mais de idade, que sabe ler e escrever, por província (%).

Fonte: QUIBB 05-06

9.3. Recursos Existentes

Tabela XVI: Nível de Escolaridade do Chefe do Agregado Familiar, segundo área de residência (%)

Área de Residência Nível de Escolaridade Urbana Rural Angola Nenhum 9 32 20 Ensino Primário 36 54 45 Secundário - 1º ciclo 28 10 19 Secundário - 2º ciclo 17 2 10 Ensino Superior 6 0 3 Outro 4 2 3 Fonte: IBEP 2010

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Fontes inadequadas de água na zona rural

60% 50% 40% 30% 49% 20% 10% 14% 10% 0% Rio Cacimba Nascente Desprotegida Desprotegida

Figura 24: Fontes inadequadas de água na zona rural.

Fonte: IBEP 2010

Acesso da população a fontes de água adequadas, por província

L. Sul 7% Média Bengo 13% Nacional L. Norte 16% 42% Moxico 17% Cunene 25% K. Kubango 25% K. Sul 30% Uíge 31% Zaire 39% Huambo 39% Bié 40% Namibe 44% K. Norte 46% Benguela 46% Luanda 51% Malanje 52% Huíla 56% Cabinda 59% 0% 20% 40% 60% 80%

Figura 25: Percentagem da população com acesso a fontes de água apropriadas, por província.

Fonte: IBEP 2010

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Tabela XVII: Distribuição da população segundo a forma de tratamento da água (%)

Área de Residência Tipo de Tratamento Angola Urbana Rural Não trata 65,9 46,4 89,5 Tratamento adequado Desinfeta com lixívia 25,7 43,1 4,7 Ferve 7,1 9 4,8 Filtra com filtro de água 0,3 0,4 0,1 Filtra e ferve 0,1 0,1 0,1 Fonte: IBEP 2010

Defecação ao ar livre

Luanda 3% Cabinda 6% Média Nacional Huambo 16% 34% Bié 27% Zaire 34% Moxico 38% Uíge 41% Malanje 49% K. Norte 54% L. Norte 57% K. Sul 57% Benguela 62% Namibe 70% K. Kubango 75% Cunene 82%

0% 50% 100%

Figura 26: Percentagem de agregados familiares que defecam ao ar livre, por província.

Fonte: IBEP 2010

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Tabela XVIII: Consumo médio mensal por pessoa por grupo de consumo (em kwanzas) e distribuição percentual

Angola Área urbana Área rural Grupo de consumo [Kz] [%] [Kz] [%] [Kz] [%] Total 6.449 100 8.419 100 4.061 100 Produtos alimentares e bebidas não-alcoólicas 3.149 57 3.644 50 2.550 66 Aluguer de habitação 739 10 1.173 12 212 6 Despesas habitação (água, energia, e outros) 479 8 612 9 317 8 Vestuário e calçado 387 5 530 6 213 5 Saúde 331 4 467 4 167 3 Transporte 318 4 451 5 156 3 Despesas de manutenção da casa (móveis, equipamento doméstico e outros) 285 4 399 4 146 3 Outros bens e serviços 266 3 393 4 111 2 Comunicações 185 2 306 3 39 0 Lazer, distração e cultura 137 2 204 2 56 1 Bebidas alcoólicas e tabaco 110 2 131 1 85 2 Educação 64 1 110 1 7 0 Fonte: IBEP 2010

9.4. Modelo de desenvolvimento

Superfície Densidade Investimento (USD Municípios População populacional (Pop. milhões) = Setor abrangida abrangidos abrangida abrangida/ Superfície Investimento anual * (km ²) abrangida) nº anos Período de 2013 -

2019 Acesso a infraestruturas Quibala 8.200 236.993 28,90 - adequadas de água Cassongue 6.500 120.000 18,46 - Cela 4.000 445.421 111,36 - Ebo 2.191 121.420 55,42 - Mussende 5.100 39.587 7,76 -

Total 5 25.991 963.421 37,07 18,46*6 = 110,76 Período de 2020 -

2025 Acesso a infraestruturas Quibala 2.053 59.335 28,90 - adequadas de água Cela 1.525 169.817 111,36 - Mussende 4.448 34.522 7,76 - Total 3 8.026 263.674 32,85 4,736*5 = 23,68

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TOTAL FINAL 5 34.017 1.227.095 36,07 134,44 PROJETO Período de 2013 -

2019 Controlo de Sumbe 3.890 151.238 38,88 - qualidade P. Amboim 3.646 200.000 54,85 - Amboim 1.730 156.356 90,38 - Líbolo 9.000 105.356 11,71 - Conda 1.710 80.000 46,78 - Cassongue 6.500 120.000 18,46 - Cela 5.525 615.238 111,36 - Ebo 2.191 121.420 55,42 - Total 8 34.192 1.549.608 45,32 1,8612*6 = 11,17 Período de 2020 -

2025 Controlo de Quilenda 1.604 80.000 49,88 - qualidade Quibala 10.253 296.328 28,90 - Seles 3.101 294.019 94,81 - Mussende 9.548 74.114 7,76 - Total 4 24.506 744.461 30,38 1,8612*5 = 9,31 TOTAL FINAL 12 58.698 2.294.069 39,08 20,48 PROJETO Período de 2013 - 2019 Reservatórios Kuanza Sul 58.698 2.294.069 39,08 - Total 12 58.698 2.294.069 39,08 - Período de 2020 -

2025 Reservatórios - - - - - Total - - - - - TOTAL FINAL Kuanza Sul 58.698 2.294.069 39,08 - PROJETO Período de 2013 - 2019 Rede de Quibala 8.200 236.993 28,90 - distribuição Cassongue 6.500 120.000 18,46 - Cela 4.000 445.421 111,36 - Ebo 2.191 121.420 55,42 - Mussende 5.100 39.587 7,76 - Líbolo 5.000 58.531 11,71 - Seles 2.101 199.204 94,81 - Conda 1.710 80.000 46,78 - Total 8 34.802 1.301.156 37,39 10,58*6 = 63,48 Período de 2020 -

2025 Rede de Quibala 2.053 59.335 28,90 - distribuição Cela 1.525 169.817 111,36 -

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Mussende 4.448 34.522 7,76 - Líbolo 4.000 46.825 11,71 - Seles 1.000 94.815 94,82 - Total 5 13.026 405.314 31,12 20,83*5 = 104,15 TOTAL FINAL 8 47.828 1.706.470 35,68 167,63 PROJETO Período de 2013 -

2019 Acesso a infraestruturas Quibala 8.200 236.993 28,90 - adequadas de saneamento Cassongue 6.500 120.000 18,46 - Cela 4.000 445.421 111,36 - Ebo 2.191 121.420 55,42 - Mussende 5.100 39.587 7,76 - Total 5 25.991 963.421 37,07 13,85*6 = 83,07 Período de 2020 -

2025 Acesso a infraestruturas Quibala 2.053 59.335 28,90 - adequadas de saneamento Cela 1.525 169.817 111,36 - Mussende 4.448 34.522 7,76 - Total 3 8.026 263.674 32,85 3,552*5 = 17,76 TOTAL FINAL 5 34.017 1.227.095 36,07 100,83 PROJETO

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