TÍTULO: ESTUDO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DOS EXTRATOS HIDROALCOÓLICO DA PRÓPOLIS VERMELHA E DE SUA ORIGEM BOTÂNICA, ECASTOPHYLLUM

CATEGORIA: CONCLUÍDO

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

SUBÁREA: Ciências Biológicas

INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE DE FRANCA - UNIFRAN

AUTOR(ES): SAMUEL DO NASCIMENTO

ORIENTADOR(ES): DENISE CRISPIM TAVARES BARBOSA

COLABORADOR(ES): DENISE CRISPIM TAVARES, HELOÍZA DINIZ NICOLELLA, IARA SILVA SQUARISI, JAIRO KENUPP BASTOS, JENNYFER ANDREA ALDANA MEJÍA 1. RESUMO

A própolis é uma substância natural origina produzida pelas abelhas (Apis mellífera), e apresenta atividades biológicas antimicrobianas; antifúngicas; antiprotozoárias; antivirais; anti-HIV; anticariogênica; anti-inflamatórias; hipotensiva; anti-câncer; anestésica; cicatrizante; antioxidande e imunomodulatória. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o extrato hidroalcoólico de própolis vermelha (EPV) bem como, caule (ECD) e folhas (EFD) de Dalbergia ecastophyllum, sua fonte botânica. Para o estudo da citotoxicidade dos extratos, foi empregado o ensaio colorimétrico do XTT em fibroblastos de pulmão humanos (células GM07492A). Os valores de IC50 (concentração que inibe 50% da viabilidade celular) foram 102,7 µg/mL, 143,4 µg/mL e 253,1 µg/mL para EPV, ECD e EFD, respectivamente. Desse modo, os resultados revelaram que o extrato de própolis vermelha mostrou maior citotoxicidade em relação aqueles de sua fonte botânica, D. ecastophyllum, nas condições experimentais utilizadas.

Palavras-chave: Própolis vermelha, Dalbergia ecastophyllum, XTT.

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2. INTRODUÇÃO.

2.1 Própolis Vermelha

A própolis é conhecida como uma substância resinosa, preparada pelas abelhas (Apis mellifera) para selar as rachaduras, paredes lisas e manter a umidade em temperatura estáveis na colmeia. A própolis é produzida pelas abelhas a partir da resina de flores, folhas de árvores e plantas e é obtida após a mistura com a saliva (1). Atualm ente, existem três própolis mais valorizadas e estudadas sendo elas a verde, marrom e vermelha (1). A própolis vermelha tem sido alvo de vários estudos por ser utilizada como medicamento popular para várias doenças. A própolis vermelha brasileira contém isoflavonóides que tem atividades antioxidantes e anti-inflamatória. Em estudos com a própolis vermelha foi observado seu efeito protetor à radiação ultravioleta em roedor através da via oral, apresentando atividade protetora (2). Esta própolis também apresenta efeitos antifúngico, antiprotozoário e antiviral. A sua atividade antimicrobiana é maior se comparado com as outras própolis devido a sua composição ter um índice maior de isoflavonóides (3).

2.2 Dalbergia ecastophyllum

A Dalbergia ecastophyllum é uma árvore de porte pequeno à médio da família , subfamília . Ela tem propriedades antibacteriana e antifúngica devido ao alto índice de isoflavonóides (4). Na medicina tradicional é usada como diurético, emético e vermífugo. D. ecastophyllum é considerada a fonte botânica da própolis vermelha brasileira, sendo responsável por sua coloração, e podendo também apresentar efeitos farmacológicos similares a própolis vermelha (5).

3. OBJETIVOS.

O presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial citotóxico dos extratos hidroalcoólicos de própolis vermelha (EPV), do caule (ECD) e das folhas (EFD) de D. ecastophyllum em fibroblastos de pulmão humano (células GM07492A).

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4. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO.

A linhagem celular GM07492A foi utilizada para avaliação da citotoxicidade das amostras de EPV, ECD e EFD utilizando o ensaio colorimétrico de toxicologia in vitro – Kit XTT (Roche Diagnostics) de acordo com as orientações do fabricante. Esta linhagem foi gentilmente cedida pelo Laboratório de Citogenética e Mutagênese da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Os extratos hidroalcoólico foram fornecidos pelo Prof. Dr. Jairo Kenupp Bastos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Coordenador do Projeto Temático Fapesp Nº 2017/04138-8, ao qual está vinculado o presente estudo. As células GM07492A foram mantidas em frascos de cultura (25 cm2, Corning) contendo meio HAMF10 + DMEM (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA) suplementado com 10% de soro bovino fetal (Nutricell, Campinas, São Paulo, Brasil), 0,1 g/mL de estreptomicina (Sigma-Aldrich) e 0,06 g/mL de penicilina (Sigma-Aldrich). Para este experimento, foi semeado 1 x 104 células em poços em uma microplaca de 96 poços, cujo cada poço irá receber no máximo 100 μL de meio de cultura (HAM F10 + DMEM, 1:1) suplementado com 10% de soro bovino fetal contendo diferentes concentrações das três amostras as quais variaram de

39,06 a 5000 µg/mL. Incluiu-se poços para controle negativo (sem tratamento), solvente (dimetilsulfóxido, DMSO, 1%) e positivo (DMSO 25%).

As culturas celulares foram tratadas com concentrações que variam de 39,06 a 5000 µg/mL. Após a incubação com as substâncias a 36,5ºC por 24h, as células foram lavadas com 100 µL de PBS (phosphate buffered saline, tampão fosfato salino) para remoção dos tratamentos e expostos a 100 µL de meio de cultura HAM-F10 sem vermelho de fenol. Então, 25 µL de XTT foram adicionados em cada poço. Em seguida as microplacas foram incubadas a 36,5ºC por 17h. A absorbância das amostras foi determinada por meio de um leitor de multi- placas (ELISA – Asys – UVM 340/Microwin 2000) em um comprimento de onda de 450 nm em um comprimento de referência de 620nm. A quantidade de produtos solúveis formando (formazano) será proporcional ao número de células viáveis. O grupo controle negativo foi designado como 100%. A partir dos 3 resultados obtidos foi calculada a concentração que inibe 50% da viabilidade celular (IC50). Os experimentos foram realizados com triplicata.

5. RESULTADOS.

Os valores de IC50 estão apresentados na Tabela 1. O EPV levou a reduções significativas na viabilidade celular em concentrações maiores ou igual a 78,10 µg/mL. As culturas tratadas com ECD e EFD apresentam viabilidades celulares menores em concentrações maiores ou iguais a 156,25 µg/mL e 625 µg/mL, respectivamente, quando comparados ás culturas controle negativo.

Tabela 1. Valores de (IC50) obtidos em culturas de células GM07492A tratadas com diferentes concentrações EPV, ECD e EFD, e seus respectivos controles.

Amostras IC50 (µg/mL)

EPV 102,7 ± 2,6 ECD 143,4 ± 14,9 EFD 253,1 ± 8,3 EPV: extrato de própolis vermelha; ECD: extrato de caule de Dalbergia ecastophyllum; EFD: extrato de folhas de Dalbergia ecastophyllum; GM07492A: fibroblastos de pulmão humano. Os valores são média ± desvio padrão.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Os resultados obtidos revelaram que o extrato hidroalcoólico de própolis vermelha foi mais citotóxico do que os extratos de D. ecastophyllum. Estudos posteriores devem ser realizados visando a segurança no uso própolis e de sua origem botânica, D. ecastophyllum, na saúde humana.

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7. FONTES CONSULTADAS.

1. AHANGARI Z.; NASERI M.; VATANDOOST F. Propolis: Chemical composition and its applications in endodontics summer. Iranian Endodontic Journal. 13: 285-292; 2018.

2. BATISTA C.; ALVES A.; QUEIROZ L.; LIMA B.; FILHO R.; ARAÚJO A.; JÚNIOR R.; CARDOSO J. The photoprotective and anti-inflammatory activity of red propolis extract in rats. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology. 180: 198-207; 2018.

3. DAUGSCH A.; MORAES C.; FORT P.; PARK Y. Brazilian red propolis - chemical composition and botanical origin. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine. 5: 435-441; 2006.

4. ANISUZZMAN Md.; HASAN Md.; ACHARZO A.; DAS A.; RAHMAN S. In vivo and in vitro evaluation of pharmacological potentials of secondary bioactive metabolites of Dalbergia candenatensis leaves. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine. 2017: 1-10; 2017.

5. NETO M.; TINTINO S.; ROLÓN M.; CORONAL C.; VEGA M.; BALBINO V.; COUTINHO H. Antitrypanosomal, antileishmanial and cytotoxic activities of Brazilian red propolis and resin of Dalbergia ecastaphyllum (L) Taub. Food and Chemical Toxicology. 119: 215-221; 2018.

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